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Não se apegue a nada

Já na adolescência o homem começa a compreender que a vida que o cerca, seja na


escola, no grupo de amigos e no clube, e, que constitui a sua realidade mais direta,
tem como valor o status social, a disponibilidade financeira, bens materiais e,que em
ultima analise, a sociedade mede, pesa, classifica e trata as pessoas em razão do
“sucesso”, ou seja, em razão daquilo que a pessoa conquistou. Com isto não é de
admirar que o processo educacional ocidental, bem como, a educação familiar,
estejam centrados em preparar o homem para ganhar dinheiro, conseguir a sua
independência financeira, seu lugar de destaque na sociedade, conquistando a sua
felicidade, pois neste contexto de coisas ser feliz erroneamente está somente
relacionado á conquistas materiais e tudo que com ela se relaciona. Esta forma
particular de pensar em cada individuo o orienta nas suas ações sociais e politicas,
gerando e retroalimentando, de uma forma geral, um sistema competitivo de
maximizar lucros financeiros que nada ou pouco tem a ver com suas reais
necessidades.

Dentro deste contexto, o homem, não importando em que posição se encontra na


escala social, não está preparado para aquilo que compreende como retrocesso, o
que se traduz por qualquer transformação em seu cotidiano que signifique perda de
bens materiais, perda do emprego, ou daquilo, sejam pessoas ou coisas, que tenha
assimilado como algo permanente, ou seja, tudo aquilo que entenda ter conquistado
dentro desta escala de valores. Quando enfrenta uma realidade desta natureza
sobrevêm o desconforto emocional a sensação de fracasso e, finalmente, em menor
ou maior grau, a depressão. Os valores materiais são necessários á vida na terra, sem
os quais não haveria progresso, porém deveriam se constituir em meios e não em
finalidade. Ora, a supervalorização das questões materiais, em detrimentos dos
valores espirituais, confina o homem dentro de parâmetros predeterminados, o torna
mais vulnerável em relação ao medo e ao sofrimento e lhe rouba a possibilidade do
viver harmônico e de expansão de seus horizontes.

Sabendo que a maior conquista do homem, como valor espiritual, foi o uso do
pensamento, iniciando assim o raciocínio e o domínio dos instintos, poderíamos iniciar
com a reflexão sobre o que estamos fazendo neste planeta. A reflexão poderá nos
levar a avaliar novos conceitos e novo modo de viver, praticando valores espirituais,
como Amor a Verdade, Sentido de Justiça, Espirito de Cooperação, Compartilhamento
e, também, a cada dia praticando o desapego, interpretando a palavra “desapego”
como se envolver com tudo com uma visão mais equilibrada e não como sinônimo de
frieza, egoísmo, indiferença, fuga ou mesmo como se desfazer de bens materiais.

Utilizei aqui o exemplo do materialismo, porém, como diz Michael Stone o desapego
seria estar aberto a tudo, ou seja, desapego, na minha interpretação, seria liberar
aquilo que foi que assimilado como algo permanente, não importando, então, se
estamos desfazendo ligações fortes com prazeres sensoriais, situações,cargo ou do
posto que ocupamos na empresa, formas, idéias fixas, ou mesmo pessoas (amar não
é possuir). Um exemplo prático é que o ego (personalidade e não a nossa essência)
necessita sempre estar em evidencia, consequentemente, precisa de reconhecimento.

A falta deste reconhecimento, seja em casa, no trabalho, na escola, terá sempre a


tendência, em maior ou menor grau, de gerar magoa. Ora, como poderemos evoluir e
viver a vida de forma mais leve, cultivar o bom humor e a alegria, se queremos sempre
Ter ou Ser mais. O desapego, não teria somente o objetivo de vivermos melhor, pois
ainda citando Michel Stone “As florestas, rios, as cidades poluídas não se importam
com a nossa iluminação, o que se importam é com a vivacidade da nossa experiência
presente e com nossas ações no mundo e os efeitos de nossas ações”. Como diz
Krishnamurti não devemos cultivar o desapego, somente não devemos nos apegar a
nada.

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