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AEDB

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

AULA 2 – GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Para alcançarmos os objetivos propostos em nossa ementa, precisaremos


conhecer algumas teorias que buscaram, ao longo do tempo, explicar como se
processam os negócios “além-fronteiras”.
Grande parte dos estudos nessa área busca compreender por que os Estados e as
empresas ultrapassam suas fronteiras e decidem produzir em outros países, ao invés de
importar diretamente e sem o custo direto da produção.

Teorias do Comércio Internacional:

De acordo com Simão Silber (2010), as teorias de comércio internacional


procuram responder aos seguintes tipos de pergunta:
a) Qual a vantagem de importar um produto que pode ser produzido
domesticamente, gerando renda e emprego para a população do país?
b) Que produtos o país vai exportar e quais irá importar?
c) Como são determinados os preços de equilíbrio no mercado mundial?
d) É possível todos os países se beneficiarem do comércio internacional?
e) Quais são os impactos sobre a distribuição de renda decorrentes do comércio
internacional?

Para respondê-las, as teorias geralmente buscam uma explicação nos seguintes fatores
(variáveis das teorias):
a) Presença e exploração de recursos naturais;
b) Diferença de produtividade da mão de obra;
c) Diferenças na dotação de fatores de produção;
d) Similaridade de demanda;
e) Progresso tecnológico;
f) Economias de escala;
g) Política comercial estratégica.
Falaremos abaixo sobre algumas teorias, obedecendo ao critério cronológico de
sua elaboração.

1) Teoria Clássica do Comércio Internacional – elaborada por David Ricardo, ainda


no século XIX. A explicação dessa teoria se baseia no conceito de “vantagens
comparativas”.
Em suma, para D. Ricardo a teoria das vantagens comparativas afirmava o
seguinte: cada país deve se especializar na produção daqueles bens em que é
relativamente mais eficiente, ou que tenha um custo relativamente menor
(RUPERT, 2013). Por outro lado, esse mesmo país deverá importar aqueles bens
cuja produção implicar um custo relativamente maior, isto é, cuja produção é
menos eficiente, relativamente. A variável ou o fator predominante é o custo da
mão de obra.
A grande limitação do modelo de Ricardo é a adoção da hipótese de um único
fator de produção. Isso impossibilita discutir impactos sobre a distribuição de
renda decorrentes da abertura de um país ao comércio internacional e para
demandas protecionistas por parte de fatores de produção que venham a ser
prejudicados pelo livre-comércio (SILBER, 2010).

2) Teoria Neoclássica do Comércio Internacional – Esta teoria também se baseia


nas vantagens comparativas entre as nações. Contudo, há outros modelos que se
utilizam, direta ou indiretamente, deste mecanismo. Um desses é o de
Heckscher-Ohlim ou de Heckscher-Ohlim-Samuelson, ou, ainda, teoria das
proporções de fatores.
Em síntese, esta teoria se baseia nos seguintes postulados:
a) Um país deve se especializar em exportar os bens que se utilizam de
seus recursos mais abundantes e importar os bens que precisam de
recursos que ele menos possui (escassos);
b) A tecnologia deve ser a mesma entre as nações e os preços dos
fatores de produção devem depender apenas da oferta;
c) A situação ideal considera o livre-comércio e a inexistência de
protecionismo.
Diferencia-se da teoria de David Ricardo por se ater mais aos fatores (variáveis)
capital e trabalho e, por isso, consegue alcançar alguns pontos que a teoria clássica das
vantagens comparativas não respondia.
Simão Silber (2010) traz a seguinte exemplificação (adaptada):
- Uma das conclusões mais importantes do modelo neoclássico é que permite analisar os
impactos do comércio internacional sobre a distribuição de renda interna. A previsão é
clara: o comércio internacional favorece o fator de produção abundante do país e atua
negativamente sobre o fator de produção escasso. Esse resultado é conhecido como
teorema de Stolper-Samuelson.

Todavia, da mesma forma que a teoria de D. Ricardo, a de Hecksher-Ohlin não


conseguiu responder a tudo. O caso mais marcante foi a incapacidade de explicar o
porquê dos Estados Unidos, um país reconhecidamente forte em capital, não
acompanhou o modelo. O país mais rico em capital do planeta é um exportador de
produtos de mão de obra intensivos. Esse resultado é conhecido como “Paradoxo de
Leontief”.

3) Novas Teorias do Comércio Internacional –

3a – Teoria de Demanda de Linder – Para o sueco Staffan Linder, a demanda é


influenciada pela renda. Países em que a população possui alta renda demandam
produtos mais industrializados. Por conseguinte, países de alta renda produzem
grande quantidade de produtos industrializados a baixo custo e comercializam o
excedente com outros países similiares.
Essa teoria foi elaborada por Linder no início da década de 1960. Para esse
autor, havia um aumento substancial no comércio entre países desenvolvidos
(Norte-Norte) em vez das expectativas geradas pelas correntes teóricas
anteriores, em que se esperava o aumento do comércio entre Norte-Sul.

3b – Teoria do Ciclo de Vida de Produto Internacional – De autoria de Raimond


Vernon, essa teoria veio na sequência da de Linder. Para Vernon, o foco a ser
dado para a melhor compreensão dos negócios internacionais deveria ser no
progresso tecnológico e nas várias etapas da vida em um produto.
Segundo essa teoria, novos produtos e processos produtivos tenderiam a surgir
nos países ricos, tendo em vista a demanda por produtos sofisticados e pela
capacidade empresarial e de mão de obra altamente especializada, para gerar
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) (SILBER, 2010).
Somente após a inovação dos países desenvolvidos e de certo monopólio
transitório sobre o produto é que os demais países conseguiriam entrar na
concorrência, sobretudo porque possuíam menores custo de produção, como por
exemplo a mão de obra.

Outros fatores que interferem no comércio internacional:


a) Economias de escala –

b) Concorrência imperfeita –

REFERÊNCIAS

RUPERT, Rhodd. Negócios Internacionais. 1. ed. São Paulo: Eskenazi Ind. Gráfica,
2013.

SILBER, Simão Davi. Teorias do Comércio Internacional. In: VASCONCELOS, M. A.


S. de; LIMA, Miguel; SILBER, S. D. Gestão de Negócios Internacionais. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.

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