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Nome: Jeferson Lima de Souza Data: 30/01/2018

Curso: Ciências Sociais Matric: 114230458


Disciplina: História do Pensamento Político, Social e Geral.

RESENHA CRÍTICA

HOBBES, Thomas. O Leviatã. Coleção os pensadores. São Paulo: Ed.


Abril, 1984.

1. Traços biográficos do autor

O filósofo, matemático e teórico político, Thomas Hobbes nasceu no dia


05 de Abril de 1588 em uma pequena aldeia nas proximidades da vila de
Malmesbury, Inglaterra, e faleceu em Hardwick Hall no dia 04 de Dezembro de
1679.
Filho de um pastor teve sua tutela confiada a um tio logo cedo. Por ser
de família humilde, Hobbes na primeira infância travou contato apenas com
livros religiosos. Aos sete anos, começa os estudos de latim e grego, sendo
matriculado por seu tio no Magdalen College de Oxford aos 14 anos.
Aos 20 anos Thomas Hobbes passa a trabalhar para o Barão William
Cavendish (emprego que manteria até sua morte). A influência de Cavendish, e
principalmente o acesso a sua vasta biblioteca proporcionou a Hobbes o
acesso a grandes obras da literatura, concomitantemente a viagens por países
europeus.

2. Caracterização da época em que ele escreveu a obra

Obra prima do escritor Thomas Hobbes, “o Leviatã” foi escrito em um


período extremamente conturbado. A Inglaterra encontrava-se em guerra civil,
com a busca pelo poder por parte de Oliver Cromwell, que liderou o país na
transição do regime monárquico ao republicano.
Em meio a um quadro de forte instabilidade política, guerras e conflitos
Hobbes “se alimenta” de um efervescente caldeirão de acontecimentos que
desencadearia em 1651 em sua majestosa obra “O leviatã”.
Hobbes era um defensor da monárquica, e suas convicções apareceriam
em sua obra. Para ele, ao monarca caberia a “livre interpretação” do livro
sagrado, assim como a subordinação da igreja cristã aos seus desejos.
O Leviatã foi considerado um livro herege e demoníaco por parte do
clérigo inglês, e Thomas Hobbes odiado e considerado o próprio demônio pela
classe teológica católica.

3. Ideia central da obra

“O homem é o lobo do próprio homem”. Com essa célebre frase Thomas


Hobbes sintetiza não apenas a natureza humana, como a própria ideia central
de sua obra, concernindo à natureza humana a índole maligna, egoística e
desprovida de compaixão ao próximo já no estado de natureza, ou seja, antes
do pacto social que daria origem a sociedade e ao Estado.
Para se precaverem dessa maldade inata presente em sua natureza, os
homens conceberiam um monstro forte, impávido, temido, que provocaria pelo
medo uma espécie de “inibição” de seus impulsos malignos. Um monstro
analogamente ao descrito no texto bíblico sagrado, principalmente no “livro de
Jó”, denominado por “Leviatã”, ou seja, o Estado, originado de um “pacto
social”, um contrato entre os homens, no qual eles abririam mão de parte de
sua liberdade, em troca da proteção do monstro que eles próprios criaram.

4. Principais conceitos apresentados ou trabalhados pelo autor no


decorrer da obra

De forma extremamente didática, a obra é dividida em quatro partes que


se completam perfeitamente.
A primeira parte, denominada “Do homem”, Thomas Hobbes trata sobre
a natureza humana, mas precisamente sobre o homem em “Estado de
Natureza”, ou seja, anteriormente ao “Estado de Sociedade”.
Nessa condição natural, os homens viviam em constante atrito, guerra,
competição, na total ausência de leis, guiados apenas por seus instintos
egoístas e maléficos. Um homem “selvagem”, bruto, pouco inclinado à
bondade, e sim aos seus próprios interesses, disposto a matar em função de
seus objetivos.
Será a partir dessa perspectiva que Hobbes ao contextualizar sobre a
necessidade humana (no estado de natureza) da manutenção da vida e
consagração da paz que os homens abdicarão do direito do estado de
natureza, consentindo a celebração de um “pacto social” em prol da segurança
mútua contra a “barbárie” originada na índole maligna dos homens.
O medo fará com que os indivíduos concebam um grande acordo de
autoproteção, buscando a preservação da própria vida e de seu patrimônio,
seguindo as leis, e obedecendo ao monstro que eles próprios criaram “o
Estado”, o grande Leviatã (a besta fera que assombrava até aos mais brutos).

E como seria esse Estado, essa “besta fera” semelhante ao grande


Leviatã bíblico?

Será na segunda parte do livro intitulado “Do Estado” que Hobbes


descreverá com minucias as características da grande “invenção” humana: o
Estado. Sendo ele totalmente soberano sobre os homens, e a submissão a
seus ditames obedecida de forma incontestável, restando para aqueles que
não respeitassem as normas de conduta originadas das leis sociais, apenas a
punição das “mãos pesadas” do grande monstro, do Estado controlador de
tudo: desde o direito a propriedade, as decisões econômicas, da guerra, a
liberdade, do direito à própria vida ou a morte de seus indivíduos.
Instituindo-se um poder controlador dos ânimos entre os homens, a
manutenção coercitiva da paz garantiria a preservação da vida e do patrimônio,
independentemente da forma de governo instituída, algo totalmente impensável
no “estado de natureza” regido pela guerra, morte e submissão dos fracos aos
mais fortes.
Seja um Estado monárquico, aristocrático ou democrático aos quais
Hobbes nos apresenta como possíveis de existência, os perigos inerentes à
concentração de poder representam um “mal menor” do que o caos
característico do estado de natureza.
Na terceira parte do Leviatã, Thomas Hobbes aborda o aspecto do
“Estado cristão”.
Protestante por formação e absolutista por convicção, numa época
demarcada por intensas disputas religiosas e de poder, Hobbes rejeitava
convictamente a autoridade da Igreja, como uma espécie de representante de
Deus na Terra.
Para Hobbes, a igreja deveria se submeter aos ditames do Estado,
soberano em sua origem, fruto da vontade coletiva.
Se para Thomas Hobbes a natureza humana era egoísta, má e
individualista, pouco faria a religião em tentar unir os seres que já nasceram
vocacionados ao individualismo.
Sobre essa perspectiva, percebemos um Hobbes cético sobre o papel
da religião como “contentor de ânimos”, no entanto, proativo em relação ao
Estado opressor, realizando pela força e pelo medo o mesmo papel que a
religião faria através da ideologia, fé e pelo medo (através de alegorias como o
diabo, inferno e o apocalipse).
A quarta parte do livro Thomas Hobbes intitula por “Do reino das
Trevas”, apresentando uma crítica veemente à interpretação das sagradas
escrituras realizada a sua época, numa referência direta à igreja católica por
parte do anglicano Hobbes.
Ponderando e reconhecendo os fatores históricos, a formação religiosa
do autor, suas ambições e o arcabouço referencial que o antecedeu, sem
sombra de dúvidas sua obra “o Leviatã” demarca e preenche um vácuo
histórico na “curta” passagem do ser humano sobre a Terra, trazendo uma
explicação teórica convincente sobre a origem do pacto social, gerador não
apenas do que convencionamos chamar por sociedade, como de sua estrutura
Mater: O Estado.

5. Conclusões Pessoais

Como discente do curso de Ciências Sociais é de extrema importância


termos contato com a obra de um dos “pais” do contratualismo, pois, a matéria-
prima de nossa formação e de toda nossa carreira é a sociedade, e
analisarmos sua origem, denota como desafiador, complexo e instigante será
nosso trabalho, seja como cientistas políticos, sociólogos ou antropólogos.
Thomas Hobbes, assim como John Locke e Jean-Jacques Rousseau só
podem ser considerados clássicos por terem ousado, cada um sobre uma
perspectiva singular, porém, os clássicos são basilares, referências que servem
como norteadores, e “nunca” como verdades incontestáveis, cabendo a nós
utilizarmos de seus trabalhos como tal, sempre na “tentativa” hercúlea e
inglória de superá-los, pois, isso é que nos motiva a seguirmos em frente.

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