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ESTUDO URBANÍSTICO

EM SERRA
Habitação – Mobilidade – Áreas Livres
Universidade Federal do Espírito Santo
Urbanismo III - 2014/01

Orientador: Milton Esteves


Mestranda: Janaína Schmidel

Carla Borges
JéssicaMachado
Vinícius Gama

ESTUDO URBANÍSTICO EM SERRA:


HABITAÇÃO, MOBILIDADE E ÁREAS LIVRES
SUMÁRIO
I. DERIVA ………………………………………………………4
II. DIAGNÓSTICO …………..…………………………………8
III. MACROPROPOSTA ……………………………………... 16
IV.ESTUDOS TEMÁTICOS ……………………………….…....22
 Circulação e Mobilidade
 Espaços Livres Urbanos
 Habitação e Habitabilidade
I. DERIVA
A primeira etapa do estudo foi a aquisição de desenvolvidos individualmente com base na
conhecimento primário e sensorial do local, experiência de deriva mostram sensações
obtido através da técnica da deriva. semelhantes para quase toda a turma.

Dentre as regras adotadas para a experiência,


estão: Entre as percepções expostas nos mapas
• Seguir uma bicicleta cognitivos, as mais recorrentes foram:

• Ir pela sombra • Latidos de cachorros

• Andar contra o vento • Calor

• Virar onde houver Bar ou Igreja • Estranhamento

• Virar ao ouvir funk • Sensação de “não-pertencimento

• Seguir uma mulher de vestido • Insegurança

• Etc. • Estar no meio do“Nada”

Após a experiência no local, desenvolveu-se


mapas cognitivos sobre a deriva, feita em 4
grupos de até 3 pessoas. Os mapas cognitivos,
I. DERIVA
Mapa cognitivo desenvolvido por Carla Borges

5
I. DERIVA
Mapa cognitivo desenvolvido por Jéssica Machado

6
I. DERIVA
Mapa cognitivo desenvolvido por Vinícius Gama

7
II. DIAGNÓSTICO
Até meados da década de 1960 o município da Serra
• Histórico
tinha como base a produção agrícola caracterizada
Inicialmente, o atual município da Serra era habitado
pelas propriedades familiares produtoras
por grupos indígenas Termiminós – Tupi, e pelos Purís –
principalmente de café. A urbanização era
Botocudos. O início do processo da colonização
considerada fraca e dispersa por todo o território e
portuguesa em terras capixabas deu-se pela
não tinha devido destaque do aglomerado urbano
chegada dos primeiros jesuítas no Espírito Santo no
da Região Metropolitana da Grande Vitória. Em
ano de 1551, com o Padre Braz Lourenço e pela
contrapartida, a capital Vitória, era o principal núcleo
fundação da Aldeia de Nossa Senhora da
urbano do Estado, em virtude do seu papel de sede
Conceição. Os primeiros registros de aldeamentos por
político-administrativa e centro das atividades
eles implantados foram estabelecidos em locais
comerciais.
estratégicos com grande concentração indígena,
Na segunda metade da década de 1970 e início da
eram apresentados como alternativa de
década de 1980, houve um interesse governamental
permanência e proteção para os índios, que em troca
em estimular o crescimento industrial em áreas fora do
eram submetidos à catequização e ao trabalho sobre
eixo Rio-São Paulo. Muitas empresas como a
domínio dos jesuítas (SERRA 21). No ano de 1833 foi

fundado o município da Serra, mas somente em 1875


Companhia Siderúrgica de Tubarão (atual Arcellor
8
Mital) e a Aracruz Celulose (atual Fibria), iniciaram suas
houve sua emancipação.
atividades na região. lagoas e do mar.

Na segunda metade da década de 1970 e início da Na imagem 1 podemos observar a ocupação urbana
década de 1980, houve um interesse governamental do município na década de 70.
em estimular o crescimento industrial em áreas fora do Percebe-se que as aglomerações encontram-se
eixo Rio-São Paulo. Muitas empresas como a principalmente ao longo dos principais eixos
Companhia Siderúrgica de Tubarão (atual Arcellor estruturantes da cidade e também da orla, sendo o
Mital) e a Aracruz Celulose (atual Fibria), iniciaram suas principal aglomerado o que está localizado no
atividades na região. planalto de Laranjeiras. Além disso, percebe-se
A partir dessa concentração de indústrias e também o surgimento de novas ruas e novos
movimentação da economia houve também um loteamentos.
grande crescimento demográfico da região em
questão. A fim de atender a demanda de
funcionários que vieram trabalhar nessas indústrias,
começaram a surgir os bairros operários nas
intermediações dessas indústrias.

Entre os anos de 1970 e 1990, o município da Serra


sofreu com um significativo crescimento demográfico
decorrente do surgimento de novos bairros, grande
oferta de moradia voltada para população com
baixa renda na forma de loteamentos populares,
ocupações e conjuntos habitacionais proporcionados
pelo governo estadual. Essas formas de habitação
ocorreram de forma regular e irregular encontrados 9
em encostas e nos fundos dos vales, na orla das
Imagem 1 – Serra em 1970. Google.
alagadas que compõem a morfologia natural do
território e promovem a não integração dos espaços
construídos.

• População
De acordo com o censo demográfico de 2010, o
município da Serra apresenta uma população total de
409. 267 habitantes e uma densidade de 742
habitantes/Km². Baseando-se no limite estabelecido
da poligonal, que compreende os bairros de
Alterosas, Balneário de Carapebus, Bicanga, Camará,
Catelândia, uma densidade de 742 habitantes/Km².

Baseando-se no limite estabelecido da poligonal, que


Imagem 2 – Configuração atual da poligonal em Serra (1970). Google. compreende os bairros de Alterosas, Balneário de
Carapebus, Bicanga, Camará, Catelândia, Centro
Na Imagem 2 podemos perceber a atual
Industrial do Município, Chácara Parreiral, Cidade
configuração da ocupação do território, onde a
continental, Conj. Jacaraipe, Feu Rosa, Guaraciaba,
mancha urbana já se apresenta totalmente definida e
Jardim Limoeiro, Manguinhos, Morada de Laranjeiras,
tomando conta de boa parte do território. Essa
Nova Zelândia, Novo Horizonte, Parque Residencial
configuração deu-se principalmente pelo acelerado
Laranjeiras, Parque Residencial Tubarão, Planalto
processo de programas voltados para habitação a
Carapina, Portal de Jacaraipe, Praia de Carapebus,
partir dos anos 2000. Apesar de toda essa mancha
cinza caracterizada pelas construções, ainda
Santa Luzia, São Diogo I, São Diogo II, São Geraldo,
10
Sitio Irema, Val Paraíso e Vila Nova de Colares, a área
podemos ver a presença de maciços verdes e áreas
apresenta uma população somada de 126.293
alagadiças que deveriam ser consideradas áreas de
habitantes e uma densidade de 3.223 habitantes/Km²,
preservação permanentes (APP’s), o que nem
correspondendo a aproximadamente 31% da
sempre ocorre.
população total do município, como pode ser
A conformação do território deu-se de maneira a
observada na tabela abaixo.
ocupar os platôs existentes e por isso há a
segregação de espaços e a inexistência de
interconexão entre eles.
A porção do território que se encontra no perímetro
urbano apresenta áreas planas que já estão quase
totalmente ocupadas pela urbanização,
principalmente pelo fato de sofrerem pressão pela
ocupação residencial e industrial e também pela
implantação de infraestrutura necessária. Essas áreas
por serem as mais adensadas possuem muitas
ocupações irregulares implantadas sobre as áreas
críticas que deveriam ser de preservação, sendo
assim, a população residente nesses locais sofre
Imagem 3 – Tabela da relação entre bairro e população. IBGE. principalmente com alagamentos entre outros
problemas.
• Morfologia Urbana Outro ponto importante da morfologia do território é
O território do município caracteriza-se pela o maciço do Mestre Álvaro, devido a sua
presença de uma extensa faixa litorânea e de uma imponência acaba se tornando um marco para o
vasta rede hidrográfica constituída em sua maioria município e uma referência para todas as regiões do 11
de pequenos córregos e nascentes e áreas de entorno, já que o mesmo pode ser visto de muitos
fundos de vale resultando em áreas alagadas e locais a longa distância.
da Serra aconteceu de forma orgânica e espontânea
ao longo dos eixos estruturantes da cidade (principais
vias) e ao longo dos platôs existentes, o que
proporcionou uma descontinuidade no território,
cernes urbanos sem ligação entre si. As principais
tipologias existentes no município da Serra são os
conjuntos habitacionais do programa do governo
Minha casa minha vida, condomínios residenciais
fechados localizados principalmente no bairro Colina
de Laranjeiras e também os galpões industriais
Imagem 4 – Áreas alagadas sem conexão e Mestre Álvaro . Google. localizados especificamente nos CIVIT I e II.
O condicionante natural de conformação do relevo
exerceu um papel fundamental na organização do
território e serviu também para abrigar ocupações
irregulares, como pode ser observado em rosa no
mapa. De acordo com o PDM do município, algumas
áreas consideradas de preservação são destinadas a
áreas industriais, representadas no mapa pela cor
laranja. Essas medidas são incompatíveis com a
preservação e com a capacidade de renovação dos
ecossistemas.
O bairro de Laranjeiras se apresenta como sendo o
Imagem 5 – Ocupação das áreas planas. Google. centro comercial da poligonal, pois concentra o
• Uso e ocupação do Solo maior número e variedade de comércio varejista e
Devido a suas características morfológicas e serviços especializados que são procurados por 12
ambientais, o desenvolvimento urbano do município pessoas de fora da região.
Nos demais bairros, o uso caracteriza-se mais pela
presença residencial, sendo observados usos de
comércio, como bares, padarias e utilidades apenas
nas principais vias desses bairros, como ocorre na
Avenida Brasil em Novo Horizonte. O litoral do
município caracteriza-se por ser um fragmento da
cidade e é ocupado por moradores fixos e sazonais
que só frequentam essas moradias no verão.

Essa segregação dos espaços influencia diretamente


na dinâmica e na vivência urbana das cidades, uma
vez que quando estão concentrados entre si
provocam isolamento de demais usos, tornando a
região muitas vezes sem vivência, como é o caso dos
CIVIT’s, onde a densidade populacional é muito baixa
Imagem 6– Mapa de Uso e Ocupação do solo. Elaborado pelos autores.
e o uso extremamente industrial causa sensação de
isolamento e insegurança.
que concentra grande fluxo de veículos. Essa atual
configuração que pode ser percebida no mapa, é
• Fixos e Fluxos conferida pela presença de grandes equipamentos
O sistema viário presente na poligonal e em seus industriais ao sul da poligonal (CST - Arcelor Mital) que
limites apresentam uma convergência de vias para formam uma barreira, uma descontinuidade no
um mesmo ponto, criando um grande nó que é território impedindo a conexão litorânea entre os
intensificado principalmente pela presença da BR-101 municípios de Serra e Vitória. Sendo assim, o único
acesso à capital é feita através de um único ponto
13
que. concentra o fluxo de todas as outras principais
vias do município, configurando o grande nó, uma vez
que de acordo com as pesquisas de origem e destino
o fluxo predominante é no sentido Serra x Vitória
Através do mapa também podemos ver a hierarquia
viária presente no município da Serra. A principal
delas é a BR-101, que é considerada o eixo
estruturante dos demais, a que concentra grande
fluxo de veículos e movimentação frequente de
carros, caminhões e ônibus em rota de viagem e é a

que faz ligação com todo o país.

Outra principal via é a Avenida Norte-Sul, que capta


todo o tráfego da porção leste do território,
principalmente vindo da rodovia ES-010 e conduz
para outras regiões da metrópole.

Além dessas ainda temos a Avenida Talma Rodrigues


como importante via arterial fazendo a ligação direta Imagem 7– Mapa de Fluxos e Hierarquia Viária. Elaborado pelos autores.

entre o território com a BR-101. Já as Avenidas Brasil e


Meridional representam as coletoras, que captam o
fluxo dos bairros e distribuem nas vias arteriais.
Patrimônio natural. A vasta presença de recursos
hídricos e de lagoas como a Lagoa de Carapebus e a
• Patrimônio Cultural e Natural Lagoa Maringá e também a presença o imponente
A região de estudo tem grande destaque pelo seu Mestre Álvaro são exemplos claros da riqueza natural 14
p a tr i m ô n i o cu l tu r al e p r i n c i p al m e n te pa r a o e proporcionam fortes características para a região.
A área litorânea também é considerada patrimônio
natural pelas belas praias, dentre elas podem ser
citadas a praia de Carapebus, praia de Bicanga e
também a praia de Manguinhos, que atraem muitos
turistas e praticantes de esportes e de pesca.
Destacando o patrimônio cultural da região podemos
enfatizar o Festival de Jazz de e o Festival de Frutos do
Mar que ocorrem em Manguinhos. Além disso, as
bandas de congo e os festejos de São Pedro são
Imagem 8– Litoral como patromônio natural.Google.
importantes manifestações folclóricas que marcam a
cultura local.

Imagem 8– Recursos hídricos como patromônio natural.Google. Imagem 9– Festival de Jazz como patromônio cultural. Google.

15
III. MACROPROPOSTA
Após o levantamento do diagnóstico, foram traçadas
diretrizes e estratégias a partir dos problemas e
potencialidades analisadas na área.

• Problemática
Conflito: usos e atividades implantados em áreas
inadequadas.

Atividades e zonas com industrias são localizadas nas


proximidades de cursos hídricos e naturais,
Imagem 1 – Av. Beira Rio, Marnguinhos. Google.
classificados como áreas de proteção.

As vias de ligação com o município de Vitória são


dispostas em um sistema radial, que geram transtornos
no que se refere ao tráfego de veículos.

Além disso, o modelo de expansão urbana privilegia o


pneumáticos motorizados em detrimento de outros
modais de menor impacto, como bicicleta ou VLT.

Interface Urbano x Natural mal explorada.


Imagem 1 –Av. África, Balneário Carapebus.Google.
Segregação territorial: Plantas industriais (Vale e 16
Arcelor) x bairros do entorno imediato.
Depósito de lixo em espaços verdes e abertos, devido Ocupação urbana limitada pela morfologia do
à um serviço de coleta insuficiente e falta de território (relevo íngreme) e APP’s.
conscientização da população.

A estrutura de apoio ao deslocamento e


permanência de pessoas é deficiente: calçadas
irregulares, sem sombra, rua mal iluminada, poucas
lixeira, etc;

Ausência de vegetação e elementos de


sombreamento nos espaços urbanos passivos;

Ocupação invasiva sobre APP’s e fundos de vale;

Falta de relação entre água/APP e moradores do


entorno;

Contaminação de recursos hídricos devido ao Imagem 1 –: Avenida Brasil - Google.


despejo de esgoto não tratado, decorrente de um
saneamento deficiente;

Obstrução da visibilidade da paisagem;

Falta de conexão física (acessos – pedestres e


veículos) entre os bairros do território;

Falta de relação entre água / APP e moradores do


entorno;

Contaminação de recursos hídricos: despejo de


esgoto não tratado; saneamento inadequado; 17
Obstrução da visibilidade da paisagem;
Imagem 1 –: Lagoa obstruída por construções irregulares.
• Potencialidades
• Áreas de preservação e riqueza natural:

• Espaços verdes: cobertura vegetal, fundos


de vale;

• Espaços azuis: lagoas, córregos e praia;

• Elementos visuais e sensoriais de interesse e


elementos de potencial dinâmico:

• Mestre Álvaro / Corpos Hídricos / Zonas de


proteção

• Litoral (Praia como potencial de lazer); Áreas


passíveis de adensamento;

• Área para implantação de atividades


Imagem 1 –: Mapa de potencialidades- Google.
produtivas (CIVIT);

• Proximidade do ambiente urbano com o


meio natural;

• Malha viária estabelecida mas subutilizada


em termos de transporte público;

• Mar como meio de escoamento de cargas


passageiras. 18
transpor fundos de vale, recursos hídricos, alagados
• Diretrizes e espaços de preservação;
1- Utilização e preservação dos recursos naturais para 7. Criação de ciclovias ou ciclo-faixas;
garantir o conforto urbano; 8. Implantação de um sistema de transporte público
2- Promover integração entre espaços verdes e de de diferentes modais integrados;
lagoas com espaços construídos; 9. Instalação de novos modais conectando as áreas
3- Promover conectividade entre bairros e municípios; estratégicas (VLT);
4- Proporcionar maior mobilidade urbana; 10. Readequação do sistema viário para suportar outros
5- Estimular o adensamento de determinadas áreas; modais – VLT, ciclovia, BRT, etc.
11. Criação de estrutura que permita atividades de lazer
6- Implantação de infraestrutura ;
focadas em diferentes faixas etárias e horários
7- Realizar revitalização da orla;
diversificados em espaços verdes e azuis.
8- Criação de espaços que abriguem atividades 12. Sombreamento adequado nas vias de pedestres,
multifuncionais no território;
por meio de árvores onde for possível ou estruturas
9- Incentivar as atividades geratrizes de dinâmica físicas onde árvores não forem adequadas.
alternada (de dia e de noite);
13. Criação de postos policiais;
10- Evitar a setorização e concentração de mesmo tipo 14. Implantação de iluminação pública adequada;
de uso no território.
15. Implantação de parque tecnológico nas áreas
industriais;
16. Criação de equipamentos públicos de educação,
saúde, lazer e segurança nas áreas onde o serviço
• Estratégias prestado é insuficiente.
1. Transformação da interface Espaços verdes e azuis e 17. Adequação da rede de saneamento básico (água,
Espaço urbano em parques lineares, corredores esgoto) nos locais onde é deficiente.
verdes, bosques ou outros tipos de espaços de
conscientização e delimitação de territórios, mas
com acesso aberto ao público.
2. Reurbanização da orla.
3. Readequação e criação de calçadas e demais
espaços de trânsito de pedestres
4. Interligação de bairros através de ciclovias, pistas de
rolagem, passarelas, etc, que atendam a veículos e
pessoas.
5. Integração do sistema de transporte de massas, de 19
forma a suprir as necessidades da região;
6. Criação de pontes para veículos e pessoas para
20

Rascunhos e estudos
21

Croquis e estudos
IV. ESTUDOS TEMÁTICOS
Após o desenvolvimento de diretrizes a serem
aplicadas sobre a poligonal em estudo,
selecionou-se 3 macrotópicos de um universo
temático discutido em sala de aula para o
desenvolvimento de uma proposta específica à
cada tema. Os macrotópicos foram escolhidos
pela afinidade pessoal de cada indivíduo com
o tema a ser explorado, respeitando as diretrizes
pré-definidas na fase de elaboração da
macroproposta e sua importância projetual
urbanística.

Os tópicos escolhidos foram:

• Mobilidade e circulação

• Áres Livres Urbanas

• Habitação e Habitabilidade 22
Por Carla Borges

MOBILIDADE E CIRCULAÇÃO 23
“Uma das funções do urbanismo é estabelecer
o contato entre as diversas organizações Para entender mobilidade urbana, é
mediante uma rede circulatória que assegure
as trocas, respeitando as prerrogativas de necessário deixar o carro em casa.
cada um” Mas como fazê-lo, se faltam opções?
– Carta de Atenas

As vias foram classificadas de acordo com seu porte e o tipo de veículo que irá trafegar sobre cada uma.
ZONA 30: Intrabairro, local ZONA 50: Entre bairros, entre ZONA 80: Conexão de ZONA 100: Alta velocidade e
A pé vias de nível 80 municípios, esfera grande volume transportado
Bicicleta Bicicleta metropolitana BRT
Vespa Ônibus local BRT Metrô
Tuc-Tuc Vans VLT Cargas – Navio/trem
Funicular Tuc-Tuc Trólebus Grande volume de carros
Microônibus circular Motocicleta Linhas troncais pequenos
Vespa Carros pequenos
Cable car Vans
Bonde Ônibus
Carro pequeno particular
Os equipamentos urbanos mostrandos poligonal. Em destaque como pólo Apart, todo o litoral, centro gastronômico
acima também exercem influência sobre atrativo, temos: Laranjeiras (comércio e em Manguinhos, Aeroporto, Vale/CST e os
as viagens e percursos dos habitantes da Serviço), Ifes, Senai, Hospital Dorio Silva e assentamentos altamente adensados.
O diagrama ao lado demonstra a intensão de
fluxos a serem considerados em projeto. As setas
vermelha e azul são os eixos de maior capacidade.
As faixas amarelas são linhas de conexão entre as
de maior capacidade, enquanto as linhas
pequenas em cor rosa são linhas de ligação com os
bairros.

A partir dos levantamentos e estudos feitos até


agora, decidiu-se pela implantação de sistemas
sobre trilhos dentro da poligonal, de acordo com o
porte da via. Em especial, o VLT, que irá
comtemplar a maior parcela dos eixos de interesse
diagramados.
AVENIDA BRASIL
LINHA LITORÂNEA
Por Jéssica Machado

ESPAÇOS LIVRES URBANOS 33


Atualmente, os parques lineares são áreas contínuas município da Serra, primeiramente foi realizado um
destinadas tanto à conservação dos recursos naturais estudo de caso sobre o parque do Rio Uberabinha em
com a capacidade de interligar fragmentos florestais e Uberlândia – MG, que é um parque recentemente
outros elementos de uma paisagem. Contextualizando criado para conter as invasões irregulares sobre as
estas áreas dentro do território brasileiro nos dias atuais, margens do rio Uberabinha e para incentivar a
estas são consideradas pela legislação ambiental como despoluição do mesmo, tornando o local apto para o
APPs – Áreas de Preservação Permanente, ou seja, desenvolvimento de atividades de lazer e do contato
proibidas de edificação, mas na realidade com a água do rio. O parque conta com
caracterizam-se como espaços residuais da paisagem reflorestamento da mata ciliar com espécies nativas,
natural remanescente, quando existente, e encontram- implantação de ciclovias e pistas para caminhada e
se geralmente invadidas e degradadas pelo modelo de equipamentos
urbanização adotado até hoje, segundo Friedrich voltados ao lazer dos usuários.
(2007).

A presença desses parques lineares e massas de


vegetação em áreas de fundos de vale são medidas
sustentáveis de uso e ocupação dessas áreas urbanas,
nos âmbitos ambientais, sociais, econômicos e culturais,
pois são criadas como uma política de preservação e
de manutenção das áreas verdes urbanas, e Imagem 2 – Parque Rio Uberabinha - MG. Google.
representam uma alternativa de amortecimento e
contenção para as invasões e ocupações irregulares
através da inserção de equipamentos que possam ser
utilizados pela população para lazer e recreação.

Para a aplicação desse método na região de estudo no


Outro estudo de caso que pode ser apontado como Como já estudado anteriormente, o município da
base para aplicação em projeto, é o caso da Praça da Serra sofre com a ocupação irregular em áreas de
Savassi em Belo Horizonte - MG. O projeto da praça deu preservação permanentes. Devido a esse motivo o
prioridade aos pedestres através de medidas como a projeto em questão tem como principal objetivo a
implantação de mobiliário urbano adequado, criação de parques lineares ecológicos a fim de
ampliação dos passeios públicos, criação de calçadões promover a integração do espaço construído com as
como extensão da praça criando ruas exclusivas para áreas verdes e de preservação através da
pedestres, fechamento de bolsões de estacionamento implantação de equipamentos que incentivem o
e utilização de travessias elevadas com piso e cores esporte, cultura e lazer. Para essa finalidade foram
diferenciadas, o que possibilitou a apropriação do selecionadas três principais áreas de interesse
espaço público por mesas de comércio locais e localizadas no bairro Novo Horizonte, como pode ser
frequentadores de variadas faixas etárias. visto no mapa 1 em anexo.
A primeira área situa-se às margens do muro da Vale,
como pode ser observado no mapa X, e é
constituída por córregos que se transformarão em
lagoas a fim de proporcionar o contato dos
moradores com a água e também proporcionar
visual paisagístico para a área. Além disso, pistas de
caminhada e ciclovias serão distribuídas às margens
do parque para que as mesmas possam fazer a
interligação entre bairros e entre áreas verdes,
Imagem 2 – Praça Savassi- MG. Google. aproximando o contato humano com a natureza. O
parque também irá dispor de muita vegetação
nativa e mata ciliar em torno dos corpos d’água
como forma de preservação desse recurso.
Para promover o incentivo aos esportes será disposto servirão para a permanência e contemplação da
um complexo esportivo contendo quadras paisagem e estar dos moradores. A presença do
poliesportivas, campos de bocha e de futebol e elemento água através de fontes também está
playground. Além disso, o parque ainda irá dispor de presente na praça, pois o município em geral apresenta
horta comunitária, pomar e plantio de ervas medicinais. grande riqueza hidrográfica e com isso a ideia adotada
Visto também a deficiência de equipamentos foi o uso desse elemento para trazer de volta a relação
institucionais como postos de saúde e escolas por todo do contato das pessoas com a água. Mapa referente
o município, os parques serão locais aptos para a ao anexo 3.
implantação desses equipamentos. O mapa referente Por fim, o último parque que se encontra em uma zona
encontra-se no anexo 2. de fundo de vale, contará com grandes massas de
O segundo local indicado é a praça central do bairro vegetação que farão uso de espécies nativas da região
Novo Horizonte que também receberá tratamento. para a proteção do córrego existente e para que essas
Primeiramente, nos dias de hoje existe uma via que áreas possam ser mantidas como áreas de preservação
separa a praça em duas partes. Pensando em resolver permanente. Haverá nesses locais além da presença de
esse problema, a via que divide a praça em duas será calçadões e ciclovias, mirantes para apreciação da
rebaixada para que a praça se torne um único espaço. paisagem e pontes para pedestres e ciclistas fazendo a
Essa praça foi pensada para ser voltada para as ligação entre os bairros. Mapa referente ao anexo 4.
atividades de múltiplo uso, como cultura, lazer e
esporte. Para isso serão implementados uma biblioteca
pública, criação de anfiteatro para apresentações de
bairro, espaço para feira itinerante com aluguel de
bicicletas e playground, além de um espaço para a
associação de moradores ou uma unidade de
educação ambiental. As demais áreas da praça
Por Vinícius Gama

HABITAÇÃO E HABITABILIDADE 41

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