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462-Texto Do Artigo-1798-3-10-20181124
462-Texto Do Artigo-1798-3-10-20181124
ABSTRACT
Throughout this paper, it is intended to verify and analyze the current panorama of occupational safety of non-hazardous waste
collectors in the state of São Paulo and to seek direct relations with the new NR of urban cleaning for the main occupational needs of
these activities. The valorization of the work of the waste collectors is still a great challenge in the integrated management of
municipal solid waste. A brief survey reveals that the activity under study is still one of the most damaging to health. Despite the
importance that these individuals represent for the society, since the number of wastes that we produce grows every year and it
becomes increasingly necessary to collect and treat them, because there are still so many occupational hazards linked to this
profession? Who is responsible for maintaining the occupational health of these workers? Is it possible to minimize the risks? What
has been done in favor of improvements for this sector? The study reveals that one of the causes of the current scenario in which
these workers live is the lack of prudence on the part of the four spheres that make up the responsibility to maintain the occupational
health of these workers, as well as the precariousness and lack of supervision related to this activity. Although troubling, this reality
is about to begin to change with the new NR of Urban Cleaning, which presents aspects that meet the need of these professionals.
Keywords: job security; occupational risks; collectors of non-hazardous waste.
INTRODUÇÃO
A rua é o local urbano onde tudo ocorre. É neste espaço que nos locomovemos, nos
deslocamos, nos movimentamos e fazemos a vida na cidade acontecer. Em meio ao cotidiano neste
espaço público, existem centenas de pessoas que vivem este ambiente como o seu local de trabalho.
São os trabalhadores urbanos que realizam diversas atividades na cidade a céu aberto.
Dentre eles, podemos citar os agentes de trânsito, os vendedores ambulantes, e os agentes de
limpeza urbana, sendo estes últimos, o grupo alvo de estudo para desenvolvimento deste trabalho.
Dentro deste grupo de trabalhadores, temos diferentes profissões, como os varredores, os jardineiros
que realizam a manutenção de áreas verdes, e os trabalhadores da área de resíduos, que realizam as
atividades de coleta e tratamento dos resíduos.
Classificada como uma das profissões mais prejudiciais à saúde, a atividade de coleta
de resíduos iniciou em 1876, no Rio de Janeiro, quando o empreiteiro Aleixo Gary (origem do
termo “gari”) assinou um contrato para a limpeza da cidade (SANTOS, 2004).
Os trabalhadores da coleta de resíduos são aqueles que realizam suas tarefas em ritmo
acelerado, subindo e descendo do caminhão de “lixo”, ao mesmo tempo em que se desloca
com vários sacos de “lixo”, segurando-os pelas mãos, apoiando-os pelo braço e tórax. Ritmo
acelerado de trabalho que pode desencadear em acidentes como, torções, alterações
musculares, além de riscos de ferimentos e contaminação com materiais perfurocortantes
presentes nos resíduos sólidos dispostos para coleta convencional (MALYSZ; GALDINO;
2016).
Para VASCONCELOS (2007), a atividade de coleta de resíduos trata-se um trabalho
puramente braçal, bruto, de puro esforço físico que exige uso intensivo de braços e pernas.
VELOSO (1997) destaca que os coletores são expostos ao calor, frio, chuva e variações
bruscas de temperatura. Além destes aspectos, os coletores são expostos aos ruídos constantes
do sistema de compactação dos resíduos no caminhão, mau cheiro ocasionado pelo processo
de decomposição da matéria orgânica, trepidações durante o trajeto em locais de difícil
acesso, terrenos íngremes, asfaltos mal conservados e riscos de atropelamento em locais onde
o trânsito é mais intenso.
Os riscos biológicos e de acidentes estão diretamente ligados ao tipo de atividade que
estes colaboradores desenvolvem. O dano ao colaborador é resultado da combinação das
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QUANTIDADE
MOTIVO DO ACIDENTE
DOENÇA DO TRABALHO 15 9 18 8 46 6
Fonte: tabela desenvolvida pela autora do artigo, com base nos dados disponibilizados pela Previdência, na seção Dados abertos – Saúde e
segurança do trabalhador, nos arquivos do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – AEAT 2011 a 2016. Disponível em:
http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-sst/.
Tabela 02 – Acidentes do trabalho liquidados, por consequência.
Quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por consequência, segundo a Classificação
QUANTIDADE
CONSEQUÊNCIA
INCAPACIDADE PERMANENTE 42 33 21 16 1
ÓBITO 6 4 9 5 5
Fonte: tabela desenvolvida pela autora do artigo, com base nos dados disponibilizados pela Previdência, na seção Dados abertos – Saúde e
segurança do trabalhador, nos arquivos do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – AEAT 2011 a 2016. Disponível em:
http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-sst/.
Uma situação parecida já havia ocorrido na cidade de Rio Claro – SP. Neste caso, fato
do ano de 2014, o descarte incorreto de lixo fez os acidentes com coletores subir 63% na
cidade. Cerca de 55% dos acidentes registrados neste ano aconteceram por conta do descarte
irregular de lâmpadas, vidros, agulhas, seringas e demais materiais cortantes e perfurantes.
Também pode-se referir ainda à responsabilidade da sociedade casos de discriminação
por conta da atividade (bullying). Também é dever de todos inserir na sociedade esses
colaboradores que são extremamente importantes para o bom funcionamento do meio em que
vivemos. “Tem gente por trás do uniforme”, diz o gari Francisco Assis Pereira, em entrevista
ao G1. Apesar das conquistas que o trabalho lhe proporcionou, sendo a forma de sustento que
colaborou para que ele criasse os quatro filhos, ele conta que já foi discriminado em lojas e
padarias. Em declaração na entrevista, seu Francisco revela "Muita gente não nos vê como
pessoas. Enxergam a roupa da gente, mas não a pessoa por trás da roupa." Ao fim, ele
afirma "Tenho orgulho do que faço.”
Embora a sociedade tenha um papel importantíssimo na gestão de segurança da
atividade dos coletores, ela não desempenha este papel sozinha. O empregador também é um
elemento que compõe as quatro esferas que fazem parte desta responsabilidade. É o
empregador quem deve garantir a integridade do colaborador, cumprindo leis e normas
trabalhistas em sua totalidade, buscando sempre melhorar a situação do empregado.
Em 2015, um decreto realizado pelo Ministério do Trabalho interditou a coleta de lixo
em sete cidades do noroeste do estado de São Paulo. “A decisão foi tomada por causa de
supostas irregularidades em relação à segurança dos funcionários da empresa que faz a
coleta nessas cidades.” afirma a equipe de reportagem do G1 de Rio Preto e Araçatuba.
Recentemente, em dezembro do ano de 2017, a mesma empresa teve novamente suas
atividades trabalhistas suspensas em sete cidades da região. A empresa é acusada pelo
Ministério do Trabalho e MPT de pelo menos seis irregularidades trabalhistas, incluindo o
transporte dos coletores em estribos na parte de trás dos caminhões, o que não é previsto no
Código de Trânsito Brasileiro, a lavagem do uniforme pelo próprio coletor, a falta de licença
do Ministério do Trabalho para a prorrogação da jornada de trabalho, a não concessão de
descanso de dez minutos a cada 90 trabalhados e a falta de um local adequado para as
refeições diárias (ABREU, 2017).
Além do comprometimento do empregador, é necessário engajamento por parte do
colaborador para garantir que a gestão de saúde e segurança da atividade seja efetiva. É
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MÉTODOS E PROCEDIMENTO
Para alcançar o objetivo deste estudo, a metodologia de trabalho foi de caráter
analítico, desenvolvida através de pesquisas bibliográficas e análise de dados.
No que se refere às pesquisas bibliográficas, estas foram realizadas a partir de livros,
revistas, artigos, dados estatísticos, notícias e trabalhos já realizados, de acordo com o tema
principal do estudo. As pesquisas e publicações foram separadas por localidade e data,
buscando uma linha de pensamento entre elas.
No campo da análise de dados, serão analisados os dados de trabalhos já realizados por
instituições, tais como: FUNDACENTRO, INSS, IBGE, TEM, entre outros. Visto que há a
imensidão de dados relativos a este assunto, não será alvo deste estudo o desenvolvimento de
novos dados.
Busca-se, principalmente, a utilização de dados mais recentes. Portanto, os dados
coletados são referidos de um espaço tempo de no máximo 8 anos relativo ao ano vigente
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MTE, prefeitura e demais instituições. Sendo esta última, item indispensável para evitar
qualquer tipo de falha na segurança da atividade.
Inicialmente, é importante ressaltar que, como descrito na norma, esta representa
apenas os requisitos mínimos para o desenvolvimento das atividades de limpeza urbana.
Portanto, constata-se claramente no decorrer de sua análise, que a mesma trata
superficialmente de alguns aspectos que, ao longo de sua publicação, deverão ser revisados e
aprofundados.
O primeiro item desta norma refere-se aos objetivos e campo de aplicação. O item 1.4
cita que “Esta Norma abrange todos os trabalhadores das atividades de limpeza urbana,
independente da forma de contratação”. Embora breve, este item da norma é de suma
importância, visto que, independente da forma de contratação, o trabalhador terá direito à
treinamentos, programas de prevenção, e demais itens descritos na norma. Esta condição
qualifica a responsabilidade do empregador, que procura se eximir dos seus deveres, quando o
funcionário não é contratado pelo regime CLT.
O segundo item da norma trata da organização das atividades. Embora o texto
descreva que “as tarefas devem ser efetuadas com base em estudos e procedimentos” que
atendam aos objetivos de “não comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores” o
texto não dispõe de requisitos mínimos para tais estudos e procedimentos. Ficará à encargo da
empresa definir quais serão os métodos desenvolvidos para organizar as atividades, e a
realização de estudos para descobrir quais serão os parâmetros de cadência ideal para os
movimentos de membros superiores e inferiores, como deverão acontecer os transportes de
cargas, e as distâncias máximas que poderão ser percorridas, sem comprometer a saúde e a
segurança do colaborador.
Neste sentido, ela garante apenas que “as exigências de desempenho devem ser
compatíveis com as capacidades dos trabalhadores, de maneira a minimizar os esforços
físicos estáticos e dinâmicos que possam comprometer a sua segurança e saúde” e a “adoção
de medidas para reduzir esforços e aumentar o conforto dos trabalhadores”. Medidas estas
que vão de encontro às necessidades dos colaborados em reduzir os esforços físicos, evitando
lombalgias, torções, e demais riscos ergonômicos que estão associados à atividade.
Os métodos e procedimentos adotados pelo empregador deverão estar disponíveis para
o empregado, o sindicato e o Ministério do Trabalho através de um inventário que, além
disso, deverá demonstrar a área a ser percorrida pelos trabalhadores, onde serão os pontos de
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apoio e/ou áreas de vivência, e demais informações que possam afetar a saúde e a segurança
do trabalhador. Este documento será de extrema importância na fiscalização destas atividades,
pois o mesmo irá comprometer o empregador com a saúde e segurança de seus colaboradores.
Para o campo de atuação dos coletores de resíduos, o item 2.3 é extremamente
importante, pois ele assegura ao trabalhador “interromper suas atividades exercendo o direito
de recusa, sempre que constatar evidência de risco grave e iminente para sua segurança e
saúde ou a de terceiros, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico.”
Constatou-se ao longo deste estudo que 75% dos acidentes são típicos de trabalho, e que
grande parte destes é proveniente da coleta de resíduos cortantes e perfurantes acondicionados
de forma irregular. Dessa forma, pode-se compreender o quanto esse item é benéfico para
eles. Ter o direito de negar a realização de um trabalho que pode lhe trazer riscos à segurança
e saúde é totalmente indispensável.
Compatível à esta situação, o item 8.1 reforça esta ideia, e cita que “é assegurado ao
trabalhador o direito de recusa, conforme definido no item 2.3 desta Norma, quando os
resíduos estiverem acondicionados de forma irregular, ou quando oferecerem risco à sua
saúde ou segurança, inclusive em relação ao local de depósito ou quando o peso presumido
estiver superior ao definido na AET.
Para efeitos de ação da norma, considera-se inadequadamente acondicionados os
resíduos que possibilitem cortes, perfurações, esforço excessivo, acidentes, vazamentos,
derramamentos, espalhamentos e surgimento de animais peçonhentos ou vetores de doenças.
Institui-se nesta norma que o empregador disponibilize pontos de apoio aos
colaboradores, com água potável, local para higienização e local para refeições. Também
devem ser fornecidas proteções contra radiações não ionizantes. Neste sentido, o ponto em
que pretendesse atingir é o de bem-estar do trabalhador. O mínimo necessário para que o
mesmo trabalhe com maior produtividade é que possa se alimentar em local adequado,
proteja-se da ação do sol e mantenha-se hidratado.
Além dos pontos de apoio, os coletores devem ter acesso à água potável no caminhão,
durante toda a jornada, e acesso à água, sabão e material para enxugo, para higienizar as mãos
quando os mesmos sentirem necessidade.
O item 2.9 refere-se ao transporte dos trabalhadores. O transporte dos colaborados na
parte traseira do caminhão de resíduos tem sido alvo de discussão há mais de 10 anos. Há
cerca de 8 anos, já é proibido em muitas cidades brasileiras. No que condiz a essa situação,
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O PCMSO, como complemento desta norma, atuará como banco de dados para definir
e analisar as principais situações geradoras de riscos aos trabalhadores, a evolução de doenças
físicas e/ou psicológicas, dados e estatísticas de queixas dos trabalhadores, e demais
informações que possam servir de base para o desenvolvimento de novas ações que possam
colaborar com a saúde e segurança do trabalhador, trabalhando em conjunto à AET, que
deverá contar todas as questões relativas à Ergonomia das atividades realizadas.
Para os treinamentos, a norma reserva o item 6 em sua totalidade. Os treinamentos de
capacitação, em qualquer área, são de extrema importância para o desenvolvimento das
atividades. Para a área da coleta de resíduos, devido à complexidade das suas tarefas e o alto
risco envolvido, os treinamentos tornam-se ainda mais indispensáveis.
Mais importante que o treinamento em si, é a abrangência do conteúdo que o mesmo
aborda. Neste sentido, a NR traz considerações importantíssimas que exigem treinamentos
admissionais, periódicos e de troca de função, práticos e teóricos, para todas as situações da
jornada de trabalho, que vão desde a conservação da vestimenta, até possíveis cenários de
emergências. A norma exige também que “durante os primeiros 30 (trinta) dias de trabalho,
deverão ser designadas tarefas com menor exigência física e complexidade para adaptação
do trabalhador, devendo ser acompanhado por trabalhador capacitado, com experiência na
função”.
Infelizmente, uma falha desta norma, é que a mesma não apresenta muitas novidades
para os equipamentos, vestimentas e equipamentos de proteção individual, além das presentes
nas Norma Regulamentadora nº 06 e nº 09. Como benefícios, podemos citar o item 7.5, que
trata especificamente em relação à atividade de coleta de resíduos sólidos, e cita que devem
ser fornecidos ao trabalhador:
a) calçado de segurança do tipo tênis, apropriado ao deslocamento nas vias de coleta e
à distância a ser percorrida diariamente, devendo apresentar, entre outras características,
resistência à penetração e absorção de água (resistente à umidade) e resistência à penetração
por perfuração (resistente a agentes perfurantes);
b) luva de segurança com nível de desempenho mínimo de “3” para o ensaio de
resistência a corte por lâmina e “3” para o ensaio de resistência à perfuração, conforme
informado no Certificado de Aprovação - CA, emitido pelo Ministério do Trabalho.
Os itens mencionados acima buscam, prioritariamente, evitar os acidentes típicos
motivados pelo mal acondicionamento do lixo, condição mencionada neste trabalhado como
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CONCLUSÃO
As atividades dos coletores de resíduos não perigosos demandam de uma série de
ações que visam à saúde e segurança destes profissionais, principalmente devido aos riscos
que estão diretamente envolvidos. Os dados relativos aos acidentes do trabalho no estado de
São Paulo, disponibilizados pela Previdência, apresentam o atual panorama em que esta
gestão de segurança encontra-se.
Os altos índices de acidentes demonstram, sobre tudo, que é necessária uma mudança,
e que a mesma necessita de total comprometimento dos envolvidos na responsabilidade em
manter a saúde e segurança destes colaboradores: sociedade, empregador, empregado e
instituições públicas.
É necessário que as ações iniciais sejam em prol de controlar os acidentes típicos,
buscando sempre ampliar as pesquisas que envolvam os riscos ocupacionais relacionados às
atividades de coleta de resíduos, visando melhoria das condições de trabalho e implementação
de novas ações.
Embora apresente somente os requisitos mínimos, a nova NR de Limpeza Urbana traz
exigências que vão totalmente de encontro às necessidades de melhoria desta classe
trabalhista, e tende a ser uma solução para muitos problemas relacionados à segurança e saúde
dos trabalhadores desta função.
REFERÊNCIAS