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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Geologia
Departamento de Geologia Regional e Geotectônica

Talita Silva de Aquino

Análise Geocronológica U-Pb (LA-ICPMS) e Tipologia de Zircão de


rochas da Bacia Pico do Itapeva, Campos do Jordão (SP).

Rio de Janeiro/ RJ
2018
Talita Silva de Aquino

Análise Geocronológica U-Pb (LA-ICPMS) e Tipologia de Zircão de


rochas da Bacia Pico do Itapeva, Campos do Jordão (SP).

Relatório final, apresentado a


Faculdade de Geologia da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, como parte das exigências
para a obtenção do título de bacharel
em Geologia.

Orientador: Rodrigo Peternel Machado Nunes

Rio de Janeiro/ RJ
2018
Talita Silva de Aquino

Análise Geocronológica U-Pb (LA-ICPMS) e Tipologia de Zircão de rochas da Bacia


Pico do Itapeva, Campos do Jordão (SP).

Relatório final, apresentado a


Faculdade de Geologia da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, como parte das exigências para
a obtenção do título de bacharel em
Geologia.

Aprovada em 7 de agosto de 2018.


Banca Examinadora

________________________________________
Prof. Rodrigo Peternel Machado Nunes
Faculdade de Geologia da UERJ

________________________________________
Prof. Ivo Antônio Dussin
Faculdade de Geologia da UERJ

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações

Rio de Janeiro/ RJ
2018
DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus pais, irmãos, a minha “ex-


chefinha” Márcia, Thiago Ramalho e aos amigos que me
apoiaram nesse caminho tortuoso.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Rodrigo Peternel, pelo incentivo, apoio e paciência


durante o desenvolver deste trabalho e, principalmente, pelos ensinamentos ao longo
desses anos de convivência.
A FAPERJ, projeto APQ1 n° E-26/110.916/2013, que contribuiu com o apoio
financeiro à pesquisa, sem o qual não seria possível sua realização.
Apoio logístico de Saint'Clair de Vasconcelos, proprietário da Fazenda Saint Clair,
da Cia. Guaratinguetá, proprietária da Fazenda Lavrinhas e de Eduardo Campanha e
Lavínia Junqueira, do Hotel Vista da Mata.
A equipe técnica do Laboratório Geológico de Preparação de Amostras (LGPA);
Laboratório Multi Usuarios de Meio Ambiente e Material (MultiLab); e Laboratório
Multiusuário de Caracterização Tecnológica (LMCT).
Aos amigos e geólogos Alano Burity pelo carinho e suporte técnico na finalização
dos mapas geológicos e Fatima Nascimento pela revisão ortográfica do texto e incentivo.
Aos meus pais, Mário e Alzineia, e irmãos Mariane, Thaiane e Mario Jr., pelo
apoio, incentivo e confiança.
As minhas amigas da turma 2011 pelo companheirismo nos momentos mais difíceis
e muitos momentos de alegrias que a turma me proporcionou. Agradeço principalmente a
Jenifer Roméro, Raphaela Berto, Suzana Cristina e Jéssica Tiné.
As minhas eternas companheiras de campo: Mariana Suzano, Isabella Robert,
Shayene de Mendonça e Louise Estrella que tiveram paciência e tornaram a longas
caminhadas em um momento de grande aprendizagem.
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA 4
AGRADECIMENTOS 5
ÍNDICE DE FIGURAS 8
ÍNDICE DE TABELAS 11
RESUMO 12
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 13
1.1 Localização da Área Mapeada 13
1.2 Objetivo 14
1.3 Fisiografia 14
1.3.1 Relevo 14
1.3.2 Drenagem 15
1.4 Metodologia 15
1.4.1 Preparação das Amostras 16
1.4.2 Análise Geocronológica 21
CAPÍTULO 2 – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 23
2.1 Nappes Socorro-Guaxupé 26
2.2 Terreno Embu 28
2.3 Bacias Sedimentares de Transição Plataformal 30
CAPÍTULO 3 – GEOLOGIA DA ÁREA 33
3.1 Unidades Estratigráficas 33
3.1.1 Metarritmito 33
3.1.2 Metarcósio 33
3.1.3 Metavaque 33
3.1.4 Metaconglomerado 34
3.1.5 Filitos indivisos 35
3.1.6 Rochas Intrusivas 37
3.2 Geologia Estrutural 37
3.3 Metamorfismo 39
CAPÍTULO 4 – REVISÃO DE CONCEITOS SOBRE TIPOLOGIA DE ZIRCÃO 40
CAPÍTULO 5 – GEOCRONOLOGIA 50
5.1 Amostra BPI-22 50
5.1 Amostra BPI-37A 56
5.2 Amostra BPI-37 W 60
5.3 Amostra BPI-16 64
5.4 Amostra BPI-41 67
CAPÍTULO 6 – DISCUSSÃO 73
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79
ANEXO 1 - Mapa Geológico da Área Bacia Pico do Itapeva – Campos do Jordão/SP 11
ANEXO 2 - Mapa de Pontos de coleta de amostras 12
ANEXO 3 - Dados Geocronológico 13
ANEXO 4 - Classificação dos Grãos de Zircão 11
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo, representada de forma simplificada


pelo polígono vermelho (imagem de satélite obtida do “Google Earth”), com indicação dos
três segmentos (1, 2 e 3) de ocorrência de rochas da BPI. .................................................. 14

Figura 2: Compartimentação da Província Mantiqueira no contexto do Gondwana


Ocidental (modificado de Trompette,1994). 1- Bacias Fanerozoicas. 2- Coberturas
cratônicas. 3- Orógenos neoproterozoicos (B- Brasília, A- Araçuaí, R- Ribeira, ZI- Zona de
Interferência, AP- Apiaí, DF- Dom Feliciano). ................................................................... 23

Figura 3: Interpretação da junção entre as Faixas Brasília e Ribeira, o polígono preto


representa a Zona de Interferência entre as Faixas Brasília e Ribeira com a área de estudo
destacada na lente azul escuro e o Granito Marins:............................................................. 26

Figura 4: Foto da rocha Metarritmito. A) Afloramento do metarritmito. B) Microfotografia


do metarritimito (lente de 2,5x e nicol paralelo). ................................................................ 35

Figura 5: Foto do Metarcósio. A) Afloramento do Metarcósio. B) Microfotografia do


metarcósio (lente de 2,5x nicol cruzado). ............................................................................ 35

Figura 6: Foto da Metavaque. Foto A) Afloramento da Metavaque. Foto B, C)


Microfotografia da metavaque nicol paralelo (foto B) e nicol cruzado (foto C) (lente de
2,5x). .................................................................................................................................... 36

Figura 7: Foto do Metaconglomerado. Foto A) Metaconnglomerado deformado. Foto B)


Microfotografia da matriz do metaconglomerado. .............................................................. 36

Figura 8:Localização geográfica da área de estudo, representada de forma simplificada


pelo polígono vermelho (imagem de satélite obtida do “Google Earth”), com indicação dos
três segmentos (1, 2 e 3) de ocorrência de rochas da BPI. .................................................. 38

Figura 9: Diagrama Tipológico do Zircão elaborado pelo Pupin (1976) utilizado para a
classificação dos grãos de zircão. ........................................................................................ 41

Figura 10: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo SI, agrupado pelos subtipos
S2, S3, S7, S8, S13, S17 e exemplos de zircões. ................................................................. 42

Figura 11: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo SII, agrupado pelos subtipos
S14, S15, S19, S20, S25, J4 e J5 e exemplos de zircões. .................................................... 43

Figura 12: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo P, agrupado G1, P2, P4 e P5 e
exemplos de zircão. ............................................................................................................. 44

Figura 13: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo C e exemplo de zircão. ....... 45

Figura 14: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo AB, agrupado AB2, AB3 e
AB5 e exemplos de zircão. .................................................................................................. 45
Figura 15: Grãos sem tipologia definida devido ao desgaste, retrabalhamento ou quebra.46

Figura 16: Tipos de fraturas observados nos grãos de zircão: (i) Fratura Radial (BPI-41-
VI); (ii) Fratura na borda do grão (BPI-41-1F); (iii) Fratura paralela ao Eixo C (BPI-37-A-
2D); (iv) Fratura ortogonal ao Eixo C (BPI-22-5B); (v) Fratura diagonal ao Eixo C (BPI-
22-1P). ................................................................................................................................. 47

Figura 17: Tipos de Zonamento observados nos grãos de zircão das amostras. Tipo I:
zircão sem zonamento (BPI-22-8S); Tipo II: zircão difuso (BPI-37-A-3A); Tipo III:
Zonamento Oscilatório: (a) central (BPI-37A-8B); (b) assimétrico (BPI-22-IIB); e (1) setor
(BPI-37A-4L e BPI-37A-6C). ............................................................................................. 48

Figura 18: Tipos de Bandas observadas nos grãos de zircão das amostras analisadas. (A)
Bandas Curtas; (B) Bandas Irregulares; (C) Bandas Largas. .............................................. 49

Figura 19:Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra


BPI-22 (metarcósio). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados. ..... 50

Figura 20: Gráfico de Distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-22, no qual a maior
concentração é no Neoproterozoico e com duas concentrações menores. .......................... 51

Figura 21: Histograma dos grãos de zircão detríticos de idade Neoproterozoico com duas
populações: a maior entre 600-699 Ma. e a menor, entre 700-900 Ma. .............................. 51

Figura 22: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-22.
............................................................................................................................................. 55

Figura 23: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra
BPI-37A (metarcósio). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados. .. 56

Figura 24: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão na Amostra BPI-37A, no qual a
maior concentração é no Neoproterozoico e com três grãos com idades superiores a 1200
Ma. ....................................................................................................................................... 56

Figura 25: Histograma de distribuição dos grãos de zircão detríticos de idade


Neoproterozoico com duas populações: a maior população entre 600-699 Ma e a menor
entre 700-900 Ma. ............................................................................................................... 57

Figura 26: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-
37A. ..................................................................................................................................... 59

Figura 27: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra
BPI-37W (metavaque). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados. . 60

Figura 28: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão detríticos na Amostra BPI-37W, no
qual a maior concentração é no Neoproterozoico e com três zircões com idades superiores
a 1200 Ma. ........................................................................................................................... 60
Figura 29: Histograma dos grãos de zircão detríticos de idade Neoproterozoico da amostra
BPI-37W. ............................................................................................................................. 61

Figura 30: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-
37W. .................................................................................................................................... 63

Figura 31: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão herdado e zircão ígneo
da amostra BPI-16 (clastos de metagranito). Círculos amarelos indicam a localização dos
pontos analisados. ................................................................................................................ 64

Figura 32: Gráfico de Distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-16, no qual a maior
concentração é no Neoproterozoico e com dois zircões com idades superiores a 1200 Ma.
............................................................................................................................................. 64

Figura 33: Gráfico da idade (Ma) de Concordia da amostra BPI-16, no qual os círculos
pretos vazados são grãos de zircão concordantes de idades Neoproterozoicas ................... 65

Figura 34: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) na amostra
BPI-16.................................................................................................................................. 66

Figura 35: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão herdado e zircão ígneo
da amostra BPI-41 (clastos de metagranito). Círculos amarelos indicam a localização dos
pontos analisados. ................................................................................................................ 67

Figura 36: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-41, no qual a maior
concentração é no Neoproterozoico e com zircões de idades superiores a 1100 Ma. ......... 68

Figura 37: Histograma de distribuição dos grãos de zircão de idade Neoproterozoica com
duas populações: a maior população entre 600-699 Ma e a menor entre 700-900 Ma. ...... 68

Figura 38: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão de idade Neoproterozoica, no qual é
possível observar o elipsoide do erro. ................................................................................. 69

Figura 39: Gráfico da idade de Concordia da Amostra BPI-41, no qual os círculos pretos
vazados são os zircões concordantes de idades Neoproterozoicas. ..................................... 69

Figura 40: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) na amostra
BPI-41.................................................................................................................................. 72

Figura 41: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) nas amostras
sedimentares da BPI. ........................................................................................................... 75

Figura 42: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) nas amostras
metagranito da BPI. ............................................................................................................. 75
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Tabela com a relação da identificação das amostras e o tipo de rocha. 16

Tabela 2: Tabela referente às amostras com o peso inicial e peso final após a peneira
granulométrica. 17
RESUMO

A Bacia Pico do Itapeva (BPI) é descrita como uma bacia pull-apart com orientação NE-
SW de aproximadamente 14km de extensão e largura máxima de 1,5km, metamorfizados
em facies xisto verde baixo e estruturada em sinformal revirado, com acamamento
sedimentar e clivagem mergulhando para SE (Cavalcante et al, 1979; Juliani et al, 1990;
Riccomini 1993; Riccomini & Coimbra, 1996, Teixeira et al, 2004). Desenvolvida junto
com as bacias Pouso Alegre e Eleutério durante o período de transição da plataforma
brasileira, no final do Neoproterozóico, foram formadas nas regiões SE e S do Brasil. E
está inserida no contexto da Zona de Interferência entre as Faixas Móveis
Neoproterozóicas Brasília e Ribeira (Trouw et al.; 1994; Trouw et al., 2013). A BPI é
preenchida, na ordem estratigráfica, por: metarritmito, metarcósio, metavaque,
metaconglomerado matriz e clasto suportados, além de rochas de origem ígnea de
composição básica, que ocorrem na forma de diques e sills / soleira. O contato entre as
unidades da BPI é transicional, até a base do metaconglomerado, a qual representa uma
discordância angular interna da BPI. Com base nos dados geocronológicos pelo método U-
Pb (LA-ICPMS) em grãos de zircão e tipologia do zircão nas rochas: metarcósio,
metavaques e granitos que compõem mais de 95% dos clastos dos metaconglomerados, as
amostras analisadas apresentam padrões de distribuição de idades muito semelhantes, com
escassos grãos Neoarqueano, Paleoproterozoico e Mesoproterozoico e a maior contribuição
de idade Neoproterozoico com idades inferiores a 700 Ma. Os clastos de granito das
amostras BPI-16 e BPI-41 apresentam idades de cristalização, respectivamente 657±7.4 e
665.7±4.1 Ma, semelhantes à idade obtida do metagranitóides do Batólito Serra da Água
Limpa (667 ± 10 Ma), sendo este a principal rocha da área fonte. Os grãos detríticos mais
novos são de idade entre 610 e 602 Ma, indicando que o limite superior para a
sedimentação é próximo a 600Ma. Na área não obtivemos idades relacionadas a evolução
da Zona de Cisalhamento Buquira (ZCB), responsável pelo fechamento da bacia,
entretanto mais ao norte ocorrem as zonas de cisalhamento São Bento do Sapucaí, Virgínia
e Conceição da Pedra, com características estruturais e cinemática semelhantes a ZCB, que
desenvolveram-se entre 573 e 563Ma. Este intervalo proposto para a evolução da BPI, de
600 a 563 Ma e é compatível com o intervalo de vida do microfóssil Titanotheca Coimbrae
(570 a 540 Ma), que ocorre nos metarritmitos basais da BPI.
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

A Bacia Pico do Itapeva (BPI), localiza-se no planalto de Campos do Jordão e


integra um conjunto de pequenas bacias sedimentares que ocorrem nas regiões Sudeste
e Sul do Brasil (Almeida, 1969). Desenvolvidas durante período de transição da
plataforma brasileira, na zona de interferência entre as Faixas Móveis Ribeira e Brasília
no final do Neoproterozoico (Trouw, Paciullo, & Ribeiro, 1994; Trouw, et al., 2013)
Almeida (1969) fez as primeiras referências as rochas da BPI e posteriormente
foram estudadas por diversos autores (Cavalcante, et al., 1979; Juliani, Riccomini,
Barros, & Batistucci, 1990; Riccomini C. , 1993; Riccomini & Coimbra, 1996) para
determinar a idade, a estratigrafia, ao ambiente deposicional, a abertura e ao fechamento
da bacia. Através desses trabalhos foi caracterizado a BPI como uma bacia pull-apart,
com orientação NE-SW, de aproximadamente 14km de extensão e largura máxima de
1,5km, preenchida por metaconglomerados, metarcósios e metapelitos, metamorfizados
em facies xisto verde baixo e estruturada em sinformal revirado, com acamamento
sedimentar e clivagem mergulhando para SE.

1.1 Localização da Área Mapeada

A Bacia Pico do Itapeva está localizada nas cidades de Campos de Jordão e


Pindamonhangaba, no Estado de São Paulo e está limitada pelos meridianos 22°50’S –
22°35’S e pelos paralelos 45°40’W – 45°10’W. O principal acesso à área, a partir do
Rio de Janeiro ou São Paulo, ocorre pela Rodovia Presidente Dutra/BR-116 até a altura
de Taubaté, seguindo então pela rodovia SP-123 até Campos do Jordão. Outros acessos
são: pela estrada de terra conhecida como estrada das Pedrinhas, a partir da cidade de
Guaratingueta (SP) acessando o segmento 2; pela rodovia BR-459 a partir da cidade de
Lorena (SP) até a divisa entre SP-MG, pegando estrada de terra na localidade de
Barreira, ao lado do posto da Policia Rodoviária Federal, para acessar o segmento 3 da
área (Figura 1) (ANEXO 1).
Figura 1: Localização geográfica da área de estudo, representada de forma simplificada pelo polígono
vermelho (imagem de satélite obtida do “Google Earth”), com indicação dos três segmentos (1, 2 e 3) de
ocorrência de rochas da BPI.

1.2 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo realizar análises geocronológicas pelo


método U-Pb (LA-ICPMS) em grãos de zircão de rochas metassedimentares da Bacia
Pico do Itapeva a fim de definir a idade de deposição dos sedimentos que a
preencheram. Será apresentado o estudo de cinco amostras, das setes amostras coletadas
durante mapeamento geológico (ANEXO 2). As rochas estudadas são: 2 amostras de
clastos de metagranito em metaconglomerado; 2 amostras de metarcósio e 1 amostras de
metavaque. Outras duas amostras, de Facies Heteroliticas (BPI-31) e metarcósio (BPI-
01) ainda não foram analisadas devido à por problemas técnicos no Laboratório Multi
Usuário de Meio Ambiente e Materiais (MultiLab).

1.3 Fisiografia

1.3.1 Relevo

A BPI encontra-se a 1.950 m de altitude, no Pico do Itapeva, cume do Planalto


de Campos do Jordão. As rochas da BPI ocorrem em áreas de relevo arrasado e plano, e
áreas com relevos elevados formando morros isolados, com declividade acentuada e
feições arredondadas no topo.
Também são encontradas rochas do embasamento nos picos isolados ao redor do
platô e nas escarpas do Planalto de Campos do Jordão. A região apresenta anfiteatros e
paredões íngremes nas encostas da serra, produzidos por falhas de empurrão e por falhas
normais que contribuem para o arcabouço do relevo.

1.3.2 Drenagem

A BPI está em uma região de divisor de águas, tendo três frentes principais de
fluxo. A primeira para NW, em direção à cidade Campos do Jordão, com os córregos da
Ferradura, Ganha Boia, do Galhado e os Ribeirões do Fojo e das Perdizes que fazem
parte dos rios que fluem da serra ao encontro do vale do rio Sapucaí-Guaçu. A segunda
para SE com os córregos do Ferraz, do Cedro, do Convento, da Borboleta e do
Cachoeirão que fluem rumo ao rio Paraíba do Sul. E a terceira para SW marcada pelas
zonas de cisalhamento ou pelo contato entre rochas da bacia e rochas do embasamento.

1.4 Metodologia

A metodologia pode ser dividida em 3 etapas: pré-campo, campo e pós-campo.


A etapa de pré-campo compreende: a) pesquisa bibliográfica; b) levantamentos
de dados referentes à bacia e todas as informações sobre a área; c) bases geológicas
acessíveis e adquiridas como: mapas geológicos na escala 1:100.000 da Folha Campos
do Jordão (Peternel et al., Inédito). e da Folha de Pindamonhangaba (Trouw et al.,
2014); d) preparação das bases topográficas da Bacia Pico do Itapeva, na escala
1:20.000; e e) uso de imagens de satélites nos trabalhos de campo.
A etapa de campo baseia-se no mapeamento geológico na escala 1:20.000, no
período de 17 a 28 de agosto e 24 a 28 de novembro de 2013. Neste período foram
visitados 110 pontos e coletadas sete amostras para analises geocronológicas. Nesta
etapa foram utilizados: martelo geológico, bússola, GPS, lupa de bolso, máquina
fotográfica, marreta, talhadeira, enxada e o mapa na escala 1:20.000, confeccionado na
etapa pré-campo.
A etapa de pós-campo consistiu na preparação das sete amostras para a análise
geocronológica U-Pb (LA-ICPMS). Cabe citar aqui que, por problemas técnicos no
Laboratório Multi Usuário de Meio Ambiente e Materiais (MultiLab) não se realizou a
análise geocronológica em duas amostras, fácies heterolíticas (BPI-31) e metarcósio
(BPI-01).

1.4.1 Preparação das Amostras

As amostras selecionadas para a datação (Tabela 1) seguiram os seguintes


procedimentos: pulverização, peneira, bateia, bromofórmio, Frantz, separação de zircão,
montagem dos grãos de zircão, aquisição de imagens de catodoluminescência e
secundário, seleção dos pontos para realização das análises e analise através LA-
ICPMS/MC.

Tabela 1: Tabela com a relação da identificação das amostras e o tipo de rocha.


Amostra Rocha
BPI-01 Metarcósio
BPI-22 Metarcósio
BPI-16 Clastos de granito no metaconglomerado
BPI-31 Fácies Heteroliticas
BPI-37A Metarcósio
BPI-37W Metavaque
BPI-41 Clastos de granito no metaconglomerado

a) Pulverização das amostras (lavagem, britagem e moinho).


As amostras BPI-01, BPI-16, BPI-22 e BPI-41 foram quebradas no tamanho
menor que 20 cm ou o mais assimétrico e anguloso. As mesmas foram lavadas e
colocadas para secar na estufa. Após a secagem, as amostras foram para o britador de
mandíbula, sendo passadas duas vezes pelo britador de mandíbula. A primeira passada,
os dentes foram colocados afastados para deixar as rochas em um tamanho entre 10 a 5
cm e na segunda passada, os dentes mais próximos para obter um tamanho menor que 1
cm. Em seguida as amostras foram para o moinho de disco. Os discos do moinho foram
dispostos em uma distância menor que 0,5 mm para que as amostras saíssem numa
fração menor que 2 mm.
As amostras BPI-37A, BPI-37W e BPI-31 não sofreram o processo de
pulverização porque se encontravam friáveis, sendo direcionadas direto para a peneira
granulométrica.
Posteriormente as amostras foram levadas para a peneira granulometria para
fazer a separação dos grãos nas frações: >1mm, 1mm-100#, 100#-230# e <230#. Nas
peneiras de 100# e 230# foram usadas malhas descartáveis a fim de evitar possíveis
contaminações devido à facilidade dos grãos ficarem agarrados na abertura da malha.
As peneiras foram dispostas uma em cima da outra em ordem crescente de acordo com
o número de abertura, sendo a da base à peneira 230#. A quantidade de amostra
estabelecida na peneiragem foi de 0,650 kg na vibração de intensidade 10 por 7
minutos. Todos os processos acima foram realizados no Laboratório Geológico de
Preparação de Amostras (LGPA) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Segue abaixo a tabela com os pesos as amostras iniciais antes da peneira e pesos
finais após a passagem na peneira granulométrica (Tabela 2).
Tabela 2: Tabela referente às amostras com o peso inicial e peso final após a
peneira granulométrica.
Amostra Peso inicial >1mm 1mm - 100# 100# - 230# < 230#
BPI-31W 15 Kg 0.70 kg 9.525 kg 2.965 kg 0.390 kg
BPI-31A 15 Kg - 15 Kg 2.455 kg 0.125 kg
BPI-01 27.5 Kg 0.310 kg 19 Kg 3.570 Kg 0.295 kg
BPI-16 6 kg 0.225kg 3.770 kg 0.595 kg 0.215 kg
BPI-22 21 kg 0.075 kg 13kg 2.500 Kg 0.710 kg
BPI-41 21.8 Kg - 15 kg 2.390 kg 1.045 kg
Amostra Peso inicial >0,5mm 0,5mm - 150# 150# - 230# < 230#
BPI-31 19,9 0,601 14,67 4,032 0,582 kg

b) Bateia
Primeiro, as amostras foram deslamadas1 para facilitar a passagem na bateia. O
procedimento realizado em seis amostras pelo técnico Miguel Arcanjo no Laboratório
Multiusuário de Caracterização Tecnológica (LMCT) Departamento de Geologia da
UFRJ. As amostras foram bateadas duas vezes para ter o máximo de concentrado
possível de material. Sendo a primeira bateia com todo material da amostra e a segunda
bateia realizada com o rejeito da primeira bateia, tendo então dois concentrados de cada
amostra. A amostra BPI-37A por apresentar pouco material pesado na fração 100# -
230# não houve concentrado da segunda bateia. Após a bateia as amostras foram
colocadas na placa de Petri e armazenado na estufa a uma temperatura de 50ºC para
secar.
A amostra BPI-31 passou na mesa vibratória e em seguida para a bateia
realizada pelo bolsista Qualitec Henrique Bruno do LPGA na UERJ e a BPI-31 >0,5
mm foi direto para a bateia por causa da pouca quantidade de material. Após a bateia as
amostras foram colocadas na placa de Petri e armazenado na estufa a uma temperatura
de 50ºC para secar.

c) Líquido Denso
A passagem das amostras no líquido denso bromofórmio também foi realizado
pelo técnico Miguel Arcanjo no LMCT da UFRJ. O método permite a separação dos
minerais através da densidade, no qual os minerais com densidade menor que 2,89
g/cm3 flutuam e minerais com densidade maior que 2,89 decantam, sendo considerado
respectivamente, material leve e pesado.

1
Limpar um material de suas partículas mais finas.
Para a separação foram colocadas, em um becker de 10 ml, a amostra junto com
o bromofórmio aguardando alguns minutos para a decantação do material pesado. Após
concluir a decantação, o material leve foi despejado no Becker com funil e filtro de
papel. E no Becker com o material decantado é adicionado álcool e despejado em outro
becker com funil. Todo o procedimento foi realizado dentro da capela devido a toxidade
dos gases emanados durante o procedimento.
Na amostra BPI-31 usou se o liquido denso de Sodium Polytungstones, cuja
densidade é 2,89 g/cm3 e posteriormente no Iodeto de metileno de densidade 2,28 g/cm3
pela técnica Gabriela Valdes, responsável pelo LPGA-UERJ.

d) Separador Magnético
Após a passagem no liquido denso, o material pesado foi passado no imã de mão
para tirar os minerais altamente magnéticos e em seguidas passadas no separador
magnético Frantz.
A separação do mineral no Frantz ocorre em função do campo, quantidade de
material, da inclinação transversal e longitudinal da calha, que dá a velocidade de
escoamento dos minerais e a intensidade da vibração. Entre a calha é localizado dois
eletroímãs de corrente regulável que definem a densidade de fluxo do campo magnético.
O Frantz foi feito com a combinação de inclinação lateral de 10º, inclinação
frontal de 5º e vibração na velocidade 5 em duas fases. A primeira fase, as amostras
foram passadas na amperagem de 0,4 para retirar ilmenita, granada e monazita. A
segunda fase, foram passadas as amostras não atraídas pelo eletroímã na amperagem de
1,5 para a retirada de titanita e rutilo. Por conter pouco material as amostras, BPI-16 (>
100#), BPI-37A (>100#) e BPI-37W (100# - 230#) não foram passados no Frantz e a
amostras BPI-16 (100# - 230#) foi passada na amperagem 0,75.

e) Montagem das bases com grãos de zircão


A partir das frações provindas do Frantz foram separados os grãos de zircão dos
demais minerais, no Laboratório de Petrografia da UERJ, na lupa microscópica. Após a
separação, os zircões, das duas frações (1mm-100# e 100#-230#) de cada amostra,
foram agrupados em um mesmo pote.
No Laboratório Multi Usuário de Meio Ambiente e Materiais (MultiLab) com a
ajuda do Técnico Raimundo Teixeira foram montadas as bases com grãos de zircão para
a aquisição de imagens e análises. Os grãos de zircão foram selecionados de modo
aleatório, no qual os grãos antes de serem selecionados foram jogados em uma fita
dupla face. O primeiro zircão visto era selecionado, levado até a uma placa de vidro
com fita dupla face com a dimensão do padrão da base delimitada e organizados em seis
quadrados com aproximadamente 50 grãos em cada. Após a organização, foi colocado
em cima dos grãos um cilindro e preenchido com resina. Passando 24 horas para a
resina secar, foram polidas as bases com os grãos de zircão.

f) Aquisição de imagens
Foram realizados dois tipos de imagens no microscópio eletrônico de varredura
FEI – Quanta 250 para observar os aspectos morfológicos dos grãos de zircão e assim
poder escolher os que serão analisados.
Para a elaboração das imagens no microscópio eletrônico de varredura (MEV),
as amostras sofreram um processo de metalização a vácuo no catalisador Quarum -
Q150 RES, no qual os grãos recebem uma fina camada de ouro. Após a metalização as
amostras foram encaminhadas para o MEV para obter duas imagens: imagem
secundária e imagem de catodoluminescência.
A imagem secundária ajuda a identificar principalmente as fraturas e inclusões
presentes porque fornece imagens de melhor resolução, com grande profundidade de
campo, impressão tridimensional e fácil interpretação. E a imagem do cátodo ajuda a
identificar o contraste da composição dos zircões apesar da sua resolução e imagem
serem inferiores da imagem secundária. Após a elaboração das imagens no MEV, as
amostras foram polidas novamente para retirar a metalização.
A partir das imagens dos grãos de zircão, foi possível escolher o lugar mais
apropriado para receber o feixe evitando as inclusões, fraturas e áreas esbranquiçadas
(alteradas por alguns processos) ou áreas escuras (alteradas pelo processo de
metamitizado) que quase sempre apresentam alto teor de Pb comum.

Todos os passos acimas citados foram executados com o máximo cuidado e os


equipamentos usados higienizados de forma adequada a fim de evitar a contaminação
das amostras.

g) Analise dos zircões.


No MultiLab com a ajuda do Técnico Marcio Inácio, as amostras foram
colocadas na LA-ICPMC e ajustada as seguintes configurações:
 Spot (tamanho do feixe): 25µm
 Foco: 50%
 Pulso de laser: 10
 Energia do Laser: 60%
 Margem de erro: 10%
A planilha de dados seguem uma sequência de 1 branco-1, 1 padrão GJ-1(1), 9
dados de zircão da amostra – denominado de Tiro –, 1 padrão 91500, 1 padrões GJ-1(2)
e 1 branco-2. No qual o Branco-1 é o estado que se encontra a máquina no início e o
Branco-2 no final da amostragem; O padrão GJ-1 é o zircão de idade já conhecida e é
usado como um fator de correção que é aplicado aos dados das razões U/Pb obtidas da
amostra da BPI; E o padrão 91500 é o zircão com idade também conhecida para
verificar se o fator de correção está sendo aplicado de forma correta. Os grãos de zircão
das amostras foram selecionados ao acaso para ser analisados.

h) Correção das Análises U-PB


As planilhas com os dados dos grãos de zircão analisados junto com os padrões
sofreram tratamento para obter o melhor resultado das análises, respeitando os seguintes
critérios:
207 206
Padrões GJ-1, no qual os erros (StDv) das razões Pb / Pb, os erros (StDv)
das razões 206Pb / 238U e Pb comum (f206) foram corrigidos para ter os valores abaixo de
0.0006, 0.0009 e 0.005 respectivamente.
206 238 207 206
Padrão 91500, os erros das razões Pb / U e Pb / Pb tem que estar
abaixo de 7; % Concordia entre 95 e 105; e Pb comum (f206) menor ou igual a 0,005.
Tiros, % Concordância ter os valores entre 95 a 105 para rochas ortoderivadas e
entre 90 e 110 para rochas paraderivadas; Rho o mais próximo de 1 melhor, sendo
valores acima de 0,8 ideais e valores menores que 0,4 não aceitáveis; Erro da razão
207
Pb / 235U inferiores a 7; e Pb comum (f206) menor ou igual a 0,005.
Após essas correções, foi criando uma nova planilha para cada amostra
agrupando os resultados da planilha “Final Results G-J1 91500” para elaborar os
histogramas ou gráficos com as idades concordantes.
Uma observação a ser ressaltada é que ao começar a fazer as correções das
amostras BPI-37A e BPI-37W percebeu-se que as mesmas não apresentam bons
padrões, não conseguindo chegar ou sendo necessário retirar mais de 50% de dados para
obter os valores acimas descritos ou com valores dos padrões bem abaixo do esperado.
No dia que foram analisadas as amostras BPI-37A e BPI-37W também realizou se
análise em amostra de ouro e acredita-se que a análise de ouro pelo método Pb-Pb tenha
deixado no sistema uma grande de chumbo que gerou uma contaminação nos dados.
Essas amostras serão utilizadas apenas como um complemento e assim que possível
serão refeitas para futuras publicações.

1.4.2 Análise Geocronológica

Tem como ferramenta analítica a espectrometria de massa de plasma induzido e


abrasão por laser (LA-ICP-MC). A técnica compreende a volatilização da amostra ou
parte dela, proveniente de um curto pulso de laser, seguido de ionização por um plasma
de Ar, guiado para o espectrômetro de massa, que mede as razões isotópicas. O método
escolhido foi análise de U-Pb em minerais com alto teor de urânio (U) e tório (Th) e
baixo teor de chumbo comum (204Pb). Este método:
1. se embasa nas três reações de decaimento radioativo do urânio e tório para o
isótopo estável de chumbo radiogênico, são elas:
238
U → 206Pb, meia-vida = 4.468 x 109 anos
235
U → 207Pb, meia-vida = 0.703 x 109 anos
232
Th → 208Pb, meia-vida= 14.01 x 109 anos

2. requer algumas premissas para que seus resultados tenham significado


geológico: a) sistema isotópico fechado; b) meia-vida conhecida e c) razão
204
inicial de Pb conhecida para aplicar na correção, isto é, os isótopos
204
radiogênicos Pb são normalizados pelo Pb. Neste sentido, quando o
mineral apresenta uma grande proporção de Pb comum, em relação ao Pb
radiogênico, a incerteza na idade é aumentada, decorrente da imprecisão da
composição isotópica do Pb inicial.
3. O mineral escolhido foi o zircão porque aceita facilmente a entrada de U no
seu retículo cristalino em substituição ao Zr e, em contrapartida, não aceita a
entrada de quantidades consideráveis de Pb comum (204Pb), o que permite
interpretar que praticamente todo o Pb presente nele é radiogênico, sendo o
resultado do decaimento do U e do Th. Também, o zircão é resistente ao
intemperismo, caracterizando, assim, um mineral ideal para a datação U-Pb,
devido à sua pouca perda de Pb por intemperismo e dilatação (Geraldes,
2010).
CAPÍTULO 2 – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A Bacia Pico do Itapeva está situada na Província Mantiqueira (Heilbron et al.,


2004), na Zona de Interferência entre as Faixas Brasília e Ribeira (Trouw et al., 1994)
(Figura 2), mais precisamente entre os domínios da Nappe Socorro e Terreno Embu
(Heilbron et al., 2004).

Figura 2: Compartimentação da Província Mantiqueira no contexto do Gondwana Ocidental (modificado


de Trompette,1994). 1- Bacias Fanerozoicas. 2- Coberturas cratônicas. 3- Orógenos neoproterozoicos (B-
Brasília, A- Araçuaí, R- Ribeira, ZI- Zona de Interferência, AP- Apiaí, DF- Dom Feliciano). 4- Crátons
Neoproterozoicos (CSF- São Francisco, LA- Luís Alves, RP- Rio de La Plata). Na África localizam-se as
faixas neoproterozoicas do Congo Ocidental (CO), Kaoko (K), Damara (D), Gariep (G) e Saldania (S),
relacionadas aos crátons do Congo e Kalahari.

A parte sul do Orógeno Brasília é resultado da colisão entre os paleocontinentes


Paranapanema e São Francisco-Congo através do fechamento do Oceano Goianides
(Heilbron et al., 2004). A etapa pré-colisional desenvolveu um arco magmático com
idades que variam de 730 a 630 Ma e dentre os corpos oriundos deste intenso processo
magmático, destaca-se o Batólito Serra da Água Limpa (Trouw, et al., 2013; Vinagre et
al., 2014). A etapa colisional ocorreu em 630-615 Ma, sendo progressivamente mais
nova para o sul. A parte sul da Faixa Brasília mostra trend estrutural NNW-SSE e é
subdividida em Nappes com empilhamento tectônico vergente para E-ESE, rumo ao
Cráton São Francisco. As Nappes podem ser agrupadas em: a) nappes inferiores, que
possuem uma relação paleogeográfica com o paleocontinente São Francisco e
apresentam metamorfismo aumentando de leste para oeste, desde fácies xisto-verde até
fácies granulito de alta pressão com retro-eclogito, localizado na Nappe Varginha; b) As
Nappes Superiores são definidas pelas Nappes Socorro-Guaxupé, relacionado ao
paleocontinente Paranapanema, e têm registro metamórfico, na base de fácies granulito
de pressão média e em direção ao topo de fácies anfibolito, além de extensa
granitogênese relacionado ao desenvolvimento de arco magmático cordilheirano em
margem ativa ( Janasi, 1999 apud Heilbron et al., 2004). A Nappe Socorro-Guaxupé é
subdividida em Nappe Guaxupé ao norte e Nappe Socorro ao sul, sendo neste trabalho
abordado apenas a Nappe Socorro. (Heilbron et al., 2004).

O Orógeno Ribeira é segmentado em três setores: norte, central e sul. O foco


deste trabalho é o setor central que faz parte da zona de interferência com o sul da Faixa
Brasília (Heilbron et al., 2004).
O Orógeno Ribeira é considerado como resultado da colisão entre o
paloeocontinente São Francisco-Congo e outro(s) continente(s) – localizados a leste –
através do fechamento do Oceano Adamastor (Heilbron et al., 2004). No período pré-
colisional entre 630 a 595 Ma desenvolveu-se o Arco Magmático Rio Negro com a
subducção para SE da paleoplaca Sanfranciscana sob a Microplaca da Serra do Mar. No
primeiro período colisional associado ao Orôgeno Ribeira, entre 590 e 550 Ma, com
ápice em 580 Ma, gerou a estruturação do Orógeno. Este evento colisional, contrasta-se
com o estilo estrutural da colisão frontal observado no Orógeno Brasília, foi obliqua e
resultou na partição da deformação em zonas de encurtamento frontal vergentes para
oeste e zonas de mergulho íngreme, orientadas a NE-SW, com componente
transpressivo destral. Com isso os limites entre os compartimentos tectônicos são
representados por falhamentos reversos, com mergulhos íngremes (30º a 60º), ou por
zonas de cisalhamento obliquas. Este evento colocou os terrenos Paraíba do Sul e
Oriental (incluindo o Arco Magmático Rio Negro) sobre o Terreno Ocidental,
constituído por rochas arqueanas e paleoproterozoicas retrabalhadas do Cráton São
Francisco e rochas da Megassequência Andrelândia, desenvolvida em margens oeste e
sul do paleocontinente São Francisco, e sobre os terrenos recém-amalgamados da
porção sul do Orógeno Brasília (Tupinambá et al., 1998; Heilbron et al., 2004; Peternel
et al., 2005; Trouw, et al., 2013).

A Bacia Pico do Itapeva (BPI) está alojada a norte da Zona de Cisalhamento da


Buquira, em contato com rochas da Nappe Socorro, ao norte, e do Terreno Embu, ao sul
(Figura 3). Segundo Fernandes (1991), o Terreno Embu é separado da Nappe Socorro-
Guaxupé, que representaria o limite sul do Orôgeno Brasília, pelas Zonas de
cisalhamento Caucaia/ Rio Jaguari / Buquira. E o Domínio Embu representaria um
terreno diferente que teria colidido com a Nappe Socorro durante a evolução do
Orógeno Ribeira. Entretanto Trouw et al (2013) defendem que as mesmas rochas
ocorrem nos domínios da Nappe Socorro e do Terreno Embu, havendo predomínio de
rochas ortoderivadas no primeiro e de rochas paraderivadas no segundo. Desta forma os
autores interpretam a zona de cisalhamento Buquira como mais uma zona de
cisalhamento desenvolvida durante a evolução do Orógeno Ribeira, sem representar o
limite sul do Orógeno Brasília, o qual continuaria mais para sul e leste.
Desta forma serão descritas em mais detalhes as rochas que compõem a Nappe
Socorro e o Terreno Embu, considerados os principais componentes das áreas fontes da
Bacia Pico do Itapeva.
Figura 3: Interpretação da junção entre as Faixas Brasília e Ribeira, o polígono preto representa a Zona
de Interferência entre as Faixas Brasília e Ribeira com a área de estudo destacada na lente azul escuro e o
Granito Marins no ponto verde (modificado de Trouw et al 2013): 1. Bacia do Paraná e Rifte Cenozóico;
2. Plútons alcalinos do Cretáceo Sul da Faixa Brasília (3 e 4): 3. Nappe Socorro-Guaxupé (G, Nappe
Guaxupé; S, Nappe Socorro); 4. Sistema de Nappes Andrelândia (ANS) e Nappe Passos (P); Cráton do
São Francisco (5 a 7): 5. Embasamento; 6. Cobertura (Grupo Bambuí); 7. Cobertura (Rochas
metassedimentares autóctones e parautóctones); Faixa Ribeira (8 a 15): 8. Domínio Andrelândia (AD) e
equivalentes; 9. Domínio Juiz de Fora do Terreno Ocidental; 10. Terreno Paraíba do Sul; 11. Terreno
Oriental, incluindo 12. Arco Magmático Rio Negro; 13. Terreno Cabo Frio; 14. Terreno Embu; 15.
Terreno Apiaí. CTB, Limite Tectônico Central. SFC, Cráton do São Francisco.

2.1 Nappes Socorro-Guaxupé

No estágio pré-colisional relacionado a evolução do sul do Orôgeno Brasília, ca


entre 690 e 620 Ma, um grande volume de magma cálcio-alcalino formaram rochas
graníticas em ambiente de Arco Magmático, representado principalmente pelo Batólito
Serra da Água Limpa com idades de cristalização ao longo de 50 Ma, entre 689 e 630
Ma, com a maior concentração entre o período de 650- 630 Ma (Vinagre et al., 2014).
Este batólito é composto por rochas com composição variada, plotando principalmente
nos campos de Quartzo-sienito e Quartzo-monzonito, e subordinadamente nos campos
de Sienito, Monzonito e Granito – sieno e monzo. No estágio colisional, entre 620 e
610Ma, metamorfismo em facies anfibolito até granulito afetaram as rochas do Batólito
Serra da Água Limpa e suas encaixantes.
Segundo Peternel et al. (2005), Duffles et al. (2013), Vinagre, et al. (2014),as
rochas do batólito Serra da Água Limpa intrudem rochas das unidades Pedra do Baú,
Serra de São Bernardo, Luminosa, Delfim Moreira e Itererê. O Complexo Gnaíssico
Serra da Pedra do Baú é composto principalmente por hornblenda-biotita gnaisse a
biotita gnaisse, migmatíticos, com corpos tabulares a lenticulares de anfibolito, rocha
calcissilicática, sillimanita-granada-biotita gnaisse e escassos quartzitos. Os gnaisses
desta unidade apresentam idades de cristalização do protólito ígneo entre 740 e 669 Ma
(Peternel et al., Inédito).
As rochas mais antigas datadas na região ocorrem próximo a cidade de
Varginha, a NE de Campos do Jordão, constituídas de ortognaisses com idades de
cristalização de ca. 2.079 Ma e 2.127 Ma (Trouw, 2008) e SW de Piquete (SP) com
idade de cristalização de 2.124 Ma (Duffles et al.,2013).
As demais unidades intrudidas por rochas do batólito Serra da Água são
compostas por rochas metassedimentares, sendo: a) Unidade São João da Mata – Biotita
gnaisse migmatítico, com intercalação de anfibolito, sillimanita-granada-biotita gnaisse
e localmente hornblendito; b) Unidade Luminosa – sillimanita-granada-biotita gnaisse
migmatítico com intercalações locais de sillimanita-granada-biotita xisto, rocha
calciossilicática e granada-quartzito; c) Unidade Delfim Moreira – biotita gnaisse
migmatítico com intercalações de anfibolito e quartzito; d) Unidade Campos do Jordão
– quartzito feldspático com intercalações de (sillimanita)-biotita e/ou muscovita xisto;
d) Unidade Itererê – (sillimanita)-biotita-muscovita xisto com intercalação de quartzito
micáceo.
Segundo Duffles et al. (2013), Biotita gnaisse da unidade Delfim Moreira e
Quartzitos da Unidade Campos de Jordão apresentam idades de metamorfismo de
quatro episódios neoproterozóicos: a) entre 658 e 650 Ma; b) próximo a 628 Ma; c)
entre 609 e 602 Ma; d) próximo a 576 Ma. Ainda segundo a autora estas rochas
apresentam grãos de zircão herdados de idades variadas: a) entre a 800-900 Ma; b)
próximo a 1.1 Ga; c) entre 1.6 e 2.0 Ga; d) entre 2.0 e 2.3 Ga. (pico principal em todas
as rochas); e) entre 2.4 e 2.6 Ga; f) entre 2.7 e 2.8 Ga; g) próximo a 3.0 Ga e entre 3.3 e
3.4 Ga. Trouw (2008) apresenta para Quartzitos e Biotita gnaisse da unidade Delfim
Moreira idades de metamorfismo próximo a 616 Ma e 567 Ma e grãos de zircão
herdados com idades de 1.27 Ga e 2.43 Ga.
Na região de São Francisco Xavier, aproximadamente 50km a SW de Campos
do Jordão ocorre a Unidade São Francisco Xavier composta por um charnoquito com
idade de cristalização de 579+5 Ma e metamorfismo em 569+8 Ma, que apresenta
também zircões herdados com idades entre 600 e 718 Ma (Vinagre et al., 2014).

A aproximadamente 20km a oeste de Sapucaí-Mirim ocorre um corpo de gabro


intrusivo em rochas do batólito Serra da Água Limpa, que apresenta idade de
cristalização de 534+6 Ma (Vinagre 2014).

Após o auge da colisão que gerou a Faixa Brasilia, a partir de 610 Ma, começa a
ocorrer o colapso do orógeno com magmatismo pós-colisional associado.

O Granito Marins, que fica a cerca de 15 Km de distância a NE do limite leste da


BPI, está no domínio da Nappe Socorro, sendo limitado ao sul pela Zona de
Cisalhamento Buquira. Duffles (2013) separa o corpo em duas fácies: (1) fácies
Mendanha com idade de cristalização em 607±2 Ma e é restrita à borda sul do corpo,
possui coloração rosada e apresenta fenocristais de microclina alongados e grãos de
biotita alinhados, definindo uma foliação deformacional; (2) fácies Marins com idade de
cristalização 604±5 Ma predominantemente na maior parte do corpo, tem coloração
cinza claro é isotrópico e apresenta textura inequigranular, localmente com fenocristais
fenocristais (<1 cm) de microclina euédrica a subédrica isotrópica.

A idade da zona de cisalhamento da Buquira (ZCB) ainda não está definida,


entretanto a norte da região estudada existem zonas de cisalhamento com características
estruturais e cinemáticas semelhantes a da ZCB com idades definidas a partir da datação
de corpos graníticos sintectônicos. Peternel (2005) analisou cristais de zircão de granito
Serra da Pedra Branca, sintectônico a zona de cisalhamento Conceição da Pedra
(aproximadamente 40 km a norte da ZCB) obtendo idade U-Pb de 573+6 Ma em facies
deformada e 563+7 Ma em facies sem deformação, interpretadas como idades de
cristalização de pulsos distintos o mais antigo sintectônico e o mais novo tardi-
sintectônico. Trouw (2008) analisou cristais de zircão de granito Serra do Cubatão,
sintectônico a zona de cisalhamento Virgínia (aproximadamente 20 km a norte da ZCB)
obtendo idade U-Pb de 563+5 Ma interpretada como idades de cristalização.

2.2 Terreno Embu

As rochas mais antigas identificadas no Terreno Embu são agrupadas no


Complexo Rio Capivari, composto por gnaisses migmatíticos de composição tonalítica
a granítica com idades de cristalização paleoproterozóicas tendo pulsos em 2.4, 2.2 a 2.1
e 2.0 Ga (Maurer, 2016). Sobre o Complexo Rio Capivari ocorre rochas
metassedimentares do Complexo Embu, agrupadas em três unidades: a) Unidade
Redenção da Serra com predomínio de (muscovita) granada-biotita-plagioclásio
gnaisses e biotita gnaisse tonalítico a granodiorítico, com esparsas intercalações de
espessura até métrica de anfibolito, quartzitos impuros e puros, rocha calciossilicática e
gondito; b) Unidade Rio Paraibuna com abundância de quartzitos intercalados com
rochas calciossilicáticas formando pacotes de até 100 metros de espessura, com
intercalação subordinada das demais rochas encontradas na unidade anterior; c) Unidade
Rio Una com predomínio de (+ Granada-Sillimanita) muscovita-biotita xisto, quartzo-
xisto e quartzitos intercalados ritmicamente (Fernandes, 1991; Heilbron et al., 2004). As
rochas destes complexos apresentam registros de dois eventos metamórficos sucessivos,
o primeiro (M1) ao redor de 650-600 Ma associado a eventos compressivos e o segundo
(M2) associados à tectônica distensiva e transcorrente por volta de 600-560 Ma (Meira,
2014).
Cordani (2002) sugere que rochas granodioriticas e tonaliticas, com idades de
aproximadamente 810 Ma obtidas atráves de análises U-Pb (zircão) e Rb-Sr (rocha
total) podem ter sido formadas em um ambiente de arco magmático relacionado à
subducção no início da evolução do Oceano Adamastor. Um evento termal mais jovem
teria ocorrido há cerca de 700-650 Ma e o fechamento do sistema isotópico do feldspato
há aproximadamente 560 Ma indicaria o término deste evento metamórfico de alta
temperatura e da deformação ductil nessas rochas.
Duffles et al. (2016) analisou 2 amostras de quartzito e 1 amostra de xisto a
norte e sul da ZCB, ambos intrudidados por rochas ígneas associadas ao Batólito Serra
da Água Limpa, as três amostras apresentam a mesma distribuição de idades de zircões
detríticos o que sugere área fonte semelhante. As três amostras apresentam uma área
fonte Paleoproterozoica com menor contribuição do Arqueano, incluindo vários grãos
de zircão paleoarqueano com idade igual a 3504 ± 15 Ma e uma notável escassez de
idades mesoproterozóicas. Apresentam ainda poucos cristais detríticos com idades
neoproterozóicas, com pequenos picos entre 750 e 900 Ma. Um importante crescimento
metamórfico de zircão na faixa etária 670-640 Ma está presente nas três amostras,
embora mais proeminente na amostra biotita xisto localizada a norte da zona de
cisalhamento de Buquira. Ainda ocorrem dois outros pulsos metamórficos, o segundo
entre 621 e 599 Ma e o terceiro com idades de 576-574 Ma só é detectado em três
análises de bordas metamórficas de grãos de zircão da amostra biotita xisto. O primeiro
pulso metamórfico é interpretado como associado a intrusão das rochas ígneas que
compõem o arco magmático da Nappa Socorro, agrupadas no batólito Serra da Água
Limpa, enquanto que os outros dois seriam relacionados aos eventos colisionais da faixa
Brasília e Ribeira, respectivamente. Duffles também relata a ausência da diferença
significativa entre as amostras norte e sul da zona de cisalhamento Buquira, reforçando
a interpretação de que esta zona de cisalhamento é apenas de importância local.
Segundo Alves et al. (2015), cerca de 30% das rochas expostas no Terreno
Embu correspondem a granitos neoproterozoicos, representam eventos magmáticos que
pode ser dividido em três grupos principais a partir das idades de cristalização: i)
Toniano de 810 a 770 Ma, dominado por biotita granitos de relativamente baixa
temperatura; ii) Criogeniano ao Ediacarano inferior, entre 680-630 Ma, de composição
variável desde granitoides peraluminosos e metaluminosas, iii) ediacarano (maior
volume), 595-580 Ma, intepretados como tardi a pós-orogênicos. Entre estes últimos
destaca-se a a Província Granítica de Itu, que ocorre a oeste da área de estudo, ao longo
do limite entre os terrenos Embu e Apiai-Guaxupe, composta por granitos pós
orogênicos com cristalização entre 590 e 580Ma (Janasi et al, 2009).

2.3 Bacias Sedimentares de Transição Plataformal

No final do Neoproterozoico foram formadas nas regiões SE e S do Brasil um


conjunto de pequenas bacias sedimentares formadas no período de transição da
plataforma brasileira. No sul de Minas Gerais, próximo ao limite com o estado de São
Paulo desenvolveram-se três bacias consideradas temporalmente correlatas,
posicionadas sobre rochas metamorfizadas durante a evolução da Faixa Brasília Sul,
sendo de NW para SE as bacias Eleutério, Pouso Alegre e Pico do Itapeva. Segundo
Teixeira (1999) a Bacia Eleutério teria se desenvolvido no intervalo entre 606 e 530 Ma,
com limite máximo para a sedimentação de 606+13 Ma (idade de cristalização de riolito
encontrado como clasto em metaconglomerado basal) e limite mínimo para a
sedimentação de 530 Ma (idade K-Ar em rocha total do mesmo seixo de riolito de
metaconglomerado). Hama e Cunha (1977) obtiveram em sericita-calco xisto da bacia
Pouso Alegre idade K-Ar de 524+20 Ma em rocha total e de 485+15 Ma em biotita +
sericita da mesma rocha, interpretado como idade de resfriamento que afetou as rochas
da bacia. Segundo Knoll (1996 apud Trouw et al., 2008, p. 24), nas bacias Eleutério e
Pico do Itapeva ocorre os microfósseis Acríticas Cloudina riemkeae e Titanotheca
Coimbrae com espectro de existência determinado entre 565 e 543 Ma e baseado nestes
dados Teixeira & Gaucher (2001) sugeriram que o melhor intervalo para a sedimentação
das sequências terrígenas e terrígenas-carbonáticas da região sudeste seria entre 570 e
540 Ma.

A Bacia do Pico do Itapeva (BPI), definida como Formação Pico do Itapeva


por Cavalcanti et al (1979), faz parte desta série de pequenas bacias desenvolvidas no
final do Neoproterozoico, em um período de transição da plataforma brasileira
(Almeida, 1969). Esta pequena bacia é atualmente cartografada com aproximadamente
14 km de extensão e 1,7 km de espessura, apresentando uma forma lenticular com eixo
maior na direção NE-SW, sendo correlata da Bacia Eleutério (Ebert, 1971; Teixeira,
2000) e da Bacia Pouso Alegre (Leonardos et al, 1971).

A BPI encontra-se inserida na zona de interferênia entre as faixas móveis


Brasília e Ribeira, com registro metamórfico de mais baixo grau que as rochas a seu
redor e apenas uma fase de deformação dúctil, que dobrou o acamamento sedimentar e
gerou uma suave clivagem com mergulho para SE, diferente das rochas sotopostas que
apresentam varias fases de deformação.

As primeiras referências a sedimentos que compôem BPI são de Almeida (1964)


ao identificar conglomerados aflorantes no Pico do Itapeva, a leste da cidade de Campos
do Jordão (SP), como pertencentes a uma unidade sedimentar diferente do
embasamento.

Os contatos da BPI com as demais unidades ao seu redor são interpretados como
tectônicos, representados por ramificações das zonas de cisalhamento transcorrentes
Jundiuvira e Buquira (Hasui et al, 1978). Riccomini (1993) relacionou a abertura desta
bacia a movimentação transcorrente sinistral ao longo da Zona de Cisalhamento
Jundiuvira (ZCJ) e seu fechamento ao movimentação transcorrente da ZCJ,
caracterizando-a como uma bacia pull-apart.

Juliani et al (1990) e Teixeira (2000) reconhecem que as estruturas primárias


estão preservadas nas rochas da BPI e que estas rochas apresentam acamamento
sedimentar mergulando em torno de 60o para SE, estando estruturadas em um sinclinal
isoclinal. Estes autores descrevem as unidades litoestratigráficas da BPI, entretanto há
discordâncias entre os dois trabalhos. Juliani et al (1990) descreve 3 unidades
litológicas, com contatos gradacionais, que da base para o topo são: a) Conglomerado
polimítico; b) Arcóseos com intercalaçoes de arenitos e siltitos arcoseanos; c) Arenitos
finos arcoseanos e siltitos, com lentes de pelitos. Este autor apresenta uma sucessão
sedimentar que constitui uma sequência grano e estratodecrescente. Teixeira (2000)
descreve 3 unidades litológicas, com contatos gradacionais, que da base para o topo são:
a) Facies heterolíticas laminadas de arenitos finos à médios com siltitos argilosos, com
intercalações de camadas delgadas de conglomerado polimítico clasto-suportado; b)
Arenitos fino à médios com estratificação cruzada, com frequentes intercalações de
arenitos mal selecionados; c) Conglomerado fino polimítico com intercalações
subordinadas de arenito mal selecionado; d) Conglomerado polimítico grosso clasto-
suportado com intercalações de arenito mal selecionado. Diferente de Juliani et al
(1990), Teixeira (2000) mostra que a sucessão sedimentar da BPI constitui uma típica
sequência grano e estratocrescente.

Apesar de algumas diferenças na interpretação do ambiente da Bacia do Pico do


Itapeva, para como Juliani et al (1990), Riccomini & Coimbra (1996) e Teixeira (2000)
a sucessões sedimentares da BPI registram uma regressão marinha, associada a eventos
tectônicos e/ou oscilações climáticas, em um ambiente costeiro, com progradação de
leques aluviais de áreas continentais próximas que avançam até as porções litorâneas.

Neto (2016) realizou estudo geocronológico pelo método U-Pb (LA-ICPMS) em


zircão de duas amostras da BPI, um metárcóseo e um metaconglomerado, do qual
analisou matriz e clastos misturados, obtendo idades principalmente neoproterozoicas
entre 800 e 630Ma e três grãos mais novos entre 614 e 611Ma, idade esta que
considerou como limite mais antigo para a sedimentação.
CAPÍTULO 3 – GEOLOGIA DA ÁREA

3.1 Unidades Estratigráficas

3.1.1 Metarritmito

O Metarritmito é composto por intercalação milimétrica a centimétrica de


metavaque e metasiltito/metargilito, representando uma fácies heterolítica (Figura 4 A).
Os metassiltitos / metargilitos apresentam-se na forma de lâminas e escassas camadas
delgadas de coloração cinza claro, granulometria na fração silte e na metavaque,
coloração branco-amarelada, granulometria areia fina, mal selecionado e anguloso. A
composição mineralógica é sericita e quartzo, e localmente apatita, zircão e mineral
opaco (Figura 4 B). Os grãos de quartzo são angulosos, predominantemente
monocristalino, subédrico, de forma hexagonal, a anédrico, e subordinadamente grãos
policristalinos.
Apresentam contato basal brusco e estruturas primárias preservadas. As camadas
de metasiltito/metargilito formam laminação plano-paralela na base passando para
laminação cruzada acanalada no topo.

3.1.2 Metarcósio

O metarcósio ocorre em contato concordante transicional sobre o metarritmito.


Apresenta estrutura interna maciça disposta em camadas de espessura métrica limitados
por níveis milimétricos a centimétrico de metasiltito/argilito, formando um pacote da
ordem de 50 metros de espessura. Esta rocha geralmente encontra-se alterada, sendo sua
cor de alteração esbranquiçada, matriz na fração silte/argila sericitizada. A rocha é
composta por fenocristais mal selecionado e anguloso, predominantemente de quartzo,
feldspato fortemente sericitizados e, localmente, concentrados de minerais máficos
(Figura 5 A). Na base das camadas geralmente ocorrem clastos angulosos de até 1,5
centímetros de material caulinizado, de quartzo avermelhado ou esbranquiçado e de
gnaisse fino. Os grãos de quartzos são milimétricos na forma irregulares e algumas
vezes quase hexagonais, fraturas curvas e extinção ondulante (Figura 5 B).

3.1.3 Metavaque

A metavaque ocorre em contato concordante e brusco sobre o metarcósio. Apresenta


diminuição da granulometria para o topo e está disposta em camadas com espessura
decimétrica à métrica. A rocha apresenta coloração amarelada, matriz silte/argilosa com
grãos, variando de areia fina a grânulo, de quartzo, feldspato caulinizado, opacos e,
localmente, cristais metamórficos de muscovita (Figura 6.A). Na base das camadas são
encontrados clastos subangulosos a subarredondados, de quartzo de veio, de muscovita,
e de muscovita xisto, com dimensões variando de 2 a 10 centímetros. Enquanto que no
topo, predomina a matriz fina com escassos grânulos de quartzo e em algumas camadas
grada até níveis centimétricos de metarritmito, ou seja, diminui para o topo a quantidade
de clasto e o tamanho. A matriz fina, rica em sericita, compõe de 30 a 50% da rocha,
enquanto os grãos de quartzo, de tamanho areia a grânulo, representam uma razão
inversamente proporcional de 70 a 30% imersos na matriz (Figura 6. B e C).

3.1.4 Metaconglomerado

O metaconglomerado ocorre em discordância angular sobre as unidades


anteriormente descritas. Apresenta-se de alterado a fresco, formando morros isolados e
grandes lajedos junto à escarpa da Serra da Mantiqueira. Na base predomina
metaconglomerado matriz suportado com clastos de até 40 cm. Enquanto no topo
metaconglomerado de clasto suportado com clastos de 10 cm (Figura 7.A), ambos
formandos por camadas granodecrescentes de espessura métrica a decamétrica. A
matriz é composta por material de granulometria silte/argila (30 a 40% da matriz) e
areia (60 a 70% da matriz), contendo sericita, grãos de quartzo, submilimétrico a 3 mm,
com extinção ondulante e localmente subgrão e cristais de muscovita e biotita
esverdeada orientados, definindo a clivagem da rocha (Figura 7.B). Os clastos são
predominantemente (acima de 90%) de granito fino a médio, leucocrático a
hololeucocrático, arredondados com formas lenticulares com eixo maior paralelo ao
strike da clivagem e é composto por feldspato branco e rosado, e allanita. Em alguns
locais ocorrem clastos na forma aproximadamente hexagonal de granulometria muito
fina, composto por quartzo e feldspato e escassa biotita. Os demais clastos são de veios
de quartzo, de gnaisse fino bandado mesocrático e rocha máfica de granulometria fina a
muito fina, com tamanho máximo em torno de 10 cm e forma angulosa a arredondada.
Em poucos pontos foi possível observar estratificação cruzada acanalada e
imbricamento de clastos no metaconglomerado, indicando o sentido de paleocorrente. O
metaconglomerado ocorre em discordância angular sobre as unidades anteriormente
descritas.
3.1.5 Filitos indivisos

Os filitos indivisos ocorrem sobre os metaconglomerados com a presença de


biotita, intensa foliação secundária, presença de dobras fechadas a isoclinais com
vergência para NW, localmente chegando a uma foliação milonítica (S1), com
mergulho de aproximadamente 50° para SE.
A partir do estudo microtectônico, estes filitos foram interpretados como produto
da deformação mais intensa na ZCB, dos litotipos mais finos da BPI, incluindo os
meterritmito, metarcósio e metavaque (Figura 8A, 8B e 8C).

Figura 4: A) Afloramento do Metarritmito realçando a intercalação de camadas de silte/argila (cinza) e


vaque (bege);.B) Lâmina do metarritimito mostrando em detalhe a intercalação anteriormente citada
(BPI-29, lente de 2,5x e nicol paralelo).

Figura 5: A) Afloramento de Metarcósio mostrando variação granulométrica, sendo a parte mais fina o
topo da camada inferior e a parte mais grossa a base da camada superior.; B) Lâmina do metarcósio
mostrando os grãos de quartzo envoltos por matriz de silte/argila (lente de 2,5x nicol cruzado) (BPI-
105E).
Figura 6: Afloramento de Metavaque mostrando aspecto homogêneo de uma camada. Foto B, C) Lâmina
de metavaque (B: nicol paralelo; C: nicol cruzado) mostrando grãos angulosos de quartzo envoltos por
matriz de silte/argila (lente de 2,5x). (BPI-29C)

Figura 7: A) Afloramento de Metaconglomerado clasto suportado de granito. Foto B) Lâmina de


Metaconglomerado destacando a matriz arenítica (BPI-33).

Figura 8: Nas lâminas petrográficas é possível diferenciar os protolito destes filitos devido à presença de:
a) matriz na fração silte/argila e aglomerado de cristais de quartzo, característicos do metarcósio; b)
presença de litoclastos e clastos de quartzo, semelhantes aos observados na metawacke; c) filito fino sem
presença de clastos e de matriz microfanerítica, possivelmente produto da deformação mais intensa do
metaritmito (lente de 2,5x nicol cruzado). Em todas estas variações de filito é possível observar alguns
níveis com indício milonitização, apesar dos protolitos já serem rochas de granulometria fina.
3.1.6 Rochas Intrusivas

Rochas Metabásicas foram observadas como corpos intrusivos discordantes e


concordantes ao acamamento sedimentar, em quase todas as unidades acima descritas e,
como corpos discordantes em rochas do embasamento próximo a BPI. Estas rochas são
encontradas em diferentes partes da bacia, em corpos de espessura geralmente
centimétrica a decimétrica, entretanto em alguns pontos chegando até 2 metros, com
contatos bruscos com as rochas encaixantes. Esta rocha geralmente ocorre muito
alterada, sendo possível identificar apenas sua matriz microfanerítica / afanítica e alguns
fenocristais de feldspato caulinizados menor que 1 mm. Além de acessórios como
magnetita, e a presença de foliação primária (estrutura de fluxo ígneo) e/ou secundária
(foliação metamórfica) em alguns pontos. Seus contatos com as rochas encaixantes
ocorrem de forma brusca, e com ocorrência de metamorfismo de contato, restrito a
poucos milímetros ao redor do corpo, aonde é observada concentração de biotita em
metassedimentos, no qual o grau metamórfico regional foi inferior a isógrada de
surgimento deste mineral.

3.2 Geologia Estrutural

As rochas da BPI apresentam estruturas primárias preservadas (acamamento


sedimentar e laminação cruzada e plano-paralela) e estruturas secundárias (clivagem
espaçada à foliação milonítica, lineação mineral e de estiramento, e dobras)
desenvolvidas em uma fase deformacional (D1) relacionada com o fechamento da bacia
(Estrella, 2014).
Para a caracterização estrutural da área, a BPI foi dividida em três segmentos
(Figura 9). O segmento 1, mais a oeste, é a região do Pico do Itapeva, aonde as rochas
apresentam as estruturas primárias mais bem preservadas. O acamamento sedimentar
(S0) mergulha para SE com ângulo de mergulho superior a 70° e localmente, próximo
ao contato basal, apresenta mergulho subvertical para NW. Entretanto, a partir do
contato basal dos metaconglomerados, o acamamento (S0) passa a ter ângulo de
mergulho consistentemente mais suave, variando de 55° a 45°, ainda para SE. Ao longo
de todo este empilhamento existe o registro de uma clivagem espaçada (S1) com ângulo
de mergulho variando de 65° a 80° para SE. Sobre os metaconglomerados ocorrem
filitos com presença de biotita que definem uma xistosidade (S1) associada com dobras
fechadas a isoclinais com vergência para NW, que transpõe as estruturas primárias, não
mais preservadas. A partir dos dados de campo e estudo petrográfico e microtectônico
pode-se identificar que os filitos sobre o conglomerado representam os litotipos mais
finos da BPI, incluindo os metarritmito, metarcósio e metavaque, em porções da BPI
com deformação mais intensa, localmente chegando a desenvolver foliação milonítica.

Figura 9: Localização geográfica da área de estudo, representada de forma simplificada pelo polígono
vermelho (imagem de satélite obtida do “Google Earth”), com indicação dos três segmentos (1, 2 e 3) de
ocorrência de rochas da BPI.

No segmento 2, área da Fazenda Lavrinhas, as rochas da BPI apresentam


deformação mais intensa. As rochas de granulometria mais fina apresentam-se como
filitos e os metaconglomerados manifestando textura protomilonítica a ultramilonítica,
sendo a foliação secundária sempre com mergulho entre 50° e 60° para SE. Nesta região
ocorre uma intercalação tectônica entre rochas do embasamento e da BPI.
No segmento 3, mais a leste, a quantidade de afloramentos de rochas da BPI é
limitada devido à presença de mata nativa mais intacta, sendo possível sua observação
ao longo de trilha de romeiros a partir do Hotel Vista da Mata. Nesta região são
observados apenas os litotipos de granulometria mais fina, sem a presença de
metaconglomerado. A orientação das foliações primárias e secundárias se assemelha
àquelas descritas para o segmento 1.
O contato basal da BPI, a NW, pode ser observado como uma discordância sobre
as rochas do embasamento, sem evidência de zonas de cisalhamento, ou afetado
localmente por ramificações da Zona de Cisalhamento Buquira (ZCB). Entretanto seu
contato SE sempre é marcado pela presença de rochas miloníticas, da própria bacia e de
seu embasamento, posicionado tectonicamente sobre a mesma, produto da atuação da
parte principal da ZCB.

3.3 Metamorfismo

As rochas da BPI apresentam registro de metamorfismo de baixo grau, abaixo da


isógrada da Granada, com paragêneses metamórficas de fácies xisto verde baixo, com
muscovita+clorita na base e muscovita+clorita+biotita verde nos metaconglomerados,
nas porções menos afetadas pela deformação. Já nas partes mais deformadas,
principalmente próximo ao contato SE, as rochas apresentam textura de filito, sem
preservação das estruturas primárias, ocorrendo paragêneses de fácies xisto verde médio
com presença de muscovita, biotita marrom e, localmente, grafita. Estes minerais
metamórficos definem a clivagem espaçada nas partes menos deformadas e a foliação
milonítica junto à Zona de Cisalhamento Buquira (ZCB), que delimita a BPI a sul-
sudeste.
CAPÍTULO 4 – REVISÃO DE CONCEITOS SOBRE TIPOLOGIA DE
ZIRCÃO

A classificação da tipologia do zircão analisado no LA-ICP-MS/MC foi feita de


forma a estabelecer dados estatísticos relevantes das rochas fonte, presentes em cada
amostra da BPI. Foram observados e classificados os zircões a partir:
a) Do “Diagrama Tipológico do Zircão” (Pupin,1976)
Pupin definiu 64 variedades morfológicas de acordo com a composição química
e temperatura de cristalização (

Figura 1010). Estes fatores intercedem no desenvolvimento relativo das formas


piramidais e das formas prismáticas, respectivamente, (211) x (101) e (100) x (110).
Segundo, (Pupin, 1980), grãos de zircão originados em um meio hiperaluminoso ou
hipocalcalino apresentam pirâmide {211} bem desenvolvida, enquanto que aqueles
cultivados em meio hiperalcalino ou hipoaluminoso apresentam pirâmide bem
desenvolvida {101}; A pirâmide {301} mostra uma predisposição de propagação
distinta em um meio alcalino onde ocorre no T [{100}, {110}, {101}, {301}] e em meio
alcalino rico em potássio K [{100}, {101}, {301 }].

Figura 10: Diagrama Tipológico do Zircão elaborado pelo Pupin (1976) utilizado para a classificação dos
grãos de zircão.

Pupin segue a classificação com o zircão em três planos de direção e neste


trabalho será apresentado zircão com 2 planos de direção porque os grãos sofreram
polimento o que não permitiu a análise da terceira facie cristalina. Sendo assim, a
classificação ocorrerá através da relação a 2 eixos cristalográficos (razão) e seus
vértices. E para facilitar, foram agrupados os tipos que apresentam fácies cristalinas
semelhantes, sendo divididos em:

a.1) Com Tipologia


Grupo SI
O grupo SI é constituído pelos subtipos S2, S3, S7, S8 e S17. São grãos com a
razão do eixo B e eixo C de 1:2 e apresentam 10 vértices (Figura 11).

Figura 11: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo SI, agrupado pelos subtipos S2, S3, S7, S8,
S13, S17 e exemplos de zircões.
Grupo SII
O grupo SII é constituído pelos subtipos S14, S15, S19, S20, S25, J4 e J5. O
zircão exibe a razão do eixo B e eixo C de 1:2 e apresentam seis vértices (Figura 12).

Figura 12: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo SII, agrupado pelos subtipos S14, S15, S19,
S20, S25, J4 e J5 e exemplos de zircões.
Grupo P
O grupo P constituído pelos subtipos G1, P2, P4 e P5. São grãos de zircão com a
razão do eixo B e eixo C é de 1:2, 1:3, em alguns casos 1:4, e apresentam 6 vértices
(Figura 13).

Figura 13: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo P, agrupado G1, P2, P4 e P5 e exemplos de
zircão.
Grupo C
O grupo C é constituído pelo tipo C. São grãos de zircão com a razão do eixo B
e eixo C de 1:2 e apresentam 4 vértices (Figura 14).

Figura 14: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo C e exemplo de zircão.

Grupo AB
O grupo AB é constituído pelos subtipos AB2, AB3 e AB5. São grãos de zircão
com a razão do eixo B e eixo C de 1:1 e a apresentam 8 vértices (Figura 15).

Figura 15: Subtipos classificados pelo Pupin (1976). Grupo AB, agrupado AB2, AB3 e AB5 e exemplos
de zircão.
a.2) Sem Tipologia definida
É constituído por grãos, onde não foi possível identificar nenhuma das tipologias
descritas acima, porque os grãos estavam quebrados, desgastados ou retrabalhados (

Figura 16).

Figura 16: Grãos sem tipologia definida devido ao desgaste, retrabalhamento ou quebra.

b) Desenvolvimento das faces cristalinas sendo classificado em: Euédrico – grão


mineral ou cristal que apresenta faces de crescimento cristalino que lhe são típicas em
toda a sua superfície externa; Subédrico – grão mineral ou cristal que apresenta faces de
crescimento cristalino que lhe é típica somente em parte de sua superfície externa; e
Anédrico – grão mineral ou cristal que não apresenta faces de crescimento cristalino
que lhe são típicas em toda a sua superfície externa.
c) Tamanho em micrometro (µm);
d) razão da largura x comprimento, sendo o eixo B a largura e o eixo C o
comprimento.
e) Quantidade de inclusão para determinar se a inclusão interfere ou não no padrão
de datação;
f) Tipo de fratura
Dividido em cinco tipos: radial (Figura 17.i), borda (Figura 17.ii), paralela ao eixo
C (Figura 17.iii), ortogonal ao eixo C (Figura 17.iv) e diagonal ao eixo C (Figura
17.v).
Figura 17: Tipos de fraturas observados nos grãos de zircão: (i) Fratura Radial (BPI-41-VI); (ii) Fratura
na borda do grão (BPI-41-1F); (iii) Fratura paralela ao Eixo C (BPI-37-A-2D); (iv) Fratura ortogonal ao
Eixo C (BPI-22-5B); (v) Fratura diagonal ao Eixo C (BPI-22-1P).

g) Tipo de zonamento
O zonamento reflete a variação composicional do estrôncio (Sr), da sílica (Si) e
mais importante, variações do háfnio (Hf), do fosforo (P), do itrío (Y), elementos de
terras raras (REE), U e Th. Em relação a essas características foram divididos em três
tipos: a) Sem Zonamento, o grão não apresenta variação composicional (Figura 18.I);
b) Difuso apresenta confuso e com gradação composicional (Figura 18.II); e c)
Zonamento Oscilatório, o grão apresenta alternância na variação composicional (Figura
18:III) subdividido em 2 classes: Central (Figura 18.IIIa) quando a variação bandas são
equidistante no grão; Assimétrico (Figura 18.IIIb) quando a variação das bandas não são
equidistância. E junto com o zonamento oscilatório pode ter o padrão Setor (Figura
18(1)) quando nos setores piramidais são enriquecidos em urânio enquanto o setor
prismático contém menos urânio. Como não se realizou análise química nos grãos de
zircão, discutiremos no aspecto visual tentando correlacionar de forma estatística a
idade, tipologia e zonamento.
Figura 18: Tipos de Zonamento observados nos grãos de zircão das amostras. Tipo I: zircão sem
zonamento (BPI-22-8S); Tipo II: zircão difuso (BPI-37-A-3A); Tipo III: Zonamento Oscilatório: (a)
central (BPI-37A-8B); (b) assimétrico (BPI-22-IIB); e (1) setor (BPI-37A-4L e BPI-37A-6C).

h) Tipos de bandas
As bandas foram divididas em 3 tipos de comprimento: (A) bandas curtas (Figura
19.A); (B) bandas irregulares consiste em bandas largas e curtas, porém não está
relacionado a uma sequência de bandas largas e bandas curtas (Figura 19.B); (C)
bandas largas (Figura 19.C).
Figura 19: Tipos de Bandas observadas nos grãos de zircão das amostras analisadas. (A) Bandas Curtas;
(B) Bandas Irregulares; (C) Bandas Largas.
CAPÍTULO 5 – GEOCRONOLOGIA

Os dados a seguir são apresentados de acordo com a ordem estratigráfica da BPI,


com as amostras ordenadas da base para o topo. O conjunto de idades da era
Neoproterozoica foi dividido em dois intervalos, superior a 700 Ma e inferior a 700 Ma,
essa separação foi adotada para ressaltar a contribuição significativa de rochas
associadas ao arco magmático desenvolvido na Nappe Socorro, as quais apresentam
idades de cristalização inferiores a 700Ma.

5.1 Amostra BPI-22

A amostra BPI-22 é de metarcósio, rocha alterada de matriz na fração areia a


silte/argila sericitizada, sendo composta por quartzo, feldspato alterado (caulim) e uma
matriz muito fina.
Foram analisados no total 188 grãos de zircão, sendo que 163 grãos estão dentro
dos padrões descritos no Capitulo 4 (ANEXO 3). Do total de 188 grãos de zircão
analisados, 163 grãos estão dentro dos padrões descritos no Capitulo 1.4.1.h) (Figura
20). Destes, 9 grãos de zircão apresentam idades Paleoproterozoica, 6 de idade
Mesoproterozoica e 151 de idade Neoproterozoica (Figura 21), estes últimos com a
maior distribuição de grãos de idades inferiores a 700 Ma (82,1%) (Figura 22), sendo as
idade concordante mais nova em torno de 610-602 Ma, com um único grão
apresentando idade de 588 ± 40 Ma.

Figura 20: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra BPI-22
(metarcósio). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados.
Figura 21: Gráfico de Distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-22, no qual a maior concentração
é no Neoproterozoico e com duas concentrações menores de zircões com idades entre 1030-1500 Ma e
1750-2045 Ma.

Figura 22: Histograma dos grãos de zircão detríticos de idade Neoproterozoico com duas populações: a
maior entre 600-699 Ma. e a menor, entre 700-900 Ma.

Os grãos de zircão de idade Paleoproterozoica (2126 a 1787 Ma) apresentam em


sua estrutura interna zonamento difuso (
ANEXO 4). Dos 9 grãos, só em 4 foram identificados as tipologias AB (22%),
SI (11%) e C (11%) descritos no Capítulo 4, sendo grãos subédricos, de tamanho entre
187-204 µm com razão 1:2. Já 56% dos grãos não exibem uma tipologia definidas,
sendo anédricos, de tamanho entre 114-254 µm com razão 1:1 ou com grãos quebrados
(Figura 23).
Dos grãos de zircão de idade Mesoproterozoica (1480-1043 Ma), só em 2 foram
identificados a tipologia SII descrito no Capítulo 4 (Figura 23) (
ANEXO 4). A tipologia SII está presente em 25% dos grãos que são subédricos
com dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com bandas largas,
de tamanho 213 µm com razão 1:1 e inclusão; b) zonamento difuso, de tamanho 233 µm
com grão quebrado. Já 75% dos grãos não exibem uma tipologia definida, sendo
anédricos com dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares, de tamanho 1423-167 µm, quebrado e fraturas ortogonais ao eixo C
ou nas bordas em 66,7% dos grãos; b) zonamento difusão, de tamanho 147-200 µm,
predomínio da razão 1:1 e inclusões em 33% dos grãos.
Dos 27 grãos de zircão de idade Neoproterozoica superior a 700 Ma, só em 12
foram identificadas a tipologia descritas no Capítulo 4, sendo SII, SI e P (Figura 23) (
ANEXO 4). A tipologia P está presente em 26% dos grãos, que são prismáticos
subédricos com quatro tipos de estruturas: a) zonamento difuso no núcleo e zonamento
oscilatório central com bandas curtas na borda, de tamanho entre 167-262µm com a
maioria dos grãos quebrados e raras razões 1:3, inclusões em 66,7% dos grãos e rara
fratura na borda; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de
tamanho 211-259 µm com a razão 1:2 e inclusão em todos os grãos; c) zonamento
oscilatório central com bandas curtas, de tamanho 172 µm com grão quebrado e
inclusão; d) sem zonamento, de tamanho 148 µm com razão 1:2 e inclusão.
A tipologia SII (11%) exibe dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório
central com bandas curtas, prismática euédrico de tamanho entre 175-310 µm com razão
1:2 e 1:3 e muitas inclusões; b) zonamento difuso, prismática subédrico, tamanho de
130 µm com grão quebrado.
A tipologia SI (4%) apresenta zonamento oscilatório central com bandas largas,
de tamanho 270 µm com grão quebrado, fratura diagonal ao eixo C e muitas inclusões.
Por fim, 59 % dos grãos não apresentam uma tipologia definida com dois tipos
de estruturas: a) zonamento difuso, anédrica predominante, de tamanho entre 100-231
µm com razão, principal, 1:2, inclusões em 61,5% dos grãos e rara fratura diagonal ao
eixo C ou na borda do grão; b) zonamento oscilatório central com bandas irregulares, de
tamanho entre 164-180 µm com razão, predominante, 1:1 e inclusões em 91% dos
grãos.

Dos 124 grãos de zircões de idade Neoproterozoica inferior a 700 Ma só em 77


foram identificadas a tipologia descritas no Capítulo 4, sendo SII, SI, P e AB (Figura
23) (
ANEXO 4).
A tipologia SII está presente em 34% dos grãos, que são prismáticos subédricos
e possuem quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório central com os mais
diversos tipos de bandas e em alguns casos associados ao padrão setor, de tamanho
entre 111-310 µm com o predomínio de grãos quebrados em uma das terminações,
inclusão em 57 % dos grãos, raras fraturas na borda ou ortogonal ao eixo C e também
ocorre alguns grãos euédricos; b) zonamento difuso, de tamanho entre 147-278 µm com
razão 1:2 predominante, inclusões em 56% dos grãos e rara fratura ortogonal ou paralela
ao eixo C e também ocorre alguns grãos euédricos; c) zonamento oscilatório assimétrico
com bandas irregulares, de tamanho 222-326 µm com a razão dominante 1:2 e inclusão
em 75% dos grãos; d) sem zonamento, de tamanho 185-213 µm com diferentes razões e
rara fratura radial.
A tipologia P, presente em 22% dos grãos, que são prismáticos subédricos e
possuem quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório central com bandas
irregulares e em alguns casos estão associados ao padrão setor, de tamanho entre 139-
310 µm com o predomínio de grãos quebrados, inclusão em 60 % dos grãos, 44,4% dos
grãos tem fraturas ortogonal ao eixo C e também ocorre alguns grãos euédricos; b)
zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de tamanho 222-326 µm
com razão 1:2, 1:3 e alguns grãos quebrados, inclusão em 62,5% dos grãos, rara fratura
ortogonal ao eixo C e também ocorre alguns grãos euédricos; c) zonamento difuso, de
tamanho entre 173-300 µm com razão 1:2 predominante e inclusões em 80% dos grãos;
d) zonamento difuso no núcleo e zonamento oscilatório central com diferentes tipos de
banda na borda, de tamanho 230-250 µm com razão 1:2 e 1:3 e inclusão em todos os
grãos.
A tipologia SI está presente em 6,5% dos grãos, que são prismáticos subédricos
e possuem quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares e em alguns casos estão associados ao padrão setor, de tamanho entre 180-
221 µm com razão 1:2 e inclusão em 33,3% dos grãos; b) sem zonamento, de tamanho
entre 256-272 µm com razão 1:2, inclusão em todos os grãos e 50% dos grãos possuem
fratura ortogonal ao eixo C; c) zonamento oscilatório central com bandas irregular, de
tamanho 204 µm com razão 1:2 e inclusão em todos os grãos; d) zonamento difuso, de
tamanho 272 µm com razão 1:2, inclusão e fratura ortogonal ao eixo C em todo o grão.
A tipologia AB está presente em 2,4% dos grãos, que são prismáticos subédricos
e possuem dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório central com bandas
irregulares, de tamanho entre 123-139 µm com razão 1:1; b) zonamento difuso, de
tamanho 167 µm com razão 1:2.
Por fim, 38% dos grãos não apresentam uma tipologia definida Capítulo 4,
68,1% são anédricos, os restantes são prismáticos subédricos e possuem cinco tipos de
estrutura interna: a) zonamento oscilatório central com bandas irregulares e poucas
bandas largas, alguns grãos também estão associados ao padrão setor, de tamanho entre
90-250 µm prevalecem os grãos quebrados seguidos da razão 1:1, inclusões em 36%
dos grãos e fratura ortogonal ao eixo C ou radial em 9,5% dos grãos. b) zonamento
difuso, de tamanho entre 139-283 µm com razão1:2 dominante, inclusões em 50% dos
grãos e 20% dos grãos com fratura ortogonal ao eixo C ou radial; c) zonamento
oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de tamanho entre 98-320 µm com
predominância de grãos quebrados, inclusões em 70% dos grãos e em 40% dos grãos
com fratura ortogonal ao eixo C ou radial; d) sem zonamento, de tamanho entre 82-197
µm com grãos quebrados predominantes e inclusões em 50% dos grãos; e) zonamento
difuso no núcleo e zonamento oscilatório central com banda curta na borda, de tamanho
130 µm com grão quebrado.

Figura 23: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-22.
5.1 Amostra BPI-37A
A amostra BPI-37A de metarcósio, rocha alterada de matriz na fração areia a
silte/argila sericitizada, sendo composta por quartzo, feldspato alterado (caulim) e uma
matriz muito fina composta por sericita e concentrados de minerais máficos.
Do total de 151 grãos de zircão analisados, 85 grãos estão dentro dos padrões
descritos no Capitulo 1.4.1h) (Figura 24) (ANEXO 3). Destes, 1 grão de zircão
apresenta idade do Neoarqueno, 2 de idades Paleoproterozoica e 82 de idade
Neoproterozoica (Figura 25), sendo estes com maior distribuição de grãos de idades
inferiores a 700 Ma (79%) (Figura 26), sendo a idade concordante mais nova de 608 ±
34 Ma.

Figura 24: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra BPI-37A
(metarcósio). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados.

Figura 25: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão na Amostra BPI-37A, no qual a maior
concentração é no Neoproterozoico e com três grãos com idades superiores a 1200 Ma.
Figura 26: Histograma de distribuição dos grãos de zircão detríticos de idade Neoproterozoico com duas
populações: a maior população entre 600-699 Ma e a menor entre 700-900 Ma.

O grão de zircão de idade Neoarqueno (2556 ±15 Ma), é anédrico, de tamanho


151 µm com razão 1:1, sem uma tipologia definida descrita no Capítulo 4 e zonamento
difuso (Figura 27) (
ANEXO 4).
Dos grãos de zircão de idade Paleoproterozoica (1867-2001 Ma), só em 50% da
amostra foram identificados à tipologia P (Figura 27), sendo prismático subédrico, de
tamanho 151 µm com o grão quebrado, inclusão e zonamento oscilatório assimétrico
com banda irregular. Já 50% dos grãos não apresentam uma tipologia definida, sendo
anédricos, de tamanho 123 µm com a razão 1:1 e zonamento difuso (
ANEXO 4).
Os grãos de zircão de idade Neoproterozoica superior a 700 Ma, apresentam em
82,4% a tipologia SII e SI (Figura 27) (
ANEXO 4). A tipologia SII exibe três tipos de estruturas: a) zonamento
oscilatório central com bandas irregulares, prismáticos subédricos e raros euédricos, de
tamanho entre 123-325 µm com razão 1:2 dominante, muitas inclusões em todos dos
grãos e fraturas diagonal ou ortogonal ao eixo C em 25% dos grãos; b) zonamento
oscilatório assimétrico com bandas irregulares, prismático subédrico, de tamanho de
170 µm com razão 1:1 e inclusões.
A tipologia SI é prismático subédrico, de tamanho 219 µm com o grão quebrado,
muitas inclusões e fratura ortogonal ao eixo C, e zonamento oscilatório assimétrico com
banda irregular.
Já 18% dos grãos não apresentam uma tipologia definida (Figura 27) exibem
dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares,
prismáticos subédricos, de tamanho de 143-152 µm com razão 1:1 ou quebrados e
inclusões em todos os grãos; b) zonamento oscilatório central com bandas irregulares,
prismáticos subédricos, de tamanho entre 179 µm com razão 1:2 e inclusões em todos
dos grãos.
Os grãos de zircão de idade Neoproterozoica inferior a 700 Ma, apresentam em
82,4% a tipologia SII, SI e P (Figura 27) (
ANEXO 4). A tipologia SII (39%) exibe três tipos de estruturas: a) zonamento
oscilatório central com bandas irregulares e às vezes associados com o padrão setor,
prismáticos subédricos e raros euédricos, de tamanho entre 87-219 µm com grãos
quebrados predominantes e razões 1:1 e 1:2, inclusões em 79% dos grãos e ocorrências
de fraturas na diagonal ou ortogonal ao eixo C em 14% dos grãos; b) zonamento
oscilatório assimétrico com bandas irregulares, às vezes associados com o padrão setor,
prismáticos subédricos e raros euédricos, de tamanho de 106 - 291 µm com razão 1:3,
1:2 e 1:1 – ordem de predomínio do menor para o maior –, muitas inclusões em todos
dos grãos e de fraturas na borda em 10% dos grãos; c) zonamento difuso, prismáticos
subédricos, de tamanho de 116 µm com razão 1:1 e inclusões em todos os grãos.
A tipologia SI (17%) exibe quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório
central com bandas curtas e em 67% estão associados com o padrão setor são
prismáticos subédricos e, raros euédricos, de tamanho entre 87-219 µm com grãos
quebrados predominantes e razões 1:1 e 1:2, inclusões em todos os grãos e ocorrências
de fratura radial em 33% dos grãos; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares ou curtas e em 50% estão associados com o padrão setor são prismáticos
subédricos ou euédricos, de tamanho de 179-232 µm com razão 1:2 e muitas inclusões
em todos dos grãos; c) zonamento difuso são prismáticos euédricos predominantes, de
tamanho de 134-232 µm com razão 1:2 e inclusões em todos os grãos; d) zonamento
difuso na borda e zonamento oscilatório no núcleo, sendo em 66% dos casos central
setor com bandas curtas e o restante, assimétrico com bandas irregulares, são prismático
euédricos, de tamanho 194-252 µm com razão 1:2, muitas inclusões em todos os grãos e
ocorrências de fratura radial em 33% dos grãos.
A tipologia P (8%) exibe dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório
assimétrico com banda irregular e em 25% estão associados com o padrão setor, são
prismático subédrico de tamanho 133 - 262 µm com razão 1:2, muitas inclusões em
todos os grãos; b) zonamento difuso no núcleo e zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares na borda são prismáticos euédricos, de tamanho 120 µm com razão
1:2, muitas inclusões em todos os grãos.
Por fim, 37% não apresentam uma tipologia definida (Figura 27), sendo
anédricos, alguns casos são subédricos e exibe cinco tipos de estruturas: a) zonamento
oscilatório central com bandas irregulares, de tamanho entre 113-232 µm com grãos
quebrados predominantes e razões 1:2 e 1:1, inclusões em 88% dos grãos e ocorrências
de fratura radial em 13% dos grãos; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares ou curtas e em 13% estão associados com o padrão setor, de tamanho de
179-245 µm com grãos quebrados ou com razão 1:1, inclusões em todos dos grãos e
fratura radial em 29% dos grãos; c) zonamento difuso, de tamanho de 100-187 µm com
grãos quebrados e rara razão 1:1, inclusões em 80% dos grãos e fratura radial em 20%
dos grãos; d) zonamento difuso no núcleo e zonamento oscilatório assimétrico com
bandas curtas na borda e o restante, assimétrico com bandas irregulares, são prismático
euédricos, de tamanho 174-200 µm com razão 1:1, muitas inclusões em todos os grãos e
ocorrências de fratura radial em 33% dos grãos; e) sem zonamento, de tamanho 119 µm
com grão quebrado e inclusão.

Gráfico de distribuição da Tipologia x Idade (Ma) da amostra BPI-


37A
30
Quantidade de grãos

25

20

15

10

0
SII SI P SEM
Tipologia
Neoarqueno Paleoproterozoico
Neoproterozoico > a 700 Ma Neoproterozoico < a 700 Ma

Figura 27: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-37A.
5.2 Amostra BPI-37 W
A amostra BPI-37W é de metavaque. A rocha friável com matriz silte/argilosa
com grãos, variando de areia fina a grânulo de quartzo, de feldspato caulinizado, de
opacos e, localmente, de muscovita.
Do total de 207 grãos de zircão analisados, 78 grãos estão dentro dos padrões
descritos no Capitulo 1.4.1h) (Figura 28) (ANEXO 3). Destes, 1 grão de zircão
apresenta idade do Neoarqueno, 1 de idades Paleoproterozoicas, 1 de idade
Mesoproterozoica e 75 de idade Neoproterozoica (Figura 29), estes últimos
apresentando a maior distribuição de grãos com idades inferiores a 700 Ma (61%)
(Figura 30), sendo a idade concordante mais nova de 609 ± 14 Ma.

Figura 28: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão detrítico da amostra BPI-37W
(metavaque). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados.

Figura 29: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão detríticos na Amostra BPI-37W, no qual a maior
concentração é no Neoproterozoico e com três zircões com idades superiores a 1200 Ma.
Figura 30: Histograma dos grãos de zircão detríticos de idade Neoproterozoico da amostra BPI-37W.

O grão de zircão de idade Neoarqueno (2628 ±56 Ma), é anédrico, de tamanho


188 µm com razão 1:2, não sem uma tipologia definida (Figura 31), apresenta inclusão
e zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares (
ANEXO 4))
Os grãos de zircão de idade Paleoproterozoico (1778-1848 Ma), apresentam
estrutura interna de zonamento oscilatório setor central com banda irregular e as
tipologias SII e P (Figura 31) (
ANEXO 4). A tipologia P (50%) é prismático subédrico, de tamanho 111 µm
com o grão quebrado. E a tipologia SII (50%) é subédrico, de tamanho 210 µm com a
razão 1:2.
O grão de zircão de idade Mesoproterozoica (1180 ± 30 Ma) é anédrico, de
tamanho 87 µm com grão quebrado, não sem uma tipologia definida (Figura 31) e
zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares (
ANEXO 4).
Os grãos de zircão de idade Neoproterozoica superior a 700 Ma, apresentam em
82,4% a tipologia SII, SI, P e AB (Figura 31) (
ANEXO 4). A tipologia SII (35%) apresentam inclusões em 90% dos seus grãos
e exibe quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório central com bandas
irregulares, sendo prismáticos subédricos e raros euédricos, de tamanho entre 87-188
µm com razão, dominante, 1:1 e 1:2; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares são prismático subédrico, de tamanho de 174-182 µm com razão 1:2 ou com
grão quebrado; c) sem zonamento é prismático subédrico, de tamanho de 182 µm com
grão quebrado; d) zonamento difuso no núcleo e zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares na borda é prismatico subédrico, de tamanho 203 µm com razão 1:2.
A tipologia SI (14%) apresentam inclusões em todos os seus grãos, são
prismático subédrico e exibe três tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório
assimétrico com bandas curtas ou irregulares e em 50% estão associados com o padrão
setor, de tamanho de 155-176 µm com razão 1:1 e 1:2; b) zonamento oscilatório central
com bandas irregulares, de tamanho 169 µm com razão 1:2; c) zonamento difuso no
núcleo e zonamento oscilatório central com bandas irregulares na borda, de tamanho
162 µm com grão quebrado.
A tipologia P é prismático subédrico e exibe dois tipos de estruturas: a)
zonamento oscilatório central com bandas irregulares, de tamanho entre 156-195 µm
com razão 1:2 ou com grãos quebrados e inclusões em todos os grãos; b) zonamento
difuso, de tamanho 167 µm com razão 1:3.
A tipologia AB é subédrico, de tamanho 155 µm com razão 1:1, inclusão, fratura
ortogonal ao eixo C e zonamento difuso.
Já 38% dos grãos não apresentam uma tipologia definida, sendo anédricos a
subédricos e exibe três tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares, de tamanho entre 106-172 µm com grãos quebrados e poucas razões
1:1 e 1:2 e inclusões em todos os grãos; b) zonamento oscilatório central com bandas
irregulares, de tamanho entre 106-172 µm com grãos quebrados e inclusões em 50%
dos grãos; c) zonamento difuso, de tamanho entre 109-172 µm com razão 1:2 e grãos
quebrados, inclusões em todos os grãos.

O grão de zircão de idade Neoproterozoica inferior a 700 Ma, apresentam em


85% a tipologia SII, SI, P e AB (Figura 31) (
ANEXO 4). A tipologia SII (57%) é prismático subédrico e exibe 3 tipos de
estruturas: a) zonamento oscilatório central com bandas irregulares e em 7% estão
associados com o padrão setor, de tamanho entre 113-255 µm com razão, dominante,
1:1, inclusão em todos os grãos e fraturas na borda, radial ou ortogonal ao eixo C em
20% dos grãos; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de
tamanho de 100-232 µm com razão 1:2 ou com grãos quebrados predominantes e
inclusões em 67% dos grãos; c) zonamento difuso no núcleo e zonamento oscilatório
assimétrico com bandas irregulares ou sem zonamento na borda, de tamanho entre 134-
197 µm com razão 1:1, inclusão em todos os grãos e fratura radial em 50% dos grãos.
A tipologia SI (15%) é prismático subédrico, possuem inclusões em 87% dos
grãos e exibe 3 tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares, de tamanho entre 100-232 µm com predomínio da razão 1:2 ou com grãos
quebrados; b) zonamento oscilatório central com bandas irregulares, de tamanho 169
µm com razão 1:1; c) zonamento difuso, de tamanho 116 µm com razão 1:1 e fratura
radial.
A tipologia P é prismático subédrico apresenta inclusões em 80% dos grãos e
exibe 3 tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório central com bandas irregulares e
em 33% estão associados com o padrão setor, também ocorrem grãos euédricos, de
tamanho entre 116-174 µm com razão 1:1, 1:3 ou com grãos quebrados, b) zonamento
oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de tamanho 172 µm com razão 1:1 e
fratura ortogonal ao eixo C; c) sem zonamento, de tamanho 138 µm com grãos
quebrado.
A tipologia AB é subédrico, de tamanho 164 µm com razão 1:1, inclusão e
zonamento difuso.
Já 15% dos grãos não apresentam uma tipologia definida (Figura 31), sendo
anédricos e exibem quatro tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares, de tamanho entre 99-164 µm com grãos quebrados e inclusões em
67% dos grãos; b) zonamento oscilatório central com bandas irregulares, de tamanho
entre 73-173 µm com grãos quebrados ou com razão 1:1, e inclusões em todos os grãos;
c) zonamento difuso, de tamanho 72 µm com grãos quebrados; d) sem zonamento, de
tamanho 101 µm com grãos quebrados.
Gráfico de distriuição da Tipologia x Idade (Ma) da amostra
BPI-37W
Quantidade de grãos 30
25
20
15
10
5
0
SII SI P AB SEM
Tipologia
Neoarqueno Paleoproterozoico
Mesoproterozoico Neoproterozoico > a 700 Ma
Neoproterozoico < a 700 Ma

Figura 31: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade na amostra BPI-37W.
5.3 Amostra BPI-16

A amostra BPI-16 é composta por clastos com tamanho de aproximadamente 10


cm e forma pseudo-hexagonal, de metagranito do conglomerado, da porção matriz
suportada. Estes metagranito apresentam granulação muito fina, índice de cor
leucocrático, sendo composto por quartzo, feldspato e escassa biotita.
Dos 22 grãos de zircões analisados na amostra BPI-16, 11 grãos apresentam
dados aceitáveis para serem usados na definição de idade, de acordo com padrões
descritos no Capitulo 1.4.1.h) (Figura 32) (ANEXO 3). Destes, 2 grãos de zircão
apresentam idades superiores a 1.200 Ma, interpretadas como herança (Figura 33). A
partir de 9 grãos de zircão obteve-se idade de concórdia de 657 ±7,5 Ma, interpretada
como idade de cristalização do granito do qual os clastos analisados são derivados
(Figura 34).

Figura 32: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão herdado e zircão ígneo da amostra
BPI-16 (clastos de metagranito). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados.
Figura 33: Gráfico de Distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-16, no qual a maior concentração
é no Neoproterozoico e com dois zircões com idades superiores a 1200 Ma.

Figura 34: Gráfico da idade (Ma) de Concordia da amostra BPI-16, no qual os círculos pretos vazados
são grãos de zircão concordantes de idades Neoproterozoicas e o círculo preto preenchido é a região da
concórdia dando idade de 657 ± 7. 4 Ma.

O grão de zircão de idade Paleoproterozoica (1971 ± 32 Ma), é prismático


subédrico, de tamanho 102 µm com razão de 1:2 (largura x comprimento) e sem
tipologia definida, pois algumas fácies estão corroídas. Sua estrutura interna possui
zonamento oscilatório setor assimétrico (6B), bandas irregulares e inclusões.
O grão de zircão de idade Mesoproterozoica (1242 ± 35 Ma), é prismático
subédrico, de tamanho 102 µm com razão 1:2 e sem tipologia definida, pois está
quebrado nas terminações. sua estrutura interna possui zonamento oscilatório
assimétrico (4b) com bandas irregulares.
O grão de zircão de idade Neoproterozoica superior a 700 Ma, é prismático
subédrico, de tamanho 131 µm com razão de 1:2 e tipologia P. Sua estrutura interna
possui zonamento difuso e fratura radial no núcleo (Figura 35).
Dos 9 grãos de zircão idade Neoproterozoica (657 ± 7.4 Ma), só em 6 foram
identificadas a tipologia, sendo, SII e AB (Figura 35). A tipologia SII (56%) apresentam
grãos prismáticos subédricos com dois tipos de estruturas: a) zonamento oscilatório
assimétrico com bandas irregulares, de tamanho 204 µm e razão 1:3; b) e zonamento
difuso de tamanho 110-176 µm na razão 1:2 e grãos quebrados. A tipologia AB (11%)
apresenta grão prismático euédrico, de tamanho 94 µm e razão de 1:2, possui
zonamento difuso e inclusão. Já 33% dos grãos de zircão não possuem uma tipologia
definida, são anédricos, de tamanho entre 106-131 µm com razão de 1:1 e possui na sua
estrutura interna zonamento difuso e inclusões em 67% dos grãos.
Gráfico de distribuição da Tipologia x Idade (Ma) da amostra BPI-16
6

5
Quantidade de grãos

0 Tipologia
SII P AB SEM
Paleoproterozoico Mesoproterozoico

Neoproterozoico > a 700 Ma Neoproterozoico < a 700 Ma

Figura 35: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) na amostra BPI-16.
5.4 Amostra BPI-41
A amostra BPI-41 é composta por clastos do granito no metaconglomerado de
clasto suportado. Os clastos apresentam forma oblata com relação de eixos em torno de
1:1,5 e eixo maior de até 30 cm paralelo ao strike da clivagem do metaconglomerado.
Este metagranito apresenta possui granulação fina a média, índice de cor leucocrático a
hololeucocrático, sendo composto por quartzo e feldspato e escassa biotita.
Do total de 42 grãos de zircão analisados, 38 grãos estão dentro dos padrões
descritos no Capitulo 1.4.1.h) (Figura 36) (ANEXO 3). Destes, 6 grãos apresentam
idades superiores a 1.000 Ma, interpretadas como herança (Figura 37). Dos 32 zircões
obtiveram se duas populações (Figura 38 e Figura 39) Ma, sendo a primeira população
interpretada como herança e a segunda população, 665.7 ± 4.1 Ma (Figura 40),
interpretada como idade de cristalização do metagranito, do qual os clastos analisados
são derivados.

Figura 36: Imagens secundárias dos grãos representativos de zircão herdado e zircão ígneo da amostra
BPI-41 (clastos de metagranito). Círculos amarelos indicam a localização dos pontos analisados.
Figura 37: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão na amostra BPI-41, no qual a maior concentração
é no Neoproterozoico e com zircões de idades superiores a 1100 Ma.

Figura 38: Histograma de distribuição dos grãos de zircão de idade Neoproterozoica com duas
populações: a maior população entre 600-699 Ma e a menor entre 700-900 Ma.
Figura 39: Gráfico de distribuição dos grãos de zircão de idade Neoproterozoica, no qual é possível
observar o elipsoide do erro.

Figura 40: Gráfico da idade de Concordia da Amostra BPI-41, no qual os círculos pretos vazados são os
zircões concordantes de idades Neoproterozoicas e o círculo preenchido na cor preto é a região da
concórdia dando idade de 665.7 ± 4.1 Ma.

Dos 2 grãos de zircão idade Paleoproterozoica (1956 e 1701 Ma), só em 1 grão


foi identificada a tipologia P (Figura 41) (
ANEXO 4). A tipologia P apresenta grão prismático subédrico, de tamanho 160
µm com a razão 1:2 e possui na sua estrutura interna zonamento oscilatório central com
bandas largas. Já o grão sem tipologia definida é anédrico, de tamanho 120 µm com a
razão 1:1 e possui na sua estrutura interna zonamento oscilatório assimétrico com
bandas irregulares.
Os grãos de zircão de idade Mesoproterozoica (1122 -1286 Ma), só em 2 grãos
foram identificados a tipologia SII e P (Figura 41) com grãos subédricos (
ANEXO 4). A tipologia SII de tamanho 170 µm, quebrado e sua estrutura
interna possui zonamento oscilatório central com bandas largas. A tipologia P de
tamanho 310 µm com a razão 1:3, sua estrutura interna possui zonamento oscilatório
setor central com bandas irregulares e inclusão. Já 60% dos grãos não possuem uma
tipologia definida sendo anédricos e apresentam dois tipos de estruturas: a) zonamento
difuso, poucas inclusões e fratura na borda do grão, de tamanho entre 150-270 µm na
razão 1:1; b) sem zonamento, de tamanho 110 µm com razão 1:2.

Dos 19 grãos de zircão de idade Neoproterozoica superior a 700 Ma, só em 11


foram identificadas a tipologia, sendo SII, SI e P (Figura 41) que apresentam grãos
prismáticos subédricos e raros grãos euédricos (
ANEXO 4). A tipologia SII apresenta três tipos de estruturas: a) zonamento
oscilatório assimétrico com bandas irregular, de tamanho 160 µm com razão 1:2 e
fratura na borda; b) zonamento difuso no núcleo e na borda zonamento oscilatório
assimétrico com banda curta, de tamanho 190 µm e grão quebrado; c) zonamento
difuso, de tamanho entre 120-140 µm com razão 1:2.
A tipologia P apresenta três tipos estruturas: a) zonamento oscilatório central
com bandas alteradas ou bandas curtas, de tamanho entre 170-200 µm com razão 1:2 e
inclusão; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas irregulares, de tamanho 170
µm com grão quebrado, inclusão e fratura ortogonal ao zonamento; c) zonamento
difuso, de tamanho 220 µm, razão 1:3 e com inclusão.
A tipologia SI apresenta zonamento oscilatório assimétrico com bandas
irregulares ou alternadas, de tamanho entre 180-380 µm com razão 1:2 e inclusões.
Já 33% dos grãos não exibem uma tipologia definida, sendo anédricos e raros
grãos subédricos com três tipos de estruturas: a) zonamento difuso, de tamanho entre
140-160 µm com razão 1:2 ou grãos quebrados, fraturas ortogonais ao zonamento e
algumas inclusões; b) zonamento oscilatório assimétrico com bandas alteradas ou
irregulares, de tamanho entre 160-190 µm com razão, predominante, 1:2 e alguns grãos
apresentam fratura ortogonal ao zonamento ou fratura radial; c) sem zonamento, de
tamanho entre 160-230 µm, quebrado com fraturas na borda ou radial.

Dos 18 grãos de zircão de idade Neoproterozoica inferior a 700 Ma (665,7± 4,1


Ma), só em 9 foram identificados a tipologia, sendo SII, SI, P e AB (Figura 41), sendo
grãos prismáticos subédricos (
ANEXO 4). A tipologia SII apresenta dois tipos de estruturas: a) zonamento
oscilatório assimétrico setor com bandas irregulares ou curtas, de tamanho entre 190-250
µm, cerca de 91% dos grãos estão quebrados, raras fraturas na borda e inclusão; b)
zonamento difuso, de tamanho entre 170-190 µm com razão 1:1 ou quebrados, fratura
ortogonal ao zonamento e pouca inclusão.
A tipologia SI apresenta dois tipos de estruturas: a) sem zonamento, de tamanho
280 µm com razão 1:2 e fratura diagonal ao eixo C; b) zonamento oscilatório assimétrico,
de tamanho 110 µm na razão 1:1 e fratura na borda do grão.
A tipologia P não possui zonamento, de tamanho 170 µm e grão quebrado. A
tipologia AB exibe zonamento oscilatório setor central com banda larga, de tamanho 160
µm com razão 1:1 e fratura na borda do grão.
Por fim, 33% dos grãos não foram identificados uma tipologia, sendo anédricos e
raros subédricos com dois tipos de estruturas: a) zonamento difuso, de tamanho entre 110-
240 µm com razão 1:1 ou quebrados, alguns grãos possuem fratura na borda e os grãos que
possuem inclusões apresentam grandes quantidades; b) sem zonamento, de tamanho entre
110-350 µm com razão 1:1 ou quebrados e 50% dos grãos possuem fratura na borda ou
diagonal ao eixo C.

Gráfico de distribuição da Tipologia x Idade (Ma) da amostra


BPI-41
10
Quantidade de grãos

0
SII SI P AB SEM
Tipologia

Paleoproterozoico Mesoproterozoico
Neoproterozoico > a 700 Ma Neoproterozoico < a 700 Ma

Figura 41: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) na amostra BPI-41.

13
CAPÍTULO 6 – DISCUSSÃO

1) Todas as amostras analisadas apresentam padrões de distribuição de idades muito


semelhantes, desde o Neoproterozoico até o Paleoproterozoico (< 2,0 Ga), mesmo
sendo extraídas de rochas diferentes. As amostras BPI-37-A (metarcósio) e BPI-37-
W (metavaque) também apresentam escassos grãos de idades Neoarqueanas. A
maior contribuição é de idades neoproterozoicas, sempre acima de 92% dos grãos
com até 10% de discordância, sendo que destas as idades abaixo de 700Ma são a
maioria (entre 60 e 76%). O somatório das idades mesoproterozoicas e
paleoproterozoicas representam sempre menos de 7%, sendo a idade
paleoproterozoica mais antiga é de 2,03Ga. Apenas 2 grãos de zircão apresentaram
idades neoarqueanas de 2,55 e 2,65Ga.
2) Os metagranitos analisados através dos clastos nos metaconglomerados das
amostras BPI-16 e BPI-41 apresentam idades de cristalização de 657±7.4 e
665.7±4.1 Ma, respectivamente. Estas idades são semelhantes àquelas obtidas para
cristalização de metagranitoides do Batólito Serra da Água Limpa, 689 a 630 Ma
(Vinagre et al., 2014), que representa o arco magmático da Nappe Socorro, e
ocorrem imediatamente sob as rochas da BPI, separados por uma discordância
litológica.
3) Idades semelhantes à de cristalização dos metagranitos também são encontradas em
grãos de zircão detrítico das amostras de metarcósio e metavaque, sugerindo que
estes metagranitos também faziam parte da área fonte das unidades basais da BPI.
Por sua vez as idades de grãos de zircão herdados dos metagranitos apresentam
idades neoproterozoicas, mesoproterozoicas e paleoproterozoicas, semelhantes em
valores e proporções àquelas encontradas nas amostras do metarcósio e da
metavaque, indicando que os corpos graníticos intrudiram outras rochas mais
antigas do embasamento da BPI.
4) A partir das imagens de catodoluminescência pode-se observar que os grãos de
zircão de todas as amostras analisadas não apresentam bordas metamórficas.
Apenas 1 grão mostrou uma borda homogênea de coloração branca característica
de borda metamórfica, entretanto, apresenta idade paleoproterozoica, indicando ser
um metamorfismo antigo no embasamento da BPI. O intervalo entre 620 e 614 Ma,
equivalente ao metamorfismo regional sin-colisional, não é observado nas amostras

14
de metagranitos e de metavaque, já as amostras de metarcósio tem poucos grãos
neste intervalo (entre 3,6 e 5,5% dos grãos concordantes) e todos apresentam
padrão zonado típico de zircão ígneo, sugerindo que são oriundos de rochas
cristalizadas contemporaneamente ao metamorfismo regional.
5) Ao relacionar a Idade com a classificação dos grãos de zircão detriticos, foi
possível observar que idades superiores a 700 Ma apresentam, por ordem
decrescente, predomínio dos grãos sem tipologias definidas, seguidas do tipo SII,
do tipo P, do tipo SI e 2% das demais tipologias. Já os grãos de idade
Neoproterozoica inferior a 700 Ma, a tipologia predominante é o tipo SII, seguidos
de grãos sem tipologias do tipo P, do tipo SI e 2% das demais tipologias (Figura
42). Também se verifica que em todas as idades, a tipologias das amostras
sedimentares não exibem um predomínio de estrutura interna (zonamento) e poucos
grãos com inclusões. E as amostras de metagranito apresentam, em ordem
decrescente, predomínio dos grãos sem tipologias definidas, seguidas do tipo SII,
do tipo P, do tipo SI e das tipologias AB (Figura 43) e todas as amostras e
tipologias exibem uma quantidade mediana de inclusões e não exibem um
predomínio de estrutura interna (zonamento). Batólito Serra da Agua Limpa pode
ser interpretado como umas das áreas fontes que contribui com material para o
preenchimento da bacia, visto que as amostras sedimentares semelhança com as
características observadas nas amostras dos metagranitos

Distribuição das Tipologias x Idades (Ma) de grãos de zircão das


amostras de rochas metassedimentares
100
Quantidade de grãos

80

60

40

20

0
SII SI P AB C SEM
Tipologia

Paleoproterozoico Mesoproterozoico
Neoproterozoico >700 Ma Neoproterozoico <700 Ma

15
Figura 42: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) nas amostras sedimentares
da BPI.

Distribuição das Tipologias x Idades (Ma) de grâos de zircão das


amostras de metagranito
14
Quantidade de grãos

12
10
8
6
4
2
0
SII SI P AB SEM
Tipologia

Paleoproterozoico Mesoproterozoico
Neoproterozoico >700 Ma Neoproterozoico <700 Ma

Figura 43: Gráfico de distribuição da tipologia presente em cada idade (Ma) nas amostras metagranito da
BPI.

6) As amostras de metavaque e metarcósio apresentam as idades mais novas de grãos


de zircão detríticos próximas de 610 a 607 Ma, com exceção da amostra BPI-22
(metarcósio) com um grão de 602 + 17 e outro com 588 + 40 Ma.
7) Em lâminas de metarritmito da unidade basal foram observados objetos
semelhantes a descrição do microfossil Titanotheca Coimbrae feita por Gaucher &
Sprechmann (1999), o qual tem um espectro de vida entre 570 e 540 Ma.
8) A estruturação e cinemática da Zona de Cisalhamento Buquira, responsável pela
inversão e fechamento da BPI é semelhante a de zonas de cisalhamento mais a
norte como as zonas de cisalhamento Conceição da Pedra, Virgínia e São Bento do
Sapucai, as quais se desenvolveram entre 573 e 563 Ma conforme dados de
Peternel (2005), Trouw et al (2008; 2014 no prelo) e Trouw (2008).
9) As rochas da BPI apresentam registro metamórfico de baixo grau, equivalente a
facies xisto verde baixo, contemporâneo a fase que gerou a Zona de Cisalhamento
Buquira. Já as rochas de seu embasamento apresentam metamorfismo em facies
anfibolito datado em torno de 615 Ma, contemporâneo à fase colisional associada
com a evolução da Faixa Brasília, o qual não está registrado nas rochas da BPI..

16
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO

Sobre área fonte

Todos os grãos de zircão apresentam arredondamento por transporte praticamente


nulo, sugerindo transporte a curta distância e/ou em meio de baixo atrito. Apresentam
características de zircão ígneo, sem apresentar borda metamórfica, sugerindo que, apesar
de oriundos de rochas diferentes, estas estiveram em níveis crustais rasos e não sofreram os
efeitos do metamorfismo de auto grau que ocorreu no Neoproterozoico, com pulsos entre
650 e 614Ma. O único grão detrítico de zircão com borda metamórfica apresentou idades
paleoproterozoica para a cristalização no núcleo e de metamorfismo na borda, indicando
um metamorfismo muito antigo, em rochas que não são mais encontradas em afloramentos.
Os grãos de zircão analisados mostram que a principal contribuição para as rochas
metassedimentares da BPI são rochas com cristalização durante o Neoproterozoico, com
uma pequena população entre 890 e 700Ma, a maior população entre 700 e 624Ma e outras
duas pequenas populações entre 621 e 614Ma e 610 a 602Ma. Além destas também
contribuíram rochas de idade Mesoproterozoica a Paleoproterozoica (inferior a 2,0Ga) e
escassa contribuição Neoarqueana. Regionalmente as idades da maior população são
encontradas principalmente em rochas do arco magmático da Nappe Socorro, representada
por metagranitoides do Batólito Serra da Água Limpa (689 a 630Ma). Idades nos
intervalos mais antigos são encontradas em rochas metassedimentares do Complexo Embu
e m rochas do seu embasamento. O intervalo entre 621 e 614Ma é equivalente ao período
colisional da Faixa Brasília sul, no qual as rochas do embasamento da BPI foram afetadas
em facies anfibolito alto com registro fusão parcial, localmente alcançando condições de
facies granulito, entretanto os zircões com estas idades encontrados nas rochas da BPI
apresentam padrões zonados característicos de crescimento ígneo, sem presença de borda
metamórfica, provavelmente oriundos de rochas ígneas vulcânicas ou plutônicas de baixa
profundidade contemporâneas a colisão. Já as idades mais novas, entre 610 e 602Ma
podem ser correlacionadas ao Granito Marins ou corpos correlatos, que intrudem as demais
rochas do embasamento da BPI em período tardi a pós colisional associado ao colapso do
orôgeno. Por fim, no metarcósio foi encontrado um único grão de zircão com
características ígneas com idade de 588+40Ma. Idades neste intervalo são encontradas em
corpos graníticos sin-colisionais da Faixa Ribeira ou pós tectônicos da Província Granítica

17
Itu. Uma hipótese ainda a ser avaliar é se zircões desta idade poderiam ser oriundos de
rochas ígneas relacionadas a magmatismo contemporâneo ao desenvolvimento da bacia,
visto que ocorrem corpos de rocha básica como diques e sills/soleiras na BPI.

Sobre a ordem estratigráfica

A estratigrafia definida neste trabalho com metarritmitos basais, recobertos por


metarcósios e metavaque, com metaconglomerados no topo corrobora a estratigrafia
descrita por Teixeira (2000). Conforme descrito anteriormente o contato entre as unidades
é gradacional, entretanto é observada uma discordância angular interna a BPI, descrita
inicialmente por Estrella (2014), marcada pelo contato basal da unidade de
metaconglomerados. Acima dos metaconglomerados ocorrem filitos que representam as
unidades basais da BPI (metarritmito, metarcósio e metavaque) em maior grau de
deformação e recobrindo tectonicamente as parte menos deformadas da própria bacia
devido ao desenvolvimento da Zona de Cisalhamento Buquira. Também foi reconhecida a
presença de rochas básicas na forma de dique e sill/soleira intercalada nas rochas da BPI,
as quais futuramente serão analisadas geocronologicamente avaliar a possibilidade de
representarem magmatismo contemporâneo a sedimentação.

Sobre a abertura da bacia

As rochas da BPI repousam em discordância sobre metagranitóides do Batólito


Serra da Água Limpa, ortognaisses do Complexo Pedra do Baú e rochas
metassedimentares do Complexo Embu, todas com registro de metamorfismo sin-
colisional em facies anfibolito alto em torno de 620 a 614Ma, o qual não é registrado nas
rochas da BPI. Os grãos de zircão mais novos da BPI são do intervalo entre 610-602Ma,
indicando que a deposição na bacia iniciou próximo de 600Ma após um rápido
soerguimento crustal, provavelmente associado ao colapso do orógeno, quando se alojaram
plutons semelhantes ao Granito Marins de idade de cristalização de 608-605Ma. Este
período de ínicio da sedimentação próximo a 600Ma é compatível a idade de 605Ma
proposta por Teixeira (2000) para a Bacia Eleutério e as correlatas Pouso Alegre e Pico do

18
Itapeva, e um pouco mais nova do que a idade de 611Ma sugerida para o início da
sedimentação proposta por Neto (2016) para a BPI.

O contato basal da unidade de metaconglomerados da BPI representaria uma


discordância angular interna na BPI, com abatimento e basculhamento das unidades
inferiores para sul. Os clastos amplamente predominantes (< 90%) nestes
metaconglomerados são de granitos hololeucocráticos com idade de cristalização entre 665
e 657Ma. Neto (2016) mostra que a matriz destes conglomerados apresenta grãos de zircão
com idades semelhantes as demais amostras analisadas neste trabalho, entretanto com os
grãos mais novos em 640Ma e apenas um com idade de 614Ma, sugerindo uma diminuição
nesta unidade superior da BPI do aporte de material das rochas mais novas até 602Ma.

Sobre inversão e fechamento da bacia

As rochas da BPI apresentam um metamorfismo de baixo grau, em facies xisto


verde abaixo da zona da biotita, o qual aumenta para o topo com o surgimento de biotita
com a proximidade da Zona de Cisalhamento da Buquira, que é responsável pelo
fechamento da BPI. Esta zona de cisalhamento pode ser correlacionada regionalmente com
as zonas de Cisalhamento Conceição da Pedra, Virgínia e São Bento do Sapucaí (Peternel
2005; Trouw 2008; Peternel et al 2014) com características estruturais e cinemática
semelhantes, desenvolvidas no intervalo entre 573 e 563Ma. Assim a idade para o
fechamento da BPI seria mais antiga que a idade de 530Ma proposta por Teixeira (2000).
Este intervalo de desenvolvimento da BPI entre aproximadamente 600 e 560Ma é
compatível com os microfósseis Titanotheca Coimbrae descritos por Teixeira & Gaucher
(2001) e observados nos metarritmitos da unidade basal da BPI.

19
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21
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22
ANEXO 1 - Mapa Geológico da Área Bacia Pico do Itapeva – Campos do
Jordão/SP
ANEXO 2 - Mapa de Pontos de coleta de amostras
ANEXO 3 - Dados Geocronológico
Observações

1. a
Fraction of the non-radiogenic 206
Pb in the analyzed zircon spot, where ƒ206=
[206Pb/204Pb]c/ [206Pb/204Pb]s (c=common; s=sample).
b
2. Th/U ratios and amount of Pb, Th and U (in pmm) are calculated relative to 91500
reference zircon.
c
3. Corrected for background and within-run Pb/U fractionation and normalised to
207
reference zircon GJ-1 (ID-TIMS values/measured value); Pb/235U calculated using
(207Pb/206Pb)/ (238U/206Pb * 1/137.88).
d
4. Rho is the error correlation defined as the quotient of the propagated errors of the
206
Pb/238U and the 207/235U ratio.
e
5. Corrected for mass-bias by normalising to GJ-1 reference zircon and common Pb using
the model Pb composition of Stacey and Kramers (1975).
f
6. Degree of concordance = (206Pb/238U age * 100/207Pb/206U age).
7. As linhas tachadas indicam que os dados não estão dentro dos padrões descritos
no Capítulo 1.4.1.h.
ANEXO 4 - Classificação dos Grãos de Zircão
Observações

1. Classificação dos grãos de zircão e tipologia * descrito no Capítulo 4.


2. As linhas tachadas indicam que os dados não estão dentro dos padrões
descritos no Capítulo 1.4.1.h.
3. Os grãos quebrados são representados pela letra X.
4. A ausência de uma determinada característica é marcada com um "-".

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