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Diversidade linguística e cultural

Resultados da Aprendizagem

 Reconhece a língua como caraterística de uma cultura.

 Identifica os diferentes falares regionais e os seus elementos diferenciadores.

 Interpreta corretamente o sentido da expressão “unidade na diversidade”.

 Situa geograficamente os diferentes falares.

 Identifica alguns aspectos culturais dos países pertencentes à CPLP.

 Relaciona os objectivos da CPLP com os objetivos da política externa portuguesa.

Conteúdos

 O Português – uma língua viva

 Língua, dialeto e falar regional

 Unidade e diversidade da Língua Portuguesa

 A pronúncia e o léxico, elementos de diferenciação

 Variedades do português, distribuição geográfica

 O Português no mundo atual

 Comunidade de Língua Oficial Portuguesa (CPLP)

 Antecedentes e Declaração

 Estatutos

 Estados membros

 Objetivos

 Expansão da Língua Portuguesa no mundo: descobrimentos e descolonização

 Política externa e defesa da Língua Portuguesa

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Índice
O português - uma Língua Viva .................................................................................................... 4

Língua, dialeto e falar regional ..................................................................................................... 6

A pronúncia e o léxico, elementos de diferenciação ........................................................... 8

Variedades do português, distribuição geográfica .............................................................. 9

O Português no mundo atual ...................................................................................................... 11

Comunidade de língua oficial portuguesa (CPLP)............................................................. 13

Antecedentes..................................................................................................................................... 13

Declaração .......................................................................................................................................... 14

Estatutos ............................................................................................................................................. 18

Estados membros ............................................................................................................................ 19

Objetivos ............................................................................................................................................. 29

Expansão da língua portuguesa no mundo: descobrimentos e descolonização .. 31

Politica externa e defesa da língua portuguesa .................................................................. 37

Bibliografia e netgrafia ................................................................................................................. 38

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O Português - uma língua viva
O português é uma língua viva e, como tal, todos os dias se transforma. Língua viva em várias culturas,
em vários climas.
Uma língua viva é usada por uma determinada comunidade passível de evoluir e de se renovar.

As variantes do português, que surgem na CPLP e em Portugal, são uma fonte riquíssima de
criatividade e de reflexão.

O português - é falado atualmente não apenas em Portugal e no Brasil, mas em várias áreas de diversos
continentes. A sua origem remonta ao latim falado na antiga Roma. Inicialmente, o latim era a língua
de um povo que vivia no Lácio, região central da Península Itálica. A partir do século III a.C., porém,
com as conquistas militares de Roma (de 264 a.C. a 117 a.C.), cidade situada na região do Lácio, a
influência romana espalhou-se pelas regiões conquistadas. Consequentemente, a língua falada pelos
soldados, o latim, também foi levada às áreas ocupadas por Roma, inclusive na Península Ibérica, onde
mais tarde surgiriam os reinos de Portugal e da Espanha.

Havia dois níveis de expressão do latim: o clássico e o vulgar.

O latim clássico, modalidade da língua escrita e falada pelas pessoas cultas, foi pouco
divulgado e hoje conhecemos apenas por meio da literatura e dos documentos históricos. Enquanto
isso, a língua falada pelo povo - o latim vulgar - espalhou-se durante a expansão do domínio romano e
foi-se diversificando nas regiões conquistadas. Assim, o latim vulgar deu origem às línguas neolatinas
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ou românicas, como são chamadas as línguas modernas derivadas do latim: o português, o espanhol, o
galego, o catalão, o francês, o provençal, o italiano e o romeno.

Como toda língua viva, desde o seu período de formação a língua portuguesa não se tem mantido
uniforme, nem no tempo nem no espaço. Historicamente, recebeu influências de outras línguas e vem-
se transformando a partir do uso que se faz dela e enriquecendo-se sempre por palavras de diferentes
origens. Em cada país que é falado, o português apresenta variações que se manifestam tanto no
vocabulário utilizado quanto na pronúncia, na morfologia e na sintaxe. Essas variações ocorrem
também dentro de um mesmo país, de região para região, em consequência de fatores sociais,
económicos e culturais.

Onde se fala o Português?

Com os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI, os portugueses levaram a sua língua para
vastos territórios por eles conquistados na África, na América, na Ásia e na Oceânia. Assim, o
português é falado em áreas de todos os continentes. Vejamos:

Continente País ou região

Europa Portugal, arquipélago dos Açores e Ilha da Madeira

África Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, arquipélago


de Cabo Verde e ilhas de São Tomé e Príncipe

Ásia Macau

Oceânia Timor Leste

América Brasil

Fora das regiões pertencentes ao domínio político de Portugal, do Brasil e das jovens repúblicas
africanas, o português é falado ainda em povoações espanholas como Ermisende (na província de
Zamora); Alamedilla (na província de Salamanca); em San Martín de Trevejo, Eljas, Valverde de
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Fresno, Herrera de Alcantara e Cedill (na província de Cáceres); em Olivença e arredores (na província
de Badajós).

Também nas áreas das fronteiras do Brasil, a língua portuguesa tem penetrado em territórios de
língua espanhola, formando às vezes um dialeto misto, como o falado nos departamentos uruguaios de
Artigas, Rivera, Cerro Largo, Salto e Tacuarembó. É falado ainda por núcleos de imigrantes
expressivos, em países como Estados Unidos, França e Alemanha.

Língua, dialeto e falar regional

Segundo a gramática tradicional, um dialeto é uma forma de língua que tem o seu próprio sistema
léxico (isto é, de vocabulário), sintático (de organização das palavras em frases) e fonético (de
pronúncia das palavras), e que é usada num ambiente mais restrito do que a própria língua. Deste
modo, o conceito designa as diferenças que não opõem línguas mas que constituem antes variedades
de uma mesma língua.

Geralmente considerado como uma variedade regional da língua-padrão (dialeto social), o dialeto
constitui-se como um sistema de signos e de regras combinatórias da mesma origem que a
língua, apesar de, aquando do seu desenvolvimento, não ter adquirido o mesmo estatuto cultural e
social.

Desta forma, o dialeto é excluído do ensino de base e só se emprega numa parte de um determinado
país ou países em que se usa a língua. Daí que, por exemplo, no que diz respeito ao português (padrão
europeu), se possa falar de dialetos setentrionais ou centro-meridionais, distinção baseada em
caraterísticas fonéticas (por isso, pela fala se distingue entre uma pessoa do Norte e outra do Sul).

Por outro lado, também é possível a classificação de dialeto social, que se constitui como um sistema
de signos e de regras sintáticas usado num dado grupo social ou em referência a esse grupo. Um
determinado dialeto pode revelar a origem social de quem o utiliza. Pode também demonstrar a
manifestação da vontade de pertencer ou de se referir a um grupo social (é o caso da gíria dos
estudantes, por exemplo).

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Quando é que uma linguagem deixa de ter o estatuto de dialeto para passar a língua?

Existe alguma definição de língua e/ou dialeto do ponto de vista linguístico?

 A língua define-se como um código, entendendo por isso a criação de correspondência entre
imagens auditivas e 'conceitos.

 A fala é a utilização, o emprego desse código pelos sujeitos falantes.

 A língua é uma pura passividade. A sua posse põe em jogo apenas as faculdades recetivas do
espírito e antes de tudo a memória. Correlativamente, qualquer atividade ligada à linguagem pertence
à fala. Acrescentada à precedente, esta caraterística tem duas consequências:

a) O código linguístico consiste apenas numa multidão de signos isolados (palavras, morfemas), cada
um dos quais associa um som particular a um sentido particular.

b) Significantes e significados são, no código linguístico, puramente estáticos.

 A língua é um fenómeno social, enquanto a fala é individual.

 O dialeto é um falar regional (dialeto mirandês) no interior duma nação onde domina
oficialmente outro falar. Esta é a língua oficial: da administração, das escolas, etc.

O dialeto é uma forma particular duma língua num determinado domínio. Define-se por um conjunto
de particularidades tais, que dá a impressão de ser um falar distinto do falar (ou falares) em que está
integrado, apesar do parentesco que tem com os outros. O dialeto passa a ser língua, quando adquire
independência total. Foi o que aconteceu com as línguas novilatinas.

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 Língua é um sistema de comunicação verbal que se desenvolve espontaneamente no interior
duma comunidade. Este termo opõe-se à língua artificial.

 Dialeto é cada uma das subdivisões que se podem aplicar a uma determinada língua, tomando
por critério a região geográfica ou a camada social a que pertencem os falantes. O dialeto passa a ser
língua, quando adquire independência.

A pronúncia e o léxico, elementos de


diferenciação

A língua é uma estrutura maleável que apresenta variações e está sempre em constante mudança,
mudanças estas que podem ocorrer tanto no léxico, quanto na sintaxe e mesmo na semântica. Mas,
para que haja mudança, é necessário haver variação e esta dura um longo período dentro da
comunidade linguística até que se estabilize. Muitas das línguas europeias descendiam de línguas
antigas. O Inglês surgiu a partir do anglo-saxão as chamadas línguas românicas; o Francês, o Espanhol,
o Italiano etc., tiveram sua origem do Latim.

A língua portuguesa originou-se a partir do latim que era a língua


falada na região do Lácio (atual Roma). Os Romanos ao conquistarem as regiões próximas levavam sua
cultura e sua língua: o Latim. Um dos fatores que contribuíram para a origem das línguas: português,
Francês, Provençal, Romano, Espanhol e etc. foram à invasão da Península Ibérica.

As línguas derivadas do Latim são chamadas neolatinas ou românicas. São elas: galego, romeno,
francês, espanhol, italiano, português, franco-provençal e rético. A língua portuguesa deriva do latim

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vulgar, com a queda do Império Romano, as invasões provocaram o surgimento das variações
linguísticas, entre elas o galego-português.

O léxico pode ser definido como o conjunto de palavras de um determinado idioma: todo o conjunto
de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para se expressarem,
oralmente ou por escrito. Podemos dizer que uma caraterística básica do léxico é sua mobilidade, já
que ele está em constante evolução. Algumas palavras tornam-se arcaicas, outras são incorporadas,
outras mudam o seu sentido, e tudo isso ocorre de forma gradual e quase impercetível. O sistema
léxico de uma língua traduz a experiência cultural acumulada por uma sociedade através do tempo, ou
seja, o léxico pode ser considerado como o património vocabular de uma comunidade linguística
através da sua história, um património que é transmitido de uma geração para a geração seguinte.

O léxico de uma língua é composto de palavras semânticas agrupadas em classes, conforme prescreve
a gramática da língua. Há classes de palavras que existem em praticamente todos as línguas como os
substantivos, os adjetivos e os verbos. O léxico, ou uma parte do léxico de uma língua pode ser
encontrada em dicionários de diversos tamanhos. Quanto maior o tamanho, maior o conjunto de
palavras e definições que poderão ser contempladas com um espaço naquela obra.

A pronúncia é o modo como a prosódia de uma palavra é realizada. Na gramática normativa, há um


modelo padrão de pronúncia das palavras. À fixação deste modelo de pronúncia dá-se o nome de
ortoepia. A pronúncia padrão das palavras independe do falante, do idioma de origem, do sotaque e de
outros fatores circunstanciais.

Os dicionários utilizam recursos simbólicos para retratar de modo fiel a pronúncia padrão das
palavras. Podem ser utilizados:

Alfabetos fonéticos, que são conjuntos de símbolos para os diversos fonemas da linguagem.

As pronúncias fonadas, possíveis a partir do surgimento de dicionários electrónicos.

Variedades do português, distribuição


geográfica

O português – não se fala apenas em Portugal. Muitas pessoas de outros países, que vivem em
continentes diferentes, usam a nossa língua para comunicar. Isso acontece porque, na época dos

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Descobrimentos, os portugueses instalaram-se e permaneceram em lugares distantes do país, como
em certos pontos de África, da Ásia e da América.

Ao longo do tempo, o português acabou por se manter como língua oficial de alguns países africanos e
de um país sul-americano. Em África, é ainda hoje a língua oficial de cinco países:

Angola;

Cabo Verde;

Guiné-Bissau;

São Tomé e Príncipe Moçambique.

Na América do Sul, é a língua oficial do Brasil. Mas, apesar de se tratar da mesma língua, o português
falado no Brasil, em Portugal ou em Angola tem algumas caraterísticas diferentes. A isto chama-se
variedade linguística, já que o modo de falar e usar uma língua adapta-se à geografia, à cultura e
às diversidade locais.

O português tem, assim :

A variedade europeia, falada em Portugal continental, Açores e Madeira;

A variedade brasileira, falada no Brasil;

As variedades africanas: variedade angolana variedade cabo-verdiana;

As variedades do português divergem ao nível do vocabulário e das expressões utilizadas na


oralidade, bem como em alguns aspetos da construção frásica. Nas variedades do português, são
usadas diferentes palavras para designar as mesmas coisas.

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Por exemplo, no português europeu, usamos a palavra casa de banho; na variedade brasileira, usa-se
banheiro. A palavra pequeno-almoço, do português europeu, não é usada nas variedades angolana e
moçambicana, sendo substituída pela palavra mata-bicho..

Ao nível da construção frásica podemos dizer que em Português europeu, os pronomes


átonos vêm a seguir ao verbo, nas frases afirmativas: “Deu-me uma surra.” Nas variedades africanas e
brasileira, estes pronomes aparecem antes da forma verbal: “Me deu uma surra.” O uso dos
pronomes diverge consoante a variedade do português. Nas variedades africanas e brasileira, o
pronome lhe ou lhes aparece, às vezes, sobretudo na oralidade, em vez de o/a, os/as: “Posso-lhe
acompanhar.”

As preposições são usadas também de forma diferente: “Abria nas cabeças dos peixes” ou
“Vivia em uma casa de tamanho médio.” Nas variedades africanas e brasileira, as formas verbais no
gerúndio são muito comuns: “Vou correndo”, ”Ele vive fazendo”, etc.

Todas estas diferenças não impedem a comunicação, uma vez que as estruturas básicas da
língua são comuns a todas as variedades. Podemos então verificar que a nossa língua portuguesa é
falada pelos quatro cantos do mundo. O facto de apresentar tantas variedades dá à Língua Portuguesa
mais cor e mais expressividade!

O Português no mundo atual

Atualmente, o português é língua oficial de oito países (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste). Apesar da incorporação de
vocábulos nativos e de modificações gramaticais e de pronúncia próprias de cada país, as línguas
mantêm uma unidade com o português de Portugal.

O português também é falado em pequenas comunidades, reflexão de povoamentos portugueses


datados do século XVI, como é o caso de:

Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África)

Macau (ex-possessão portuguesa encravada na China)

Goa, Diu, Damão (na Índia)

Malaca (na Malásia)

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A Língua Portuguesa está presente nos seguinte continentes:

América: O Brasil é o único país de língua portuguesa na América. Durante o período colonial,
o português falado no Brasil foi influenciado pelas línguas indígenas, africanas e de imigrantes
europeus. Isso explica as diferenças regionais na pronúncia e no vocabulário verificadas, por exemplo,
no nordeste e no sul do país. Apesar disso, a língua conserva a uniformidade gramatical em todo o
território.

Europa: O português é a língua oficial de Portugal. Em 1986, o país passa a integrar a


Comunidade Económica Europeia (CEE) e a língua portuguesa é adotada como um dos idiomas oficiais
da organização. Existem expressões concentradas na França, Alemanha, Bélgica, em Luxemburgo e na
Suécia, sendo a França o país com mais falantes.

Ásia: Entre os séculos XVI e XVIII, o português atuou como língua franca nos portos da Índia e
sudeste da Ásia. Atualmente, a cidade de Goa, na Índia, é o único lugar do continente onde o português
sobrevive na sua forma original. Entretanto, o idioma está a ser gradualmente substituído pelo inglês.

Em Damão e Diu (Índia), Java (Indonésia), Macau (ex-território português), Sri Lanka e Malaca
(Malásia) fala-se o crioulo, língua que conserva o vocabulário do português, mas adota formas
gramaticais diferentes.

Na Oceania: O português é idioma oficial no Timor Leste. No entanto, a língua dominante no


país é o tétum. Devido à recente ocupação indonésia, grande parte da população compreende o
indonésio bahasa e apenas uma minoria compreende o português.

Em África: O português é a língua oficial de cinco países, sendo usado na administração, no


ensino, na imprensa e nas relações internacionais. A língua convive com diversos dialetos crioulos.

Em Angola, 60% dos moradores falam o português como língua materna. Cerca de 40% da
população fala dialetos crioulos como o bacongo, o quimbundo, o ovibundo e o chacue.

Em Cabo Verde, quase todos os habitantes falam o português e um dialeto crioulo, que mistura
o português arcaico a línguas africanas. Há duas variedades desse dialeto: o Barlavento e o Sotavento.

Na Guiné-Bissau, 90% da população fala o dialeto crioulo ou dialetos africanos, enquanto


apenas 10% utiliza o português.

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Em Moçambique, apenas 0,18% da população considera o português como língua oficial,
embora seja falado por mais de 2 milhões de moçambicanos. A maioria dos habitantes usa línguas
locais, principalmente as do grupo banto.

Nas ilhas de São Tomé e Príncipe, apenas 2,5% dos habitantes falam a língua portuguesa. A
maioria utiliza dialetos locais, como o forro e o moncó.

Comunidade de Língua Oficial Portuguesa


(CPLP)

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização assinada entre países
lusófonos, que instiga a aliança e a amizade entre os signatários. A sua sede fica em Lisboa e o seu atual
Secretário Executivo é Domingos Simões Pereira, da Guiné-Bissau. Promove a data de 5 de Maio como
Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, celebrado em todo o espaço lusófono.

Antecedentes

O primeiro passo no processo de criação da CPLP foi dado em São Luís do Maranhão, em Novembro
de 1989, por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e do Governo dos
países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José Sarney. Na reunião, decidiu-se criar o
Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que se ocupa da promoção e difusão do idioma
comum da Comunidade. A ideia da criação de uma Comunidade que reunisse os países de língua
portuguesa – nações irmanadas por uma herança histórica, pelo idioma comum e por uma visão
compartilhada do desenvolvimento e da democracia – já tinha sido suscitada por diversas
personalidades.

Em 1983, por ocasião de uma visita oficial a Cabo Verde, o então ministro dos Negócios Estrangeiros
de Portugal, Jaime Gama, referiu que: "O processo mais adequado para tornar consistente e
descentralizar o diálogo tricontinental dos sete países de língua portuguesa espalhados por África,
Europa e América seria realizar cimeiras rotativas bienais de Chefes de Estado ou Governo, promover
encontros anuais de Ministros de Negócios Estrangeiros, efectivar consultas políticas frequentes entre
directores políticos e encontros regulares de representantes na ONU ou em outras organizações
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internacionais, bem como avançar com a constituição de um grupo de língua portuguesa no seio da
União Interparlamentar". O processo ganhou impulso decisivo na década de 90, merecendo destaque o
empenho do então Embaixador do Brasil em Lisboa, José Aparecido de Oliveira.

A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No ano de 2002, após conquistar independência,
Timor-Leste foi acolhido como país integrante. Na atualidade, são oito os países integrantes da CPLP.

Apesar da iniciativa, a CPLP é uma organização recente que procura colocar em prática os objetivos de
integração dos territórios lusófonos. Em 2005, numa reunião em Luanda, Angola, a CPLP decidiu que
no dia 5 de Maio seria comemorado o Dia da Cultura Lusófona pelo mundo.

No decorrer da VI Conferência de Chefes de Estado e de Governo realizada em Bissau em julho de


2006, foram admitidos como dois observadores associados: a Guiné Equatorial e as Maurícias. Na
Cimeira de Lisboa, que teve lugar no dia 25 de julho de 2008, foi a vez da formalização da admissão do
Senegal como observador associado.

Declaração

Os Chefes de Estado e de Governo de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,


Portugal e São Tomé e Príncipe, reunidos em Lisboa, no dia 17 de Julho de 1996, imbuídos dos
valores permanentes da Paz, da Democracia e do Estado de Direito, dos Direitos Humanos, do
Desenvolvimento e da Justiça Social;

Tendo em mente o respeito pela integridade territorial e a não-ingerência nos assuntos internos de
cada Estado, bem como o direito de cada um estabelecer as formas do seu próprio desenvolvimento
político, económico e social e adotar soberanamente as respetivas políticas e mecanismos nesses
domínios;

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Consciente da oportunidade histórica que a presente Conferência de Chefes de Estado e de Governo
oferece para responder às aspirações e aos apelos provenientes dos povos dos sete países e tendo
presente os resultados prometedores das reuniões de Ministros dos Negócios Estrangeiros e das
Relações Exteriores dos Países de Língua Portuguesa, realizadas em Brasília em 9 de Fevereiro de
1994, em Lisboa em 19 de Julho de 1995, e em Maputo em 18 de Abril de 1996, bem como dos seus
encontros à margem das 48ª, 49ª e 50ª Sessões da Assembleia-Geral das Nações Unidas;

Consideram imperativo:

• Consolidar a realidade cultural nacional e plurinacional que confere identidade própria aos
Países de Língua Portuguesa, refletindo o relacionamento especial existente entre eles e a experiência
acumulada em anos de vantajosa concertação e cooperação;

• Encarecer a progressiva afirmação internacional do conjunto dos Países de Língua


Portuguesa que constituem um espaço geograficamente descontínuo mas identificado pelo idioma
comum;

• Reiterar, nesta ocasião de tão alto significado para o futuro coletivo dos seus Países, o
compromisso de reforçar os laços de solidariedade e de cooperação que os unem, conjugando
iniciativas para a promoção do desenvolvimento económico e social dos seus povos e para a afirmação
e divulgação cada vez maiores da Língua Portuguesa

Reafirmam que a Língua Portuguesa:

 Constitui, entre os respetivos Povos, um vínculo histórico e um património comum resultantes


de uma convivência multissecular que deve ser valorizada;

 É um meio privilegiado de difusão da criação cultural entre os povos que falam português e de
projeção internacional dos seus valores culturais, numa perspetiva aberta e universalista;

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 É igualmente, no plano mundial, fundamento de uma atuação conjunta cada vez mais
significativa e influente;

 Tende a ser, pela sua expansão, um instrumento de comunicação e de trabalho nas


organizações internacionais e permite a cada um dos Países, no contexto regional próprio, ser o
intérprete de interesses e aspirações que a todos são comuns.

Assim, animados de firme confiança no futuro, e com o propósito de prosseguir os objetivos


seguintes:

 Contribuir para o reforço dos laços humanos, para a solidariedade e para a fraternidade entre
todos os Povos que têm a Língua Portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica,
e, nesse sentido, promover medidas que facilitem a circulação dos cidadãos dos Países Membros no
espaço da CPLP;

 Incentivar a difusão e enriquecimento da Língua Portuguesa, potenciando as instituições já


criadas ou a criar com esse propósito, nomeadamente o Instituto Internacional da Língua Portuguesa
(IILP);

 Incrementar o intercâmbio cultural e a difusão da criação intelectual e artística no espaço da


Língua Portuguesa, utilizando todos os meios de comunicação e os mecanismos internacionais de
cooperação;

 Envidar esforços no sentido do estabelecimento em alguns Países Membros de formas


concretas de cooperação entre a Língua Portuguesa e outras línguas nacionais nos domínios da
investigação e da sua valorização;

 Alargar a cooperação entre os seus Países na área da concertação político-diplomática,


particularmente no âmbito das organizações internacionais, por forma a dar expressão crescente aos
interesses e necessidades comuns no seio da comunidade internacional;

 Estimular o desenvolvimento de acções de cooperação interparlamentar;

 Desenvolver a cooperação económica e empresarial entre si e valorizar as potencialidades


existentes através da definição e concretização de projetos de interesse comum, explorando nesse
sentido as várias formas de cooperação, bilateral, trilateral e multilateral;

 Dinamizar e aprofundar a cooperação no domínio universitário, na formação profissional e nos


diversos setores da investigação científica e tecnológica com vista a uma crescente valorização dos

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seus recursos humanos e naturais, bem como promover e reforçar as políticas de formação de
quadros;

 Mobilizar interna e externamente esforços e recursos em apoio solidário aos programas de


reconstrução e reabilitação e acções de ajuda humanitária e de emergência para os seus Países;

 Promover a coordenação das atividades das diversas instituições públicas e entidades


privadas, associações de natureza económica e organizações não-governamentais empenhadas no
desenvolvimento da cooperação entre os seus Países;

 Promover, sem prejuízo dos compromissos internacionais assumidos pelos Países Membros,
medidas visando a resolução dos problemas enfrentados pelas comunidades imigradas nos Países
Membros, bem como a coordenação e o reforço da cooperação no domínio das políticas de imigração;

 Incentivar a cooperação bilateral e multilateral para a proteção e preservação do meio


ambiente nos Países Membros, com vista à promoção do desenvolvimento sustentável;

 Promover ações de cooperação entre si e de coordenação no âmbito multilateral para


assegurar o respeito pelos Direitos Humanos nos respectivos Países e em todo o mundo;

 Promover medidas, particularmente no domínio pedagógico e judicial, visando a total


erradicação do racismo, da discriminação racial e da xenofobia;

 Promover e incentivar medidas que visem a melhoria efectiva das condições de vida da criança
e o seu desenvolvimento harmonioso, à luz dos princípios consignados na Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos da Criança;

 Promover a implementação de projetos de cooperação específicos com vista a reforçar a


condição social da mulher, em reconhecimento do seu papel imprescindível para o bem estar e
desenvolvimento das sociedades;

 Incentivar e promover o intercâmbio de jovens, com o objectivo de formação e troca de


experiências através da implementação de programas específicos, particularmente no âmbito do
ensino., da cultura e do desporto.

 Decidem, num acto de fidelidade à vocação e à vontade dos seus Povos, e no respeito pela
igualdade soberana dos Estados, constituir, a partir de hoje, a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa.

Feita em Lisboa, a 17 de julho de 1996

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Estatutos
Nos estatutos aprovados pela 1ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, a CPLP é definida como “o
foro multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua, da concertação político-
diplomática e da cooperação entre os seus membros” particularmente nos domínios económico, social,
cultural, jurídico, técnico-científico e interparlamentar.

Os estatutos da CPLP consagram os princípios básicos seguintes:

Igualdade soberana dos Estados-membros;

Não-ingerência nos assuntos internos de cada estado;

Respeito pela sua identidade nacional;

Reciprocidade de tratamento;

Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social;

Respeito pela sua integridade territorial;

Promoção do desenvolvimento;

Promoção da cooperação mutuamente vantajosa.

A organização tem como objetivos gerais:

A concertação político-diplomática entre seus Estados-membros, nomeadamente para o


reforço da sua presença no cenário internacional;

A cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia,


defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto
e comunicação social;

A materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa.

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Estados membros

A área do globo terrestre ocupada pelos oito Estados-membros da CPLP é muito vasta. São 10 742
000 km2 de terras, 7,2 por cento da terra do planeta (148 939 063 km2), espalhadas por quatro
Continentes – Europa, América, África, Ásia.

Situado maioritariamente no hemisfério sul, este espaço descontínuo abrange realidades tão diversas
como a do Brasil, quinto país do mundo pela superfície, como o minúsculo arquipélago de São Tomé e
Príncipe, o Estado mais pequeno, em área, de África.

O clima, a fauna e a flora são variados, correspondentes à diversidade das latitudes em que se situam
os vários países membros.

Com exceção de Portugal, de clima temperado com variantes oceânica e mediterrânea, a maior parte
da CPLP situa-se na zona tropical subequatorial.

Os índices de pluviosidade determinam grandes diferenças de paisagens naturais, às vezes dentro de


um só país, como acontece no Brasil – das estepes semiáridas do Nordeste à selva amazónica – e em
Angola – da floresta do Maiombe ao deserto de Namibe e às savanas inundáveis do Zambeze, por
exemplo.

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Angola

Designação Oficial: República de Angola

Capital: Luanda

Outras cidades importantes: Huambo, Lobito, Cabinda, Benguela, Lubango, Malange

Data da atual Constituição: o MPLA adoptou uma Constituição de Independência em Novembro de


1975, alterada em Outubro de 1976, Setembro de 1980, Março de 1991, Abril e Agosto de 1992 e
Novembro de 1996

Língua: a língua oficial é o Português. São falados outros idiomas, sobretudo o Umbundo, Quimbundo,
Quicongo e Tchokwé

Unidade monetária: Kwanza (Kz)

Recursos económicos:

Angola possui uma grande diversidade de recursos naturais. Estima-se que seu subsolo tenha 35 dos
45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre os quais se destacam petróleo, diamante e
gás natural. Há também grandes reservas de fosfato, ferro, manganésio, cobre, ouro e rochas
ornamentais, além de uma grande produção pecuária. A cultura do café e o petróleo representam 90%
das exportações

As principais bacias de petróleo em expansão situam-se junto à costa nas províncias de Cabinda e
Zaire, no norte do País. As reservas de diamantes nas províncias de Lunda Norte e Lunda Sul são
admiradas por sua qualidade e consideradas umas das mais importantes do mundo.

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Brasil

Designação Oficial: República Federativa do Brasil

Capital: Brasília

Outras cidades importantes: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba,
Recife, Manaus, Porto Alegre e Belem

Data da atual Constituição: Outubro de 1988. Alterações introduzidas posteriormente

Língua: Português

Unidade monetária: Real (BRL)

Recursos económicos:

Pelo facto de a industrialização se concentrar no triângulo formado por Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais, e de as vias de transporte serem precárias devido à extensão geográfica e à ineficiente
rede rodoviária, o desenvolvimento económico entre as regiões reflectem-se nas condições sociais,
acentuando as discrepâncias na distribuição de riqueza e de oportunidades de trabalho.

A atividade é variada e tem como produtos de destaque café, banana, cacau, tabaco, açúcar, feijão,
citrinos, milho, soja, algodão, arroz, trigo, batata e mandioca. O Brasil ocupa posições de destaque
mundial na produção dessas culturas.

Nos anos 1930, o cultivo do café representava 80% da sua receita por exportações e mais de metade
da produção mundial. Na década de 1990, o peso do café na economia brasileira foi reduzido

21
significativamente, mas o país ainda conserva posto de primeiro produtor mundial. Na produção de
cana-de-açúcar, soja, milho e cacau, o Brasil ocupa as primeiras posições.

Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia são os principais estados agrícolas. Embora
figure entre os principais produtores mundiais, o Brasil não aproveita o potencial das áreas
cultiváveis. Ainda existem várias regiões aráveis como a bacia Amazónica e o Oeste do país.

A exploração florestal é importante. Cerca de 60% da superfície do país é florestal. O Brasil é o


primeiro produtor sul-americano de caucho e tem uma relevante reserva de pinheiros no Paraná, que
serve de matéria-prima para as indústrias madeireira e de papel. Também exporta outras espécies,
como o cedro e a nogueira.

Ainda em relação ao setor primário, a pecuária tem demonstrado uma evolução nas últimas década
com a modernização das técnicas e a formação profissional. O país é o primeiro produtor mundial de
carne.

No setor mineral, o Brasil possui a segunda maior reserva de ferro do mundo em Minas Gerais e Pará
(serra dos Carajás), além de manganésio, crómio, níquel, carvão, fosfatos, cobre, urânio e bauxite.
Também possui reservas petrolíferas e tornou-se recentemente auto-suficiente nesse setor. Devido ao
relevo hidrográfico acidentado, mais de 90% da energia consumida no país é proveniente de
hidroelétricas.

O setor secundário gira em torno das indústrias automobilísticas, siderúrgica, têxtil, química, de
derivados agropecuários (açúcar, cacau, café, carne) e metalúrgica (aço, alumínio, ferro, zinco,
chumbo).

Transportes e serviços financeiros são as atividades de maior destaque, favorecidos por 42,3 mil km
de rios navegáveis, pela rede de estradas, com uma extensão de quase 1,5 milhões de km – dos quais
31 mil km de ferrovias. Os seus principais portos localizam-se em Santos, Vitória, Rio de Janeiro,
Paranaguá, Porto Alegre, Recife, Belém, Macapá e Salvador.

A partir da crise energética dos anos 1970, o Brasil experimentou um crescente défice na sua balança
comercial – até 2001, quando apresentou um superavit. Ao mesmo tempo, o Estado contraiu uma
enorme dívida externa. Nos anos 1990, as taxas de juros mantiveram-se altas para atrair capital,
ocasionando estagnação económica.

22
Cabo Verde

Designação Oficial: República de Cabo Verde

Capital: Cidade da Praia

Outras cidades importantes: Mindelo, Assomada, S. Filipe

Data da atual Constituição: 25 de setembro de 1992. Foi revista em julho de 1999

Língua: A língua oficial é o Português, utilizando-se localmente o Crioulo

Unidade monetária: Escudo de Cabo Verde (CVE)

Recursos económicos:

Os recursos económicos de Cabo Verde dependem sobretudo da agricultura e da riqueza marinha. A


agricultura sofre frequentemente os efeitos das secas.

As culturas mais importantes são o café, a banana, a cana-de-açúcar, os frutos tropicais, o milho, os
feijões, a batata-doce e a mandioca.

O setor industrial encontra-se em pleno desenvolvimento e podemos destacar a fabricação de


aguardente, vestuário e calçado, tintas e vernizes, o turismo, a pesca e as conservas de pescado e a
extracção de sal, não descurando o artesanato e a construção.

A banana e a indústria das conservas de peixe, o peixe congelado, as lagostas, o sal e as confecções são
os principais produtos exportados.

Assim, o comércio e o turismo, especialmente na ilha do Sal, produzem 69% do PIB. O setor secundário
gera 17% do PIB. O país importa mais de 80% dos alimentos que consome.

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Guiné-Bissau

Designação Oficial: República da Guiné-Bissau

Capital: Bissau

Outras cidades importantes: Bafatá, Gabú, Mansoa, Catió, Cantchungo, Farim

Data da atual Constituição: aprovada em 16 de maio de 1984, foi revista em maio de 1991,
novembro de 1996 e julho de 1999

Língua: a língua oficial é o Português, utilizando-se localmente o Crioulo, Mandjaco, Mandinga, entre
outros

Unidade monetária: Franco CFA

Recursos económicos:

A Guiné-Bissau depende fortemente da agricultura e da pesca (cerca de 62% do PIB). O preço das
castanhas de caju aumentou e hoje o país encontra-se em sexto lugar na produção mundial do produto.
A Guiné-Bissau exporta peixe e mariscos juntamente com amendoim, semente de palma e produtos
das atividades extrativas florestais. As licenças para a pesca são uma fonte de receitas do governo. O
arroz é o cereal mais produzido e comida típica. O turismo é, também, uma aposta crescente do país.

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Moçambique

Designação Oficial: República de Moçambique

Capital: Maputo

Outras cidades importantes: Beira, Nampula, Chimoio, Nacala-Porto, Quelimane, Tete, Xai-Xai,
Pemba, Inhambane

Data da atual Constituição: 30 de Novembro de 1990, alterada em 1996 e em 2004

Língua: a língua oficial é o Português. Há numerosas línguas nacionais, como o Lomué, Makondé,
Shona, Tsonga e Chicheua

Unidade monetária: Metical (MZM)

Recursos económicos:

A economia é precária e depende de doadores estrangeiros. O solo é rico em ouro, carvão, sal, grafite e
bauxite, mas é pouco explorado. Moçambique possui também reservas de gás natural, mármore e
madeiras. A maioria da população vive da agricultura de subsistência, mas o país exporta cana-de-
açúcar, algodão, sisal, chá e tabaco.

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Portugal

Designação Oficial: República Portuguesa

Capital: Lisboa

Outras cidades importantes: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal (Madeira), Ponta Delgada
(Açores), Porto, Setúbal

Data da actual Constituição: aprovada em Abril de 1976. Revisões em Setembro de 1982, Julho de
1989, Novembro de 1992, Setembro de 1997, Dezembro de 2001, Julho de 2004 e Agosto de 2005

Língua: Português

Unidade monetária: Euro (EUR)

Recursos económicos:

A produção agrícola representa apenas 4% do PIB. A principal cultura é a uva, situando o país entre os
dez primeiros produtores mundiais de vinhos de qualidade.

Batata, beterraba açucareira, arroz, legumes, hortaliças e frutas também são importantes produtos.

A abundância de sobreiros, especialmente a Sul do rio Tejo, faz de Portugal o maior produtor mundial
de cortiça (cerca de metade da produção da cortiça mundial).

Na pecuária, destaca-se a produção de ovinos e, na pesa, a da sardinha. Embora o solo seja rico em
muitos minerais, como pirite, tungsténio, estanho, ferro, carvão, urânio, volfrâmio, manganésio, sal,
26
ouro, prata e cobre, mármore, a sua exploração comercial ainda é reduzida, por se encontrarem
dispersos geograficamente.

Com um passado predominantemente agrícola, actualmente e devido a todo o desenvolvimento que o


país registou, a estrutura da economia baseia-se nos serviços e na indústria, que representam 67,8% e
28,2% do VAB (Fonte: INE, 2004).

O setor industrial responde por 28% do PIB. As principais atividades concentram-se nos setores têxtil,
siderúrgico, metalúrgico, automobilístico e químico. Também têm importância as indústrias
alimentares (conservas de peixe, vinho, cerveja e azeite), de calçados e de cerâmica.

O setor de serviços (destaque para o turismo) responde por 68% do PIB e por 60% dos empregos.

O comércio exterior é deficitário, pois as importações – petróleo, gás natural e alimentos, entre outros
são maiores do que as exportações.

Com vista a tornar-se mais auto-suficiente em produção energética, Portugal aposta nas novas
energias e vai implementar, no norte do país, o primeiro parque mundial de aproveitamento da
energia das ondas.

São Tomé e Príncipe

Designação Oficial: República Democrática de São Tomé e Príncipe

Capital: São Tomé

Outras cidades importantes: Santo António, Santa Cruz, Neves

Data da atual Constituição: publicada a 29 de janeiro de 2003 em Diário da República

Língua: a língua oficial é o Português. Localmente, também se fala Crioulo

Unidade monetária: Dobra (STD)

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Recursos económicos:

A principal atividade económica é a agricultura, que produz cacau, óleo de palma, café e coco e na
pesca.

A recém-descoberta de jazidas de petróleo nas suas águas pode constituir uma importante fonte de
receitas e de energia no futuro.

São Tomé e Príncipe também aposta no turismo quer favorecer a qualidade, propondo um quadro
único de descoberta, preservando o melhor possível as suas paisagens luxuriantes, a sua arquitectura
singular e, sobretudo, a sua calma.

Timor-Leste

Designação Oficial: República Democrática de Timor-Leste

Capital: Díli

Outras cidades importantes: Baucau, Manatuto, Aileu e Liquiçá

Data da atual Constituição: Maio de 2002

Língua: as línguas oficiais são o Português e o Tétum

Unidade monetária: Dólar norte-americano (USD). Para facilitar as trocas comerciais, o Estado
cunha moedas de denominação “centavo”.
Missão Permanente de Timor-Leste junto à CPLP: Embaixador José Barreto Martins

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Recursos económicos:

A economia de Timor-Leste assenta na produção de cacau, café, cravo e coco. Nos últimos anos
foram encontrados importantes reservas de petróleo e gás natural.

Objetivos
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP é o foro multilateral privilegiado para o
aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. Criada em 17 de julho de
1996, a CPLP goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia financeira.

A Organização tem como objetivos gerais:

A concertação político-diplomática entre seus estados membros, nomeadamente para o reforço


da sua presença no cenário internacional;

A cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia,


defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto
e comunicação social;

A materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa.

A CPLP é regida pelos seguintes princípios:

Igualdade soberana dos Estados membros;

Não-ingerência nos assuntos internos de cada estado;

Respeito pela sua identidade nacional;

Reciprocidade de tratamento;

Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social;

Respeito pela sua integridade territorial;

Promoção do desenvolvimento;

Promoção da cooperação mutuamente vantajosa.

No ato de criação da CPLP, foram estabelecidas como órgãos da Comunidade as seguintes


instâncias:
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A Conferência de Chefes de Estado e de Governo

O Conselho de Ministros

O Comité de Concertação Permanente

O Secretariado Executivo

Posteriormente, os Estatutos revistos na IV Conferência de Chefes de Estado e de Governo


(Brasília, 2002) estabeleceram como órgãos adicionais da CPLP:

As Reuniões Ministeriais Setoriais

A Reunião dos Pontos Focais da Cooperação

Em Luanda, o X Conselho de Ministros em 2005 estabeleceu também como órgão adicional:

O Instituto Internacional de Língua Portuguesa - IILP.

Expansão da Língua Portuguesa no


mundo: descobrimentos e descolonização

O conceito «Lusofonia» usa-se genericamente para designar o conjunto das comunidades de língua
portuguesa no mundo. Para além de Portugal, há mais sete países que utilizam o Português como
língua oficial: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e
Timor-Leste A ideia da criação de uma Comunidade reunindo os países de língua portuguesa – nações
irmanadas por uma herança histórica, pelo idioma comum e por uma visão compartilhada do
desenvolvimento e da democracia.

A CPLP foi criada a 17 de Julho de 1996 numa cimeira constitutiva, realizada em, Lisboa. Dela fazem
parte, como já atrás se referiu, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e, desde 2002, Timor-Leste. As Ilhas Maurícias, a Guiné Equatorial e o Senegal (na VII
Cimeira) são países observadores associados. É um meio privilegiado de difusão da criação cultural
entre os povos que falam português e de projeção internacional dos seus valores culturais, numa
perspetiva aberta e universalista;

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A presença dos Portugueses e dos luso-descendentes emigrante nos quatro cantos do mundo (cerca de
4,5 milhões) em França, na Alemanha, na Suíça, no Brasil, no Canadá, nos Estados Unidos da América e
na África do Sul ou Macau faz com que a Língua Portuguesa seja a 5ª Língua mais falada em todo o
mundo

Os descobrimentos

Os descobrimentos foram uma condição para a expansão da língua portuguesa e a descolonização


como fator que permitiu que novos Estados adotassem a língua portuguesa como língua oficial. Estes
dois fatores são essenciais para perceber a importância e a dimensão da língua portuguesa espalhada
pelo mundo.

No sec. XV, os Portugueses iniciaram um projeto que iria modificar a sua história, bem como a do
mundo: as descobertas.

Na base deste “projeto” estiveram sobretudo motivações de ordem económica (o reino estava a
precisar de metais preciosos, cereais e mão de obra), mas também de ordem social, politica e religiosa.

Foi este processo de aculturação (processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em
contacto entre si, originam mudanças importantes numa delas ou em ambas) que permitiu que a
Língua Portuguesa se tenha difundido e que ainda hoje seja o Idioma Oficial de vários países.

A descoberta do Brasil

O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, navegador português, em 1500. Esta foi uma das
descobertas mais importantes da História dos Descobrimentos Portugueses.

Em Fevereiro de 1500, D. Manuel I (o rei de Portugal na altura) escolheu Pedro Álvares Cabral para ser
o capitão-mor de uma armada de 13 navios que deveria seguir para a Índia.

No dia 9 de março de 1500, a armada de Pedro Álvares Cabral partiu em direção à Índia.

Quando já estavam perto de Cabo Verde, os navios começaram a desviar o seu percurso para sudoeste.

Não se sabe se este desvio foi propositado ou se foi obra do acaso.

No dia 22 de abril de 1500, a armada de Pedro Álvares Cabral avista as Terras de Vera Cruz.

31
Em julho de 1501, Pedro Álvares Cabral e a sua armada regressam a Portugal.

Antes de regressarem, foram a Calecute (Índia) para cumprirem os objetivos que o rei tinha traçado no
início da viagem.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia

Em 1492, D. João II começou a preparar a primeira viagem marítima até à Índia.

No entanto, foi só no reinado de D. Manuel I que tal viagem teve lugar. Este monarca, designou Vasco
da Gama para chefiar a expedição, que partiu a 8 de junho de 1497.

Vasco da Gama chegou finalmente a norte de Calecute a 20 de maio de 1947.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia permitiu que se estabelecesse uma nova rota a ligar
diretamente as regiões produtoras das especiarias aos mercados europeus.

Dominada pelos portugueses, a Rota do Cabo possibilitou o grande desenvolvimento económico da


metrópole.

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A Descolonização

No fim da 2ª guerra mundial, a maioria dos países europeus acabou por reconhecer a independência
das suas colónias.

Portugal, no entanto, não acompanhou esta tendência. O chefe do Governo, António de Oliveira Salazar,
considerava as colónias como partes integrantes do território nacional.

Em 1961 estalou a Guerra Colonial primeiro em Angola e depois na Guiné-Bissau e em Moçambique,


a qual só terminaria em 1974.

Porém o fim do império colonial fez regressar a Portugal mais de 800 mil pessoas, muitas das quais se
viram forçadas a deixar em África os seus bens e empregos.

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Mas também as novas nações africanas sentiram os efeitos negativos da descolonização. Além das já
referidas guerras civis, o êxodo repentino dos portugueses desorganizou os principais setores da
economia (comércio e agricultura).

A Guerra Colonial

Designa-se por Guerra Colonial, ou Guerra do Ultramar, o período de confrontos entre as Forças
Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias
ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique, entre 1961 e 1974.

Cronologia da Independência das Ex-Colónias Portuguesas

Guiné-Bissau Setembro de 1974

Moçambique Julho de 1975

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Cabo Verde Julho de 1975

São Tomé e Príncipe Julho de 1975

Angola Novembro de 1975

Timor-Leste Anexação pela Indonésia em dezembro de 1975

Independência em 2003

A Diáspora Portuguesa

As Comunidades Portuguesas no mundo

Diáspora – De acordo com o dicionário este termo define o deslocamento, normalmente forçado ou
incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada, para várias áreas
de acolhimento distintas.

A diáspora (ou dispersão) dos Portugueses pelo mundo não se limitou, porém, à época das
descobertas. Pelo contrário, ao longo da história nacional sucederam-se as vagas migratórias, sendo
que os dois momentos mais importantes tiveram lugar no final do séc. XIX e nas décadas de 60 e 70 do
séc. XX.

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1º Período

A maioria dos emigrantes (cerca de 80%) voltou-se para o Brasil devido á afinidade da língua e à
necessidade crescente de mão-de-obra.

2º Período

Nas décadas de 60 e 70, Portugal permanecia um dos países mais atrasados da Europa, sendo muito
acentuado o desnível de rendimentos entre os trabalhadores portugueses e europeus.

Tal situação afetava de modo especial as populações rurais, as quais viram na emigração o único meio
de fuga à pobreza e à fome em que viviam.

Uma excecional vaga emigratória originou-se então em Portugal, dirigindo-se para destinos tão
variados como a França, a Alemanha, a suíça, os Estados Unidos da América, o Canadá, e a África do
Sul, entre outros.

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A Emigração

Desde o início da expansão marítima, no século XV, que os Portugueses têm emigrado para quase
todos os continentes.

Calcula-se que existam mais de 4,5 milhões de Portugueses e Luso-descendentes em Países


estrangeiros.

Política externa e defesa da língua


portuguesa

A política externa e a defesa da língua portuguesa prende-se com:

Reforçar da relação privilegiada com o espaço lusófono, nomeadamente através da projeção de


valores e interesses nos PALOP, no Brasil e em Timor;

Aprofundar as relações bilaterais com os países vizinhos e os parceiros estratégicos;

Reforçar a presença nas organizações internacionais;

Manter uma estreita ligação às Comunidades Portuguesas e aos Estados que as acolhem;

Defender e afirmar a língua e a cultura portuguesas;

Promover uma diplomacia económica ativa;

Rumar a uma diplomacia do século XXI.

Tendo o círculo como base geométrica, resolveu-se dividir em sete partes iguais, tantas quantos os
países que formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Utilizou-se um elemento
modular com forma de onda, tendo este a intenção de simbolicamente representar o mar que, antes da
língua, foi o elemento primeiro que serviu ao estabelecimento dos laços que unem os países
constituintes da Comunidade. No centro desta estrutura colocou-se um círculo concêntrico a esta,
representando o elemento de união — a Língua.

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Bibliografia e netgrafia

CUNHA, Celso e Cintra, LINDLEY, Luís F. Nova Gramática do Português Contemporâneo

O Atlas da Língua Portuguesa

www.oi.acidi.gov.pt/docs/...Intercultura/3_PI_Cap6.pd

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