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1 Introdução
O modelo de escoamento de deriva é essencialmente um modelo de escoamento separado
onde atenção é focada no movimento relativo ao invés do movimento individual de cada
fase. Embora a teoria possa ser desenvolvida de uma maneira um tanto quanto geral, é
particularmente útil se o movimento relativo for determinado por um poucos parâmetros
chaves e independente da vazão de cada fase. Por exemplo, em escoamento com bolhas
em baixa velocidade em grandes tubos verticais, o movimento relativo entre as bolhas e
o líquido é governado por um balanço entre o empuxo e a força de arrasto. Ou seja, é
uma função da fração de vazio mas não da vazão. Teoria de escoamentos de deriva tem
uma ampla aplicação para regimes de bolhas, “slugs” e gotas em escoamentos líquido-gás
assim como em escoamentos partículas-líquido em sistemas de leitos fluidizados. Esta teoria
fornece um ponto de partida para extensão da teoria para escoamentos onde efeitos bi e
tridimensionais, como variações de densidade e velocidade, são significativos. Tambem é a
chave para uma rápida solução de problemas com escoamento intermitente em sedimentação
e em drenagem de espumas.
2 Teoria Geral
O fluxo de deriva j12 foi introduzido no capítulo de introdução, onde mostramos representar
o fluxo volumétrico de ambas as componentes em relação a um superfície que se move com
a velocidade superficial média j. Pode ser expresso em termos da velocidade relativa
utilizando-se a equação (38) do capítulo de introdução,
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j2 = αj + j21 (4)
j2 j21
α= 1− (5)
j j2
A densidade média é
j1 ρ1 + j2 ρ2 j21
ρm = + (ρ1 − ρ2 ) (6)
j j
Quando j21 é zero, estes resultados reduzem-se para valores de escoamento homogeneo.
dp F12
0=− − gρ1 + (7)
dz 1−α
dp F12
0=− − gρ2 − (8)
dz α
Subtraindo-se a equação (8) da equação (7), nos obtemos
Na falta de efeitos de parede, F12 , a força mutua de arrasto por unidade de volume, é
uma função das propriedades das componentes, de sua geometria, da fração de vazio, e do
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movimento relativo. Para um dado sistema, portanto, F12 é somente uma função de α e j21 .
então, em vista da equação (9), j21 deve ser somente uma função de α e das propriedades
do sistema e podemos escrever
Exemplos:
2
180µl jl0 1−
Fls = − (11)
d2
d2 g(ρs − ρl )3
jsl = − (13)
180µl
Esta equação é razoavelmente válida para leitos empacotados com valores de abaixo
de 0, 6. Ela não é uma expressão razoável para jsl para altos valores de , pois não
vai a zero quando = 1. Como a convenção de sinais adotada considera a direção
vertical ascendente como positiva, valores negativos de jsl indicam que as partícular
“derivam” para baixo em relação ao escoamento médio se ρs > ρl . Outras convenções
de sinal são possíveis desde que a consistencia seja mantida.
Para um dado sistema j21 pode ser plotado como função de α, utilizando a equação
(10), em um gráfico como a figura 1. Então, se as vazões totais Q1 e Q2 são especificadas
em uma dada situação, j1 e j2 podem ser calculadas a partir das equações (18) e (19) da
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introdução, e a equação (2) preve uma relação linear entre j21 e α. De fato, a equação (2)
representa uma linha ligando os pontos α = 0, j21 = j2 e α = 1, j21 = −j1 na figura 1. A
intersecção entre esta linha e a curva determinam os valores de α que podem ser obtidos
na prática.
Este método gráfico para resolver as equações (2) e (10) é particularmente conveniente
como uma forma de vizualizar os efeitos da mudança das vazões Q1 e Q2 pois o comporta-
mento em escoamento co-corrente e contra-corrente em ambas as direções pode ser prevista
simplesmente movendo-se os pontos nas retas verticais (valores de j2 e j1 ) nas bordas do
gráfico.
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A figura 1 foi desenhada para um caso particular de pequenas bolhas suspensas em
líquido escoando em um tubo vertical. Ele mostra que para escoamentos co-corrente ou
contra-corrente é sempre possível uma solução. Para escoamento contra-corrente com gas
escoando para baixo não há solução, enquanto que para escoamento contra-corrente com
gás escoando para cima há duas soluções ou nenhuma, dependendo da magnitude das
vazões. No caso de uma dispersão de partículas sólidas em um líquido a curva j21 versos
α passa através de uma descontinuidade súbita no ponto onde as partículas empacotam
juntas de maneira randomica e formam um leito compacto. Se a concentração de partícula
é denotada por α, então existe um valor máximo de α permitido, como mostrado na figura
2. Nesta figura, o fluxo de deriva foi feito adimensional dividindo-o pela velocidade terminal
de uma partícula v∞ em um leito infinito. A curva mostrada representa uma equação típica
que foi achada através da correlação de uma ampla variedade de dados.
j21
= α(1 − α)n (14)
v∞
onde n é uma função de um número de Reynolds definido de forma adequada, e n = 3 é
um valor intermediário para sistemas líquido-partícula. α é a concentração volumétrica,
em geral, da componente dispersa.
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Figura 2: Fluxo de deriva adimensional versus a concentração volumétrica de partículas
para fluidização de vários materiais com água. (Dados de Wilhelm and Kwauk.)
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nas extremidades da passagem do escoamento.
A curva j21 ×α pode ser montada a partir de suas tangentes se a vazões correspondentes
ao ponto de inundação forem conhecidos. A figura 3 mostra este procedimento aplicado aos
dados de Blanding e Elgin para sistema líquido-líquido (água-nafta) em um tubo vertical.
Figura 3: Dedução da curva escoamento de deriva versus concentração a partir dos dados
de Blanding & Elgin.
α 1
j2 = j1 + j21 (15)
1−α 1−α
Para um dado sistema, o último termo nesta equação é uma função de α em vista da
equação (10). Portanto, curvas para α constante em um gráfico de j2 versus j1 serão linhas
retas com declividade α/(1 − α). A intercecção com os eixos serão j21 /(1 − α) e −j21 /α.
As várias regiões de operação são mostradas em um gráfico deste tipo na figura 4, que
corresponde a relação j21 × α mostrada na figura 1. Estas conclusões são ilustradas pelos
dados de Deruaz para regime de bolhas em escoamento gás-líquido na figura 5.
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Figura 4: Várias regiões de operação em escoamento vertical unidimensional em termos
das velocidades superficiais das componentes para um regime de escoamento onde o fluxo
de deriva é função de α, mas independente de j1 e j2 . O caso particular de ρ1 > ρ2 é
mostrado.
dj21
j2 = j21 − α = α2 v∞ n(1 − α)n−1 (16)
dα
dj21
j1 = −j21 − (1 − α) = −(1 − αn)v∞ (1 − α)n (17)
dα
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Figura 5: Dados de Deruaz para escoamento de misturas de bolhas em tubos verticais com
8 e 10 cm2 de área seccional.
Exemplo:
Solução:
jg = 2α2 (1 − α) f ps
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A área da seção transversal do tubo é (π/4)(1/2)5 = 0, 196 f t2 . Portanto, Ql = 11, 8jl
(em pés cúbicos por minuto) e qg = 11, 8jg . A seguinte tabela mostra os valores
preditos para os pontos de inundação:
Assume-se que não ocorre aglomeração de bolhas, levando a uma mudança no regime
de escoamento.
Z
ρ v 2 dA = Aρ < v 2 >, (18)
R 2
vdA
aρ = Aρ < v >2 , (19)
A
onde < > denota médias sobre a seção transversal definida pela equação
R
XdA
< X >= (20)
A
Entretanto, assim como em escoamento de uma única componente a razão entre equa-
ções (18) e (19) é usualmente expresso como um fator de correção para a teoria unidimen-
sional, em escoamento bifásico a razão entre integrais adequadas é tambem usado para
definir parâmetros que são iguais a unidade para escoamento realmente unidimensionais e
não ficam longe da unidade para o caso geral.
De utilidade particular é o parâmetro de distribuição C0 introduzido por Zuber & Fin-
dlay e definido por
10
< αj >
C0 = (21)
< α >< j >
C0 representa a razão entre a média do produto da velocidade superficial e a concen-
tração e o produto das médias da velocidade superfial e da concentração.
Uma definição conveniente de uma velocidade média da fase 2 é obtida a partir da
equação (22) do capítulo de introdução
< j2 >
v̄2 = (22)
<α>
Fazendo a média da equação (4) termo a termo ne da seção transversal ao tubo, nos
temos
j2
< v2 >= (25)
α
A velocidade média representada por v̄2 é usualmente mais conveniente de se utilizar que
< v2 > por que ela pode ser diretamente relacionada com com a vazão Q2 e a concentração
volumétrica média < α > através da equação (22).
< α > é uma média volumétrica conveniente por que ela é pronta e facilmente relaci-
onada com um experimento simples onde uma seção do tubo é repentinamente isolada e
a proporção do volume ocupado pela componente 2 é determinada. < α > é tambem a
quantidade que é usualmente medida por teqnica de medição baseada em raios γ.
Em termos das vazões Q1 e Q2 as seguintes equações são válidas
Q1 + Q2
< j >= (26)
A
Q2
< j2 >= (27)
A
11
Q1
< j1 >= (28)
A
Em vista das equações (22), (26), e (25), a equação (24) pode ser expressa como
1 Q2
< α >= (31)
C0 (Q1 + Q2 )
O segundo fator na equação (31) é o mesmo que obteriamos a partir da teoria homoge-
nea. Então o efeito de variação da concentração, mas não o efeito da velocidade relativa, é
multiplicar a concentração média calculada a partir da teoria homogenea por um fator de
correção 1/C0 . Este fator de correção é o mesmo que o parâmetro de escoamento K usado
por Bankoff e o parâmetro Armand que é utilizado na literatura russa.
A quantidade < j21 > não pode ser avaliada em geral sem o conhecimento da depen-
dencia de j21 em relaçao a α e tambem a variação de α através do canal. Simplificação é,
entretanto, possível em dois casos.
1. Primeiro caso: j21 é independente de α, ou seja,
j21 = b0 + b1 α (33)
Q2 − Ab0
< α >= (35)
C0 (Q1 + Q2 ) + b1
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Essa equação é aplicável, por exemplo, em regimes de escoamento tipo “slug”, tipo
turbulento-espuma, tipo bolhas em sistema gás-líquido.
Note que as velocidade superficiais locais j no contexto acima denota a média temporal
da vazão volumétrica através de uma dada área. Se as variações de tempo nas velocidades
superficiais são importantes, equações mais complicadas irão aparecer.
Exemplo:
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A explicação para estas observações são procuradas em termos do parâmetro C0 . A
equação (22) é combinada com a equação (24) para obtermos
Os sinais de “media” foram descartados por conveniencia. Agora, nota-se que os altos
valores de j21 na figura 6 correspondem a grandes valores de j2 (≈ 30 f ps). De modo
que j21 permaneça pequeno a estas vazões, é necessário para (1 − C0 α) se aproxime
de zero. Portanto, α aproxima-se do valor 1/C0 . Olhando novamente para a figura
6, nos vemos que o valor limite de α é em torno de 0, 8, dando um valor para C0 em
torno de 1, 25.
Substituindo C0 = 1, 25 na equação (36) e recalculando j21 para todos os dados, nos
obtemos o resultado mostrado na figura 7. Os dados espalham-se ao redor de uma
linha reta, não há tendencia sistemática com j1 , e o fluxo de deriva j21 não assume
valores excessivamente grandes.
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Tendo trazido os dados junto através do uso do paraâmetro C0 , agora vamos testar
o valor de n na equação (14). Fazendo um gráfico de j21 /α versus (1 − α) com
escala logaritmica, nos experamos uma linha de declividade n e que intercepta v∞ e,
α = 0. A figura 8 mostra que n é aproximadamente zero e que o valor de v∞ é em
torno de 1, 2 f ps. Uma mudança no regime de escoamento é indicada quando o valor
de α se aproxima de 0, 8. O espalhamento é da mesma ordem de magnitude que a
repetibilidade experimental.
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avaliação independente destes parâmetros. Este tópico será abordado novamente em
capítulos posteriores quando os regimes individuais de escoamento serão discutidos
em detalhes.
Os dados são mostrado nas figuras 7 e 8 de uma maneira que realisticamente repre-
senta o espalhamento e não favorece o esquema de correlação. Muitos comparaçãoes
entre dados e correlações publicadas são mostradas de uma maneira a dar a ilusão de
espalhamento reduzido.
= (1 − α) (37)
6 Escoamento Intermitente
O escoamento de deriva é um parâmetro muito útil para analizar escoamentos intermitentes
utilizando-se teorias de movimento de ondas que será apresentado no capítulo 6.
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7 Exercícios
Recomendamos fazer os exercícios 4.1, 4.3, 4.6, 4.12 e 4.13 do capítulo 4 da referencia
básica.
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