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Modelo de Escoamento de Deriva

Karl Peter Burr

1 Introdução
O modelo de escoamento de deriva é essencialmente um modelo de escoamento separado
onde atenção é focada no movimento relativo ao invés do movimento individual de cada
fase. Embora a teoria possa ser desenvolvida de uma maneira um tanto quanto geral, é
particularmente útil se o movimento relativo for determinado por um poucos parâmetros
chaves e independente da vazão de cada fase. Por exemplo, em escoamento com bolhas
em baixa velocidade em grandes tubos verticais, o movimento relativo entre as bolhas e
o líquido é governado por um balanço entre o empuxo e a força de arrasto. Ou seja, é
uma função da fração de vazio mas não da vazão. Teoria de escoamentos de deriva tem
uma ampla aplicação para regimes de bolhas, “slugs” e gotas em escoamentos líquido-gás
assim como em escoamentos partículas-líquido em sistemas de leitos fluidizados. Esta teoria
fornece um ponto de partida para extensão da teoria para escoamentos onde efeitos bi e
tridimensionais, como variações de densidade e velocidade, são significativos. Tambem é a
chave para uma rápida solução de problemas com escoamento intermitente em sedimentação
e em drenagem de espumas.

2 Teoria Geral
O fluxo de deriva j12 foi introduzido no capítulo de introdução, onde mostramos representar
o fluxo volumétrico de ambas as componentes em relação a um superfície que se move com
a velocidade superficial média j. Pode ser expresso em termos da velocidade relativa
utilizando-se a equação (38) do capítulo de introdução,

j21 = v21 α(1 − α) (1)

ou em termos das velocidades superficiais, utilizando-se a equação (35) do capítulo de


introdução,

j21 = (1 − α)j2 − αj1 (2)

Como j = j1 + j2 , a equação (2) pode ser expressa de formas alternativas

j1 = (1 − α)j − j21 (3)

1
j2 = αj + j21 (4)

A equação (3) mostra que a velocidade superficial da componente 1 é a soma da con-


centração volumétrica vezes a velocidade superficial média e um fluxo −j21 = j12 devido ao
movimento relativo. A equação (4) é uma afirmação similar para a componente 2. O fluxo
de deriva é análogo ao fluxo de difusão na difusão molecular de gases e fornece um modo
conveniente de modificar a teoria homogenea para levar em conta o movimento relativo.
De fato, todas as propriedades do escoamento, como fração de vazio, densidade média e
fluxo de quantidade de movimento podem ser expressas como o seu valor para escoamento
homogeneo mais um fator de correção ou termo adicional que é uma função das razão entra
j21 e as velocidades superficiais. Por exemplo, a fração de vazio é, a partir da equação (2),

 
j2 j21
α= 1− (5)
j j2
A densidade média é

j1 ρ1 + j2 ρ2 j21
ρm = + (ρ1 − ρ2 ) (6)
j j
Quando j21 é zero, estes resultados reduzem-se para valores de escoamento homogeneo.

3 Escoamentos Dominados pela Gravidade e sem Cisa-


lhamento na Parede
Teoria de escoamento de deriva é particulamentes conveniente para analizar regimes de
escoamento onde a gravidade (ou algumas forças de campo) são balanceadas pelo gradiente
de pressão e forças entre as componentes. Para escoamento vertical, equações (42) e (43)
do capítulo sobre escoamento separado, então se reduzem a

dp F12
0=− − gρ1 + (7)
dz 1−α

dp F12
0=− − gρ2 − (8)
dz α
Subtraindo-se a equação (8) da equação (7), nos obtemos

F12 = α(1 − α)g(ρ1 − ρ2 ) (9)

Na falta de efeitos de parede, F12 , a força mutua de arrasto por unidade de volume, é
uma função das propriedades das componentes, de sua geometria, da fração de vazio, e do

2
movimento relativo. Para um dado sistema, portanto, F12 é somente uma função de α e j21 .
então, em vista da equação (9), j21 deve ser somente uma função de α e das propriedades
do sistema e podemos escrever

j21 = j21 [α, propriedades do sistema] (10)

Evidentemente, na falta de velocidade relativas infinitas, j21 deve ir a zero para α = 0


e α = 1, em vista da equação (1).

Exemplos:

1. Utilizando os resultados do quarto exemplo do capítulo sobre escoamento separado,


determine a relação entre jsl e  para sistema com movimento vertical líquido-sólido
para o qual a equação de Carman-Kozeny se aplica.

Solução: Seja a componentes 1 o líquido e seja  = 1 − α. A partir do quarto exemplo


do capítulo sobre escoamento separado

 2
180µl jl0 1−
Fls = − (11)
d2 

jl0 é a velocidade superficial do líquido quando js = 0. Portanto, a partir da equação


(2),

jsl = −(1 − )jl0 (12)

combinando as relações acima com a equação (9), nos obtemos

d2 g(ρs − ρl )3
jsl = − (13)
180µl

Esta equação é razoavelmente válida para leitos empacotados com valores de  abaixo
de 0, 6. Ela não é uma expressão razoável para jsl para altos valores de , pois não
vai a zero quando  = 1. Como a convenção de sinais adotada considera a direção
vertical ascendente como positiva, valores negativos de jsl indicam que as partícular
“derivam” para baixo em relação ao escoamento médio se ρs > ρl . Outras convenções
de sinal são possíveis desde que a consistencia seja mantida.

Para um dado sistema j21 pode ser plotado como função de α, utilizando a equação
(10), em um gráfico como a figura 1. Então, se as vazões totais Q1 e Q2 são especificadas
em uma dada situação, j1 e j2 podem ser calculadas a partir das equações (18) e (19) da

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introdução, e a equação (2) preve uma relação linear entre j21 e α. De fato, a equação (2)
representa uma linha ligando os pontos α = 0, j21 = j2 e α = 1, j21 = −j1 na figura 1. A
intersecção entre esta linha e a curva determinam os valores de α que podem ser obtidos
na prática.

Figura 1: Solução gráfica das equações (2) e (10)

Este método gráfico para resolver as equações (2) e (10) é particularmente conveniente
como uma forma de vizualizar os efeitos da mudança das vazões Q1 e Q2 pois o comporta-
mento em escoamento co-corrente e contra-corrente em ambas as direções pode ser prevista
simplesmente movendo-se os pontos nas retas verticais (valores de j2 e j1 ) nas bordas do
gráfico.

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A figura 1 foi desenhada para um caso particular de pequenas bolhas suspensas em
líquido escoando em um tubo vertical. Ele mostra que para escoamentos co-corrente ou
contra-corrente é sempre possível uma solução. Para escoamento contra-corrente com gas
escoando para baixo não há solução, enquanto que para escoamento contra-corrente com
gás escoando para cima há duas soluções ou nenhuma, dependendo da magnitude das
vazões. No caso de uma dispersão de partículas sólidas em um líquido a curva j21 versos
α passa através de uma descontinuidade súbita no ponto onde as partículas empacotam
juntas de maneira randomica e formam um leito compacto. Se a concentração de partícula
é denotada por α, então existe um valor máximo de α permitido, como mostrado na figura
2. Nesta figura, o fluxo de deriva foi feito adimensional dividindo-o pela velocidade terminal
de uma partícula v∞ em um leito infinito. A curva mostrada representa uma equação típica
que foi achada através da correlação de uma ampla variedade de dados.

j21
= α(1 − α)n (14)
v∞
onde n é uma função de um número de Reynolds definido de forma adequada, e n = 3 é
um valor intermediário para sistemas líquido-partícula. α é a concentração volumétrica,
em geral, da componente dispersa.

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Figura 2: Fluxo de deriva adimensional versus a concentração volumétrica de partículas
para fluidização de vários materiais com água. (Dados de Wilhelm and Kwauk.)

O valor real de αmax onde as partículas se empacotam depende da forma da partícula e


da natureza das forças entre as partículas. No caso extremo de suspensão floculada, αmax
pode ser tão baixa quanto a 0, 1. Para esferas duras, o intervalo é usualmente 0, 58 <
αmax < 0, 62, dependendo da forma como o empacotamento é alcançado. Bater ou sacudir
o leito promoverá um valor maior de αmax . A curva de j21 /v∞ versus α mostrada na
figura 2 representa o balanço entre o arrasto do fluido e a flutuação. αmax é o ponto onde
forças partícula-partícula se tornam significativas. Se α exceder αmax , então será necessário
retornar às equações (7) e (8) e incluir termos para descrever a interação partícula-partícula.
O limite de operação de escoamento contra-corrente é conhecido como “inundação”
(“flooding”) e ocorre quando a linha representando a equação (2) é tangente a curva para
j21 ×α. Se a vazão de ambas as fases é aumentada acima deste ponto, não há a possibilidade
de escoamento em regime permanente e uma mudança de comportamento deve ocorrer.
Pode ocorrer mudança do regime de escoamento ou uma rejeição do escesso de material

6
nas extremidades da passagem do escoamento.
A curva j21 ×α pode ser montada a partir de suas tangentes se a vazões correspondentes
ao ponto de inundação forem conhecidos. A figura 3 mostra este procedimento aplicado aos
dados de Blanding e Elgin para sistema líquido-líquido (água-nafta) em um tubo vertical.

Figura 3: Dedução da curva escoamento de deriva versus concentração a partir dos dados
de Blanding & Elgin.

Outra maneira de representar os diferentes modos de operação é reescrever a equação


(2) na forma

α 1
j2 = j1 + j21 (15)
1−α 1−α
Para um dado sistema, o último termo nesta equação é uma função de α em vista da
equação (10). Portanto, curvas para α constante em um gráfico de j2 versus j1 serão linhas
retas com declividade α/(1 − α). A intercecção com os eixos serão j21 /(1 − α) e −j21 /α.
As várias regiões de operação são mostradas em um gráfico deste tipo na figura 4, que
corresponde a relação j21 × α mostrada na figura 1. Estas conclusões são ilustradas pelos
dados de Deruaz para regime de bolhas em escoamento gás-líquido na figura 5.

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Figura 4: Várias regiões de operação em escoamento vertical unidimensional em termos
das velocidades superficiais das componentes para um regime de escoamento onde o fluxo
de deriva é função de α, mas independente de j1 e j2 . O caso particular de ρ1 > ρ2 é
mostrado.

Utilizando a equação (14) e a definição geométrica da inundação mostrada na figura


1, mostra-se prontamente que as vazões correspondentes ao ponto de inundação são dadas
parametricamente como funções de α pelas equações

dj21
j2 = j21 − α = α2 v∞ n(1 − α)n−1 (16)

dj21
j1 = −j21 − (1 − α) = −(1 − αn)v∞ (1 − α)n (17)

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Figura 5: Dados de Deruaz para escoamento de misturas de bolhas em tubos verticais com
8 e 10 cm2 de área seccional.

Exemplo:

1. Para escoamento de bolhas de uma mistura particular temos que n = 2 e v∞ = 1 f ps.


qual é a relação entre Ql e Qg para inundação em um tubo vertical de 6 in de diâmetro?

Solução:

A partir da equação (16) e (17), utilizando os valores de n e v∞ e identificando o gás


como a componente descontínua 2, nos temos

jg = 2α2 (1 − α) f ps

jl = −(1 − 2α)(1 − α)2 f ps

9
A área da seção transversal do tubo é (π/4)(1/2)5 = 0, 196 f t2 . Portanto, Ql = 11, 8jl
(em pés cúbicos por minuto) e qg = 11, 8jg . A seguinte tabela mostra os valores
preditos para os pontos de inundação:

α 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5


Ql,cf m 11,8 7,64 4,41 2,31 0,85 0
Qg,cf m 0 0,21 0,76 1,49 2,26 2,95

Assume-se que não ocorre aglomeração de bolhas, levando a uma mudança no regime
de escoamento.

4 Correções para a Teoria Simples


A teoria simples para escoamento unidimensional dominado por efeitos gravitacionais não
leva em conta variações de concentração e velocidade através da seção transversal do tubo.
As quantidades α, v1 e v2 , e j1 e j2 são meramente médias na seção transversal à direção
do escoamento. Continuidade e as equações da dinâmica escritas em termos dessas médias
não são necessáriamente identicas com as formulações rigorosas das formulações integrais
dessas equações sobre o campo de escoamento (por exemplo, o produto das médias não é o
mesmo que a média do produto). Este problema já é familiar a estudantes da mecânica de
fluidos para escoamento monofásicos, que sabem, por exemplo, que o fluxo de quantidade
de movimento linear em um tubo com perfil de velocidade, mas densidade uniforme, é

Z
ρ v 2 dA = Aρ < v 2 >, (18)

e que isto não é o mesmo que

R 2
vdA
aρ = Aρ < v >2 , (19)
A

onde < > denota médias sobre a seção transversal definida pela equação

R
XdA
< X >= (20)
A
Entretanto, assim como em escoamento de uma única componente a razão entre equa-
ções (18) e (19) é usualmente expresso como um fator de correção para a teoria unidimen-
sional, em escoamento bifásico a razão entre integrais adequadas é tambem usado para
definir parâmetros que são iguais a unidade para escoamento realmente unidimensionais e
não ficam longe da unidade para o caso geral.
De utilidade particular é o parâmetro de distribuição C0 introduzido por Zuber & Fin-
dlay e definido por

10
< αj >
C0 = (21)
< α >< j >
C0 representa a razão entre a média do produto da velocidade superficial e a concen-
tração e o produto das médias da velocidade superfial e da concentração.
Uma definição conveniente de uma velocidade média da fase 2 é obtida a partir da
equação (22) do capítulo de introdução

< j2 >
v̄2 = (22)
<α>
Fazendo a média da equação (4) termo a termo ne da seção transversal ao tubo, nos
temos

< j21 >=< j2 > − < αj > (23)

Combinando as equações (22), (23), e (21) leva a

< j21 >


v̄2 = C0 < j > + (24)
<α>
Note que a equação (23) representa uma equação estrita para a média na seção trans-
versal ao canal. A quantidade v̄2 na equação (22), entretanto, não é igual a < v2 > em
geral, pois < v2 > é relacionado à distribuição de velocidade superficial e de concentração
pela equação

 
j2
< v2 >= (25)
α
A velocidade média representada por v̄2 é usualmente mais conveniente de se utilizar que
< v2 > por que ela pode ser diretamente relacionada com com a vazão Q2 e a concentração
volumétrica média < α > através da equação (22).
< α > é uma média volumétrica conveniente por que ela é pronta e facilmente relaci-
onada com um experimento simples onde uma seção do tubo é repentinamente isolada e
a proporção do volume ocupado pela componente 2 é determinada. < α > é tambem a
quantidade que é usualmente medida por teqnica de medição baseada em raios γ.
Em termos das vazões Q1 e Q2 as seguintes equações são válidas

Q1 + Q2
< j >= (26)
A

Q2
< j2 >= (27)
A
11
Q1
< j1 >= (28)
A
Em vista das equações (22), (26), e (25), a equação (24) pode ser expressa como

Q2 Q1 + Q2 < j21 >


= C0 + (29)
<α>A A <α>
Portanto, o valor volumétrico médio para α é

Q2 − A < j21 >


< α >= (30)
C0 (Q1 + Q2 )
Se < j21 > é pequeno comparado com Q2 /A, a equação (30) reduz-se a

1 Q2
< α >= (31)
C0 (Q1 + Q2 )
O segundo fator na equação (31) é o mesmo que obteriamos a partir da teoria homoge-
nea. Então o efeito de variação da concentração, mas não o efeito da velocidade relativa, é
multiplicar a concentração média calculada a partir da teoria homogenea por um fator de
correção 1/C0 . Este fator de correção é o mesmo que o parâmetro de escoamento K usado
por Bankoff e o parâmetro Armand que é utilizado na literatura russa.
A quantidade < j21 > não pode ser avaliada em geral sem o conhecimento da depen-
dencia de j21 em relaçao a α e tambem a variação de α através do canal. Simplificação é,
entretanto, possível em dois casos.
1. Primeiro caso: j21 é independente de α, ou seja,

j21 = constante (32)

O valor médioa de j21 é igual a este valor constante.


2. Segundo caso: j21 varia linearmente com α, ou seja,

j21 = b0 + b1 α (33)

onde b0 e b1 são constantes. Neste caso

< j21 >= b0 + b1 < α > (34)

e a equação (30) se torna

Q2 − Ab0
< α >= (35)
C0 (Q1 + Q2 ) + b1

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Essa equação é aplicável, por exemplo, em regimes de escoamento tipo “slug”, tipo
turbulento-espuma, tipo bolhas em sistema gás-líquido.
Note que as velocidade superficiais locais j no contexto acima denota a média temporal
da vazão volumétrica através de uma dada área. Se as variações de tempo nas velocidades
superficiais são importantes, equações mais complicadas irão aparecer.

Exemplo:

1. Um importante uso da teoria de fluxo de deriva unidimensional é a interpretação de


resultados experimentais. Neste exemplo a tecnica é aplicada a dados de Smissaert
para escoamento ar-água em um tubo vertical de 2 in de diâmetro reportado na
referencia 10. O subscrito 1 se refere a água e o subscrito 2 ao ar.
Primeiro os dados são utilizados para calcular j21 a partir da equação (2) e os resulta-
dos são ilustrados em função de α para as mais baixas e mais altas vazões de líquido
como mostrado na figura 6. A hipotese de que j21 é somente uma função de α é vista
como um tanto quanto boa, mas existe uma deriva perceptível com j1 . Além disso, o
valor de j21 parece que se torna muito grande em torno de α = 0, 8.

Figura 6: Dados de Smissaert mostrados em termos do fluxo de deriva versus a concentra-


ção, assumindo C0 = 1.

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A explicação para estas observações são procuradas em termos do parâmetro C0 . A
equação (22) é combinada com a equação (24) para obtermos

j21 = (1 − C0 α)j2 − C0 αj1 (36)

Os sinais de “media” foram descartados por conveniencia. Agora, nota-se que os altos
valores de j21 na figura 6 correspondem a grandes valores de j2 (≈ 30 f ps). De modo
que j21 permaneça pequeno a estas vazões, é necessário para (1 − C0 α) se aproxime
de zero. Portanto, α aproxima-se do valor 1/C0 . Olhando novamente para a figura
6, nos vemos que o valor limite de α é em torno de 0, 8, dando um valor para C0 em
torno de 1, 25.
Substituindo C0 = 1, 25 na equação (36) e recalculando j21 para todos os dados, nos
obtemos o resultado mostrado na figura 7. Os dados espalham-se ao redor de uma
linha reta, não há tendencia sistemática com j1 , e o fluxo de deriva j21 não assume
valores excessivamente grandes.

Figura 7: Representação modificada da figura 6 utilizando C0 = 1, 25.

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Tendo trazido os dados junto através do uso do paraâmetro C0 , agora vamos testar
o valor de n na equação (14). Fazendo um gráfico de j21 /α versus (1 − α) com
escala logaritmica, nos experamos uma linha de declividade n e que intercepta v∞ e,
α = 0. A figura 8 mostra que n é aproximadamente zero e que o valor de v∞ é em
torno de 1, 2 f ps. Uma mudança no regime de escoamento é indicada quando o valor
de α se aproxima de 0, 8. O espalhamento é da mesma ordem de magnitude que a
repetibilidade experimental.

Figura 8: Representação modificada da figura 6 utilizando C0 = 1, 25.

Neste exemplo, fomos afortunados que o método de se introduzir as componentes


levou a uma gama de tamanho de bolha conducente a um valor constante de v∞ .
Então, foi possível agrupar os dados ajustando-se somente o parâmetro C0 . No caso
de resultados para mercúrio-nitrogenio reportados por Smissaert no mesmo trabalho,
uma tendencia de v∞ como função de j1 é evidente, embora um valor médio de
v∞ = 2, 5 f ps está dentro de cerca de 10 por cento de todos os dados de Smissaert.
Como temos três parâmetros para brincar (C0 , v∞ e n), existem as usuais armadilhas
a serem esperadas quando dados são correlacionados sem referencia ao padrão de
escoamento ou outro importante parâmetro como a dimensão da bolha. Claro que a
melhor tecnica é fazer observações adicionais durante o experimento que motive uma

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avaliação independente destes parâmetros. Este tópico será abordado novamente em
capítulos posteriores quando os regimes individuais de escoamento serão discutidos
em detalhes.
Os dados são mostrado nas figuras 7 e 8 de uma maneira que realisticamente repre-
senta o espalhamento e não favorece o esquema de correlação. Muitos comparaçãoes
entre dados e correlações publicadas são mostradas de uma maneira a dar a ilusão de
espalhamento reduzido.

5 Convenção de Sinal e Identificação dos Componentes


1 e 2.
Como velocidades e fluxos podem ser em ambas as direções em escoamentos unidimensi-
onais, alguma convenção de sinal é necessária. Não importa que sistema é utilizado tão
longo quanto ele é aplicado de forma consistente.
Usualmente estamos interessado em descrever o movimento e concentração de uma com-
ponente do que a outra. De fato, através deste capítulo nos demos enfase a componente
2 chamando sua concentração volumétrica de α e deixando a concentração da componente
1 como sendo 1 − α. Nos ainda selecionamos j21 ao invés de j12 por propósitos analíticos
embora as equações que definem são bastante simétricas. Além disso, posteriormente afir-
mamos que a componente 2 foi escolhida como a componente disontínua. A razão para
isso é que alguem é usualmente inclinado a ver a velocidade relativa v21 ou a velocidade
terminal v∞ como a velocidade de uma partícula em um meio fluido ao invés da velocidade
do fluido que trará a partícula para o repouso. Então uma convensão de sinal conveniente
é frequentemente aquela onde as velocidades medidas na direção da deriva da componente
2 são positivas. De forma alternativa, se um balanço de forças é utilizado para deduzir j21 ,
como no primeiro exemplo, pode ser útil definir a direção positiva em termos da direção do
campo gravitacional.
Em capítulos posteriores será achado algumas vezes conveneiente utilizar a descrição
inversa a focar atenção no movimento da componente contínua, por exemplo, quando um
fluido escoa ao redor de partículas aproximadamente estacionárias em um leito fluidizado.
Para este propósito, definimos  como a concentração volumétrica da componente contínua
onde

 = (1 − α) (37)

e trabalhamos em termos de j12 ao invés de j21 . As técnicas analíticas permanecem inalte-


radas.

6 Escoamento Intermitente
O escoamento de deriva é um parâmetro muito útil para analizar escoamentos intermitentes
utilizando-se teorias de movimento de ondas que será apresentado no capítulo 6.

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7 Exercícios
Recomendamos fazer os exercícios 4.1, 4.3, 4.6, 4.12 e 4.13 do capítulo 4 da referencia
básica.

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