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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.

0656

A C Ó R D Ã O
  (8ª Turma)
GMDMC/Rlj/cb/wa

A)   AGRAVO   DE   INSTRUMENTO   EM   RECURSO


DE   REVISTA   INTERPOSTO   PELO
RECLAMANTE.   1.   NULIDADE   DO   JULGADO
POR   NEGATIVA   DE   PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL.  No   caso   concreto,
verifica­se   que   a   postura   adotada
pelo   Tribunal   de   origem   não   se
confunde com a negativa de entrega da
jurisdição,   pois   o   posicionamento
desfavorável   à   tese   daquele   que
recorre   não   importa   em   lacuna   na
prestação   jurisdicional.  2.
DESCONSIDERAÇÃO   DA   HORA   NOTURNA
REDUZIDA. ADICIONAL NOTURNO SUPERIOR
AO   LEGAL.   PREVISÃO   COLETIVA.
VALIDADE.  A jurisprudência desta
Corte caminha no sentido de ser
válida a fixação da hora noturna de
sessenta minutos por norma coletiva
mediante a fixação do adicional
noturno superior ao legal, pois não
se trata de subtração pura e simples
de direito legalmente previsto, mas
tão somente de modificação do seu
conteúdo com concessões recíprocas,
razão pela qual deve ser privilegiada
a autonomia da vontade coletiva, nos
moldes do comando inserto no art. 7º,
XXVI, da Constituição Federal.
Precedentes da SDI-1/TST. Agravo de
instrumento conhecido e não provido.
B) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA.
CLÁUSULA   NORMATIVA.   DESCUMPRIMENTO.
MULTA   CONVENCIONAL.  INCIDÊNCIA
MENSAL.   INVIABILIDADE.  Constatada   a
aparente   violação   do   art.   7º,   XXVI,
da Constituição, dá­se provimento ao
agravo   de   instrumento   a   fim   de   se
destrancar o exame da revista. Agravo
de   instrumento   conhecido   e   provido.
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

C)   RECURSO   DE   REVISTA.   CLÁUSULA


NORMATIVA.   DESCUMPRIMENTO.   MULTA
CONVENCIONAL.  INCIDÊNCIA   MENSAL.
INVIABILIDADE.  O   Regional   deu
provimento   ao   recurso   ordinário
interposto   pelo   reclamante   para
determinar   que   as   multas
convencionais decorrentes de infração
das   cláusulas   normativas   fossem
apuradas   de   forma   mensal,   sem   que
houvesse, no entanto, menção expressa
no referido instrumento no sentido de
que   a   multa   convencional   deve   ser
apurada   mês   a   mês.   Nos   moldes   da
orientação constante do artigo 114 do
Código Civil, as cláusulas normativas
benéficas   devem   ser   interpretadas
restritivamente.   Esta   Corte,
analisando casos análogos, envolvendo
inclusive   a   ora   agravante,   adota   o
entendimento   de   que   mesmo   quando
descumpridas   cláusulas   previstas   em
instrumentos   coletivos,   de   forma
sucessiva,   ininterrupta,   somente   é
devida uma multa por cláusula violada
a cada doze meses. Recurso de revista
conhecido e provido. 

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de  Revista   com  Agravo   n°  TST­ARR­527­88.2016.5.09.0656,   em
que   é   Agravante   e   Recorrido  CESAR   CORDEIRO   MACHADO  e   Agravado   e
Recorrente BRF S.A.

A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da
9ª   Região,   pela   decisão   de   fls.   841/846,   denegou   seguimento   aos
recursos de revista interpostos pelas partes litigantes.
Inconformadas,   ambas   as   partes   interpõem   agravos
de instrumento, insistindo na admissibilidade dos recursos.
Foram apresentadas contraminuta e contrarrazões.
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Dispensada   a   remessa   dos   autos   à   Procuradoria­


Geral do Trabalho, nos termos do art. 95 do RITST.
É o relatório.

V O T O

A)   AGRAVO   DE   INSTRUMENTO   EM   RECURSO   DE   REVISTA


INTERPOSTO PELO RECLAMANTE.

I – CONHECIMENTO

Satisfeitos   os   pressupostos   de   admissibilidade


recursal, conheço do agravo de instrumento.

II – MÉRITO

1.   NULIDADE   DO   JULGADO   POR   NEGATIVA   DE   PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL.

O ora agravante, às fls. 715/723, argui a nulidade
do   acórdão   recorrido,   sob   o   fundamento   de   que,   mesmo   após   os
embargos  de  declaração,  o  Regional  não  enfrentou  a  sua   única  tese
expendida   em   contrarrazões,   qual   seja   de   que   a   "cláusula   coletiva
considera   a   hora   noturna   sem   a   redução   para   o   fim  exclusivo  do
pagamento do adicional noturno, e não para a exclusão do computo da
hora noturna em relação à jornada de trabalho". Afirma que em nenhum
momento alegou a nulidade, a ilicitude ou a invalidade da referida
cláusula coletiva. 
Indica ofensa aos artigos 458 do CPC/73 (atual 489
do CPC/15), 5º, XXXV, XXXVI, LV, e 93, IX, da Constituição e traz
aresto.
Ao exame.
Afasta­se,   de   início,   a   alegação   de   ofensa   ao
artigo   5º,   XXXV,   XXXVI,   da   CF   e   de   existência   de   dissenso
pretoriano, ante os termos da Súmula nº 459 desta Corte. 
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Ao   julgar   o   recurso   ordinário   adesivo   interposto


pela reclamada, o Regional consignou:

"RECURSO ADESIVO DA RÉ

HORAS EXTRAS

Constou na sentença:

"2.2. JORNADA DE TRABALHO. ADICIONAL


NOTURNO. HORAS EXTRAS. DOMINGOS E FERIADOS
LABORADOS. REFLEXOS.

De início, cumpre salientar que se reputam fidedignas as


anotações constantes nos cartões ponto apresentados pela
reclamada (OJ EX SE nº 33, VI, da Seção Especializada deste
Tribunal), por dois motivos: o um, porque os horários
consignados não são uniformes (Súmula nº 338 do TST); e o
dois, porque não houve produção de provas tendente a elidi-las.
A jornada de trabalho contratual da reclamante era a
especificada no válido acordo de compensação de jornada (ID
b2c87d1), sendo consideradas extraordinárias as horas que
extrapolavam seus termos, na medida em que não foi observado
qualquer vício capaz de inquiná-los de nulidade.
Ademais, em que pese os argumentos em contrário,
considerando o princípio da autonomia coletiva de vontades, é
de bom alvitre ressaltar, desde já, que se consideram válidas as
cláusulas convencionais que fixam a hora noturna em sessenta
minutos, já que majoram o respectivo adicional para 43%
(quarenta e três por cento), sendo assim visivelmente mais
benéficas aos trabalhadores. Neste sentido:

REDUÇÃO DA HORA NOTURNA POR ACORDO


COLETIVO DE TRABALHO COM FIXAÇÃO DO
ADICIONAL NOTURNO EM 40%. VALIDADE. As
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Convenções e os Acordos Coletivos de Trabalho, desde que não


suprimam direitos irrenunciáveis do trabalhador, devem ser
observados por esta Justiça Laboral, porque existe comando
constitucional neste sentido (art. 7º, XXVI). É preciso prestigiar
e valorizar a negociação coletiva, como forma de incentivo à
composição dos conflitos pelos próprios interessados.
Condições de trabalho e de salário livremente ajustadas, com
objetivo de dissipar razoável dúvida quanto ao alcance de
determinada norma, devem ser priorizadas, sob pena de
desestímulo à aplicação dos instrumentos convencionais, hoje
alçados a nível constitucional (art. 7º, XXVI). No caso, verifica-
se que a inobservância da hora noturna (mais especificamente a
sua consideração como sendo de sessenta minutos, e não
52min30seg), foi resultado de negociação coletiva pela qual se
pactuou, em contrapartida, o dobro do adicional legal de 20%
(vinte por cento) sobre a hora diurna, previsto no art. 73 da
CLT, ou seja, 40%. Se uma hora noturna, ou 52 minutos e 30
segundos, é igual a 1,1429 da hora diurna e esta quantidade tem
que receber o acréscimo de 20%, tem-se, então, que equivale a
receber um acréscimo de 37,14% (pois 1,1429 x 12 = 1,3714).
Nesta esteira, foi a previsão normativa mais favorável aos
empregados, porquanto foi superior a 37,14%. Não se trata de
preterição pura e simples do direito legalmente previsto e sim
de redução desse direito mediante a concessão de outra
vantagem similar, de forma que no seu conjunto o ajuste se
mostrou razoavelmente equilibrado. Recurso ordinário do
Reclamante a que se nega provimento, no particular. (RO nº
15473-2013-005-09-00-7. TRT9 - T7. Rel. Ubirajara Carlos
Mendes. DEJT 13.06.2014)

No entanto, adotando a tese já fixada neste Juízo,


reputa-se que o elastecimento da hora noturna deve ser
considerado tão somente para fins de apuração do adicional
noturno, conforme descrito nos respectivos acordos

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coletivos. Para fins de apuração da duração do trabalho,


considere-se que a hora noturna tem 52'30".
Feitas estas considerações iniciais, passa-se à análise dos
demais pedidos.
(...)
Horas extras

Por ter sido reconhecida a redução da hora noturna para


fins de apuração da jornada de trabalho, reputa-se que a
reclamante trabalhava em sobrejornada, sem que a reclamada
tenha quitado corretamente a respectiva contraprestação, pelo
que nos termos do art. 59 da Consolidação das Leis do Trabalho
e art. 7º, XVI da Constituição Federal, o trabalhador faz jus à
remuneração da jornada extraordinária, que deve ser apurada
observando os parâmetros a seguir descritos: (a) a jornada de
trabalho extraordinária era a excedente do acordo de
compensação de jornada; (b) a base de cálculo deve observar a
evolução salarial; (c) o divisor é 220; (d) o adicional é o
convencional, e na sua ausência de 50% para dias úteis e 100%
para domingos e feriados laborados e não compensados; (e)
deverão ser observados os entendimentos consolidados nas
Súmulas nº 63 e 139 do TST e na OJ nº 97 da SDI1; (f) por
inabituais, só cabem repercussões em FGTS (11,2%), a serem
pagas diretamente; (g) deverão ser abatidos, por sua
integralidade, os valores comprovadamente pagos a tal título,
nos termos da OJ nº 415 da SDI1; e (h) juros, correção
monetária e descontos legais nas formas dos itens próprios.
Deferem-se, nestes termos." (destaquei)

A ré defende que o acordo coletivo não pode ser interpretado


restritivamente. Ressalta que a aplicação da hora noturna como sendo de 60
minutos após as 22h decorre de previsão em todos os acordos coletivos, em
razão do percentual atribuído ao adicional noturno, que é muito superior ao
adicional legal. Sustenta que em respeito às normas coletivas e por força do
disposto no art. 7º, XXVI, da CF, deve ser considerada a hora noturna como
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sendo de 60 minutos, afastando, por consequência, a incidência do disposto


no art. 73, §1º, da CLT. Pugna "pela exclusão da condenação ao pagamento
de diferenças de horas extras, porquanto o pagamento do adicional noturno
foi realizado corretamente, ante a inexistência de prorrogação de jornada.".
Analiso.
Na petição inicial, o autor afirmou que laborava das 21h10 às 07h20,
de segunda a sexta-feira, inclusive feriados, e em três sábados por mês,
sempre com uma hora de intervalo intrajornada, e que a ré não considerava
a hora noturna reduzida ao calcular sua jornada de trabalho (fl. 4).
Requereu a declaração de nulidade do acordo de compensação individual,
reconhecendo-se como horas extras as trabalhadas além oitava diária e
quadragésima quarta semanal.
Na contestação, a ré afirmou que a jornada de trabalho do reclamante
era de segunda a sexta-feira, das 21h15 às 7h03, com uma hora de intervalo
para descanso e refeição, perfazendo o total de 8h48 diárias e 44h semanais,
com compensação sabatina (fl. 215). Disse que eventuais horas extras
laboradas foram devidamente compensadas ou quitadas (fl. 216) e que
possuía banco de horas (fl. 217). Alegou que a consideração da hora
noturna como sendo de 60 minutos tem origem em negociação coletiva,
conforme cláusula dos Acordos Coletivos de Trabalho apresentados. Em
compensação, a remuneração do adicional passou a ser de 40%, e
posteriormente 43%, sobre o valor da hora normal (fl. 219). Defendeu ser
indevida a consideração da hora noturna reduzida para cômputo das horas
extras (fl. 221).
O autor foi admitido pela ré BRF em 22/03/2011 para exercer a
função de "Operador de Produção I", com jornada de 8h48 de segunda a
sexta-feira, conforme constou no contrato de trabalho (fl. 228) e no acordo
de compensação (fl. 230) firmados entre as partes. Foi dispensado sem justa
causa em 04/02/2015 (fl. 391).
Nos cartões de ponto há pré anotação da jornada das 21h15 às 7h03
de segunda a sexta-feira, com uma hora de intervalo até janeiro/2013 (fls.
233-254); a partir de fevereiro/2013 a jornada foi alterada, passando o
reclamante a trabalhar das 16h50 às 2h10 de segunda a quinta-feira, das
16h10 às 22h às sextas-feiras, com uma hora de intervalo, e das 9h30 às
15h20 aos sábados (fls. 255-258); em maio/2013 houve nova alteração da
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jornada para 19h às 5h de segunda a quinta-feira e das 19h às 4h na sexta-


feira, com uma hora de intervalo (fls. 259-271); a partir de julho de 2014, o
autor voltou a laborar no horário das 21h15 às 7h03 de segunda a sexta-
feira, com uma hora de intervalo (fls. 272-275); a partir de novembro/2014
até a rescisão contratual, o autor cumpriu jornada das 15h59 às 1h47 de
segunda a sexta-feira, com uma hora de intervalo (fls. 276-279).
Os controles de jornada foram considerados fidedignos pelo Juízo de
origem, sem que a parte autora tenha se insurgido em recurso quanto a tal
ponto da sentença.
Acerca da matéria, preveem os ACTs que:

"CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - ADICIONAL


NOTURNO: Para fins exclusivos de adicional noturno as horas
noturna trabalhadas no período compreendido entre 22:00 horas
de um dia até 05:00 horas de outro dia, serão de 60 (sessenta
minutos), remuneradas com adicional de 40% (quarenta por
cento) sobre o valor da hora diurna, já incluído neste percentual
o adicional e a redução da hora prevista no artigo 73 e
parágrafos da CLT. (ACT 2008/2009 - fl. 33)"

"CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - ADICIONAL


NOTURNO: Para fins exclusivos de adicional noturno as horas
noturna trabalhadas no período compreendido entre 22:00 horas
de um dia até 05:00 horas de outro dia, serão de 60 (sessenta
minutos), remuneradas com adicional de 40% (quarenta por
cento) sobre o valor da hora diurna, já incluído neste percentual
o adicional e a redução da hora prevista no artigo 73 e
parágrafos da CLT. (ACT 2010/2011 - fls. 52-53)"

"CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - ADICIONAL


NOTURNO: Para fins exclusivos de adicional noturno as horas
noturna trabalhadas no período compreendido entre 22:00 horas
de um dia até 05:00 horas de outro dia, serão de 60 (sessenta
minutos), remuneradas com adicional de 43% (quarenta e três
por cento) sobre o valor da hora diurna, já incluído neste
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percentual o adicional e a redução da hora prevista no artigo 73


e parágrafos da CLT. (ACT 2011/2012 - fl. 74)"

"CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - ADICIONAL


NOTURNO: Para fins exclusivos de adicional noturno as horas
noturna trabalhadas no período compreendido entre 22:00 horas
de um dia até 05:00 horas de outro dia, serão de 60 (sessenta
minutos), remuneradas com adicional de 43% (quarenta e três
por cento) sobre o valor da hora diurna, já incluído neste
percentual o adicional e a redução da hora prevista no artigo 73
e parágrafos da CLT. (ACT 2012/2013 - fl. 96)"

"CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - ADICIONAL


NOTURNO: Para fins exclusivos de adicional noturno as horas
noturna trabalhadas no período compreendido entre 22:00 horas
de um dia até 05:00 horas de outro dia, serão de 60 (sessenta
minutos), remuneradas com adicional de 43% (quarenta e três
por cento) sobre o valor da hora diurna, já incluído neste
percentual o adicional e a redução da hora prevista no artigo 73
e parágrafos da CLT. (ACT 2013/2014 - fl. 122)"

O posicionamento desta C. Turma é o de admitir a flexibilização da


hora noturna reduzida por meio de instrumento normativo, desde que haja a
devida contraprestação para o empregado mediante o pagamento de
adicional noturno majorado para no mínimo 37,50%, para que haja
proporcional compensação. Precedente nos autos 04686-2013-022-09-00-9
(RO 10633/2016), publicação em 27/6/2017, Relator Des. Archimedes
Castro Campos Junior.
É o que se verifica no caso dos autos, em que os recibos de
pagamento (fls. 281-385) indicam que o adicional noturno era pago desde a
contratação no percentual de 40% e foi majorado para 43% a partir de
dezembro/2011.
Válida, portanto, a cláusula convencional que afasta a redução da
hora noturna, diante da existência de cláusula normativa mais benéfica ao
trabalhador, com a majoração do adicional noturno para 40% e 43%.
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Assim, merece reforma a sentença que reconheceu a redução da hora


noturna para fins de apuração da jornada de trabalho, estando correto o
procedimento adotado pela ré ao computar a hora noturna em sessenta
minutos.
Por consequência, indevido o pagamento de horas extras, já que a
condenação se limitou a diferenças decorrentes da adoção pela ré da hora
noturna de sessenta minutos para fins de apuração da duração do trabalho.
Diante do exposto, dou provimento ao recurso da ré para excluir da
condenação o pagamento de horas extras e reflexos." (fls. 664/667 - grifos
no original)

Ao julgar os embargos de declaração opostos pelo


reclamante, a Corte de origem consignou:

"Alega o embargante que "em nenhum momento a parte reclamante


alegou que a cláusula existente no acordo coletivo era nula, ilícita ou
inválida. Toda discussão travada neste feito dizia respeitos a interpretação
da cláusula coletiva, onde a parte autora defendeu desde a propositura da
ação que a referida cláusula considera a hora noturna sem a redução para
o fim exclusivo do pagamento do adicional noturno, e não para a exclusão
do computo da hora noturna em relação à jornada de trabalho."(fl. 681).
Destaca que houve alteração da redação cláusula no ano de 2008 onde se
acresceu a expressão "para fins exclusivos do adicional noturno". Ao
contrário do que se fundamentou no v. acórdão, a controvérsia do feito gira
em torno da interpretação do alcance da cláusula, e não sua validade.
Assim, o v. acórdão é omisso quando deixa de se manifestar quanto à única
tese defendida em contrarrazões, no sentido de que as cláusulas
convencionais determinam a incidência da hora de 60 minutos "para fins
exclusivos do adicional noturno".
Consta no acórdão (fls. 665-668):
(Omissis...)
Analiso.
Conforme exposto no acórdão, o posicionamento desta C. 5ª Turma é
o de admitir a flexibilização da hora noturna reduzida por meio de
instrumento normativo, desde que haja a devida contraprestação para o
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empregado mediante o pagamento de adicional noturno majorado para no


mínimo 37,50%, para que haja proporcional compensação. No caso em
análise, verificou-se que o adicional noturno era pago desde a contratação
no percentual de 40% e foi majorado para 43% a partir de dezembro/2011.
Como se vê, a decisão colegiada é explícita quanto aos fundamentos
que levaram esta Turma a considerar válida a cláusula convencional que
afasta a redução da hora noturna, diante da existência de cláusula normativa
mais benéfica ao trabalhador, com a majoração do adicional noturno para
40% e 43%.
A circunstância de o reclamante não concordar com a conclusão do
Colegiado é irrelevante para fins de ajuizamento de embargos de
declaração. O seu inconformismo deve ser suscitado mediante o recurso
cabível.
Rejeito." (fls. 702/705)

Como se verifica, não há ausência de manifestação
do Regional sobre a controvérsia, pois está registrado expressamente
que,   no   caso   concreto,   nos   termos   do   posicionamento   adotado   por
aquele   Colegiado   é   possível   a  flexibilização da hora noturna
reduzida por intermédio de norma coletiva, desde que exista
contraprestação para o empregado na forma do pagamento de adicional
noturno majorado para no mínimo 37,50%, percentual proporcional à
compensação. Ressaltou que, no caso vertente, o reclamante começou a
auferir o adicional noturno de 40% e depois passou para 43%, assim,
concluiu que a cláusula coletiva era mais benéfica ao reclamante.
Diante desse contexto, considerou   a   Corte   de
origem que merecia reforma a sentença que determinou o pagamento de
horas extras e reflexos, tendo em vista que a condenação derivou-se
do fato de a reclamada adotar a hora noturna de sessenta minutos
para fins de apuração da duração do trabalho.
Em   sede   declaratória,   ressaltou   que   havia   no
acórdão tese explícita sobre a controvérsia, não havendo vícios no
julgado.
Do cotejo entre os fundamentos adotados na decisão
recorrida e o conteúdo das próprias razões tecidas pelo reclamante,
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bem   se   denota   a   natureza   meramente   impugnatória   dos   embargos   de


declaração referidos.
No   caso   concreto,   verifica­se   que   a   postura
adotada pelo Tribunal de origem não se confunde com a negativa de
entrega   da   jurisdição,   pois   o   posicionamento   desfavorável   à   tese
daquele   que   recorre   não   importa   em   lacuna   na   prestação
jurisdicional.
Incólumes,   pois,   os   artigos   93,   IX,   da
Constituição Federal e 489 do CPC.
Nego provimento.

2.   DESCONSIDERAÇÃO   DA   HORA   NOTURNA   REDUZIDA.


ADICIONAL NOTURNO SUPERIOR AO LEGAL. PREVISÃO COLETIVA. VALIDADE.

Os fundamentos adotados na decisão recorrida foram
transcritos acima. 
O   ora   agravante,   fls.   723/730,   afirma   que   o
Regional interpretou erroneamente a cláusula coletiva, que considera
a hora noturna sem a redução para o fim exclusivo do pagamento do
adicional   noturno,   não   havendo   correlação   com   o   cômputo   da   hora
noturna em relação à jornada de trabalho. Sustenta, nessa linha, que
não   há   previsão   coletiva   autorizando   a   desconsideração   da   redução
ficta para o cômputo da jornada. 
Indica ofensa aos artigos 7º, XXVI, da CF e 73, §
1º, da CLT. 
Ao exame. 
Sem razão. 
Cinge­se   a   controvérsia   à   validade   do   pacto
coletivo   que   desconsiderou   a   hora   noturna   reduzida   mediante   a
fixação de um adicional noturno superior ao legal.
Como   visto,   o   Regional   excluiu   a   condenação   da
reclamada ao pagamento das horas extras decorrentes da inobservância
da hora noturna reduzida. 
O   artigo   73,   caput,   e   §   1º,   da   CLT   estabelece   o
pagamento do adicional noturno, que corresponde ao acréscimo de pelo
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

menos 20% sobre a hora diurna, bem como preceitua que a hora noturna
será computada como de 52 minutos e 30 segundos.
Contudo,   é   cediço   que   o   artigo   7º,   XXVI,   da
Constituição   Federal   elevou   os   instrumentos   coletivos   ao   patamar
constitucional, prestigiando e valorizando a negociação coletiva.
Com   efeito,   o   comando   constitucional
supramencionado chancelou a importância das convenções e dos acordos
coletivos   de   trabalho,   autêntica   fonte   autônoma   do   Direito   do
Trabalho,   prestigiando   e   reconhecendo   suas   normas   como   forma   de
prevenir   e   solucionar   conflitos,   com   o   entendimento   direto   das
categorias, independentemente da intervenção do Estado.
Assim,   com   fulcro   no   citado   dispositivo
constitucional,   este   Tribunal   Superior   tem   privilegiado   as
disposições   contidas   nas   normas   coletivas,   desde   que   não   se
configure   afronta   aos   direitos   trabalhistas   previstos   em   norma
cogente.
Na   hipótese   dos   autos,   a   norma   coletiva
desconsiderou   a   redução   ficta   do   horário   noturno   e,   em
contrapartida,   fixou   o   percentual   do   adicional   noturno,
inicialmente,   em   40,00%   e,   posteriormente,   em   43,00%   ou   seja,
superior ao legal (20%).
Verifica­se, portanto, não se tratar de supressão
pura   e   simples   de   direito   legalmente   previsto,   mas,   sim,   de
flexibilização   do  seu   conteúdo  com   concessões  recíprocas,   restando
assegurado   ao   trabalhador   condição   mais   favorável   do   que   a
estabelecida na legislação trabalhista.
Nesse   contexto,   imperioso   o   reconhecimento   da
validade do pacto coletivo, com esteio no art. 7º, XXVI, da CF.
A   corroborar,   citam­se   os   seguintes   precedentes
desta Corte:

"AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO CONTRA DECISÃO


MONOCRÁTICA DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA
SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. HORA NOTURNA DE
60 MINUTOS. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. ADICIONAL
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

NOTURNO SUPERIOR AO PREVISTO EM LEI. Discute-se a validade de


cláusula de acordo coletivo de trabalho que prevê a duração de sessenta
minutos da hora noturna e o pagamento do adicional de 50% sobre
mencionada hora. Como no caso concreto foi assegurado ao trabalhador
condição mais benéfica do que aquela estabelecida na legislação trabalhista,
deve ser considerada válida a norma coletiva que compensa a ausência de
redução da hora noturna com a fixação do adicional noturno superior ao
percentual fixado em lei. Esta é a atual e iterativa jurisprudência da SBDI-1
e das Turmas deste Tribunal, com a qual se encontra em perfeita harmonia o
acórdão embargado, sendo inviável, dessa forma, o conhecimento do
recurso de embargos, nos exatos termos do § 2º do artigo 894 da CLT.
Correta, pois, a decisão agravada. Agravo regimental não provido." (AgR-
E-ED-RR-2098-24.2013.5.15.0045, Relator Ministro: Augusto César Leite
de Carvalho, SBDI-1, DEJT 9/3/2018)

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007.


REGIME DE DURAÇÃO DO TRABALHO POR ESCALAS DE 12
HORAS DE TRABALHO POR 36 DE DESCANSO (12X36).
INOBSERVÂNCIA DA REDUÇÃO DA HORA NOTURNA E
ADICIONAL NOTURNO SUPERIOR AO LEGAL. NORMA COLETIVA.
Discute-se a validade de cláusula de acordo coletivo de trabalho que prevê
a exclusão da redução da hora noturna e o pagamento do adicional de 40%
sobre mencionada hora. Como no caso concreto foi assegurado ao
trabalhador condição mais benéfica do que aquela estabelecida na
legislação trabalhista, deve ser considerada válida a norma coletiva que
compensa a ausência de redução da hora noturna com a fixação do
adicional noturno duas vezes superior ao percentual fixado em lei. Ressalte-
se que o entendimento pela invalidade do acordo coletivo ofende a teoria do
conglobamento, porquanto, para se observar a hora reduzida, seria
necessária também a exclusão do percentual de 40% do adicional noturno.
Assim, existindo previsão expressa em acordo coletivo de que o adicional
de 40% estava associado à inobservância da hora noturna reduzida, com
vantagem para os substituídos, é de considerar a previsão compreendida no
acordo coletivo de trabalho. Recurso de embargos conhecido e provido, no
particular. [...]" (E-ED-ED-RR-72700-67.2008.5.17.0010, Relator Ministro:
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 23/06/2016,


Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 29/07/2016)

"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO PELA


RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA. HORA NOTURNA DE 60
MINUTOS. ADICIONAL NOTURNO SUPERIOR AO LEGAL.
FLEXIBILIZAÇÃO. NORMA COLETIVA. VALIDADE. 1. Discute-se, no
presente caso, a validade da norma coletiva que concede o pagamento do
adicional noturno superior ao legal em contrapartida à não redução da hora
noturna. 2. Nos termos do art. 7º, XXII, da CF, é assegurado aos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social, o direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança. 3. Por outro lado, o art. 73,
caput e § 1º, da CLT estabelece o pagamento do adicional noturno, que
corresponde ao acréscimo de pelo menos 20% sobre a hora diurna, bem
como preceitua que a hora noturna será computada como de 52 minutos e
30 segundos. 4. Ora, é cediço que o art. 7º, XXVI, da CF elevou os
instrumentos coletivos ao nível constitucional, prestigiando e valorizando a
negociação coletiva. 5. In casu, consoante registrado no acórdão turmário, a
norma coletiva compensa a ausência de redução ficta da hora noturna com a
fixação de adicional noturno na alíquota de 60%, correspondente a 20%
pelo trabalho noturno a que se refere o art. 73 da CLT e 40% para o
pagamento dos 7 minutos e 30 segundos de cada período de 60 minutos
efetivamente trabalhados. 6. Verifica-se, pois, não se tratar de supressão
pura e simples de direito legalmente previsto, mas, sim, de modificação do
seu conteúdo com concessões recíprocas. 7. Nesse contexto, tem-se como
válido o instrumento coletivo, porque assentado no art. 7º, XXVI, da CF e
no princípio do conglobamento, norteador do instituto da negociação
coletiva, segundo o qual se tem como mais benéfica a norma coletiva como
um todo, abordada em seu conjunto, e não pelo foco particular de cada
cláusula ou matéria. Precedentes desta Subseção Especializada. Recurso de
embargos conhecido e provido." (E-RR-29400-06.2007.5.03.0099, Rel.
Min. Dora Maria da Costa, SDI-1, DEJT 21/03/2014)

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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

"RECURSO DE EMBARGOS. HORA NOTURNA REDUZIDA.


FLEXIBILIZAÇÃO PARA 60 MINUTOS. ADICIONAL NOTURNO DE
37,14%. VALIDADE DA NORMA COLETIVA. Diante de cláusula de
norma coletiva que concede adicional 37,14%, se verifica flexibilização da
hora noturna ficta de 52,30 minutos para 60 minutos e pagamento em
conjunto com o adicional noturno, cujo percentual leal é de 20%. Não há se
falar em renúncia de direito indisponível, quando a negociação coletiva
alcançou o objetivo da norma que é melhor remunerar o empregado, pela
redução ficta da hora noturna, pela flexibilização dos direitos com
pagamento de vantagem ao trabalhador, o que atende ao princípio contido
no art. 7º, XXVI, da Carta Magna. Embargos conhecidos e providos." (E-
ED-RR - 31600-45.2007.5.04.0232, SBDI-1, Rel. Min. Aloysio Corrêa da
Veiga, DEJT 14/03/2014)

"HORA NOTURNA REDUZIDA. NORMA COLETIVA. O Regional


manteve a condenação da reclamada ao pagamento de diferenças de hora
noturna, concluindo pela invalidade da negociação coletiva que estabeleceu
a hora noturna em sessenta minutos, não obstante a majoração do adicional
para 40%. A jurisprudência desta Corte caminha no sentido de ser válida a
fixação da hora noturna de sessenta minutos por norma coletiva mediante a
fixação do adicional noturno superior ao legal, pois não se trata de
subtração pura e simples de direito legalmente previsto, mas tão somente de
modificação do seu conteúdo com concessões recíprocas, razão pela qual
deve ser privilegiada a autonomia da vontade coletiva, nos moldes do
comando inserto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal. Precedentes da
SDI-1/TST. Recurso de revista conhecido e provido." (RR-813-
52.2014.5.09.0069 Data de Julgamento: 28/06/2017, Relatora Ministra:
Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/06/2017)

"[...] ADICIONAL NOTURNO. HORA NOTURNA DE 60


MINUTOS. ADICIONAL NOTURNO SUPERIOR AO LEGAL. NORMA
COLETIVA. A jurisprudência desta Corte tem se assentado no sentido de
validar a norma coletiva que compensa a ausência de redução ficta da hora
noturna prevista no artigo 73, §1º, da CLT com o aumento do adicional
noturno previsto no caput do referido artigo. Recurso de Revista não
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

conhecido." (RR-28700-72.2009.5.17.0001, Rel. Min. Márcio Eurico Vitral


Amaro, 8ª Turma, DEJT 27/11/2015)

Nego provimento. 

B)   AGRAVO   DE   INSTRUMENTO   EM   RECURSO   DE   REVISTA


INTERPOSTO PELA RECLAMADA.

I – CONHECIMENTO

Registre­se,   de   início,   que   nas   razões   de   agravo


de instrumento, a ora agravante não se insurge contra o decidido em
relação ao tema "Transcendência", de onde se conclui que a parte se
conformou com o teor da decisão de admissibilidade.
Passa­se,   pois,   à   análise   do   tema   abordado   nas
razões de agravo.
Satisfeitos   os   pressupostos   de   admissibilidade
recursal, conheço do agravo de instrumento.

II – MÉRITO

CLÁUSULA   NORMATIVA.   DESCUMPRIMENTO.   MULTA


CONVENCIONAL. INCIDÊNCIA MENSAL. INVIABILIDADE.  

A decisão recorrida:

"A cláusula que disciplina a aplicação de multas encontra-se assim


redigida nos acordos coletivos (cláusula 73 do ACT 2010/2011 - fl. 68;
cláusula 74 do ACT 2011/2012 - fl. 90; cláusula 70 do ACT 2012/2013 - fl.
115; cláusula 71 do ACT 2013/2014 - fl. 144):

"MULTA

Pelo descumprimento de qualquer das cláusulas


acordadas, fica a Empresa infratora obrigada a pagar multa
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

equivalente a 10% (dez por cento) do salário normativo, que


reverterá em favor da parte prejudicada, seja empregado, seja
Sindicato Profissional. Tal penalidade caberá para cada
cláusula descumprida, para cada infração, inclusive em
reincidência."(sem grifo no original).

A matéria já foi analisada por esta 5ª Turma no RO 0000483-


40.2014.5.09.0656, acórdão de relatoria do Exmo. Desembargador
ARCHIMEDES CASTRO CAMPOS JUNIOR, publicado em 03/11/2015,
cujos fundamentos peço vênia para transcrever e adoto como razões de
decidir:

"MULTAS CONVENCIONAIS
(...)
Havendo condenação ao pagamento de horas extras e de
adicional noturno, tem-se por violadas as normas coletivas
respectivas. Por conseguinte, aplicável a multa prevista nas
cláusulas 60, 71, 73, 74 e 75 dos ACTs juntados, de seguinte
teor:

"MULTA. Pelo descumprimento de qualquer das


cláusulas acordadas, fica a Empresa infratora obrigada a
pagar multa equivalente a 10% (dez por cento) do salário
normativo, que reverterá em favor da parte prejudicada,
seja empregado, seja o Sindicato Profissional. Tal
penalidade caberá para cada cláusula descumprida, para
cada infração, inclusive em reincidência."

Estabelecendo a previsão convencional pagamento de


multa por cláusula violada, verifica-se devida uma multa por
direito desrespeitado, inclusive em caso de reincidência, diante
da previsão normativa específica, porquanto por ocasião do
descumprimento de cada norma convencional, havia previsão
expressa de sanção (art. 611, CLT).

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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

Assim, observa-se que as irregularidades, das quais deriva


aplicação das multas, persistiu durante toda a contratualidade e
período de vigência das normas mencionadas.
Portanto, reformo a r. Sentença, para determinar que a
aplicação das multas convencionais se dê em relação a cada
cláusula violada, inclusive em caso de reincidência, e fixar que
as multas em referência não podem exceder o valor da
obrigação principal, por força do disposto no artigo 412 do atual
Código Civil e nos termos da OJ 54 da SDI - 1 TST (Nº 54
MULTA. CLÁUSULA PENAL. VALOR SUPERIOR AO
PRINCIPAL. O valor da multa estipulada em cláusula penal,
ainda que diária, não poderá ser superior à obrigação principal
corrigida, em virtude da aplicação do artigo 412 do Código
Civil de 2002 (art. 920 do Código Civil de 1916)." (destaquei)

Ante o exposto, reformo para determinar a incidência de uma multa


convencional para cada infração, por instrumento coletivo, de forma
mensal, observado o disposto no art. 412 do Código Civil." (fls. 663/664 -
grifos no original)

A   agravante,   fls.   793/800,   sustenta   equívoco   no


julgamento,   porquanto   o   termo   contido   na   norma   coletiva
"reincidência"   não   significa   "mês   a   mês",   razão   pela   qual   não   há
falar em aplicação mensal da multa convencional. 
Indica ofensa aos artigos 611 da CLT e 7º, XXVI,
da Constituição. Traz arestos. 
Ao exame. 
A cláusula controvertida dispõe o seguinte:

"Pelo descumprimento de qualquer das cláusulas acordadas, fica a


Empresa infratora obrigada a pagar multa equivalente a 10% (dez por
cento) do salário normativo, que reverterá em favor da parte prejudicada,
seja empregado, seja Sindicato Profissional. Tal penalidade caberá para
cada cláusula descumprida, para cada infração, inclusive em reincidência."

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fls.20

PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

Como   se   denota,   o   Regional   deu   provimento   ao


recurso ordinário interposto pelo reclamante para determinar que as
multas   convencionais   decorrentes   de   infração   das   cláusulas
normativas   fossem   apuradas   de   forma   mensal,   sem   que   houvesse,   no
entanto, menção expressa no referido instrumento no sentido de que a
multa convencional deve ser apurada mês a mês. 
Nos   moldes   da   orientação   constante   do   artigo   114
do   Código   Civil,   as   cláusulas   normativas   benéficas   devem   ser
interpretadas   restritivamente,   diversamente   da   interpretação   ampla
conferida pelo Tribunal Regional de origem. 
Esta  Corte,   analisando  casos   análogos,  envolvendo
inclusive a ora agravante, adota o entendimento de que mesmo quando
descumpridas cláusulas previstas em instrumentos coletivos, de forma
sucessiva,   ininterrupta,   somente   é   devida   uma   multa   por   cláusula
violada a cada doze meses. 
A   título   exemplificativo,   citam­se   os   seguintes
precedentes:

"MULTAS CONVENCIONAIS. Não há falar em contrariedade à


Súmula nº 384, I, do TST, pois esta não respalda a pretensão da Reclamante
de pagamento da multa normativa em periodicidade mensal, ou em relação
a cada cláusula descumprida da mesma convenção coletiva." (ARR-413-
55.2011.5.04.0013 Data de Julgamento: 24/05/2017, Relatora Ministra:
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/05/2017)

"(...) B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA.


RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. MULTA
CONVENCIONAL. APLICAÇÃO MÊS A MÊS DE TODOS OS
INSTRUMENTOS NORMATIVOS, E NÃO POR CLÁUSULA DE CADA
ESPECÍFICO INSTRUMENTO VIOLADO. OFENSA AO ART. 7°,
XXVI, DA CF. CONFIGURAÇÃO. Demonstrado no agravo de
instrumento que o recurso de revista preenchia os requisitos do art. 896 da
CLT, dá-se provimento ao apelo, para melhor análise da arguição de
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

violação do art. 7°, XXVI, da CF, suscitada no recurso de revista. Agravo


de instrumento provido. C) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
13.467/2017. MULTA CONVENCIONAL. APLICAÇÃO MÊS A MÊS DE
TODOS OS INSTRUMENTOS NORMATIVOS, E NÃO POR
CLÁUSULA DE CADA ESPECÍFICO INSTRUMENTO VIOLADO.
OFENSA AO ART. 7°, XXVI, DA CF. CONFIGURAÇÃO. Do conteúdo
da cláusula normativa que estabelece o pagamento de multa equivalente a
10% do salário normativo em caso de descumprimento de qualquer das
cláusulas da convenção coletiva, inclusive em caso de reincidência, não se
verifica haver previsão expressa de pagamento de uma multa normativa por
mês, e a interpretação que mais se coaduna com os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade é a de ser devida uma multa por cada
cláusula infringida a cada período de vigência dos acordos coletivos de
trabalho. Nesse mesmo sentido, o teor da Súmula 384, I/TST, ao dispor que
o descumprimento de qualquer cláusula constante de instrumentos
normativos diversos não submete o empregado a ajuizar várias ações,
pleiteando em cada uma delas o pagamento da multa referente ao
descumprimento de obrigações previstas nas cláusulas respectivas. Por essa
razão, ainda que a inobservância das cláusulas normativas tenha
configurado uma prática contínua, somente é cabível uma única apenação
por cláusula descumprida a cada período de 12 meses, vigência dos
instrumentos coletivos. Recurso de revista conhecido e provido." (ARR-
777-24.2016.5.09.0656 Data de Julgamento: 03/10/2018, Relator Ministro:
Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
05/10/2018)

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA (BRF S.A.).


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos
13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017 - DESCABIMENTO. MULTA
CONVENCIONAL. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS TRECHOS DA
DECISÃO RECORRIDA QUE CONSUBSTANCIAM O
PREQUESTIONAMENTO DA CONTROVÉRSIA. Diante da redação do
inciso I do § 1º-A do art. 896 da CLT, conferida pela Lei nº 13.015/2014,
não se conhece do recurso de revista quando a parte não indicar o trecho da
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia


objeto do apelo. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. II -
AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA (SEARA
ALIMENTOS LTDA.). RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A
ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017 -
DESCABIMENTO. MULTA CONVENCIONAL. DESCUMPRIMENTO
DE CLÁUSULA NORMATIVA. INCIDÊNCIA MENSAL. Diante de
potencial ofensa ao art. 7º, XXVI, da Constituição da República, merece
processamento o recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e
provido. III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA (SEARA
ALIMENTOS LTDA.). MULTA CONVENCIONAL.
DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA NORMATIVA. INCIDÊNCIA
MENSAL. O TRT concluiu pela análise da norma coletiva, que havia
previsão de pagamento de uma multa para cada mês em que se verificasse a
violação de quaisquer das cláusulas convencionais. Contudo, a norma
autônoma não traz previsão expressa nesse sentido. Esta interpretação não
se harmoniza com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Acrescente-se que o entendimento do TST está firmado no sentido de que é
devida apenas umamultapor cada cláusula infringida a cada período de
vigência da norma coletiva. Recurso de revista conhecido por violação do
artigo 7º, XXVI, da Constituição da República e provido." (ARR - 724-
48.2013.5.09.0656 Data de Julgamento: 10/10/2018, Relator Ministro:
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 19/10/2018)

"PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. RECURSO EM


FACE DE DECISÃO PUBLICADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. PROCESSO EM FASE DE EXECUÇÃO. MULTA
CONVENCIONAL. APLICAÇÃO MÊS A MÊS DE TODOS OS
INSTRUMENTOS NORMATIVOS E NÃO POR CLÁUSULA DE CADA
INSTRUMENTO VIOLADO. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO
ART. 7º, XXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Alcança
admissibilidade o recurso de revista, para o melhor exame da violação do
art. 7º, XXVI, da Constituição da República, quando interposto contra
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.23

PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

decisão do Tribunal Regional, cuja interpretação nega direito previsto em


norma coletiva. Agravo de instrumento conhecido e provido. II -
RECURSO DE REVISTA. PROCESSO EM FASE DE EXECUÇÃO.
MULTA CONVENCIONAL. APLICAÇÃO MÊS A MÊS DE TODOS OS
INSTRUMENTOS NORMATIVOS E NÃO POR CLÁUSULA DE CADA
INSTRUMENTO VIOLADO. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO
ART. 7º, XXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. O TRT
entendeu, quando da análise da norma coletiva, que havia previsão de
pagamento de uma multa para cada mês em que se verificasse a violação de
qualquer das cláusulas convencionais. Contudo, a citada cláusula normativa
não traz previsão expressa de que deve haver pagamento de uma multa por
mês. Esta interpretação não se harmoniza com os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Acrescente-se que o entendimento do
TST é de que é devida apenas uma multa por cada cláusula infringida a
cada período de vigência dos Acordos Coletivos de Trabalho. Por outro
lado, a Súmula n° 384, I, do TST, ao prever que o descumprimento de
qualquer cláusula constante de instrumentos normativos diversos não
submete o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando em cada uma delas
o pagamento da multa referente ao descumprimento de obrigações previstas
nas cláusulas respectivas, corrobora esse mesmo entendimento.
Precedentes. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 7º, XXVI,
da Constituição da República e provido." (RR-163-87.2014.5.09.0656 Data
de Julgamento: 09/05/2018, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/05/2018)
 
"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
13.467/2017. EXECUÇÃO. MULTA CONVENCIONAL. APLICAÇÃO
MÊS A MÊS DE TODOS OS INSTRUMENTOS NORMATIVOS, E NÃO
POR CLÁUSULA DE CADA ESPECÍFICO INSTRUMENTO VIOLADO.
OFENSA AO ART. 7°, XXVI, DA CF. CONFIGURAÇÃO. Demonstrado
no agravo de instrumento que o recurso de revista preenchia os requisitos
do art. 896 da CLT, dá-se provimento ao apelo, para melhor análise da
arguição de violação do art. 7°, XXVI, da CF, suscitada no recurso de
revista. Agravo de instrumento provido. B) RECURSO DE REVISTA.
Firmado por assinatura digital em 13/03/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.24

PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI


13.467/2017. EXECUÇÃO. MULTA CONVENCIONAL. APLICAÇÃO
MÊS A MÊS DE TODOS OS INSTRUMENTOS NORMATIVOS, E NÃO
POR CLÁUSULA DE CADA ESPECÍFICO INSTRUMENTO VIOLADO.
OFENSA AO ART. 7°, XXVI, DA CF. CONFIGURAÇÃO. O TRT, ao
analisar o teor da norma coletiva que previa o pagamento da multa
normativa, concluiu que havia previsão do pagamento de uma multa para
cada mês em que se verificou violação a qualquer das cláusulas
convencionais. Ocorre que, do conteúdo da cláusula normativa que
estabelece o pagamento de multa equivalente a 10% do salário normativo
em caso de descumprimento de qualquer das cláusulas da convenção
coletiva, inclusive em caso de reincidência, não se verifica haver previsão
expressa de pagamento de uma multa normativa por mês, e a interpretação
que mais se coaduna com os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade é a de ser devida uma multa por cada cláusula infringida
a cada período de vigência dos acordos coletivos de trabalho. Nesse mesmo
sentido, o teor da Súmula 384, I/TST, ao dispor que o descumprimento de
qualquer cláusula constante de instrumentos normativos diversos não
submete o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando em cada uma delas
o pagamento da multa referente ao descumprimento de obrigações previstas
nas cláusulas respectivas. Por essa razão, ainda que a inobservância das
cláusulas atinentes às horas extras e ao adicional noturno tenha configurado
uma prática contínua, somente é cabível uma única apenação por cada
cláusula infringida a cada período de 12 meses, vigência dos instrumentos
coletivos. Assim sendo, considerando que as cláusulas normativas benéficas
devem ser interpretadas restritivamente, conforme preceitua o art. 114 do
CCB/02, e em observância aos mencionados princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade, merece provimento o recurso para restabelecer a
sentença que limitou a condenação ao pagamento de 2 (duas) multas, por
descumprimento das cláusulas normativas referentes às horas extras e ao
adicional noturno, a cada período de vigência (12 meses) dos 05(cinco)
instrumentos normativos violados (2008/2009, 2009/2010, 2010/2011,
2011/2012 e 2012/2013). Recurso de revista conhecido e provido." (RR-
164-72.2014.5.09.0656 Data de Julgamento: 20/03/2018, Relator Ministro:

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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT


23/03/2018)

Ante o exposto, em face da possível afronta ao


artigo 7º, XXVI, da Constituição, dou provimento ao agravo de
instrumento para processar o recurso de revista.
Encontrando-se os autos devidamente instruídos,
propõe-se, consequentemente, com apoio no artigo 897, § 7º, da CLT,
o julgamento do recurso na segunda sessão ordinária subsequente à
publicação da certidão de julgamento do presente agravo, reautuando-
o como recurso de revista e observando-se, daí em diante, o
procedimento a ele relativo.

C) RECURSO DE REVISTA

I ­ CONHECIMENTO

Atendidos   os   pressupostos   comuns   de


admissibilidade, examinam­se os específicos do recurso de revista.

CLÁUSULA   NORMATIVA.   DESCUMPRIMENTO.   MULTA


CONVENCIONAL. INCIDÊNCIA MENSAL. INVIABILIDADE.  

Consoante   os   fundamentos   adotados   no   exame   do


agravo de instrumento, o recurso de revista têm trânsito garantido
ante a demonstração de ofensa ao artigo 7º, XXVI, da Constituição.
Diante   do   exposto,  conheço  do   recurso   de   revista
por ofensa ao artigo 7º, XXVI, da Constituição.

II ­ MÉRITO

Como   consequência   lógica   do   conhecimento   do


recurso de revista por violação do artigo 7º, XXVI, da Constituição,
dou­lhe   provimento  para   restabelecer   a   sentença,   no   particular.
Custas inalteradas.  
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PROCESSO Nº TST-ARR-527-88.2016.5.09.0656

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Oitava   Turma   do   Tribunal


Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade:   a)  conhecer  do   agravo   de
instrumento   interposto   pelo   reclamante   e  negar­lhe   provimento;   b)
conhecer  do agravo de instrumento interposto pela reclamada e  dar­
lhe   provimento,  para determinar o processamento do recurso de
revista a ser julgado na segunda sessão ordinária subsequente à
publicação da certidão de julgamento do presente agravo de
instrumento; e c) conhecer do recurso de revista respectivo quanto
ao tema "Cláusula Normativa. Descumprimento. Multa Convencional.
Incidência mensal. Inviabilidade"; por ofensa ao artigo 7º, XXVI, da
Constituição, e, no mérito, dar-lhe provimento, para restabelecer a
sentença, no particular. Custas inalteradas.
Brasília, 13 de março de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DORA MARIA DA COSTA
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 13/03/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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