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Narração: Contar um ou

mais Fatos
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Narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinados


personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, é
contar uma história, que pode ser real ou imaginária.

Ao contrário da descrição, que é estática, a narração é totalmente


dinâmica, predominando os verbos o importante está na ação. No “o
que aconteceu”.
Para narrar um fato ou uma história é importante decidir se você vai
ou não fazer parte da narrativa. Essa decisão determinará o tipo de
narrador a ser utilizado em sua composição. O narrador pode ser de
dois tipos:

- Narrador em 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que


se inclui na narrativa, portanto tem seu campo de visão limitado,
podendo ser chamado de narrador-personagem.

Exemplo:
Estava andando pela rua quando de repente tropecei em um pacote
embrulhado em jornais. Peguei-o vagarosamente, abri-o e vi,
surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.

- Narrador em 3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja,


não se inclui na narrativa. Sendo seu campo de visão imparcial é
chamado também de narrador-observador.

Suas características principais são:


a) onisciência: o narrador sabe tudo sobre a história;
b) onipresença: o narrador está presente em todos os lugares da
história.
Exemplo:
Um homem estava andando pela rua quando de repente tropeçou em
um pacote embrulhado em jornais. Ele pegou vagarosamente, abriu e
viu surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.

Tipos de narrativa
As narrativas mais difundidas são o romance, a novela, o conto e a
crônica (sendo que está última, não é totalmente narrativa).

Romance: descrição ou enredo exagerado ou fantasioso, narrativa


longa que envolve um número considerável de personagens (em
relação à novela e ao conto), maior número de conflitos, tempo e
espaço mais abertos.

Os romances podem ser classificados de acordo com sua temática. Os


tipos mais conhecidos são de amor, de aventura, policial, ficção
científica, psicológico, etc.

Novela: é um romance mais curto, isto é, tem um número menor de


personagens, conflitos e espaços, ou os tem em igual número ao
romance, com a diferença de que a ação no tempo é mais veloz na
novela. Difere em muito da novela de TV, a qual tem uma série de
casos paralelos e uma infinidade de momentos de clímax.

Conto: é uma narrativa mais curta que tem como característica


central sintetizar o conflito, tempo, espaço e reduzir o número de
personagens. Tanto o conto quanto a novela podem abordar qualquer
tipo de tema.

Crônica: as características distintas da crônica são; textos curtos,


leves, que geralmente abordam temas do cotidiano.

Elementos da narrativa
Após escolher o tipo de narrador é necessário conhecer os elementos
básicos de qualquer narração.

Todo e qualquer texto narrativo conta um fato que se passa em


determinado tempo e lugar. A narração só existe na medida em que há
ação; esta é praticada pelos personagens.

Os fatos em geral acontecem por uma determinada causa e desenrola-


se, envolvendo certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário,
portanto, mencionar o momento como tudo aconteceu
detalhadamente, isto é, de que maneira o fato ocorreu. Os
elementos básicos de textos narrativos são:
1. Fato (o que se vai narrar);
2. Tempo (quando o fato ocorreu);
3. Lugar (onde o fato se deu);
4. Personagens (quem participou do ocorrido ou o observou);
5. Causa (motivo que determinou a ocorrência);
6. Modo (como se deu o fato);
7. Consequências.

Após conhecer esses fatos, é preciso saber organizá-los


para elaborar a narração. Sugerimos o modelo a seguir:
Título:
Introdução; 1° parágrafo – explicar que fato será narrado. Determinar
o tempo e o lugar.

Desenvolvimento; 2° e 3° parágrafos – causa do fato e apresentação


dos personagens, modo como tudo aconteceu em detalhes.

Conclusão; consequências dos fatos.


Ao utilizar os recursos acima, poderá narrar qualquer fato, desde os
incidentes que são noticiados nos jornais como; ocorrências policiais,
assaltos, atropelamentos, sequestros, incêndios e até fatos
corriqueiros.

Não se esquecendo que o modelo apresentado é apenas uma sugestão,


sendo possível inverter a ordem dos elementos nele existentes. O
fundamental será contar uma história de modo satisfatório.

Os três elementos mencionados, na introdução, ou seja, fato, tempo e


lugar, não precisam necessariamente aparecer nessa ordem. Podemos
especificar, no início, o tempo e o local, para depois enunciar o fato
que será narrado.

A Narração Objetiva
Observe agora um exemplo de narração sobre um incêndio, criado
com o auxílio do esquema estudado. Lembre-se de que, antes de
começar a escrever, é preciso escolher o tipo de narrador. Optamos
pelo narrador em 3ª pessoa.

O incêndio
Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem, em um apartamento
de propriedade do Sr. Marcos da Fonseca.

No local habitavam o proprietário, sua esposa e seus dois filhos.


Todos eles, na hora em que o fogo começou, tinham saído de casa e
estavam jantando em um restaurante situado em frente ao edifício. A
causa do incêndio foi um curto-circuito ocorrido no precário sistema
elétrico do velho apartamento.
O fogo despontou em um dos quartos que, por sorte, ficava na frente
do prédio. O porteiro do restaurante, conhecido da família, avistou-o e
imediatamente foi chamar o Sr. Marcos. Ele, mais que depressa, ligou
para o Corpo de Bombeiros.
Embora não tivessem demorado a chegar, os bombeiros não
conseguiram impedir que o quarto e a sala ao lado fossem
inteiramente destruídos pelas chamas. Não obstante o prejuízo, a
família consolou-se com o fato de aquele incidente não ter tomado
maiores proporções, atingindo os apartamentos vizinhos.

Observaremos as características dessa narração. O narrador está na


3ª pessoa, pois não toma parte da história; não é nem membro da
família, nem o porteiro do restaurante, nem um dos bombeiros e
muito menos alguém que passava pela rua na qual se situava o prédio.
Outra característica que deve ser destacada é o fato de a história ter
sido narrada com objetividade: o narrador limitou-se a contar os fatos
sem deixar que seus sentimentos, suas emoções transparecessem no
decorrer da narrativa.

Este tipo de composição denomina-se narração objetiva. É o que


costuma aparecer nas “ocorrências policiais” dos jornais, nas quais os
redatores apenas informam os fatos, sem se deixar envolver
emocionalmente com o que estão noticiando. Este tipo de narração
apresenta um cunho impessoal e direto.

A Narração Subjetiva
Existe também outro tipo de composição chamada narração subjetiva.
Nela os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os
sentimentos envolvidos na história. Nota-se claramente a posição
sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. O fato
não é narrado de modo frio e impessoal; ao contrário, são ressaltados
os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos
personagens. É, portanto, o oposto da narração objetiva.

Daremos agora um exemplo de narração subjetiva, elaborada também


com o auxílio do esquema estudado. Escolheremos o narrador na 1ª
pessoa. Essa escolha é perfeitamente justificável, visto que,
participando da ação, ele envolve-se emocionalmente com maior
facilidade na história. Isso não significa, porém, que uma narração
subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa e vice-versa.

O desaparecido
“Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de
antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e
então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e
penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e
limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de
mim”.

BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record,


1988.

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