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Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Presidente Ministro Ricardo Lewandowski
Corregedor Nacional de Justiça Ministra Nancy Andrighi
Conselheiros Ministro Lelio Bentes Corrêa
Ana Maria Duarte Amarante Brito
Flavio Portinho Sirangelo
Deborah Ciocci
Saulo José Casali Bahia
Rubens Curado Silveira
Luiza Cristina Fonseca Frischeisen
Gilberto Valente Martins
Paulo Eduardo Pinheiro Teixeira
Gisela Gondin Ramos
Emmanoel Campelo de Souza Pereira
Fabiano Augusto Martins Silveira
EXPEDIENTE
Secretaria de Comunicação Social
Secretária de Comunicação Social Giselly Siqueira
Projeto gráfico Eron Castro
Revisão Carmem Menezes
2015
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
Seja bem‑vindo(a)!
Esta coletânea Dicas de Português nasceu a partir do material publi‑
cado pela Comunicação Interna do Conselho Nacional de Justiça na
intranet e está agora disponível para você!
Aqui, você encontrará dicas reunidas em cinco livretos temáticos –
Morfologia e Fonologia; Sintaxe; Redação Oficial; Produção de Texto e
Variados – lançados como parte das celebrações dos 10 anos do CNJ.
O foco é língua portuguesa padrão, apresentada segundo a teoria
gramatical e acompanhada de prática em exercícios.
Este material foi uma ideia concebida pela Secretaria de Comunica‑
ção Social em 2010 para o aprimoramento linguístico dos servidores
e colaboradores. De lá pra cá, revisoras de texto abraçaram a causa,
que, atualmente, possui espaço específico na intranet, além de ser
enviada por e‑mail semanalmente a todos do CNJ!
Assim como o CNJ aproxima a Justiça do cidadão, esperamos que
você se regale com nossos livretos e que eles aproximem você da
língua portuguesa padrão!
Rejane Rodrigues
Chefe de Seção de Comunicação Institucional
Giselly Siqueira
Secretária de Comunicação Social
Sumário
Traços semânticos e relação de sentido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Sobre padronização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Sobre abreviatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Texto limpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Em defesa do Idioma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Códigos na Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Paralelismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Abreviaturas e siglas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Pleonasmos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Sobre separações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
É antevéspera de Natal! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
A regra manda usar a forma curta com os O “i” e o “u” antecedidos de ditongo perdem
auxiliares ser e estar (o jogo foi ganho, o o acento agudo: feiura, baiuca.
9
Os ditongos abertos “éi, ói” transformam‑se 10. REJEITAM O HÍFEN:
em “ei oi”: ideia, joia, jiboia (o acento per‑ 10.1 Os prefixos terminados em vogal dife‑
manece nas oxítonas e monossílabas: rente da vogal com que se inicia o segundo
“papéis, herói, dói”). elemento: aeroespacial, agroindústria, antie‑
ducação, autoescola, coedição, coautor, infra‑
Os acentos diferenciais também deixam de estrutura, plurianual, semiopaco.
existir: “pelo, para, polo, pera” (mantêm‑se
10.2 Nos prefixos terminados em vogal que
o circunflexo de “pôde” e do verbo “pôr”).
se juntam a palavras começadas por r ou s
9. EXIGEM O HÍFEN SEMPRE duplicam‑se o r e o s para manter a pronún‑
cia: antirrábico, antissocial, contrarrazão,
9.1 Os prefixos seguidos de h: anti‑higiênico,
contrassenso, biorritmo, minissaia, ultrassom,
super‑homem, micro‑história, sobre‑humano,
ultrarrigoroso.
ultra‑heroico, proto‑história. Exceção: subu‑
mano.
Fonte: De acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua
9.2 Além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem, Portuguesa (VOLP). 5. ed. São Paulo: Global, 2009, com nota explicativa.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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Comparativo entre linguagem O sobrenome de todos os autores é
coloquial e linguagem acadêmica explicitado na primeira citação, como o
exemplo anterior. “Da segunda citação
»» Linguagem coloquial. Ex.: Este estudo
em diante só o sobrenome do primeiro
é resultado de pesquisa de campo. Os
autor é explicitado, seguido de “e cols.” E o
dados da pesquisa estão disponíveis
ano, se for a primeira citação de uma refe‑
à comunidade científica. Esta afirma‑
rência dentro de um mesmo parágrafo:
ção tem sérias implicações. Falou‑se
“Spielberger e cols.(1994) verificaram que
sobre o tema em diversas oportuni‑
[primeira citação no texto]. Spielberger e
dades.
cols. verificaram [omita o ano em cita‑
»» Linguagem acadêmica. Ex.: Este estudo ções subsequentes dentro de um mesmo
resulta da pesquisa de campo. Este tra‑ parágrafo]”.
balho constitui‑se em resultado de pes‑
Exceção: Se a forma abreviada gerar apa‑
quisa de campo. Os dados da pesquisa
rente identidade de dois trabalhos em que
encontram‑se disponíveis à comuni‑ os coautores diferem, estes são explici‑
dade científica. Esta afirmação contém tados até que a ambiguidade seja elimi‑
sérias implicações. Discutiu‑se o tema nada. Os trabalhos de Hayes, S.C., Browns‑
em diversas oportunidades. tein, A.J.Haas, J.R. e Greenway, D.E.(1986)
e Hayes, S.C. Brownstein, A.J., Zettle, R.D.,
Rosenfarb, I. & Korn, Z. (1986) são assim
citados: “Hayes, Brownstein, Haas e cols.
Tipos Comuns de (1986) e Hayes, Brownstein, Zettle e cols.
Citação no Texto (1986) verificaram que…”
Na seção de Referências todos os nomes
Citação de artigo de autoria
são relacionados.
múltipla
3 Seis ou mais autores
1 Dois autores
No texto, desde a primeira citação, só o
O sobrenome dos dois é explicitado em
sobrenome do primeiro autor é mencio‑
todas as citações, usando “e” conforme o
nado, seguido de “e cols..”, exceto se este
que segue: “O método proposto por Sique‑
formato gerar ambiguidade, caso em que a
land e Delucia (1969), mas “o método foi
mesma solução indicada no item anterior
inicialmente proposto para estudo da visão
deve ser utilizada: Rodrigues e cols. (1988).
(Siqueland e Delucia, 1969)”
Na seção de Referências todos os nomes
2 De três a cinco autores são relacionados.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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4 Folha contendo Abstract. »» relações contextuais ou pragmáticas:
5 Texto propriamente dito intenções implícitas ou explícitas do
6 Referências. autor e as convenções socioculturais
que repercutem na produção do texto;
7 Anexos.
8 Folha contendo título de todas as figuras, »» relações intertextuais: antecedente tex‑
numeradas conforme indicado no texto. tual ao qual o texto se posiciona que
9 Figuras, incluindo legenda, uma por página podem ser correlacionadas como nos
em papel e por arquivo de computador. seguintes casos:
Tabelas, incluindo títulos e notas, uma por ››alusão – referência rápida ao pensa‑
página em papel e por arquivo de compu‑ mento ou frase de autor bem conhe‑
tador. cido;
››citação – passagem tomada de um
Fonte: PIS.: Teor e Pesq., Brasília, set./dez.2001, vol.17 n. 3.
autor, ou pessoa célebre, para ilustrar
ou apoiar o que se diz;
››paráfrase – reprodução das ideias de
Análise e síntese de um texto em outro texto, isto é, por
outras palavras;
textos diversos
››epígrafe – especial, de autor conhe‑
Analisar = significa dividir um conjunto cido, a qual antecede um livro, um
para descobrir e revelar elementos de seu artigo, uma monografia, uma tese
todo e especificar as relações dos elemen‑ acadêmica;
tos entre si.
››paródia – apropriação de um texto pri‑
Leitura analítica = leitura reflexiva pau‑ mitivo com intenções críticas, humo‑
sada, com releituras, visando apreender rísticas ou apelativas.
e criticar a montagem orgânica do texto.
Estratégias articuladas para esse tipo de
leitura:
Cuidados no momento
»» relações textuais: envolvem a orga‑
nização do texto, compreendendo o de construir o texto
título, os subtítulos (quando houver),
Falta de paralelismo
a estruturação dos parágrafos, as rela‑
ções de coesão e coerência e o conteúdo Quando se coordenam elementos (subs‑
lógico‑semântico do texto; tantivos, adjetivos, advérbios, orações),
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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Sobre padronização lia, 1.º de junho de 2010. Brasília, 2 de
junho de 2010. Brasília‑DF, 27 de junho
»» A localidade não pode sofrer abrevia‑ de 2010;
tura em datas de documentos;
»» Datas que se tornaram efemérides são
»» A unidade da federação não é obrigató‑ escritas por extenso: O Sete de Setem‑
ria em datas de documentos; bro, o Quinze de Novembro, o Dois de
Julho. Mas (dia 1.º): o 1.º de Janeiro, o
»» O primeiro dia é sempre ordinal. Não
1.º de Maio;
existe zero antes dos números do 2 ao 9;
»» As décadas podem ser menciona‑
»» O mês é sempre minúsculo e por
das sem a referência ao século (salvo
extenso;
quando houver possibilidade de confu‑
»» Não existe ponto entre o milhar e a cen‑ são). O “milagre econômico” da década
tena no ano: 2010 (não: 2.010); de 70. Os anos 20 foram fortemente
»» Nos casos em que for cabível o uso da influenciados pela Semana de Arte
data abreviada (nunca na data do docu‑ Moderna de 1922. Na década de 1850.
mento), não se deve pôr zero à esquerda
do número no dia e no mês: 5/6/2009
(não: 05/06/2009);
O uso de maiúsculas
»» No interior do texto, as datas e os anos
podem ser escritos de forma plena ou e minúsculas diante
abreviada. No entanto, em redação ins‑ do Novo Acordo
titucional, a preferência é pela forma
extensa. O primeiro dia do mês é desig‑
Ortográfico
nado com ordinal também. O Brasil Minúsculas
proclamou a independência em 7 de
O Novo Acordo sistematiza a utilização de
setembro de 1822. Entre 1986 e 1988,
minúsculas em início de palavra. Assim, e
o Congresso elaborou a atual Cons‑
como já acontece nos nomes dos dias da
tituição brasileira, assinada em 8 de
semana, escrevem‑se com inicial minúscula:
outubro de 1988. O Brasil foi campeão
mundial de futebol em 1958, 1962, 1970, a) meses do ano: janeiro, fevereiro, março,
1994 e 2002. O documento foi assinado abril, maio, junho, julho, agosto, setem‑
em 1º de abril de 2004; bro, outubro, novembro e dezembro;
»» Se a data não estiver centralizada, b) pontos cardeais e colaterais: norte, sul,
indica‑se o uso de ponto final. Brasí‑ este oeste, nordeste, noroeste, sudeste,
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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»» Pessoas = pess. ções clínicas usualmente encontradas
na insuficiência respiratória aguda são:
»» Construção: constr.
»» Secretário: secr. ››Dificuldade em articular frases ou
palavras
Depois de dois‑pontos, usar letra maiús‑
cula ou minúscula? ››Cianose periférica ou central
»» Iniciar cada item com letra minúscula Fonte: Manual de redação da PUC, Rio Grande do Sul. Disponível em:
<www.pucrs.br/manualred/abreviaturas.php>. Acesso em: 27 out.
e terminar com ponto‑e‑vírgula, com 2010, 10h20.
exceção do último item, que acaba com
ponto final. Exemplo:
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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»» Possessivo “seu” e “sua”: O “seu” cons‑ Em defesa do Idioma
titui uma das piores pragas do texto.
Além de sobrecarregar a frase, com Com o propósito de respeitar e de valorizar
frequência torna o enunciado ambí‑ o idioma pátrio – a Língua Portuguesa –,
guo: A campanha foi equilibrada até o deve‑se empregar:
(seu) final. Para manter o (seu) ritmo
a) apagão, em vez de Black‑out;
de crescimento, o agronegócio precisa
de excelentes estradas. O empresário b) apagar ou eliminar, em vez de deletar;
endurece as (suas) críticas ao governo. c) cafezinho, em vez de coffee‑break;
»» Pronome “todos”: O artigo definido d) campo, em vez decountry;
tem íntima relação com o indefinido
e) comércio livre, em vez de free‑shop;
todos. Ao dizer “os metroviários ade‑
riram à greve”, englobam‑se todos os f) congestionamento, em vez de rush;
metalúrgicos. Não há necessidade de
g) cópia ou fotocópia, em vez de xerox;
dizer “todos os metroviários aderiram
à greve”. Se não são todos, dispensa‑se h) cópia de segurança, em vez de back‑up;
o artigo: “Metroviários aderiram à i) desempenho, em vez de performance;
greve”. Mais exemplos: Estudo inglês
j) dietético, em vez de diet;
todas as segundas e quartas‑feiras.
(Estudo inglês às segundas e quar‑ k) dinheiro, em vez de money;
tas‑feiras.) O governo quer todas as
l) endereço ou correio eletrônico, em vez
crianças na escola. (O governo quer
de e‑mail;
as crianças na escola.) Faço plantão
todos os domingos. (Faço plantão aos m) espetáculo, em de show;
domingos.) n) exame geral de saúde, em vez de
»» Advérbios: Se não for para indicar com check‑up;
exatidão a circunstância em que os o) exibição de filmes curtos, em vez de
fatos aconteceram, o termo pode ser trailer;
retirado da frase sem prejuízo. Lem‑
p) jogo final, em vez de play‑off;
bre‑se de que o desnecessário sobra:
(Como todos sabem), os textos pro‑ q) laço, em vez de link;
fissionais devem(sempre) ser escritos
r) leiaute, em vez de lay‑out;
(literalmente) com economia verbal.”
s) marca, em vez de grife;
FONTE: SQUARISI, Dad. Dicas de Português. Correio Braziliense, 27 de
março de 2011. Caderno Diversão & Arte, p. 9. t) moda, em vez de fashion;
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
u) nova chamada ou nova ligação, em vez aberto) É necessário que você apresente
de redial; seus comentários em cinco dias (ou até
amanhã, ou até a próxima semana, ou até
v) portal, em vez de homepage;
tal dia). (Código fechado)
w) posições de largada, em vez de grid
– O diretor quer avaliar suas impressões
de largada;
sobre o referido projeto. (Código aberto) O
x) rede, em vez de net; diretor quer avaliar seus conhecimentos
y) salão, em vez de hall; de informática com relação àquele projeto.
(Código fechado)
z) sentimento ou sensação, em vez de
feeling. – O garoto presenciou o desastre da ponte.
(Ambíguo) O garoto assistiu ao desastre
FONTE: SCHLITTLER, José Maria Martins. Manual Prático de Redação. que ocorreu com a ponte. (Conciso)
2. ed. rev., ampl. e atual. conforme a Nova Ortografia. Campinas/SP:
Servanda, 2010.
– Duzentos mil estudantes vão à escola
de metrô por dia. (Ambíguo) O problema
reside em a locução adjetiva “de metrô”
estar após o substantivo “escola”, tendo‑se,
Códigos na com isso, a impressão de que a escola é
Comunicação de metrô. Opção: Com o metrô (ou pelo
metrô), todos os dias (ou diariamente),
A comunicação se efetua por meio de duzentos mil estudantes vão à escola.
código entre significante e significado. O (Claro)
código é um conjunto de signos que se
relacionam entre si com o propósito de FONTE: SCHLITTLER, José Maria Martins. Manual Prático de redação
profissional. 2.ed. rev., ampl. e atual. conforme a Nova Reforma
gerar e transmitir mensagens. Ortográfica. Campinas/SP: Servanda, 2010.
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velocidade. Ou: Este é um carro pos‑ trial, administrativa ou desportiva. Ex.:
sante e veloz. ONU (Organização das Nações Unidas),
ESG (Escola Superior de Guerra).
»» Falta de paralelismo semântico aspecto
lógico‑semântico Distinção entre abreviaturas
»» Ana tem um carro a gasolina e outro e Siglas
importado. Abreviaturas: Exigem ponto de abreviação,
»» Corrigindo: Ana tem um carro a gaso‑ referem‑se a termos próprios e comuns,
lina e outro a álcool, ou: Ana tem um admitem flexão de gênero e de número,
carro nacional e outro importado. desconsideram a eufonia, constituem‑se
por letras iniciais, iniciais + finais, iniciais
»» Falta de paralelismo rítmico dar relevo ao + medianas + finais
pensamento
Siglas: Rejeitam ponto de abreviação, refe‑
»» Se você gritasse/Se você gemesse/Se rem‑se apenas a termos próprios, admitem
você cansasse/Se você morresse.../Mas flexão apenas de número, Consideram a
você não morre,/Você é duro, José. eufonia, Constituem‑se por letras iniciais
ou por parte dos termos próprios.
Fonte: AZEREDO, José Carlos de. Gramática da Língua Portuguesa. 3.
ed. São Paulo: Publifolha, 2010.
Fonte: SCHLITTLER, José Maria Martins. Manual Prático de Redação
Profissional. 2.ed.rev., ampl. e atual. conforme a Nova Reforma
Ortográfica. Campinas/SP: Servanda Editora, 2010.
Abreviaturas e siglas
A abreviatura é a substituição da forma Pleonasmos
íntegra ou plena de uma palavra pela cor‑
respondente forma reduzida, o que signi‑ Assim como as pessoas, palavras também
fica dizer, portanto, que é a indicação resu‑ às vezes andam em más companhias. Evite
mida de determinado vocábulo. Ex.: A/C usar:
(Ao Cuidado ou Aos Cuidados), Cia. (Com‑ »» Ganhar grátis;
panhia), P.S. (Post Scriptum‑Pós‑escrito).
»» Acabamento final;
A Sigla é uma espécie de abreviatura cons‑
tituída de iniciais ou das primeiras sílabas »» Monopólio exclusivo;
dos vocábulos que compõem uma expres‑ »» Surpresa inesperada;
são designativa de um nome institucional
»» Hábitat natural;
ou entidade de âmbito comercial, indus‑
»» Experiência anterior.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
»» S/Z: riqueza, vazio, deslizar, atraso, AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa.
visor, análise, analisar, estender. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2010.
Dicas sobre
endereçamento
Informação implícita Padronização de grafia
e flexões »» As palavras rua, avenida, alameda,
praça e similares são escritas em
Informação implícita/pressuposta
minúsculas e podem ser abreviadas.
Uma informação se diz pressuposta em um
»» Nomes de vias públicas são escritos com
enunciado se ela é uma condição lógica da
iniciais em maiúscula, inclusive quando
validade desse mesmo enunciado. Assim,
precedidos de títulos, que podem ser
ao dizer “Perdi minha carteira” ou sua
abreviados: av. Dom Pedro 1.º, r. Dr. Rafael.
negação – “não perdi minha carteira” –, a
pessoa também está informando que pos‑ »» O código de endereçamento postal deve
suía/possui uma carteira. A informação da ser precedido da sigla CEP e vir antes do
posse da carteira é pressuposta. nome da cidade e da sigla da unidade
23
da Federação, sem ponto de milhar: CEP Valorize o idioma
05454‑055, São Paulo/SP.
pátrio
Fonte: Manual da redação: Folha de S.Paulo. São Paulo: Publifolha, 2010.
Segundo Napoleão Mendes de Almeida, “a
língua é a mais viva expressão da nacio‑
nalidade”. E continua: “Como havemos de
Sobre separações querer que respeitem a nossa nacionali‑
Questões sobre separação dade se somos os primeiros a descuidar
de sílabas daquilo que a exprime e representa: o
idioma pátrio?”
Atenção: Pode até ser simples e evidente,
mas não devemos confundir partição de Portanto, segue um reforço:
sílabas com hifenização ou translineação.
EM VEZ DE DIGA
A partição ocorre quando o vocábulo não
cabe todo em uma linha e desce para a play‑off jogo final
seguinte. Já a hifenização serve para ligar
link laço
palavras compostas, pronomes oblíquos e
vocábulos no fim de linha. A translineação grife marca
ocorre na impressão e apresenta algumas
regrinhas básicas. fashion moda
»» Dissílabos como “ato, unha, caí” etc. não
nova ligação ou nova
devem se partir; redial
chamada
»» A partir de três sílabas, não se isola a
home page portal
sílaba formada por uma vogal: La‑goa
e não La‑go‑a.
grid de largada posições de largada
»» Ao translinear palavras compostas, na
partição hifenizada, deve‑se repetir o net rede
hífen.
hall salão
Ex.: saca‑
‑rolhas; sentimento ou
arco‑ feeling
sensação
‑íris.
Fonte: SCHLITTLER, José Maria Martins. Manual prático de redação
Fonte: ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua profissional. 2. ed. ver., ampl. e atual. conforme a Nova Reforma
portuguesa. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. Ortográfica. Campinas/SP: Servanda, 2010.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
Descubra a melhor OU
8 horas; 9 horas.
OU
8h; 9h (sem “s” e sem ponto depois do h)
Respeite a língua
Horas parceladas:
tupiniquim
8h30min; 9h45min (sem dar espaço entre A valorização e o respeito pelo
os elementos e sem usar ponto depois de Idioma Pátrio: por ele devemos
“h” e “min”) empregar...
A grafia de horas com dois pontos – 8:00; »» apagão, em vez de Black‑out;
9:00; 10:05; 14:20 – só é utilizada para áreas »» apagar/eliminar/suprimir, em vez de
específicas como em anotações de progra‑ deletar;
mação com horário de sequência, de pas‑
»» cafezinho, em vez de coffe‑break;
sagem, de competições, agenda e horários
anunciados pela televisão. »» campo, em vez de country;
25
»» cópia/fotocópia, em vez de Xerox; Vimos por meio desta, a pedido de nosso res‑
peitabilíssimo gerente comercial, apresentar
»» cópia de segurança, em vez de back‑up; nossas justificativas em razão do atraso do
»» desempenho, em vez de performance; pagamento. Outrossim, queremos apresen‑
tar nossos pedidos de desculpas e apresentar
»» dietético, em vez de diet; novas propostas de parceria, de acordo com o
que ficou resolvido na última reunião.
»» dinheiro, em vez de Money;
Sem mais que se possa acrescentar para o
»» endereço/correio eletrônico, em vez de momento, despedimo‑nos e deixamo‑nos à dis‑
e‑mail; posição para quaisquer esclarecimentos. Des‑
tarte, agradecemos a compreensão de todos.”
»» espetáculo, em vez de show;
Visando tornar o discurso mais claro, obje‑
»» exame geral de saúde, em vez de tivo e preciso, reformulemos as ideias nele
check‑up. expressas. Sendo essas evidenciadas da
seguinte forma:
Fonte: SCHLITTLER, José Maria Martins. Manual de redação
profissional. 2. ed. ver., ampl. e atual. conforme a Nova Reforma
“Prezados fornecedores,
Ortográfica. Campinas/SP: Servanda, 2010. Informamos que, por razões financeiras, não
pudemos efetuar o pagamento em tempo
hábil e que as medidas já foram tomadas para
que a situação tão logo se resolva.
A princípio pode até ser que o termo em Sem preciosismos exagerados, nem tam‑
referência nos soe meio estranho. Mas, pouco palavras em excesso, o discurso
pôde se materializar de forma plausível.
na verdade, ao compreendermos melhor,
percebemos que é algo bastante comum, Fonte: Vânia Maria do Nascimento Duarte – Portal Brasil Escola
em se tratando das muitas circunstâncias
comunicativas com as quais convivemos
cotidianamente, sobretudo aquelas ineren‑
tes à linguagem escrita. Brincando com anexos
Partindo desse pressuposto, analisemos Pessoas que lidam com redação oficial
um caso representativo no qual detecta‑ estão sempre se encontrando com a locu‑
mos possíveis desvios: ção adverbial “em anexo” ou com o adjetivo
“Prezados fornecedores, “anexo”.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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Destaque para algo que você leu atrás: a) dois‑pontos: marcam sensível sus‑
crase. Sim, é a mesma crase que causa pensão da voz na melodia de uma
arrepios naqueles que querem escrever frase não concluída. Anunciam: uma
um português escorreito. Crase define‑se citação, uma enumeração explicativa,
como um fenômeno fonológico em que um esclarecimento, síntese ou conse‑
duas vogais subsequentes e idênticas quência do que foi enunciado;
fundem‑se em uma só. Assim, no verso b) ponto de interrogação: é usado no
“Tinhas a alma de sonhos povoada”, no fim de qualquer interrogação direta,
trecho “a alma” ocorre crase, e isso é signi‑ ainda que a pergunta não exija res‑
ficativo para a contagem de sílabas. No tre‑ posta;
cho “João entregou a a menina as cartas”,
c) ponto de exclamação: marca entona‑
a crase da preposição com o artigo é tão
ção exclamativa. Emprega‑se depois
significativa que é marcada por um acento
de interjeição ou de imperativo;
gráfico, o acento grave.
d) reticências: marcam uma interrup‑
Uma semana entusiasmada para você! ção na frase e, consequentemente,
a supressão da sua melodia. Empre‑
gam‑se para: supressão de ideias,
inflexão de natureza emocional, para
Pontuação: Marcando indicar que a oração gramatical ter‑
na escrita nuanças minou, mas a ideia não, e outros usos.
Têm valor estilístico apreciável;
da fala
e) aspas: empregam‑se no começo e
Vamos tratar dos sinais gráficos que ten‑ no final de uma citação, para fazer
tam ajudar na reprodução escrita das sobressair estrangeirismos, arca‑
nuanças da fala. Como marcar a entonação ísmos, neologismos, vulgarismos;
de pergunta, exclamação ou uma pausa? para acentuar valor significativo de
Com os sinais de pontuação, a qual pode uma palavra; para realçar palavra ou
ser definida como “arte de dividir, por meio expressão e o título de uma obra;
de sinais gráficos, as partes do discurso que f) parênteses: são empregados para
não têm ligação íntima, e de mostrar de intercalar no texto qualquer indica‑
modo mais claro as relações que existem ção acessória, como explicação, refle‑
entre essas partes”, segundo Júlio Ribeiro. xão, nota emocional;
São sinais de pontuação que marcam g) colchetes: são uma variedade dos
melodia e entonação: parênteses e empregados quando,
28
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
em uma transcrição de texto alheio, o leia‑o em voz alta. O grupo fônico ficará
autor intercala observações próprias; evidente e isso o ajudará a identificar onde
cabe e onde não cabe ponto (qualquer um
h) travessão (traço maior que o hífen):
dos três tipos).
indica, nos diálogos, a mudança
de interlocutor e isola palavras ou O ponto também marca abreviatura. Toda
frases, em uso semelhante ao dos abreviatura deve ter ponto: “p.” (de página),
parênteses. Usado para ligar palavras “ap.” (de apartamento), “atte.” (de atencio‑
como em “viagem Rio–Lisboa”. samente).
29
Quer ler algo interessante sobre pontua‑ A vírgula também separa a data do lugar
ção? Clique aqui. / cidade, como em “Brasília, 10 de dezem‑
bro de 2013” e indica a supressão de uma
Uma boa semana!
palavra, que pode ser recuperada pelo
contexto, como em “Ela deu os sapatos e
ele, o vestido”, em que a vírgula marca a
Vírgula, onde estás? elipse da forma verbal “deu”, que pode ser
recuperada pelo contexto.
Vamos comentar o emprego da vírgula, Em um período, a vírgula separa orações
também conhecida, desde antigamente, coordenadas sem conjunção (assindéticas),
por “coma”. É um sinal que marca uma como em “Eu comia, bebia, me divertia sem
pausa de pequena duração e separa ele‑ medo”. E também:
mentos de uma oração, mas também
orações de um só período. As vírgulas não »» separa todas as orações coordenadas
marcam respiração. Um truque para saber com conjunção (sindéticas), à exceção
onde pode caber uma vírgula é ler o texto das aditivas, como em “Estava com
em voz alta: as pausas saltam aos olhos. fome, mas não havia comida” e “Trouxe
o prato e pegou os talheres”;
Importante repetir os dois princípios anun‑
ciados na semana passada: vírgulas isolam »» isola orações intercaladas, como em
termos explicativos e vírgulas não separam “Sorriu, percebi, e continuou em frente”;
termos essenciais da oração. »» isola orações adjetivas explicativas,
Em uma oração, a vírgula separa elemen‑ como em “Patrícia, que estava atrasada,
tos com a mesma função sintática, quando ligou e deu satisfação ao chefe”;
não há “e, nem, ou”, como em “Maria com‑ »» separa orações adverbiais, principal‑
prou batata, cenoura e mandioca”, em que mente as antepostas à oração princi‑
“batata, cenoura e mandioca” são objetos pal: “Se eu quiser, posso mudar o meu
diretos de “comprou”. E também separa mundinho” ou “Os congestionamentos
elementos para realçá‑los: aumentam, porque a quantidade de
»» isola vocativo, como em “João, venha cá”; carros aumenta” ou “Embora tivesse a
oportunidade, deixou de fazer o bem”.
»» isola aposto, como em “Pedro, o menino
de ouro, trouxe suas medalhas”; Dadas as explicações, vamos às perguntas
e às respectivas respostas:
»» isola adjunto adverbial antecipado,
como em “Neste Natal, não percamos 1) E se o adjunto adverbial antecipado
a oportunidade de fazer o bem”. for pequeno (com uma palavra só)?
30
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
31
Uso de Maiúsculas e c) Nos bibliônimos (após o primeiro elemento,
que é com maiúscula, os demais vocábulos,
minúsculas: quando a podem ser escritos com minúscula, salvo
nos nomes próprios nele contidos, tudo
tradição fala mais alto em grifo): O Senhor do Paço de Ninães,
O senhor do paço de Ninães, Menino de
Nesta semana, vamos tratar do uso de Engenho ou Menino de engenho, Árvore e
letras maiúsculas e minúsculas nos tex‑ Tambor ou Árvore e tambor.
tos do seu dia a dia. Apesar de parecer um d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
assunto pueril, em determinadas situações
e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas
da vida adulta, a inadequação de uso pode abreviaturas); norte, sul (mas: SW sudoeste).
trazer sérios prejuízos... f) Nos axiônimos e hagiônimos (opcional‑
A distinção gráfica entre letras maiúscu‑ mente, neste caso, também com maiús‑
cula): senhor doutor Joaquim da Silva,
las e minúsculas não existia à época do
bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo;
latim clássico, mas apenas a partir da santa Filomena (ou Santa Filomena).
Idade Média, quando, nos mosteiros, eram g) Nos nomes que designam domínios do
reproduzidas obras de arte – como livros – saber, cursos e disciplinas (opcionalmente,
e se verificou ser mais difícil de ler um também com maiúscula): português (ou
texto todo escrito com maiúsculas. Desde Português), matemática (ou Matemática);
línguas e literaturas modernas (ou Línguas
então, convenções ortográficas vêm‑se se
e Literaturas Modernas).
sucedendo. Aqui, um pouco dessa história.
2º) A letra maiúscula inicial é usada:
Previsto para tornar‑se a única regra a) Nos antropônimos, reais ou fictícios: Pedro
de ortografia em 1º de janeiro de 2016, Marques; Branca de Neve, D. Quixote.
o Acordo Ortográfico de 1990, disponí‑ b) Nos topônimos, reais ou fictícios: Lisboa,
vel aqui, em seu Anexo I, na Base XIX, reza Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida,
que (transcrição com exclusão da grafia Hespéria.
lusitana das palavras): c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou
mitológicos: Adamastor; Netuno.
Base XIX d) Nos nomes que designam instituições:
Das minúsculas e maiúsculas Instituto de Pensões e Aposentadorias da
Previdência Social.
1º) A letra minúscula inicial é usada:
e) Nos nomes de festas e festividades: Natal,
a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.
língua nos usos correntes.
f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itá‑
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do lico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São
ano: segunda‑feira; outubro; primavera. Paulo (ou S. Paulo).
32
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
33
Hífen e abreviaturas: 6) Na ligação de duas ou mais palavras
que ocasionalmente se combinam,
o que a ABL e o Volp formando encadeamentos vocabula‑
nos dizem res como “ponte Rio‑Niterói, ligação
Angola‑Moçambique” etc.
Continuando nossos estudos, vamos tra‑
7) Na ênclise e na tmese: “amá‑lo,
tar de dois assuntos nesta semana: hífen
eis‑me, amá‑lo‑ei,”.
e abreviaturas.
E com os prefixos e sufixos? Como se usa o
O Acordo Ortográfico de 1990, na Base
hífen? É hora da solução: consulte o Voca‑
XV, na XVI e na XVII, descreve os usos do
bulário Ortográfico da Língua Portuguesa
hífen em contextos distintos. A ideia aqui
(Volp), publicado pela Academia Brasileira
não é ser exaustivo, mas indicar os princi‑
de Letras (ABL), disponível aqui. Assim,
pais usos e propor solução para os demais você vai incorporando novas palavras ao
casos, a qual resolverá todos os problemas. seu dia a dia já da forma correta.
Então, emprega‑se hífen:
As reduções, por sua vez, existem desde
1) Nas palavras compostas em que
sempre, e o Volp as diferencia em três
não há preposição entre os elemen‑
tipos: a) reduções tradicionais, como “Sr.,
tos, os quais conservam acento pró‑
V.Ex., Profa.”; b) reduções específicas de
prio: “médico‑cirurgião, ano‑luz,
uma obra especializada, como as abre‑
guarda‑noturno, primeiro‑ministro” etc. viações usadas em teses e dissertações
2) Nos topônimos em que os elementos acadêmicas; e c) reduções convenciona‑
estejam ligados por artigo: “Baía de das internacionalmente. Há também as
Todos‑os‑Santos”. siglas, como EUA, de “Estados Unidos da
3) Nas palavras compostas que desig‑ América” e Unesco, de “Organização das
nam espécies botânicas ou zoo‑ Nações Unidas para a Educação, a Ciência
lógicas, com ou sem preposição: e a Cultura”. Aqui você encontra a lista
“abóbora‑menina, couve‑flor, fei‑ de reduções do Volp. No caso das que não
jão‑verde” etc. são determinadas por órgãos internacio‑
nais, o ponto é obrigatório: “ap., etc., art.,
4) Nos compostos com “bem” ou “mal” biol.”. Se a sigla ficar no final da frase,
como: “bem‑aventurado, bem‑humo‑ o ponto da abreviatura funde‑se com o
rado, mal‑estar, mal‑humorado, ponto‑final: “Comprei meu ap.”. Com os
bem‑nascido” etc. outros sinais de pontuação, o ponto de
5) Nos compostos como “além‑mar, abreviatura é seguido, por exemplo, pela
recém‑nascido, sem‑vergonha”. vírgula: “Comprei meu ap., meu carro e
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
35
resolvida com o empenho e a leitura de contexto, até a harmonia dos parágrafos
modelos desses textos, como editoriais e conta ponto.
artigos assinados publicados em jornais e
Na vida real, editoriais de jornais são
revistas, por exemplo. textos argumentativos. Segue um exem‑
Uma semana interessante! plo, publicado hoje no jornal Folha de
São Paulo (http://www1.folha.uol.com.
br/opiniao/2014/09/1508894‑edito‑
rial‑a‑logica‑do‑pib.shtml):
A arte de argumentar. Um comentarista esportivo talvez dissesse
Parte 2 que deu a lógica. A queda do PIB do segundo
trimestre reitera o fracasso da política eco‑
O texto que quer defender um ponto nômica no governo da presidente Dilma
de vista não deveria pautar‑se nem por Rousseff (PT).
achismos nem por subjetividade, mas A contração foi de 0,6% na comparação
ser construído por argumentos baseados com os três meses anteriores. Em relação ao
no senso comum, em citações de fontes mesmo período de 2013, houve redução de
0,9%. É um dos piores resultados do mundo.
reconhecidas, em evidências e em racio‑
Nesse intervalo, os EUA e até a letárgica
cínio lógico.
Europa avançaram 2,5% e 1,2%, respectiva‑
A palavra “texto” vem do latim “textus”, mente.
que é particípio passado do verbo “texere”, Mesmo a periferia europeia, prostrada pela
cujo significado era “maneira de tecer”. crise, saiu‑se melhor. O Brasil aparece atrás
Sim, é a mesma palavra que dá origem à da Itália (‑0,3%) e da Grécia (‑0,2%). Na Amé‑
rica Latina, México e Chile, por exemplo, cres‑
palavra “tecido”. Você já reparou que os
ceram 1,6% e 1,9%.
tecidos são constituídos pelo entrelaça‑
Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido
mento de palavras, tanto no nível morfo‑
Mantega, insiste em atribuir o mau desem‑
lógico quanto no sintático? Daí a relevân‑ penho à crise internacional. Não faz sen‑
cia da coesão, a “cola” que junta isso tudo tido, assim como é de somenos discutir se
em um todo harmônico. Por isso que texto o resultado configura recessão – segundo o
argumentativo não é patchwork. IBGE, as duas reduções podem ser revisadas
no futuro.
O texto argumentativo básico de concur‑
O mais importante é observar a sensação
sos públicos é formado por quatro parágra‑
de desalento que se espalhou pelo país, um
fos, na seguinte ordem: 1º introdução; 2º e debate que interessa menos para o ministro.
3º desenvolvimento; 4º conclusão. Cada um Os componentes do PIB, afinal, mostram um
com umas 6, 7 linhas de extensão. Nesse quadro preocupante: caíram tanto o investi‑
36
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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»» Ex consenso: com o consentimento Vamos a eles, então:
»» Ex iure: conforme o direito 1) Expressões, locuções ou palavras em
»» Exceptio veritatis: exceção da verdade língua estrangeira, como alemão (por
exemplo, gesetzeskonformen Verfassung‑
»» Factia praenterita: fatos passados
sinterpretation) ou latim (caput, ipsis lit‑
»» Grosso modo: em linhas gerais teris, verbis, in casu) devem ser escritas
»» In albis: em branco em itálico.
»» Vox Populi voz Dei: A voz do povo é a voz 3) As aspas devem ser usadas apenas
de Deus em citações com até quatro linhas
de texto.
Essas expressões devem sempre vir em
itálico. 4) Não se deve usar itálico em citações
de nenhum tipo, nem recuadas nem
Mais expressões? Aqui e aqui. sem recuo.
Sol lucent omnibus 5) A expressão “grifo nosso” deve ser usada
entre colchetes ao final de uma citação
em que o autor do texto decidiu desta‑
car algum trecho ou com negrito ou com
Dos textos dos sublinha. Não deve ser itálico.
gabinetes: tópicos de 6) Algumas siglas como Amagis, Loman,
Língua Portuguesa Anamatra, Ajufe, são escritas apenas
com a primeira letra maiúscula, por‑
Nesta semana, vamos destacar alguns que formam palavras. As siglas que
aspectos sob o ponto de vista da língua não formam palavra com sílaba ficam
portuguesa padrão. em caixa alta, como OAB, CNJ, CNMP.
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
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Por que os brasileiros adultos ficam exclu‑ se aperfeiçoará com a prática, tornando‑se
ídos dessa proteção? O certo será, para mais abrangente.
quem, insensata e desorientadamente, qui‑
Para citar uma circunstância em que o aper‑
ser comprar e consumir alimentos indus‑ feiçoamento é indispensável, lembremos que
trializados, apresentar atestado médico a tortura física, seja lá em que hedionda
do SUS, comprovando que não se trata de forma — chinelada, cascudo, beliscão,
diabético ou hipertenso e não tem taxas de puxão de orelha, quiçá um piparote —, mui‑
colesterol altas. tas vezes não é tão séria quanto a tortura
O mesmo aconteceria com restaurantes, psicológica.
botecos e similares. Depois de algum debate, Que terríveis sensações não terá a criança, ao
em que alguns radicais terão proposto o Car‑ ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os
dápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos
em todos os menus, constem, em letras ver‑ pais, prejudicando a criança dessa maneira
melhas e destacadas, as necessárias adver‑ desumana, tem que ser coibido, nada de
tências quanto a possíveis efeitos deletérios aborrecimentos ou brigas em casa, a criança
dos ingredientes, bem como fotos coloridas não tem nada a ver com os problemas dos
de gente passando mal, depois de exage‑ adultos, polícia neles.
rar em comidas excessivamente calóricas
Sei que esta descrição do funcionamento da
ou bebidas indigestas. O que nós fazemos
lei da palmada é exagerada, e o que inven‑
nesse terreno é um absurdo e, se o Estado
tei aí não deve ocorrer na prática. Mas é
não nos tomar providências, não sei onde
seu resultado lógico e faz parte do espírito
vamos parar. desmiolado, arrogante, pretensioso, incon‑
Ainda é cedo para avaliar a chamada lei da sequente, desrespeitoso, irresponsável e
palmada, mas tenho certeza de que, prote‑ ignorante com que esse tipo de coisa vem
gendo as nossas crianças, ela se tornará um prosperando entre nós, com gente estabe‑
exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se lecendo regras para o que nos permitem
o pai der umas palmadas no filho, pode ser ver nos balcões das farmácias, policiando o
denunciado à polícia e até preso. Mas, antes que dizemos em voz alta ou publicamos e
disso, é intimado a fazer uma consulta ou podendo punir até uma risada que alguém
tratamento psicológico. considere hostil ou desrespeitosa para com
alguma categoria social.
Se, ainda assim, persistir em seu comporta‑
mento delituoso, não só vai preso mesmo, Não parece estar longe o dia em que a maioria
como a criança é entregue aos cuidados de das piadas será clandestina e quem contar
uma instituição que cuidará dela exemplar‑ piadas vai virar uma espécie de conspirador,
reunido com amigos pelos cantos e suspei‑
mente, livre de um pai cruel e de uma mãe
tando de estranhos. Temos que ser protegidos
cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de
até da leitura desavisada de livros.
vê‑la, educada por profissionais especializa‑
dos e dedicados, a criança crescerá para tor‑ Cada livro será acompanhado de um texto
nar‑se um cidadão modelo. E a lei certamente especial, uma espécie de bula, que dirá do que
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
devemos gostar e do que devemos discor‑ [...] Mas Heitor inconcusso espera Aquiles,
dar e como o livro deverá ser comentado na Que agigantado assoma. Ao viandante
perspectiva adequada, para não mencionar as
Se pascida em má grama espreita a cobra,
ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim
de garantir o indispensável acesso de pessoas Fica assanhada e a vista acende horrível
de vocabulário neandertaloide. A enrolar‑se na toca: Heitor não menos,
Por enquanto, não baixaram normas para Quedo e fogoso, à torre proeminente
os relacionamentos sexuais, mas é prudente O escudo apoia fúlgido, e sentido
verificar se o que vocês andam aprontando Fala em sua alma grande: “Ai! Se entro agora,
está correto e não resultará na cassação de Mo exprobrará primeiro Polidamas,
seus direitos de cama, precatem‑se.
Que a recolher a gente aconselhou‑me,
E escrever corretamente serve para quê? A noite em que aziago alçou‑se Aquiles.
Para que o texto seja mais bem compreen‑ Fora melhor; a pertinácia minha
dido e não seja instrumento de exclusão Danou do povo a causa! Os nossos temo
social e porque, na vida em sociedade, E as Troianas de peplos roçagantes;
isso é reconhecido como um valor a que Ouço em roda: — Ei‑lo Heitor, que temerário
se deve almejar. O exército perdeu! — Di‑lo‑ão por certo.
Uma semana de mudanças! Mais vale ou triunfar do imano Aquiles,
Ou morrer pela pátria em luta honrosa.
E se elmo e escudo e lança ao muro encosto,
E indo encontrá‑lo, dar prometo Helena,
41
A quem o Olímpio agora entrega a palma.” Sobre textos da
Entanto, igual a Marte, avança Aquiles imprensa:
De elmo a nutar, e à destra o lenho ingente, considerações sobre
O arnês brilha em seu peito à semelhança textos jornalísticos
De vivo ardente fogo ou sol no eoo.
Trêmulo Heitor, ao vê‑lo, as portas largas,
É hora de olhar os textos da Agência CNJ
de notícias: as matérias publicadas diaria‑
Deita a correr; em pés fiado Aquiles,
mente no portal do CNJ.
No encalço voa: açor montês imita,
Ave a mais lesta, que, ao fugir de esguelha Sendo textos jornalísticos, seguem padrão
bem definido e preestabelecido, devendo
Tímida pomba, acerca‑se guinchando
primar pela simplicidade, clareza e obje‑
Faminto à presa, a redobrados chofres.
tividade. Logo no início do texto, de forma
Precipita‑se Aquiles, e o Priâmeo concentrada, devem ser dadas as respos‑
Em susto move rápido os joelhos. tas às perguntas: o quê? Quem? Quando?
Vão, pela estrada ao longo da muralha, Onde? Vamos ao exemplo:
Da atalaia à ventosa baforeira, O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1)
E às claras fontes chegam donde bolha começará a usar oficialmente o Processo Judi‑
cial Eletrônico (PJe) a partir de 1º de dezembro.
O férvido Escamandro: uma flui quente, O processo de implantação do sistema, que
Como um lar acendido fumegando; será utilizado no tribunal e na Seção Judiciária
No verão mesmo a outra é sempre fria, do Distrito Federal (SJDF), ocorre desde o fim
de outubro e está previsto para ser concluído
Tanto quanto a saraiva ou neve ou gelo.
na segunda metade deste mês.
Ali, na paz que os Dânaos perturbaram,
O PJe é um sistema desenvolvido pelo Conse‑
De pedra em largas elegantes pias lho Nacional de Justiça (CNJ) para automa‑
Cônjuges Teucras e engraçadas virgens ção do Poder Judiciário. O objetivo da imple‑
mentação, que integra as metas do Plano
Roupa e vestes louçãs lavar soíam.
Estratégico da Justiça Federal para o período
Transpõem‑nas ambos: o que foge é bravo, 2015‑2020, é convergir os esforços dos tribu‑
É mais bravo o que o segue: não bovina nais brasileiros para uma solução única e
Vítima ou pele, da carreira prêmios, gratuita para todas as cortes.
Do herói Priâmeo se disputa a vida. A implementação no TRF1 começou com a con‑
figuração do PJe para se adequar às necessida‑
E se quiser ler todos os contos de Machado des da Primeira Região, etapa que foi concluída
de Assis, que também são belo exemplo no último dia 31. Durante a chamada parame‑
para nossa vida linguística, clique aqui. trização, os servidores inseriram no sistema os
dados gerais necessários à sua utilização no
Uma semana seminal! primeiro e no segundo grau da Justiça Federal.
42
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
43
infantil? De confiança estabelecida? De Abraço já virou tabu? Será que um dia vai
noite bem dormida? De qualidade do diá‑ virar? Como seria uma vida sem abraços?
logo que se tem? De cólica? De medo? De O que será que sente uma criança que não
terror noturno? é abraçada? Ou um adulto que não é abra‑
O que acontece quando nossas crianças, çado? Alguém que não receba abraços com
em crise de choro, de irritação, de tristeza, frequência? O que seria de um mundo em
são abraçadas intensa, sincera e carinhosa‑
que abraços fossem trocados por eletrônicos?
mente?
Por máquinas?
O que aprendem as crianças que são abraça‑
Não sei.
das com frequência? E que sabem que têm
abraços em abundância esperando por elas? Mas desconfio de que não haveria muitos sor‑
Seus filhos e filhas (ou sobrinhos, sobrinhas, risos, nem muito amor, nem muito gozo. [...]
afilhados, as crianças do seu entorno) abra‑ A vida parece não andar muito fácil nem
çam? Muito ou pouco? Se sim, por que e muito simples pra ninguém ultimamente.
quando abraçam? E como aprenderam? Se Parece estarmos todos vivendo momentos
não, por que não abraçam? de choque, quebra, confronto, dúvida, espera,
Um abraço pode ser trocado por outro tipo momentos que nos colocam à prova, que tes‑
de interação que signifique a mesma coisa? tam nossos limites emocionais. As diferenças
Por que trocá‑lo? Para quê trocá‑lo? estão mais evidentes que as semelhanças. O
Não sei como é com você, mas comigo abraço confronto mais fácil que o encontro. A acidez
também é termômetro. Sei que algo não está mais fluida que a doçura.
muito bem entre mim e o outro pelo tipo de Então eu deixei de postar agora um texto
abraço que nos damos. Ou pela sua falta. Ou sobre psicofármacos e seus abusos para falar
pela sua raridade, ou pouca frequência. Da sobre abraço.
mesma forma, sei que posso confiar e me
Porque talvez se tivéssemos mais abraços,
entregar a alguém também por seu abraço.
precisaríamos de menos fármacos.
Pelo tempo, pela força, pelo contato. Pelo
motivo. E, mais importante, mais especial: Se tivéssemos mais abraços... estaríamos
pela falta de motivo. todos mais juntos. Não parece meio óbvio?
Sei que há amor, carinho e confiança quando Porque “no abraço, mais do que em palavras,
o abraço chega inesperadamente e envolve, e as pessoas se gostam”, disse Clarice Lispector.
faz relaxar mesmo que por poucos segundos, E parece que estamos um pouco carentes
e faz reconhecer o terreno como seguro. Seja disso.
com um amigo, com alguém da família, com
Que em agosto, que tantos temem não sei o
um colega de trabalho, com filhos, com des‑
porquê, a gente possa se abraçar mais.
conhecidos, com amante.
Simplesmente abraçar.
Abraço é como olhar: não há como menti‑lo,
fingi‑lo, forçá‑lo. Ainda que se tente, não é E deixar todo esse ranço para trás.
possível. Os corpos não se enganam. Nada substitui calor humano. [...]
44
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
Que o Natal venha com o que é essencial novo, espontâneo, que de tão perfeito nem
para você e o Ano Novo seja a oportunidade se nota,
de realização dos desejos mais queridos! mas com ele se come, se passeia,
Não precisa
45
ABNT: normas para a tação e tese – segue o que se determina
nessas normas.
Academia
Tratemos da ABNT NBR 14724:2011, que
“Só entende o valor do silêncio quem tem necessi‑
“especifica os princípios gerais para a ela‑
dade de calar para não ferir alguém.”
boração de trabalhos acadêmicos (teses,
Rousseau
dissertações e outros), visando sua apre‑
Vamos estudar o que a Associação Bra‑ sentação à instituição (banca, comissão
sileira de Normas Técnicas (ABNT) nos examinadora de professores, especialistas
propõe para a normalização de trabalhos designados e/ou outros)”.
acadêmicos. Quem nunca estremeceu ao
Constituem a estrutura de um trabalho aca‑
ouvir o professor dizer “O trabalho tem de
dêmico: a parte externa (capa e lombada) e
ser nas regras da ABNT”?
a parte interna (elementos pré‑textuais, tex‑
A ABNT é o “Foro Nacional de Normali‑ tuais e pós‑textuais). Na parte interna, são
zação por reconhecimento da sociedade obrigatórios: folha de rosto, folha de apro‑
brasileira desde a sua fundação, em 28 vação, resumo na língua vernácula, resumo
de setembro de 1940, e confirmado pelo em língua estrangeira, sumário, introdução,
governo federal por meio de diversos ins‑ desenvolvimento, conclusão e referências.
trumentos legais”. Sua história detalhada
A norma segue descrevendo cada uma des‑
pode ser vista aqui.
sas partes: o que deve ter e como deve ser
Entre as normas existentes, vamos nos feito. Em linhas gerais, os trabalhos aca‑
debruçar sobre as seguintes: dêmicos são feitos em folha A4, margens
»» NBR 6023, de 2002 – trata de Informa‑ 3 cm (esquerda e superior) e 2 cm (direita
ção e Documentação – Referências – e inferior), com margens espelho no verso,
Elaboração; fonte 12 e espaçamento 1,5 linha para o
texto e fonte 10 e espaçamento simples
»» NBR 14724, de 2011 – trata de Informa‑
para notas de rodapé e citações com recuo.
ção e Documentação – Trabalhos Aca‑
Não há indicação da fonte de letra (Times,
dêmicos – Apresentação;
Arial, Calibri) – isso fica a critério da insti‑
»» NBR 10520, de 2002 – trata de Infor‑ tuição acadêmica ou do autor.
mação e Documentação – Citação em
documentos – Apresentação. Importante destacar que Sumário não
é Índice e que cada um segue regras espe‑
Salvo orientação específica em algum cíficas descritas em normas específicas.
manual da instituição acadêmica, que nor‑
Semana que vem, a 6023 espera por você!
malmente reproduz as normas da ABNT, a
formatação de monografias – TCC, disser‑ Uma semana normalizada!
46
Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
47
et al. Manual para normalização de NBR 10520: citação em
publicações técnico‑científicas. 3. ed. rev.
e aum. Belo Horizonte: Ed. da UFMG,
documentos
“Ousarei aqui a mais importante, a maior, a
1996.
mais útil regra de toda a educação? É não ganhar
»» a palavra “editora” só aparece no nome tempo, mas perdê‑lo.” Rousseau
das editoras universitárias, como É chegada a hora de tratar de citação de
EdUnB, Edusp. outros textos no corpo do trabalho acadê‑
mico. As prescrições da ABNT estão na NBR
»» quando a publicação pertence a uma
10520.
série ou coleção, essa informação vem
entre parênteses; exemplo: CARVALHO, Citação é a menção de uma informação
extraída de outra fonte; pode ser direta –
Marlene. Guia prático do alfabetiza-
transcrição textual de parte da obra do
dor. São Paulo: Ática, 1994. 95 p. (Prin‑
autor consultado – ou indireta – texto com
cípios, 243).
base na obra do autor consultado.
»» quando duas publicações do mesmo A citação é feita imediatamente antes ou
autor são citadas, a partir da segunda, depois da citação (atenção ao uso ou não
um traço substitui o nome do autor; da caixa alta), assim:
exemplo: »» A ironia seria assim uma forma implí‑
FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala: cita de heterogeneidade mostrada,
formação da família brasileira sob regime conforme a classificação proposta por
de economia patriarcal. Rio de Janeiro: J. Authier‑Reiriz (1982).
Olympio, 1943. 2 v. »» “Apesar das aparências, a desconstru‑
______. Sobrados e mucambos: decadência
ção do logocentrismo não é uma psica‑
do patriarcado rural no Brasil. São Paulo:
nálise da filosofia [...]” (DERRIDA, 1967,
Ed. Nacional, 1936.
p. 293).
Citações de até três linhas ficam no corpo
A leitura da versão integral da NBR 6023
do parágrafo; as com mais de três linhas
pode ajudar muito você, em caso de
são transcritas com fonte menor e recuo
dúvida. de margem de 4 cm.
Se quiser saber mais, perguntar, esclarecer, Detalhes gráficos:
o e‑mail está à disposição!
»» [...] indica que houve supressão do
Uma linda semana! texto original transcrito na citação;
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Dicas de Português
PRODUÇÃO DE TEXTO
»» Na lista de referências:
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na
História. São Paulo: Max Limonad, 2000.
»» No texto:
Bobbio (1995, p. 30) com muita propriedade
nos lembra, ao comentar esta situação, que os
“juristas medievais justificaram formalmente
a validade do direito romano ponderando que
este era o direito do Império Romano que
tinha sido reconstituído por Carlos Magno
com o nome de Sacro Império Romano.”
»» Na lista de referências:
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico:
lições de Filosofia do Direito. São Paulo:
Ícone, 1995.
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