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CONCRETO PROTENDIDO - Prof. Ronaldson Carneiro - e-mail : ronaldson.carneiro@gamil.

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8. PERDAS DE PROTENSÃO
As forças de protensão são reduzidas pelas chamadas “perdas de protensão”.
Essas perdas ocorrem durante o processo de aplicação de protensão e ao longo do
tempo, até a estabilização da força no cabo.
As perdas que ocorrem na aplicação da protensão são denominadas de perdas
imediatas. Neste grupo encontram-se as perdas por atrito entre armadura e bainha, as
perdas por deslizamento da armadura e acomodação das cunhas sistema de
ancoragem, e a perda por encurtamento elástico do concreto proveniente da protensão
sucessiva dos cabos.
A partir da protensão ocorrem as perdas ao longo do tempo, denominadas de
perdas progressivas. Neste grupo encontram-se as perdas por retração e fluência do
concreto que levam ao encurtamento do concreto e, consequentemente, ao
encurtamento dos cabos de protensão, e a perda por relaxação do aço de protensão.

8.1 PERDAS IMEDIATAS


8.1.1 Perdas por Atrito
As perdas por atrito ocorrem principalmente em razão do contato armadura / bainha
ao longo do cabo. Há, também, perdas em decorrência do atrito no contato da
armadura com o macaco de protensão e com as ancoragens, as quais são
compensadas por um incremento na pressão manométrica aplicada no equipamento.
Nos sistemas pré-tracionados (concreto protendido com aderência inicial), não ocorrem
perdas por atrito, exceto aquelas nas ancoragens e equipamentos de protensão.

8.1.1.1 Perdas por atrito ao longo dos cabos


Teoricamente, os cabos retos não têm perdas por atrito. Durante a protensão nos
cabos curvos ou poligonais, surgem forças de atrito contrárias ao alongamento da
armadura, reduzindo, portanto, a força efetiva de protensão, como ilustrado na Figura
7.1. As perdas por atrito ao longo do cabo estão diretamente relacionadas à curvatura
do cabo, da qual resulta a pressão da armadura contra a bainha, e ao coeficiente de
atrito entre as superfícies de contato.

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Figura 8.1 – Força no cabo com perdas por atrito

A força no cabo em uma seção distante x da ancoragem, considerando as


perdas por atrito, pode ser determinada por:

Px = Pi e
− 
sendo:

 é a soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e o ponto de abscissa x, ou

seja, é variação angular da tangente ao cabo até a seção de abscissa x, em radianos;


 é o coeficiente de atrito aparente entre a armadura e bainha. Na falta de dados

experimentais, μ pode ser estimado como se segue (em 1/radianos):


μ = 0,50 entre cabo e concreto (sem bainha);
μ = 0,30 entre barras ou fios com mossas ou saliências e bainha metálica;
μ = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica;
μ = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada;
μ = 0,05 entre cordoalha e bainha de polipropileno lubrificada (a Belgo
Bekaert estabelece um coeficiente de atrito de 0,06 – 0,07).

Além do atrito decorrente da curvatura do cabo, há aquele produzido por desvios


não intencionais da bainha em relação a sua posição teórica. Esses desvios
parasitários são construtivos e se manifestam tanto nos trechos retos como nos curvos.

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De acordo com a NBR 6118 (2003), a consideração do atrito em razão dos


desvios não intencionais pode ser assimilados a uma variação angular fictícia,
resultando a seguinte expressão:

Px = Pi e
−(    + kx )

onde k é o coeficiente de perda provocada por curvaturas não intencionais por metro
linear de cabo. Na falta de dados experimentais pode ser adotado o valor 0,01 
(1/m).
A expressão acima pode ser simplificada, substituindo-se a função exponencial
por uma série em que apenas os dois primeiros termos são representativos, resultando
em

Px = Pi 1 − (    + kx)

A expressão revela pode-se admitir uma redução praticamente linear da força de


protensão ao longo do cabo, como ilustrado esquematicamente na Figura 7.1. Fica
claro que para os cabos com duas ancoragens ativas, a maior perda ocorre no meio do
cabo, enquanto naqueles com ancoragens ativa-passiva, a maior perda ocorre na
passiva, onde a força de protensão é reduzida pelo atrito desenvolvido ao longo de
todo o cabo. Dessa forma, em cabos longos, em geral, deve-se evitar a utilização de
ancoragens passivas, entretanto; essa decisão depende do resultado das perdas
provocadas pelo deslizamento e acomodação das ancoragens, ou seja, a opção por
duas ancoragens ativas ou por ancoragens ativa-passiva depende do resultado
conjunto das perdas citadas. Deve-se optar por aquela que resultar na menor perda, ou
seja, na maior força efetiva dos cabos.
As perdas por atrito podem ser ainda incrementadas com a oxidação da
armadura ou da bainha, ondulações pronunciadas e por vazamento nas bainhas
causados por perfurações durante o transporte ou montagem. Dessa forma, de forma a
minimizar essas ocorrências deve-se armazenar a armadura de protensão e bainhas
metálicas em local seco e arejado, colocação criteriosa de apoios de sustentação dos
cabos e cuidadosa inspeção visual.

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8.1.1.2 Previsão do Alongamento do Cabo

Um dos parâmetros de controle da protensão é o alongamento do cabo, o qual


deve ser medido por ocasião da protensão. O controle do alongamento é
extremamente importante para se avaliar se as perdas por atrito estão de acordo com
as previstas em cálculo ou se houve algum problema de obstrução da bainha, e por
conseguinte, do cabo, decorrente da penetração de concreto. O alongamento total
pode ser obtido pelo somatório dos alongamentos de todos os trechos geométricos que
compõem o cabo:

1
Ltot =
EP AP
P méd L

onde:

Pméd. é média de protensão, com perdas por atrito, no trecho em questão;


L é o comprimento do trecho;
AP é a área da armadura do cabo de protensão;
EP é o módulo de elasticidade do aço de protensão.

O alongamento medido na obra deve variar de ± 5 % do valor fornecido pelo


cálculo. Geralmente os alongamentos medidos ficam abaixo dos valores fornecidos
pelo cálculo em função da elevação do atrito. Quando o alongamento ficar abaixo do
limite inferior acima, pode-se realizar uma sobre-elevação da força de protensão
conforme o item 9.6.1.2.3 da NBR 6118, a saber: Por ocasião da aplicação da força Pi,
se constatadas irregularidades na protensão, decorrentes de falhas executivas nos
elementos estruturais com armaduras pós-tracionadas, a força de tração em qualquer
cabo pode ser elevada, limitando a tensão aos valores 0,74 fptk e 0,82 fpyk (aços RB)
majorados em até 10 %, até o limite de 50 % dos cabos, desde que seja garantida a
segurança da estrutura, principalmente na região das ancoragens.

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8.1.1.3 APLICAÇÃO DE PERDAS POR ATRITO

Determinar a perdas de protensão devido ao atrito e o alongamento


do cabo mostrado na figura abaixo.
S3
S1 x
S2
Pi Pi
1,3 m

0,1
10 m 8m 8m 10 m

▪ Cabo com 6 Φ 12,7 - CP 190 RB


Pi = 830 kN
μ = 0,2 (bainha metálica e cordoalha)
k = 0,01μ = 0,002

ângulo na saída do cabo


2 f 2 1,2
tg = =
a 10
 = 0,24 rad
a=

O cálculo da força efetiva de protensão pode ser realizada para as seções


correspondentes ao início e fim de cada trecho geométrico do cabo a partir da
expressão:

Px = Pi e
−(   + kx )

Os dados para o cálculo da força foram organizados na tabela a seguir:


Seção X (m) Σα -(μΣα + kx) e-(μΣα + kx) Px (kN) % perdas
S1 0 0 0 1 830 0
S2 10 0,24 0,068 0,934 775 6,6
S3 18 0,24 0,084 0,919 763 8,1

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O resultado do cálculo das perdas é mostrado graficamente a seguir:


S3
S1 x
S2
Pi Pi
1,3 m

0,1
10 m 8m 8m 10 m

P(kN)
830
PERDAS POR ATRITO
775 775
763

x(m)
▪ Cálculo do alongamento teórico do cabo
1
Ltot. =
EP AP
P méd L
EP = 202 kN/mm2
AP = 6 x 101,4 mm2
Comprimento do
trecho em mm

 1  (830 + 775 ) (775 + 763)  8000  


Lteórico = 2     10000 +  
 202  6  101,4  2 2 
Forças médias do
cabo no trecho

Lteórico  231 mm

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8.1.2 PERDAS POR DESLIZAMENTO DA ARMADURA E


ACOMODAÇÃO NAS ANCORAGENS

A acomodação e deslizamento corresponde ao retorno da armadura devido à


transferência do esforço de protensão do equipamento (macaco de protensão) para a
ancoragem, ocasionando no encurtamento da armadura e, conseqüentemente, perda
de protensão, denominada de perdas por deslizamento da armadura e acomodação
da ancoragem. Segundo a NBR 6118 (2003), os valores da acomodação devem ser
determinados experimentalmente ou adotados os valores indicados pelos fabricantes
dos dispositivos de ancoragem.
Nos sistemas de protensão com pré-tração (CP com aderência inicial), perda é
desprezível, visto que a força na armadura é absorvida pelo concreto por aderência e
atrito. Já no sistema com pós-tracão, o esforço de protensão é transferido dos
equipamentos de protensão para as ancoragens mecânicas, acarretando em perdas.

8.1. 2.1 Perdas nos Sistemas de Armaduras Pós-tracionadas


Neste tipo de sistema, a armadura é tracionada até atingir o alongamento e força
de protensão desejados, então, libera-se a armadura, ocasionando a transferência da
força de protensão para a ancoragem. Ao receber este esforço, a cunha tende a
penetrar na ancoragem, de modo a prender definitivamente a armadura, acarretando
no retorno da armadura e, por conseguinte, uma redução do alongamento no mesmo
em razão da acomodação do sistema de ancoragem.

Figura 8.2 – Acomodação no sistema de ancoragem de um cabo de protensão.

A acomodação depende de cada sistema, sendo fornecida por cada fabricante,


como os valores indicados para o sistema Freyssinet na Tabela 1.

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Tabela 1 – Valores da acomodação no Sistema Freyssinet


Tipo de Ancoragem δ (Acomodação)
Série L ( 1,2 e 4 Ф 1/2") 3 mm
Série V ( 4,6,7 e 12 Ф 1/2") 6 a 8 mm
Série K ( 19,27 e 37 Ф 1/2") 6 a 8 mm

Nas ancoragens mortas ou passivas não há perdas de protensão a não ser que
haja falhas na execução.

8.1.2.2 Cálculo das Perdas por acomodação

Quando há a transferência da força protensão, Pi, do equipamento de protensão


para a ancoragem, ocorre uma acomodação δ, obtida experimentalmente ou fornecida
pelo fabricante. O cabo tende a entrar pela bainha gerando um atrito contrário ao
movimento da armadura. Após o deslocamento δ, a força do cabo passa a ser
representada pela curva A’X, simétrica de AX em relação a horizontal passando em X.
A força Panc ( ponto A’ ) corresponde ao esforço ancorado. O comprimento x’ afetado
pela acomodação, no qual ocorre a redução da força de protensão, pode ser
determinado pela seguinte condição de compatibilidade geométrica: o encurtamento do
cabo provocado pela variação da força de protensão deve ser igual ao deslocamento
ocorrido δ.

Pi

x’

Pi A

X
ΔP

Panc dx
A` xx
` X

Figura 8.3 – Variação da força no cabo devido à acomodação

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O alongamento / encurtamento pode ser calculado por ΔL = N L / EA. No trecho


x’, o encurtamento do comprimento “dx” devido a redução de força no cabo:

ΔL(dx) = ΔP . dx
Ep Ap

O encurtamento total ocorrido no trecho x’ deve ser igual ao valor da


acomodação:

ΣΔL(dx) = δ = 1 ΣΔP . dx
E p Ap

Área ( AXA’ ) = ΣΔP . dx

Área ( AXA’ ) = Ep Ap δ

O ponto A’ (Panc) e o comprimento afetado X’ devem ser determinados por


tentativa. Varia-se o ponto X até que a Área (AXA’) seja igual ao valor Ep Ap δ.

8.1.2.3 Aplicação de perdas por acomodação:

Determinar as perdas por acomodação no cabo da aplicação anterior


S3
S1 x
S2
Pi Pi
1,3 m

0,1

10 m 8m 8m 10 m

P(kN)
830
PERDAS POR ATRITO
775 775
763

x(m)

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Dados:
Cabo 6 Ф 12,7; Pi = 830 kN ; δ = 6 mm; Ep = 202 kN/mm²; Ap = 6x101,4 mm²

Devido à acomodação os esforços no cabo são alterados no comprimento x’, tal


que:
P

A
X
EpApδ = área (AXA`)
A`
x` X

Para a determinação do ponto X, varia-se o comprimento afetado pela


acomodação, x’, até que a área (AXA’) seja igual a Ep Ap δ, a qual resulta no valor
737.381. Assim, após várias tentativas, para x’= 15 m, chega-se à área correspondente
ao valor de Ep Ap δ. A Figura a seguir apresenta os resultados do cálculo das perdas
por atrito e acomodação.

S3
S1 x
S2

Pi Pi
1,3 m

10 m 8m 8m 10 m

P(kN)
830 830

775 PERDAS POR ATRITO 775


PERDAS POR ACOMODAÇÃO PERDAS POR ACOMODAÇÃO
767 767
759 763 759

704 704
x' = 15,1 m x' = 15,1 m

x(m)

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8.1.3 – PERDAS POR ENCURTAMENTO IMEDIATO DO CONCRETO

A protensão sucessiva de cada um dos “n” cabos da peça protendida no sistema


pós-tensão, provoca uma deformação imediata do concreto e, consequentemente, o
encurtamento e perda nos cabos anteriormente protendidos.
A perda de protensão por deformação imediata do concreto é ilustrada na Figura
7.4 a seguir. Seja o elemento protendido por dois cabos:

Cabo 2
Cabo 1

P1
C1

Protensão do cabo C1,


C2
cabo C2 frouxo

P ’1

Protensão do cabo C2 encurta


P2
o concreto e, por conseguinte,
o cabo C1.

Figura 8.4 – Seqüência de protensão de dois cabos

A protensão do cabo 2 causa uma perda de protensão do cabo 1 por


deformação imediata do concreto, ou seja, P’1 < P1. A perda é função do encurtamento
do concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão, o qual pode ser
determinado com base na tensão no concreto devida à protensão e à carga
permanente, com base na expressão a seguir:

P Pe Mf
 s ,i = −  
A Ws ,i Ws ,i
O cálculo das tensões é realizada para a seção central da viga na altura do
baricentro da armadura de protensão, conforme indicado na Figura7.5 a seguir.

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g
Protensão

+
+ - -

- -
+ + = + =

σcp - + - +
σcg σcp σcg σcg + σcp
P/Ac P e /W Mf/W

Figura 7.5 – Evolução das tensões geradas por protensão

Em uma viga com “n” cabos, a protensão de um cabo resulta na seguinte


deformação:

 1 cabo =
(cp + cg ) ,
n Ec

onde:
n = nº de cabos;
σcp = tensão inicial do concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão devido
à protensão simultânea dos n cabos;
σcg = tensão no mesmo ponto anterior devido à carga permanente mobilizada pela
protensão ou simultaneamente aplicada com a protensão.

A deformação no primeiro cabo devido à protensão dos demais cabos pode ser
obtida por:

 1º cabo = (n − 1)  1 cabo = (n − 1)
(cp + cg )
n Ec

(cp + cg ) n − 1
Ep
 1º cabo = E p  1 cabo =
Ec n

EP
considerando  P = , tem-se:
Ec

n −1
 1º cabo =  p (cp + cg )
n
Para o segundo cabo, a protensão nos demais resulta na perda:
n−2
 2 º cabo =  P (cp + cg )
n

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Generalizando:
n−i
 i −ésimo cabo =  p (cp + cg )
n
A perda média, considerando todos os cabos, é obtida pelo somatório
n

  i
 p = i =1

n
 p (cp + cg ) 1 n
 p =    (n − i) (1)
n n i =1
n
O termo  (n − i)
i =1
é uma P.A., cujo somatório é obtido por:

n
(n − 1) + (n − n)n
 (n − i ) =
i =1 2
n
(n − 1)n
 (n − i ) =
i =1 2
(2)

Substituindo (2) em (1), obtém-se:


 p (cp + cg ) 1 (n − 1)n
 p =  
n n 2

 p (cp + cg ) (n − 1)
 p =
2n

Que corresponde a expressão prevista na NBR 6118/2003. Conforme definido


anteriormente:
n é o nº de cabos;
σcp é a tensão inicial do concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão
devido à protensão simultânea dos n cabos;
 p é a relação entre Ep e Eci (na data da protensão);
σcg é a tensão no mesmo ponto anterior devido à carga permanente mobilizada pela
protensão ou simultaneamente aplicada com a protensão.

Embora a perda seja diferente nos cabos, a consideração da perda média visa a
ação conjunta destes no elemento protendido, equivalendo a soma das perdas
diferenciadas dos cabos.

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8.1.3.1 Aplicação de perdas por encurtamento imediato do concreto


Calcular a perda por encurtamento elástico do concreto para a viga com os
dados mostrados a seguir.
fck = 30 MPa
protensão a ser aplicada quando a resistência do concreto atingir = 14,5 MPa
n = 5 cabos
Ep=202 kN/mm2
Eci = 5600 fckj = 5600 14,5 = 21.324 MPa

Ep 202000
p = = = 9,47
Ec 21324

 p (cp + cg )(n − 1)


 p = , do cálculo:
2n
Para o cálculo das tensões no concreto, foram adotados os valores obtidos na
aplicação do cálculo do número de cabos.

g1+g2 Protensão (sem perdas)


-6.713 2.758

- +

18 0

+ -

σcg= 11.358 kN/m2 σcp = - 19.663 kN/m2


~12

12.649 kN/m2 kN/m2


-21.265 kN/m Ap

 (5 − 1) 
 p = 9,47 (− 19.663 + 11.358 )
 2  5 

 p = 31.460 kN/m2

A perda de força no cabo é dado por:


Pp =  p  Ap
31.460
Pp =  6  101,4 = 19,1 kN (2,3 % de Pi)
10 6

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Os resultados do cálculo de todas as perdas imediatas e o valor da força média na


região central são mostrados na Figura a seguir.
S3
S1 x
S2

Pi Pi
1,3 m

10 m 8m 8m 10 m

P(kN)
830 830

775 PERDAS POR ATRITO 775


PERDAS POR ACOMODAÇÃO PERDAS POR ACOMODAÇÃO
767 763 767
759 759
748 748
740 744 740 704
704

685 Po, médio = 744 kN


685
PERDAS POR ENCURTAMENTO
IMEDIATO DO CONCRETO

x(m)

A força média de protensão ficou em torno de 744 kN, ou seja, uma perda de
10,4 % da força aplicada. Nas ancoragens a perda é maior, em torno de 17,4 %, por
conta da perda acomodação das cunhas e deslizamento da armadura de protensão.

Análise dos Resultados das Perdas Imediatas:


Após o cálculo das perdas imediatas, do qual obtém-se a força P0(x), deve-se
fazer uma análise, comparando-a com o valor de Pverif, a qual corresponde a força no
cabo descontadas as perdas imediatas estimadas, podendo-se então chegar a
seguinte conclusão:
• Se P0 > Pverif, então as tensões no concreto são maiores, logo é necessário
aumentar o valor de fckj.
• Se P0 < Pverif, então as tensões no concreto são menores, logo podemos manter
ou reduzir o valor de fckj.
Para a análise dos resultados das perdas imediatas, pode-se considerar a força
média de todos os cabos na região central. No cálculo (cap. 6) foi adotada uma perda
de 10 % (Pverif =747 kN), praticamente o mesmo valor obtido do cálculo das perdas.

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