CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
RESENHA CRÍTICA DE “UM ESTRANHO NINHO E “O ALIENISTA”
Aline Indaia D. do Amaral
O presente trabalho propõe-se realizar reflexões acerca da obra literária de
machado de assis o “alienista”, relacionando-a com o filme Um estranho no ninho de Ken Kesey, utilizando como respaldo teórico estudos científicos da área. Dessa maneira, o filme narra a história de um homem que ao cometer diversos atos de violência, é condenado a uma prisão. O personagem entende que é de mais valia cumprir sua pena em uma instituição psiquiátrica do que na penitenciária, objetivando ser considerado “louco”, ele é transferido para o hospital psiquiátrico. O clássico de machado de assis, conta a história de um ilustre médico português, o qual residia em uma cidadezinha brasileira. Tal médico era considerado demasiadamente sábio e estudioso pelos moradores da cidade ao qual residia, até que em certo dia, ele compreende que pode auxiliar no avanço da ciência dos processos psicológicos (mais especificamente da loucura), decide fundar uma instituição psiquiátrica, a casa verde. Ambas as histórias retratam de modo singular os abusos e incoerências realizadas pelos profissionais e pelo próprio sistema social e de saúde com aqueles sujeitos que possuem algum tipo de problemática de cunho mental. Em o “Alienista”, Bocamarte realiza diversos “experimentos científicos” para conseguir encontrar a origem da loucura, chegando a internar na casa verde grande maioria dos moradores da cidade. É de suma relevância constatar que muitas das suas decisões absurdas, eram relevadas pelo fato de ele ser um médico, o “doutor” que sabe tudo. Em um Estranho no Ninho, encontramos um Bocamarte na enfermeira chefe da instituição psiquiátrica, a qual comporta-se como uma verdadeira alienista em suas práticas de (des)cuidado, quando compreende que foi desautorizada por algum interno, trata de estabelecer práticas de aniquilação da individualidade dos seus “pacientes”. Em ambas as obras, é mostrado histórias fictícias, porém, que muito se assemelham com a realidade das instituições punitivas e manicomiais do Brasil. Até a década de 70, era possível encontrar de modo explícito no cenário brasileiro, instituições de saúde mental nas quais suas práticas eram de encontro às instituições concretas, ou seja, o cuidado era realizado de modo a excluir o sujeito da sociedade, raptando sua subjetividade e identidade. Seja em um Estranho no Ninho ou no Alienista, a sociedade mostra-se submissa ao saber médico e aos seus tratamentos “milagrosos” como o ECT e a lobotomia. O livro e o filme criados com histórias fictícias, retratam o contexto verídico ao qual o Brasil encontrava-se antes da Reforma Psiquiátrica. Aliás, ainda encontra-se em muitos locais que deveriam realizar cuidados humanizados. A Reforma psiquiátrica é um importante movimento social, que possui como intuito a desinstitucionalização e o cuidado que respeite os direitos humanos, seja pelos serviços de saúde, profissionais que atuam nele ou pela própria sociedade e o lugar que esta destina a “loucura”. Com a tentativa de exclusão das práticas e instituições manicomiais, procurou-se construir outras estratégias e dispositivos políticos, sociais e culturais de cuidado que não fossem meramente clínicos e terapêuticos. Uma destas estratégias foi, potencialmente, o estímulo à participação social na construção das políticas, tanto no âmbito dos serviços, quanto nas conferências, conselhos de saúde e outros espaços.