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Diretrizes SBD 2014-2015

Uso da insulina no tratamento do diabetes


mellitus tipo 1

tico é simples e confirma-se pela gli- no qual foram tratados de forma inten-
Introdução
cemia plasmática de jejum ≥ 126 mg% siva. No subgrupo específico de adoles-
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma ou glicemia casual, em qualquer hora centes (13 a 17 anos), o grau de controle
doença crônica caracterizada pela des- do dia, > 200 mg%. metabólico não evidenciou diferenças
truição parcial ou total das células β das estatisticamente significativas, com-
ilhotas de Langerhans pancreáticas, Tratamento insulínico parando aqueles que foram tratados
resultando na incapacidade progres- já intensivamente no DCCT e os que
siva de produzir insulina. Esse processo O uso de insulina é imprescindível no haviam recebido tratamento conven-
pode levar meses ou anos, mas somente tratamento do DM1 e deve ser insti- cional (8,38% versus 8,45%). Contudo, o
aparece clinicamente após a destruição tuído assim que o diagnóstico for rea- grupo tratado intensivamente por um
de pelo menos 80% da massa de ilhotas. lizado. O clássico estudo prospectivo período mais prolongado (desde o iní-
Inúmeros fatores genéticos e ambien- Diabetes Control and Complications cio do DCCT) permanecia com menor
tais contribuem para a ativação imuno- Trial (DCCT) demonstrou que o trata- frequência na progressão de retinopa-
lógica que desencadeia esse processo mento intensivo do DM1, com três ou tia e nefropatia diabéticas, sugerindo
destrutivo. O indivíduo com determi- mais doses diárias de insulina de ações que as tentativas de alcançar melhor
nada genotipagem de antígenos leu- diferentes ou sistema de infusão con- controle glicêmico deveriam começar
cocitários humanos (HLA) – HLA-DRw3 tínua de insulina, é eficaz em reduzir a precocemente no curso do DM1 (A).2
e DRw4 – e pelo menos dois anticorpos frequência de complicações crônicas Esses dois estudos sugerem nível de
específicos (autoanticorpos antidescar- do DM. Nessa coorte, houve uma dimi- evidência 1, com grau de recomenda-
boxilase do ácido glutâmico [anti-GAD], nuição de 76% dos casos de retinopatia, ção A para o tratamento intensivo com
autoanticorpos anti-insulina (anti-ICA) 60% de neuropatia e 39% de nefropatia insulina no DM1 (A)2 (B).3,4
e autoanticorpos antitirosina fosfatase nos pacientes tratados intensivamente
[anti-IA2]) apresenta fortes evidências em relação aos tratados convencional-
Administração e dose
de já estar no período pré-clínico da mente (A).1 Acredita-se que essa dife-
de insulina
doença, praticamente assintomático e rença no aparecimento das complica-
de duração indeterminada. ções crônicas microangiopáticas do DM O tratamento intensivo pode ser rea-
No período clínico, os sinais e sin- tenha sido causada por melhor con- lizado com a aplicação de múltiplas
tomas que antes eram praticamente trole metabólico, já que a hemoglobina doses de insulina com diferentes tipos
ausentes ou intermitentes se mani- glicada (HbA1c) desses pacientes foi de ação, com seringa, caneta ou sis-
festam de maneira constante, como estatisticamente menor no tratamento tema de infusão contínua de insulina.
poliúria, polidipsia, polifagia, astenia intensivo (8,05%) do que no convencio- O tratamento com múltiplas doses de
e perda de peso. O período de tempo nal (9,76%) (A).1 insulina tornou-se bastante prático
para determinar a doença normal- Ao término do estudo DCCT, todos após o surgimento das canetas, hoje
mente oscila de uma a seis semanas, os indivíduos foram convidados a parti- apresentadas em vários modelos, até
contando desde o início dos sinais e cipar de outro estudo de continuidade, mesmo com possibilidade de usar
sintomas. Em pacientes com sinais e denominado Epidemiology of Diabetes doses de 0,5 (meia) unidade de insu-
sintomas característicos, o diagnós- Interventions and Complications (EDIC), lina e com comprimentos diferentes

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de agulhas (4, 5, 6, 8 e 12 mm). Isso se um declínio mais lento da função da Análogos de insulina
torna útil tanto para as insulinas huma- célula β-pancreática do que em crian-
nas como para os análogos de insulina Antes do advento dos análogos de
ças e adolescentes.7 A partir do estudo
ultrarrápidos existentes atualmente, insulina com ação ultrarrápida, as hipo-
DCCT foram obtidos dados interessan-
já que torna possível dosagens bem glicemias ocorriam em maior número,
tes, indicando que a permanência da
individualizadas, específicas a cada e isso certamente contribuiu para certo
função residual da célula β associa-se a receio por parte dos pais, e mesmo dos
momento do dia.
melhores desfechos, como melhor con- profissionais da saúde, em implemen-
A dose diária total de insulina pre-
trole glicêmico, menor risco de hipogli- tar o tratamento intensivo. Por meio de
conizada em indivíduos com DM1 com
cemias e complicações crônicas,8 e que técnicas de DNA recombinante, obtive-
diagnóstico recente ou logo após diag-
a otimização do tratamento, desde as ram-se os análogos de insulina de ação
nóstico de cetoacidose diabética varia
de 0,5 a 1 U/kg/dia. Entretanto, alguns fases iniciais da doença, reduz significa- ultrarrápida, com o objetivo de tornar
casos requerem doses maiores de insu- tivamente o risco das complicações1,13 o perfil dessas novas insulinas mais
lina para a recuperação do equilíbrio e sugere, inclusive, o tratamento inten- fisiológico na melhora do controle gli-
metabólico.5 Essa dose diária depende sivo em esquema basal-bólus desde o cêmico (B).12 Atualmente estão comer-
da idade, do peso corporal, do estágio início do diagnóstico.10 cialmente disponíveis três análogos de
puberal, do tempo de duração e da fase O objetivo do tratamento do dia- insulina de ação ultrarrápida: lispro,
do diabetes, do estado do local de apli- betes mellitus (DM1 ou DM2) é man- asparte e glulisina.
cação de insulina (presença de lipodis- A insulina lispro apresenta uma
ter as glicemias ao longo do dia entre
trofias), da ingestão de alimentos e sua inversão nas posições dos aminoácidos
os limites da normalidade, evitando
distribuição, do automonitoramento e lisina (B29) e prolina (B28) da cadeia
ao máximo a ampla variabilidade
da HbA1c, da rotina diária, da prática beta da insulina, o que lhe confere
glicêmica.11 O tratamento intensivo
e da intensidade da atividade física e absorção mais rápida para a circula-
clássico é o que utiliza duas doses de
das intercorrências (infecções e dias de ção (B).13 Uma metanálise que avaliou
insulina neutral protamine Hagedorn oito estudos randomizados, com 2.576
doença).6 Durante a fase de remissão
(NPH) (antes do café da manhã e antes pacientes diabéticos do tipo 1 adul-
parcial, a dose diária total de insulina
administrada é geralmente < 0,5 U/kg/ de dormir), com três doses de insulina tos, comparando insulina regular com
dia e posteriormente, com a evolução regular (antes do café da manhã, do insulina lispro, e cujo desfecho princi-
da doença e passada essa fase, a neces- almoço e do jantar). Entretanto, com o pal era a frequência de hipoglicemias
sidade diária de insulina aumenta para surgimento dos análogos de insulina graves (coma ou necessidade de gluca-
0,7 a 1 U/kg/dia em crianças pré-púbe- de ação ultrarrápida (lispro, asparte e gon intravenoso), mostrou frequência
res, podendo alcançar 1 a 2 U/kg/dia glulisina), algumas vantagens podem significativamente menor desse pro-
durante a puberdade6 ou, em situações ser obtidas na substituição da insulina blema nos indivíduos diabéticos que
de estresse (físico ou emocional), 1,2 a regular por esses análogos, principal- usaram lispro (A).13 Na insulina asparte,
1,5 U/kg/dia. Recomenda-se que a dose mente no que diz respeito aos even- substitui-se um aminoácido prolina
da insulina basal diária varie de 40% a tos hipoglicêmicos graves e notur- por ácido aspártico carregado negati-
60% para tentar mimetizar a secreção vamente na posição 28 da cadeia beta,
nos. Além disso, associado ao plano
endógena de insulina e o restante da produzindo repulsão elétrica entre
alimentar por contagem de carboi-
dose diária recomendada seja em forma as moléculas de insulina e reduzindo
dratos, torna possível que os pacien-
de bólus correção (quantidade de insu- sua tendência à autoassociação; em
tes com DM possam administrá-lo
lina rápida ou análogo ultrarrápido para frascos ou cartuchos, encontra-se na
logo após a refeição, sendo tão eficaz forma de hexâmeros, mas com rápida
atingir a glicemia na meta terapêutica
desejada) e refeição (quantidade de quanto a administração de insulina dissociação em dímeros e monôme-
insulina necessária para metabolizar regular antes da refeição, podendo ser ros no tecido subcutâneo, garantindo
versus gramas de carboidratos). administrada dessa maneira em crian- rápida absorção (A).14 Recente revisão
Há evidências de que a fase inicial ças pequenas, que muitas vezes não baseada em evidências avaliou o uso
da doença em adultos jovens com DM1 ingerem a quantidade total de carboi- da insulina asparte em pacientes dia-
seja progressiva e caracterizada por drato da refeição programada. béticos e demonstrou melhor controle

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glicêmico, sem aumento do risco de refeições (A).19 Esses autores também glicemia frequente, desejo de mudar
hipoglicemia e com maior flexibilidade foram responsáveis por demonstrar ou vontade de diminuir o número de
na administração, quando em compa- que a insulina NPH, quando utilizada aplicações de NPH. O horário da admi-
ração com a insulina regular humana três ou quatro vezes por dia, possibilita nistração da insulina glargina não tem
(A).15 Diversos outros estudos têm favo- atingir melhor controle metabólico do se mostrado clinicamente significativo,
recido as insulinas de ação ultrarrápida que quando usada uma ou duas vezes. podendo ser individualizado (B).23 A
em relação à insulina regular, mos- Por isso, e sobretudo em adolescentes insulina detemir tem duração de ação
trando nível de evidência 1, com grau que apresentam dificuldade em con- de aproximadamente 20 horas, com
de recomendação A. Quando se com- seguir bom controle, sugere-se que declínio de seu efeito após 10 a 12
pararam diretamente as insulinas lis- a insulina NPH seja aplicada antes do horas; estudos têm demonstrado que a
pro e asparte, observou-se que ambas café da manhã, do almoço, do jantar administração de insulina detemir, em
são igualmente eficazes no controle e de dormir (B). Além disso, caso se duas doses ao dia, como parte de uma
das excursões glicêmicas pós-prandiais utilize insulina ultrarrápida em vez da terapia basal-bólus, mantém o controle
(A).16 A insulina glulisina é outro aná- insulina regular, o nível de HbA1c atin- glicêmico na maioria dos adultos com
logo de insulina de ação ultrarrápida gido será mais baixo (A) (B).15 DM1 (B).24 Um estudo comparou o uso
obtido pela troca de asparaginase por Outro aspecto interessante é a pos- de insulina detemir em duas doses diá-
lisina na posição 3 da cadeia beta e de sibilidade de administrar os análogos de rias com o da insulina glargina em dose
lisina por ácido glutâmico na posição ação ultrarrápida logo após o término única ao dia em pacientes com DM1,
29 da mesma cadeia.12,17 Os estudos da refeição, visto que a sua eficácia é ambos os esquemas associados à insu-
com o análogo de insulina glulisina comparável à administração de insulina lina asparte, e demonstrou que essas
demonstraram resultados semelhan- regular antes da refeição,20 podendo insulinas foram igualmente eficazes no
tes na redução dos eventos hipoglicê- ser administrada dessa maneira em controle glicêmico, com risco global de
micos e na eficácia quando comparado crianças pequenas, que muitas vezes hipoglicemia comparável, porém com
à lispro e à asparte (A).18 Análogos da não ingerem a quantidade total de menos hipoglicemia diurna ou noturna
insulina de ação ultrarrápida são indi- carboidratos da refeição programada, com a insulina detemir (B).25
cados aos pacientes que apresentam causando hipoglicemias. No entanto, a O análogo de insulina de ação pro-
tendência a ter hipoglicemia nos perío- aplicação da insulina regular 5 minutos longada glargina é aprovado para uso
dos pós-prandiais tardios e noturnos.17 antes das refeições é menos eficaz do em crianças com idade superior a 6
Um aspecto que deve ser conside- que quando aplicada 10 a 40 minutos anos,26 enquanto o análogo detemir já
rado quando se utiliza a insulina regu- antes, devido ao seu perfil de ação.19 foi aprovado (2013) para uso em crian-
lar é a demora em torno de 30 minu- Os análogos de insulina de ação ças a partir de dois anos. Existem vários
tos de seu início de ação, sendo neces- prolongada, glargina e detemir, tam- estudos e relatos na literatura com o
sária que sua aplicação seja realizada bém foram obtidos pela técnica de uso de ambos os análogos em crian-
pelo menos 30 minutos antes das DNA recombinante. Os estudos têm ças menores, inclusive abaixo dos seis
refeições. No entanto, alguns pacien- demonstrado menor frequência de anos.27,28 No site do EMEA consta um
tes tendem a aplicá-la na hora da hipoglicemia com esses análogos em parecer de abril de 2012 liberando o
refeição. Isso contribui para hipergli- relação à insulina NPH, o que seria expli- uso da glargina a partir de dois anos de
cemias pós-prandiais e hipoglicemias cado pela ausência (ou diminuição) de idade. A comparação da insulina NPH
no período entre as refeições, pois a pico dessas insulinas (B).16,21,22 Obtém- em esquema de múltiplas doses com a
insulina regular atingirá seu pico no se insulina glargina pela substituição insulina glargina em pacientes de 5 a
horário em que a alimentação já foi de asparagina pela glicina na posição 16 anos mostrou que os pacientes tra-
metabolizada. Bolli et al. demonstra- 21 da cadeia A, enquanto se adicionam tados com a insulina glargina apresen-
ram que há diminuição consistente dois resíduos de arginina à posição 30 taram uma glicemia de jejum menor,
na HbA1c, de 0,3% a 0,5%, quando se da cadeia B. O fabricante recomenda com mesma HbA1c.27
utiliza insulina lispro, comparando-se que se utilize a insulina glargina após O fato desses análogos apresen-
com insulina regular humana, mesmo os 6 anos de idade, em dose única tarem um perfil mais estável, menor
quando essa última é apropriada- (antes do café da manhã ou de dor- variabilidade glicêmica, maior previ-
mente injetada 30 minutos antes das mir), em casos que apresentam hipo- sibilidade, não apresentarem picos de

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ação e não necessitarem de homoge- O análogo de insulina Degludeca, contínua da glicose, permitindo ajustes
neização torna possível uma adminis- de ação prolongada, está disponível mais precisos na terapêutica. A bomba
tração mais flexível.29,30 A variabilidade no mercado brasileiro para prática clí- infunde microdoses de insulina de um
glicêmica tem sido reconhecida como nica, e, associado aos análogos de ação reservatório por um cateter inserido
um marcador adicional da qualidade ultrarrápida, poderá ser outra alterna- por meio de uma pequena agulha no
do controle glicêmico, quantificada tiva terapêutica no manejo dos indiví- subcutâneo.36 Pode-se utilizar a insulina
pela amplitude média das excursões duos com diabetes.31 regular ou os análogos de ação ultrarrá-
glicêmicas (mean amplitude of glycemic pida de insulina (lispro e asparte) para
excursions [MAGE]), pelo desvio padrão infusão pelo sistema, sem necessidade
Insulina bifásica
da glicemia média ou pelo índice de de diluição (B).36 Mais recentemente,
excursões glicêmicas em determinado O tratamento intensivo também tem-se demonstrado que o tratamento
período. A variabilidade glicêmica é pode ser obtido com o uso de pré- com sistema de infusão contínua de
avaliada por meio de várias medições misturas ou insulinas bifásicas, insulina apresenta vantagens na utili-
diárias da glicemia capilar e cálculos porém seu uso em indivíduos com zação dos análogos ultrarrápidos pelo
das variáveis, ou glicosímetro com pro- DM1 apresenta algumas desvanta- menor tempo de ação, pico de ação
grama de análise que permita os cálcu- gens, principalmente pela falta de mais precoce, absorção mais previsível
los, ou por sistema de monitoramento flexibilidade de ajustes mais preci- e menor risco de obstrução do cateter
contínuo da glicemia.29,30 sos, causando maior risco de hipo- pela formação de cristais de insulina,
A titulação da dose de insulina diá- glicemias. 32 Uma formulação mais quando em comparação com o uso de
ria é realizada a partir da glicemia de recente é a associação do análogo insulina regular (B, A).36,37
jejum e dos resultados das glicemias de insulina Degludeca com a insu- Os resultados no controle glicê-
capilares ao longo do dia, pré e pós lina asparte. 33 Entretanto, o uso da mico durante a terapia com infusão
-prandiais.5-8 A dose da insulina NPH pré-mistura pode ter utilidade nos subcutânea contínua de insulina são
ao deitar é reajustada de acordo com pacientes com restrições visuais melhores que os obtidos com múlti-
a glicemia de jejum inicialmente e as ou motoras que comprometem a plas injeções diárias de insulina (A).37
demais doses segundo as glicemias capacidade de realizar a mistura de Em metanálise, publicada recente-
pré-prandiais, podendo ser ajustada a duas insulinas de ação diferente de mente, que avaliou a presença de hipo-
cada três ou quatro dias. Os ajustes da modo correto e seguro e para aque- glicemia em 15 estudos randomizados
dose dos análogos glargina ou dete- les indivíduos que têm dificuldade e elegíveis de moderada qualidade em
mir devem ser realizados mediante o em aceitar o esquema de insuliniza- pacientes com DM1 com níveis eleva-
resultado da glicemia do desjejum e ção mais intensiva. 4 dos de HbA1c no início e no final do
pelo menos a cada cinco a sete dias. estudo, em uso de sistema de infusão
O ajuste das insulinas de ação rápida contínua, o resultado da HbA1c foi dis-
Sistema de infusão contí-
ou ultrarrápida é realizado por meio nua de insulina cretamente inferior quando em com-
do resultado da glicemia 2 horas pós paração com o tratamento intensivo
-prandiais, considerando o fator de O sistema de infusão contínua de insu- com múltiplas doses de insulina (-0,2%;
sensibilidade individual (quanto uma lina (SICI) parece ser atualmente o intervalo de confiança [IC] 95% 0,3 vs.
unidade de insulina reduz na glicemia, padrão-ouro no tratamento intensivo -0,1) e sem significância estatística
FS = 1.500/dose total de insulina do do DM1, mas necessita de acompanha- entre hipoglicemias graves (0,48%; IC
dia – insulina regular – ou 1.700, 1.800, mento por equipe capacitada (A).5,35 95%, 0,23 vs. 1) ou noturnas (0,82%; IC
2.000 ou 2.100/dose total de insulina As bombas atualmente disponíveis no 95% 0,33 vs. 2,03). Adolescentes e adul-
dia – análogos ultrarrápidos) e a con- Brasil têm funcionamento, tamanhos e tos com DM1 incluídos nos ensaios
tagem de carboidratos, considerando pesos muito semelhantes e diferem na crossover (SICI e múltiplas doses) apre-
a razão insulina-carboidrato (500/ aparência externa e na forma da uti- sentaram menos episódios de hipogli-
dose total de insulina ao dia). O fator lização dos botões, e alguns modelos cemias, porém sem significância esta-
de sensibilidade e a razão insulina car- são à prova d’água, possuem controle tística, enquanto as crianças incluídas
boidrato são individualizados e podem remoto inteligente e outros podem ser nos estudos paralelos tiveram estatis-
variar nos diferentes horários do dia. integrados ao sistema de monitorização ticamente mais episódios de hipogli-

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cemias (0,68%; IC 95%, 0,16 vs. 1,2; p Hipoglicemia e níveis mais baixos de HbA1c. Em revi-
= 0,03) quando em tratamento com são sistemática da biblioteca Cochrane,
A limitação no alcance do controle gli- publicada em 2006, reavaliada em 2013,
múltiplas doses.38 Além disso, dados
cêmico ideal em DM1, excluídos fatores inserindo o termo análogos de insulina,
recentes da biblioteca Cochrane, com-
como falta de adesão ao tratamento é possível detectar vários estudos com-
parando o tratamento intensivo com
e fraco suporte familiar, permanece parando o tratamento intensivo com o
múltiplas doses com o sistema de infu- sendo a hipoglicemia. A American Dia- uso de insulina NPH e regular ou análo-
são contínua, incluindo 23 estudos, betes Association (ADA) tem adotado gos de ação ultrarrápida e prolongada
randomizados, com 976 pacientes alo- como conceito de hipoglicemia uma e a ocorrência de episódios de hipogli-
cados para cada intervenção, demons- glicemia plasmática < 70 mg/dl, inde- cemia.48 Embora houvesse heterogenei-
traram que o uso desse sistema apre- pendentemente da faixa etária,42 já que dade (número de participantes, tempo
sentou diferença significativa no valor níveis glicêmicos entre 60 e 70 mg/dl de duração do acompanhamento e cri-
da HbA1c (diferença de -0,3%; IC 95% podem se associar fortemente a epi- térios de definição de hipoglicemia < 60
-0,1 a -0,4), dos episódios de hipoglice- sódios mais graves, pois esses níveis se mg/dl ou < 70 mg/dl, p < 0,001) entre
mias e das mensurações de qualidade correlacionam com alterações dos hor- os estudos, a diferença média dos even-
de vida, mas sem redução evidente das mônios contrarreguladores, essenciais tos hipoglicêmicos totais foi de -0,2 epi-
hipoglicemias leves ou moderadas.39 na reversão espontânea da hipoglice- sódios/paciente/mês (IC 95% -1,1-0,7)
Os candidatos ideais à utilização mia.43 Diversos estudos têm demons- para o uso de análogos em comparação
trado que a hipoglicemia noturna com a insulina regular em indivíduos
desse sistema são todos os pacientes
assintomática é achado comum em com DM1. Tanto os análogos de insu-
(crianças, adolescentes ou adultos) com
pacientes com DM1 e dura várias horas lina de ação prolongada e ultrarrápidos
conhecimento e educação adequados
(B).4,44 No DCCT, no qual se utilizou tanto quanto o sistema de infusão contínua de
ao suporte do manejo do diabetes e
insulina regular como de ação lenta, insulina parecem reduzir o risco de hipo-
que já estejam em tratamento intensivo
os pacientes em tratamento intensivo glicemia noturna.49,51
com insulina, em esquema basal-bólus mostraram frequência de hipoglicemia Em um estudo com uso do sistema
com múltiplas doses, e saibam ajustar grave três vezes superior à daqueles em de monitoramento contínuo de glicose
a insulina de acordo com os resultados tratamento convencional. A taxa total (SMCG) por três dias, avaliando os epi-
do automonitoramento, da contagem de hipoglicemia grave foi de 61,2 epi- sódios hipoglicêmicos (menos de 60
de carboidratos da alimentação e da sódios/100 pacientes/ano versus 18,7 mg% por mais de 15 minutos), consta-
prática de atividade física.40 episódios/100 pacientes/ano no tra- taram-se frequência de hipoglicemia de
Tratamento intensivo, seja em tamento intensivo e no convencional, 10,1%, maior prevalência à noite (18,8%
tratamento com múltiplas doses ou respectivamente, com um risco relativo vs. 4,4%) e duração prolongada dos epi-
sistema de infusão contínua de insu- de 3,28. No grupo dos adolescentes, sódios noturnos (média de 3,3 horas)
lina, requer o monitoramento inten- mesmo com níveis maiores de HbA1c, o na maioria dos casos assintomáticos
sivo. É necessário realizar, no mínimo, risco de hipoglicemia grave foi substan- (91%) (B).50 Um dos receios na imple-
cinco testes de verificação da glicemia cialmente maior que nos adultos (86 vs. mentação do tratamento intensivo é
56 eventos/100 pacientes/ano). de que os episódios de hipoglicemia
capilar ao dia (A).41 De fato, para que
O manejo intensivo do diabetes, a possam ter repercussão nas funções
os pacientes realizem essas mensura-
princípio, resultou em aumento dramá- cognitivas do paciente. Em um estudo
ções, é imprescindível que o insumo
tico das taxas de hipoglicemia, sobre- prospectivo com sete anos de dura-
lhes seja distribuído gratuitamente
tudo em adolescentes.46 Entretanto, a ção, demonstrou-se que crianças que
pelo poder público. A Sociedade experiência, ao longo dos anos, com o haviam manifestado DM antes dos 5
Brasileira de Diabetes (SBD) preco- tratamento intensivo e o uso de aná- anos de idade apresentavam escore
niza que o poder público forneça no logos de insulina reduziu as taxas de significativamente inferior ao normal
mínimo 100, mas preferencialmente hipoglicemia grave para oito a 30 epi- em habilidades motoras finas e tarefas
150 tiras reagentes por mês a todo sódios/100 indivíduos/ano de exposi- de atenção contínua três e sete anos
paciente com DM1 para que ele possa ção ao diabetes, estando relacionadas após o diagnóstico. Isso só ocorreu no
realmente implementar o tratamento. com idades mais precoces (0 a 8 anos) grupo que teve hipoglicemias graves,

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com convulsão, sugerindo que episó- Quadro 1 Recomendações ou conclusões finais


dios hipoglicêmicos de menor intensi- Grau de
dade não teriam repercussão nas fun- Recomendação ou conclusão
recomendação
ções cognitivas, mas também alertando
O tratamento intensivo do DM1 com a obtenção de níveis de
para o risco das hipoglicemias graves
HbA1c < 7% diminui o risco de evolução para complicações A
em faixa etária precoce (B).51 Em outro crônicas micro e macrovasculares
estudo, no entanto, incluindo 142 crian-
Há maior frequência de hipoglicemia grave com o tratamento
ças e adolescentes, com média de idade A
intensivo
entre 11,5 ± 2,7 anos (variando de 6 a 15
A hipoglicemia assintomática é uma das limitações do controle
anos) e em um período de acompanha- B
glicêmico ideal
mento de 18 meses, 41% apresentaram
A hipoglicemia grave pode afetar a capacidade cognitiva de crianças B
episódios de hipoglicemia grave, con-
tudo não foram encontradas diferenças O uso de análogos de ação ultrarrápida é superior no controle
A
quanto aos efeitos cognitivos.52 metabólico e na diminuição dos episódios hipoglicêmicos

O sistema de monitoramento con- O uso de análogos de ação prolongada apresenta menor


B
tínuo em tempo real (RT-CGM) fornece variabilidade glicêmica quando em comparação com a insulina NPH
os níveis de glicose em determinado O sistema de infusão contínua de insulina é uma opção terapêutica
A
momento, podendo avaliar a elevação eficaz para a obtenção do controle glicêmico adequado
ou a diminuição da glicemia e possi- O tratamento intensivo também pode ser obtido com o uso de
bilitando ajustes imediatos ou retros- pré-misturas ou insulinas bifásicas, porém seu uso em indivíduos B
com DM1 apresenta algumas desvantagens
pectivos do tratamento insulínico. Ao
longo dos últimos anos, uma série de (A) Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência; (B) Estudos experimentais e
estudos randomizados, ensaios clínicos observacionais de menor consistência; (C) Relatos de casos – estudos não controlados; (D) Opinião
desprovida de avaliação crítica, baseada em consenso, estudos fisiológicos ou modelos animais.
controlados, tem sido realizada para
avaliar o impacto desses dispositivos no
tratamento do DM1, e algumas obser- sor-Augmented Pump Therapy for A1c inúmeras barreiras que a doença impõe,
vações importantes emergiram.53-55 O Reduction 3 (STAR 3), iniciado recente- como a ocorrência e o medo dos even-
uso frequente desse sistema, RT-CGM, mente, será, após concluído, o maior e tos hipoglicêmicos, a complexidade e o
associa-se a uma redução significativa mais longo estudo clínico randomizado dia a dia do manejo e, particularmente,
da HbA1c em pacientes que não estão a avaliar a eficácia da RT-CGM em crian- a necessidade de automonitoramento e
no alvo terapêutico basal recomendado ças, adolescentes e adultos (n = 496) e o de ajustes frequentes da dose de insu-
(HbA1c > 7%); além disso, auxilia aque- primeiro ensaio realizado para determi- lina. No presente momento, a questão
les com níveis de HbA1c ≤ 7% a manter nar se é possível implementar duas tec- mais importante é auxiliar os pacien-
os níveis no alvo, reduzindo a exposição nologias avançadas (bomba de infusão tes com DM1 a manejarem adequada-
à hipoglicemia bioquímica. No entanto, e monitoramento em tempo real), ao mente a sua doença, reduzir o apare-
todos os estudos publicados compa- mesmo tempo, com êxito.56 cimento das complicações agudas e
ram o tratamento intensivo com múl- crônicas e melhorar a qualidade de vida.
tiplas doses de insulina com o sistema
Conclusão
de monitoramento contínuo usando o
Referências
automonitoramento convencional, ou Os efeitos benéficos e protetores alcan-
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parou a eficácia da mudança direta do apesar de os níveis de HbA1c have- and progression of long-term com-
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o medidor padrão de monitoramento seguimento. No entanto, ainda há uma diabetes mellitus. The Diabetes
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