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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

MINUTA DO TRABALHO PARA APRESENTAÇÃO

ALEX ANGELEU DA SILVA

Da Liberdade dos antigos comparada à dos modernos1

Para Constant, a liberdade dos antigos significava que havia um grande poder
individual com que o indivíduo agia sobre o corpo político. Através da soberania
individual, o cidadão podia deliberar diretamente no corpo político, implicando a este
corpo mudanças radicais, as quais poderiam reverberar para além da própria comunidade
política, como no caso das guerras. Diferentemente dos modernos, Constant demonstra
que estes últimos, não só tem sua autoridade nos assuntos públicos reduzida, mas também
essa pequena parcela de autoridade é outorgada ao sistema representativo, tornando a vida
do indivíduo moderno, quase sempre centralizada no âmbito privado, quase nunca na
esfera pública.

Se por um lado os antigos tinham acesso direto às magistraturas, por outro lado,
essa liberdade da qual gozavam na esfera pública, vinha acompanhada do estreitamento
da liberdade individual e, pode-se dizer, da aniquilação da privacidade tal como
conhecemos hoje. Um cidadão na antiguidade poderia ir em público convocar uma
assembleia para julgar um magistrado, condenando e até mesmo banindo-o da
comunidade política. O ostracismo era a instituição pela qual se bania um indivíduo da
comunidade, isso porque a censura era uma forma de regular as relações entre os
indivíduos, garantindo a ordem dentro da comunidade. Por isso Constant afirma que “não
fora, pois, a censura que criara os bons costumes; era a simplicidade dos costumes que
assegurava o poder e a eficiência da censura.”

O texto escrito por Constant, carrega uma riqueza de elementos com os quais se
pode demonstrar quão acentuada é a diferença entre a liberdade dos antigos e dos
modernos. Além de fazer essa distinção categoricamente, o autor ainda nos alerta para
perceber nosso lugar na sociedade entre os regimes políticos que são estabelecidos para
nos assegurar de que a representatividade com que estes regimes atuam, não se desviem
do propósito para o qual eles se estabeleceram. Dando plenas condições para que os
direitos e a possibilidade de intervenção na forma como está sendo conduzida a política
sejam protegidos, sem que, no entanto, haja qualquer diminuição da liberdade individual.

Para que o texto não se estenda além do necessário, será organizado abaixo,
algumas citações centrais do texto de Constant, bem como resenhas de partes específicas
do texto. São elas:

1
CONSTANT, B. Da liberdade dos modernos comparada a dos antigos. Tradução de Loura Silveira.
Tradução disponível no site da Universidade Federal de Minas Gerais. Consulta realizada em 09/06/2019:
http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Constant_liberdade.pdf
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

MINUTA DO TRABALHO PARA APRESENTAÇÃO

ALEX ANGELEU DA SILVA

 “o que os antigos chamavam de liberdade eles admitiam, como compatível com


ela, a submissão completa do indivíduo à autoridade do todo.”
 “entre os antigos o indivíduo quase sempre soberano nas questões públicas, é
escravo em todos seus assuntos privados.”
 “entre os modernos [...] o indivíduo independente na vida privada [...] só é
soberano em aparência.”
 As repúblicas antigas não eram nenhum pouco iguais aos estados modernos;
 “...a guerra e o comércio nada mais são do que dois meios diferentes de atingir o
mesmo fim: o de possuir o que se deseja.”
 1) Extensão do país diminui a importância política do indivíduo;
 2) Sem escravos sem lazer
 3) O comércio inerente ao desenvolvimento social
 “...o comércio tinha feito desaparecer, entre os atenienses, várias das diferenças
que distinguem os povos antigos dos povos modernos.”
 O ostracismo prova que o indivíduo era subordinado ao corpo social;
 “...os antigos, quando sacrificavam essa independência aos diretos políticos
sacrificavam menos para obter mais; enquanto que, fazendo o mesmo sacrifício
nós daríamos mais para obter menos.”
 “O objetivo dos antigos era a partilha do poder social entre todos os cidadãos de
uma mesma pátria. Era isso o que eles denominavam liberdade. O objetivo dos
modernos é a segurança dos privilégios privados; e eles chama liberdade as
garantias concedidas pelas instituições a esses privilégios.”
 Constant faz uma crítica a visão de Rousseau e do Abade Mably;
 “Antigamente, onde havia liberdade, podia-se suportar as privações; agora, onde
há privações, é preciso a escravidão para que alguém se resigne a ela.”
 O ostracismo evidencia o poder do povo;
 “...pedir aos povos de hoje para sacrificar, como os de antigamente, a totalidade
de sua liberdade individual à liberdade política é o meio mais seguro de agastá-lo
da primeira, com a consequência de que, feito isso, a segunda não tardará a lhe
ser arrebatada”

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