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Manual de

Formação
ENTIDADE PROMOTORA: Corporate Form

CURSO: Técnico de mecatrónica

FORMADORA: Raquel Peixoto

Igualdade de Oportunidades
Curso – Técnico de Mecatrónica

Módulo 3 – Tema opcional- Igualdade de Oportunidades

Formadora – Raquel Peixoto

Índice

Igualdade de oportunidades??? 3
Dinâmica de grupo 3
Igualdade: Em quê e porquê? 4
A igualdade de todos 4
A igualdade das oportunidades 5
As três fontes de desigualdade 6
Igualdade de Oportunidades 6
Igualdade e Género: assimetrias de direitos e deveres entre homens e mulheres 7
Organização das Nações Unidas 8
Resumindo 9
Actividade profissional e vida familiar 13
Formas de discriminação 15
A realidade laboral 16
Conciliação da vida profissional e familiar 19
Educação, Formação, Informação e Comunicação Social 21
Poder e tomada de decisão 24
Violência contra as mulheres 25
Tarefa: Descreva uma situação pessoal ou não de violência de que tenha
conhecimento 28
Bibliografia 29

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Igualdade de oportunidades???

"A expressão mais bela e


enriquecedora da vida humana é a sua
diversidade. Uma diversidade que
nunca pode servir para justificar a
desigualdade. A repressão da
diversidade empobrece a raça humana.
É nosso dever facilitar e reforçar a
diversidade a fim de chegar a um
mundo mais equitativo para todos. Para
que exista a igualdade, devemos evitar
as normas que definem o que deve ser
uma vida humana normal ou a forma normal de alcançar a
felicidade. A única qualidade normal que pode existir entre os
seres humanos é a própria vida."

Óscar Árias, Prémio Nobel da Paz

Dinâmica de grupo
Material
Uma caixa de fósforos cheia.

Passos
1- Dispostos em círculo um participante recebe a caixa de fósforo e é convidado
a riscar um palito enquanto o palito permanecer aceso deve falar de si
apresentando-se (não pode ficar sem falar enquanto o palito estiver aceso e
não pode falar mais quando o palito apagar).

2- Quando o palito apagar passa a caixa ao próximo, recomeçando; até que


todos tenham falado sobre o assunto proposto.

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Igualdade: Em quê e porquê?

Igualdade entre quem?

Igualdade em quê?

A igualdade só faz sentido na relação com o outro.

Todos os homens são iguais: proposição genérica. Em “todos são iguais”, o atributo
da igualdade não se refere à qualidade do homem, mas um tipo de relação entre os
homens. Igualdade é um bem para as partes de um todo, na medida em que essas
partes se relacionam.

Tarefa: O que julga ser a igualdade? Dê exemplos em que


julgue haver igualdade e outros em que julgue haver
desigualdade entre os Homens.

A igualdade de todos
A igualdade recebe mais importância nos debates políticos, e inspira filosofias e as
ideologias políticas a proclamar a igualdade de todos os
homens, com um carácter emotivo, dando vida à máxima
‘todos os homens são iguais’. Porém nunca se aplicou a
igualdade de todos os homens em tudo. A aplicação da
igualdade entre os homens está condicionada a que resposta
vai ser dada à questão: Todos iguais, sim, mas em quê? Dessa forma, escolhe-se
uma qualidade para que a partir dela se aplique a igualdade entre os indivíduos. Há

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uma distinção entre desigualdades naturais e desigualdades sociais, sendo


necessário eliminar essa segunda.

A igualdade das oportunidades

É a aplicação da regra de justiça entre indivíduos que competem entre si, em busca
de um objectivo que somente um poderá alcançar. Em Estados avançados
economicamente e socialmente, sua aplicação é de suma importância, para a
garantia de igualdade de condições no ponto de partida na competições entre os
indivíduos. Porém é extremamente difícil conseguir colocar em pé de igualdade
indivíduos que desde o nascimento já está num nível inferior na competição da vida.

Desde a criação familiar, passando pelas


formações escolares, chegando na vida
profissional, todos os indivíduos têm diferentes
oportunidades ao longo dessa trajetória. Para
tentar corrigir as desigualdades em muitos casos,
faz-se necessário o favorecimento dos que estão
em situações menos favoráveis, caracterizando,
assim, uma forma de discriminação.

Tarefa: Mencione formas de discriminação social. Conhece


formas de a combater? Para si, estas desigualdades são uma
realidade? Porquê

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As três fontes de desigualdade

Tarefa: comente as três imagens que se seguem, procurando


relacioná-las com as desigualdades sociais.

É revolucionário o combate às três fontes principais de discriminação que são a


racial, social e a do sexo, que se faz hoje em dia. É extremamente forte a repulsa
para aqueles que as pratica ou mesmo tolera.

Igualdade de Oportunidades

A igualdade de oportunidades constitui um princípio


geral cujas duas grandes vertentes são a proibição da
discriminação em razão da nacionalidade e a
igualdade entre homens e mulheres. Trata-se de um
princípio a aplicar em todos os domínios,
nomeadamente na vida económica, social, cultural
e familiar.

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Igualdade e Género: assimetrias de direitos e deveres entre


homens e mulheres
A igualdade entre homens e mulheres constitui um dos princípios fundamentais do
direito comunitário. Os objetivos da União Europeia (UE) em matéria de igualdade
entre as mulheres e os homens consistem em assegurar a igualdade de
oportunidades e tratamento entre os dois sexos, por um lado, e em lutar contra toda
a discriminação fundada no sexo, por outro. Neste domínio, a UE optou por uma
dupla abordagem, associando ações específicas . Este tema apresenta igualmente
uma forte dimensão internacional em matéria de luta contra a pobreza, de acesso à
educação e aos serviço de saúde, de participação na economia e no processo
decisório e de direitos das mulheres enquanto direitos humanos.

Existe um Programa de Acção sobre a Igualdade das Raparigas e dos Rapazes em


Educação, Resolução dos Ministros da Educação (1985), considerando: “(…) que os
estabelecimentos de ensino são um lugar privilegiado para realizar uma acção eficaz
em da igualdade de oportunidades entre raparigas e rapazes (…) e que a educação
(…) deveria, desde logo, favorecer a eliminação dos estereótipos (…) que persistem
nos manuais escolares, no conjunto dos materiais pedagógicos em geral, (…) criar
estruturas, ou utilizar as existentes em matéria de igualdade de oportunidades entre
raparigas e rapazes, com vista a estabelecer critérios e a elaborar recomendações
que visem a eliminação dos estereótipos nos livros escolares e em qualquer outro
material pedagógico e didático, associando todos os implicados no processo
(editores, professores, entidades publicas, associações de pais); (…) encorajar a
substituição progressiva do material que contém estereótipos, por material não
sexista”.

Recomendações do Comité de Ministros, Conselho da Europa (1990), considerando


a Eliminação do Sexismo na Linguagem: Sublinhando “(…) a interacção existente
entre a linguagem e as atitudes sociais (…) constitui um entrave ao processo de
instauração da igualdade (…) recomenda aos governos (…) que tomem medidas a
fim de incentivar a utilização, na medida do possível, de uma linguagem não sexista
(…) harmonizar a terminologia utilizada nos textos jurídicos, na administração
publica e na educação com o principio da igualdade entre os sexos”.

Tendo presente que a promoção da igualdade entre homens e mulheres é uma


missão da Comunidade Europeia (Tratado que institui a Comunidade Europeia, Art.º

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2º), esta dimensão está presente, desde o início na Estratégia Europeia para o
Emprego (1997), foi reforçada nas conclusões da Cimeira de Lisboa (2000).

O Tratado de Lisboa também reconhece e torna a Carta dos Direitos Fundamentais


juridicamente vinculativa, todos os estados membros da União Europeia e as
instituições comunitárias devem respeitar os direitos enunciados na carta, no qual
estão também mencionados a igualdade perante a lei e a não discriminação entre
homens e mulheres.

No contexto dos estados membros da União Europeia, o Governo Espanhol foi


pioneiro em formar um governo paritário, tendo quebrado algumas barreiras
clássicas na atribuição de pastas a mulheres.

Resultados recentes do Eurobarómetro indicam que a opinião pública considera que


o número de mulheres na vida política deve aumentar, já que, tal como sublinhou
Margot Wallström, comissária europeia para as Relações Institucionais e Estratégia
de Comunicação, "uma democracia que não é suficientemente representada por
52% da população em matéria de decisões políticas não é uma democracia real".

Entre outras medidas elencadas para promover a participação das mulheres contam-
se a possibilidade de o Parlamento Europeu permitir que o tempo das mulheres
passado com os filhos seja contabilizado para efeitos de reforma e a disponibilização
de estabelecimentos escolares para as crianças. Por outro lado, para o
desenvolvimento da igualdade de géneros na vida social contribuiriam também o
pagamento igual para trabalho igual, bem como a redução da violência e do tráfico
de mulheres.

Projectos Equal – Este projecto vai de 2007-2013 e visa tanto mais que a igualdade
de oportunidades, o combate à discriminação e a promoção da integração da
perspectiva do género.

Organização das Nações Unidas


Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU (1948): “Todos os
Seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamadas presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de
língua, de religião de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita
nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou
do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente,
sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania” Art.º 2º

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Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação da mulher


(1979).

Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas (…) com o fim de (…)
assegurar: (…) a eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis dos
homens e das mulheres a todos os níveis e em todas as formas de ensino (…), em
particular revendo os livros e programas escolares (…): Art.º 10º.

As grandes Conferências da Década de 90: Os direitos humanos são direitos dos


homens e direitos das mulheres (Viena em 1993), Os direitos reprodutivos (Cairo em
1994), Mainstreaming e empowerment (Pequim em 1995).

Iniciativas e acções futuras aprovadas na sessão Especial da Assembleia Geral das


Nações Unidas (2000): “Obstáculos (discriminação persistente, em função do
género, e preconceitos também na formação de professores… uso persistente de
estereótipos de género em materiais educativos…) Iniciativas e Acções (Apoiar a
implementação de planos e programas de ação que garantam a qualidade da
educação … e a eliminação da discriminação de género e dos estereótipos de
género nos currículos e materiais escolares, bem como no processo educativo…
desenvolver um currículo sensível às questões de género a partir do ensino pré-
primário, escolas básicas, formação profissional e universidades tendo em vista a
consideração dos estereótipos de género como uma das causas de fundo da
segregação na vida profissional) ”.

Resumindo
A diferença biológica e social entre o homem e a mulher traduziu-se numa
inferioridade para ela.

O desenvolvimento da arqueologia e da antropologia veio lançar algumas dúvidas


sobre o papel que, ao longo dos tempos, as mulheres desempenharam nas

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sociedades. Mas sabemos hoje que esse papel variou e que a evolução não se fez
de forma linear.
São as sociedades que, pelos seus órgãos culturais, decidem do lugar concedido
à mulher, da sua sacralização ou da sua servidão, da sua liberdade ou da sua opressão.
Os sociólogos verificaram, contudo, que hoje como ontem o problema feminino está
ligado aos problemas da nossa Civilização.

O tema da igualdade entre as mulheres e os homens não é um tema novo. Antes


pelo contrário, uma análise atenta da História revela-nos que, de formas diferentes e
com alcance distinto, estas questões foram sendo recorrentemente abordadas ao
longo dos séculos, comprovando a complexidade de uma temática que, como
poucas outras, cruza todas as civilizações, continentes e culturas, religiões e
sistemas políticos, em todas as épocas e em quaisquer circunstâncias.

Mulheres e homens representam, respectivamente, cerca de metade da população


mundial. Porém, apesar deste dado objectivo, têm sido reservados para ambos
papéis bem desiguais na sociedade. Os progressos alcançados são significativos,
mas persistem ainda flagrantes assimetrias quanto a oportunidades, direitos e
deveres, entre as mulheres e os homens, que urge corrigir pela implicação que têm
no desenvolvimento da sociedade e pelos elevados custos económicos e sociais que
comportam e cuja verdadeira amplitude é ainda desconhecida.

O relatório Mac Bride, publicado pela UNESCO, conclui o seguinte, em 1981: «De
todas as violações aos direitos do homem, a mais frequente, a mais divulgada e a
mais enraizada é a recusa da igualdade entre homens e mulheres. Apesar dos
progressos verificados nos últimos anos, não existe país nenhum no Mundo em que
as mulheres gozem de completa igualdade. Direitos iguais e uma participação
completa das mulheres na vida social constituem uma necessidade para o
desenvolvimento total de um país, para o bem-estar do mundo e para a causa da
paz».

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A promoção da igualdade entre as mulheres e os homens é parte integrante da


promoção dos direitos humanos que incluem, para umas e para outros, o
direito de participarem plenamente, como parceiros iguais, em todos os
aspectos da vida. Sem igualdade entre os homens e as mulheres nunca
teremos uma sociedade plenamente justa, democrática, desenvolvida e
respeitadora dos seres humanos. Com efeito, estes não nascem neutros,
nascem homens ou mulheres, são diferentes, pelo que o caminho para a
igualdade implica o respeito por essas mesmas diferenças e não a sua
hierarquização.

A luta das mulheres pela igualdade de direitos e de oportunidades, um dos conflitos


mais importantes do século XX tem tido uma recepção hostil da parte dos homens. O
feminismo é um Movimento social e político cujo objectivo é assegurar a igualdade
de direitos das mulheres em todos os aspectos da vida. Segue a tradição das
sufragistas, que lutaram pelo direito da mulheres ao voto no início do século XX. As
muitas formas de feminismo vão desde a campanha directa pela igualdade sexual,
até à total, e por vezes ruidosa, rejeição do masculino e de todos os aspectos da
sociedade e da língua que reflictam o domínio masculino. A Libertação das Mulheres
(Women’s Lib), como ficou conhecida, teve o seu apogeu no início dos anos 70 e
provocou um hiato pós-feminista. No entanto, as abordagens feministas à critica
literária, às ciências sociais, à história e à teologia são ramos bem concretos destas
disciplinas.

O movimento das feministas foi criticado como feio, minimizado como louco e
rejeitado. As mulheres que fizeram campanhas a favor do voto no começo do século
XX foram mandadas “para casa cuidar dos filhos”.

A Constituição de 1822 estabelecia que a lei era igual para todos. As mulheres não
eram referidas, o que implicava que nenhum obstáculo legal se levantava para que
pudessem exercer o direito de voto. Na realidade, nenhuma o invocou.

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A República, implantada em 1910, trouxe algumas iniciativas liberalizantes, como o


estabelecimento do divórcio, a pedido do marido ou da mulher, e o reconhecimento
do direito de a mulher trabalhar na função pública. Mas o direito ao voto não lhe foi
reconhecido.

Em 1909, forma-se a Liga das Mulheres Republicanas que em Outubro de 1910


enviam ao Governo Provisório uma petição em que se pedem «leis que mais
correspondam às necessidades imediatas da família e da mulher, individualmente,
cidadã livre duma Pátria livre e respeitada».

Em Portugal, a igualdade de direitos entre géneros está consagrada na Constituição


da República desde 1976, e é plenamente assumida no Direito Civil Português. No
domínio familiar, a lei portuguesa reconhece à mulher a plena igualdade com base
no princípio da não discriminação entre sexos. Esta situação reflecte-se nos
dispositivos legais que regulam o casamento, o divórcio, o poder paternal, a adopção
e a união de facto. Apesar das novas gerações terem crescido numa sociedade livre
e democrática onde o acesso à educação, em condições de igualdade, é uma
realidade, permanecem desigualdades evidentes sobretudo no mercado de trabalho.

Nas sociedades democráticas, a igualdade – o tratamento justo, independentemente


da raça, do sexo ou da religião – assume diversas formas, incluindo a igualdade de
direito à justiça e a um julgamento justo (igualdade perante a lei), o direito ao
emprego baseado apenas nos níveis de qualificações e de habilitações (igualdade
de oportunidades) e a igualdade do direito de voto e de concorrer a um cargo público
(igualdade política). A igualdade na partilha dos bens e fontes de rendimento por
todos os cidadãos foi, em teoria, uma das maiores conquistas dos Estados
comunistas.

As desigualdades, visíveis ou invisíveis, tenderão a aprofundar-se se não forem


denunciadas e contrariadas por medidas concretas.

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Actividade profissional e vida familiar


Nos tempos modernos, as mulheres têm uma vida consideravelmente mais longa do
que os homens. Casam-se cada vez mais cedo, mas têm menos filhos, morrem
menos de parto e podem realizar melhor o seu projecto de maternidade porque a
mortalidade infantil diminuiu consideravelmente.

Segundo Evelyne Sullerot, cerca de metade das mulheres, nos países desenvolvidos,
tem o último filho aos 26/27 anos, o que significa que, quando a criança entra na
escola primária, restam à sua mãe cerca de 40 anos para viver.

Em apenas um século, elas deram passos decisivos, ascendendo a domínios novos


de actuação, como por exemplo a política. Facto novo na história: nenhuma classe,
nenhum grupo foram excluídos deste movimento.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2005 as mulheres constituíam 51,7%


da população portuguesa e, apesar da sua crescente participação nos mais diversos
sectores da vida nacional, persistem desigualdades relativamente aos homens. O
emprego, o nível das remunerações, o acesso a cargos de chefia e a divisão do
trabalho doméstico têm sido sempre desfavoráveis ao género feminino.

Não obstante as profundas alterações introduzidas na vida portuguesa nos últimos


dez anos, a persistência de uma tradição patriarcal é ainda muito forte.

O estatuto da mulher na família, e o seu papel na manutenção e reprodução do


agregado familiar e na educação dos filhos, assenta hoje essencialmente numa
contradição entre o discurso e a prática.
Durante séculos, as posições relativas entre os dois cônjuges ficaram sensivelmente
as mesmas, pelo menos nas suas linhas gerais: união no casamento, é certo, mas
distinção nítida nas responsabilidades e trabalhos, centrífugos para o homem e
centrípetos para a mulher, vida social para ele, trabalhos de casa e filhos para ela.

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Nos últimos cinquenta anos tudo mudou, sob pressão de algumas ideias dominantes
que seguem caminho a passos gigantes, sem terem sido bem definidas e que são
traduzidas por palavras-chave, espécie de fórmulas raramente bem compreendidas:
liberdade, emancipação, igualdade, reivindicação, progresso, etc.

De facto, verificamos uma tendência generalizada para um discurso igualitário e uma


prática de não igualdade quanto aos deveres e direitos entre o homem e a mulher na
família. Esta condição é menos nítida nas zonas rurais, onde se mantém ainda um
discurso tradicional».

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Formas de discriminação
Discriminação directa:

Considera-se que existe discriminação directa sempre que uma pessoa seja sujeita a
tratamento menos favorável do que aquele que é, tenha sido ou venha a ser dado a
outra pessoa em situação comparável.

Discriminação indirecta:

Considera-se que existe discriminação indirecta, sempre que uma disposição, critério
ou prática aparentemente neutro seja susceptível de colocar uma pessoa, por motivo
de um factor de discriminação, numa posição de desvantagem comparativamente
com outras, a não ser que essa disposição, critério ou prática seja objectivamente
justificado por um fim legítimo e que os meios para o alcançar sejam adequados e
necessários.

 A entidade empregadora não pode praticar qualquer discriminação, directa ou


indirecta.

 É inválido o acto de retaliação que prejudique o/a trabalhador/a em


consequência de rejeição ou submissão a acto discriminatório.

 Constitui discriminação a mera ordem ou instrução que tenha por finalidade


prejudicar alguém em razão de um factor de discriminação.

 Presume-se abusivo o despedimento ou outra sanção aplicada alegadamente


para punir uma infracção, quando tenha lugar até um ano após reclamação ou
outra forma de exercício de direitos relativos a igualdade e não discriminação.

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 A entidade empregadora não pode, em circunstância alguma, exigir a


candidata a emprego ou a trabalhadora a realização ou apresentação de
testes ou exames de gravidez. O médico responsável pelos testes e exames
médicos só pode comunicar à entidade empregadora se o/a trabalhador/a
está ou não apto/a para desempenhar a actividade.

 Cabe a quem alega discriminação indicar o/a trabalhador/a ou


trabalhadores/as em relação a quem se considera discriminado, incumbindo à
entidade empregadora provar que a diferença de tratamento não assenta em
qualquer factor de discriminação. Aplica-se designadamente em caso de
invocação de qualquer prática discriminatória no acesso ao trabalho ou à
formação profissional ou nas condições de trabalho, nomeadamente por
motivo de dispensa para consulta pré-natal, protecção da segurança e saúde
de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, licenças por parentalidade ou
faltas para assistência a menores.

 Não constitui discriminação o comportamento baseado em factor de


discriminação que constitua um requisito justificável e determinante para o
exercício da actividade profissional, em virtude da natureza da actividade em
causa ou do contexto da sua execução, devendo o objectivo ser legítimo e o
requisito proporcional.

 Não se considera discriminação a medida legislativa de duração limitada que


beneficia certo grupo, desfavorecido em função de factor de discriminação,
com o objectivo de garantir o exercício, em condições de igualdade, dos
direitos previstos na lei ou corrigir situação de desigualdade que persista na
vida social.

A realidade laboral

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Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2005 as mulheres constituíam 51,7%


da população portuguesa e, apesar da sua crescente participação nos mais diversos
sectores da vida nacional, persistem desigualdades relativamente aos homens. O
emprego, o nível das remunerações, o acesso a cargos de chefia e a divisão do
trabalho doméstico têm sido sempre desfavoráveis ao género feminino.

Na Europa existem organizações criadas para assegurar a igualdade de salários e de


oportunidade de emprego para todos os cidadãos. Apesar de todos os esforços, as
mulheres ainda ganham, em média, cerca de 20% menos do que os homens no
desempenho da mesma função.

Não obstante as profundas alterações introduzidas na vida portuguesa nos últimos


dez anos, a persistência de uma tradição patriarcal é ainda muito forte.

O estatuto da mulher na família, e o seu papel na manutenção e reprodução do


agregado familiar e na educação dos filhos, assenta hoje essencialmente numa
contradição entre o discurso e a prática.

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Embora a taxa de participação das mulheres portuguesas no emprego apresente um


dos valores mais elevados da União Europeia (61,3%)* , as mulheres continuam a
enfrentar dificuldades no acesso ao emprego, com reflexos nomeadamente na taxa
de desemprego. Por outro lado, a sua qualidade de emprego é inferior à dos
homens, como decorre, por exemplo, dos indicadores respeitantes à precariedade
do emprego e na desigualdade salarial.

As razões destas desigualdades são complexas, e assentam fundamentalmente na


segregação horizontal e vertical do mercado de trabalho, e no exercício dos direitos
inerentes à maternidade e à conciliação entre a vida familiar e profissional.

As mulheres são maioritárias nos níveis de qualificação menos elevados e nos


sectores de actividade com mais baixos salários. Por outro lado, a gravidez, a licença
de maternidade, as dispensas para amamentação e aleitação, e a menor
disponibilidade para o cumprimento de certos horários, por causa das

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responsabilidades familiares, bem como a diferente partilha daquelas


responsabilidades e o não reconhecimento do valor do trabalho não remunerado,
são factores decisivos para as desigualdades mencionadas. Há vinte anos a maioria
das mulheres interrompia a sua actividade profissional em prol da educação dos
filhos e filhas. Hoje, grande percentagem das mães volta ao trabalho após o término
da licença de maternidade, pelo que o debate se centra, sobretudo, na interligação
da maternidade e da paternidade com o trabalho.

Conciliação da vida profissional e familiar

A maternidade, a paternidade e a família suscitam considerações das mais


importantes. Das diferenças entre as mulheres e os homens que resultam da sua
própria natureza, a maternidade é de todas a mais determinante. Se os direitos das
mulheres não se esgotam na maternidade, também a opção por constituir a família
não pode, nem deve, ser impeditiva de uma actividade profissional de sucesso.

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É fundamental consolidar a nossa sociedade neste pressuposto. As mulheres não


podem ser alvo de pressões cruzadas da vida familiar e profissional, da mesma
forma que os homens não podem ser excluídos do seu papel de pais, antes devem
participar de uma forma activa e responsável na educação dos seus filhos e filhas.
Para tanto, só parece existir um caminho: o da conciliação entre a vida familiar e
profissional e o da partilha das tarefas familiares e domésticas.

A construção de um novo equilíbrio entre a vida profissional e familiar das mulheres


e dos homens constitui uma questão chave para a prossecução de uma cultura de
efectiva igualdade de género e de oportunidades, tanto mais que o crescimento
acelerado da participação das mulheres na esfera pública nem sempre foi
acompanhado de uma correspondente participação dos homens na esfera privada.

Grande parte das mulheres continua a trabalhar após o nascimento dos filhos e
filhas e regista-se um número crescente de homens que querem participar de forma
activa nas tarefas familiares e domésticas.

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O fenómeno do envelhecimento da população influenciou a estrutura social e muitos


idosos residem actualmente com os seus descendentes. Entre 1960 e 1997 a
população idosa residente em Portugal mais que duplicou. Consequentemente, há
cada vez mais trabalhadoras/es a ter de conciliar a actividade profissional com a
guarda não só de crianças mas também de outros dependentes.

São as mulheres que aguentam as tensões da vida familiar, o duplo encargo de


trabalhar dentro e fora de casa e a responsabilidade dos filhos e dos idosos – e são,
na sua grande maioria, também elas que assumem a responsabilidade no caso de
famílias com um só membro.

Constata-se que a organização do modelo social mudou consideravelmente nos


últimos anos, pelo que é necessário encontrar novas formas de organização do
trabalho que permitam uma maior flexibilidade. O papel dos parceiros sociais é
crucial neste domínio.

A conciliação da vida profissional e familiar e uma repartição mais equilibrada das


responsabilidades familiares e domésticas constituem uma questão central da
sociedade moderna e são susceptíveis de contribuir para uma melhor assumpção
pelos pais e pelas mães das suas responsabilidades enquanto formadores e
educadores. Deverá prestar-se particular atenção à situação específica das famílias
monoparentais.

Educação, Formação, Informação e Comunicação Social


Educação

Rapazes e raparigas podem frequentar a mesma escola,


partilhar salas de aula e professores, mas receberão a
mesma educação? Investigações feitas em escolas
primárias revelam que rapazes e raparigas são tratados de

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modo diferente desde o início, e que as ideias que aos cinco anos já têm quanto aos
papéis do homem e da mulher estão bastante enraizadas. Um estudo revelou que,
em particular, os rapazes tinham já opiniões bastante firmes acerca do que as
raparigas podiam fazer e, o que é mais importante, sobre o que não podiam.

A escola desempenha um papel fundamental na transmissão de valores e nas


opções profissionais das/dos jovens. Por esta razão é imperioso que a dimensão de
género seja incluída na formação das crianças e jovens desde os primeiros níveis de
ensino de forma a eliminar os estereótipos em função do sexo e promover a
educação para a igualdade.

Não obstante o acesso à educação ser hoje igual para ambos os sexos, continuam a
verificar-se elevados níveis de participação masculina e feminina nos sectores
profissionais mais tradicionais. Em áreas fundamentais e transversais para a
modernização do país, como a das tecnologias de informação, persiste um défice de
participação feminina.

As raparigas são agora admitidas nos mesmos cursos que os rapazes, e vice-versa,
mas ainda não é muito vulgar elas inscreverem-se em carpintaria, mecânica
automóvel ou desenho industrial, ou eles fazerem fila para aprenderem lavores ou
culinária.

A sensibilização e a formação constituem factores estratégicos para a alteração dos


comportamentos.

Nos decénios mais recentes, a educação das mulheres tem evoluído mais
favoravelmente do que a dos homens, embora a taxa de analfabetismo feminina
seja, ainda, praticamente dupla da dos homens, o que poderá encontrar explicação,
em parte, na maior longevidade das mulheres, já que é grande a percentagem de
idosas sem qualquer grau de instrução.

Formação

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Os encargos da maternidade consomem-lhe cada vez menos tempo. As mulheres


podem aplicar-se na formação profissional e levar a cabo os seus projectos de
intervenção profissional, cívica e política.

De facto, verificamos uma tendência generalizada para um discurso igualitário e uma


prática de não igualdade quanto aos deveres e direitos entre o homem e a mulher na
família. Esta condição é menos nítida nas zonas rurais, onde se mantém ainda um
discurso tradicional».

Informação

A informação é uma condição básica para o empoderamento das mulheres. De facto


o saber, em todos as suas formas, é uma forma de poder que durante muito tempo
foi negada às mulheres. Hoje não é assim, mas continua a haver um grande
desconhecimento por parte de alguns grupos de mulheres daquilo que são os seus
direitos em várias áreas, e também, por parte do público em geral, dos efeitos
concretos na vida das mulheres e dos homens na desigualdade na vida real.
Também as actividades e recomendações de várias organizações internacionais que
a Portugal dizem respeito são desconhecidas do grande público. É função e
preocupação da CIDM divulgar, sob as mais variadas formas, e recorrendo a vários
meios, informações tratadas que possam ser utilizadas directamente pelo público.

Comunicação Social

Os meios de comunicação social têm hoje uma responsabilidade crescente enquanto


vinculadores de informação junto da opinião pública e o seu papel é determinante na
formação da consciência das cidadãs e dos cidadãos para os problemas de carácter
geral e específico.

Muitas vezes replicam ou perpetuam estereótipos dos papéis sociais de homens e


mulheres na informação que veiculam, ignorando o relevante desempenho das
mulheres nas diversas esferas da sociedade. É determinante fazer passar uma

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mensagem actual das questões da igualdade entre as mulheres e os homens


através dos órgãos de comunicação social.

O desenvolvimento dos grandes meios de comunicação de massa permite uma


compreensão mais vasta e, simultaneamente, uma tomada de consciência mais
generalizada relativamente à necessidade e possibilidade de transformação.

Uma maior sensibilização das cidadãs e dos cidadãos para o problema da violência
doméstica, por exemplo, passa por acções de informação e divulgação sobre os
seus direitos e deveres. O Governo está empenhado em comprometer toda a
sociedade no combate a um crime público que tem proporções inaceitáveis, pois a
eficácia deste combate depende de todos os portugueses. Apostar na sensibilização
e na prevenção, tanto dos adultos como das gerações mais novas, é um dos
caminhos para alterar a actual situação.

Poder e tomada de decisão


A Constituição Portuguesa consigna o direito de todos os
cidadãos a “tomar parte na vida política e na direcção dos
assuntos públicos do país”. Por outro lado, estabelece que “A
participação directa e activa dos homens e das mulheres na
vida política constitui condição e instrumento fundamental de
consolidação do sistema democrático, devendo a lei
promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e
políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso
a cargos políticos”.

Em 2006 a Lei da Paridade (Lei Orgânica n.º 3/2006, de 21 de Agosto, alterada pela
Declaração 7/2006, de 4 de Outubro 2006) vem estabelecer que as listas para a
Assembleia da República, para o Parlamento
Europeu e para as autarquias locais são

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compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos


sexos. Esta Lei significa uma enorme vitória para a Democracia Portuguesa e para
os Direitos das Mulheres, ao reconhecer que a democracia só estará completa se for
representada por homens e mulheres.

É fundamental garantir uma maior participação feminina em todos os níveis da


decisão política, social e económica, a fim de garantir por um lado que a sociedade
em geral beneficie com a sua perspectiva; e, por outro, que os seus interesses e
necessidades estejam representados.

É importante considerar a perspectiva de género na elaboração e implementação de


políticas e medidas de acção governativa e empresarial. A não participação plena
das mulheres em lugares de decisão resulta numa perda para a sociedade em geral,
e as dificuldades que enfrentam no acesso ao emprego e na progressão na carreira
têm reflexos, entre outros, nas diferenças de remuneração entre os homens e as
mulheres.

Violência contra as mulheres


A violência é um exercício de poder do mais forte sobre
o mais fraco. A violência contra as mulheres constitui,
em larga medida, uma manifestação da desigualdade
histórica e estrutural das relações de poder entre os
homens e as mulheres. Esta violência, que se manifesta
de diversas formas, tem vindo a agravar-se e a ganhar
novos contornos em todos os países e também em
Portugal, nomeadamente no que respeita ao tráfico de
mulheres para fins de exploração sexual.

É necessário um maior conhecimento sobre a violência e


suas consequências; é necessário envolver os vários

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agentes na criação e aperfeiçoamento de legislação e de mecanismos que facilitem


o acesso das mulheres às várias estruturas de apoio, nomeadamente sociais e
judiciárias; e é ainda necessário adoptar medidas preventivas e punitivas eficazes.

Dada a gravíssima situação da violência doméstica em Portugal, o Governo aprovou


um Plano Nacional especificamente vocacionado para este tipo de violência. No
entanto, existem outras situações de violência perpetradas contra as mulheres que
embora não cabendo naquele âmbito, são igualmente indignas e lesivas dos seus
direitos.

Além dos problemas de pobreza e de exclusão social, o universo feminino é ainda


hoje, nos mais diversos lugares e contextos, abalado pela violência. Em Portugal,
como noutros países, a violência contra as mulheres, quer na família, quer na
sociedade, é um problema de enorme gravidade.

A violência doméstica é o tipo de violência que ocorre entre membros de uma


mesma família ou que partilham o mesmo espaço de
habitação.

Estas circunstâncias fazem com que este seja um


problema especialmente complexo, com facetas que
entram na intimidade das famílias e das pessoas
(agravado por não ter, regra geral, testemunhas, e ser
exercida em espaços privados). Abordá-lo é delicado, combatê-lo é muito difícil. É
verdade, no entanto, que mercê do grande interesse que as principais organizações
internacionais têm dedicado a este tema nas últimas décadas, temos actualmente a
consciência mais desperta para conhecer o problema e, consequentemente, para o
enfrentar.

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A violência mais comum é a exercida sobre as mulheres. Segundo o Conselho da


Europa, a violência contra as mulheres no espaço doméstico é a maior causa
de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 anos, ultrapassando o cancro,
acidentes de viação e até a guerra. Este dado internacional, se relacionado com os
indicadores disponíveis em Portugal (embora apenas indicativos e ainda a necessitar
de confirmação mais rigorosa) que sugerem que mensalmente morrem mais de
cinco mulheres por razões directas e indirectamente relacionadas com actos de
violência doméstica, dá-nos uma fotografia de uma realidade que nos ofende na
nossa dignidade humana enquanto pessoas, e na nossa condição de cidadãos
portugueses.

No entanto, somos crescentemente confrontados com o aumento de situações de


violência perpetrada, também, contra as crianças, as pessoas idosas e as mais
frágeis, como é o caso dos cidadãos portadores de deficiência. Esta violência pode
assumir diversas formas, que vão dos maus-tratos e espancamento até ao abuso
sexual, violação, incesto, ameaças, intimidação e prisão domiciliária.

Não podemos ignorar, no entanto, que a grande maioria de situações que prefiguram
casos de violência doméstica são ainda as exercidas sobre as mulheres pelo seu
marido ou companheiro. Este tipo de violência doméstica tem significativas
implicações políticas, sociais e até económicas e constituiu uma violação dos direitos
humanos com raízes históricas e culturais. Na sua origem está, porém, a
persistência de flagrantes desigualdades entre as mulheres e os homens.

A sociedade, mulheres e homens, partilha representações sociais sobre o género e


as relações entre os géneros, em todos os estratos sociais e profissionais. Os
testemunhos das mulheres são tidos como pouco credíveis pela sociedade em geral
e, por isso, muitas mulheres sentem-se prisioneiras isoladas no seu mundo de
violência. Muitas vezes, de vítimas transformam-se em acusadas; poucas acreditam
na possibilidade de se libertarem da perseguição dos agressores ou de que estes

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venham a ser punidos. Suportam o insustentável na convicção de que estão a


proteger os seus filhos, ignorando que, ao fazê-lo, estão a alimentar uma espiral de
violência que levará a que alguns deles sejam mais tarde, novos agressores.

Não mais poderemos continuar a fechar os olhos a estes factos, sob pena de
impedirmos Portugal de se afirmar como um país moderno, onde o respeito pelos
direitos humanos esteja garantido, onde homens e mulheres partilhem entre si, em
igualdade de circunstâncias, os direitos e deveres de cidadãos e cidadãs.

Tarefa: Descreva uma situação pessoal ou não de violência de que tenha


conhecimento

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Bibliografia

Comissão para a igualdade no trabalho e no emprego. (2004). Manual para a


Igualdade. Lisboa
Constituição da República Portuguesa. (2001). Coimbra: Almedina
Comissão Europeia (2008). Manual para a Integração da Dimensão da Igualdade de
Género nas Políticas de Inclusão Social e Protecção Social
www.cite.gov.pt
www.igualdade.gov.pt

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