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Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste

n. 01-2004 ISSN 1678-8265

DEISE ELISABETE DE SOUZA

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM ESCOLIOSE


ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE ISO-STRETCHING E
MANIPULAÇÕES OSTEOPÁTICAS

CASCAVEL
2003
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

DEISE ELISABETE DE SOUZA

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM ESCOLIOSE


ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE ISO-STRETCHING E
MANIPULAÇÕES OSTEOPÁTICAS
Trabalho de Conclusão de Curso de
Fisioterapia, do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná –
Campus Cascavel.

Orientador: Prof. André Pêgas de


Oliveira

CASCAVEL
2003
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

TERMO DE APROVAÇÃO

DEISE ELISABETE DE SOUZA

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM ESCOLIOSE


ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE ISO-STRETCHING E
MANIPULAÇÕES OSTEOPÁTICAS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do


título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

................................................................................
Orientador: Prof. André Pêgas de Oliveira
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

................................................................................
Profª Juliana Cristina Frare
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

................................................................................
Prof. Alberito Rodrigo de Carvalho
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

Cascavel, fevereiro de 2004.


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Dedico este trabalho a


Deus, aos meus pais e aos
meus irmãos José
Humberto e Débora Maria
que tudo fazem para
realizar meus sonhos.
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AGRADECIMENTOS

A Deus, por presentear-me com uma vida repleta de realizações, pela


oportunidade do estudo e pela proteção nos momentos conflitantes.

Aos meus pais José e Iraci, que são exemplos a serem seguidos. Ao
meu irmão José Humberto e minha irmã Débora Maria pela motivação,
confiança e incentivo ao meu engrandecimento cultural e ético.

Ao Prof. André Pêgas de Oliveira, por nos estimular à comprovação


científica dos métodos de Tratamento Fisioterapêuticos.

À Profª.Deborah Schneider, pela colaboração e disposição em me


ajudar na análise estatística.

Aos meus amigos Paulo Henrique e Juliane que se dedicaram à


elaboração e prática desta pesquisa, abdicando de momentos de lazer
por inúmeras reuniões de estudo.

Aos meus queridos pacientes Ana Paula, Camila, Dayane, Luíza,


Marcos e Marlos que sempre se esforçaram nos alongamentos e pela
presença assídua em todo o tratamento.

Aos pais e responsáveis dos pacientes que colaboraram e confiaram em


nossa atuação.

Às minhas preciosas amigas Tainá, Lílian, Carla, Ingrid, Carolina e


Adriana por todos os momentos alegres e divertidos que passamos
juntas.

Aos meus amigos de Cascavel, que são muitos e que constituem minha
família paranaense.

Agradeço à Universidade Estadual do Oeste do Paraná por me


proporcionar conhecimento e maturidade.

Obrigada
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“Segue o teu destino,


Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra,
De árvores alheias.”

Ricardo Reis
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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................xi
ABSTRACT ............................................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................................4
2.1 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL .......................................................................4
2.2 ASPECTO HISTÓRICO DA ESCOLIOSE ....................................................................8
2.3 ESCOLIOSE.......................................................................................................................9
2.4 BIOMECÂNICA DA ESCOLIOSE................................................................................ 11
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES ...................................................................... 15
2.5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO............. 15
2.5.1.1 Escoliose Torácica .................................................................................................. 15
2.5.1.2 Escoliose Lombar .................................................................................................... 16
2.5.1.3 Escoliose Tóraco-lombar ........................................................................................ 16
2.5.2 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A ANGULAÇÃO.................................................... 17
2.5.3 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A IDADE DE APARIÇÃO .................................... 18
2.5.3.1 Escoliose infantil ...................................................................................................... 18
2.5.3.2 Escoliose juvenil ...................................................................................................... 18
2.5.3.3 Escoliose do adolescente ....................................................................................... 18
2.6 ESTÁTICA CORPORAL................................................................................................ 19
2.7 POSTURA ....................................................................................................................... 21
2.8 TRATAMENTO DA ESCOLIOSE ................................................................................ 21
2.8.1 PROTOCOLO DE TRATAMENTO SEGUNDO A ANGULAÇÃO DA
ESCOLIOSE ...................................................................................................................... 22
2.8.2 MANIPULAÇÕES OSTEOPÁTICAS ....................................................................... 23
2.8.3 FISIOLOGIA DAS DEFORMIDADES VERTEBRAIS ............................................ 24
2.8.3.1 Fisiologia do Alongamento Muscular.................................................................... 25
2.8.4 CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS MUSCULARES .............................................. 28
2.8.4.1 Cadeia mestra anterior ........................................................................................... 28
2.8.4.2 Cadeia inspiratória................................................................................................... 29
2.8.4.3 Cadeia Antero-interna do ombro ........................................................................... 29
2.8.4.4 Cadeia superior do ombro...................................................................................... 30
2.8.4.5 Cadeia anterior do braço ........................................................................................ 30
2.8.4.6 Cadeia Antero interna do quadril .......................................................................... 31
2.8.4.7 Cadeia mestra posterior ......................................................................................... 31
2.8.4.8 Cadeia lateral do quadril......................................................................................... 32
2.8.5 ISO-STRETCHING ..................................................................................................... 32
2.9 DIAGNÓSTICO DAS ESCOLIOSES .......................................................................... 36
2.9.1 TESTE DE ADAMS .................................................................................................... 37
2.9.2 MENSURAÇAO PELO MÉTODO DE COBB ......................................................... 39
2.10 PEDÍGRAFO................................................................................................................. 40
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS ............................................................................................ 43
4 RESULTADOS .................................................................................................................. 50
5 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 60
6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 66
ANEXO 1 ...................................................................................................................................1
ANEXO 2 ...................................................................................................................................4
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LISTA DE ABREVIATURAS

MA Mestra Anterior

I Inspiratória

LQ Lateral do Quadril

AIQ Antero Interna do Quadril

MP Mestra Posterior

SO Superior do Ombro

AIO Antero Interna do Ombro

AB Anterior do Braço
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Coluna vertebral especificando suas regiões ....................................................4

Figura 2- Esquema de vértebras e disco intervertebral.....................................................5

Figura 3- Vértebra lombar clássica .......................................................................................6

Figura 4- Músculos transversos espinhais...........................................................................7

Figura 5- A ação muscular concomitante do auto alongamento ................................... 35

Figura 6- A ação muscular do tronco durante a expiração ............................................ 35

Figuras 7 e 8- Teste de Adams com a fisioterapeuta atrás e a imagem da gibosidade


torácica direita ................................................................................................................... 38

Figura 9- Pedígrafo e rolo para espalhar a tinta .............................................................. 41

Figura 10- Paciente com um pé sobre o Pedígrafo e o outro apoiado no solo .......... 41

Figuras 11 e 12- Avaliação das Cadeias Musculares Inspiratória e Lateral do Quadril


............................................................................................................................................. 44

Figura 13- Postura inicial de Iso-Stretching em decúbito dorsal................................... 45

Figura 14- Outra postura em decúbito dorsal para alongamento das cadeias
musculares comprometidas ............................................................................................ 45

Figura 15- SIM’S Position, em escoliose com convexidade direita .............................. 46

Figuras 16 e 17- Posturas de Iso-Stretching sentado..................................................... 46

Figura 18- Postura de Iso-Stretching em pé..................................................................... 47

Figuras 19 e 20- Exame do pedígrafo e impressão do apoio plantar .......................... 48

Figura 21- Pedígrafo antes e depois do tratamento para escoliose............................. 55

Figuras 22 e 23- Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para


escoliose, em vista anterior ............................................................................................. 57

Figuras 24 e 25- Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para


Escoliose, em vista lateral esquerda ............................................................................. 58

Figuras 26 e 27- Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para


Escoliose, em vista anterior ............................................................................................ 58
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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES A


CADA 2 MESES DOS 6 PACIENTES- CASCAVEL- 2003........................................ 50

TABELA 2- COMPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL DAS CADEIAS


MUSCULARES MA, I, AIQ, MP E AB- CASCAVEL- 2003 ........................................ 52

TABELA 3- COMPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL DAS CADEIAS


MUSCULARES BILATERAIS LQ, SO E AIO- CASCAVEL- 2003............................ 53

TABELA 4- ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES DO APOIO PLANTAR EM CADA


REGIÃO DO PÉ- CASCAVEL- 2003............................................................................. 54

TABELA 5- COMPARAÇÃO DO APOIO PLANTAR INICIAL E FINAL PELO


PEDÍGRAFO- CASCAVEL- 2003................................................................................... 56

TABELA 6- MENSURAÇÃO DOS RAIOS-X PELO MÉTODO DE COBB-


CASCAVEL- 2003............................................................................................................. 56
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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES-


CASCAVEL- 2003............................................................................................................. 51

GRÁFICO 2- AVALIAÇÃO DAS CADEIAS MUSCULARES MA, I, AIQ, MP E AB-


CASCAVEL- 2003............................................................................................................. 52

GRÁFICO 3- AVALIAÇÃO DAS CADEIAS MUSCULARES LQ, SO E AIO DO LADO


DIREITO- CASCAVEL- 2003.......................................................................................... 53

GRÁFICO 4- AVALIAÇÃO DAS CADEIAS MUSCULARES LQ, SO E AIO DO LADO


ESQUERDO- CASCAVEL- 2003 ................................................................................... 54

GRÁFICO 5 - ALTERAÇÕES NO APOIO PLANTAR- CASCAVEL- 2003................... 55

GRÁFICO 6 - RESULTADO DOS RAIOS-X- CASCAVEL- 2003 .................................. 57


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RESUMO

Escoliose de pequeno grau pode ou não evoluir para uma curvatura mais acentuada
e grave, portanto, é necessário o tratamento precoce com técnicas menos
agressivas. Os ortopedistas, geralmente sugerem o tratamento com colete ou
cirurgia nos casos acima de 45º Cobb, e a Fisioterapia tem obtido bons resultados
com técnicas menos frustrantes aos pacientes que apresentam menor angulação.
Com o passar dos anos muitos tratamentos alternativos têm sido propostos,
incluindo o tratamento fisioterapêutico, e muitos especialistas questionam a eficácia
deste tratamento, quando submetidos a testes científicos rigorosos. Afirmam que a
cirurgia é o único método de tratamento que pode significativamente diminuir a
magnitude de uma curva escoliótica e o colete interromper a progressão da
curvatura. Para tanto, se faz necessário o presente trabalho de conclusão de curso,
baseado na aplicação de um protocolo de tratamento fisioterapêutico para escoliose
idiopática através das técnicas de Iso-Stretching e Manipulações Osteopáticas, que
visa reduzir o grau de Escoliose e proporcionar melhora no padrão postural dos
pacientes. Apesar da inexistência de diferença estatística, pode-se observar
tendência de diminuição e estabilização da curvatura escoliótica, através da
mensuração pelos raios-x, das avaliações das cadeias musculares e do exame do
Pedígrafo.

Palavras-chave: escoliose idiopática, tratamento, fisioterapia, iso-stretching,


osteopatia.
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ABSTRACT

Scoliosis of small degree can or not to evolve more for an accented and serious
bending, therefore, is necessary the precocious treatment with less aggressive
techniques. The orthopaedic, generally suggest the treatment with brace or surgery
in the cases above of 45º Cobb, and the Physiotherapy has gotten good resulted with
less frustrating techniques the patients who present minor curvature angle. With
passing of the years many alternative treatments have been considered, including
physiotherapeutic treatment and, many specialists physioterapy question the
effectiveness of this treatment, when submitted rigorous the scientific tests. They
affirm that the surgery is the only method of treatment that can significantly diminish
the magnitude of a scoliotic curvature and the brace to interrupt the progression of
the bending. For in such a way, if it makes necessary the present work of conclusion
of course, based on the application of a protocol of physiotherapy treatment for
idiopathic scoliosis through the techniques of Iso-Stretching and Osteopathic
Manipulation, that it aims at to reduce the degree of Scoliosis and to provide
improvement in the postural standard of the patients. Despite the difference
inexistence statistics, trend of reduction and stabilization of the scoliotic bending
could be observed, through the measure for the rays-x, of the evaluations of the
muscular chains and the examination of the Pedígrafo.

Key words: idiopathic scoliosis, treatment, physiotherapy, iso-stretching, osteopathy.


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1 INTRODUÇÃO

A escoliose trata-se de uma patologia séria, que se desenvolve

principalmente nas fases de crescimento e que deve ser tratada precocemente.

Escoliose é o desvio lateral não fisiológico da linha mediana. Devido ao alinhamento

vertebral e às relações estruturais das bordas vertebrais e às articulações

posteriores, a inclinação lateral é acompanhada por rotação simultânea (CAILLIET,

1979).

A literatura relata vários métodos e recursos fisioterapêuticos que têm sido

utilizados para melhorar a escoliose: métodos Schroth, Klapp, exercícios físicos,

estimulação elétrica dos músculos, colete associado a exercícios ou isolado,

Reorganização Tônica e Fásica da Postura, Osteopatia, Reeducação Postural

Global-RPG, Iso-Stretching, dentre outros.

A literatura pouco se refere, de maneira detalhada e reprodutível, aos

resultados dos tratamentos fisioterapêuticos empregados em indivíduos com

escoliose. Devido à rotação vertebral que a acompanha e suas alterações

anatômicas de caráter tridimensional, muitos autores a julgam irreversível e poucos

acreditam na diminuição dos ângulos da curvatura (MARQUES, 1996).

A preocupação com o elevado índice de escoliose na população infantil e a

ausência de trabalhos que se detêm a estudar o uso unicamente das técnicas de

Iso-Stretching e Osteopatia em escoliose, direcionou o presente Trabalho de

Conclusão de Curso, tendo como finalidade propor um protocolo de tratamento

Fisioterapêutico para Escoliose, baseado nas técnicas de Iso-Stretching e

Manipulações Osteopáticas. Objetivou-se reduzir o grau da curvatura escoliótica e


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proporcionar melhora do padrão postural dos participantes, ao comprovar a eficácia

deste protocolo de tratamento Fisioterapêutico.

O protocolo de tratamento Fisioterapêutico proposto, visou também reduzir o

encurtamento das cadeias musculares, proporcionando melhora do padrão postural

dos pacientes e analisar as alterações no apoio plantar, devido à complexidade das

cadeias musculares. A amostra foi constituída de 6 (seis) pacientes cuja média de

idade foi de 12,17 (±0,98) anos, com provável escoliose, sendo estes pacientes da

raça branca, de classe social média, que não estivessem realizando e nunca

tivessem realizado nenhum outro tipo de tratamento fisioterapêutico e/ou cirúrgico,

excluindo por mensuração os casos com discrepância de membros inferiores. Foram

submetidos ao exame de raios-x que permitiria a mensuração da curvatura

escoliótica pelo método de Cobb, e estes iniciaram o tratamento fisioterapêutico,

sendo comprovadas as escolioses pelos raios-x.

Os pacientes realizaram o exame de Pedígrafo para análise do apoio plantar

na trigésima sessão ao iniciar a aplicação de posturas do Iso-Stretching em pé. E a

cada dois meses eram realizadas avaliações posturais e das cadeias musculares e

também foram fotografados para não se perder detalhes das alterações posturais. O

tratamento teve duração de oito meses, num total de 58 (cinqüenta e oito) sessões.

Ao finalizar o protocolo de tratamento fisioterapêutico os pacientes foram submetidos

ao exame de raios-x e ao exame de Pedígrafo.

Iso-Stretching é uma técnica que se adapta a todas as idades e capacidades

físicas, uma vez que, as forças de contrações isométricas ou de alongamento serão

controladas e restituídas em função do potencial muscular de cada indivíduo

(REDONDO, 2001).
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A reabilitação trata de organizar o melhor possível as capacidades funcionais

da coluna vertebral, com a finalidade de reduzir as pressões que agravam o

componente estrutural da deformação. A nova postura é a base para o aprendizado

de novos movimentos assim como os pacientes também precisam integrar o “novo”

corpo e as percepções corretivas às atividades da vida diária. Só assim os

resultados dos exercícios podem mais tarde desenvolver um corpo mais equilibrado

sendo, portanto, necessária a estabilização ativa. O método Iso-Stretching combina,

flexibilidade, contração muscular, consciência corporal e correção. Evidenciando um

trabalho estático, mas consciente, não traumático e adaptado a todos (PESSOA e

REBOUÇAS, 2003).
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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é composta, em geral, de 33 (trinta e três) vértebras, sendo

sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas (Fig.

1). Vinte por cento dos indivíduos podem apresentar alteração no número das

vértebras, tanto por subtração como por adição, sendo as mais comuns no nível

coccígeo e, em segundo lugar, no nível lombar (SIZINIO et al, 2003).

Fig. 1: Coluna vertebral especificando suas regiões.

Fonte: http://www.afh.bio.br/basicos/Sustenta1.htm, 2003.


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Entre cada dois pares de vértebras temos os discos intervertebrais,

responsáveis por aproximadamente um quarto do crescimento vertebral, sendo a

sua desidratação responsável, em grande parte, pela perda de altura da idade senil

(Fig. 2). Os corpos vertebrais são formados por uma parte central, o núcleo pulposo,

rico em água e mucopolissacarídeos, e outra periférica, o anel fibroso, formado por

anéis concêntricos de tecido colágeno (SIZINIO et al, 2003).

Fig. 2: Esquema de vértebras e disco intervertebral.

Fonte: http://www.afh.bio.br/basicos/Sustenta1.htm, 2003.

A vértebra clássica apresenta corpo vertebral (Fig. 3a), arco posterior e

lâminas que associados ao corpo vertebral constituem o canal medular (Fig. 3b),

pedículos originados verticalmente ao corpo e unindo-se às partes interarticulares,

processos espinhosos e transversos, originados respectivamente das lâminas e da

junção entre os pedículos e as lâminas, e facetas articulares superiores e inferiores

(SIZINIO et al, 2003).


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Fig. 3: Vértebra lombar clássica.

Fonte: http://www.afh.bio.br/basicos/Sustenta1.htm, 2003.

A estabilização dinâmica da coluna vertebral é fornecida pelas musculaturas

intrínseca e extrínseca. A musculatura intrínseca é profunda, sendo dividida em três

grupos principais: os espinhotransversais, originando-se na meia-linha e

direcionados proximal e lateralmente até os processos transversos; o segundo

grupo, os transversocostais ou espinhoespinhais é direcionado longitudinalmente, de

costela a costela, de processos transversos a costelas ou de um processo espinhoso

a outro; e o terceiro grupo, os multífidos, os semi-espinhais e os rotadores, que se

originam nos processos transversos e se inserem nos processos espinhosos em

direção superior e medial. Além desses existem pequenos músculos que ligam

vértebra a vértebra, os interespinhais e os intertransversários (SIZINIO et al, 2003).

Além dos diferentes ligamentos raquidianos, supra-espinhoso, infra-

espinhoso, amarelo, inter apofisário, inter transversário e comum posterior, devemos

nos endereçar igualmente aos músculos profundos da coluna, que são,

essencialmente o epi-espinhal, o inter-espinhal, o inter-transversal e, sobretudo, o

transverso-espinhal (MIRAMAND, 2001).


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A musculatura extrínseca se refere ao trapézio e ao latíssimo dorsal,

juntamente com o elevador da escápula, originando-se na parte occipital posterior e

inserindo-se no ápice da escápula, os rombóides unindo os processos espinhosos

torácicos à borda medial da escápula e os músculos estabilizadores do ombro, como

o serrátil, que se origina na borda medial anterior da escápula e insere-se no gradil

costal anterior (SIZINIO et al, 2003).

Outros dois grupos musculares importantes, por serem estabilizadores

vertebrais, são o quadrado lombar e o iliopsoas, que se originam dos processos

transversos e inserem-se respectivamente na crista ilíaca posterior e no trocânter

menor do fêmur (SIZINIO et al, 2003).

O músculo transverso espinhal merece alguns comentários, tão essencial é o

seu papel na constituição da escoliose. Cada vértebra torácica recebe a inserção de

dois transversos espinhais completos de cada lado (Fig. 4), além de receber em seu

processo espinhoso dois rotadores curtos, dois rotadores longos, dois multífidos e

dois semi espinhais (SOUCHARD, 2001).

Fig. 4: Músculos transversos espinhais.

Fonte: SOUCHARD, 2001.


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2.2 ASPECTO HISTÓRICO DA ESCOLIOSE

A palavra escoliose é originária de palavra grega que significa curvatura,

sendo usada em medicina para denominar qualquer curvatura lateral da coluna

vertebral (SIZINIO et al, 2003).

Hipócrates (1460-1375 a.C.), nascido na Grécia, no livro De Articulationes, do

Corpus Hippocratum, foi o primeiro a fazer citações sobre as escolioses, com

menção sobre os aspectos clínicos e as formas de tratamento em tração (SIZINIO et

al, 2003).

Nicholas Andry (1658-1742) escreveu o primeiro livro sobre o sistema

musculoesquelético, chamado L’Orthopedie, no qual sugeria que erros posturais e

imbalanço muscular eram os principais causadores das deformidades vertebrais,

tendo proposto orientações posturais, exercícios e aparelhos de suporte para sua

correção e manutenção. A árvore de Andry, símbolo da Ortopedia, demonstra seu

interesse pelas deformidades vertebrais (SIZINIO et al, 2003).

Uma grande evolução ocorreu na avaliação e no tratamento das

deformidades vertebrais com a descoberta dos raios-X, em 1895, por Wilhelm

Konrad Roentgen, professor de física em Strassburg (SIZINIO et al, 2003).

A evolução nos conhecimentos sobre as escolioses ocorreu com a fundação

da Scoliosis Research Society, em Minneapolis, Minesota, EUA, em 1966, sociedade

que mantém um congresso anual especificamente sobre as deformidades vertebrais.

No Brasil, o primeiro curso sobre escoliose foi realizado no Hospital das Clínicas de

São Paulo na década de 50 (SIZINIO et al, 2003).


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2.3 ESCOLIOSE

A escoliose pode ser definida como uma curvatura lateral da coluna vertebral.

A sua origem pode vir de uma paralisia, de doenças genéticas ou hereditárias ou de

outras causas identificáveis, mas 80% dos casos são idiopáticas e apesar de muito

ter sido pesquisado sobre sua etiologia, nenhuma evidência conclusiva foi registrada

dos pacientes (SCHROTH, 1992).

O prognóstico geral da escoliose depende de vários fatores, principalmente

da idade de fixação da curva e da sua magnitude. O perigo maior da escoliose

idiopática acontece durante o período de crescimento na adolescência (SCHROTH,

1992).

Segundo SMITH e FERNIE (1991), ao estudar a biomecânica funcional da

coluna vertebral, a progressão de uma curva escoliótica pode ser vista como uma

deformação planejada em escalas combinadas por alterações devido ao

crescimento. A presença de rotação axial combinada com inclinação lateral pode

contribuir para o desenvolvimento de curvas escolióticas exageradas. A deformidade

do corpo vertebral que acompanha a escoliose vai adicionando um estado de

desequilíbrio.

A presença de uma gibosidade pode desencadear uma série de problemas

fisiológicos, isto resulta uma melhor ventilação pulmonar no lado da gibosidade e

uma menor ventilação do lado contrário. A mudança do centro de gravidade causa

um desequilíbrio estático (SCHROTH, 1992).

A escoliose pode ser classificada segundo sua etiologia em estrutural e não

estrutural. A estrutural pode ser a idiopática, a neuromuscular e a osteopática e, a

não estrutural pode ser causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo
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ou dor nos músculos da coluna vertebral por compressão de raiz nervosa ou outra

lesão na coluna e ainda pelo posicionamento do tronco (MOLINA e CAMARGO,

2003).

A terminologia para a localização da curvatura é feita conforme o local onde

se encontra o ápice da curvatura e a direção da curvatura é aquela da convexidade

da curva (SIZINIO et al, 2003).

A escoliose idiopática é responsável por cerca de 80% de todos os tipos de

escoliose e a curva tende a aumentar até a cessação do crescimento esquelético,

sendo de pior prognóstico nas regiões torácicas devido à rotação da caixa torácica e

conseqüente efeito sobre a respiração e sistema cardiovascular (COILLARD e

RIVARD, 1996).

Katharina Schroth formulou algumas “leis” de acordo com o aumento da

demanda do tratamento e tentou aplicar métodos terapêuticos, os quais, teriam

efeitos opostos aos da escoliose na coluna vertebral. Ela utiliza as costelas como

longos braços de alavanca atuando no tronco contorcido pela rotação anterior.

Assim, ela descobriu e usou esta técnica nomeando-a “respiração rotacional”

(SCHROTH, 1992).

O método tridimensional de Schroth é baseado nos princípios sensoriomotor e

cinestésico. O programa de tratamento consiste de correção da postura escoliótica e

do padrão respiratório com a ajuda da estimulação proprioceptiva e exteroceptiva e o

auto-controle diante do espelho. Durante o programa de tratamento, o paciente

exercita-se de seis a oito horas por dia. Pela seletiva contração da área convexa do

tronco, o ar inspirado é direcionado para área côncava do tórax e as costelas são

mobilizadas nesta região. Os exercícios são iniciados em posições assimétricas em


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seqüência, para maximizar a magnitude da correção, na tentativa de alcançar o

máximo possível a simetria torácica (WEISS, 1992).

2.4 BIOMECÂNICA DA ESCOLIOSE

A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral,

de causa desconhecida, acompanhada de modificações globais no tronco, às quais

repercutem sobre as extremidades. Uma vez constituída, evolui ao longo da vida,

principalmente durante o período de crescimento na adolescência (BIOT et al, 2002).

O conhecimento do ganho em altura e da velocidade de crescimento

vertebral, em relação ao sexo e à idade, é de extrema importância. A velocidade de

crescimento está diretamente relacionada ao desenvolvimento dos caracteres

sexuais secundários, sendo que o maior pico ocorrerá aproximadamente um ano

após o desenvolvimento das mamas e dos pêlos pubianos nas meninas e dos pêlos

pubianos, axilares e faciais nos meninos. Após um ano desse pico, ocorrerá a

menarca, estando praticamente terminado o crescimento em comprimento do tronco

após dois anos (SIZINIO et al, 2003).

As curvaturas patológicas alteram a distribuição das forças que cruzam sua

concavidade, e podem chegar a deformar o quadro cartilaginoso das vértebras em

pessoas muito jovens e, por conseguinte, mais adiante, as próprias vértebras. O

núcleo é expulso até a convexidade, quando se reúnem as condições para sua

progressão. Estas pressões excessivas determinam uma série de modificações

bioquímicas e histológicas que conduzem, no adulto, à degeneração discal e à

osteoartrose no lado côncavo. Contrariamente, a ausência de pressão sobre a

convexidade favorece seu menor conteúdo mineral ósseo (BIOT et al, 2002).
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A observação do pico de crescimento da adolescência é muito importante,

pois a relação entre crescimento vertebral e escoliose é muito bem-estabelecida

(SIZINIO et al, 2003).

Os músculos e ligamentos se adaptam à deformidade e sua função sobre a

postura e o movimento se encontra alterada. A propriocepção deixa de ser

percebida com normalidade (BIOT et al, 2002).

A caixa torácica, o diafragma e o abdome estão envolvidos na deformidade

vertebral. Deles se derivam um certo grau de insuficiências respiratórias restritivas,

proporcional ao ângulo de escoliose, e modificações espaciais do conteúdo

abdominal (BIOT et al, 2002).

A gibosidade é uma proeminência rotacional no lado convexo da curva. As

vértebras são rodadas no sentido da convexidade, que é melhor visualizada quando

o paciente realiza uma flexão anterior de tronco. É uma alteração no formato da

superfície do tronco de difícil correção, provavelmente resultante da deformidade da

caixa torácica, quando na região torácica, sendo este um importante componente da

escoliose que ainda não é bem entendido. Na região lombar, a gibosidade

caracteriza-se por uma proeminência ou maior volume da musculatura e pode ser

correlacionada com a magnitude da deformidade espinhal (MOLINA e CAMARGO,

2003).

A função de proteção neurológica fica respeitada graças à escassa

modificação que sofre a morfologia do conduto vertebral, exceto em alguns raros

casos particulares (BIOT et al, 2002).

As vértebras escolióticas apresentam rotação importante no seu plano

transverso, sendo que os processos espinhosos são direcionados para a

convexidade e os transversos para posterior no lado convexo da deformidade,


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levando à torção do tronco e à conseqüente elevação das costelas, criando a giba

torácica clássica (SIZINIO et al, 2003).

Vários autores fizeram referência ao aspecto tridimensional da escoliose.

Citaremos Sommerville em 1952, e Perdriolle em 1979, que demonstrou o

mecanismo da escoliose torácica. Bardot descreveu com precisão o processo. O

elemento desencadeante é uma rigidez segmentar em extensão, inicialmente

localizada a um ou dois segmentos móveis. Esta rigidez em extensão cria uma

instabilidade anterior vertebral, pois a partir do tripé estável formado pelas duas

apófises articulares posteriormente e pelos corpos à frente, passamos a um sistema

bipodal instável, em conseqüência da rigidez em extensão. Este desaferrolhamento

vertebral permite uma inclinação lateral. Tanto isto é verdade em mecânica que

quando temos dois componentes (extensão segmentar e rotação), temos

forçosamente uma resultante (inclinação lateral). Este é o mecanismo segmentar a

que todos os autores citados referem (MIRAMAND, 2001).

Posturalmente, se alguém assume um ombro curvo com a cabeça

anteriorizada, o centro de gravidade do corpo é movido para frente. Esse aumento

na curvatura da coluna lombar produz uma frouxidão nos ligamentos sacroilíacos

dorsais e sobrecarga nos ligamentos anteriores (HAMILL e KNUTZEN, 1999).

A rigidez causada pelas partes moles posteriores, elas podem ser

musculares, capsulares, ligamentares ou aponeuróticas, e, talvez, todas ao mesmo

tempo; o resultado é um fenômeno de “tenodese”. Esta tenodese, termo utilizado por

Bardot em 1988, significa um verdadeiro assincronismo entre o crescimento anterior

dos corpos vertebrais que se encontram em descarga relativa e, sobretudo, pela

retração posterior que, por seu efeito de tenodese, torna-se uma verdadeira corda

no arco raquidiano. Este é o primeiro elemento biomecânico fundamental para o


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fisioterapeuta. A deformação óssea estrutural é somente a conseqüência de uma

retração das partes moles posteriores que incide sobre o fenômeno do crescimento

(MIRAMAND, 2001).

Normalmente quando surge uma curva simples, isto é, um único desvio,

posteriormente surgem curvas menores secundárias ou compensadoras opostas

acima e abaixo da curva maior ou primária. No caso de um problema postural ainda

não instalado estruturalmente, os objetivos do tratamento fisioterapêutico incluem a

reeducação do sentido postural e o fortalecimento dos músculos para controlar a

posição correta (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

Segundo PINK e TSCHAUNER1 (1992 apud MARQUES, 1996) a verdadeira

escoliose estrutural é caracterizada pela rotação do corpo da vértebra. As curvas

espinhais evoluem em direção lateral, e são acompanhadas por um padrão de

deformidade rotatório. Na coluna torácica a ligação costal às vértebras resulta em

deformidade do gradeado costal.

Quanto mais jovens são as estruturas vertebrais, mais definitivas são as

modificações que produzem tensões anormais e quanto mais importante é a

estruturação da escoliose, maior será a possibilidade de evolução do efeito. A

detecção sistemática precoce da deformação permite um tratamento mais cedo

(TOUZEAU et al, 2002).

A escoliose do adolescente que aparece entre a puberdade e a maturidade

óssea é menos evolutiva, mas persiste o risco individual e deve manter-se uma

atitude vigilante (TOUZEAU et al, 2002).

Segundo BRADFORD et al (1994), as alterações nos músculos intrínsecos da

coluna são responsáveis pelo aparecimento da escoliose, quando se altera o

1
PINK, P.; TSCHAUNER, C. Scoliosis and spondylolisthesis in children and adolescents. Pediatr.
Padol. 1992.
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sinergismo, principalmente nos fascículos dos músculos espinotransversos que

mantêm suas propriedades embriogênicas ao longo da vida. Demonstraram que no

lado convexo, no local onde a curva está mais acentuada, existem relativamente

mais fibras do tipo I. Resta determinar se as alterações musculares são secundárias

ao aparecimento das curvas escolióticas ou existem antes do processo.

Presume-se que a escoliose seja causada pela fraqueza ou ausência de

estruturas anatômicas no lado convexo da curva ou por uma superatividade de seus

antagonistas no lado côncavo. De todas as estruturas musculares e ósseas

(vértebras, costelas) removidas para produzir uma escoliose experimental, verificou

que os ligamentos costotransversos posteriores são os mais importantes para

manter o equilíbrio e a simetria do crescimento da coluna (BRADFORD et al, 1994).

2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES

2.5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO

Segundo NEPE-Núcleo de Estudos e Pesquisas em Escoliose (2002), as

escolioses são classificadas em:

2.5.1.1 Escoliose Torácica

Ø 80% são torácicas direita,

Ø rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade),


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Ø horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras

da convexidade,

Ø protração/elevação/rotação superior da escápula,

Ø retração/depressão/rotação inferior da escápula,

Ø anteversão/elevação/rotação do ilíaco,

Ø retroversão/elevação em menor grau,

Ø retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas,

Ø horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

2.5.1.2 Escoliose Lombar

Ø 80% são lombares esquerda,

Ø rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade),

Ø protração/elevação/rotação superior da escápula em menor grau,

Ø retração/depressão/rotação inferior da escápula em menor grau,

Ø anteversão/elevação/rotação do ilíaco,

Ø retroversão/elevação em menor grau,

Ø retificação do plano sagital lombar para as escolioses evolutivas,

Ø horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

2.5.1.3 Escoliose Tóraco-lombar

Ø 50% são tóraco-lombares direita e 50% são esquerda,


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Ø rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade),

Ø horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras

da convexidade,

Ø protração/elevação/rotação superior da escápula,

Ø retração/depressão/rotação inferior da escápula,

Ø anteversão/elevação/rotação do ilíaco em menor grau,

Ø retroversão/elevação em menor grau,

Ø retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas,

Ø horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

A forma da giba também é variável, uma giba redonda parece ter melhor

prognóstico que uma giba angular. Pode estar alojada próximo ao eixo médio e ser

mais fácil de reduzir pela correção de descarga em membros inferiores (TOUZEAU

et al, 2002).

2.5.2 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A ANGULAÇÃO

Grau 1: angulação inferior a 20º,

Grau 2: angulação de 20 a 30º,

Grau 3: angulação de 31 a 50º,

Grau 4: angulação acima de 51º (RICARD, 1999).


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2.5.3 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A IDADE DE APARIÇÃO

2.5.3.1 Escoliose infantil

Aparece entre o nascimento e os três anos de idade. Na maioria dos casos

desaparece espontaneamente, afeta mais meninos do que meninas, e com mais

freqüência tem convexidade torácica esquerda (RICARD, 1999).

2.5.3.2 Escoliose juvenil

Aparece entre quatro a dez anos de idade, na maioria dos casos é dorsal de

convexidade direita e muito flexível. É preciso vigiá-la ao aproximar-se da puberdade

porque pode progredir muito rapidamente ao nível lombar e tóraco-lombar (RICARD,

1999).

2.5.3.3 Escoliose do adolescente

Desenvolve-se depois dos dez anos e antes da maturação óssea. É a forma

mais freqüente de escoliose, afeta a menina em 80% dos casos. Pode progredir

rapidamente entre os doze e os dezesseis anos. Mais tarde aparecem alterações

degenerativas (RICARD, 1999).


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2.6 ESTÁTICA CORPORAL

A escoliose é um problema postural com uma inadequada integração

proprioceptiva do esquema corporal (MIRAMAND, 2001).

Nossos principais gestos dependem primordialmente de um bom equilíbrio

estático, pois é através deste que o corpo se mantém em bipedestação. Portanto, se

a função estática corporal estiver em harmonia, o desencadeamento dos

movimentos também o estarão. Com a evolução para a bipedestação, a estática

corporal foi amplamente modificada. O equilíbrio na posição ereta torna-se

consideravelmente mais complexo devido às alterações, como a diminuição do

tamanho da base de sustentação, a mudança do local do centro de gravidade e ao

empilhamento vertical dos segmentos do corpo (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

Segundo KENDALL (1995), postura é uma atitude do corpo resultante do

equilíbrio estático-dinâmico entre a força constante da gravidade e as forças de

todas as partes do corpo. “O alinhamento esquelético ideal usado como padrão

pressuporia uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga, e conduziria à

eficiência máxima do corpo”.

O controle ativo da função dos músculos tônicos é feito através do reflexo

miotático, que torna-se claro quando, por exemplo, um segmento superior é levado a

um desequilíbrio anterior causando um aumento da tensão da tonicidade posterior, o

que traz o segmento de volta à sua posição fisiológica (PESSOA e REBOUÇAS,

2003).

Os membros inferiores estão apoiados no chão. É a posição deles que

condiciona a forma, a dimensão, a orientação da base de sustentação. As variações

desta base e, sobretudo a sua estabilidade são elementos capitais em nossa


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estática. Sendo o pé um órgão determinante da estabilidade, sem bons apoios dos

pés no chão, não há uma boa estática (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

A coluna apresenta uma estabilização estática fornecida pelos ligamentos,

que são o longitudinal anterior, o longitudinal posterior, o amarelo, os capsulares e

os inter e supra-espinhosos (SIZINIO et al, 2003).

As deformidades estáticas causadas, na sua maioria, por desequilíbrios

durante o desenvolvimento são evolutivas, e se não tratadas precocemente podem

se transformar em fixas. As deformidades estáticas detectadas no início da sua

evolução são consideradas flexíveis e têm todo o potencial para serem corrigidas

com sucesso através de recursos fisioterapêuticos (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

Ainda de acordo com KENDALL (1995), na postura padrão a coluna

apresenta as curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em

alinhamento ideal para sustentação de peso. A posição “neutra” da pelve conduz ao

bom alinhamento do abdome e do tronco e dos membros inferiores. O tórax e a

região superior da coluna ficam em uma posição que favorece a função ideal dos

órgãos respiratórios. A cabeça fica ereta em uma posição bem equilibrada que

minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical.

O tronco é o local mais acometido por desequilíbrios e compensações

estáticas e dinâmicas, e por isso, a coluna vertebral a mais afetada nas

deformidades estáticas, sendo a cifose torácica, a lordose lombar e a escoliose, as

alterações posturais que acometem mais comumente o corpo humano (PESSOA e

REBOUÇAS, 2003).

Estudos comprovaram a função anormal de estruturas do vestíbulo e fibras

musculares de qualidades diferentes em cada lado da coluna, influenciando no


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equilíbrio do indivíduo e, com isso, causando função assimétrica da musculatura

paravertebral e progressão das escolioses (SIZINIO et al, 2003).

2.7 POSTURA

Postura é a orientação dos diversos segmentos do corpo em relação um com

os outros e em relação à gravidade em condições estáticas e dinâmicas. Orientação

postural é a habilidade em manter uma relação apropriada entre os segmentos

corporais e, entre o corpo e o meio, para realizar uma determinada atividade.

Estabilidade postural é uma habilidade de manter a posição do centro de gravidade

dentro da base de sustentação (DURIGON, 2003).

Controle postural para estabilidade e orientação requer a integração das

informações sensoriais sobre a posição do corpo no espaço e, da capacidade de

gerar forças que controlem a posição do corpo no espaço (DURIGON, 2003).

É sabido que o sistema vestibular tem uma função essencial no controle da

postura corporal e dos movimentos. Esse controle é feito via tracto-vestíbulo-

espinhal da medula ou pelos neurônios reticuloespinhais (BRADFORD et al, 1994).

Observa-se que por mais diversificado que aparenta a alteração postural,

sempre a cabeça retorna à linha de gravidade, assim fica claro que no organismo

com sistema nervoso intacto, as compensações têm uma função (DURIGON, 2003).

2.8 TRATAMENTO DA ESCOLIOSE

A literatura relata vários métodos e recursos fisioterapêuticos que têm sido

utilizados para melhorar a escoliose: métodos Schroth, Klapp, exercícios físicos,


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estimulação elétrica dos músculos, colete associado a exercícios ou sozinho,

Reorganização Tônica e Fásica da Postura, Osteopatia, Reeducação Postural

Global-RPG e Iso-Stretching, dentre outros. Sendo que, o Iso-Stretching e a

Osteopatia foram utilizados nesta pesquisa.

A reabilitação trata de organizar o melhor possível as capacidades funcionais

da coluna vertebral, com a finalidade de reduzir as pressões que agravam o

componente estrutural da deformação (BIOT et al, 2002).

Muitos pesquisadores afirmam que deve-se fazer um esforço neuromuscular

e um condicionamento sensorial-motor adequado no tratamento da escoliose, e por

essa razão recomenda-se a correção voluntária da escoliose, realizando adaptação

corporal e mantendo, com contração isométrica dos músculos, o corpo nessa

posição (REDONDO, 2001).

Sem intervenção, a curvatura progride entre o tempo de detecção e o tempo

de maturidade esquelética; o risco de progressão aumenta assim que o grau de

curvatura aumenta (MOLINA e CAMARGO, 2003).

2.8.1 PROTOCOLO DE TRATAMENTO SEGUNDO A ANGULAÇÃO DA

ESCOLIOSE

Ø Escoliose inferior a 30º: Reeducação, Alongamentos, Manipulações.

Ø Escoliose de 30 a 45º: Colete, Reeducação, Estimulação elétrica,

Manipulações.

Ø Escoliose acima de 45º: Procedimento cirúrgico (RICARD, 1999).


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Apesar do colete ser utilizado como um forte recurso preventivo na evolução

da escoliose, poucos estudos avaliam sua eficácia (MOLINA e CAMARGO, 2003).

Algumas técnicas e recursos fisioterapêuticos têm sido utilizados no

tratamento da escoliose. Estes recursos que tendem a flexibilizar estruturas retraídas

e simultaneamente fortalecer segmentos da coluna vertebral, através de exercícios

de alongamento muscular em posturas isotônicas excêntricas quando realizados em

adolescentes no pico de crescimento, têm mostrado resultados bastante satisfatórios

(MOLINA e CAMARGO, 2003).

2.8.2 MANIPULAÇÕES OSTEOPÁTICAS

A disfunção da coluna vertebral rompe a harmonia existente. Os reflexos da

disfunção das articulações da coluna podem ser sentidos no local ou à distância.

Além do desconforto e dor no local, podem ocorrer alterações em outras articulações

ou vísceras, devido ao fornecimento sanguíneo inadequado ou a má transmissão

dos impulsos nervosos (RODRIGUES, 2003).

Para o alívio da dor e correção da estrutura e funções imperfeitas, a

Osteopatia dá ênfase especial à mecânica do corpo e ao equilíbrio biomecânico das

articulações, utilizando técnicas de manipulação (RODRIGUES, 2003).

As manipulações vertebrais constituem uma prática manual que se ocupa das

disfunções reversíveis dos elementos que constituem o aparelho locomotor e suas

conseqüências. Os tratamentos manipulativos se distinguem das demais terapias

manuais pelo impulso manipulativo, o thrust, desencadeado ao final do movimento

articular passivo (VAUTRAVERS et al, 2001).


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O Osteopata se preocupa em normalizar um conjunto de articulações,

reequilibrar músculos e a respiração, para trazer novamente o equilíbrio corporal

(RODRIGUES, 2003).

Segundo B. Lejeune: a manipulação é uma ação terapêutica que se efetua a

um nível escolhido, em uma direção determinada. É precedida pela colocação do

paciente e posição do terapeuta, iniciada pela mobilização preparatória que põe o

segmento osteoarticular considerado em tensão, no limite da amplitude fisiológica.

Consiste em um impulso muito breve, seco, mas suave e controlado que ultrapassa

esta amplitude fisiológica, aplicado diretamente ou indiretamente, sem ultrapassar o

limite além do qual se produz desordens estruturais. Acompanha-se geralmente de

um ruído (VAUTRAVERS et al, 2001).

A posição de tensão numa manipulação lombar em decúbito lateral provoca

estiramento dos músculos paravertebrais do mesmo lado e relaxamento no outro

lado. Todas as manobras manipulativas provocam estiramento dos músculos

espinhais da face colocada em tensão, seja qual for o nível (VAUTRAVERS et al,

2001).

2.8.3 FISIOLOGIA DAS DEFORMIDADES VERTEBRAIS

A evolução das deformidades vertebrais está na fisiologia do crescimento do

tecido conjuntivo e na fisiologia da musculatura tônica. O crescimento do tecido

conjuntivo, das aponeuroses, dos tendões, dos ligamentos etc, se deve à tensão do

alongamento ósseo. O processo de crescimento do tecido muscular é o mesmo: um

músculo que trabalha a partir de um estado de tensionamento alonga-se por adição

de sarcômeros, um músculo que trabalha a partir de um estado de relaxamento


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aumenta em espessura por formação de novas fibras. As duas fisiologias que

acabamos de lembrar fazem com que a tensão do alongamento ósseo seja

responsável pelo crescimento em comprimento do conjunto músculo-aponeurótico

(BIENFAIT, 1995).

2.8.3.1 Fisiologia do Alongamento Muscular

O conjunto aponeurótico dispõe de duas musculaturas totalmente diferentes

do ponto de vista neurológico. A musculatura Fásica é acionada voluntariamente

para responder ao desejo de movimento do indivíduo. É a musculatura dinâmica,

responsável por todos os nossos movimentos voluntários conscientes. A outra é a

musculatura Tônica, que reage de maneira reflexa para controlar todos os

desequilíbrios segmentares, é a musculatura estática, responsável pelo equilíbrio

humano (MARQUES, 2000).

Todo músculo possui uma função tônica e dinâmica, o que existe na verdade,

é o predomínio desta função. Um desequilíbrio só é controlado por uma atividade

tônica até um certo nível, acima dele torna-se consciente e solicita uma atividade

dinâmica (MARQUES, 2000).

O tônus antigravitacional é o que poderíamos chamar de tônus proprioceptivo,

na realidade, ele depende dos proprioceptores, dos fusos e reflexo miotático, do

labirinto e sistema vestibular, das articulações, dos músculos etc. A ele devemos a

manutenção da posição ereta, a suspensão dos segmentos pendulares, as reações

de adaptação estática e de adaptação às mudanças de posição, as reações

inconscientes de equilíbrio. É a este tônus antigravitacional que se relacionam todos

os músculos que classificamos na categoria tônica (BIENFAIT, 1995).


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A patologia da musculatura fásica é a fraqueza que se denomina fadiga,

atrofia, paresia ou paralisia. A patologia da musculatura tônica é a retração e o

encurtamento. A retração muscular se associa em geral a uma retração fibrosa

(retração de tecido conjuntivo). A retração ocorre por uma penetração permanente

dos filamentos de actina em direção ao centro, é relativamente reversível. O

encurtamento muscular não é decorrente da penetração dos miofilamentos de actina

na região dos sarcômeros, mas a um número insuficiente de sarcômeros em série. A

função de uma fibra muscular é encurtar-se. O crescimento em comprimento da fibra

muscular ocorre pelo aumento em série do número desses sarcômeros (MARQUES,

2000).

O fuso muscular é o principal órgão sensitivo do músculo e é composto de

fibras intrafusais microscópicas que ficam paralelas à fibra extrafusal. O fuso

muscular monitora a velocidade e duração do alongamento e detecta as alterações

no comprimento do músculo. As fibras do fuso muscular são sensíveis à rapidez com

a qual um músculo é alongado. As fibras aferentes primárias (tipo Ia) e secundárias

(tipo II) originam-se nos fusos musculares, fazem sinapse com motoneurônios alfa e

gama, respectivamente, e facilitam a contração das fibras extrafusais e intrafusais

(KISNER e COLBY, 1998).

Uma tensão regular e prolongada provoca uma secreção das moléculas de

colágeno em série. As fibras alongam-se, é o fenômeno de crescimento em

comprimento do conjuntivo. Tensões repetidas de duração relativamente curta levam

a uma secreção em paralelo de defesa. Novas fibras colagenosas se formam, o que

reforça o tecido, mas faz com que perca proporcionalmente sua elasticidade. Se a

tensão suportada pelo tecido é contínua e prolongada, as moléculas colagenosas, e

os feixes conjuntivos se alongam (MARQUES, 2000).


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Os receptores sensoriais envolvidos no controle do comprimento muscular

são os fusos musculares, que, por estarem entremeados em paralelo com as fibras

do músculo, são alongados em conjunto com elas, causando uma deformação

mecânica que estimula as terminações primárias e secundárias do receptor

(DURIGON, 1995).

Quando são indicados exercícios ou posturas de alongamento para grupos

musculares muito encurtados e com baixa elasticidade, esse alongamento deve ser

executado de forma lenta e progressiva, respeitando-se sempre o limite do próprio

indivíduo (MARQUES, 2000).

Sabemos que o tônus não é uma função inata, ele só é adquirido

progressivamente, na medida das necessidades estáticas. Ao lado da falta de

crescimento em comprimento, ou seja, do encurtamento muscular que pode intervir

em todos os músculos, a retração muscular, que é a patologia dos músculos tônicos,

é também um elemento importante na evolução da escoliose e até das causas dessa

deformidade (BIENFAIT, 1995).

O alongamento deve respeitar o crescimento ósseo e tendinoso, preferindo os

exercícios ativos inspirados no estiramento muscular, às práticas passivas que

tentam melhorar a extensão com tensões mal reguladas. Além disso, o

fortalecimento muscular dos abdominais e paravertebrais pode ser útil no tratamento

da escoliose. Visto que, a reeducação se baseia na recuperação do equilíbrio das

tensões musculares (BERNARD e VALERO, 2002).


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2.8.4 CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS MUSCULARES

Nos anos 80 surgiu Philippe-Emanuel Souchard com o método baseado nas

cadeias posturais, a Reeducação Postural Global (RPG). Método este que se utiliza

do conhecimento das cadeias musculares para avaliação e terapia (SOUCHARD,

1996).

Bernard Redondo, através do método Iso-Stretching, referencia as cadeias

musculares por seu trabalho de contração isométrica e alongamento, referenciando

a musculatura profunda, responsável pela estática e músculos superficiais, com

função dinâmica buscando a correção da postura para a manutenção das atitudes

corretas e facilitação dos gestos (REDONDO, 2001).

As cadeias musculares são formadas pela organização dos músculos

estáticos que formam dois terços dos músculos humanos, esta organização ocorre

através de superposições e de junções musculares por meio de aponeuroses. Daí,

se explica, o motivo pelo qual, quando ocorre uma atividade ou tensão de um grupo

muscular, a conseqüência se faz em todo o conjunto das cadeias (REDONDO,

2001).

2.8.4.1 Cadeia mestra anterior

Músculos principais: escaleno, intercostais, diafragma e seus pilares, psoas,

adutores e músculos anteriores da perna.

Seu encurtamento: projeção da cabeça, dorso curvo, enrolamento dos ombros,

joelhos para dentro valgo, pés planos (SOUCHARD, 1996).


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2.8.4.2 Cadeia inspiratória

Músculos principais: escalenos, peitoral menor, intercostais, diafragma e seu tendão.

Seu encurtamento: tórax elevado, impede-o de voltar livremente, ombro enrolado

para frente, ausência da saboneteira, anteriorização da cabeça (SOUCHARD, 1996).

2.8.4.3 Cadeia antero-interna do ombro

Músculos principais: subescapular, córaco braquial, peitoral maior.

Seu encurtamento: adução, rotação interna do ombro, ombro enrolado lateralmente,

compromete abdução e o abrir livremente (SOUCHARD, 1996).


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2.8.4.4 Cadeia superior do ombro

Músculos principais: trapézio superior, deltóide médio, córaco braquial.

Seu encurtamento: eleva exageradamente os ombros (SOUCHARD, 1996).

2.8.4.5 Cadeia anterior do braço

Músculos principais: bíceps, braquiorradial, pronador redondo, palmares, flexores

dos dedos e todos os músculos da região tênar e hipotênar.

Seu encurtamento: faz flexão do cotovelo e dos dedos, se opõe aos movimentos de

extensão (SOUCHARD, 1996).


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2.8.4.6 Cadeia Antero interna do quadril

Músculos principais: iliopsoas, adutores pubianos (pectíneo, adutor curto, adutor

longo, reto interno, porção inferior do adutor magno), em cima continua pelos

paravertebrais, e em baixo quando o indivíduo está em pé se prolonga com poplíteo,

panturrilha, e os músculos plantares.

Seu encurtamento: acarreta uma adução, rotação interna dos fêmures e uma

hiperlordose lombar, escava a região lombar, báscula a pelve para frente e limita a

abertura das pernas, responsável pelo valgo de joelho (SOUCHARD, 1996).

2.8.4.7 Cadeia mestra posterior

Músculos principais: músculos da planta dos pés, tríceps sural, isquiotibiais,

músculos profundos das nádegas, glúteos e paravertebrais.

Seu encurtamento: dorso plano, projeta o tronco para frente, região lombar

escavada, bacia vertical, genovarum e pés cavos (SOUCHARD, 1996).


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2.8.4.8 Cadeia lateral do quadril

Músculos principais: deltóide glúteo, fáscia lata, pelve e trocantéricos, fibulares e

glúteo máximo.

Seu encurtamento: afeta boa posição dos joelhos, genovaro, retração pélvico

trocantéricos roda ilíaco externamente, ação conjunta com bíceps da coxa e fáscia

lata, joelho com tendência ao varo (SOUCHARD, 1996).

2.8.5 ISO-STRETCHING

É a justaposição de dois termos que definem o método: ISO (que é a redução

de Isometria, que determina o tipo de contração muscular escolhida, contração


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muscular isométrica são contrações de antagonistas que neutralizam o movimento

articular) e, STRETCHING (termo inglês geralmente usado, que significa

alongamento, é o estiramento do sistema músculo-ligamentar. Em fato, é a procura

pela flexibilidade a fim de favorecer uma melhora na mobilidade articular) (PESSOA

e REBOUÇAS, 2003).

Dois fatores são essenciais para o bom funcionamento corporal:

Ø tônus, contração muscular - ISO,

Ø flexibilidade, mobilidade - STRETCHING.

O método Iso-Stretching é considerado um método novo e revolucionário

como complemento ao tratamento dos inúmeros desequilíbrios que acometem a

postura. Criado em 1974 na França, por Bernard Redondo, Cinesioterapeuta do

esporte e vice-presidente da Sociedade Francesa de Cinesioterapeutas do Esporte,

esse método foi desenvolvido com o intuito de preparar e proteger a musculatura do

relaxamento ou retração que esta pode sofrer pela falta de uma atividade física

postural adequada. O que pode acarretar compensações, dores e evolução de

deformidades posturais (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

É um método baseado em uma cinesioterapia de equilíbrio que mantém e

controla o corpo no espaço corrigindo as posturas corporais. É considerado um

complemento do tratamento fisioterapêutico, mas suficientemente completo para

flexibilizar as partes rígidas e fortalecer as debilitadas (PESSOA e REBOUÇAS,

2003).

Progressivamente as posturas adotadas provocam alongamento das cadeias

musculares, dependendo da rigidez musculotendinosa. Inicia-se com posturas em

decúbito dorsal, evoluindo para postura sentada e por último em bipedestação, com
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os pés em paralelo e as patelas liberadas. Nas diferentes posições, o fisioterapeuta

exerce uma estimulação manual no sentido do auto-alongamento e verbal na

manutenção da postura e da expiração forçada (BERNARD e VALERO, 2002).

O Iso-Stretching utiliza determinados exercícios que envolvem: contrações

isométricas, auto-crescimento, uma determinada postura (deitado, sentado ou ereto)

e respiração com expiração forçada (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

As posturas são mantidas por dez segundo ou mais e repetidas por no

mínimo três vezes cada. E ao realizar as contrações e a respiração deve-se

desenvolver um auto-crescimento cefálico e podálico, associados às posturas que

podem ser ereta, sentada ou deitada (REDONDO, 1990).

As contrações requisitam a musculatura profunda considerada mais

importante: os abdominais, os glúteos, os músculos da coxa e da cintura escapular.

A contração dos abdominais solicita um grande equilíbrio da coluna lombar; a

contração dos glúteos e músculos da coxa atua estabilizando a estática de base da

coluna; a contração da cintura escapular atua estabilizando a estática apical da

coluna. A respiração é realizada com uma expiração forçada e prolongada. Assim a

musculatura da caixa torácica proporciona um equilíbrio da cintura escapular e

coluna dorsal (Fig. 5 e 6). A ação da respiração sobre o diafragma fixa a coluna

vertebral e promove um relaxamento dos músculos do pescoço e ombro, que

sempre se encontram contraturados. Esses exercícios devem ser realizados duas

vezes por semana e divididos em séries progressivas, que são breves e não

sobrecarregam. O segredo para o sucesso na realização desse método é a

manutenção da concentração em cada exercício (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).


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Fig. 5: A ação muscular concomitante do auto alongamento.

Fig. 6: A ação muscular do tronco durante a expiração.

Fonte: REDONDO, 2001.


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O método combina, flexibilidade, contração muscular, consciência corporal e

correção. Evidenciando um trabalho estático, mas consciente, não traumático e

adaptado a todos. Estabelece a exatidão de uma Ginástica Postural. Busca-se pela

harmonia para alcançar o equilíbrio corporal (REDONDO, 2001).

Terminada uma sessão de tratamento, os pacientes se colocam em posição

de relaxamento por alguns minutos (PESSOA e REBOUÇAS, 2003).

2.9 DIAGNÓSTICO DAS ESCOLIOSES

Uma das formas de se avaliar a postura é utilizar o referencial de um fio de

prumo que consiste num fio com um peso na ponta para promover uma linha

absolutamente vertical-padrão para medir desvios. São verificadas quatro vistas do

indivíduo para se avaliar a postura: vista anterior, vista posterior e vistas laterais

direita e esquerda. Na vista posterior o fio de prumo é colocado de modo que ele se

projete no centro da base de sustentação, isto é, a área na qual o corpo está em

contato com o solo num ponto anterior ou posterior ao indivíduo. Este

posicionamento do fio de prumo divide o corpo, do ponto de vista postural, em duas

partes simétricas, coincide com a linha de gravidade e indica o alinhamento do corpo

(DURIGON, 2003).

A escoliose apresenta-se em dorso plano, a diminuição e o desaparecimento

das curvas sagitais devem sempre ser notados com cuidado. A tendência à

diminuição das flechas sagitais é um verdadeiro sinal de alarme do agravamento do

paciente (MIRAMAND, 2001).


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Apreciam-se assimetrias posturais na vista anterior, posterior e perfil com

pelve desnivelada, ombro e escápula mais altos de um lado, cabeça inclinada

lateralmente, gibosidade, membros inferiores em genu varo ou valgo, e pés planos

ou cavos (RICARD, 1999).

2.9.1 TESTE DE ADAMS

A Sociedade de Pesquisa em Escoliose recomenda o teste de Adams como o

melhor para obter a mensuração da gibosidade, pois o paciente faz uma flexão

anterior na posição ortostática produzindo a acentuação da deformidade na

superfície do tronco. O aparente aumento da proeminência da deformidade na

superfície do tronco durante a flexão anterior é a base do teste de avaliação. A

deformidade da caixa torácica causa uma elevação do lado da convexidade e

depressão do lado da concavidade (CARR et al, 1991).

No teste de Adams, o avaliador se senta atrás do paciente, este realiza uma

flexão do tronco, e em caso de escoliose aparece uma gibosidade no lado da

convexidade (RICARD, 1999).

Terapeuta coloca os olhos no mesmo nível da vértebra que está inclinando

para frente (Fig. 7 e 8). A cada movimento de descida do paciente, o terapeuta

também desce o olhar vendo desfilar cada segmento do tronco delineado contra o

fundo de cor uniforme. Dessa forma, assim que houver uma assimetria das regiões

paravertebrais o terapeuta consegue detectar de imediato. Pode fazer um traço

sobre a vértebra correspondente ao começo e ao final da assimetria, para

determinar quais as vértebras correspondentes à gibosidade (SANTOS, 2003).


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Fig. 7 e 8: Teste de Adams com a fisioterapeuta atrás e a imagem da gibosidade

torácica direita.

Fonte: SANTOS, 2003.

Na estática, temos a diminuição ou desaparecimento das curvas do plano

sagital. Na dinâmica, deparamo-nos com uma rigidez segmentar que torna

impossível toda flexão anterior na região da escoliose, que marca bem a presença

de uma retração das partes moles posteriores. Em relação aos movimentos,

assistimos a um enrijecimento harmonioso da região escoliótica no seu plano de

eleição (MIRAMAND, 2001).

A retração posterior das partes moles da coluna acarreta uma extensão

segmentária, que é um movimento não mais fisiológico, ao criar um empilhamento

vertebral, fonte da instabilidade raquidiana. Esta instabilidade provoca uma rotação

da coluna sobre ela mesma, o que induz automaticamente uma inclinação lateral e

uma diminuição das curvas sagitais. O tratamento fisioterapêutico da escoliose

deverá ter como princípio a recuperação do comprimento fisiológico das partes

moles posteriores da coluna vertebral e recriar as curvaturas fisiológicas sagitais que

são a garantia da estabilidade raquidiana (MIRAMAND, 2001).


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A avaliação de escolares com escoliose usando um teste simples, como o

teste de Adams, parece ser um efetivo meio para a precoce detecção e

acompanhamento de escoliose e outras deformidades vertebrais. Entretanto, apesar

dos resultados sugerirem que os métodos não invasivos sejam indicadores

razoáveis das condições escolióticas da coluna, a investigação radiográfica ainda se

faz necessária (MOLINA e CAMARGO, 2003).

2.9.2 MENSURAÇAO PELO MÉTODO DE COBB

Após a história e o exame físico, a obtenção dos raios-x é o passo mais

importante e fundamental que auxiliará, na mensuração da deformidade e na

determinação das curvaturas com relação à sua correção e potencial de progressão.

O princípio é o de diminuir ao máximo o número de radiografias obtidas, para

minimizar os custos e a exposição à radioatividade (SIZINIO et al, 2003).

O ângulo de Cobb é um ângulo de referência para medição da angulação

frontal da escoliose. Sua utilização é indicada pela SRS (Scoliosis Research

Society). O método mede a inclinação frontal da escoliose em graus. Há

necessidade de uma radiografia de incidência Ântero-posterior (DIAS, 2001).

Assim, mantidas as mesmas vértebras e as mesmas condições da tomada do

clichê radiográfico, deve importar ao fisioterapeuta a tendência da evolução do

paciente, se favorável ou desfavorável e em que grau (DIAS, 2001).

A terminologia usada na descrição da curva escoliótica é a seguinte: as

vértebras terminais das curvas são definidas como as vértebras que inclinam ao

máximo para dentro da concavidade da curva estrutural; a vértebra apical é aquela


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que está com maior rotação e encunhamento, cujo centro está deslocado mais

lateralmente em relação à linha central (LIMA, 2002).

No método de Cobb, dois ângulos são formados pela interseção de dois

grupos de linhas. O primeiro grupo de linhas, uma é desenhada tangente à

superfície superior da vértebra final superior e outra tangente à superfície inferior da

vértebra final inferior, faz interseção para formar o ângulo escoliótico, o outro grupo

de linhas, cada uma desenhada perpendicular às linhas tangenciais formam um

outro ângulo igual ao primeiro (LIMA, 2002).

A determinação do grau da deformidade é feita pela técnica de Cobb,

mundialmente aceita, e baseia-se no ângulo formado por perpendiculares às linhas

que tangenciam a superfície superior da vértebra proximal ao centro da curva, e à

linha que tangencia a superfície inferior da vértebra distal ao centro da curva, que

mais se direcionam para a concavidade da curvatura (SIZINIO et al, 2003).

2.10 PEDÍGRAFO

O Pedígrafo é um elemento de uso profissional para tomar impressões da

planta do pé (Fig. 9), para o qual se necessita de tinta, papel e um rolo que se utiliza

para espalhar no marco de borracha. Estas impressões são utilizadas para estudar

os pontos de apoio do pé (VASS e MOLNÁR, 2003).

A Podologia é uma ciência que estuda o comportamento biofisiológico

dos pés, suas alterações orto-funcionais e as afecções patológicas (ARCOS, 2003).


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Fig. 9: Pedígrafo e rolo para espalhar a tinta.

Fonte: http://www.ortoponto.com.br/palmilha, 2003.

Ao iniciar o exame com Pedígrafo pinta-se com tinta um dos lados do

pedígrafo, que contém uma esteira plástica. Depois se coloca um papel entre a

esteira pintada e a base do pedígrafo e orienta o paciente a pisar com um pé sobre o

pedígrafo, estando o paciente em posição ortostática e com o pé contralateral

apoiado no solo (Fig. 10). Quando o peso do corpo se situa sobre a planta do pé, a

cor da esteira se transmite ao papel, e nos pontos onde se suportam mais peso, a

cor se escurece (VASS e MOLNÁR, 2003).

Fig. 10: Paciente com um pé sobre o Pedígrafo e o outro apoiado no solo.

Fonte: Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, 2003.


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Na posição ereta normal, estando em repouso, o peso do corpo passa da

pelve para cada uma das extremidades, onde o primeiro osso no pé, que recebe a

carga é o talo, que tem por função distribuir essa força para os pontos de apoio

posteriores e anteriores (MANFIO et al, 2001).

Para interpretarmos as alterações no apoio plantar, os pés são geralmente

divididos em quatro regiões distintas: Região do calcâneo, que representa a pressão

exercida principalmente pelo calcâneo; Região do meio do pé, que representa os

apoios exercidos, geralmente, pela parte externa do arco do pé; Região anterior do

pé, que representa os apoios exercidos, principalmente pelas cabeças dos cinco

metatarsos; e Região dos dedos, que representa o apoio dos dedos (MANFIO et al,

2001).
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3 CASUÍSTICA E MÉTODOS

Foram avaliados 676 alunos do Colégio Eleodoro Ébano Pereira, na cidade

de Cascavel-PR, no período de março a maio de 2002 com idades de 10 a 15 anos,

de ambos os sexos, através de uma ficha de avaliação postural, tendo como objetivo

detectar casos de provável escoliose analisando os seguintes dados: diferença de

triângulo de Tallis, gibosidade, simetria de cristas ilíacas e ombros. O modelo de

avaliação fisioterapêutica utilizado neste estudo segue no Anexo 1.

Foi selecionada uma população de 12 (doze) alunos cuja média de idade foi

de 12,17 (±0,98) anos, com provável escoliose, que seria submetida ao exame de

raios-x para a mensuração pelo método de Cobb. Sabendo-se da demora na

autorização dos raios-x, resolveu-se por uma amostra de 50% da população,

constituída por 2 (dois) meninos e 4 (quatro) meninas, da raça branca, de classe

social média, com provável escoliose estrutural idiopática, que não estivessem

realizando e nunca tivessem realizado nenhum outro tipo de tratamento

fisioterapêutico e/ou cirúrgico, excluindo por mensuração os casos com discrepância

de membros inferiores avaliados com fita métrica flexível. Estes pacientes e

responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido aceitando

participar da pesquisa, modelo segue no Anexo 2. Foram submetidos ao exame de

raios-x em 24 de setembro de 2002 que permitiria a mensuração da curvatura

escoliótica pelo método de Cobb, e estes iniciaram o tratamento fisioterapêutico,

sendo comprovadas as escolioses pelos raios-x.

O protocolo de tratamento fisioterapêutico aplicado no presente projeto de

pesquisa refere-se às técnicas de Iso-Stretching e Manipulações Osteopáticas da

pelve e dos ápices da curvatura escoliótica. Em 12 de novembro de 2002 foram


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avaliadas as cadeias musculares segundo SOUCHARD (1996) (Fig. 11 e 12) e a

articulação sacro-ilíaca segundo RICARD e SALLE (1996), sendo esta, submetida a

Manipulações Osteopáticas pelo Coordenador do projeto em casos de alteração, e

manipulação da vértebra ápice da curvatura escoliótica.

Fig. 11e 12: Avaliação das Cadeias Musculares Inspiratória e Lateral do Quadril.

As posturas de Iso-Stretching foram iniciadas em 14 de novembro de 2002

com posturas em decúbito dorsal alongando as cadeias musculares encurtadas,

segundo a avaliação (Fig. 13 e 14).

Fig. 13: Postura inicial de Iso-Stretching em decúbito dorsal.


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Fig. 14: Outra postura em decúbito dorsal para alongamento das cadeias musculares

comprometidas.

No final de cada sessão os pacientes permaneciam em SIM’S Position, que

consiste em ficar em decúbito lateral com rolos sobre a convexidade da curvatura


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maior, permanecendo por aproximadamente cinco minutos nesta posição, para

finalizar com relaxamento (Fig. 15).

Fig. 15: SIM’S Position, em escoliose com convexidade direita.

A postura sentada foi adicionada à conduta a partir da quinta sessão

considerando que todos os pacientes já haviam aprendido a postura em decúbito

dorsal e a expiração frenolabial (Fig. 16 e 17).

Fig. 16 e 17: Posturas de Iso-Stretching sentado.


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Depois de vinte e cinco sessões com a postura sentada, a postura em pé foi

iniciada, sabendo-se que a postura sentada trabalhou as oito cadeias musculares e

que a postura em pé tem maior grau de dificuldade para manter em auto-

alongamento (Fig. 18).

Fig. 18: Postura de Iso-Stretching em pé.


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Na aplicação da técnica de Iso-Stretching foi necessário o uso de bastões,

bolas, colchonetes, rolos e halteres de 0,5 e 1,0 Kg, e a respiração em todos os

exercícios se faz uma expiração profunda e controlada frenolabial.

Os pacientes realizaram o exame de Pedígrafo para análise do apoio plantar

em 03 de abril de 2003, na trigésima sessão ao iniciar a aplicação de posturas do

Iso-Stretching em pé (Fig. 19 e 20). O Pedígrafo é um aparelho para tomar

impressões da planta do pé, para o qual se necessita de tinta, folhas de papel

210x297mm e um rolo que se utiliza para espalhar no marco de borracha. Estas

impressões são utilizadas para estudar os pontos de apoio do pé, e foram

analisadas as alterações no apoio plantar com a redução da curvatura escoliótica.

Fig. 19 e 20: Exame do pedígrafo e impressão do apoio plantar.

As sessões eram realizadas em grupo, contendo toda a amostra, duas vezes

por semana e com duração de 60 (sessenta) minutos, no horário das 18 às 19h na

Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE- Campus de Cascavel, tendo

acompanhamento de três discentes colaboradores do projeto, sendo estes

responsáveis pela orientação dos alongamentos das cadeias musculares


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encurtadas, além de incentivarem a manutenção das posturas com comando verbal.

Na execução dos alongamentos foram adotadas posturas que atuaram no maior

número de músculos retraídos, envolvidos na escoliose e detectados através de

testes de encurtamentos das cadeias musculares.

A cada dois meses eram realizadas avaliações posturais e das cadeias

musculares. O tratamento teve duração de 12 de novembro de 2002 a 10 de julho de

2003, com total de oito meses e de 58 (cinqüenta e oito) sessões. Os pacientes

foram submetidos ao exame de raios-x final em 14 de julho de 2003 e ao exame de

Pedígrafo em 15 de julho de 2003. Os pacientes foram fotografados por câmera

digital Sony DSC-P9 Cyber-Shot, no início e no fim do tratamento para não se perder

detalhes das alterações posturais, em vista anterior, posterior e laterais.


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4 RESULTADOS

Na análise dos resultados obtidos pelo tratamento de escoliose com Iso-

Stretching e Manipulações Osteopáticas, através das avaliações das Cadeias

Musculares, nota-se que dos 6 (seis) pacientes, 3 (três) apresentaram redução no

encurtamento da Cadeia Mestra Anterior e Cadeia Inspiratória. As cadeias Ântero-

Interna do Quadril e Mestra Posterior apresentaram resultado com redução do

encurtamento muscular em 4 (quatro) dos 6 (seis) pacientes. E o resultado da

Cadeia Anterior do Braço foi o que mais apresentou redução do encurtamento

muscular, sendo esta redução encontrada em todos os pacientes na última

avaliação (Tabela. 1).

TABELA 1: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES A CADA 2 MESES


DOS 6 PACIENTES- CASCAVEL- 2003
Pacientes
CADEIA
MUSCULAR 1 2 3 4 5 6
Mestra
Anterior (MA) +--+ ++ ++ + - ---- -++- + ++ + + + ++ + +

Inspiratória (I) ++ - - + ++ ++ + - +--- +++- + ++ + + + ++ + +

Lateral D-E+ D-E+ - D+E++ D+E- -


Quadril (LQ) D+E- - - - - ---- ---- + +---

Ântero-Interna
Quadril (AIQ) ++ - - - ++-- +++- ++ - - - ++-+ + ++ + +

Mestra
Posterior (MP) ++ - - - - ++ - - ++ ++ ++ + ++ - - - ++ ++ + - ++ ++ + -

Superior D-E+ D+E- ++ D+E- + + D+E++ +


Ombro (SO) + + + D+E- + D-E+ - - - D+E- ++++ D+E- D+E-

Ântero-Interna
Ombro (AIO) ++ - - - D+E- + - + ++ ++ ++ + D+E- - - + + + - ++ ++ ++ + -

Anterior do
Braço (AB) +--- ---- ---- ---- +--- ++ ++ - -
Nota: (+) presença de encurtamento muscular, (++) presença acentuada de encurtamento
muscular, (-) ausência de encurtamento muscular, D (direito), E (esquerdo).
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Ao analisar as avaliações das cadeias musculares, observa-se que houve

redução na cadeia MA em um paciente e cinco pacientes não apresentaram

alteração; quanto às cadeias I e AIQ houve redução em quatro pacientes e dois não

apresentaram alteração; as cadeias LQ, AIO e AB tiveram redução em três

pacientes e em três permaneceram sem alteração; a cadeia MP teve redução em

cinco dos seis pacientes e apenas um não teve alteração; e a cadeia SO não sofreu

alteração em nenhum paciente da amostra (Gráfico 1).

GRÁFICO 1: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DAS


CADEIAS MUSCULARES- CASCAVEL- 2003
7
Número de pacientes

6
5
4
3
2
1
0
MA I LQ AIQ MP SO AIO AB
Cadeias musculares
Redução S/ alteração

Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Observa-se que, na comparação da avaliação inicial e final das cadeias

musculares MA, I, AIQ, MP e AB não foi necessário subdividi-las em direito e

esquerdo, pela simetria encontrada nestas cadeias. Os resultados mostram que, a

Cadeia Mestra Posterior teve melhora em cinco dos seis pacientes, sendo que esta

tem importante contribuição na redução da curvatura escoliótica, e não houve piora

em nenhuma destas cadeias (Tabela 2).


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TABELA 2: COMPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL DAS CADEIAS MUSCULARES


MA, I, AIQ, MP E AB- CASCAVEL- 2003
CADEIAS
MUSCULARES MELHOROU PIOROU SEM ALTERAÇÃO
Mestra Anterior
(MA) 1 - 5
Inspiratória (I) 4 - 2
Ântero-Interna
Quadril (AIQ) 4 - 2
Mestra Posterior
(MP) 5 - 1
Anterior do Braço
(AB) 3 - 3
Total 17 - 13 30
Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Analisando estes resultados, verifica-se que houve melhora em 57% do

encurtamento muscular, 43% das cadeias não tiveram alteração e não houve piora

em nenhuma destas cadeias (Gráfico 2).

GRÁFICO 2: AVALIAÇÃO DAS CADEIAS


MUSCULARES MA, I, AIQ, MP e AB-
CASCAVEL- 2003

Melhora
43% 57% Piora
Sem alteração

Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Ao compararmos a avaliação inicial e final das cadeias musculares LQ, SO e

AIO foi necessário subdividi-las em direito e esquerdo, pela assimetria encontrada

nestas cadeias. Os resultados mostram que, a LQ teve melhora em dois dos seis

pacientes e quatro não tiveram alteração; enquanto a SO teve melhora em três

pacientes no lado esquerdo e um no lado direito, piora em um paciente no lado

direito, quatro não tiveram alteração no lado direito e três não tiveram alteração no

lado esquerdo; além disso, a cadeia AIO teve três pacientes com melhora bilateral,
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um piorou no lado direito e três no lado esquerdo, e não houveram alterações no

lado direito de dois pacientes (Tabela 3).

TABELA 3: COMPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL DAS CADEIAS MUSCULARES


BILATERAIS LQ, SO E AIO- CASCAVEL- 2003

MELHOROU PIOROU SEM ALTERAÇÃO

CADEIAS MUSCULARES Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo

Lateral quadril (LQ) 2 2 - - 4 4

Superior ombro (SO) 1 3 1 - 4 3

Ântero-interna ombro (AIO) 3 3 1 3 2 -

Total 6 8 2 3 10 7 36
Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Analisando estes resultados no lado direito, verifica-se que houve melhora em

33% do encurtamento muscular, 56% das cadeias não tiveram alteração e houve

piora em 11% destas cadeias (Gráfico 3).

GRÁFICO 3: AVALIAÇÃO DAS CADEIAS


MUSCULARES LQ, SO e AIO DO LADO
DIREITO- CASCAVEL- 2003

33%
Melhora
56%
Piora

11% Sem alteração

Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Da análise destes resultados no lado esquerdo, verifica-se que houve melhora

em 44% do encurtamento muscular, 39% das cadeias não tiveram alteração e houve

piora em 17% destas cadeias (Gráfico 4).


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 54
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GRÁFICO 4: AVALIAÇÃO DAS CADEIAS


MUSCULARES LQ, SO e AIO DO LADO
ESQUERDO- CASCAVEL- 2003

39% 44% Melhora


Piora
Sem alteração
17%

Fonte: Dados extraídos das fichas de avaliação

Na análise das alterações do apoio plantar pelo Pedígrafo, objetivou-se

somente verificar se houve ou não modificação no apoio plantar, analisando as

regiões com presença de alterações, sem especificar o tipo de alteração. Observou-

se maior alteração na região dos dedos, sendo esta, presente em todos os pacientes

da amostra; seguida pela alteração na região do meio do pé presente em seis dos

doze pés; três alterações de apoio na região anterior do pé; e somente uma

alteração na região do calcâneo (Tabela 4).

TABELA 4: ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES DO APOIO PLANTAR EM CADA REGIÃO DO PÉ-


CASCAVEL- 2003
REGIÕES DO PÉ COM ALTERAÇÃO DE APOIO
Calcâneo Meio do pé Anterior do pé Dedos
PACIENTES Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo
1 - - 1 - 1 - 1 1
2 - - - - - - 1 -
3 - - - 1 - 1 - 1
4 - - 1 - - - 1 1
5 - - 1 1 1 - 1 1
6 - 1 1 - - - 1 1
total 1 6 3 10

Ao analisar a distribuição de pressão no apoio plantar, verifica-se que houve

alterações nas regiões do pé após a aplicação do protocolo de tratamento

Fisioterapêutico para escoliose, comprovando-se que o alongamento das cadeias

musculares interfere na região plantar (Fig. 21).


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Fig. 21: Pedígrafo antes e depois do tratamento para escoliose, observa-se

alterações na região dos dedos e no meio do pé.

No gráfico 5, observa-se a predominância de alteração plantar na região dos

dedos em relação às demais regiões, ao finalizar o protocolo de tratamento

Fisioterapêutico.

GRÁFICO 5: ALTERAÇÕES NO APOIO PLANTAR-


CASCAVEL- 2003
10
10
8 6
Número de Calcâneo
6
pés da 3 Meio do pé
amostra 4
2 1 Anterior do pé
Dedos
0
1Regiões do pé

Na Tabela 5 observa-se que as modificações do apoio plantar foram maiores

no pé direito, sendo que os casos sem alteração foram maiores no pé esquerdo.


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TABELA 5: COMPARAÇÃO DO APOIO PLANTAR INICIAL E FINAL PELO PEDÍGRAFO-


CASCAVEL- 2003

ALTERAÇÃO SEM ALTERAÇÃO


PACIENTES Pé Direito Pé Esquerdo Pé Direito Pé Esquerdo
1 3 1 1 3
2 1 - 3 4
3 - 3 4 1
4 2 1 2 3
5 3 2 1 2
6 2 2 2 2
Total 11 9 13 15

Ao comparar os resultados da Tabela 4 com a Tabela 5 verifica-se que houve

55% de alterações no apoio plantar do pé direito e 45% no pé esquerdo, nas quatro

regiões de descarga de peso. E um total de 42% de alterações no apoio plantar e

58% de regiões sem alterações.

Através da mensuração dos raios-x pelo Método de Cobb, foram encontradas

reduções no grau da curvatura escoliótica em quatro dos seis pacientes da amostra,

um paciente permaneceu com mesmo grau de escoliose e um teve aumento em 2,5º

pelo método de Cobb, não respondendo de forma satisfatória ao tratamento e sem

causa aparente (Tabela 6 e Gráfico 6).

TABELA 6: MENSURAÇÃO DOS RAIOS-X PELO MÉTODO DE COBB- CASCAVEL- 2003

RAIOS-X
PACIENTES Antes Depois
1 28º 25º
2 5º 5º
3 4,5º 7º
4 6º 0º
5 3º 0º
6 4º 2º
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GRÁFICO 6: RESULTADO DOS RAIOS-X-


CASCAVEL- 2003

30
25
Ângulo da 20
15
Escoliose 10 Antes
5 Depois
0
1 2 3 4 5 6
Pacientes

Através da comparação fotográfica inicial e final, pôde-se verificar a melhora

do padrão postural nos pacientes, principalmente quanto à simetria na altura dos

ombros e do triângulo de Tallis. A posição padronizada para a foto era em posição

ortostática fisiológica mantendo os pés levemente afastados (Fig. 22 a 27).

Fig. 22 e 23: Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para escoliose,

em vista anterior.
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 58
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Fig. 24 e 25: Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para Escoliose,


em vista lateral esquerda.

Fig. 26 e 27: Paciente antes e depois do tratamento Fisioterapêutico para Escoliose,


em vista anterior.
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Ao se analisar os resultados obtidos no geral, ao longo das 4 avaliações das

cadeias musculares, observa-se que dois pacientes atingiram de forma positiva 63%,

dois atingiram 50%, um atingiu 75% e um atingiu apenas 19% de melhora no quadro

postural e na escoliose. Os dados referentes à angulação da escoliose obtidos pelos

raios-x foram submetidos ao teste de Wilcoxon para amostras pequenas não-

paramétricas, utilizando-se uma significância p 0,05, n ão houve diferença

significativa entre os valores, apesar de que pôde-se observar tendência de

diminuição e estabilização da curvatura escoliótica.

Sendo que, a redução da curvatura escoliótica ocorreu em 66,7% da amostra,

16,7% dos pacientes estabilizaram e houve 16,7% de aumento da curvatura.


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5 DISCUSSÃO

Escoliose é uma complexa deformidade tridimensional da coluna vertebral.

Mais que 70% das escolioses são diagnosticadas na categoria de escoliose

idiopática porque a causa é desconhecida. Escoliose idiopática pode ter várias

etiologias envolvendo a patologia da coluna vertebral, músculos, e sistema nervoso.

A etiologia da escoliose idiopática tem sido estudada e hipóteses incluem causa

genética, esquelética, muscular, neuro-hormonal e fatores biomecânicos (GOTO et

al, 2003).

Escoliose idiopática geralmente ocorre em adolescentes entre 11 e 14 anos

de idade. Escoliose afeta entre um a quatro indivíduos por mil, e são sete vezes

mais comum entre as meninas que os meninos (RISEBOROUGH e HERDON2, apud

ROUBAL, 1999).

Como a atividade tônica dos músculos espinhais é exercida desde o ponto

fixo oferecido pela pelve, uma retração do transverso espinhal de um lado inclina a

vértebra deste lado e gira o processo espinhoso para a concavidade. O transverso

espinhal é, portanto, responsável por essa posição particular dos processos

espinhosos na região lombar e torácica na patologia escoliótica (SOUCHARD,

2001).

O tônus postural é um estado permanente. A musculatura tônica da coluna

lombar e dorsal é essencialmente constituída pela sucessão dos músculos

transversos espinhais. Em sua ação unilateral, eles puxam a vértebra de seu lado e

ao mesmo tempo levam-na em rotação para o lado oposto. Nessa situação de

2
RISEBOROUGH, E. J.; HERDON, J. H. Scoliosis and other deformities of the axial skeleton, Little
Brown, Boston, 1975.
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 61
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

equilíbrio estático, assim que uma vértebra se inclina para um lado, ela gira do outro

(BIENFAIT, 1995).

O tipo de curva na escoliose idiopática não está associado com o modelo

específico da morfologia sagital e da estabilidade. O mecanismo postural usado

pelos pacientes com escoliose idiopática para controlar sua estabilidade sagital

despreza a necessidade de correção entre alguns parâmetros, especialmente entre

a cifose torácica e a lordose lombar, mas não pôde ser explicado completamente

pelos resultados de um estudo de THIONG (2003), no qual cinco parâmetros sagitais

foram avaliados em raios-x laterais de 160 pacientes com escoliose idiopática de

adolescente, sendo estes a cifose torácica, lordose lombar, inclinação sacral, pélvica

e incidência pélvica.

Se a escoliose for detectada precocemente pode-se receber um tratamento e

controlar a evolução, prevenindo de outras complicações. Se a curvatura aumenta,

pode haver eventualmente dor, perda de flexibilidade e alteração postural. Também

estará mais propenso a desenvolver osteoartrite, infecções respiratórias e problemas

cardíacos à medida que o paciente vai envelhecendo (CONNOLY, LEZBERG e

WEILER, 1998).

A cirurgia para escoliose idiopática geralmente reduz a curvatura maior em

aproximadamente 50% (CUNDY et al3, apud ROUBAL, 1999).

MOLLON e RODOT (1986), investigaram 210 casos, destes, 160 receberam

tratamento fisioterapêutico e 50 não tiveram nenhum tipo de tratamento. A média do

ângulo de Cobb foi de 17º no grupo exercitado e 13º no grupo controle. No grupo

exercitado 62,5% estabilizaram ou melhoraram, enquanto somente 20% mostraram

melhora no grupo controle.

3
CUNDY, P. J. et al Contrel-Dubousset instrumentation and vertebral rotation in adolescent idiopathic
scoliosis. Journal of bone and joint surgery, 1990.
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 62
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

No estudo de RIGO et al (1991) apresentou pacientes regularmente tratados

de escoliose com o programa de tratamento tridimensional de Schroth. Pacientes

com média de ângulo de Cobb de 19º a curvatura escoliótica aumentou acima de 5º

durante o período, em 11,6% dos casos, 44,2% dos casos estabilizaram e, 44,2%

dos pacientes mostraram melhora acima de 5º.

No presente trabalho, utilizou-se as técnicas de Iso-Stretching e Manipulações

Osteopáticas e houve redução da curvatura escoliótica em 66,7% da amostra, 16,7%

dos pacientes estabilizaram e ocorreu aumento da curvatura em 16,7%.

Segundo BRADFORD et al (1994), num levantamento de casos de escoliose

na Califórnia, verificou que ela diminuiu de 4 graus Cobb com um programa de

exercícios; de 43 jovens, 20% melhoraram a curva em 4 graus; em 5% a curva

piorou e em 74% a curva manteve-se a mesma. Foram propostos exercícios ativos,

passivos, assimétricos (só da convexidade da curva), ou simétricos (dos dois lados

da curva) e até exercícios com manipulação de vértebras.

As técnicas Osteopáticas com “thrust” são as mais eficazes para o tratamento

da pelve. As técnicas semi-diretas em decúbito lateral do tipo “lumbar roll” são as

mais utilizadas para a coluna lombar e os princípios são parecidos. Essas técnicas

são realizadas com a ajuda de um apoio do joelho do osteopata sobre a perna do

paciente e realiza um movimento de “kick”, que com isso, no momento da redução

pode-se abrir a articulação em sua parte posterior (RICARD e SALLE, 1996).

O método de Iso-Stretching provoca alongamento das cadeias musculares ao

adotar posturas em decúbito dorsal, sentada ou em pé e, combina flexibilidade,

contração muscular, consciência corporal e correção postural. É um trabalho estático

que visa o equilíbrio estrutural (REDONDO, 2001).


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 63
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

As cadeias musculares representam circuitos anatômicos através dos quais

se propagam as forças organizadoras do corpo. Elas vão produzir os movimentos e

a expressão corporal. As cadeias musculares podem igualmente ser recrutadas para

tramar seus esquemas de compensações. O tratamento para as cadeias musculares

visará a aliviar a origem de tensões musculares, articulares, viscerais, cranianas que

são a base das compensações, das disfunções e das deformidades. A finalidade do

tratamento é liberar as cadeias musculares de tensões internas, quando elas estão

livres e equilibradas a estática é notável, e a globalidade re-harmonizada

(BUSQUET, 2003).

Nota-se que dos 6 (seis) pacientes, 3 (três) apresentaram redução no

encurtamento da Cadeia Mestra Anterior e Cadeia Inspiratória. As cadeias Ântero-

Interna do Quadril e Mestra Posterior apresentaram resultado com redução do

encurtamento muscular em 4 (quatro) dos 6 (seis) pacientes. E o resultado da

Cadeia Anterior do Braço foi o que mais apresentou redução do encurtamento

muscular, sendo esta redução encontrada em todos os pacientes na última

avaliação.

A nova postura é a base para o aprendizado de novos movimentos assim

como os pacientes também precisam integrar o “novo” corpo e as percepções

corretivas às atividades da vida diária. Só assim os resultados dos exercícios podem

mais tarde desenvolver um corpo mais equilibrado sendo, portanto, necessária a

estabilização ativa. No lado da convexidade, os músculos estão excessivamente

alongados e fracos, já do lado da concavidade os músculos estão bastante

contraídos. Estes músculos perderam seu tônus natural, mas estão prontos para

serem trabalhados. Este quadro pode ser neutralizado através do alongamento dos

músculos encurtados fazendo-se exercícios apropriados quando os músculos


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 64
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

começam a trabalhar novamente a sua função contrátil. Isto automaticamente dá aos

músculos alongados um estímulo contrátil (SCHROTH, 1992).

Além disso, não podemos afirmar que a redução da curvatura escoliótica

permanecerá ao longo da vida do paciente, por isso aconselhamos o

acompanhamento até o final da fase de crescimento.

As alterações no apoio plantar observadas pelo Pedígrafo, encontram

dificuldades ao serem comparadas com outros trabalhos. Pois, os diferentes

sistemas usados para a análise da distribuição de pressão plantar e força de reação

do solo, e os diferentes métodos para classificação dos sujeitos nos padrões,

dificultam a comparação dos resultados com outros estudos (MANFIO, 2001).


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 65
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6 CONCLUSÃO

A alta incidência de escoliose idiopática gera preocupações quanto à sua

evolução durante a fase de crescimento, devendo ser detectada precocemente para

que o tratamento possa controlá-la.

Diante dos resultados obtidos e analisados, pode-se sugerir que o protocolo

de tratamento Fisioterapêutico para Escoliose, baseado no Iso-Stretching e

Manipulações Osteopáticas é eficaz, sabendo-se que houve redução e estabilização

no grau da curvatura escoliótica, além de proporcionar melhora no padrão postural,

apesar da inexistência de diferença estatística.

A discordância nos resultados encontrados entre este estudo e os anteriores

pode ser devido às diferenças metodológicas em relação à amostra, quanto à

angulação da escoliose.

Notou-se uma tendência de estudos que avaliam a eficácia do uso de outras

técnicas de fisioterapia no tratamento de escoliose idiopática. Poucos trabalhos se

detêm a estudar o uso unicamente das técnicas de Iso-Stretching e Osteopatia. Em

virtude das diferenças metodológicas e dos resultados diversos na literatura

consultada, são necessários novos trabalhos que estudem a resposta da escoliose

quando submetida a este protocolo de tratamento.

Desta forma, há necessidade de que estudos mais aprofundados sobre o

tema sejam desenvolvidos, para que se possa aproveitar ainda mais deste protocolo

de tratamento tão utilizado pelos Fisioterapeutas. Esperamos que este estudo

desperte o interesse de profissionais e pesquisadores da área para que a evolução

da escoliose possa ser controlada.


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 66
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

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n. 01-2004 ISSN 1678-8265

ANEXO 1 – FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 2
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FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA


1-Identificação

-nome:

-idade:

-sexo:

-procedência:

-endereço:

-telefone:

2-Exame Físico

Inspeção

-Vista lateral Direita

-Vista lateral Esquerda

-Vista Anterior

-Vista Posterior

Mensuração de MMII:

3-Avaliação das Cadeias Musculares

-Cadeia mestra anterior

-Cadeia inspiratória

-Cadeia lateral do quadril

-Cadeia ântero interna do quadril

-Cadeia mestra posterior

-Cadeia superior do ombro

-Cadeia ântero interna do ombro

-Cadeia anterior do braço


Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 3
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4-Hábitos de vida

-prática de esportes para competição

-maus hábitos posturais

-cirurgias

-tratamento fisioterapêutico anterior


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ANEXO 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E


ESCLARECIDO E APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste 5
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome da pesquisa: Tratamento Fisioterapêutico em escoliose através da técnica de


Iso-Stretching e Manipulações Osteopáticas

Pesquisador responsável: André Pêgas de Oliveira

Este é um trabalho que visa a orientação, avaliação e tratamento de crianças


portadoras de escoliose. O estudo se realizará com alunos de 10 a 15 anos que
serão encaminhados à Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, Campus de Cascavel-
PR. Pretendo, ao final, comparar a avaliação inicial, antes do início do tratamento,
com a avaliação após realizado o tratamento proposto e concluir se o tratamento
proposto atingiu resultados satisfatórios. A avaliação será composta de avaliação
física, exames radiológicos e avaliação das cadeias musculares. Sua participação
será muito importante para que possamos realizar essa pesquisa.

Assinatura do pesquisador:.............................................................

Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos


relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da
pesquisa.
1- A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a
dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados
com a pesquisa;
2- A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo;
3- A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter
confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade;

Em seguida assino meu consentimento.

Nome: .......................................................................................................

Assinatura: ................................................................................................

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