Penhane BOLETIM OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO DE APOIO E ASSISTÊNCIA JURÍDICA AS COMUNIDADES

Director Executivo: Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*Cidade de Tete *Chingodzi* Editado em Português e Inglês

Governo esbanja 223.749 USD em 1 km de estrada em Cateme

É verdade. Fazendo contas rápidas dá 223.749 dólares norte ameri-

canos. E feitas em meticais, as contas batem 13.648.717, dinheiro a
ser gasto na melhoria de uma secção de 1 km, ou seja mil metros de
estrada com pavês no bairro de reassentamento rural de Cateme, no
distrito de Moatize. É certo que o sistema de gestão estabelecido na
circular número 01/MPD-MF/2013 está também orientado para as
Obras públicas, mas de interesse local. E pavimentar 1 km de estra-
da não acrescenta nenhum valor ao reassentamento rural de Cate-
me. A população de Cateme é de perfil rural, a de característica
urbana está reassentada em 25 de Setembro. A de Cateme cria bois
que puxam charruas no final da jornada e não precisam de pavês,
sobretudo quando essa estrada gasta 223.749 dólares por quilóme-
tro.
E partindo do princípio de que a circular da utilização deste valor
está orientada aos sectores de Educação, Agricultura, Mercados,
Serviços, Silvicultura e Obras públicas de interesse local, não é razo-
ável que a população de Cateme tenha preferido construir 1 km de
estrada em pavês porque nem água para consumo tem. Para quem
conhece o bairro de Cateme a estrada que vai gastar 13.648.717
meticais é de vergonha. É um pequeno troço que vai da praça até ao
cruzamento do hospital, onde está a praça infantil, numa secção de
1 km. Um grave modelo de tirar todo o dinheiro destinado a popu-
lação dos locais donde é extraído o carvão, e deixar essa comunida-
de mais empobrecida.
Outro aspecto sobre este valor é que a circular orienta que podem ser
erguidas salas de aulas e respectivo apetrechamento. Na Saúde po-
dem ser construídos centros de saúde e respectivo apetrechamento.
Na agricultura o valor pode financiar regadios comunitários e repre-
sas, como também pode ser usado para projectos de silvicultura e até
para florestas comunitárias, bem como serviços para mercados e
ainda para estradas e pontes de interesse local, para além de siste-
mas de abastecimento de água e saneamento. Mas tudo de eleição
comunitária. E deste leque de acções, não poderia a comunidade
rural de Cateme preferir 1 km de pavês.
Quando o dinheiro é visualizado na conta do governo do distrito, a
liderança local é comunicada para a selecção de projectos prioritários
de acordo com o valor disponível de cada zona de reassentamento,
para depois iniciar com o processo de procurment para UGEA do
distrito. E mais do que isso, este valor está a ser problemático desde
que surgiu. Importa referir, no ano de 2013 a 2017, foram desembol-
sados 36.532, 930 meticais. Mas observou um decréscimo do limite
atribuído, atrasos na libertação e não libertação na totalidade dos
limites atribuídos, nalguns casos. Em termos de números, em 2013,
recebeu-se 8.566.480 meticais contra 22.267.420 meticais comunica-
dos. No ano seguinte, 2014, foi comunicado 13.056.480 mas desem-
bolsados 4.302.810 meticais, para em 2015 receber-se uma comunica-
ção de 10. 878.940, o mesmo que fora recebido.

Equipe multi-sectorial estava aonde?

Sempre que o valor de 2,75% é comunicado, a selho Consultivo da localidade esteve presente, tornan-
circular que determina regras de sua utilização do-se problemática ainda mais essa adjudicação. O outro
ordena que o governo do distrito indique uma aspecto é que não é primeira vez que esse dinheiro está
equipa de trabalho multissectorial para consultas sendo aplicado de forma pouco clara. Já foi construída
comunitárias junto as lideranças locais. Esta equi- em Cateme uma represa para fins agrícolas e consumo
pa, encarrega-se por efectuar o levantamento das de gado no bairro, com infiltrações muito fortes que não
necessidades locais, porque é uma equipem é conservava água até em períodos de grandes chuvas.
composta por um representante do governo dis-
trital, o chefe da localidade beneficiária, sociedade
civil, líderes comunitários, secretários dos bairros Parceiros:
e membros do Comité de Gestão. Este levanta-
mento ocorre nas zonas de reassentamento, atra-
vés de uma sessão extraordinária para uma deli-
beração consensual através da apreciação e apro-
vação pelo Conselho Consultivo da Localidade e
depois do distrito. E na reunião da abertura das
cartas de apuramento, nenhum membro do Con-

Quem somos? Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades (AAAJC), é uma organização da Sociedade Civil
Moçambicana, não-governamental, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2008 e com os seus estatutos legal-
mente publicados em 2010 no Boletim da República nº. 2, III serie, 4º suplemento de 19 de Janeiro. A sede é na cidade de Tete.
 Penhane OFICIAL REPORT CARD OF THE ASSOCIATION FOR SUPPORT AND LEGAL ASSISTANCE TO COMMUNITIES

The Executive Director Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*City of Tete*Chingodzi* Edited in Portuguese & English
o
Edition n 162

Government spends 223,749 USD on 1 km of road in Cateme

It is true. Doing quick accounts gives $ 223,749. And made in meti-
cais, the bills hit 13,648,717, money to be spent on upgrading a 1km
section, that is, a thousand meters of paved road in the rural resettle-
ment neighborhood of Cateme in Moatize district. Admittedly, the
management system established in circular number 01 / MPD-MF /
2013 is also oriented to public works, but of local interest. And pav-
ing 1 km of road adds no value to Cateme's rural resettlement. The
population of Cateme is rural in profile, the urban one is resettled on
“25 de Septembro”. The one at Cateme creates oxen that pull plows
at the end of the journey and do not need pavers, especially when
this road spends $ 223,749 per kilometer.
And assuming that the use of this value is directed to the Education,
Agriculture, Markets, Services, Forestry and Public Works sectors of
local interest, it is unreasonable that the population of Cateme pre-
ferred to build 1 km of paved road, because not even drinking water
has. For those who know the neighborhood of Cateme the road that
will spend 13,648,717 meticals is a shame. It is a small section that
runs from the square to the intersection of the hospital, where is the
children's square, in a section of 1 km. A serious model of taking all
the money destined for the population from where coal is mined,
and making this community more impoverished.
In Health can be built health centers and their equipment. In agricul-
ture, the value can finance community irrigation and dams, as well
as for forestry projects and even community forests, as well as ser-
vices for markets and even roads and bridges of local interest, as
well as water and water supply systems and sanitation. But all of
community election. And from this range of actions, the rural com-
munity of Cateme could not prefer 1 km paved.
When the money is viewed in the district government account, local
leadership is communicated to select priority projects according to
the value available from each resettlement zone, and then to start
with the district UGEA procurement process.
And more than that, this value has been problematic since it
emerged. It should be noted that from 2013 to 2017, 36,532,930 meti-
cals were disbursed. But it noted a decrease in the assigned limit,
delays in release and non-release in all assigned limits in some cases.
In terms of numbers, in 2013, 8,566,480 meticals were received
against 22,267,420 meticals reported. In the following year, 2014,
13,056,480 were communicated but 4,302,810 meticals were dis-
bursed, so that in 2015 a communication of 10,878,940 and the same
as it, had been received.

Another aspect about this value is that the circular guides that class-
rooms and their equipment can be erected.

Where was the multisectoral team?

Whenever the 2.75% figure is communicated, the circu- A dam was already built in Cateme for agricultural
lar that determines its usage rules mandates the dis- and livestock consumption in the neighborhood,
trict government to appoint a multisectoral work team with very strong infiltrations that did not conserve
for community consultations with local leaders. This water even during periods of heavy rainfall.
team is responsible for surveying local needs because
it is a team composed of a representative of the district
government, the head of the beneficiary locality, civil
society, community leaders, district secretaries and
members of the Management Committee. This survey Partners:
takes place in the resettlement zones through an ex-
traordinary session for consensual deliberation
through consideration and approval by the Local Ad-
visory Council and after the district. And at the open-
ing meeting of the clearance letters, no member of the
local Advisory Council was present, making the award
even more problematic. The other aspect is that this is
not the first time this money is being applied unclear-
ly.

Who Are We? The Association for Support and Legal Assistance to Communities (AAAJC) is an mozambican Civil Society Organization (CSO) based in Tete province, non-governmental and non proffit, created in 2008 by
a group of Paralegals in natural resources and development law, formed by the Center for Legal and Judicial Training (CFJJ), now Ministry of Justice, who decided to organize themselves based on their knowledge to promote
social and economic development and respect for human rights based on observance of the principles of social justice, equity and sustainability. Its scope of action was limited to the areas of economic development and poverty
reduction in a participatory manner, legal support to communities and citizens, environmental education, conflict resolution, advocacy of public policies and human rights. In 2010, following the implementation of some initiatives
and completing the process of its constitution, the organization was formally legalized with statutes published in the Bulletin of the Republic no. 2, III series, 4th supplement of January 19, 2010.