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hoːfən)
transliterado em português como Luis de Betovêm[1] foi batizado em 17 de dezembro
de 1770, mas nasceu presumivelmente no dia anterior,[nota 1] na cidade de Bonn,
Reino da Prússia, atual Renânia do Norte (Alemanha). Sua família era de origem
flamenga, cujo sobrenome significava horta de beterrabas e no qual a partícula van
não indicava nobreza alguma. Seu avô, Lodewijk van Beethoven — também chamado
"Luís", na transliteração[2] —, de quem herdou o nome, nasceu na Mechelen, hoje
parte da Bélgica, em 1712, e imigrou para Bonn, onde foi maestro de capela do
príncipe. Descendia de artistas, pintores e escultores, era músico e foi nomeado
regente da Capela Arquiepiscopal na corte da cidade de Colônia (atual Alemanha).
Foi do pai, Johann, que Beethoven recebeu suas primeiras lições de música: o
objetivo era afirmá-lo como "menino-prodígio" ao piano, dada sua habilidade musical
demonstrada desde ainda muito cedo. Por essa razão, a partir dos cinco anos de
idade seu pai passou a obrigá-lo a estudar música diariamente, durante muitas
horas. No entanto, seu pai terminou consumido pelo álcool, pelo que a infância de
Ludwig foi infeliz.[3]
Sua mãe, Maria Magdalena Keverich (1746–1787), era filha do chefe de cozinha do
príncipe da Renânia, Johann Heinrich Keverich. Casou-se duas vezes. O primeiro
marido foi Johann Doge Leym (1733–1765). Tiveram apenas um filho, Johann Peter
Anton, que nasceu e morreu em 1764 (morte na infância). Depois da morte do marido,
Magdalena, viúva, casou-se com Johann van Beethoven (1740–1792). No total, tiveram
sete filhos:
Ludwig Maria: nasceu em 1769 e morreu poucos dias depois de seu nascimento (morte
na infância);
Ludwig van Beethoven (1770–1827);
Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774–1815);
Nicolaus Johann van Beethoven (1776–1848);
Anna Maria, que nasceu e morreu em 1779 (morte na infância);
Franz Georg (1781–1783: morte na infância); e
Maria Magdalena (1786-1787: morte na infância).
Portanto, Ludwig van Beethoven foi o terceiro filho mais velho por parte de mãe e o
segundo por parte de pai. Teve um total de sete irmãos, dos quais cinco morreram
ainda na infância. Entre os irmãos vivos, Beethoven foi o penúltimo a morrer: 12
anos após Kaspar e 21 anos antes de Nicolaus.
Início de carreira
Conde Waldstein
Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou talento
excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian
Gottlob Neefe (1748-1798), o melhor mestre de cravo da cidade de Colônia na época,
[4] que lhe deu uma formação musical sistemática, levando-o a conhecer os grandes
mestres alemães da música. Numa carta publicada em 1780, pela mão de seu mestre,
afirmava que "seu discípulo, de dez anos, domina todo o repertório de Johann
Sebastian Bach", e que o apresentava como um "novo Mozart". Compôs as suas
primeiras peças aos onze anos de idade, iniciando a sua carreira de compositor, de
onde se destacam alguns Lieder. Os seus progressos foram de tal forma notáveis que,
em 1784, já era organista-assistente da Capela Eleitoral, e pouco tempo depois, foi
violoncelista na orquestra da corte e professor, assumindo já a chefia da família,
devido à doença do pai - alcoolismo. Foi nesse ano que conheceu o jovem Conde
Waldstein, a quem mais tarde dedicou algumas das suas obras, pela sua amizade.
Este, percebendo o seu grande talento, enviou-o, em 1787, para Viena, a fim de
estudar com Joseph Haydn. O Arquiduque da Áustria, Maximiliano, subsidiou então os
seus estudos. No entanto, teve que regressar pouco tempo depois, assistindo à morte
de sua mãe. A partir daí, Ludwig, com apenas dezessete anos de idade, teve que
lutar contra dificuldades financeiras, já que seu pai tinha perdido o emprego,
devido ao seu já elevado grau de alcoolismo.
Viena
Em 1792, já com 21 anos de idade, mudou-se para Viena (apenas um ano após a morte,
na cidade, de Mozart), onde, fora algumas viagens, permaneceu para o resto da vida.
Foi imediatamente aceito como aluno por Joseph Haydn, o qual manteve o contato à
primeira estadia de Ludwig na cidade. Procura então complementar mais os seus
estudos, o que o leva a ter aulas com Antonio Salieri, com Foerster e
Albrechtsberger, que era maestro de capela na Catedral de Santo Estêvão. Tornou-se
então um pianista virtuoso, cultivando admiradores, muitos dos quais da
aristocracia. Começou então a publicar as suas obras (1793-1795). O seu Opus 1 é
uma coleção de três trios para piano, violino e violoncelo. Afirmando uma sólida
reputação como pianista, compôs suas primeiras obras-primas, as três sonatas para
piano Op. 2 (1794-1795). Elas mostravam já a sua forte personalidade.
Surdez em Viena
Beethoven em 1803
Foi em Viena que lhe surgiram os primeiros sintomas da sua grande tragédia. Foi-lhe
diagnosticado, por volta de 1796, aos 26 anos de idade, a congestão dos centros
auditivos internos (que mais tarde o deixou surdo), o que lhe transtornou bastante
o espírito, levando-o a isolar-se e a grandes depressões.
“
Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos
enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu
coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento
de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai
que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela
ignorância dos médicos.
”
Consultou vários médicos, inclusive o médico da corte de Viena. Fez curativos, usou
cornetas acústicas, realizou balneoterapia, mudou de ares, mas os seus ouvidos
permaneciam arrolhados. Desesperado, entrou em profunda crise depressiva e pensou
em suicidar-se.
“
Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma
pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este
meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém
percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um
pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco
faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a
arte me amparou!
O gênio
No entanto, o seu verdadeiro gênio só foi realmente revisado com a publicação das
suas Op. 7 e Op. 10, entre 1796 e 1798: a sua Quarta Sonata para Piano em Mi Maior,
e as suas Quinta em Dó Menor, Sexta em Fá Maior e Sétima em Ré Maior Sonatas para
Piano.
Testamento de Heilingenstadt
Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº1 em Dó maior, Op. 21 faz a sua estreia em
Viena. Porém, no ano seguinte, confessa aos amigos que não está satisfeito com o
que tinha composto até então, e que tinha decidido seguir um novo caminho. Em 1802,
escreveu o seu testamento, mais tarde revisto como O Testamento de Heilingenstadt,
por ter sido escrito na localidade austríaca de Heilingenstadt, então subúrbio de
Viena, dirigido aos seus dois irmãos vivos: Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774-
1815) e Nicolaus Johann van Beethoven (1776-1848).
Finalmente, entre 1802 e 1804, começa a trilhar aquele novo caminho que ambiciona,
com a apresentação de Sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, Op.55, intitulada de Eróica.
Uma obra sem precedentes na história da música sinfônica, considerada o início do
período Romântico, na Música Erudita. Os anos seguintes à Eroica foram de
extraordinária fertilidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a
Sonata para Piano nº 21 em Dó maior, Op.53, intitulada de Waldstein, entre 1803 e
1804; a Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op.57, intitulada de Appassionata,
entre 1804 e 1805; o Concerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op.58, em 1806; os Três
Quartetos de Cordas, Op.59, intitulados de Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em
Si bemol Maior, Op.60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op.61,
entre 1806 e 1807; a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op.67, entre 1807 e 1808; a
Sinfonia nº 6 em Fá maior, Op.68, intitulada de Pastoral, também entre 1807 e 1808;
a Ópera Fidelio, Op.72, cuja versão definitiva data de 1814; e o Concerto para
Piano nº 5 em Mi bemol Maior, Op.73, intitulado de Imperador, em 1809.
Ludwig escreveu ainda uma Abertura, música destinada a ilustrar uma peça teatral,
uma tragédia em cinco actos de Goethe: Egmont. E muito se conta do encontro entre
Johann Wolfgang von Goethe e Ludwig van Beethoven.
“
"Uma criatura completamente indomável."
”
Crise criativa
Beethoven em 1815
Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimoniais e
problemas com a custódia do sobrinho levaram-no a uma crise criativa, que faria com
que durante esses anos ele escrevesse poucas obras importantes.
Derradeiros anos
A culminância destes anos foi a Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 (1822-1824), para
muitos a sua obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma
sinfonia. O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria",
feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.
“
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até à morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
”
A obra de Beethoven refletiu em um avivamento cultural. Conforme o historiador Paul
Johnson, "Existia uma nova fé e Beethoven era o seu profeta. Não foi por acidente
que, aproximadamente na mesma época, as novas casas de espetáculo recebiam fachadas
parecidas com as dos templos, exaltando assim o status moral e cultural da sinfonia
e da música de câmara."
De 1816 até 1827, ano da sua morte, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras
musicais. Sua influência na história da música foi imensa. Ao morrer, a 26 de Março
de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia, assim como projectava escrever um
Requiem. Ao contrário de Mozart, que foi enterrado anonimamente em uma vala comum
(o que era o costume na época), 20.000 cidadãos vienenses enfileiraram-se nas ruas
para o funeral de Beethoven, em 29 de março de 1827. Franz Schubert, que morreu no
ano seguinte e foi enterrado ao lado de Beethoven, foi um dos portadores da tocha.
Depois de uma missa de réquiem na igreja da Santíssima Trindade
(Dreifaltigkeitskirche), Beethoven foi enterrado no cemitério Währing, a noroeste
de Viena. Seus restos mortais foram exumados para estudo, em 1862, sendo
transferidos em 1888 para o Cemitério Central de Viena.[6]
Em 1801, Beethoven afirma não estar satisfeito com o que compôs até então,
decidindo tomar um "novo caminho". Dois anos depois, em 1803, surge o grande fruto
desse "novo caminho": a sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, apelidada de "Eroica", cuja
dedicatória a Napoleão Bonaparte foi retirada em 1804, com a autoproclamação de
Napoleão imperador da França. E, a antiga dedicatória fora substituída por: "à
memoria de um grande homem". A sinfonia Eroica era duas vezes mais longa que
qualquer sinfonia escrita até então.
Em 1808, surge a Sinfonia nº5 em Dó menor (sua tonalidade preferida), cujo famoso
tema da abertura foi considerado por muitos como uma evidência da sua loucura.
Em 1824, surge a Sinfonia nº9 em Ré Menor. Pela primeira vez na história da música,
é inserido um coral numa sinfonia, inserida a voz humana como exaltação dionisíaca
da fraternidade universal, com o apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a
música.
Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de
Beethoven a música nunca mais foi a mesma[carece de fontes]. As suas composições
eram criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas.
Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo
dramático e pela liberdade de expressão. Foi sempre condicionado pelo equilíbrio,
pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários[carece de fontes].
Inaugura, portanto, a tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem
estar vinculado a um príncipe ou a um nobre. Hoje em dia muitos críticos o
consideram como o maior compositor do século XIX, a quem se deve a inauguração do
período Romântico, enquanto que outros o distinguem como um dos poucos homens que
merecem a adjetivação de "gênio".
Obras
Ver artigo principal: Lista das composições de Ludwig van Beethoven
Ver também: Galeria de obras de Ludwig van Beethoven