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Outra consequência é que não há nem bem absoluto nem mal absoluto.
O subjectivo é relativo, e por isso a ética lida com preferências e avalia
tudo em relação às alternativas. Tirar o apêndice a alguém não é
necessariamente bom nem necessariamente mau; depende do que
acontece se não o tirarmos. E a ética é mais útil quando avalia
alternativas no futuro, quando nos indica o que devemos fazer em vez
do que devíamos ter feito. É outro princípio que parece banal mas que
nos impede de ignorar problemas do ambiente só porque afectam
gerações futuras ou os interesses de um feto só porque ainda não
pensa. Temos que avaliar as consequências relativamente às suas
alternativas.
Mas mesmo este esboço mostra que não se distingue o bem do mal com
regras de conveniência como a da reciprocidade ou que só os humanos
contam. Essas regras são atalhos. São úteis apenas em algumas
situações. A reciprocidade resume bem a relação do cliente com o
merceeiro, mas não a relação da sociedade com os desalojados ou
idosos. Considerar apenas os humanos faz sentido num programa de
vacinação ou a matar piolhos, mas não se estamos a destruir florestas
ou a chacinar baleias.