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C O L E ç Ã O

HISTÓRIA GERAL DA

ÁFRICA
NOVOS VOLUMES
IX, X & XI
Beya Gille Gacha ≈ Série Identités #1

IX X XI
BR/2019/PI/H/1
HISTÓRIA GERAL DA
ÁFRICA
VOLUMES IX, X & XI

1. HISTÓRICO
Em 1964, a UNESCO lançou o projeto científico político e ético da História Geral
da África (HGA), em resposta a pedidos de países africanos recém-independentes.
O projeto HGA teve como objetivo produzir e promover a história da África a
partir da perspectiva dos próprios africanos, sem os estereótipos raciais criados
para justificar o tráfico de escravos, a escravidão e a dominação colonial. Portanto,
a HGA tinha a intenção de fornecer conhecimento científico sobre a verdadeira
história dos povos africanos em longo prazo, assim como suas contribuições para
o progresso geral da humanidade.

Orientado por um comitê científico composto por 39 membros, o projeto,


que provocou uma grande revolução epistemológica ao incorporar a tradição
oral à história considerada sob o ponto de vista acadêmico, mobilizou cerca
de 350 especialistas de várias disciplinas (história, linguística, antropologia,
musicologia, arqueologia, história da arte, ciências naturais etc.). O processo
de elaboração, que durou quase 35 anos, teve como resultado a publicação,
em oito volumes, de uma obra monumental com uma edição principal em
inglês, francês e árabe (todos esses volumes, ou parte deles, também foram
traduzidos para dez línguas, incluindo três línguas africanas).

Em resposta a um pedido da União Africana (UA), em 2009, a UNESCO lançou


a segunda fase da HGA, que inclui o projeto do Volume IX, que foi ampliado
para a produção dos três volumes: IX, X, e XI. Essas publicações destinam-se
principalmente a atualizar a coleção HGA, à luz dos desenvolvimentos recentes
na pesquisa científica e das mudanças que ocorreram na África desde a
publicação da coleção, e analisa os desafios e as oportunidades atuais para a
África e as suas diásporas.
2. COMITÊ CIENTÍFICO
Na tradição das Histórias Gerais e Regionais da UNESCO, foi estabelecido um comitê
científico internacional para assumir a responsabilidade científica e intelectual por
este volume. Dessa forma, o Comitê é responsável por: (1) identificar a equipe de
elaboração; (2) determinar o plano geral e a estrutura do volume; e (3) assegurar a
revisão, a edição e a aprovação de todas as contribuições.
O Comitê Científico Internacional para Redação e Publicação do Volume IX da
HGA é composto por 16 membros e por 3 membros associados, que representam
várias regiões do mundo e diferentes disciplinas científicas (segue anexada a esta
brochura uma lista dos membros do Comitê Científico Internacional).

3. POLÍTICA DE PUBLICAÇÃO
Volume IX da HGA: uma nova
aventura intelectual e científica
A África e as suas diásporas históricas e contemporâneas em todo o mundo
entraram em uma nova fase, caracterizada pelo dinamismo. Por um lado, o
estabelecimento da UA e o início do processo de integração regional provocaram
um novo impulso, ao contestar as divisões do continente e o modelo de
construção de identidades e nações herdado do período colonial. Por outro lado,
as pessoas de ascendência africana nas diásporas estão cada vez mais interessadas
em sua história e em sua cultura, afirmando sua identidade e empenhando-se em
ter uma maior participação na gestão dos assuntos públicos, com o objetivo de
contribuir para as transformações sociais em seus respectivos países.
As maiores mudanças desde a década de 1990 nas áreas de cooperação
econômica e relações internacionais, que influenciaram o nosso mundo cada
vez mais globalizado, abriram o caminho a novas oportunidades, bem como
para novos desafios e novas ameaças para a África. De fato, o acelerado ritmo
do processo de urbanização, a riqueza do continente em termos de recursos
naturais e estratégicos, e os desejos e a criatividade dos jovens colocam
novos desafios aos africanos, o que enfatiza a necessidade que eles têm de
assumir o controle de seu próprio destino.
Da mesma forma, as pessoas de ascendência africana nas Américas do Sul, Central
e do Norte, no Caribe, no Oceano Índico, no Oriente Médio, no Sul da Ásia e no
Pacífico Sul atribuem cada vez mais importância aos laços que as unem à África e à
diáspora africana mundial. Além disso, países nos quais vivem descendentes de
africanos cada vez mais reconhecem a importante contribuição desses cidadãos
para a construção de suas sociedades. Como resultado disso, atualmente,
alguns países implementam políticas públicas que visam a corrigir distorções
históricas e combater o racismo, a discriminação racial e as desigualdades do
passado, incluindo as assim chamadas medidas de discriminação positiva ou ações
afirmativas.. Nesse contexto, as iniciativas tomadas pelo governo brasileiro – em
especial a aprovação de uma lei sobre o ensino obrigatório da história africana em
todos os níveis educacionais – estabeleceram um novo padrão a esse respeito.
A elaboração e a publicação do Volume IX da HGA é uma resposta positiva às
tendências mencionadas acima e à decisão tomada pelos Estados-membros
na Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da UA, realizada em 2009 em
Sirte, na Líbia (EX.CL/Dec.520 (XV)).
Diretrizes gerais
Sem desejar oferecer uma lista exaustiva, os principais temas abordados nos
Volumes IX, X e XI têm como foco a necessidade de:

≈ conduzir uma revisão dos conceitos e das rupturas epistemológicas


necessárias nos contextos pan-africano e mundial. O local necessário para
esses conceitos deve ser criado ao longo do Volume IX, pela inclusão de
um fórum epistemológico em cada livro;
≈ utilizar os termos mais apropriados a certas questões; por exemplo, no caso do
tráfico de escravos, fala-se de “cativos” e de “pessoas sujeitas à escravidão”, em vez
de se utilizar a palavra escravos e de se criar neologismos quando necessário;
≈ incentivar ainda mais as abordagens literárias e artísticas, com a finalidade de
compreender melhor certos aspectos das experiências africanas e as pessoas
de ascendência africana;
≈ utilizar, quando for necessário, conceitos ou noções presentes nas
línguas africanas ou que são usados por pessoas de ascendência africana,
elementos que refletem melhor a complexidade das questões;
≈ realizar comparações históricas e socioculturais da diáspora africana mundial;
≈ reunir referências, no âmbito internacional, sobre a África;
≈ propor uma história positiva da África e de suas diásporas, a qual se afaste de
uma historiografia que limita suas experiências com problemas e dificuldades,
e que também reflita de forma mais aprofundada sobre os conceitos de
identidade, nação e poder, assim como sobre a noção de África Global.
Esses novos Volumes da História Geral da África levarão em conta a diversidade
de expressões nas quais a África e suas diásporas se expressam por meio da
música, da linguagem, da religião,
do conhecimento e know-how etc.
© Andrew Moore

Foi proposto aos colaboradores


que pensassem de forma diferente
sobre a história e desenvolvessem
outros modos de escrever a história,
particularmente levando em
consideração as produções literárias
e artísticas relativas às experiências
históricas africanas e das diásporas,
como materiais essenciais para a escrita
da história endógena da África e de
suas diásporas. Os contextos históricos
do surgimento do conceito de raça
foram analisados, com a finalidade
de compreender como os africanos
e as pessoas de ascendência africana
percebem e se referem a si mesmos.
De um modo mais fundamental,
os Volumes IX, X e XI irão permitir a
observação crítica da dinâmica que
existe na relação entre a África e suas
diásporas, nos movimentos reais e
intelectuais entre a África e o resto do
mundo, e nas formas por meio das
quais a África se conecta ao resto do
Centro de Conferência da União Africana mundo e percebe a África Global.
Etiópia
Objetivos dos Volumes IX, X & XI
A elaboração dos novos volumes teve os seguintes objetivos:
≈ atualizar o conteúdo dos volumes anteriores da HGA, à luz dos recentes
progressos da pesquisa científica e das mudanças políticas, culturais,
socioeconômicas e ecológicas ocorridas na África desde a publicação do
último volume da série;
≈ mapear e analisar as várias diásporas africanas, antigas e modernas, bem
como as suas várias contribuições para a construção das sociedades
contemporâneas e para a emancipação, a independência e o
desenvolvimento da África;
≈ identificar e analisar os novos desafios enfrentados pela África, incluindo
questões como: unidade africana, pan-africanismo, integração regional,
educação e cultura, juventude, assuntos relacionados a gênero e
igualdade de gênero, saúde e assistência médica, diversidade cultural,
criatividade, artes, diálogo intercultural na África, questões sobre paz
e o meio ambiente, mudança climática, a nova “Partilha da África”,
urbanização, pesquisa científica e inovação, desenvolvimento sustentável,
boa governança, cooperação Sul-Sul e relações com a diáspora.
© Charles Chulem Rousseau

A marcha da história ≈ Instalação do artista Shuck One

Um conceito-chave: África Global


Este tópico envolve a escrita da história dos africanos e das pessoas de
ascendência africana em âmbito mundial com base no conceito fundamental
de África Global, da expansão inicial dos seres humanos a partir do continente
africano para povoar o planeta, às sucessivas diásporas ao longo do tempo até
a atualidade. Esse conceito de África Global nos proporcionaria a superação
das dicotomias e as divisões usuais entre África e as diásporas africanas, de
modo a nos permitir compreender tais diásporas, em longo prazo e em sua
grande diversidade, reavaliar as abordagens ao período da escravidão, estudar a
relação entre o pan-africanismo e as diásporas, e entender como o pensamento
pan-africanista foi alimentado por contribuições de diferentes experiências
de diáspora. Esse conceito também nos permitiria abordar de forma ativa e
transversal as diferentes questões que vinculam a África e as suas diásporas.
A descolonização de conceitos
A descolonização dos conceitos, paradigmas e categorizações
utilizados nas ciências humanas e sociais, especialmente na
história, é considerada uma necessidade epistemológica nas
comunidades científicas e intelectuais das antigas colônias
– e para além delas –, e ainda como outro componente da
emancipação cultural e política dos povos que, não sem
dificuldade, se livraram do jugo da colonização europeia. Graças
aos estudos pós-coloniais, pesquisadores latino-americanos,
asiáticos e africanos agora abordam tópicos sobre as
consequências estruturais remanescentes das relações coloniais
na era pós-colonial: eles estão interessados na “colonialidade”
que perpetua imagens antigas e o racismo epistemológico,
de modo a justificar o desprezo pela produção cultural não
Beya Gille Gacha ≈ Luta ocidental. Essa inextinguível e urgente questão fundamenta, de
alguma forma, a abordagem endógena e pan-africana que foi
utilizada na elaboração da História Geral da África.

A abordagem da descolonização do conhecimento sobre a África e as suas


diásporas, ao oferecer uma oportunidade para se recontar uma história inovadora
a partir de dentro e com base em uma visão africana e afrodescendente, realizaria
uma contribuição essencial ao que o poeta e pensador Aimé Césaire chamou de
ponto de encontro para dar e receber, uma perspectiva universal reordenada, uma
perspectiva “pluriversal” da África Global.

Tema e estrutura dos


Volumes IX, X & XI
O Volume IX, intitulado “História Geral da África revisitada”, terá como foco
a atualização da HGA e em teorias contemporâneas sobre as origens da
humanidade e as primeiras civilizações humanas.

O Volume IX, intitulado “História Geral da Africa revisitada”, terá como


foco a atualização da HGA e teorias contemporâneas sobre as origens da
humanidade e as primeiras civilizações humanas.

O Volume X, intitulado “A África e as suas diásporas


no mundo”, irá explorar os múltiplos aspectos da Roberto Diago
África Global e suas diferentes manifestações por
meio das diásporas no mundo.

O Volume XI, intitulado “A África Global hoje”,


irá examinar a África Global contemporânea, as
oportunidades e os novos desafios enfrentados
pela África e suas diásporas.

Portanto, optou-se por não dedicar um livro


à descolonização dos conceitos e às rupturas
epistemológicas como tal, mas incluir em cada
um dos volumes um fórum epistemológico para
debater a reconceitualização a ser introduzida na
análise das questões.

© Rosmy Porter
© 2019 UNESCO • Fonte das ilustrações: coleção História Geral da África • Capa: Instalação do artista Zinkpe © C.P.Tossou • BR/2019/PI/H/1 • Impresso no Brasil
4. EQUIPE EDITORIAL
Volume IX:
≈ Editor: Augustin F. C. Holl, coordenador da “Seção III: atualização de conhecimento
sobre ‘A História da África inicial: uma atualização’” e editor do Volume.
≈ Martial Zé Bélinga e Olabiyi B. Joseph Yaï, coordenadores da “Seção I: Escrever
a história dos africanos e de suas diásporas hoje – algumas considerações
epistemológicas” e coeditores do Volume.
≈ Doulaye Konaté, coordenador da “Seção II: História Geral da África – uma revisão
crítica” e editor do Volume.
≈ Doulaye Konaté, coordenador da “Seção IV: História Antiga e Moderna da
África – uma atualização” e editor do Volume.

Volume X:
≈ Editor: Vanicléia Silva Santos e Mamadou Diouf, coordenadores da “Seção II:
Mapeamento da diáspora africana” e coeditores do Volume.
≈ Carole Boyce-Davies, coordenadora da “Seção I: Redefinir africanidade global e
negritude” e coeditora do Volume.
≈ Paul Lovejoy, coordenador da “Seção III: Histórias vivas e narrativas de
liberdade” e coeditor do Volume.

Volume XI:
≈ Editor: Hilary Beckles, Catherine Coquery-Vidrovitch e Pinkie Mekgwe,
coordenadores da “Seção I: África Global – desafios presentes e futuros” e
coeditores do Volume.
≈ Tayeb Chenntouf, coordenador da “Seção II: O lugar da África no mundo
contemporâneo” e coeditor do Volume.
≈ Faranirina Rajaonah, coordenadora da “Seção III: “A África na virada do terceiro
milênio: desafios, dinâmicas e perspectivas” e coeditora do Volume.

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