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ANÁLISE MACROECONÔMICA I – IH 201

Prof. Cleber Barbosa

Aula 8

Modelo (teoria) Keynesiano Simplificado de Determinação do Produto e Emprego

Material provisório auxiliar ao uso exclusivo às aulas.


Obs: não substitui a leitura de livros, tampouco, as aulas.

“..estude; queijo de graça só na ratoeira”

Abril 2012
“O estudo das ciências econômicas aumenta o nosso conhecimento sobre nós mesmos”
Parafraseado do livro “Principles of Economics” , A. Marshall.

Introdução

A teoria clássica permaneceu por muito tempo com a mainstream (teoria predominante, mais
aceita) até o triste advento da crise econômica de 1929. Em 1932, a crise já era uma grande
depressão. O desemprego americano atingiu 25%. ( Em 2011,no Brasil, o desemprego está em
torno de 6%. Nos EUA, cerca de 10%; a Espanha 21%).

Pois, como aceitar, universalmente, uma teoria econômica que considerava a economia em
pleno emprego? Passavam-se três anos e a economia só vinha a experimentar aumento no
desemprego. E não só nos EUA, mas no mundo inteiro (inclusive, o Brasil)!

A economia clássica entrou em xeque! ! !

Havia o desemprego, mas os salários não caiam.

As pessoas recebiam dinheiro, mas não gastavam.

As pessoas especulavam, retendo moeda para comprar títulos financeiros mais baratos. Os
preços das ações que antes subiam e subiam, de repente caíram drasticamente, levando a
falência de empresas e bancos.

A crise se espalhou e virou sistêmica. Sem emprego e sem salários, com medo das quebras
dos bancos, as pessoas faziam saques em bancos para não vê-los falidos e assim, sem poder
dispor de suas aplicações.. Isso ajudou, é claro, a quebrá-los! Retirado o dinheiro, guardavam
em casa (embaixo dos colchões). Não havia, portanto, demanda. A oferta não estava criando
mais a sua própria demanda. Não havia eficiência em emitir mais moeda para as pessoas
gastarem porque elas não consumiriam por conta da incerteza.
Era a época da incerteza, que desregula o funcionamento dos mercados ( lembre-se do fluxo
circular de bens e moeda do sistema econômico).

Revolução Keynesiana

John Maynard Keynes , inglês, economista bom de matemática vem a asseverar com o seu
famoso livro “The General Theory of Employment, Interest and Money”(“A Teoria Geral Do
Emprego Do Juro e Moeda”), em 1936.

Em resumo, seria:

A teoria clássica peca por alguns de suas hipóteses:

Os salários não são flexíveis para baixo. Isto é, há rigidez para a queda de salários. Fatores
institucionais, principalmente os sindicatos, impedem a redução salarial. Por essa condição, a
economia pode se estabilizar com desemprego.

Keynes também alertou que os investimentos privados, no curto prazo, constituem-se de


importante fator de demanda. Esses resultam da idiossincrasia ( percepção particular, singular,
estranha ou não do indivíduo sobre a realidade que o cerca).

Assim se os empresários que possuem os spirits animals (minha tradução livre: vocação
aguçada para empreender) para investir estão temerosos ou traumatizados, não farão suas
inversões de maneira a contribuir para manter a economia em crise.

O que fazer?

Dessa revolução de ideias econômicas surge a principal receita que caracteriza a Revolução
Keynesiana:

A economia não está no pleno emprego. Ela pode permanecer equilibrada com desemprego.
Há bastante incerteza nos mercados. As pessoas não estão comprando, os empresários
relutam em investir por conta do pessimismo.

Em consequência, ao governo só resta intervir diretamente na economia. O governo assume o


papel dos empresários!

Ao governo gastar, vai gerar e estimular em cadeia o crescimento da demanda.

Ao que fica evidente o reaquecimento do mercado de bens e serviços, o pessimismo cede


lugar a melhoria nos gastos nacionais.
Dessa forma, o papel do governo agindo diretamente com suas compras (gastos) é
fundamental na economia, pelo menos em situação de crise.

Questões básicas: o comportamento do consumo e o equilíbrio no mercado de produto

Keynes observou que um determinada compra ou despesa gera sucessivas novas despesas.
Isto é o sucedâneo de um gasto é outro gasto. Sempre em amplitude menor, pois o gasto de
um é renda para outro, mas quem ganha uma renda, gasta uma parte dela e destina a parcela
restante em algum tipo de poupança.

O componente da renda recebida que é gasta denomina-se propensão marginal a consumir (c).
O montante que se poupa daquilo que se recebeu como renda é dita propensão marginal a
poupar (s).

Temos c + s = 1

Isto é, a propensão marginal a consumir somada com a propensão marginal a poupar é igual a
um.

Assim, ficou dito que a demanda é que gera a oferta. A oferta é dada pela capacidade
produtiva das empresas que opera com alta capacidade ociosa de recursos.

Portanto, um aumento de demanda pode ser atendido com a simples movimentação dos
recursos disponíveis das empresas sem que tenham que incorrer em grandes custos. Daí
admitir (até que se fale o contrário) que a oferta pode aumentar seu volume produzido sem
razão para aumentar preços. Ainda mais em uma situação de que não há demanda em nível
razoável (momento de crise econômica).

Keynes precisou montar o seu modelo de explicação de como o produto (nacional) se


determinaria a partir da demanda.

Demanda = Consumo + Investimento + Gastos do Governo + Exportações

Inicialmente, supomos apenas a demanda como Consumo + Investimentos.

O consumo dado por C = Co + cY

A propensão marginal a consumir é o c.

A poupança (S), por definição, é a renda não gasta em consumo: Y – C

Y- C = S

Y – Co – cY =
S= - Co + (1-c) Y = -Co + sY

Onde s é a propensão marginal a poupar.

Keynes relatou que se a oferta for menor( Yd > Ys) do que a demanda, a oferta poderá
produzir mais, uma vez não ter recursos ociosos disponíveis para atender a quantidade
demandada não atendida. Portanto, no período seguinte, a oferta expande a produção e assim
continuará a fazer, enquanto houver pedido de demanda e capacidade ociosa.

Se por um acaso, a demanda for menor do que a oferta em um período ( Yd < yS) , a situação
será de acúmulo indesejado (não esperado) de estoques. Portanto, os estoques que
aumentaram serão aproveitados no período seguinte como volume já produzido. Isso fará com
que não precise produzir aquela quantidade do período anterior, ou seja, a produção do
período seguinte diminui que é o mesmo que dizer a oferta retrai-se.

Pelo dito, temos:

a) se a demanda for maior que a oferta, a produção sempre aumentará;

b) se a demanda for menor que a oferta, a produção sempre diminuirá;

Então, somente quando forem iguais é que a produção não se modificará, o que é o conceito
de economia em equilíbrio. No caso a demanda agregada (yd) é igual a oferta (ys).

Keynes enfatizou que esse equilíbrio pode ser alcançado mesmo com o desemprego!!!

Fim!

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