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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia


Departamento de Antropologia

PROGRAMA DE CURSO

DISCIPLINA: GAP 161 – ETNOGRAFIA DE EXPERIÊNCIAS AFRO-BRASILEIRAS 2º/ 2017


PROFESSORA: ANA CLAUDIA CRUZ DA SILVA
HORÁRIO: QUARTAS-FEIRAS – 18h ÀS 22h SALA 318 N

EMENTA: Leitura e análise de obras etnográficas sobre experiências afro-brasileiras.

APRESENTAÇÃO DO CURSO:

A disciplina “Etnografia de Experiências Afro-brasileiras” compõe o grupo de disciplinas criado para


o curso de Antropologia denominado “Etnografias Especiais”. O currículo do curso exige que o aluno faça
ao menos uma dessas disciplinas ao longo de sua graduação em Antropologia e sugere que o melhor
momento é o sexto período, antes de iniciar seu trabalho de campo com vistas à sua monografia de
conclusão de curso. A realização da etnografia é uma experiência pessoal, para a qual não existem manuais
ou receitas capazes de ensinar exatamente como se deve agir. Assim, somente a leitura de muitas
etnografias pode capacitar o estudante de Antropologia e de Ciências Sociais (para quem a disciplina entra
como uma optativa) a, a partir de outras experiências, aprender a conduzir sua própria pesquisa no campo
e sua escrita.
O programa deste semestre apresentará duas especificidades: a inclusão de textos literários e o
tema “mulheres negras” atravessando toda a bibliografia e os exercícios de pesquisa e escrita etnográficas
que serão propostos ao longo do curso.
A bibliografia será composta por textos (livros e teses e dissertações) produzidos por autoras
negras, sejam oriundas da literatura ou antropólogas, e/ou que tratem de temas relacionados a mulheres
negras. Este recorte bibliográfico atende a diferentes objetivos. Os mais evidentes são os de dar a conhecer
e valorizar a produção de autoras negras, sempre tão invisibilizadas e, em alguns casos, mesmo
deslegitimadas em suas respectivas áreas. No caso das autoras oriundas da literatura, a escolha das obras a
serem trabalhadas no curso deve conjugar esses objetivos com o de exercitar o olhar sobre a construção
narrativa presente nelas, percebendo os recursos literários utilizados para uma boa descrição, elemento
fundamental para a escrita etnográfica. Sendo obras de natureza e objetivos distintos, os romances [e
contos] e as etnografias propostos no curso permitirão a identificação e a reflexão acerca de questões
relacionadas às experiências de mulheres negras em várias dimensões sociais. Longe de dizerem respeito
somente a este grupo específico e, por conseguinte, serem de interesse apenas de quem se pensa uma
mulher negra ou deseja trabalhar com o tema, essas questões tratam diretamente das relações sociais que
estruturam a sociedade capitalista como um todo: racismo, machismo, classe, religião etc.
Embora a disciplina tenha como ementa experiências afro-brasileiras, o curso discutirá também
romances e etnografias de outros países.

BIBLIOGRAFIA PROVISÓRIA:

A bibliografia aqui apresentada é necessariamente provisória e muito maior do que a que cabe numa
disciplina porque se pretende contar com a contribuição da turma a partir de seu conhecimento sobre o
tema e seus interesses.

LITERATURA:

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Meio Sol Amarelo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 503pp.
_____________. Americanah. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. 516pp.

CHIZIANE, Paulina. As Andorinhas. Belo Horizonte: Nandyala Livros, 2017 (contos).

EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza M. de
Barros & SCHNEIDER, Liane. Mulheres no mundo – etnia, marginalidade, diáspora. João
Pessoa: Idéia / Editora Universitária – UFPB, 2005. p. 201 – 212.

___________. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas Ed., 2017. 120pp.

GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2006. 952pp.

JESUS, Maria Carolina de. Quarto de Despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Ática Editora, 2014 [1960].
200pp.

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Coleção Acervo Brasileiro, vol. 2. Cadernos do Mundo Inteiro, 2017.
Disponível em: http://cadernosdomundointeiro.com.br/livro-ursula.php.

VIEIRA, Lia. Só as mulheres sangram. Belo Horizonte: Nandyala Livros, 2011 (contos)

ETNOGRAFIAS:

BARBOSA, Lícia Maria de Lima. “Eu me alimento, Eu me alimento, Força e fé das iabás, Buscando
empoderamento!”: Expressões de mulheres negras jovens no hip-hop baiano. Tese de Doutorado.
Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Estudos Étnicos e Africanos. Salvador: Universidade
Federal da Bahia, 2013.

LANDES, Ruth. A Cidade das Mulheres. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2002. 352pp.

LUCINDA, Maria da Consolação. Subjetividades e Fronteiras. Uma perspectiva etnográfica da manipulação


da aparência. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Rio de
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

MEDEIROS, Camila Pinheiro. Mulheres de Kêto: etnografia de uma sociedade lésbica na periferia de São
Paulo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006.

MONTEIRO, Maria Ivone Tavares. Família e gênero na perspectiva das mulheres kumbóssas: um estudo
etnográfico no Concelho de Santa Catarina, Ilha de Santiago/CV. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais. Praia: Universidade de Cabo Verde, 2013.

ROCHA, Eufémia Vicente. Feitiçaria e Mobilidade na África Ocidental: uma etnografia da circulação de
kórda, méstris e korderus. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Praia:
Universidade de Cabo Verde, 2014.

SANTOS, Orlando Almeida. Do pregão da avó Ximinha ao grito da zungueira. Trajetórias femininas no
comércio de rua em Luanda. Dissertação de mestrado. Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em
Estudos Étnicos e Africanos. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2010.

SEMEDO, Carla Indira Carvalho. Mara sulada e dã ku torno: performance, gênero e corporeidades no grupo
de Batukadeiras de São Martinho Grande (Ilha de Santiago, Cabo Verde). Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2009.

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