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No crescimento não controlado tem-se uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é quase autonômo,
persistindo dessa maneira após o termino dos estímulos que o provocam.
Ex: neoplasias (câncer in situ e câncer invasivo), na pratica denominados tumores.
1. O termo diferenciação refere-se à extensão com que as células do parênquima neoplásico assemelham-se às
células parenquimatosas normais correspondentes, tanto morfológica quanto funcionalmente; a falta de
diferenciação é denominada anaplasia.
2. Células tumorais em crescimento obviamente requererem um suprimento sanguíneo mas, frequentemente, o
estroma vascular é escasso e, como resultado grandes áreas centrais de necrose isquêmica desenvolvem-se em
vários tumores malignos de crescimento rápido.
3. A cápsula é constituída, em grande parte, de matriz extracelular depositada pelas células estromáticas
(fibroblasto), que são ativados por danos hipóxicos resultantes da pressão do tumor em expansão. Essa
encapsulação não evita que o tumor cresça, mas cria um plano tecidual que torna o tumor bem definido, facilmente
palpável, móvel (não fixo), e facilmente excisável por enucleação cirúrgica.
Tumores mistos: nas maiorias das neoplasias benignas e malignas, todas as células parenquimatosas
assemelham-se entre si. Com pouca frequência, contudo, a diferenciação divergente de um único clone neoplásico
cria um tumor misto. Esses tumores contem componentes epiteliais esparsos em meio a um estroma mixoide
que podem conter ilhas de cartilagem ou ossos. Todos esses elementos surge de um único clone capaz de produzir
células epiteliais quanto mioepiteliais, portanto essas neoplasias são denominadas como adenoma pleomórfico.
A grande maioria das neoplasias, até mesmo os tumores mistos, são compostos por células de uma única camada
germinativa. Uma exceção é o tumor chamado teratoma, que contém células maduras ou imaturas ou tecidos
reconhecidamente pertencentes a mais de uma camada germinativa (às vezes a todas as três). O teratoma se
origina de células germinativas totipotentes, normalmente presentes nos ovários e nos testículos e, algumas
vezes, é também encontrado em restos embrionários anormais na linha média. Tais células podem se diferenciar
em qualquer um dos tipos celulares encontrados no corpo adulto e, portanto, não surpreendentemente, podem
originar neoplasias que contêm, de maneira desordenada, osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros
tecidos. Um padrão particularmente comum é observado no teratoma cístico ovariano (cisto dermoide), que se
diferencia principalmente em linhagens ectodérmicas para criar um tumor cístico revestido de pele e repleto de
pelos, glândulas sebáceas e estruturas dentárias
NOMENCLATURA: está relacionada com o tipo de célula que deu origem ao tumor. Como o corpo humano possui
diferentes tipos de células que formam os tecidos, o nome dado aos tumores depende do tipo de tecido que lhes
deu origem.
Nos tumores benignos (TB) acrescenta-se o sufixo -OMA (tumor) ao termo que designa o tecido que os
originou.
Ex: TB do tecido cartilaginoso – condroma
TB do tecido gorduroso – lipoma
TB do tecido epitelial derivado de glândulas (podem ou não formar estruturas glandulares) – adenoma.
TB do tecido fibroso – fibroma.
As neoplasias epiteliais benignas que produzem micro e macroscopicamente projeções visíveis, semelhantes a dedos ou
verrucosas, que surgem a partir de suas superfícies epiteliais, são referidas como PAPILOMAS. Aquelas que formam
grandes massas císticas, tais como no ovário, são referidas como CISTADENOMAS. Alguns tumores produzem padrões
papilares que se projetam nos espaços císticos e são denominados cistadenomas papilares. Quando uma neoplasia,
benigna ou maligna, produz uma projeção macroscopicamente visível acima da superfície mucosa e se projeta, por
exemplo, na luz gástrica ou colônica, denomina- se PÓLIPO. Se o pólipo possuir tecido glandular, ele é chamado de um
pólipo adenomatoso.
Nos tumores malignos (TM) considera-se a origem embrionária dos tecidos que originam o tumor.
Originados de qualquer uma das três camadas germinativas são denominados carcinomas.
1. Portanto, o câncer que surge na epiderme de origem ectodérmica, o câncer que se origina nas células dos túbulos
renais derivados da mesoderme e nas células do revestimento do trato gastrointestinal derivados da endoderme
são todos denominados carcinomas.
2. Tipos de carcinomas: carcinoma de células escamosas (câncer em que células tumorais lembram o epitélio
escamoso estratificado); adenocarcinoma (lesão em que as células epiteliais neoplásicas crescem em um
padrão glandular).
Originados dos tecidos conjuntivos (mesenquimais) tem o acréscimo de sarcoma ao final do termo que
corresponde ao tecido.
Tumores de origem nas células blásticas (células percursoras), tem sufixo blastoma.
Tumores que surgem de células formadoras de sangue são as leucemias ou linfomas (tumores de
linfócitos e seus percursores)
Exceções à nomenclatura:
Epônimos: pode-se utilizar o nome dos cientistas que descreveram os tumores pela primeira vez, ou porque sua
origem celular demorou a ser esclarecida ou porque os nomes foram consagrados pelo uso.
Ex: linfoma de Burkitt (tumor de células B), sarcoma de Kaposi (tumor do endotélio vascular) tumor de wilms e
tumor de Wilms (tumor renal).
Tumores embrionários: São tumores malignos de origem embrionária, derivados de células primitivas
totipotentes que antecedem o embrião tridérmico.
Ex: teratomas (podem ser benignos ou malignos, dependendo do seu grau de diferenciação), seminomas,
coriocarcinomas e carcinoma de células embrionárias.
Morfologia tumoral: os carcinomas e adenocarcinomas podem receber nomes complementares (epidermóide,
papilífero, seroso, mucinoso, cístico, medular, lobular etc.), para melhor descrever sua morfologia, tanto macro
como microscópica.
Ex: cistoadenocarcinoma papilífero, carcinoma ductal infiltrante, adenocarcinoma mucinoso, carcinoma
medular, etc.
Epitelios múltiplos: Os tumores, tanto benignos como malignos, podem apresentar mais de uma linhagem celular.
Quando benignos, recebem o nome dos tecidos que os compõem, mais o sufixo "oma":
Ex: fibroadenoma, angiomiolipoma, etc.
O mesmo é feito para os tumores malignos, com os nomes dos tecidos que correspondem à variante maligna: Ex:
carcinossarcoma, carcinoma adenoescamoso, etc.
Outras vezes encontram-se ter componentes benigno e maligno, e os nomes estarão relacionados com as
respectivas linhagens: adenoacantoma (linhagem glandular maligna e metaplasia escamosa benigna).
Sufixo indevido: Algumas neoplasias malignas ficaram denominadas como se fossem benignas (ou seja apenas
pelo sufixo "oma") por não possuírem a correspondente variante benigna: melanoma, linfomas e sarcomas (estes
dois últimos nomes representam classes de variados tumores malignos).
Outros: também pode-se utilizar nomes que não incitam ser tumores.
Ex: doença de Hodgkin (tumor do sistema linfático); mola Hidatiforme (tumor de tecido placentário) e micose
fungoide (tumor da pele).
CICLO CELULAR E SEUS MECANISMOS DE REGULAÇÃO
DEFINIÇÃO: o ciclo celular é caracterizado por uma sequencia de eventos que, ao final, produz a partir de uma
célula-mãe, duas células-filhas geneticamente idênticas.
A sequencia de eventos começa pelo crescimento celular, é seguida pela replicação do material genético (DNA),
distribuição do material genético (cromossomos) para a célula filha e por fim, pela divisão celular (citocinese).
O ciclo celular se divide em duas fases: INTERFASE (G1, S e G2) e a MITOSE (prófase, pró- metáfase, metáfase,
anáfase e telófase).
As CICLINAS sofrem um ciclo de síntese e degradação durante as fases do ciclo celular. Elas são divididas em
duas classes: ciclinas G1/S (ciclinas D,A e E); e as ciclinas G2/M (ciclina B).
As ciclinas unem-se as proteínas cinases dependentes de ciclina (CDK), formando dímeros funcionais. A
formação de dímeros ativa as CDK para o processo de fosforilação (transferência de grupos fosfato de um
molécula com alta energia – ex. ATP – para moléculas-alvo especificas – substratos). As CDKs ativadas nesse
complexo impulsionam o ciclo celular por fosforilação de proteínas (Rb-proteina do retinoblastoma) que
regulam as transcrições do ciclo celular.
Expressão das ciclinas e a dimerização dos complexos ciclina-CDK durante as fases do ciclo celular. (Em G1, a ciclina D pode de
associar tanto a CDK-4 quanto a CDK-6).
INTÉRFASE
1º ponto de verificação – danos do DNA (Regulação negativa) proteínas responsáveis pelo sistema de reparo
do DNA (proteína ATM) irão promover a ativação da proteína p53 (fator de transcrição – proteína responsável
por induzir expressão de determinado gene), levando a ativação de inibidores do CDK (ex: a expressão da
proteína p21). A p21 forma um trímero com complexo D/CDK 4 ou 6 que inibe a atividade cinase da CDK. Isso
interrompe o ciclo celular até que o dano seja reparado.
Se o dano não for passível de reparo, a p53 induz a expressão de proteínas pró-apoptoticas (bax ou NOXA)
que induzem a morte celular.
S – Replicação do DNA (duplicação do DNA a partir de uma fita simples). A enzima DNA polimerase é responsável
pela catalise da polimerização dos dexorribonucleotídeos em DNA. Durante essa fase a taxa de transcrição e
tradução é drasticamente reduzida, mantendo apenas a síntese de proteínas (histonas), que serão importante
para a montagem da cromatina a partir do DNA sintetizado.
G2 –
2º ponto de verificação – verificação, através de sistema enzimático extremamente qualificado a integridade do
DNA recém sintetizado.
inicia-se a síntese de proteínas que serão fundamentais para a mitose (ex: tubulinas, que constituem o
microtúbulo, estrutura responsável pela formação do fuso mitótico.
MITOSE
É composta pela prófase, pró-metáfase, metáfase, anáfase e telófase. Além disso, as funções morfológicas aqui
ocorridas, dependem direta ou indiretamente da atividade do complexo ciclina B/CDK (MPF) – fator promotor
de maturação.
PRÓFASE – condensação da cromatina – regulada por CONDENSINAS – formando cromossomos. Duplicação dos
centrossomos, responsáveis pela organização do fuso-mitótico.
os cromossomos duplicados (comatides irmas) são unidos, nos centrossomos, por estruturas proteicas
(complexo de coesão) – regulado por COESINAS.
PRÓ-METÁFASE – dessaranjo do envelope nuclear, fruto da fosforilação das laminas nucleares pelo complexo
ciclina B/cdk1. Graças ao dessaranjo do envelople nuclear o material genetico tem acesso ao citoplasma,
permitindo que os cromossomos unam-se ao polimero dos microtubulos (em uma região no centromero, o
cinetócoro) dando inicio ao fuso mitótico.
METÁFASE – localização dos centrossomos nos polos da célula e alinhamento das cromátides-irmãs no plano
equatorial da mesma. O alinhamento das cromátides na placa metafásica (através do fuso mitótico), garante que
o conteúdo genético duplicado na interfase seja distribuído homogeneamente para as células-filhas.
TELÓFASE –
envelope nuclear reorganizado pela fusão de vesículas originadas do seu desarranjo na pró-metáfase.
vesículas ligam-se aos cromossomos através de laminas nucleares iniciando o processo de fusão
vesicular, o que regenera o envelope nuclear e confina o material genético no interior do núcleo recém-
formado.
Fuso mitótico desfeito
Cromossomos descondensados, por meio da inativação das condensinas + retorno da cromatina como a
configuração original do material genético.
Nucléolo reorganizado
CITOCINESE: divisão do citoplasma (começa na anáfase e termina na telófase) – anel contrátil de filamentos de
actina e miosina comprime a membrana plasmática de forma a gerar duas células-filhas.
As mutações que contribuem para o desenvolvimento do fenótipo maligno são referidas como mutações
condutoras. A primeira mutação condutora é a mutação iniciadora, contudo, como uma única mutação não é
suficiente para a transformação e desenvolvimento de um câncer, é necessário que essa célula “iniciada” adquira
um numero de mutações condutoras adicionais.
Além disso, mutações com perda de função em genes que mantem a integridade genômica é um passo inicial
comum para a malignidade, pois aumentam a probabilidade de adquirir mutações condutoras e também
mutações passageiras (não possuem consequências fenotípicas).
Uma vez estabelecidos, tumores evoluem geneticamente sob seleção darwiniana (sobrevivência do mais apto)
Logo no inicio, todas as células do tumor são geneticamente idênticas, sendo a progênie de uma única célula basal
transformada. Quando o tumor atrai atenção clinica ele já atinge uma massa de cerca de 1g ou 109 células,
indicando que ele já passou por no mínimo 30 duplicações. Durante esse processo, há uma competição das células
tumorais pelo acesso de nutrientes e nichos micro ambientais, dessa forma, subclones com capacidade para
cobrir seus antecessores tendem a ganhar e dominar a massa tumoral, sendo substituído apenas por outro
subclone maligno.
Isso mostra a tendência de tumores se tornarem mais agressivos ao longo do tempo, e é chamado de
PROGRESSÃO TUMORAL.
Como resultado, mesmo que os tumores malignos sejam clonais por origem, no momento que se tornam
clinicamente evidentes, suas células constituintes são muitas vezes, extremamente heterogêneas geneticamente,
principalmente em tumores com fenótipo mutador.
Além das mutações do DNA, as aberrações epigenéticas também contribuem para as propriedades malignas das
células cancerígenas. As modificações epigenéticas incluem a metilação do DNA e as modificações das histonas
(metilação, acetilação e fosforilação). Juntos, essas mudanças epigenéticas ditam quais genes são expressos, e
dessa forma determinam o comprometimento com a linhagem e o estado de diferenciação tanto das células
normais como das neoplásicas.
Essas modificações são geralmente passadas fielmente para as células-filhas, mas as vezes podem ocorrer
alterações que resultam em mudanças na expressão gênica.
metilação aberrante de DNA em células cancerígenas, é responsável pelo silenciamento de alguns genes
supressores de tumor.
modificações das histonas tumor-especificas podem ter efeitos mais amplos na expressão genica das células
cancerígenas.
Ao contrário das mutações do DNA, as alterações epigenéticas são potencialmente reversíveis por medicamentos
que inibem o DNA ou fatores de modificação das histonas.
A aquisição de alterações genéticas e epigenéticas podem ser aceleradas pela instabilidade genômica e pela
inflamação promotora do câncer.
fatores de crescimento: as células normais necessitam de estimulação por esses fatores para proliferarem (a
maioria dos fatores de crescimento solúveis são produzidos por um tipo celular e agem na célula adjacente para
estimular a proliferação – ação parácrina –.
Contudo, muitas células cancerígenas adquirem habilidade sintetizar os mesmos fatores de crescimento, criando
uma alça autócrina.
(ex: tumores cerebrais <glioblastomas> expressam o fator de crescimento derivado de plaquetas – PDGF e
tirosinas cinases receptoras do PDGF). (ex2: sarcomas superexpressam o fator de transformação TGF-alfa, quanto
seu receptor, o receptor do fator de crescimento epidérmico EGFR).
nos tumores em que a alça autócrina é um elemento patogênico importante, o próprio gene do fator de
crescimento não é alterado nem sofre mutação, o que ocorre é que os sinais transduzidos por outras
oncoproteínas causam superexpressão e secreção aumentada de fatores de crescimento, iniciando e amplificando
a alça autócrina.
receptores de fator de crescimento: um grande numero de oncogenes os codificam, dos quais os receptores de
tirosina cinase são os mais importantes no câncer.
Normalmente, a atividade de cinase do receptor é ativada pela ligação de um fator de crescimento especifico para
o domínio extracelular, evento que induz uma rápida mudança na conformação do receptor para um estado ativo
dimérico. O receptor então, autofosforila os resíduos de tirosina e seus resíduos modificados servem de locais
para uma serie de moléculas de sinalização (RAS e PI3K).
As versões oncogênicas desses receptores estão associados com mutações que conduzem a atividade constitutiva
de tirosina cinase independente de fator de crescimento. Assim, receptores mutantes liberam sinais mitogênicos
contínuos para a célula, mesmo na ausência de fator de crescimento.
os receptores podem ser ativados constitutivamente nos tumores por múltiplos mecanismos (mutações
pontuais, rearranjos gênicos e amplificações gênicas).
O ERBB1 codifica o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), que é acometido por mutações
pontuais em determinados canceres, essas mutações resultam na ação constitutiva da tirosina cinase no
EGFR.
O ERBB2 codifica um membro diferente da família de receptores tirosina cinase, o HER2. O ERBB2 é
acometido por amplificação genica, levando a superexpressão do receptor HER2 e atividade construtiva
da tirosina cinase.
Rearranjos gênicos ativam outros receptores da tirosina cinase, como ocinase ALK. Por exemplo, uma
deleção no cromossomo 5 funde parte do gene ALK com parte do gene EML4 (adenocarcinoma de
pulmão), o gene resultante EML4-ALK codifica a proteína EML4-ALK, novamente com atividade
construtiva de tirosina cinase.
via de sinalização:
Mutações de RAS: as mutações pontuais de RAS são o tipo mais comum de anomalia isolada
envolvendo proto-oncogenes em tumores humanos.
As proteínas RAS são membros de uma família de
pequenas proteínas G associadas a membranas que
ligam nucleotídeos de guanosina (GTP – trifosfato de
guanosina e GDP – difosfato de guanosina). Elas
normalmente alternam continuamente entre um
estado ativo de transmissão de sinal (quando são
ligadas ao GTP) e um sinal de repouso (ligadas ao
GDP). A estimulação dos receptores de tirosina
cinase por fatores de crescimento conduz a troca de
GDP por GTP e subsequentes alterações
conformacionais que geram RAS ativa, que, por sua
vez, estimula os braços da via de sinalização (MAPK
e PI3K/AKT).
Essas cinases a justante fosforilam e ativam
inúmeros efetores citoplasmáticos, bem como vários
fatores de transcrição que ligam genes que suportam
o rápido crescimento celular.
A ativação da RAS é transitória, pois ela possui uma
atividade GTPase intrínseca, que é acelerada por
proteínas de ativação da GTPase (BPA), que se ligam
a RAS, aumentam a atividade da GTPase, terminando
a transdução de sinal. Deste modo, as GAPs evitam a atividade de RAS descontrolada.
Varias mutações pontuais de RAS distintas, foram encontradas em células cancerígenas que reduzem
significativamente a atividade da GTPase da proteína RAS. Como resultado, essas formas com
mutações da RAS são presas a forma ligada à GTP ativada e a célula recebe continuamente sinais de
pró-crescimento.
Além das mutações induzirem ganho de funções nas proteínas RAS, elas podem induzir perda de
função em GAPs.
Mutações no gene BRAF: BRAF é uma proteína cinase serina/ treonina que se aloja no topo de uma
cascata de outras cinases serina/treonina da família do MAPK. Assim como as mutações ativadoras
de RAS, as mutações ativadoras de BRAF estimulam cada uma dessas cinases a jusante e ativam os
fatores de transcrição. (As mutações em outros membros da família MAPK são incomuns, sugerindo
que apenas mutações que afetam fatores próximos do topo da cascata RAS/MAPK produzem sinais
pró-crescimento significativas.
Mutações da família de proteínas PI3K: O PI3K é um heterodímero, formado por uma subunidade
reguladora e uma catalítica, das quais existem varias formas tecido-especificas.
Sob circunstâncias normais, o PI3K é recrutado por ativação de receptores tirosina cinase para
complexos de proteínas de sinalização associados a membrana plasmática. Assim como o BRAF, ele
ativa uma cascata de serina/ treonina cinases, incluindo o AKT, que é um nodo de sinalização
fundamental. O AKT tem vários substratos, dos quais muitos são importantes. O mTOR (sensor de
nível de nutrientes celulares), é ativado por AKT, que estimula a síntese de proteínas e lipídeos. A
BAD é uma proteína pró-apoptotica que é inativada pela AKT, efeito que aumenta a sorevida da
célula. Da mesma forma, os fatores de transcrição FOXO ativam genes que promovem a apoptose,
sendo regulados negativamente pela fosforilação de AKT.
Como a RAS, o PI3K é regulado negativamente por um importante fator de “frenagem” chamado
PTEN.
Alterações em praticamente todos os componentes da via PI3K/AKT tem sido encontrado em vários
canceres, mas assim como em RAS/MAPK, os fatores que estão no topo da via (PI3K e seu antagonista
PTEN), frequentemente sofrem mutação.
As mutações de PI3K afetam as subunidades catalíticas, resultando num aumento da atividade
enzimática. O PTEN é um gene supressor de tumor suja função é perdida através de mutação e
silenciamento epigenético.
Fatores de transcrição – MYC: o proto-oncogene MYC esta expresso em praticamente todas as células
eucariotas e pertence aos genes de resposta imediata precoce, que são rapidamente induzidos por
RAS/MAPK seguindo a estimulação do fator de crescimento nas células quiescentes. Sob condições
normais, as concentrações da proteína MYC são controladas no nível de transcrição, tradução e
estabilidade da proteína e praticamente todas as vias que regulam o crescimento colidem com o MYC
através de um ou mais desses mecanismos.
Vários polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) – fortemente ligados a risco de câncer – caem
dentro de uma região desprovida de genes reconhecíveis (ao lado de MYC), no cromossomo 8. Dados
sugerem que essas variantes genéticas alteram a função de elementos intensificadores que regulam a
expressão do MYC, e o aumento de risco de câncer esta associado com variantes que promovem níveis
mais elevados de expressão de RNA do MYC em resposta a certos sinais promotores de crescimento.
O MYC ativa a expressão de diversos genes que estão envolvidos no crescimento celular: as ciclinas
D; regula positivamente a expressão de genes rRNA e seu processamento, aumentando a montagem
de ribossomos necessários para a síntese proteína; regula positivamente um programa de expressão
genica que leva a programação metabólica e ao efeito Warburg (enzimas glicoliticas e fatores
envolvidos no metabolismo da glutamina que contribuem para a geração de intermédios metabólicos
que são necessários para a síntese de macromoléculas (DNA, proteínas).
Com base nesses efeitos proteicos, o MYC pode ser considerado um regulador transcricional mestre
do crescimento células. Isso é evidenciado nas translocações cromossômicas envolvendo o MYC, que
produzem os tumores humanos com mais rápido crescimento.
O MYC regula a expressão da telomerase: a telomerase é um dos fatores que contribuem para a
capacidade de replicação interminável (imortização) das células cancerígenas.
MYC representa um dos poucos fatores de transcrição que podem agir em conjunto para reprogramar
as células somáticas em células-tronco multipotentes. Essa capacidade levou a suspeita de que o MYC
também pode contribuir para a “estanquiedade” da célula cancerígena, outro aspecto importante da
imortalidade.
TP53: GUARDIÃ DO GENOMA: O TP53, um gene supressor de tumor que regula a progressão do ciclo
celular, o reparo do DNA, a senescência celular a apoptose. É O GENE QUE SOFRE MUTAÇÃO EM
CANCERES HUMANOS COM MAIOR FREQUENCIA.
Na maioria dos casos, as mutações estão presentes em ambos os alelos TP53 e são adquiridos nas
células somáticas (não herdadas na linhagem germinativa). Menos frequente, indivíduos herdam
um alelo TP53 mutado, essa herança predispõe indivíduos a tumores malignos , pois apenas um
evento adicional no alelo normal solitário é necessário para anular a função de TP53.
O TP53 codifica a proteína p53, da mesma forma que o RB, muitos tumores sem mutação de
TP53 apresentam mutações que afetam as proteínas que regulam a função de p53.
Também como no RB, as proteínas transformadoras de vários vírus de DNA se ligam na p53 e
promovem sua degradação. (ex: proteína E6 do papiloma vírus humano).
A p53 desempenha papel critico na prevenção de tumores servindo como ponto focal de uma
grande rede de sinais que detectam o estresse celular (danos no DNA, encurtamento dos telômeros,
hipóxia, estresse causado pelo excesso de sinalização pró-crescimento – pode ocorrer em células
portadores de mutações nos genes RAS e MYC.
em células não estressadas o p53 é mantido a distancia por sua associação com MDM2 (enzima
que faz ubiquitinação da p53, levando sua degradação pelo proteassomo). Dessa forma, o p53 é
quase indetectável em células normais. No entanto, em células estressadas, o p53 é liberado dos
efeitos inibidores do MDM2 através de dois mecanismos principais, que variam dependente da
natureza do estresse:
Com a perda de função da p53, o dano no DNA segue sem ser reparado, as mutações condutoras se
acumulam em oncogenes e outros genes, e a célula faz um caminho perigoso às cegas que leva a
transformação maligna.
COM RELAÇÃO AO CÂNCER DO COLO DO UTERO, CARACTERIZE:
O risco oncogênico do vírus está diretamente relacionado ao comportamento de seu genoma no núcleo da célula
hospedeira. HPVs de baixo risco oncogênico tendem a manter o seu DNA íntegro, circular e epissomal, diferente
dos HPVs de alto risco oncogênico, cujas fitas de DNA circular se abrem, sofrem deleções e se integram ao genoma
da célula hospedeira.
O genoma do HPV possui oito regiões conhecidas como fases de leitura aberta ( Open Reading Frames) e uma
região não-codificadora. As fases de leitura aberta são organizadas em três regiões: a região precoce (com- posta
pelos genes E1, E2, E4, E5, E6, E7), a região tardia (composta pelos genes L1 e L2), e a região controladora (URR)
Resumidamente, os genes E1 e E2 codificam proteínas que são vitais para a replicação do DNA viral e controle da
transcrição gênica do vírus. A proteína E4 é expressa nos estágios tardios da infecção e tem um papel importante
na alteração da matriz intracelular, maturação e liberação das novas partículas virais. As proteínas E6 e E7 são
importantes para a amplificação do genoma viral. As regiões tardias L1 e L2 codificam as proteínas virais dos
capsídeos durante os últimos estágios da replicação dos vírus.
A proteína E7 inibe a atividade da pRB, que tem papel fundamental na manutenção da célula em G1, exercendo
sua função por formar complexos estáveis com o fator de transcrição E2F. O E2F quando livre, desencadeia o
processo de replicação do DNA. A inativação da pRB aumenta a proliferação celular no epitélio infectado.
A p16 uma CDKI que inibe a fosforilação da pRB, mantendo-a ativa e ligada ao E2F, tem sua expressão
controlada por feedback negativo exercido pela pRB. A inativação da pRB pela proteína E7 do HPV resulta em
um aumento da expressão de p16 nas células infectadas.
A proteína E7 do HPV também é capaz de se ligar à p21 e p27, ambas CDKIs, o que impede o controle do ciclo
celular em diversos pontos de checagem.
O HPV pode interferir no controle do ciclo celular e apoptose por meio dos produtos de seus genes E6 e E7, os
quais se ligam à p53, marcando-a para degradação pelo proteassomo. A degradação da p53 pelas proteínas virais
compromete a integridade do DNA replicado, causando instabilidade cromossomal, imortalização e proliferação
anormal das células transformadas, favorecendo o desenvolvimento do tumor. A proteína E6 também está
envolvida na degradação da proteína pró-apoptótica BAX em queratinócitos humanos.
Epidemiologia
O câncer de colo de útero (câncer cervical) é o terceiro tumor mais frequente na população feminina atrás do
câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país
avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos
diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos
são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada.
Estimativas de novos casos: 16.370 (2018 - INCA)
Número de mortes: 5.430 (2013 - SIM)
Diagnostico
A infecç ão por HPV pode ser detectada por meio de vá rios exames. Eles sã o importantes porque muitas
pessoas nã o apresentam sinal ou sintoma quando infectadas e podem transmitir o vírus sem saber, pois ele pode
ficar na pele humana em estado latente (sem manifestaç ões) por anos. Por isso sã o necessá rios exames de rotina,
feitos por ginecologistas, urologistas e proctologistas.
Quando o resultado de um exame de Papanicolaou é anormal, o exame de colposcopia do colo uterino e da vagina
é realizado para identificar a lesão. A mucosa é examinada com uma lente de aumento, após aplicação de ácido
acético, que destaca o epitélio anormal na forma de manchas brancas (áreas acetobrancas). As áreas com
aparência anormal são submetidas à biópsia. As mulheres com LSIL confirmada por biópsia podem ser
acompanhadas de maneira tradicional. Alguns ginecologistas realizam a ablação local (p. ex., crioterapia) da LSIL,
particularmente se há uma preocupação com a confiabilidade do acompanhamento das pacientes. As HSILs são
tratadas com conização cervical (excisão superficial).
A NIC de alto grau são associadas a áreas acetobrancas, branco-acinzentadas, espessas, densas, de
aspecto fosco, com margens bem delimitadas, que às vezes podem estar sobrelevadas e deiscentes.
Podem ser mais extensas e as lesões complexas estendem-se ao canal endocervical. O contorno
superficial das áreas acetobrancas associadas com lesões de NIC de alto grau costumam ser menos lisas,
ou irregulares e nodulares. A visualização de uma ou mais margens dentro de uma lesão acetobranca ou
de uma lesão acetobranca com variações de intensidade de cor está associada com lesões de alto grau.
As características vasculares anormais como os pontilhados e mosaicos são significativas somente se
estas são vistas restritas às áreas acetobrancas.
As características vasculares, como os pontilhados e/ou mosaicos finos nas áreas acetobrancas podem
estar associadas a NIC de baixo grau.
Os pontilhados e/ou mosaicos grosseiros nas áreas acetobrancas costumam aparecer em lesões de alto
grau.
As lesões de NIC não contêm glicogênio e, portanto, não se coram com iodo e permanecem com uma
coloração amarelo-mostarda ou cor de açafrão.
Um sistema de qualificação como o índice colposcópico de Reid pode guiar a interpretação e o diagnóstico
colposcópicos.
Prevenção
O uso do preservativo diminui a possibilidade de transmissã o do HPV na relaç ão sexual, mas nã o evita totalmente
o contá gio, que é feito pelo contato de pele com pele, pele com mucosas (revestimento ú mido e interno de
cavidades, por exemplo, vagina e canal anal) e entre mucosas. Nã o se pode descartar a possibilidade de
contaminaç ão por meio de roupas e objetos, apesar de menos prová vel.
Um novo aspecto na prevenção do câncer cervical é a vacinação contra os HPVs oncogênicos de alto risco, a qual
agora é recomendada para todas as meninas e meninos de idades entre 11 e 12 anos, e para jovens de ambos os
sexos até 26 anos. Duas vacinas contra o HPV agora têm a licença do FDA. Ambas fornecem uma proteção quase
completa contra os HPVs de alto risco oncogênico dos tipos 16 e 18 (que juntos representam aproximadamente
70% dos cânceres de colo uterino), e uma delas também fornece proteção contra o HPV tipos 16 e 11, que são
responsáveis pelas verrugas genitais. A vacinação agora é recomendada tanto para meninos quanto para meninas
devido ao papel que o homem desempenha na disseminação do HPV para mulheres, e ao dano que os cânceres
da região anal e da orofaringe, relacionados ao HPV, causam nos homens. As vacinas oferecem proteção por até
10 anos; ainda não há estudos com períodos maiores de acompanhamento. Como a vacina contra o HPV não
previne contra todos os tipos de HPVs de alto risco, as diretrizes atuais recomendam que a triagem de câncer do
colo uterino seja continuada como no passado.
Aspectos Clínicos
Mais da metade dos cânceres cervicais invasores são detectados em mulheres que não participaram de triagem
regular. Embora os cânceres invasores precoces do colo uterino (carcinomas microinvasores) possam ser
tratados apenas por biópsia em cone, a maioria dos cânceres invasivos é tratada por histerectomia com dissecção
de linfonodos, e, para lesões avançadas, irradiação e quimioterapia. O prognóstico e a sobrevida nos carcinomas
invasores dependem em grande parte do estádio no qual o câncer é inicialmente descoberto e, em certo grau, do
tipo celular, com tumores neuroendócrinos de pequenas células apresentando um prognóstico muito
desanimador. Com os tratamentos atuais, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 100% para carcinomas
microinvasores, e menos do que 50% para tumores que se estendem além da pelve. A maioria dos pacientes com
câncer de colo uterino avançado morre das consequências da invasão tumoral local (p. ex., obstrução uretral,
pielonefrite e uremia), e não das complicações da doença metastática.
BIBLIOGRAFIA
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