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Demoscene – Wikipédia, a enciclopédia livre https://pt.wikipedia.

org/wiki/Demoscene

Demoscene
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Demoscene é uma subcultura da arte informática
especializada na produção de demos, apresentações áudio-
visuais não-interativas, que são executadas em tempo-real em
um computador. O objetivo principal de um demo é
demonstrar apuro técnico em habilidades de programação,
artes gráficas e música entre os diversos demogroups.

A demoscene surgiu na era 8-bit dos computadores


Exemplo de demo. Seu arquivo ocupa
domésticos como o Commodore 64 e ZX Spectrum e se
apenas 48 kilobytes, praticamente o
popularizou durante o advento dos micro-computadores
mesmo espaço em disco ocupado por
baseados na arquitetura Motorola 680x0 (Atari ST e Amiga). esta imagem, e contém as animações,
Nos primeiros anos os demos tinham uma forte ligação com gráficos e músicas executadas durante 4
cracks. Durante a execução de um programa "crackeado", o minutos.
grupo que modificou o jogo se apresentava em uma introdução
gráfica chamada de crack intro.

Mais tarde, a criação de intros e demos se tornou uma nova subcultura, independente da cena de pirataria de
softwares. Muitos dos jovens programadores que se dedicavam a criar demos, adquirindo habilidades e
experiência na programação de gráficos para computadores, mais tarde passaram a trabalhar na indústria dos
jogos, cujos produtos tinham previamente ajudado a piratear.

Índice
1 Conceito
2 História
3 Competição
4 Parties
5 Tipos de demos
6 Grupos
7 Impacto
8 Ver também
9 Notas e referências
10 Ligações externas

Conceito
Antes da popularização dos computadores compatíveis com o IBM PC, a maioria dos computadores domésticos

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de uma determinada família possuia pouca variação em suas


especificações técnicas, o que os tornava tecnicamente
semelhantes. Assim, as variações nas demos criadas para uma
família de computadores eram atribuídas diretamente à
capacidade de programação, ao invés da capacidade técnica da
máquina. Isto criou um ambiente competitivo no qual os
demogroups tentavam exibir sua habilidade por meio de
efeitos mais complexos.

Os programadores se esforçavam para obter o máximo de Demo Follow the Sign III para
desempenho possível de cada computador. Enquanto jogos e Commodore 64

aplicativos eram desenvolvidos com a preocupação em


estabilidade e compatibilidade em diferentes usos e cenários, os programadores de demos se interessavam por
quantos ciclos de processamento uma rotina consumiria e, geralmente, como exibir o máximo de elementos
ativos na tela. Para isso, muitos chegavam ao ponto de explorar erros conhecidos de hardware para produzir
efeitos que os fabricantes do computador não imaginavam. Muitos jovens programadores foram atraídos por
essa percepção de que a demoscene chegava próximo desses extremos.

Avanços modernos no desenvolvimento de hardware trouxeram CPUs mais rápidas, mais memória e
aceleradores gráficos mais poderosos que incluem aceleração tridimensional, removendo muitos dos desafios
existentes no passado ao mesmo tempo diversificando as máquinas disponíveis. Assim, o foco das demos
passou de aproveitar ao máximo a capacidade dos computadores para a produção de peças com estilo e beleza
aprimorados — uma mudança de mentalidade que muitos membros old school (membros antigos)
desaprovam.

Essa quebra pode ser explicada pela supremacia do padrão Wintel, no qual o desempenho da plataforma varia
e muito dos efeitos programados "na mão" passaram a ser processados pela placa de vídeo, que se por um lado
dá mais liberdade artística aos demogroups, por outro elimina parte do desafio em programação. No entanto,
para manter parte da tradição, muitas demoparties possuem competições com graus de limitação conforme a
plataforma e o tamanho do programa. Em computadores modernos o tamanho do programa pode ser limitado
em 64 kB ou 4 kB. Programas com tamanho limitado são geralmente chamados de intros. Em outras
competições a plataforma pode ser limitada a computadores antigos - como o Commodore 64 ou Atari ST - ou
dispositivos móveis - como telefones celulares e PDAs.

História
Os primeiros programas de computadores que carregam alguma semelhança às demos e seus efeitos visuais
podem ser encontrados nos display hacks. Seu surgimento se deu várias décadas antes da demoscene, com os
exemplos mais antigos datados da década de 1950.

As demos conforme a definição dada entre a demoscene começou com as "assinaturas" dos crackers de
software, introduções criadas e aplicadas a programas que tiveram sua proteção anticópia removida. As
primeiras telas de crack apareceram na família de computadores Apple II entre o final da década de 1970 e o
início da década de 1980, e não passavam de telas simples de texto com créditos ao cracker ou seu grupo.
Gradativamente, estas telas estáticas se desenvolveram em introduções com níveis crescentes de efeitos
animados e música. Eventualmente, os grupos crackers passaram a lançar as introduções separadamente, sem
estar anexadas a algum programa pirateado. Estes programas ficaram conhecidos inicialmente por vários
nomes como "mensagem" ou "carta" (letter), passando com o tempo a ser chamados de demos.

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Compilações de música semelhantes a demos foram organizadas em 1985 por Charles Deenen para
Commodore 64 inspirados pelas crack intros, usou músicas tiradas dos jogos e acrescentou a elas gráficos
coloridos desenhados por ele. No ano seguinte o movimento conhecido como demoscene nasceu. Os grupos
neerlandeses 1001 Crew e The Judges, ambos para Commodore 64, são mencionados como os primeiros
demogroups. Competindo entre si durante o ano de 1986, criaram demos com músicas e gráficos originais, se
aproveitando das capacidades técnicas do computador. Simultaneamente, outros grupos e indivíduos como
Antony Crowther (Ratt) passaram a distribuir suas obras por redes como a Compunet do Reino Unido.

Competição
A demoscene é uma subcultura motivada em grande parte pelo
seu espírito de competição, com grupos e artistas individuais
disputando entre si o reconhecimento de suas habilidades
técnicas e artísticas. No seu início, esta competição se dava na
forma de quebra de recordes, como o número de objetos
animados na tela. Atualmente, existem competições (ou
"compos"), organizados em demoparties, além de competições
online. Nos anos 1990, revistas eletrônicas (diskmags)
organizavam votações entre o público para listas os melhores
artistas, músicos e programadores, seu alcance e respeito
diminuiu com a popularização da Internet.

Competições em demoparties geralmente exigem a presença


do artista ou grupo no evento. Os vencedores são escolhidos
por uma votação pública entre os visitantes e premiados em
uma cerimônia ou final da demoparty. Competições
tradicionais em um evento incluem um demo compo, uma
Estátua entregue aos vencedores da
intro compo (geralmente limitado a 64 kB), uma graphics
Scene.org Awards
compo e music compo. Alguns eventos dividem as categorias
por plataforma, formato e/ou estilo.

Não há um conjunto de critérios ou regras que guia a votação e o visitante em geral vota nos participantes que
causaram maior impacto. Em demos antigas, este impacto era alcançado principalmente por técnicas de
programação que apresentavam novos efeitos e marcas de desempenho em efeitos antigos. Com o passar dos
anos, a ênfase mudou do primor técnico para valores mais artísticos como coerência estética, impacto
audiovisual e ambientação.

Os demogroups constituem a grande maioria do público da demoscene, e as suas opiniões são consideradas
como as mais válidas. Obras que conquistam grande eventos sem aderir a estética da cena são desmerecidos.
No entanto, a maioria das demos listadas entre as melhores de todos os tempos possuem um forte apelo visual
tanto entre a comunidade (ou cena) demo e o grande público.

Com a chegada do século XXI, surgiu uma iniciativa alternativa para premiar demos com a criação do
Scene.org Awards. Nele, os vencedores são escolhidos anualmente por um painel de jurados respeitados na
comunidade entre as obras lançadas durante o ano nas diversas categorias.

Parties

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Demoparty é um evento que reúne diversos


demomakers e os organiza em diferentes
competições. Uma demoparty tradicional é um
evento que ocorre durante um final de semana,
oferecendo aos visitantes tempo para diversas
atividades e se socializar. Os trabalhos
competidores são exibidos durante a noite,
usando um projetor de vídeo e grandes caixas de
som.

As demoparties começaram a surgir na década Assembly 2004 - combinação de demoparty e LAN


de 1980 na forma de copyparties nas quais party
piratas de software e criadores de demos se
juntavam para compartilhar seus programas. As competições passaram a se tornar um aspecto importante
desses eventos a partir da década de 1990.

Os eventos da demoscene são mais freqüentes na Europa continental, com cerca de cinqüenta eventos
anualmente. Enquanto nos EUA foram realizados cerca de doze eventos no total. Grande parte dos eventos são
apenas locais, reunindo demomakers de um único país, enquanto outras parties maiores (como o Breakpoint e
Assembly) atraem visitantes do mundo inteiro.

Tipos de demos
A demoscene existe em diversas plataformas, incluindo o IBM PC, C64, ZX Spectrum, Atari, Amiga, Amstrad
CPC, Dreamcast e Game Boy Advance. A grande variedade de plataformas torna as demos dificeis de comparar
entre elas. Alguns programas de benchmark também possuem modos de demonstração e suas origens
remontam às demos dos computadores 16-bit.

Existem diversas categorias nas quais as demos são classificadas, a mais importante delas é a divisão entre as
demos "grandes" e as intros que possuem restrições de tamanho, utilizada em praticamente todas as
demoparties. As categorias mais comuns para intros são as "64K intro" e "4K intro" nas quais o tamanho do
arquivo final é restrito a 65536 e 4096 bytes respectivamente.

Grupos
Uma demo tradicional é criada por um demogroup, basicamente uma equipe de demosceners. Apesar de
alguns demogroups possuirem dezenas de membros, o número de indivíduos envolvido com uma produção
dificilmente supera dez membros. Como o demogroup também é uma forma de identificação para os
demosceners, mesmo criações individuais são muitas vezes creditadas ao grupo.

Em geral, cada integrante é especializado em uma determinada área. A divisão mais comum se dá entre os
coders (programadores, envolvidos também no conceito de design), graphicians (artistas gráficos, 2D ou 3D) e
musicians (músicos). Outros demosceners posuem pouco envolvimento com a criação de demos mas são
reconhecidos por seu trabalho em outras áreas como a criação de sites e organização de eventos.

Impacto
Apesar das demos continuarem como uma forma de arte desconhecida e obscura, mesmo nos países em que ela
é mais forte, a cena influenciou outras áreas como a indústria de videogames e as formas de expressão digital.

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Uma parcela considerável dos programadores, artistas e músicos europeus de jogos vieram da demoscene, em
geral aproveitando as técnicas, práticas e filosofias aprendidas em seu trabalho. Por exemplo, a empresa
finlandesa de jogos Remedy Entertainment, conhecida pela sua série de jogos Max Payne, tem origem no
demogroup Future Crew e a maioria de seus funcionários são ou fizeram parte da demoscene finlandesa.

Algumas vezes as demos influenciam diretamente criadores de jogos sem nenhuma filiação à demoscene; Will
Wright citou a demoscene como inspiração para a criação do jogo Spore da Maxis, sua programação é
amplamente baseada na "geração procedural de conteúdo" utilizada em demos e é programado por diversos
veteranos da demoscene.[1]

Certas formas de computer art possuem forte ligação com a demoscene. Música Tracker e Chiptunes, por
exemplo, tiveram origem na indústria de jogos para Amiga e logo passou a influenciar e ser influenciada pelos
músicos da demoscene, e se tornou uma cena independente. Outras formas de arte nas quais os demosceners
passaram a se destacar foram a Pixel art e ASCII art.

A habilidade de criar apresentações elaboradas em equipamentos limitados voltou a ser valorizada com a
popularização de consoles de jogos portáteis e telefones celulares com capacidades de processamento e
limitações semelhantes aos das plataformas de computadores 16-bit (como telas de baixa resolução e
armazenamento e memória limitados), assim, muitos dos demosceners criam jogos profissionalmente para
essas plataformas.

Foram feitas algumas tentativas para aumentar a popularidade e familiaridade das demos como uma forma de
arte. Apresentações de demos, exposições em galerias e livros sobre o assunto, além de programas de televisão
foram produzidos para apresentar a subcultura e seus trabalhos.

Muitas vezes, produções com origens na demoscene se tornam famosos por seu contexto técnico. O jogo de tiro
em primeira pessoa .kkrieger por exemplo usa algoritmos procedurais de geração de conteúdo semelhantes aos
das demos de 64K para caber em 96 kilobytes.

Ver também
Demoparty

Notas e referências
1. Kosak, Fargo (14 de março de 2005) Will Wright Presents Spore… and a New Way to Think About Games
(http://www.gamespy.com/articles/595/595975p1.html) "GameSpy" (em inglês) acessado em 19-nov-2006

Polgár, Tamás ("Tomcat"): FREAX: Volume 1. CSW-Verlag 2005, Website (http://www.freax.hu/). ISBN
3-9810494-0-3
Polgár, Tamás ("Tomcat"): FREAX Art Album. CSW-Verlag 2006, Website (http://www.freax.hu/).
Seqüência de FREAX: Volume 1. FREAX Volume 2 planejado para o meio de 2007.
Tasajärvi, Lassi: DEMOSCENE: the art of real-time. even lake studios 2004, ISBN 952-91-7022-X, Website
(http://www.evenlakestudios.com/books/)
Demo Scene Research (http://www.kameli.net/demoresearch/bibliography.php) - bibliografia de
publicações científicas sobre a demoscene.

Ligações externas
scene.org (http://www.scene.org), um arquivo FTP com demos.
ojuice.net (http://www.ojuice.net), portal da cena demo
pouet.net (http://www.pouet.net), banco de dados da cultura demo com links, fotos e críticas de diversos

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demos.
slengpung.com (http://www.slengpung.com), fotos de parties e eventos relacionados.
demoscene.tv (http://www.demoscene.tv), Demoscene Web Television
demoparty.net (http://www.demoparty.net), banco de dados de demoparties, com informações sobre o
local e viagens.
Nectarine Radio (http://www.scenemusic.net/), webradio via streaming.

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