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O objetivo básico de um Nobreak, também conhecido como UPS ou “Uninterruptible Power Supply” – sua
sigla em inglês, é manter operando os equipamentos eletroeletrônicos nele conectados no caso de falta
no fornecimento de energia elétrica. Além disso, também garante a qualidade da rede elétrica, podendo
estabilizar, filtrar, corrigir forma de onda, picos e surtos de tensão em alguns modelos.
Nobreaks operam através de baterias, convertendo a corrente contínua (DC) presente nas baterias em
corrente alternada (AC) na mesma tensão de uma tomada elétrica (110V ou 220V, dependendo do
modelo) e “chaveando” automaticamente para as baterias assim que detecta uma falha na rede. Os
Nobreaks podem prover uma forma de onda igual a que você encontra na tomada da sua casa, ou um
formato diferente que pode impactar ou até prejudicar alguns equipamentos. O tempo de chaveamento
entre a rede elétrica e a operação por baterias também deve ser considerado na hora de escolher um
modelo, pois pode prejudicar sistemas de som ou reiniciar equipamentos se for muito alto.
Vamos analisar os principais componentes de um Nobreak antes de irmos adiante:
Baterias: São a fonte primária de energia do equipamento. Devem ser do tipo “estacionárias” que
possuem características próprias para operar em equipamentos deste tipo, não sendo recomendado o
uso de baterias automotivas (clique aqui para um comparativo). As baterias são carregadas
automaticamente quando existe energia na rede elétrica, porém possuem vida útil e devem ser
substituídas periodicamente. Sua durabilidade depende de vários fatores, como ciclos de carga/descarga,
temperatura ambiente, marca etc. Nos Nobreaks de pequeno porte duram em média de 2 a 3 anos. A
maioria dos Nobreaks utilizam baterias de 12 Volts, podendo ser ligadas em série e/ou paralelo,
dependendo das especificações do equipamento.
Inversor: Converte a corrente contínua (DC) das baterias em corrente alternada (AC) para as tomadas de
saída do Nobreak. Também eleva a tensão das baterias para 110 ou 220 Volts.
Retificador: Funciona ao contrário do inversor, retificando a corrente alternada que vem da rede elétrica
para corrente contínua, utilizada para recarregar as baterias e alimentar os circuitos internos do Nobreak.
Gerenciamento: Alguns nobreaks contam com módulos de gerenciamento que permitem coletar em
tempo real diversos parâmetros da sua operação, como estado das baterias, carga utilizada, frequência e
tensão da rede elétrica etc… As interfaces de gerenciamento mais comuns em Nobreak são USB, RS-
232, RS-485 e SNMP.
Agora que já conhecemos os principais componentes internos de um Nobreak, podemos analisar os tipos
mais comuns disponíveis no mercado:
Short-break:
Também conhecidos como “stand by” ou “off-line”, é o modelo mais simples (e barato) de nobreak.
Funciona repassando a energia elétrica das tomadas diretamente para a saída do equipamento. O
retificador está sempre ligado e mantém as baterias “prontas para uso”. Como o inversor fica desligado
neste modelo, sendo ligado apenas quando passa a operar pelas as baterias, existe um tempo
considerável de chaveamento, que varia em média de 4 a 8 ms (milissegundos). Este tipo de nobreak
geralmente é mais antigo e para uso quase que exclusivamente doméstico. Sua forma de onda (explicada
com maiores detalhes a seguir) geralmente é quadrada, o que restringe muito suas aplicações.
Alguns modelos de short-break possuem filtro de linha ou estabilizador interno que atuam como uma
proteção básica quando há energia elétrica na rede, já outros modelos apenas fazem “ponte direta” entre
a rede elétrica e as tomadas na saída do equipamento, sendo considerado inseguro.
Diagrama elétrico em blocos de um nobreak modelo short-break
Prós: Baixo custo, pouca dissipação de calor quando operando em AC.
Contras: Alto tempo de transferência, forma de onda quadrada quando operando em DC, vida útil do
equipamento e baterias prejudicado por constante chaveamento.
Line-interactive:
Também conhecido como “interativo”, são muito parecidos com os “short-brak”, com a diferença que seu
retificador e inversor ficam sempre ligados, reduzindo o tempo de chaveamento para geralmente menos
de 0,8 ms. São comuns modelos com forma de onda senoidal e semi-senoidal deste tipo. Uma vantagem
do line-interactive é que geralmente possuem um transformador na saída, isolando a rede elétrica do
equipamento e funcionando como um estabilizador, compensando pequenas variações na rede elétrica
ao invés de mudar o modo para baterias a cada variação mínima, o que aumenta a vida útil do
equipamento e suas baterias.
Online de dupla-conversão:
Nobreaks online, ou de “dupla conversão” são a melhor opção para equipamentos eletro-eletrônicos por
não possuir tempo de chaveamento. Eles funcionam da seguinte forma: Quando a rede elétrica esta
presente, o retificador esta sempre ligado (primeira conversão: AC/DC) carregando as baterias, que por
sua vez estão sempre alimentando o inversor (segunda conversão: DC/AC) e provendo a tensão correta
na saída. Desta forma existe sempre uma forma de onda senoidal pura na saída, mesmo quando a
energia elétrica do local não for de qualidade, pois quem provê a tensão de saída são as baterias e seu
circuito inversor, não a energia presente na tomada ou na entrada do equipamento.
Por estarem sempre funcionando através do inversor, não possuem tempo de chaveamento. Quando
falta energia na entrada do equipamento, ele continua operando através das baterias, que somente param
de receber carga enquanto não há rede elétrica presente na entrada. Como uma desvantagem deste
processo, o nobreak online costuma gerar um pouco mais de calor, mesmo quando operando em AC,
pois seus circuitos internos estão sempre “ligados”, mas é uma pequena desvantagem com muitas
vantagens. Além do mais os modelos de dupla-conversão estão evoluindo a cada dia se tornando cada
vez mais eficientes.
Fator de potência:
Uma informação muito importante em nobreaks é o fator de potência. Geralmente a “potência” de um
nobreak é expressa em “VA”, que significa “Voltampere”, mas atenção: VA não é Watts, pois existe o
chamado fator de potência, que é um número entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, mais “eficiente” é o
nobreak, pois mais carga pode ser ligada na sua saída. Para sabermos a potência de saída em Watts
de um determinado nobreak, precisamos multiplicar o fator de potência, geralmente descrito na etiqueta
do equipamento, pelo valor expresso em “VA”.
Exemplo: O modelo “Manager III Senoidal 1400VA” do fabricante SMS tem um fator de potência 0,7
portanto para saber quantos Watts podemos ligar na sua saída, basta fazer a conta 1400 x 0,7 = 980.
Este equipamento suporta no máximo 980 Watts em sua saída (ATENÇÃO: Esta é a potência máxima
teórica suportada pelo equipamento, sempre devemos ligar no máximo 70% da carga nominal
para termos uma “folga” de segurança e considerar a potência de pico dos equipamentos conectados na
saída do nobreak).
Estas distorções são visíveis através de um equipamento chamado “osciloscópio”, que desenha na tela o
formato da onda analisada. As harmônicas diferem muito em formato, tempo, amplitude, mas o efeito é
sempre o mesmo, prejudicam a forma de onda que deveria ser uma senoide.
Por este motivo um nobreak de dupla-conversão pode lhe ser muito útil para sanar problemas “estranhos”
em seus equipamentos eletrônicos. Efeitos como atraso em relógios ligados à rede, fontes de servidores,
equipamentos eletrônicos “desligando misteriosamente”, ruídos em sistemas de som e outros são
exemplos de problemas causados por uma distorção na forma de onda elétrica.
Veja a seguir alguns exemplos de onda senoidal distorcidas por harmônicas:
Conclusão:
Os modelos que devem ser considerados hoje em dia para aquisição ou substituição de um nobreak são
os line-interactive ou online, de preferência com forma de onda senoidal, ficando os modelos “short-brake”
extremamente limitados quanto as suas aplicações.
Se os equipamentos que serão ligados ao nobreak não forem muito sensíveis e tiverem uma boa
tolerância à forma de onda, podemos optar pelos modelos line-interactive PWM devido ao seu baixo
custo. Como regra geral, equipamentos com carga resistiva (por exemplo lâmpadas incandescentes,
resistências de estufas aquecedores etc) não necessitam de forma de onda senoidal-pura para funcionar.