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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOUTOR LEÃO SAMPAIO

ADLEANA RODRIGUES GOMES


ÁDYLLA GEOVANNA GOMES DUARTE
JUARANA REBEKA SILVA ANGELIM DE LIMA

ÁNALISE CRÍTICA DO FILME “ORAÇÕES PARA BOBBY”

Juazeiro do Norte - CE
2019
ADLEANA RODRIGUES GOMES
ÁDYLLA GEOVANNA GOMES DUARTE
JUARANA REBEKA SILVA ANGELIM DE LIMA

ÁNALISE CRÍTICA DO FILME “ORAÇÕES PARA BOBBY”

Avaliação Parcial I, apresentado ao


Centro Universitário Doutor Leão
Sampaio, como parte das exigências
para a obtenção do título de
Graduação em Psicologia.

Prof. Joel Lima Junior

Juazeiro do Norte - CE
2019
No filme “Orações para Bobby”, um jovem considerado perfeito, de
família extremamente religiosa, passa a sofrer ao percebe-se homossexual.
Nesse caso, podemos ver que existia na família de Bobby uma estrutura
familiar que pode se caracterizar como nuclear ou normal, isso porque em sua
composição está presente a imagem do pai, da mãe e dos filhos. Na família do
protagonista, era possível identificar também a existência de exigências que se
subtendiam como o que os manteriam juntos nessa vida, e na próxima, que
eram justamente viver em dispor da religiosidade entendido como uma função
de proteção. Ou seja, a família de Bobby se mostrava condutora de uma
tradição, buscando sempre manter os costumes, e crenças, no qual existiam
pressupostos do que era certo e errado, como a sexualidade do protagonista.
Compreendido como algo errado até mesmo pelo próprio Bobby oriundo de
uma transgeracionalidade passado pela história da sua família, como
construção de valores, no qual o sujeito é herdeiro e prisioneiro.
Tais circunstâncias são percebidas no filme, pois Bobby submete a
tudo para modificar-se a sua própria condição. Sob uma perspectiva de manter
uma proteção a família, e negar a realidade dolorosa, a família se mantinham
sobre esse mito familiar, bem como guardavam como segredo a
homossexualidade de Bobby, já que para eles esse segredo violava as regras
e padrões familiares. O suicídio do protagonista leva-nos a entender que se
caso houvesse o apoio de sua mãe e família, ou seja, os aspectos familiares
que se apresentavam de forma mais intensa seriam os de cunho negativo,
pois, as lei e costumes impostas pelo contexto familiar em questão trouxeram
uma rigorosidade extrema para o ambiente. Se os aspectos presentes na
família fossem positivos e o protagonista não tivesse sido tão desassistido e
pressionado, talvez ele não tivesse desistido da própria vida.
Podemos ver de forma muito clara o espaço social que a família de
Bobby ocupa, pois, além de ser caracterizada como uma família “nuclear” ou
“normal”, ela é regida e orientada por um fator muito presente em todos os
membros da família, o aspecto religioso, com isso essa família já possui um
caráter socialmente definido e que implica no modo em que os mesmos serão
vistos pelo “mundo externo”, esse fator influenciou o modo que a família tratou
a situação de Bobby, já que havia preocupação por parte dos demais
componentes familiares de como o mesmo seria visto e tratado pela sociedade
após uma possível vazão dessa informação.
Dessa forma, podemos entender que as diferentes formas de
expressão são fundamentais para a compreensão da dinâmica familiar. E é na
família, independentemente de como esta seja formada, que se consolida esse
sentido nas sociedades contemporâneas, pois é nas relações que são criadas
com a família são as mais importantes da vida e vão representar a base do
comportamento futuro. De acordo com Singly (2000), "é no espaço onde circula
o amor que se constrói uma grande parte da identidade pessoal dos indivíduos"
(p.14).
A homossexualidade de Bobby surgiu como uma frustação da
expectativa familiar, no qual se esperava do mesmo o cumprimento de um
papel, o que gerou sentimentos de solidão e abandono em não ser reconhecido
pelo que era.
Além disso, uma das cenas do filme se perfaz sobre o fato da mãe do
protagonista espalhar pela casa diversos bilhetes com passagens Bíblicas
escritas, na esperança de induzir o filho a desistir de tal “escolha”. Além de
vários episódios de situações como a tentativa de Bobby em namorar
mulheres, mesmo o protagonista não tendo atrações físicas ou afetivas pelo
sexo oposto, quando até mesmo foi obrigado há passar mais tempo com os
homens da família, em caçadas e campings, com o objetivo de que o
protagonista começasse a seguir o modelo “correto”, para que assim pudesse
ocupar um espaço social específico podendo exercer futuramente o seu papel
de marido e provedor do lar, Prado (1985) traz um exemplo dessa situação
quando escreve que, filhos de sexo masculino tendem a ser influenciados pelos
papéis exercidos pelo pai, com isso a autora usa como exemplo frases como
"Tal pai, tal filho" - "Filho de peixe, peixinho é!" -"Quem sai aos seus não
degenera" etc.
Todos esses fatores citados anteriormente, impediam que Bobby agisse
de acordo com a sua própria vontade, guiando-se apenas pela vontade de sua
mãe e da família. Partindo dessa premissa, a desejada liberdade, sem
sentimentos de culpa.
No filme, é possível perceber a sensação de fracasso do jovem, ao não
conseguir mesmo diante das inúmeras tentativas suas e da sua família a
“cura”. Ao perceber que não conseguiria tornar-se uma pessoa diferente da
qual era, o mesmo passou a se permitir experienciar coisas novas, gerando um
impacto nas tradições familiares gerando crises.
Quando pensamos em assumir este conflito interno na questão da
homossexualidade para a família ou as pessoas na qual temos vínculos
afetivos, logo suponhamos a rejeição por parte do outro. Isso se torna maior
quando a rejeição pelo filho está instaurada.

O que faz as pessoas gays bodes expiatórios ideais em uma família é


que nela estão sozinhas. Muitas vezes, ninguém no interior da família
é como elas ou se identifica com elas. Elas se tornam uma tela
projetora, o terreno em que todos os outros depositam suas
deficiências e ressentimentos. Além disso, ninguém está olhando.
Ninguém de fora irá intervir, porque há a percepção de que os
assuntos de família são privados e intocáveis. A estrutura familiar e
sua intocabilidade predominam. Então, porque a pessoa gay não tem
apoio total de sua família, ela por sua vez se torna o bode expiatório
ideal (Schulman, 2010, p. 76).

As crenças da família de Bobby alicerçavam um componente do que


devia ser feito para a permanência de uma família unida. No ato de resolver
mesmo contra a vontade da sua mãe, vivenciar um relacionamento
homossexual, ocasiona uma reação de defesa dos demais componentes da
família.
Para o protagonista do filme a única saída para se livrar de tudo aquilo
foi o suicídio, vendo a morte como a única solução de resolução dos problemas
na qual ele vinha enfrentando com a rejeição da sua homossexualidade por
parte da família após ter que sair do seu âmbito familiar onde à situação depois
da descoberta estava insustentável até que Bobby resolve sair de casa e viver
em outra cidade, até tirar sua própria vida.
Após a comoção da notícia em que seu próprio filho teria tirado a vida,
a mãe do protagonista do filme passa a rever os seus conceitos e ver a
homossexualidade com outros olhos, transformando os seus pensamentos e
levando-a a abandonar as ideias intolerantes na qual a mesma seguia proferida
pela religião. Logo depois, passa a fazer parte de uma associação que reúne
pais, família e amigos em defesa ao respeito de lésbicas e gays, e lança um
livro contando sua história servindo de alerta para que estes compreendam a
situação de seus filhos ou filhas homossexuais.

REFERÊNCIAS

Prado, D. (1985). O que é família – Coleção Primeiros Passos 40 ed. Abril


Cultural Brasiliense.

Singly, F. (2000). O nascimento do "indivíduo individualizado" e seus efeitos na


vida conjugal e familiar. In C. E.

Schulman, S. (2010). Homofobia familiar: uma experiência em busca de


reconhecimento. Revista Bagoas, 5, 67-78.

Wagner, A. (2005). Como se perpetua a Familia? A transmissão dos modelos


familiares. Porto Alegre: EDIPUCRS.

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