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Faculdade de Direito
ADRIANA DIAS
São Paulo
2013
ADRIANA DIAS
São Paulo
Junho de 2013
FOLHA DE APROVAÇÃO
Professor: __________________________
Carlos Henrique Trindade
Data: ________________________
DEDICATÓRIA
O difícil de uma dedicatória é que são tantas as pessoas que passam pela
nossa cabeça, e parece injusto dedicar a apenas algumas, mas, esta dedicatória é
muito importante e válida, porque ela é primeiramente para uma pessoa especial
para Deus, mesmo que às vezes ela não se ache, ela é forte, determinada,
cabeça-dura, briguenta, justa, amiga, fiel aos propósitos, firme nos objetivos, uma
fé extrema, que mesmo quando muitos faltaram, a fé dela estava presente, mesmo
que pouca sem ela nada disso seria possível, então este trabalho é dedicado
a Adriana Dias. Pode até parecer um ato de convencimento, alto ego, mas só nós
e Deus sabemos verdadeiramente o que passamos e sentimos em nosso intimo
durante o percorrer das trajetórias escolhidas ou impostas pela vida, mas é
importante citar que ligados a mim e a minha trajetória de vida, existem pessoas
que mesmo distante por algumas vezes, estiveram tão próximas durante esses 5
anos, que eu jamais deixaria de dedicá-las todo o esforço e luta dos últimos
meses, Maria Elisabeth Reis (Tia Beth) e primo Alcides de Lima (Cidão) a vocês a
dedicatória é obrigatória porque nunca se silenciaram com o meu silêncio, nunca
se afastaram com a minha ausência e por isso nunca deixaram de expressar com
palavras a grandeza do amor, incentivo, fé e companheirismo nos momentos que
pensei desistir. “Amo Vocês”. Ao meu sobrinho tão incondicionalmente amado
Samuel Luis Dias da Silva , menino iluminado e grande responsável pela inspiração
de retorno e permanência às salas de aula, depois de tantos anos sem estudar,
criança que sempre transbordou meu coração de muita alegria, me fez repensar o
quanto é importante nos valermos de bons propósitos para servir de um mínimo se
quer de exemplo àqueles que amamos tanto e que seguirão um dia suas
trajetórias, sem a nossa presença.
AGRADECIMENTOS
Nos momentos mais difíceis Deus nos mostra quem são nossos verdadeiros
amigos e que eles existem, por isso jamais deixaria de agradecer a duas amigas e
parceiras desses cinco anos de luta, que me acolheram com tanto amor neste
último ano tão difícil, que perguntaram na hora exata “Como você esta Adri?” e
deste dia em diante, nunca me abandonaram, nunca ficaram em cima de nenhum
muro, foram imparciais, porem companheiras, me ajudando e acolhendo e com
toda certeza foram verdadeiramente minhas amigas fiéis a vocês Vanessa Silvestre
e Barbara Danielle gratidão eterna, amigas para sempre.
The purpose of this study is to verify the treatment meted out by the family
law to same sex unions, also, the civil marriage homoafetivo, based on
concepts and historical constructions of homosexuality differentiating
homosexuality, homosexuality and homoafetividade, principles that guide
the family law, Constitutional families and important developments
regarding same-sex Union backed by the Constitution and the Supreme
Court.
Keywords: Same-sex Union, historical evolution, civil marriage
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................10
Capítulo 1 A construção da identidade de gênero na sociedade civil.......................................12
1 Homossexualidade na História___________________________________________14
1.1 A Homossexualidade no Mundo Antigo________________________________16
1.2 Diferenciação dos termos Homossexualismo, homossexualidade e homoafetividade
______________________________________________________________________19
Capítulo 2 origem do direito das famílias.................................................................................23
2 Princípios do Direito de Família____________________________________________24
2.1 Evoluções do Direito de Família________________________________________27
2.2 Famílias Constitucionais_______________________________________________28
Capítulo 3 União homoafetiva e a regulamentação do casamento civil...................................32
3 União Homoafetiva e o Direito de Família____________________________________32
3.2 Regulamentações do Casamento Civil____________________________________37
Considerações finais.................................................................................................................40
Referências................................................................................................................................43
Anexo........................................................................................................................................45
INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema surgiu após identificar que de fato existe a união
homoafetiva, o sentimento de amor e carinho por pessoas do mesmo sexo. È sabido
que estas uniões sempre existiram, mesmo que de forma mascarada, diferente dos
dias atuais, pois a busca pelo amparo legal, baseados na dignidade da pessoa
humana, demonstra claramente que não existe mais interesse em manter
sentimentos e desejos afetivos desta união de maneira omissa e oculta.
SOCIEDADE CIVIL
1
(latim varo, -onis ou varro, -onis, homem grosseiro) substantivo masculino.
Indivíduo do sexo masculino. = HOMEM; Indivíduo adulto; Homem respeitável; Homem esforçado,
valoroso.
13
Tal afirmação exprime que não é possível alguém ter acesso puro e direto a
sua sexualidade e aos seus instintos sexuais, o que se aplica a do (a) outro (a),
pois estará sempre intercedido pela cultura, podemos assim dizer que são como
lentes de visão de uma cultura pela qual podemos visualizar a nossa identidade
sexual, nossa sexualidade e a dos outros também e com isto alcançamos a
proximidade como nossos instintos. “O gênero é o sexo socialmente construído. As
relações de gênero, as relações entre homens-varões e mulheres são socialmente
construídas, e não determinadas biologicamente”. (SUNG, 2002, p. 96- 97)
culturais. Como também a afirmativa de que a identidade sexual não esta dissociada
da identidade social, política e religiosa. No entendimento dos processos sociais é
acrescida a variante do gênero à da situação de classe e de raça 2.
1 Homossexualidade na História
2
Na sociedade, identidade de gênero se refere ao gênero em que a pessoa se identifica, se ela
se identifica com sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do convencional, mas
pode também ser usado para referir-se ao gênero que certa pessoa atribui ao individuo tendo
como base o que tal pessoa reconhece como indicações de papel social de gênero (roupas, corte
de cabelo, etc.).
15
É de grande valia mencionar a visão bíblica, uma vez que esta teve e tem
grande influencia sob a maioria dos países, senão todos. Esta é a lição de Chaim
Perelman: “(...) mesmo nas sociedades pluralistas, quando uma religião é
nitidamente majoritária, é nela que em geral se inspiram as decisões do legislador”.
(BRANDÃO, 2002, p.29).
[...] A conduta do homem passivo era repudiada, por ser vista como uma
conduta feminina e não como um desprestigio ao amor homoafetivo.
Como a mulher era tida como “cidadã de segunda classe”, o machismo
existente na época equiparava os homens adultos que se mantinham
passivos na relação sexual a elas, no que tange a direitos, sendo apenas
isto o que se pode dizer da sexualidade desse período da historia humana.
Ou seja, o machismo é a origem remota da homofobia, ou seja, do
preconceito e da discriminação contra homossexuais. Mas se o homem
passivo era amplamente respeitado por outras atitudes suas (como Julio
César, nos campos de batalha), então se faziam vista grossa quanto à
questão da sua sexualidade. (VECCHIATTI, 2008, p. 46 e 47)
social como um ritual sagrado, as mulheres não têm um papel e devem existir, subservientes, fora
do palco”
19
5
Por mais que um relacionamento envolva o contato sexual, muitas pessoas conseguem manter
uma relação sexual com outra sem, contudo, sentirem-se atraídas sexualmente por dita pessoa.
6
A expressão orientação sexual significa, tanto popular como tecnicamente, que o desejo está
“em direção a” determinado sexo biológico, não significando que a pessoa teria sido “orientada” a
ter esta ou aquela sexualidade, sendo que o entendimento neste ultimo sentido decorre de
tradução puramente literal dos significados dos termos isolados da expressão, o que afronta seu
correto entendimento.
22
CAPÍTULO 2
Importante falarmos sobre a origem do direito das famílias, uma vez que é
natural a vida a dois, a família nada mais é que uma afluência informal, de
concepção espontânea no meio social, do qual a composição ocorre por meio do
direito.
[...] Não se pode conceber nada mais privado, mais profundamente humano
do que a família, em cujo seio o homem nasce, vive, ama, sofre e morre. O
7
Ramo da filosofia que estuda os valores morais, ciência dos valores, estudo sobre os valores morais, padrão
dominante de valores, teoria sobre os valores morais.
24
a) Princípio da afetividade
E através deste princípio a família passa a ser consagrada como centro das
relações de afeto, confiança, solidariedade, colaboração, respeito e união entre os
membros que fazem parte da família.
Pelos ensinamentos de Maria Helena Diniz, por este princípio, está o que
atina aos direitos e deveres referentes à sociedade conjugal e de convívio, o atual
25
f) Princípio da liberdade
Tem como fundamento o livre poder de constituir uma união de vida familiar
através do casamento ou união estável, sem nenhuma imposição ou restrição de
pessoa jurídica de direito publico ou privado, concedendo ao casal livre decisão no
planejamento familiar, tendo a intervenção do Estado apenas ao que lhe compete
referente a propiciar recursos educacionais e científicos ao exercício desse direito,
quanto a convivência conjugal, na liberdade de aquisição e administração do
patrimônio familiar e a opção por um regime matrimonial mais conveniente, como
também a liberdade de escolha pela formação religiosa, cultural e educacional,
respeitando mutuamente a integridade moral e físico-psíquica dos integrantes da
família.
26
Desde a metade do século XX, no direito brasileiro o legislador aos poucos foi
vencendo dificuldades e objeções, permitindo direitos aos filhos ilegítimos e
transformando a mulher completamente capaz, até o ponto máximo que exerceu a
Constituição de 1988, que não mais diferencia a origem da filiação, discriminando os
direitos dos filhos, desconsiderando o predomínio do homem na sociedade conjugal.
A disputa legislativa foi intensa, particularmente em relação à emenda constitucional
que aprovou o divórcio. O atual estágio legislativo teve que superar barreiras de
natureza ideológica, sociológica, política, religiosa e econômica.
O direito civil tem extensa parte na Constituição, o que levou os temas sociais
a garantir relevante efetividade. Quando o Estado intervém nas relações de direito
privado permite o revigoramento das instituições de direito civil, e com o novo texto
constitucional, inevitável é ao intérprete fazer um novo desenho com relação ao
direito civil à luz da nova Constituição.
.
CAPÍTULO 3
CASAMENTO CIVIL
9
Projeto de Lei Nº 2.285/2007 - Deputado. Sérgio Barradas Carneiro
10
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
34
11
Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.
35
que não estão adequados ao modelo imposto por uma moral conservadora, mas
que não insultem a ordem social.
Decisão foi unânime, tendo sido afirmado a sua eficácia, sem a exigência de
aguardar a publicação do acórdão ou o seu transito em julgado. Sendo assim, a
partir das 20 horas do dia 06 de maio de 2011 14 as uniões homoafetivas tiveram os
seus direitos firmados como entidade familiar, consentindo os mesmos direitos e
deveres de união estável.
No Brasil, por anos o silêncio foi algo muito constrangedor devido a projetos
de Lei emperrados no Congresso Nacional, sem qualquer probabilidade de
aprovação. Porém nada pode manter-se a mercê da falta de direito igualitário,
motivo pelo qual a luta pela igualdade e a regulamentação do casamento civil
homoafetivo foi respeitado e aprovado.
14
ADI 4.277
37
de caminhos a serem seguidos, movimentos que não fez com que a vontade de
pessoas iguais fosse abandonada, que suas vozes fossem caladas diante de
tantos preconceitos, e homofobias.
15
Assim, na data de 14.05.2013 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
decidiu pelo casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, decisão esta que
passa a ser legal em todo o Brasil. Mas tão importante se faz, mencionar que neste
mesmo e atual ano, dois meses antes do anteriormente citado, tão precisamente
em 01.03.2013 os cartórios de registro do Estado de São Paulo passaram a
oficializar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo, sendo assim as uniões
homoafetivas ganharam o direito de serem civilmente oficializados dentro do
Estado de São Paulo, direito garantido graças ao provimento normativo do Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, deste feito os casais homossexuais e
heterossexuais terão direitos igualitários no tocante ao reconhecimento legal e
social de suas famílias. O casamento civil igualitário já era uma realidade nos
estados de Alagoas, Bahia, DF, Espírito Santo, Piauí. São Paulo sendo incluso
nesta realidade deu margens para avançarem com a mesma força e vontade de
mudanças na legislação, com isto, explanar este mesmo direito aos outros
estados, de forma a garantir que nenhum casal homossexual sofra qualquer tipo de
discriminação legal e social.
15
Resolução Nº 175,de 14 de Maio de 2013.
38
Árdua e insistente foi à luta e vontade do povo LGBT para galgar seus direitos
que já existiam, mas que devido a tanta discriminação e crescente homofobia não
era exercido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade passou por sua evolução natural dos tempos, com isto a família
passa a ser base, a célula central da sociedade, levando o direito a atender todos os
anseios da sociedade. Simultaneamente as uniões homoafetivas passaram a ser
cada vez mais frequentes e, resultando na necessidade de regulamentação destas
uniões.
igualitários, pois este nunca foi o intuito das pessoas do mesmo sexo que se unem
com base na afetividade, no amor, companheirismo, cumplicidade e acima de tudo
com o interesse de constituir suas famílias, serem reconhecidos perante a sociedade
e acima de tudo, perante a legislação pátria. Visto que tais uniões são públicas,
duradouras e compõe uma comunhão de vida afetiva, o que torna impossível negar
que sejam entidades familiares.
enfatizando que esta união era de fato uma entidade familiar, não
tendo nada que pudesse negar seu reconhecimento.
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Sociologia Jurídica. 11ª. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2007.
DIAS, Maria Berenice. União Homoafetiva: o preconceito & a justiça 5ª. ed. rev.
Atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
__________________. Manual de Direito das Famílias. 8ª. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011.
DINIZ, Maria Helena. Manual de direito civil. Direito de Família. São Paulo: Saraiva
2011.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil Brasileiro: direito de família. 28ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.
SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. Petrópolis: Vozes, 2002.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil Brasileiro: direito de família. 11ª. ed. São
Paulo: Atlas, 2011.(coleção direito civil v. 6)
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Documentos eletrônicos
...................................................................................................................art. 146
a 163
a 219
TÍTULO VIII - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ......... arts. 267 a 274
48
TÍTULO I
Art. 1.º Este Estatuto regula os direitos e deveres no âmbito das entidades
familiares.
Art. 3.º É protegida como família toda comunhão de vida instituída com a
finalidade de convivência familiar, em qualquer de suas modalidades.
Art. 6.º São indisponíveis os direitos das crianças, dos adolescentes e dos
incapazes, bem como os direitos referentes ao estado e capacidade das pessoas.
Art. 8.º A lei do país em que tiver domicílio a entidade familiar determina as
regras dos direitos das famílias.
Art. 9.° Os direitos e garantias expressos nesta lei não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios adotados na Constituição, nos tratados e
convenções internacionais.
TÍTULO II
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Art. 11. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 12. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 14. Cada cônjuge ou convivente é aliado aos parentes do outro pelo
vínculo da afinidade.
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS
Art. 18. A gestão dos interesses comuns da entidade familiar incumbe aos
integrantes civilmente capazes, de comum acordo, tendo sempre em conta o
interesse de todos os que a compõem.
CAPÍTULO II
DO CASAMENTO
SEÇÃO I
DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
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SEÇÃO II
DOS IMPEDIMENTOS
I - os absolutamente incapazes;
V - as pessoas casadas.
SEÇÃO III
DAS PROVAS DO CASAMENTO
SEÇÃO IV
DA VALIDADE DO CASAMENTO
Art. 29. A ação de nulidade do casamento pode ser promovida por qualquer
interessado ou pelo Ministério Público.
SEÇÃO V
DOS EFEITOS DO CASAMENTO
SEÇÃO VI
DOS REGIMES DE BENS
SUBSEÇÃO I
DISPOSIÇÕES COMUNS
Art. 38. Podem os nubentes estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver.
Art. 42. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação:
Art. 43. A anulação dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou
sem suprimento do juiz, pode ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-
la, ou por seus herdeiros, até 1 (um) ano da homologação da partilha.
Art. 44. Quando um dos cônjuges não puder exercer a gestão dos bens que
lhe incumbe, cabe ao outro:
SUBSEÇÃO II
DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
SUBSEÇÃO III
DO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL
SUBSEÇÃO IV
DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
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SEÇÃO VII
DO DIVÓRCIO E DA SEPARAÇÃO
SUBSEÇÃO I
DO DIVÓRCIO
Art. 56. A separação de fato põe termo aos deveres conjugais e ao regime
de bens.
SUBSEÇÃO II
DA SEPARAÇÃO
Art. 57. É facultado aos cônjuges pôr fim à sociedade conjugal, mediante
separação judicial ou extrajudicial.
§ 2.° A separação de corpos pode ser deferida pelo juiz antes ou no curso do
processo.
SUBSEÇÃO III
DISPOSIÇÕES COMUNS AO DIVÓRCIO E À SEPARAÇÃO
CAPÍTULO III
DA UNIÃO ESTÁVEL
61
Art. 63. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem
e a mulher, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família.
CAPÍTULO IV
DA UNIÃO HOMOAFETIVA
Art. 68. É reconhecida como entidade familiar a união entre duas pessoas de
mesmo sexo, que mantenham convivência pública, contínua, duradoura, com
objetivo de constituição de família, aplicando-se, no que couber, as regras
concernentes à união estável.
II - a adoção de filhos;
IV - direito à herança.
CAPÍTULO V
DA FAMÍLIA PARENTAL
TÍTULO IV
DA FILIAÇÃO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
63
Art. 72. Os filhos não registrados podem ser reconhecidos pelos pais,
conjunta ou separadamente.
§ 4.° O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito
em testamento.
III - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que realizada com
prévio consentimento livre e informado do marido ou do convivente, manifestado por
escrito, e desde que a implantação tenha ocorrido antes do seu falecimento.
Art. 75. O filho não registrado ou não reconhecido pode, a qualquer tempo,
investigar a paternidade ou a maternidade, biológica ou socioafetiva.
CAPÍTULO II
DA ADOÇÃO
CAPÍTULO III
DA AUTORIDADE PARENTAL
Art. 87. A autoridade parental deve ser exercida no melhor interesse dos
filhos.
§ 2.° O filho tem o direito de ser ouvido, nos limites de seu discernimento e
na medida de seu processo educacional.
Art. 88. A dissolução da entidade familiar não altera as relações entre pais e
filhos.
II - pela emancipação;
IV - pela adoção;
Art. 92. Os pais, no exercício da autoridade parental, são gestores dos bens
dos filhos.
Art. 94. Perde por ato judicial a autoridade parental aquele que não a exercer
no melhor interesse do filho, em casos como assédio ou abuso sexual, violência
física e abandono material, moral ou afetivo.
CAPÍTULO IV
DA GUARDA DOS FILHOS E DO DIREITO À CONVIVÊNCIA
Art. 96. A guarda dos filhos e o direito à convivência devem ser definidos nos
casos de:
68
II - divórcio;
Art. 97. Não havendo acordo entre os pais, deve o juiz decidir,
preferencialmente, pela guarda compartilhada, salvo se o melhor interesse do filho
recomendar a guarda exclusiva, assegurado o direito à convivência do não-guardião.
Art. 98. Os filhos não podem ser privados da convivência familiar com ambos
os pais, quando estes constituírem nova entidade familiar.
Art. 100. O direito à convivência pode ser estendido a qualquer pessoa com
quem a criança ou o adolescente mantenha vínculo de afetividade.
Art. 103. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do
pai ou da mãe, o juiz deve deferir a guarda a quem revele compatibilidade com a
69
Parágrafo único. Nesta hipótese deve ser assegurado aos pais o direito à
convivência familiar, salvo se não atender ao melhor interesse da criança.
TÍTULO V
DA TUTELA E DA CURATELA
CAPÍTULO I
DA TUTELA
Art. 105. É ineficaz a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo
de sua morte, não exercia a autoridade parental.
Art. 106. Quem institui um menor de idade herdeiro, ou legatário seu, pode
nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se
encontre sob a autoridade parental, ou tutela.
Art. 107. Na falta de tutor nomeado pelos pais ou no caso de recusa, o órfão
deve ser colocado em família substituta nos termos da legislação especial.
CAPÍTULO II
DA CURATELA
Parágrafo único. O pedido pode ser formulado por quem tenha legitimidade
para ser nomeado curador.
Art. 114. O curador tem o dever de prestar contas de sua gestão de 2 (dois)
em 2 (dois) anos.
TÍTULO VI
DOS ALIMENTOS
Art. 117. Se o parente que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de
grau imediato.
TÍTULO VII
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 126. Nas questões decorrentes deste Estatuto a conciliação prévia pode
ser conduzida por juiz de paz ou por conciliador judicial.
Art. 127. As ações relativas ao mesmo núcleo familiar devem ser distribuídas
ao mesmo juízo, ainda que não haja identidade de partes.
Art. 129. A critério do juiz ou a requerimento das partes o processo pode ficar
suspenso enquanto os litigantes se submetem à mediação extrajudicial ou a
atendimento multidisciplinar.
Art. 130. O Ministério Público deve intervir nos processos judiciais em que
houver interesses de crianças, adolescentes e incapazes.
Art. 132. O juiz pode adotar em cada caso a solução mais conveniente ou
oportuna para atender o direito das partes, à luz dos princípios deste Estatuto.
Art. 135. Nas ações concernentes às relações de família deve o juiz designar
audiência de conciliação, podendo imprimir o procedimento sumário.
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO PARA O CASAMENTO
SEÇÃO I
DA HABILITAÇÃO
Art. 140. O oficial deve extrair edital, que permanece afixado durante 15
(quinze) dias nas circunscrições do Registro Civil da residência de ambos os
nubentes.
Art. 142. Os impedimentos devem ser opostos por escrito e instruídos com
as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde as provas possam ser
obtidas.
Parágrafo único. Pode ser deferido prazo razoável para a prova contrária
aos fatos alegados.
SEÇÃO II
DO SUPRIMENTO DE CONSENTIMENTO PARA O CASAMENTO
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SEÇÃO III
DA CELEBRAÇÃO
Art. 147. O casamento deve ser celebrado pelo juiz de paz em dia, hora e
lugar previamente agendado.
Parágrafo único. O nubente que der causa à suspensão do ato não pode
retratar-se no mesmo dia.
SEÇÃO IV
DO REGISTRO DO CASAMENTO
SEÇÃO V
DO REGISTRO DO CASAMENTO RELIGIOSO PARA EFEITOS CIVIS
SEÇÃO VI
DO CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE MORTE
Art. 162. Quando algum dos nubentes estiver em iminente risco de morte,
não obtendo a presença do juiz de paz, pode o casamento ser celebrado na
presença de 4 (quatro) testemunhas, que não tenham com os nubentes relação de
parentesco.
CAPÍTULO III
DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL E DA UNIÃO HOMOAFETIVA
Art. 166. A ação deve ser instruída com o contrato de convivência, se existir,
e a certidão de nascimento dos filhos.
Art. 167. Ao receber a petição inicial, o juiz deve apreciar o pedido liminar de
alimentos provisórios e designar audiência conciliatória.
CAPÍTULO IV
DA DISSOLUÇÃO DA ENTIDADE FAMILIAR
SEÇÃO I
DA AÇÃO DE DIVÓRCIO
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Art. 168. A ação de divórcio pode ser intentada por qualquer um dos
cônjuges ou por ambos.
SEÇÃO II
DA SEPARAÇÃO
CAPÍTULO V
DOS ALIMENTOS
SEÇÃO I
DA AÇÃO DE ALIMENTOS
§ 1.º Os alimentos provisórios são devidos e devem ser pagos desde a data
da fixação.
Art. 182. Da sentença que fixa, revisa ou exonera alimentos cabe recurso
somente com efeito devolutivo.
Art. 184. Na ação de oferta de alimentos o juiz não está adstrito ao valor
oferecido pelo autor.
Art. 185. Cabe ação revisional quando os alimentos foram fixados sem
atender ao critério da proporcionalidade ou quando houver alteração nas condições
das partes.
Art. 186. A ação de alimentos pode ser cumulada com qualquer demanda
que envolva questões de ordem familiar entre as partes.
SEÇÃO II
DA COBRANÇA DOS ALIMENTOS
Art. 195. A cobrança dos alimentos provisórios bem como dos alimentos
fixados em sentença sujeita a recurso se processa em procedimento apartado.
Art. 200. Para a cobrança de até seis parcelas de alimentos, fixadas judicial
ou extrajudicialmente, o devedor é citado para proceder ao pagamento do valor
indicado pelo credor, no prazo de 3 (três) dias, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá-lo.
CAPÍTULO VI
DA AVERIGUAÇÃO DA FILIAÇÃO
Art. 209. O Ministério Público deve notificar o indicado como sendo genitor,
para que, no prazo de 10 (dez) dias se manifeste sobre a paternidade ou
maternidade que lhe é atribuída.
CAPÍTULO VII
DA AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
CAPÍTULO VIII
DA AÇÃO DE INTERDIÇÃO
Art. 227. A escolha do curador é feita pelo juiz e deve recair na pessoa que
melhor atenda aos interesses do curatelado.
Art. 235. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos
menores do curatelado, que se encontram sob a guarda e responsabilidade do
curatelado ao tempo da interdição.
Art. 242. O juiz deve nomear perito para avaliar as condições do interditado.
Após a apresentação do laudo quando necessário, designa audiência de instrução e
julgamento.
CAPÍTULO IX
DOS PROCEDIMENTOS DOS ATOS EXTRAJUDICIAIS
93
Art. 244. Os atos extrajudiciais devem ser subscritos pelas partes e pelos
advogados.
SEÇÃO I
DO DIVÓRCIO
§ 2.º O envio da certidão aos respectivos registros pode ser levado a efeito
por meio eletrônico.
94
SEÇÃO II
DA SEPARAÇÃO
Art. 252. A separação consensual pode ser levada a efeito por escritura
pública, na hipótese de:
Art. 253. Na escritura deve ficar consignado o que ficou acordado sobre
pensão alimentícia, e, se for o caso, sobre os bens comuns.
SEÇÃO III
DO RECONHECIMENTO E DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL E
HOMOAFETIVA
II - o regime de bens.
I - o período da convivência;
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SEÇÃO IV
DA CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO
§ 2.º O envio da certidão aos respectivos registros pode ser levado a efeito
por meio eletrônico.
Art. 262. A conversão somente tem efeito perante terceiros após ser
registrada perante o registro civil.
SEÇÃO V
DA ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS
Art. 263. A alteração consensual do regime dos bens pode ser formalizada
por escritura pública, sem prejuízo do direito de terceiros.
TÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 267. É ineficaz qualquer ato, fato ou negócio jurídico que contrariar os
princípios estabelecidos na Constituição Federal, em tratados ou convenções
internacionais das quais seja o Brasil signatário e neste Estatuto.
Art. 272. Até que por outra forma se disciplinem, continuam em vigor as
disposições de natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis
cujos preceitos ou princípios se coadunem com este Estatuto.
Art. 274. Este Estatuto entra em vigor 1 (um) ano da data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
papel instrumental dos segundos. Além do mais, considerando que cada cidadão
brasileiro integra ao menos uma família, a lei deve ser compreensível pelo homem
comum do povo e não contemplar discutível opção doutrinária.
Bem de família - O Estatuto das Famílias não mais cuida do chamado bem
de família voluntário ou convencional, de escassa utilidade ou utilização na
sociedade brasileira, principalmente por suas exigências formais e por gerar
oportunidades de fraudes a terceiros. Concluiu-se que a experiência vitoriosa do
bem de família legal, introduzido pela Lei nº 8.009/90, consulta suficientemente o
interesse da família em preservar da impenhorabilidade o imóvel onde reside, sem
qualquer necessidade de ato público prévio, e com adequada preservação dos
interesses dos credores.
Por fim, são indicadas as leis e demais normas jurídicas que ficam
revogadas expressamente conforme a Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro
de 1998 e Lei Complementar nº 107, de 26 de abril de 2001. A falta de revogação
expressa de antigas leis sobre relações de família tem levado a dúvidas, a exemplo
da continuidade ou não da vigência do Decreto-Lei nº 3.200/41, apesar do Código
Civil de 2002.
Em face de todo o exposto, conto com o decisivo apoio dos ilustres Pares
para a aprovação deste importante Projeto de Lei, que dispõe sobre o Estatuto das
Famílias.
alteração no registro imobiliário; que com a morte de J., não lhe resta outra
alternativa senão buscar refúgio numa declaração judicial de existência de co-
propriedade, através da qual o pai do falecido J. haverá de submeter-se à perda da
metade do imóvel: (II), que, com a morte de J., as empresas faliram e as seqüelas
foram suportadas somente por ele; que, imediatamente, cessou o funcionamento da
empresa J.P.I.C.Ltda.; que o espólio de J. deveria arcar com a parte que lhe
competia, consubstanciada em diversas parcelas trabalhistas pagas a vários
empregados, débitos junto ao fisco, débitos de baixa das sociedades, pagamento de
consórcios do falecido e das sociedades e dívidas comerciais do relacionamento
com outras empresas; (III), que somente ele prestou socorro a J. durante a sua
enfermidade e custeou todas as despesas médico-hospitalares, inclusive as de
funeral, pelo que deve a herança do falecido responder pela indenização ora
pleiteada; (IV), que pelo fato de J. ter falecido por síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS), foi criada em torno de sua incolumidade imediata suspeita, o que o
levou a um completo isolamento dentro da sociedade mineira; que se não bastasse
o seu próprio sofrimento e angústia, tal fato ceifou de vez toda a sua possibilidade
de produção; que tudo isto provocado por ato do falecido, reclama indenização por
dano moral, que a herança do de cujus deve responder.
Registro que em apenso ao presente feito corre ação de reintegração de posse
ajuizada pelo primeiro apelante J.B.P. em face do apelante adesivo M.A.P.".
A sentença que julgou as duas ações conexas tem o seguinte dispositivo:
"Quanto à ação possessória, comprovado nestes autos e reconhecido, a final,
o direito do autor sobre 50% do imóvel, pela co-propriedade do imóvel, deve ser
julgada improcedente, pois detém legitimamente o autor a sua posse, já que
adquirido com esforço comum.
Assim, considerando o acima exposto e o mais que dos autos consta, julgo em
parte procedente o pedido para conferir ao autor o direito à metade do imóvel
constituído pelo apartamento nº 202, da Rua A., nº 351, com inserção do seu nome
no Registro Imobiliário (3º Ofício do R.I., Matrícula xxx), além do direito ao
ressarcimento de 50% dos gastos feitos com a manutenção das sociedades
comerciais (docs. de fls. 103/142 e 237/250), a serem apurados por cálculo do
contador e devidamente corrigidos a partir do efetivo desembolso, com juros a partir
108
testemunhas que depuseram às fls. 277, 278 e 280; que terminado o comodato com
a notificação feita ao Apelado-Apelante adesivo, mesmo que se procedente o pedido
de meação feito pelo Autor, ainda assim, continuaria ele esbulhando o imóvel, já que
não teria 50% dele, impondo-se a procedência, por isto, do pedido de reparação de
danos feito nos autos daquela ação reintegratória.
Já o inconformismo de M.A.P. com a r. Sentença apelada reside no não-
deferimento de seu pedido de dano moral, ao argumento de que ensejou tal pedido
o fato de ter ele sido isolado na sociedade em face da notícia de que a pessoa com
a qual morava teria falecido por AIDS; que, por ter tido que cuidar de J., em razão de
a família tê-lo abandonado, tornou-se pública a relação que ele e J. sempre
procuraram disfarçar; que por isto, o pai de J. falhou e por isto há que arcar com a
indenização por dano moral".
A eg. 2ª Câm. Civ. do TAMG rejeitou as preliminares, deu "provimento ao
recurso do primeiro apelante J.B.P. para, reformando a r. sentença apelada, julgar
improcedente a `ação ordinária de reconhecimento de co-propriedade, com
consequente pedido de alteração de registro imobiliário, c/c ação de indenização'
contra ele proposta por M.A.P." e condenou este último a pagar as custas do
processo e honorários advocatícios que arbitrou em 20% sobre o valor da causa,
devidamente corrigidos, e julgou procedente a ação de reintegração de posse
proposta por J.B.P. contra M.A.P., assinando a este o prazo de 30 dias para
desocupação e entrega ao autor, primeiro apelante do apartamento 202, situado à
Rua A., n. 351, em Belo Horizonte, por ele indevidamente ocupado a partir da data
do término do prazo que lhe foi assinado na notificação de fls. 27 do apenso, ou
seja, a partir de 14.07.1994, condenando-o, ainda, a pagar a J.B.P. o valor da
locação do referido imóvel a partir da data da propositura da ação - 30.08.1994,
devendo o valor ser apurado em liquidação de sentença por arbitramento, com
acréscimo de juros e de correção monetária, e, em consequência, invertidos os ônus
da sucumbência na ação possessória.
Opostos embargos de declaração, estes foram parcialmente acolhidos, com
expresso indeferimento da preliminar de nulidade do julgamento e improvimento do
agravo retido, confirmado o acórdão embargado quanto ao mais. Irresignado o autor
ingressou com recurso especial por ambas as alíneas, alegando afronta aos arts.
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159, 1.250, 1.251, 1.252, 1.363 do CC; 5º da LICC; 4º, 128, 130, 420, 459, 460 do
CPC, além de dissídio jurisprudencial.
Pretende o reconhecimento da co-propriedade do imóvel, a indenização pelo
dano moral (letra e, abaixo) e a improcedência da ação possessória, sendo que,
quanto a esta, alegou cerceamento de defesa pela impossibilidade de fazer prova da
existência de benfeitorias.
Sustenta: a) a relevância da união dos esforços, ainda que tacitamente
avençada; b) "mesmo num relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, se
houver a confluência de esforços à formação de uma sociedade de fato, ainda que
de maneira indireta, mister a divisão do patrimônio, quando de sua dissolução"; c) a
co-propriedade prevista no art. 4º do CPC tem como premissa uma sociedade,
resultado de um esforço comum, e que não poderia ser objetada, apenas em razão
da preferência sexual dos sócios; d) tendo contribuído com numerário para a
aquisição do apartamento, o recorrente não tem um mero direito creditício sobre os
valores despendidos, mas direito real de propriedade sobre o imóvel, ainda que
proporcionalmente à sua participação nos gastos; e) o pai que foge da difícil
responsabilidade de assistir ao filho doente deve indenizar quem o substituiu nesse
encargo, arcando com todos os prejuízos morais que a doença acarretou ao
recorrente; f) carência da ação reintegratória, porquanto o mencionado comodato
estaria em plena vigência, sendo imprópria a pretensão; g) não poderia o acórdão
recorrido trancar a realização da prova pericial, que seria hábil a comprovar o direito
material suscitado pela parte; h) o pedido de perdas e danos jamais poderia
compreender os alugueres.
Com as contra-razões, o Tribunal de origem admitiu o recurso especial,
subindo os autos a este eg. STJ.
É o relatório.
VOTO
O Exmo. Sr. Min. Ruy Rosado de Aguiar (relator):
1. A primeira questão proposta no recurso versa sobre a possibilidade de ser
reconhecida a existência de sociedade de fato resultante da convivência entre duas
pessoas do mesmo sexo, a determinar a partilha do patrimônio adquirido durante
esse tempo.
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3. O recorrente não tem razão, porém, quando pleiteia indenização pelos danos
morais sofridos pelo fato de ter assistido o doente sem a colaboração do pai,
recaindo unicamente sobre o autor o desgaste emocional e social inevitavelmente
associado à AIDS. A pretensão não tem nenhum amparo. O fundamento do pedido
estaria na omissão do pai do doente, conduta culposa que ensejaria a incidência do
art. 159 do CCivil, suporte legal invocado pelo autor, nesse ponto.
Ora, é bem evidente que a situação de dor e de constrangimento a que ficou
exposto o autor decorreu exclusivamente da sua opção de vida, inexistindo qualquer
vinculação causal entre o comportamento omissivo do pai - fato reconhecido pelo
acórdão - e o alegado dano sofrido pelo recorrente. Não reconhecida a existência do
nexo de causalidade, inviável o conhecimento do recurso tocante à verba
indenizatória por dano moral.
4. Posto isso, conheço em parte do recurso, pela alínea a, e nessa parte lhe
dou provimento para reconhecer o direito de o autor receber em partilha a metade
do imóvel descrito na inicial, com procedência parcial da ação ordinária e
improcedência da ação possessória. O réu pagará integralmente as custas da ação
possessória e 2/3 das custas da ação ordinária, cabendo ao autor o restante 1/3
destas. O réu fica condenado a pagar honorários em favor do patrono do autor da
ação ordinária e réu na ação possessória, os quais são arbitrados em 15% do valor
atualizado da metade do imóvel em causa, aí já considerada a sucumbência parcial
na ação ordinária e a improcedência da ação de reintegração de posse.
É o voto.
VOTO
O Sr. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira:
O tema posto a apreciação e julgamento, sem dúvida alguma, é dos mais
atuais e relevantes.
A propósito, vale lembrar que em 1990 foi trazido a este Tribunal um caso onde
também se examinava o tema da repercussão patrimonial no relacionamento
homossexual masculino, o qual, no entanto, não ultrapassou a esfera da decisão
monocrática, uma vez que, desprovido o recurso de agravo, transitou em julgado a
decisão. Isso se deu no Agravo nº 2.445-RJ, de que fui relator (DJ de 19.4.1990).
Por outro lado, além do evidente interesse no tema, tanto assim que há,
inclusive, projeto tramitando no Congresso Nacional, com noticiário sempre presente
115
Presidência
Presidente
Poder Judiciário;
RESOLVE:
Presidente
Secretaria Geral
Secretaria Processual