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ENGENHARIA CIVIL

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SALITRE:


Estudo dos seus principais aspectos

Vitória da Conquista – BA
15 de Fevereiro de 2019
BRENO PEREIRA LIMA DE AZEVEDO
DANIELA SILVA RODRIGUES
JOSÉ LUCAS LEÃO BARROS
TAMARA SANTOS CUNHA
THAÍS MOTA FREITAS
YURE SERTÃO LOBO

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SALITRE:


Estudo dos seus principais aspectos

Vitória da Conquista – BA
15 de Fevereiro de 2019

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4

2. COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SALITRE ......................................... 7


2.1 Conflito pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio Salitre .......................... 8
2.2 Instrumentos de Gestão .................................................................................................... 9
2.3 Fiscalização ..........................................................................................................................10
2.4 Recursos destinados ao comitê ....................................................................................10
2.5 Monitoramento dos recursos hídricos da bacia .....................................................12
2.6 Realização de Atividades Complementares .............................................................13
2.7 Principais Problemas identificados na Bacia do Rio Salitre ...............................14
2.8 Periodicidade das Reuniões do comitê ......................................................................16

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................18

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................19


1. INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica do Rio Salitre está localizada ao Norte do estado da


Bahia, região de clima semiárido que integra o chamado Polígono das Secas no
Nordeste brasileiro. Lugar de pouca chuva, uma média que varia de 400 a 800 mm
por ano, concentrada nos meses de janeiro a abril, tempo de plantar milho,
mandioca e feijão. Estima-se que, no total, 460 mil pessoas vivam nos municípios
que integram a bacia, preservando uma condição essencialmente rural, apesar do
incremento da urbanização capitaneado pelo município de Juazeiro – cidade que
comporta cerca de 40% dos habitantes da bacia. Em municípios como Campo
Formoso, Ourolândia, Mirangaba e Umburanas, por exemplo, mais da metade da
população encontra-se na zona rural.

Figura 1 - Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre.

Fonte: Águas Brasil (2014).

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A Tabela 1 a seguir, mostra as principais características da Bacia Hidrográfica
do Rio Salitre.

Tabela 1 - Principais Características da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SALITRE: Aspectos Gerias


Área 14.136 km²

Localização Faz parte da bacia do rio São Francisco


e encontra se localizada na porção
norte do Estado da Bahia entre as
latitudes 9°27 e 11°30 Sul e entre as
longitudes 40°22 e 41°30 Oeste.
Rios Rio Salitre com extensão de 333,24 km.
População 96.951 habitantes
Total de Municípios da Região de 9 municípios
Planejamento e Gestão das Águas XVII
Municípios com mais de 60% do 4 Municípios: Ourolândia, Campo
território nesta RPGA 4 Municípios Formoso, Mirangaba e Umburanas

Municípios que têm menos de 40% do 4 Municípios: Jacobina, Juazeiro, Miguel


território nesta RPGA Calmon, Morro do Chapéu

Clima Área de clima tropical semi-árido.

Cobertura Vegetal A RPGA tem sua maior parte


pertencente ao compartimento de
relevo das depressões periféricas e
interplanálticas, entre o planalto de
Irecê e a Serra de Jacobina, onde
predomina a vegetação de Caatinga
entremeada por pastagens e áreas com
agricultura de subsistência.
Fonte: Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

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Os comitês de bacias hidrográficas constituem-se como um fórum de gestão
das águas, pois congrega o poder público, a sociedade civil e os usuários com o
intuito de elaborar e aprovar o Plano de Bacia como principal instrumento de
gestão, por conter as informações referentes à bacia hidrográfica e a partir do
exposto arbitrar em primeira instância os conflitos relacionados aos recursos
hídricos, planejar a cobrança pelos usos múltiplos da água, propor aos conselhos
de recursos hídricos as acumulações, derivações, as captações e os lançamentos de
pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade e outorga de direitos
de uso.
Segundo a Agência Nacional de Águas (2013) são atribuições do Comitê de
Bacia Hidrográfica:
a) promover o debate sobre questões relacionadas a recursos hídricos e articular a
atuação das entidades intervenientes;
b) arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos
recursos hídricos;
c) aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia, acompanhar a sua execução e
sugerir as providências necessárias ao cumprimento das metas;
d) propor aos conselhos de recursos hídricos as acumulações, as derivações, as
captações e os lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da
obrigatoriedade de outorga de direitos de uso;
e) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir
os valores a serem cobrados.
Neste contexto, serão abordados aspectos gerais sobre o Comitê da Bacia
Hidrográfica Salitre, analisando os principais conflitos pelo uso da água na bacia,
bem como o funcionamento do CBH, os instrumentos de gestão e os principais
problemas identificados na Bacia do Rio Salitre.

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2. COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SALITRE

A Resolução do CONERH nº 16 de 04 de dezembro de 2006, aprovou a


instituição do Comitê de Bacia Hidrográfica do Salitre, porém foi criado a partir do
Decreto nº 10.197 de 27 de dezembro de 2006. A área de atuação do CBHS
corresponde à bacia do rio Salitre, localizada no norte da Bahia, está inserida na
Região de Planejamento das Águas V. Em relação a outras RPGA’s, a do Salitre
tendo como referência a quantidade de municípios que estão inseridos, apenas
nove: Várzea Nova, Ourolândia, Campo Formoso, Mirangaba e Umburanas,
Jacobina, Juazeiro, Miguel Calmon e Morro do Chapéu.
Segundo o Regimento Interno do CBHS, o comitê não possui sede fixa, desta
forma, as reuniões plenárias, ocorrem a partir de um sistema de itinerância, com o
objetivo de contemplar todos os municípios que pertencem a RPGA’s.
O Regimento Interno corresponde ao documento máximo do comitê que
define atribuições, estrutura e funcionamento. Nesse caso, foi realizada uma
reunião plenária nos dias 19 e 20 de fevereiro de 2008, onde foi discutido e
aprovado o Regimento Interno do CBHS, indicando algumas alterações na redação.
Em Relação à estrutura: I Diretoria; II Secretaria Executiva; III Plenário; IV
Câmaras Técnicas e a inserção dos Grupos de Trabalho. De acordo com o
Regimento Interno, o CBHS estabeleceu a quantidade de 18 membros titulares com
a seguinte composição: I- do Poder Público: 1 da União; 2 do Estado e 3 dos
Municípios; II- dos Usuários: 1 para Pesca, Turismo e Lazer; 1 para Abastecimento
e Efluentes Urbanos e 4 para Irrigação e Uso Agropecuário; III- da Sociedade Civil:
1 para Associações Regionais, Locais e Setoriais de Usuários de Recursos Hídricos;
3 para ONGs; 1 para Organizações Técnicas de Ensino e Pesquisa com interesse na
área de recursos hídricos e 1 para Comunidades Tradicionais.
De acordo com a Legislação Federal e o próprio Regimento Interno do comitê,
o segmento do poder público é composto pela União, Estado e municípios, nesse
caso representam o poder público: a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, a
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF, a
Superintendência de Biodiversidade e Unidades de Conservação, o INEMA, a
prefeitura municipal de Juazeiro, a prefeitura municipal de Campo Formoso, a

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prefeitura municipal de Mirangaba, a prefeitura municipal de Jacobina, a prefeitura
municipal de Morro do Chapéu e prefeitura municipal de Várzea Nova.
O segmento da sociedade civil, tem sua representação através de associações,
como a Associação Quilombola do Povoado de São Tomé, Associação Comunitária e
Agrícola de Lagoa de Canabrava entre outras, o Conselho Regional de
Desenvolvimento Rural e Sustentável da Região do Piemonte da Diamantina, e
universidades: Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e Universidade Federal do
Vale do São Francisco (UNIVASF).
O segmento dos usuários é composto majoritariamente por pequenos
usuários da categoria irrigação e agropecuária, com representação por pessoa
física, além da Embasa, na categoria de abastecimento urbano e lançamento de
efluentes.

2.1 Conflito pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio Salitre

Os conflitos pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio Salitre (BA)


envolvem os interesses públicos e privados, bem como trabalhadores rurais (sem
terra e pequenos proprietários) e o agronegócio, no contexto da regulação das
águas instituída pela Lei das Águas (Lei no 9.433/97).
Na bacia do Rio São Francisco, em particular na bacia do rio Salitre, um de
seus afluentes, os conflitos pelas águas ocorrem como resultado das históricas
desigualdades no acesso, sendo acirrados com o aumento das atividade agrícolas,
envolvendo empresas privadas do agronegócio, em especial os setores de frutas e
de cana-de-açúcar. O uso intensivo das águas do Salitre para irrigação, exemplo
raro de rio perene no semiárido, provocou sua completa exaustão,
comprometendo as condições de permanência na terra das comunidades que
tradicionalmente viviam em seu entorno.
Vários estudos têm identificado conflitos associados às desigualdades no
acesso à água e à terra nessa região, sobretudo, em função do acesso privilegiado à
água por empreendimentos privados que restringem o abastecimento da
população, a qual recorre ao abastecimento através de carros pipa,
disponibilizados pelos poderes públicos municipais (Geografar, 2011).

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Essa situação tem levado à mobilização e à organização de comunidades
atingidas pela escassez das águas. Como foi registrado no Mapa de Conflitos
Ambientais (2013), “em épocas de seca extrema, muitas famílias dessas
comunidades têm recorrido à destruição da rede elétrica como forma de parar o
bombeamento realizado rio acima e permitir que parte da água chegue às suas
terras ou plantações, o que gera um contínuo clima de discórdia e violência na
região” (Fiocruz; Fase, 2013).

2.2 Instrumentos de Gestão

Um instrumento de gestão é um plano com objetivos e diretrizes para as


ações a serem realizadas a curto, médio e longo prazos, visando o desenvolvimento
sustentável. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre busca implantar
instrumentos de gestão e governança das águas, tais como: fortalecimento da rede
de governança, consolidação e implementação dos instrumentos de gestão e
planejamento dos recursos hídricos, monitoramento dos recursos hídricos,
ampliação e consolidação da base de conhecimento sobre a bacia.
Ao longo dos anos, é possível constatar que as discussões do CBHS
permeavam em torno da elaboração e implementação do Plano de Bacia
Hidrográfica. Essas discussões foram sinalizadas desde as primeiras reuniões do
comitê em 2007 e 2008, porém ainda não existem registros em relação à
construção desse instrumento, conforme indicado em ata do CBHRNI, foi dado
prioridade a elaboração do Plano de Bacia para 10 comitês, dentre os quais
destacam-se: Grande, Corrente, Paraguaçu, Recôncavo Norte e Inhambupe, Contas
e Leste.
Segundo entrevista a uma técnica do INEMA, sobre porque o CBHS não foi um
dos prioritários na construção do Plano de Bacia, visto ter sido um dos primeiros a
prover tal discussão, foi destacado que os entraves se devem ao fato de problemas
relacionados à instituição responsável, nesse caso a empresa UFC, que devido ao
não cumprimento dos prazos, levou o comitê e o INEMA tomarem medidas
administrativas e judiciárias através da anulação do contrato, gerando um
processo jurídico que impossibilitou até mesmo a contratação de uma nova
empresa.
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Nesse contexto, as questões que tiveram destaque nas discussões do CBHS
estão relacionadas principalmente a criação de Agência de Bacia e o
enquadramento dos corpos d’água, necessários para a aplicação dos outros
instrumentos como outorga e cobrança, pelo uso das águas. Portanto, vale salientar
que, no Estado da Bahia, não há ainda a Agência de Bacia, instância importante na
gestão de recursos hídricos, responsável pela criação do Plano de Bacia.

2.3 Fiscalização

A fiscalização no uso dos recursos hídricos é uma das questões estratégicas


que o Comitê da Bacia do Rio Salitre vem tentando resolver, uma vez que um
problema iminente é a falta de regularização e fiscalização dos usos da água,
marcado, principalmente, pela existência de poucas outorgas de direito de uso de
recursos hídricos.
Neste sentido, um aspecto a ser considerado é a necessidade e urgência de
criação de sistemas de informações capazes de fundamentar a gestão dos recursos
hídricos e subsidiar a ação do poder público e dos vários segmentos sociais, de
forma que seja informado sobre usos indevidos da água na Bacia Hidrográfica do
Rio Salitre.

2.4 Recursos destinados ao comitê

Conforme a Lei 8194, de 21 de janeiro de 2002, O Fundo Estadual de


Recursos Hídricos do Estado da Bahia – FERHBA, criado por esta lei, é um fundo de
natureza patrimonial, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente – SEMA, e tem
como objetivo dar suporte financeiro à Política Estadual de Recursos Hídricos e às
ações previstas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias
Hidrográficas. Diante desta perspectiva, e segundo o Plano de Recursos Hídricos da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco 2016-2025, que dentre todas as suas
atribuições também determina orçamentos e investimentos necessários para a sua
implantação, estruturação, execução de projetos, desenvolvimento de ações e
manutenção social durante toda a década de gestão para a bacia em questão e, por
conseguinte, para todas as sub-bacias associadas, o orçamento estimado a ser

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disponibilizado para o CBHSF é de aproximadamente 532,5 milhões de reais,
sendo este valor o necessário segundo o Plano para a gestão decenária.
A Secretaria de Meio Ambiente diz que o FERHBA é regido pelas normas
estabelecidas na Lei nº 11.612 e pelo Decreto nº 12.024, de 25 de março de 2010, e
é dirigido por um Conselho Deliberativo composto por representantes da SEMA e
dos órgãos a ela vinculados, INEMA e CERB, e por dois representantes do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos - CONERH, sendo um do setor usuário e um da
sociedade civil, escolhido entre os seus pares. A SEC ainda externa que é atribuição
do FERHBA o repasse financeiro para os seguintes itens:
 Estudos, programas, projetos, pesquisas e obras no setor de recursos
hídricos, observada a aplicação prioritária dos recursos da cobrança prevista no §
2º do art. 24 desta Lei;
 Desenvolvimento de tecnologias para o uso racional das águas;
 Operação, recuperação e manutenção de barragens;
 Projetos e obras de sistemas de abastecimento de água e esgotamento
sanitário;
 Melhoria da qualidade e elevação da disponibilidade da água;
 Comunicação, mobilização, participação e controle social para o uso
sustentável das águas;
 Educação ambiental para o uso sustentável das águas;
 Fortalecimento institucional;
 Capacitação e treinamento dos integrantes do SEGREH;
 Custeio do SEGREH, na forma do disposto no § 1º do art. 24 desta Lei.

Segundo consta no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio


São Francisco 2016-2025, dentre as potenciais fontes de recursos para a
implantação do PRHSF 2016-2025 está o Fundo Estadual de Recursos Hídricos da
Bahia – FERHBA, o que indica o repasse financeiro da Instituição para o CBHSF ao
longo do período da atual gestão.
Em análise bibliográfica, documental e legislativa acerca de dados financeiros
referentes ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, nenhum valor foi
encontrado em fontes governamentais oficiais sobre o repasse do FERHBA para o

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CBHS, que se encontra ainda em estruturação efetiva, levando em conta que este
faz parte do CBHSF, sendo uma sub-bacia da Bacia do Rio São Francisco.
Analisando estes fatores, é possível externar que o CBHS se mantém ativo
mediante as cobranças legais atribuídas à suas funções, bem como em virtude de
doações e que, possivelmente, também recebe repasses advindos do CBHSF, estes
sendo originados do FERHBA, dentre outros órgãos, porém, estes dados não estão
sendo catalogados e registrados em meios oficiais de divulgação e transparência
financeira dos órgãos governamentais envolvidos.

2.5 Monitoramento dos recursos hídricos da bacia

Diante do caráter atual de estruturação do CBHS, é de vital importância que


este delimite em suas atribuições o monitoramento e acompanhamento da
qualidade dos recursos hídricos dispostos em sua Bacia, seja ela no Alto, Médio ou
Baixo Salitre. Ainda em discussão e vivendo o processo de criação do Plano de
Recursos Hídricos, é vital que o CBHS inicie um processo de desenvolvimento de
atividades em conjunto com os centros de pesquisa e referência na área, como as
universidades, para construir uma base sólida nas medidas de monitoramento de
seus recursos.
Ainda é inexistente a execução de medidas próprias do Comitê para o
monitoramento das águas do Rio Salitre, mas são inúmeros os trabalhos
desenvolvidos por profissionais capacitados acerca da qualidade das águas do
corpo aquático em questão. Esses dados devem ser a base para o início do trabalho
do CBHS em questões de monitoramento e inclusive devem estar contidos no
Plano de Recursos Hídricos a ser desenvolvido pelo Comitê.
Segundo (Ribeiro et al, 2002), “à medida que se aproxima da foz, ocorrem
reduções na vazão e aumentos nos valores das variáveis como salinidade, sódio,
cloreto, bicarbonato, nitrato, contribuindo com a salinização dos solos e da água de
áreas à jusante, provocando variações nas classes definidas pela análise de
agrupamento; medidas de redução da salinidade da água devem ser
implementadas visando à melhoria de sua qualidade em função dos usos, à

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redução dos riscos de salinização dos solos e à manutenção de sua capacidade
produtiva.”

O monitoramento realizado por profissionais não integrantes do Comitê


externa variáveis importantíssimas para nortear o trabalho que deve ser
executado pelo mesmo e estes trabalhos são a base para um melhor
acompanhamento, tratamento e investimento nos recursos encontrados no Rio
Salitre.

2.6 Realização de Atividades Complementares

A elaboração, desenvolvimento e execução de atividades de caráter


informativo, comunicativo e social são de grande importância para
complementariedade das funções desempenhadas pelo Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Salitre (CBHS). Ações conjuntas de diretrizes internas como a
Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) e a Câmara Técnica de
Educação Ambiental e Mobilização Social (CTEAMS) visam levar aspectos de
conscientização social para com a Bacia e seus recursos; ensinamentos práticos
acerca de outorgas e outros regimentos necessários e melhoras conjuntas para o
ambiente através de instrumentos como palestras, seminários e oficinas de
capacitação.
A utilização desses instrumentos não limita-se apenas à preservação
ambiental da Bacia do Rio Salitre (não desprezando a imensa importância desse
fator), mas também tem por objetivo buscar a aproximação da comunidade, como
também de produtores, com a gestão do Comitê, ocasionando uma maior
participação da população na resolução de conflitos e problemáticas. Além de
proporcionar uma esfera educativa e integrativa do processo de participação que
segundo (DAMASCENO, Ângela, 2012) “a capacitação para a participação política é
gerada pela própria prática ou experiências pessoais rotineiras em que se adquire
habilidades e procedimentos democráticos”.
Através de oficinas, palestras, seminários e outras possibilidades de eventos
relacionados, o CBHS pode promover o compartilhamento de tecnologias e
experiências sobre processos ambientais decisórios relativos a gestão dos recursos

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hídricos, implementação e uso de instrumentos de gestão. Através de oficinas de
capacitação, o presente Comitê tem buscado, principalmente, levar orientação
quanto a outorgas e uso da água, com vistas a amenizar uma das grandes
problemáticas encontradas pela região. Dentre as atividades encontra-se a
Capacitação Sanitária e Ambiental, cujas intervenções nesta área visam
conscientizar a população no que tange à relação recursos hídricos x meio
ambiente x usuário, com cursos de capacitação, seminários de conscientização e
um programa de educação sanitária e ambiental, estando esta ação presente em
qualquer linha da proposta deste trabalho de capacitação. Há ainda, para promover
uma maior inclusão da sociedade nas questões concernentes à Bacia, as audiências
públicas promovidas pelo Plenário do Comitê através de Reuniões Extraordinárias
do CBHS, cuja convocação, além dos membros titulares e suplentes está incluída a
participação de todos os interessados dentre a comunidade.
A despeito dessas atividades, tem-se no Regimento Interno do CBHS no
Capítulo I, artigo 3º alguns incisos que direta ou indiretamente abordam da
obrigatoriedade e/ou importância da aplicação dessas atividades, são eles,
referentes a atribuição:
Articular a viabilidade técnica, econômica e financeira de programas e
projetos de investimentos e apoiar a integração entre as políticas
públicas e setoriais, visando à sustentabilidade socioambiental da bacia
hidrográfica como um todo. (CBSH. Comitê da Bacia Hidrográfica do
Salitre. Regimento Interno do Comitê da Bacia Hidrográfica do Salitre –
Capítulo I, Art. 3º, Inciso V).

Estimular e propor a proteção, a conservação e revitalização dos


recursos hídricos e do meio ambiente contra ações que possam
comprometer o uso múltiplo atual e futuro. (CBSH. Comitê da Bacia
Hidrográfica do Salitre. Regimento Interno do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Salitre – Capítulo I, Art. 3º, Inciso IX).

Promover estudos, divulgação e debates sobre os programas prioritários


de serviços e obras a serem realizados no interesse da coletividade.
(CBSH. Comitê da Bacia Hidrográfica do Salitre. Regimento Interno do
Comitê da Bacia Hidrográfica do Salitre – Capítulo I, Art. 3º, Inciso XIII).

2.7 Principais Problemas identificados na Bacia do Rio Salitre

Um dos grandes desafios da gestão de qualquer Comitê está centrado na


resolução de problemas identificados nas respectivas bacias. Esses problemas
podem ter relações diretas com as atividades realizadas na região, fatores

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climáticos ou ainda sociais, políticos e econômicos. Segundo estudos do
(IDEAS/CESD, 2006), as principais problemáticas que surgem na gestão estão
relacionadas à competição entre setores e grupos de atores interessados; conflitos
gerados pela pobreza e por estratégias externas de desenvolvimento e de
inovação; e conflitos gerados pelas estratégias do setor público e fragilidades
institucionais.
Em relação à Bacia do Rio Salitre, destacam-se como principais problemas:
 Escassez de água. Que de acordo com a coordenadoria do Grupo de
Recursos Hídricos (GRH) não está relacionada apenas com o baixo índice
pluviométrico, alta taxa de evaporação local e elevado teor de salinidade
dos recursos hídricos disponíveis, mas, também, com a poluição das águas
superficiais e subterrâneas, uso indiscriminado da água, barragens mal
projetadas e mal localizadas e mau uso do solo, que fazem com que ocorram
grandes conflitos. A poluição das águas superficiais vem sendo agravada
pela falta de investimentos no setor de saneamento e falta de
implementação de instrumentos legais que disciplinem o uso do solo na
região. Estes dois instrumentos poderiam evitar o lançamento de efluentes
domésticos nos cursos d’água e a disposição inadequada de lixo em suas
proximidades, além de impedir o cultivo de lavouras próximas às margens
dos rios onde é feito o uso de agrotóxicos de forma indiscriminada. Essa
problemática aliada a falta de educação sanitária e ambiental agravam o
quadro ainda mais.
 Insuficiência de águas superficiais para usos múltiplos na Bacia. A qual
representa uma das maiores cadeias causais de problemas. Agravada pela
contaminação e poluição das águas, além de uso de técnicas (como
irrigação) de maneira primitiva e incorreta, gerando desperdício
descontrolado.
 Existência de barramentos inseguros. Estes, além de não receberem
adequada administração e devida manutenção, as quais colocam em risco a
segurança da comunidade através da instabilidade das estruturas, foram
construídos a muitos anos atrás com métodos errôneos que, segundo
análises, contribuíram para diminuição da vazão do rio.

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 Gestão deficiente das águas da Bacia do Rio Salitre. Problemática apontada,
principalmente, pela população em relação a falta de posicionamento dos
governos municipal e estadual frente aos conflitos e desigualdades descritas
em um dos tópicos deste trabalho, como também a falta de um
posicionamento mais assíduo dos órgãos representativos e defensores da
Bacia, como o CBHS.
 Ainda destacam-se problemas com outorgas e cadastros no Instituto do
Meio Ambiente e Recursos Hídrico (INEMA).

A propagação e desenvolvimento desses problemas podem ser sanados ou


aliviados através de medidas do Comitê como disciplinamento do uso da água,
gerenciamento adequado das águas subterrâneas, capacitações, controle do uso de
irrigação, recuperação de barragens, utilizando-se adequadamente de
instrumentos de gestão como os planos de Bacias Hidrográficas; o enquadramento
dos corpos de água em classes, segundo seus usos preponderantes; a outorga de
direito de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; a
fiscalização do uso de recursos hídricos.

2.8 Periodicidade das Reuniões do comitê

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Salitre foi criado em 27 de dezembro


2006, conforme verificado no decreto Nº 10.197, embora as reuniões do comitê só
viessem a acontecer em 2007. A ata mais antiga disponível no site do INEMA é
datada em 01 de junho de 2007, referente a 1ª Reunião Plenária Ordinária do
comitê, mais quatro atas do mesmo ano estão disponíveis, entretanto no site não
consta a ata referente a 3ª Reunião Plenária Extraordinária, impossibilitando
identificar se ela foi efetuada ainda no mesmo ano. Para os anos de 2008, 2009 e
2010, encontram-se disponibilizadas 5 atas, entretanto diversas não estão
arquivadas digitalmente; como também não se encontram documentação referente
as reuniões acontecidas entre o período de 2011 ao dia vinte e sete de dezembro
de 2015, data esta, referente a XVIª Reunião Plenária Ordinária do comitê. Os anos
de 2016, 2017 e 2018 também possuem atas ausentes, as últimas disponibilizadas
eletronicamente são referentes a XXIIIª Reunião Plenária Ordinária e XIXª Reunião

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Plenária Extraordinária. Contabilizando as Reuniões Plenárias Ordinárias e
Extraordinárias e as 5 reuniões sobre o andamento do Plano de Recursos Hídricos
e da Proposta de Enquadramento dos Corpos de Água da Bacia Hidrográfica do Rio
Salitre, os 12 anos de existência do comitê totalizam uma média de
aproximadamente 4 reuniões por ano.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A temática da gestão de recursos hídricos evidencia questões concernentes a


disputas de caráter político-institucional, econômico e ambiental. Abrangendo
polêmicas referentes a problemas habitualmente enfrentados na instrumentação
de ações que vissem combatê-los. Visto que a abordagem da gestão territorial de
bacias hidrográficas a partir dos comitês que as representam ainda se fazem
escassas, podemos identificar a importância do presente trabalho, o qual denota o
resultado de reflexões teóricas e pesquisa empírica realizadas a partir de
documentação, escrita e audiovisual, como também bibliográficas.
Em relação a recente implantação dos comitês de bacias na Bahia e mais
especificamente ao Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Salitre, o qual pode ser
considerado relativamente jovem, podemos identificar o constante conflito
existente em suas problemáticas envolvendo as politicas voltadas para o
gerenciamento dos recursos hídricos, podendo ser citadas a criação e ampliação de
instrumentos de gestão, como o Plano de Bacia hidrográfica e o enquadramento
dos corpos d’água que ainda estão em andamento, bem como as problemáticas de
escassez de água, existência de barramentos inseguros e também de problemas
com outorgas e cadastros no INEMA que refletem a deficiência na gestão das águas
do rio Salitre, apontada pela população como resultado da falta de posicionamento
dos governos municipais e estadual.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Lorena Ferreira de Souza. Os comitês como agentes de gestão territorial


da bacia hidrográfica: uma análise comparativa entre os comitês do Salitre e do
Recôncavo Norte e Inhambupe. Salvador, 2014. Disponível em:
http://repositorio.ufba.br:8080/ri/handle/ri/19848. Acesso em: 11 fev. de 2019
CARTA. Política Seminário Salitre: De onde viemos? Para onde vamos? Articulação
São Francisco Vivo. 16 mar. 2014. Disponível em: < http://goo.gl/eBLVeP >.
Acesso em: 12 fev. 2019.
CBSH. Comitê da Bacia Hidrográfica do Salitre. Regimento Interno do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Salitre – Capítulo I, Art. 3º. Juazeiro/Bahia, Novembro 2017.
CBHSF. Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Disponível em: <http://cbhsaofrancisco.org.br/planoderecursoshidricos/wp-
content/uploads/2015/04/RF3_24jan17.pdf>. Acesso em: 13 de fev. de 2019.
DAMASCENO, Ângela Patrícia Deiró. O Enquadramento dos Corpos d’água segundo
usos preponderantes sob a perspectiva da participação social. Universidade Federal
da Bahia. Salvador/Bahia, Janeiro 2012.
EMBRAPA SEMIÁRIDO. Variabilidade da qualidade da água do Rio Salitre.
Disponível em:
<http://www.cpatsa.embrapa.br/public_eletronica/downloads/OPB584.pdf>.
Acesso em: 13 de fev. de 2019.
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