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A antiga cidade de Ugarit (Ras-Shamra) foi escavada a partir de 1928, tendo, então, dado a
conhecer toda uma literatura e cultura dos séculos XIII e XII AEC.
A obra de literatura mais importante descoberta em Ugarit é o Ciclo de Baal, que descreve a base
da religião e do culto do Baal canaanita.
O filho herdeiro de El era Yam-Nahar (“Mar-Rio”), mas não era filho de Asherah. El
nomeou Yam para ser Rei dos Deuses.
O poderoso Baal, filho de Dagon, queria ser Rei dos Deuses. Confrontou-se com o
príncipe Yam-Nahar, filho do Altíssimo El. Não conseguiu o que pretendia porque El, por
amor ao seu filho, decidiu a favor de Yam.
A tirania de Yam
O príncipe Yam, Deus do Mar e Juiz Rio (Nahar), iria, então, tornar-se Rei dos Deuses.
Decidiu que lhe seria construído um majestoso trono. Governou com punho de ferro e
obrigou os Deuses a prestarem-lhe pesado tributo. Baal recusou-se a pagar tributo.
Os Deuses eram obrigados a trabalhar pesadamente até que foram pedir à sua mãe,
Asherah, Senhora do Mar, para que intercedesse por eles. Reclamavam que Yam era
muito irresponsável para ser Rei.
Asherah pediu a Yam que libertasse os seus filhos do seu jugo, mas Yam recusou.
Ofereceu-lhe favores, mas Yam não cedeu. Por fim ofereceu-se a si própria, o seu corpo,
ao Deus do Mar, proposta que Yam aceitou.
Asherah retornou à corte de El, na Nascente dos Dois Rios, e reuniu o Concílio dos
Deuses para apresentar o seu plano para apaziguar Yam. Baal, furioso e revoltado com
este plano, disse que não consentiria em tal aviltamento da Grande Deusa do Mar.
Yam, ao conhecer a opinião de Baal sobre o assunto, enviou dois emissários à corte do
Touro El, seu pai, para exigir a prisão de Baal e dos seus apoiantes, com a ordem
adicional de confiscar o seu ouro, porque Baal ainda não tinha pago o tributo. Disse:
- Vão, rapazes! Não fiquem sentados! Vão depressa à Assembleia dos Deuses no meio
da Montanha da Noite. Não caiam aos pés de El nem se curvem perante a Assembleia e
declarem a minha mensagem.
Com a aproximação dos emissários de Yam à Montanha da Noite, os Deuses ficam
apavorados, e, submetem-se, deitando a cabeça sobre os joelhos. Baal repreende-lhes a
cobardia:
- Porquê baixam a cabeça, ó Deuses, perante os tronos de El e Asherah, os vossos
verdadeiros Amos? Eu próprio responderei aos mensageiros do Juiz Nahar!"
Os emissários saúdam El, mas não se prostram nem se ajoelham, e anunciam as
intenções de Yam:
- Estas são as palavras de Yam, Nosso Senhor, Nosso Amo, o Juiz Rio: «Entreguem
aquele que protegem. Entreguem Baal, o filho de Dagon, e os seus partidários para que
eu possa receber o seu ouro».
O Touro El declara-se pronto para lhes entregar Baal:
- Baal é o teu escravo, ó Yam! O filho de Dagon é o teu prisioneiro. E levar-te-á o tributo,
o teu presente, como os outros Deuses.
Baal, furioso, tenta matar os emissários e só não consegue porque é impedido por Anat
e Astarte, que lhe seguram as mãos. Elas dizem-lhe: “Como podes destruir os
mensageiros de Yam? Os emissários do Juiz Rio apenas trouxeram as palavras de seu
Senhor e Amo!”. Baal, enfurecido, manda-os de volta para Yam com a mensagem de
que não se vergará e que irá destruir o tirano.
A derrota de Yam
Kothar, o Hábil (u-Khasis), vaticina que Baal vai vencer, tomar o seu Reino e obter
Soberania Eterna. Kothar fabrica duas armas mágicas para Baal: as mocas “Yagrush” e
“Aymur” (“Expulsa” e “Afasta”) que, nas mãos de Baal, voam como águias. Com elas,
Baal desfere vários golpes e finalmente esmaga a cabeça do seu inimigo.
Astarte repreende Baal: “Vergonha, ó Baal, Cavaleiro das Nuvens, por teres morto o
príncipe Yam, o Juiz Rio, pois ele era nosso prisioneiro.” E lá foi Baal envergonhado,
mas, já que o príncipe estava morto, que o deixassem reinar!
Mas os Deuses não morrem para sempre, e muito menos o príncipe dos Deuses.
Astarte deu a sugestão para Baal deixar uma cicatriz em Yam para que se lembrasse
daquele dia, o que foi feito.
Baal também enfrentou Leviatan, a serpente tortuosa, a besta de sete cabeças. A
batalha provocou agitação e tempestades horríveis no mar, ao longo do inverno; e
seguida de uma calmaria na primavera, e muita chuva no verão, até o seu término.
Terminado o morticínio, Anat recebe uma mensagem de Baal ordenando-lhe que volte a
trabalhos mais pacíficos (a virgem guerreira é, também, deusa da vida e da fertilidade).
Esta admira-se: não foi ela quem exterminou todos os inimigos do irmão!? Não, não
abateu o Príncipe do Mar, o dragão Tanin nem Leviatan, lembrou-lhe Baal.
O Palácio de Baal
Baal foi finalmente declarado Rei dos Deuses, e era também Senhor da Montanha de
Saphon e Deus dos Relâmpagos. No entanto, ele ainda morava no palácio de El e
Asherah, e queria construir seu próprio na sua montanha. Mas só El poderia dar
permissão para a construção de um palácio.
A seguir, Baal pede à sua irmã que interceda em seu favor. Esta diz a El: "O poderoso
Baal é nosso rei, nosso juiz, não há ninguém acima dele, e, contudo, não tem casa como
os demais deuses, não tem corte como os filhos de Asherah". El recusa o pedido.
Dirigiu-se a Kothar-u-Khasis e disse: “Todos os deuses têm uma morada e eu não. Vai,
implora a Asherah”.
Kothar acende as fornalhas e começa a fabricar presentes de ouro e prata para
Asherah: uma coroa, um trono, sapatos, uma mesa, uma taça... Asherah não parece
muito impressionada: chega a afirmar, em tom de brincadeira, que Baal deveria ser seu
escravo no Palácio de El.
A seguir chega Anat. Asherah diz:
- Porque vens suplicar a Asherah, Senhora do Mar? Já divertiste a Criadora dos
Deuses? Já entreteste o Touro El, o Criador dos Deuses?
- Nós suplicamos a Asherah. Vamos entreter-te ó Criadora. Os Deuses, teus filhos,
comerão e beberão.
Asherah vira-se para o seu servo, Qadish-u-Amrar, e diz:
- Põe a sela num burro, põe um arnês de prata e arreios de ouro.
Qadish-u-Amrar obedece e coloca a sua Senhora no burro. E à sua frente vai Anat.
Entram na mansão de El. Asherah prostra-se aos seus pés. Diz El, sorridente:
- Porque veio a Senhora Asherah dos Mares? Tens fome? Come um pedaço! Tens
sede? Bebe! Come ou bebe! Bebo o vinho num copo de ouro e come o pão da mesa. Ou
será a afeição por El que te move?
Asherah responde:
- Tuas palavras são sábias ó El! És sábio até à eternidade! O nosso Rei é Baal. Ambas
bebemos por ele. Olha, Baal não tem casa como os Deuses!
El replica:
- Sou eu porventura teu lacaio? Sou algum trolha para construir algo? Se uma tua serva
fizer os tijolos, será feita uma casa para Baal, sim, como as dos Deuses.
- Tu és grande, ó El! Verdadeiramente sábio. Tua barba branca instruiu-te muito bem! -
Asherah entrega um presente a El e continua - Olha, aqui tens peitorais de ouro para a
tua armadura! Agora Baal trará a chuva, pois Baal é que sabe as estações e dará a sua
voz pelas nuvens. Ele trará relâmpagos para a terra. Deixemo-lo escolher: uma casa de
madeira de cedro ou de tijolos. Deixemos que as montanhas lhe dêem prata, as
encostas o melhor ouro, as minas lhe dêem pedras preciosas, para que faça uma casa
de ouro, prata e lapis-lazuli.
A Virgem Anat regozija-se e salta para o céu e visita o Senhor das Montanhas Saphon:
- Trago-te notícias: vai ser construída uma casa para ti e para teus irmãos. Uma casa
de ouro, prata e lapis-lazuli.
Baal fica muito feliz e invoca Kothar-u-Khasis. Quando este chega, senta-o à sua direita
e sacrifica um boi. Quando ambos já comeram e beberam, Baal diz-lhe:
- Rápido, vamos construir uma casa.
Mas Kothar fez-lhe saber as suas condições:
- Entende-me, ó Baal, Cavaleiro das Nuvens, eu certamente colocarei uma janela, uma
abertura no teu palácio.
- Nem pensar! Yam poderia entrar e raptar as minhas meninas: Pidray, menina da Luz, e
Tallay, menina da Chuva – vocifera Baal.
- Pronto, mas vais mudar de opinião – sossegou Kothar.
Ao fim de sete dias, Kothar, apresenta a Baal um esplêndido palácio com cedro, tijolos
de ouro e prata. Lá dentro colocou sumptuosas mobílias.
Baal regozija-se e manda preparar um grande festim com bois e carneiros. Chamou os
seus irmãos e os setenta filhos de Asherah. Estes comeram e beberam até fartar.
Anat, no fim da festa, ainda encontrou mais dois possíveis inimigos, vagueando pelas
proximidades, e matou-os.
Finalmente Baal, o poderoso Hadad, tomou posse de noventa cidades na terra. Baal
entrou em casa como Senhor do Mundo e ordenou a Kothar:
- Que se instale uma abertura no palácio e que as nuvens abram-se com a chuva pela
abertura.
Kothar-u-Khasis ri-se:
- Não te disse, ó Baal, que irias mudar de opinião?
Foi feita a abertura no palácio mas esta tinha de ser protegida com chuva e
relâmpagos, por isso, Baal abriu as nuvens com chuva e fez também ouvir-se a sua
Santa Voz nos céus sob a forma de trovões.
Anunciam a El a morte de Baal, "O Príncipe da Terra", e o pai dos deuses veste luto; Anat
chora e fere-se a ela própria, na cara e no peito, com punhaladas. Entretanto Asherah
procura fazer com que Astarte ocupe o trono de Baal, mas não tem êxito. Anat parte em
busca do irmão, acompanhada da deusa solar Shapash, que conhece todos os recantos
do universo; encontram Mot: "ela o ceifa, o joeira, o gradeia, dispersa suas carnes pelos
campos e as aves as devoram". El, graças a um sonho premonitório, sabe que Baal vai
ressuscitar; vê, antecipadamente, "os céus gotejarem óleo, os regatos correrem como
mar'. Ordena a Anat e a Shapash que encontrem Baal; as deusas levam o deus morto
para as alturas dos montes Saphon onde ele recomeçará o seu reinado glorioso.
Ele teve batalhas terríveis com Mot, e inclusive foi morto (alguns dizem que foi um
clone seu, e não Baal de verdade), ficando sete anos no mundo dos mortos.
Quando El ouviu que Baal havia morrido, ele desceu de seu trono. Ajudou
correctamente a julgar a proposta de Astarte assumir o lugar de Baal. Sete anos depois,
ele sonhou que Baal estava vivo, em algum lugar, e retornava, para uma vez mais fazer
sua justiça.
Depois da morte de Baal, ela procurou por ele, e achando seu corpo, o carregou até o
Monte Saphon, onde o queimou, e fez uma oferenda ao deus-morto. Após sete anos de
procura, ela encontrou Mot, e o espancou até não poder mais.
BAAL E MOT
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Mot — Deus da Morte
Aproveitou-se do fim da batalha entre Baal e Yam, em que El não estava satisfeito por
Baal não ter agradecido pelo apoio à sua vitória, para assim convencer Baal a ser
engolido por ele - sendo assim morto, para que pudesse chegar ao mundo dos mortos,
somente para visitá-lo. Ficou surpreso, mas feliz, quando soube que Baal aceitou visitar
seu reino, e então engoliu Baal - ou o clone do mesmo. Era tudo uma armadilha para
matá-lo, traindo a confiança de Baal.
Por sete anos, Baal foi considerado morto. Até que Mot foi encontrado por Anath, e foi
espancado. Baal, então preso no mundo dos mortos, pode retornar e vencer todos
aliados de Mot. Após sete anos, foi a vez de Mot retornar, e derrotar boa parte dos
irmãos de Baal. Ambos travaram uma batalha intensa, que somente foi separada por
Camoesh, alegando esta que Baal devia um favor à El, e que então poderia pagá-lo
encerrando o combate.
Referências:
http://en.wikipedia.org/wiki/Baal_Cycle
http://web.archive.org/web/20080115123739/http://www.geocities.com/SoHo/Lofts/2
938/mythobaal.htm
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