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MURMURAÇÃO E ANSIEDADE
I. DESCONTENTE NA SOCIEDADE
É um pecado queixar-se contra Deus. “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?”,
perguntou Paulo retoricamente (Rm 9.20a). Pode a criatura indagar ao Criador: “Por que me
fizeste assim?” (Rm 9.20b). A queixa contra Deus é inoportuna e completamente inapropriada.
Não se engane pensando que apenas os piores blasfemos cometem esse pecado. Não é contra
Deus que estamos realmente nos queixando, quando reclamamos de alguma situação? Afinal de
contas, ele nos colocou onde estamos. A falta de gratidão e de contentamento são, na realidade,
ataques contra Deus.
Os queixosos exercem um efeito devastador sobre a igreja. Alguns são apóstatas; Judas os
qualifica como “… murmuradores (…) descontentes, andando segundo as suas paixões” (Jd 16). Seu
pecado é profano porque é altamente contagioso. Encontramos provas abundantes disso no
Antigo Testamento. Examinemos essas coisas cuidadosamente para que possamos proteger a
nós mesmos e a nossas igrejas de descerem a um lamaçal de queixas, descontentamento,
ansiedade e miséria.
II. Descontentes no Antigo Testamento
Esta é a cena: os israelitas estão no deserto, a caminho da terra prometida, após o
miraculoso livramento de séculos de escravidão no Egito. Deus lhes ordena que ocupem a terra.
Josué, Calebe e dez outros espiaram a terra ao redor e fizeram seu relato:
“Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente,
prevaleceremos contra ela. Porém, os homens que com ele tinham subido disseram: Não poderemos subir
contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que
haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores;
e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. (…) e éramos, aos nossos próprios olhos,
como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos. Levantou-se, pois, toda a congregação (…)
murmuraram contra Moisés e contra Arão; e (…) lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito
ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas
mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? (…) Então,
Moisés e Arão caíram sobre o seu rosto perante a congregação dos filhos de Israel (…) E Josué (…) e Calebe
(…) falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: (…) não sejais rebeldes contra o Senhor e
não temais o povo dessa terra (…) retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco (…) Apesar
disso, toda a congregação disse que os apedrejassem (Nm 13.30–14.7,9-10, grifos do autor).
Aqueles dez espiões, aqueles profetas da destruição, puseram toda a nação descontente
por reclamarem do que Deus tinha ordenado que fizessem. O que dizem as Escrituras sobre o
que aconteceu a eles? “Os homens que Moisés mandara a espiar a terra e que, voltando, fizeram
murmurar toda a congregação (…) esses mesmos homens que infamaram a terra morreram de
praga perante o Senhor” (Nm 14.36-37).
Dá para ter uma ideia do que Deus pensa a respeito dos murmuradores? Eles espalharam
um veneno pernicioso, que contaminou rapidamente outras pessoas. Eles tiveram a capacidade
de agitar todo o grupo, que já estava tomado pelo pânico. Isso aconteceu muitas vezes na história
de Israel. Com frequência, o pobre Moisés teve de ouvir reclamações acerca de sua liderança e
do alimento que Deus provia a todo o povo. No Salmo 106, conhecemos os murmúrios dos
israelitas: “tentaram a Deus na solidão [do deserto] (…) desprezaram a terra aprazível e não deram crédito
à sua palavra; antes, murmuraram em suas tendas (…) Então, lhes jurou, de mão erguida, que os havia
de arrasar no deserto; e também derribaria entre as nações a sua descendência” (v. 14,24-27).
O Novo Testamento deixa claro que a igreja deve aprender com os erros de Israel. Depois
de enumerar as bênçãos incríveis desfrutadas por esse povo das mãos de Deus, Paulo declarou:
“Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. Ora,
estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram
(…) nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos” (1Co 10.5-6,10).
A murmuração é sintoma de um problema espiritual profundo – o fracasso de confiar em
Deus e submeter-se à sua vontade. Não se trata de uma questão insignificante: “Aquele que não
dá crédito a Deus o faz mentiroso” (lJo 5.10). Eis um texto que melhor se enquadra: “Por que, pois, se
queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados” (Lm 3.39). Deus perdoou
nossos pecados e o único meio apropriado de lhe dizer “obrigado” é sendo realmente
agradecidos. Como aprendemos anteriormente, um espírito de gratidão afugenta a ansiedade –
e também estorva as reclamações.
III. Contentamento como ordem
Temos agora base para compreender a ordem de Paulo em Filipenses 2.14: “Fazei tudo sem
murmurações nem contendas”. O “tudo” refere-se ao que Paulo havia dito antes: “… desenvolvei
a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar” (v. 12-13). Em outras palavras, enquanto Deus está operando em sua vida, esteja certo
de que você não terá do que se queixar. A vida nem sempre nos supre com aquilo que
gostaríamos. Deus permite que sejamos provados para ajudar-nos a orar, confiar e ser gratos por
aquilo que temos. Ao longo de toda a Bíblia, há mandamentos para que sejamos contentes:
• 1Timóteo 6.6,8: “Grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento (…) Tendo sustento e com
que nos vestir, estejamos contentes”.
• Hebreus 13.5: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes”.
Você é uma pessoa contente? Você tem contentamento com aquilo que o Senhor lhe dá?
Como você tem desfrutado das suas bênçãos? Liste atitudes que você identifica em sua
vida, as quais o impedem de ter contentamento no Senhor. O que você pode fazer a esse
respeito? Coloque essas atitudes diante de Deus em oração e comece a mudá-las a partir
de hoje.