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cronologia

1966 1987
Nasce em Porto Alegre. Frequenta o curso de extensão em
escultura com Iole de Freitas, artista
1983 visitante pela Funarte, no Instituto de
Ingressa no curso de Artes Plásticas Artes da UFRGS. Neste curso, conhe-
da Universidade Federal do Rio Gran- ce as obras de Hélio Oiticica, Lygia
de do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Pape, Lygia Clark, Antonio Dias e
Waltercio Caldas. Assiste também ao
1985 workshop de Cildo Meireles, também
Frequenta o festival de inverno da parte do programa da Funarte.
Universidade Federal de Minas Ge-
rais (UFMG), em Diamantina, onde 1988
conhece os artistas Jimmy Leroy, Conclui o bacharelado em Artes
Agnaldo Pinho e Marco Paulo Rolla. Plásticas pela UFRGS, com orienta-
Realiza a primeira viagem a São ção de Carlos Pasquetti, artista que
Paulo, para visitar a Bienal. Vê as foi muito influente em sua formação,
videoinstalações de Brian Eno e assim como para a maioria dos ar-
seus trabalhos de ambient music: tistas surgidos em Porto Alegre nos
a primeira notícia da ideia de uma anos 1980. Faz sua primeira expo-
arte ambiental começa a reverberar, sição individual, pelo Projeto Ma-
mesmo antes de conhecer a obra de cunaíma, no Espaço Alternativo da
Hélio Oiticica. Funarte, no Rio de Janeiro. Conhece
então Marcos Chaves, Fernanda
1986 Gomes, André Costa, Eduardo Frota,
Participa de workshop de perfor- Carlos Bevilacqua, Franklin Cassaro,
mance com Guto Lacaz. A partir entre outros artistas também sele-
dali, acontecem as colaborações cionados.
em vídeo e performance com Elaine
Tedesco e Marion Velasco. 1989
Frequenta, desde 1985, o curso de É selecionada para o Salão Nacional
especialização sobre Alfabetização de Artes Plásticas da Funarte no
em Classes Populares (estudos de Rio de Janeiro, e suas esculturas se
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lógica, topologia, psicogênese da perdem com o roubo do veículo que
casa dos
artistas , 2004
língua escrita e do desenho, psica- transportava as obras do aeroporto
filtros em janelas nálise e antropologia) no Grupo de do Rio até o Museu Nacional de
[filters on windows] Estudos sobre Educação, Metodo- Belas Artes. O incidente gera sua
Entre Pindorama logia de Pesquisa e Ação (GEEMPA), primeira crise com a ideia de pro-
Künstlerhaus
em Porto Alegre, do qual sua mãe, duzir objetos, e também peças não
Stuttgart,
Alemanha Maria Celeste Machado, foi uma das reproduzíveis, e vai afetar a natu-
[germany] fundadoras. reza de seus trabalhos a partir dali.

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Frequenta oficina de videoarte no
Festival da UFMG, em Belo Horizonte,
onde conhece Rafael França, Lucas
Bambozzi e Cao Guimarães.

1990
p 128
Primeira exposição individual em
lucia koch, 1990
vista geral da São Paulo, a convite de Sônia
exposição Salsztein, integrando a segunda
[general view of mostra do programa de exposições
the exhibition]
do Centro Cultural São Paulo. É sua
Centro Cultural
São Paulo
última exposição de esculturas. A
partir de então, começa a experi-
mentar materiais industrializados
como espelhos, lâmpadas etc.
Com Elaine Tedesco, realiza o
vídeo Nove esboços para retratos,
sobre os artistas Renato Heuser, Fer-
nando Limberger, Luisa Meyer, Mario
Ramiro, Nina Moraes, Elcio Rossini,
Rochelle Costi, Everton Ballardin e
Iran do Espírito Santo. Os registros
são feitos em seus estúdios, em
Porto Alegre e em São Paulo.

1991
Divide ateliê com Elaine Tedesco,
com quem realiza a videoinstala-
ção Sentido noturno, exibida no
ForumBHZvideo, em Belo Horizonte,
e na Torre do DMAE, em Porto Ale-
gre. Levam a Belo Horizonte uma
cabine de elevador que é instalada
no centro da sala de exposição. A
presença incômoda de um veículo de
p 128 p 129 transporte estático, afastado de sua
sentido noturno, nove esboços função, relaciona-se com o sentido
1991 para retratos,
videoinstalação em 1991
de errância das imagens projetadas,
colaboração com vídeo feito em que haviam sido gravadas em via-
Elaine Tedesco colaboração com gens solitárias das artistas. Com Elai-
[video-installation Elaine Tedesco ne, realiza ainda a mostra Vá e Veja,
in collaboration [video in
em seu estúdio, e também mostras
with elaine tedesco, collaboration with
FORUMBHZVIDEO] elaine tedesco] de seus vídeos, assim como projetos
Belo Horizonte 13 min coletivos envolvendo outros artistas.

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Realiza os primeiros trabalhos RS) , seria ocupado nos anos seguin- p 131
in situ, em casas de amigos. São tes por exposições de arte e outros zero, 1991
peças de mostruário
desenhos em relevo feitos de massa eventos culturais.
de fórmica ligadas
plástica e papel de seda ou espelhos. Muda-se para São Paulo, onde por elos de metal
São proposições temporárias que começa a trabalhar com iluminação [formica samples

respondem a contextos particulares, cenográfica para eventos e assim connected by metal


rings]
inscritas na vida do lugar, já ocupado.tem acesso a equipamentos de pro-
jeção e filtros, que passa a usar em
1992 seus trabalhos de arte.
Participa da exposição Câmaras, Conhece Carlos Christofani e
Luciana Azanha, estilistas envol-
com Marijane Ricacheneisky, Elaine
vidos na produção da exposição
Tedesco, Luisa Meyer, Elcio Rossini,
Modos da Moda – 100 Anos de Moda
Fernando Limberger, Carlos Pas- p 131
no Brasil, promovida pelo Senac. É como viver
quetti, Renato Heuser, Nina Moraes,
convidada por Carlos a participar do sem dor, 1992
Jimmy Leroy e Iran do Espírito Santo,
desfile de encerramento do evento, Neka Menna Barreto,
ocupando o antigo Solar dos Câma- Rochelle Costi,
mostrando uma coleção de acessó-
ra, no centro de Porto Alegre. A dis- Luciana Azanha,
rios feitos em resina de poliéster e Carlos Christofani,
tribuição dos espaços, os trabalhos lâmpadas. “Como Viver sem Dor” Lucia Koch e [and]
impregnados do lugar e a dimensão é o título do desfile-happening, do Nina Moraes
coletiva do projeto antecipavam a qual participam também, além de
dinâmica e o conceito do Projeto Carlos e Luciana (Polyester/Vertigo),
Arte Construtora, que aconteceria outros projetos de artistas, como
entre 1993 e 1996. E o Solar, que fora os Assessoristas (Rochelle Costi) e
1993
restaurado para abrigar os anais da Comevestíveis (Neka Menna Barreto, Registra em slides e vídeo as fa-
Assembleia Legislativa do Estado (do Nina Moraes e Rochelle Costi). chadas revestidas de pastilhas
cerâmicas no bairro da Mooca, em
São Paulo. Começa a estabelecer
vínculos com a cidade por meio de
sua arquitetura popular, visitando
bairros e observando modos de
ocupação. Alimenta um acervo de
imagens de azulejos e pastilhas, que
viria a usar em trabalhos futuros.
Começam a reunir-se regular-
mente em São Paulo os artistas
p 130
envolvidos no Projeto Arte Constru-
Quarto, 1991
Papel e massa
tora, para definir conceitos, modos
para vedação de operar, viabilização de projetos e
[sealing mass and paper] locais de interesse. São eles: Elaine
instalação temporária Tedesco, Elcio Rossini, Fernando
em espaço doméstico
[temporary installation
Limberger, Jimmy Leroy, Luisa
at a domestic space], Meyer, Marijane Ricacheneisky e
Porto Alegre Nina Moraes. Trabalha na captação

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de recursos para a viabilização do
projeto, visitando possíveis patroci-
nadores, empresários, instituições
culturais, secretarias de cultura etc.

1994
O Arte Construtora ocupa o Solar
Grandjean de Montigny no Rio de
Janeiro e o Parque Modernista em
São Paulo, exemplares importantes “Os trabalhos foram realizados no
da arquitetura brasileira. convívio com os espaços e objetos
O Solar foi construído pelo ar- encontrados, condições climáticas,
quiteto Grandjean de Montigny, que histórias e arquitetura do lugar. Com p 132
liderou a missão francesa no Brasil, esta atividade exploratória, propo- frotagem a partir de
no início do século XIX, e adaptou mos uma arte ambientada, disposta cliché com a planta
modos construtivos locais para dos ambientes
a assumir as influências do meio”.
do segundo piso,
construir sua residência. Os artistas Em São Paulo, o Arte Constru- encontrado no
pesquisam a história do lugar e tora ocupa o Parque Modernista na parque pelos
visitam seus espaços para concebe- Vila Mariana, onde se encontra a artistas
rem seus projetos e definirem o local primeira casa modernista constru- [frottage from cliche
with the second floor
específico de seus trabalhos. ída no Brasil, pelo arquiteto russo
plan, found by the
Cao Guimarães é convidado Gregori Warchavchik, em 1927. Os artists in the parque
para escrever o texto da exposição jardins do parque foram projetados modernista]

e fotografá-la para o catálogo, e por Mina Klabin Warchavchik, esposa


p 132
viaja ao Rio de Janeiro com os do arquiteto, e foram pioneiros no Quadro de luz
artistas do Arte Construtora para uso de espécies nativas brasileiras. original com mapa
acompanhar a ocupação. No texto Lucia mostra o trabalho Circuito, da instalação
de apresentação do catálogo, os que ocupa o segundo piso da Casa elétrica da Casa
Modernista, na
artistas definem o projeto: Modernista, interferindo na luz de
reforma de 1935
[electrical system
diagram for casa
modernista, 1935 ]

p 133
circuito, 1996
intervenção com
filtros de cor em
blocos de vidro,
(antes e depois)
[intervention with
color filters on
glass blocks
(before and after)]
Arte Construtora
[in] no Parque
Modernista,
São Paulo

132 133
cada um dos ambientes, que eram, massa plástica e espelho.
originalmente, quartos de dormir. Por indicação de Mario Ramiro, é
Na “atividade exploratória” do Par- convidada a participar do Workshop
que, que dura alguns meses, encon- de Light Art, com Dieter Jung (da
tram o quadro de luz, que descreve KHM Köln), promovido pelo Goethe-
a rede elétrica da casa, e um clichêInstitut em Salvador, onde conhece
com a planta do segundo piso. o artista Marepe. Realiza vários
experimentos com projeções nos
1995 arranha-céus do centro de Salvador,
Participa da exposição Espelhos e como em Arquitetura baiana. A partir
Sombras, com curadoria de Aracy deste workshop, acontece em 1997
Amaral, no Museu de Arte Moderna a exposição Correntes Alternadas,
de São Paulo (MAM-SP) e no Centro no Instituto Cultural Brasileiro na
Cultural Banco do Brasil do Rio de Alemanha (ICBRA), em Berlim, reu-
Janeiro (CCBB RJ), onde mostra pela nindo Lucia, Marepe, Isabelle Borges
primeira vez suas redes feitas de e Mario Ramiro (autor do projeto).

p 135 Mostra, nessa exposição, a por vários curadores que percorre-


um dia depois instalação Carta, experimento de ram o país buscando um mapeamen-
do outro, 1996 escritura com cores transparentes to da nova geração de artistas brasi-
projeção
feito de pequenas estruturas me- leiros. É seu primeiro contato com os
[projection]
exposição tálicas (para fixação de disjuntores curadores Lisette Lagnado e Lorenzo
[exhibition] elétricos) usadas como molduras de Mammi, que visitam seu estúdio no
p 134 Antarctica Artes amostras de filtros. processo de seleção. Entre os ar-
carta, 1996 com a Folha tistas estão Cao Guimarães, Rivane
filtros de cor e Pavilhão Padre
Manoel da Nóbrega
1996 Neuenschwander, Marepe, Grivo,
molduras metálicas
[color filters and Parque Ibirapuera, Participa da exposição Antarctica Jarbas Lopes, Laura Lima, Cabelo,
metal frames] São Paulo Artes com a Folha, prospecção feita Mauro Restiffe e Raquel Garbelotti.

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Acontece o evento Arte Constru- p 136 Lorenzo Mammi, que, como lâmpadas ligadas a um sequenciador
tora na Ilha da Casa da Pólvora em casa própria, Aracy Amaral, foi convidado a visitar e munido de um gerador de energia
1996
Porto Alegre. Entre os convidados, a ilha ocupada e participar de um de- para mantê-las acesas. O campo de-
filtros de cor
estão os artistas Carlos Pasquetti, [color filters]
bate sobre o projeto, disse a respeito finido por seu Lago (“o contrário de
Mima Lunardi, Renato Heuser e Arte Construtora do teor das intervenções: uma ilha”) era utilizado pelos visitan-
Marepe. E também Felipe Chaimovi- na [at] Ilha da “Não há autoria coletiva: cada tes como área social: para encontro,
Casa da Pólvora,
ch, que acompanhou a ocupação e artista opera independentemente, jogo, piquenique, retratos.
Porto Alegre
escreveu o texto do catálogo com a num espaço próprio. As interven- Casa própria foi sua segunda
perspectiva de mais um visitante: p 136 ções, porém, são tão leves que intervenção, feita durante a ocu-
“O contato entre a ilha dos ar- lago, 1996 dificilmente poderiam ser chamadas pação da ilha e a montagem dos
tistas e o público não tinha regras lâmpadas e gerador de obras. São, mais exatamente, co- trabalhos. A cabana que os artistas
[lamps and generator]
prévias. Diferentemente de espaços mentários sobre o lugar. Por isso, di- ocupavam como “sede” neste pe-
Arte Construtora
tradicionais de se ver arte, a ilha na [at] Ilha da ferem seja das técnicas da Land Art, ríodo foi cedida temporariamente
não contava com um percurso nar- Casa da Pólvora, seja dos procedimentos costumeiros por um pescador da região. Estava
rativo de visitação. Um mapa, mais Porto Alegre das instalações. O lugar, para esses situada em local privilegiado como
comemorativo do que indicativo, artistas, não é apenas um material posto de observação, tendo janelas
dava alguns referenciais espaciais ou uma premissa necessária. Num voltadas para a cidade além do rio e
dos autores dos trabalhos espalha- certo sentido, o lugar é a própria outras de onde se podia ver as ações
dos – mas ninguém atinava com as obra, uma espécie de ready-made acontecendo na ilha. As janelas eram
referências. Como os próprios tra- transposto em escala ambiental, que aberturas cobertas por placas de
balhos interagiam, dividindo locais as intervenções se limitam a modifi- madeira que deslizavam em trilhos
ou se avizinhando, não existiam car sem superpor-se a ele”. rudimentares, que Lucia substituiu
etiquetas marcando sua autoria. Instala na clareira de um taqua- por placas de vidro temperado, nas
Chegar aos trabalhos dependia da ral, área natural com aparência de quais colocou filtros cênicos de
decisão de cada visitante, sem ga- espaço construído, o trabalho Lago: policarbonato em diferentes cores,
rantias de diferenciação clara entre sistema que inclui um diagrama de alterando a percepção da paisagem.
intervenção artística e composição
natural: várias obras mimetizavam
o local ou se misturavam à ilha,
incorporando condições e objetos
nativos. Cada um era um desbra-
vador, explorando trilhas, subindo
escadas ou entrando no rio com
roupa de caçador de alagado. Cada
um era uma ilha.”
Além dos convidados a cada
edição, para intervenções, textos e
fotografias, havia as colaborações
p 137
espontâneas, às vezes anônimas, Artistas do A.C. no
que aconteciam na frequentação do barco que atravessa
local transformado. Assim se esten- o rio Guaíba em
diam em ondas as proposições dos direção à Ilha
[a.c. artists on the
artistas, reverberando nas inten-
boat, crossing guaíba
ções de outros. river to the island]

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1997 curadoria de Angélica de Moraes no
p 139
Participa da exposição Ao Cubo, SESC Pompeia, em São Paulo. Inspi- bar, 1999
com curadoria de Martin Grossman rada nos filmes do cineasta, reúne videoinstalação
e Luciana Brito, no Paço das Artes, um conjunto de objetos e projeções [video-installation]

que reúne artistas influentes na em uma “sala-ponte” construída Festival de vídeo


de Garibaldi, Rio
sua formação, como Regina Silveira, sobre o “riacho” projetado original- Grande do Sul
Carmela Gross, Carlos Fajardo e Ana mente pela arquiteta Lina Bo Bardi
Maria Tavares. para o espaço de exposições. A sala
Viaja a Berlim para a exposição integra os demais elementos e tem
Correntes Alternadas. Com Rubens paredes nas dimensões de uma tela
Mano, visita a X Documenta de Kas- de cinema. Em uma das faces da sala,
sel e o Sprengel Museum em Hanno- cria um rasgo horizontal onde coloca
ver, que apresenta retrospectiva do uma sequência de filtros de cor, que
artista cubano Felix Gonzalez-Torres, se projeta também como sombra
e exibe importantes instalações de dentro do espaço da sala.
sua coleção. Entrar no Gabinete abs- Indicada por Regina Silveira,
trato de El Lissitzky, nos Dark spaces participa do workshop “Eros and
de James Turrel e no Merzbau de K. Techne: Human Sensorial Space and
Schwitters são experiências que a the Machine”, com Woody e Steina
afetam definitivamente. Vasulka, no Santa Fe Media Institute,
no Novo México, EUA. A primeira se-
1998 mana do workshop tem uma progra- (através de um magneto escondido
Volta a viver em Porto Alegre. Inicia mação de palestras, com os músicos sob a mesa) e o som produzido por
o curso de Mestrado em Poéticas David Dunn e Morton Subotnik, Joan elas indiretamente: a câmera era
Visuais com a pesquisa “Cores Im- La Barbara e os próprios Vasulkas. ligada a um programa que reconhe-
puras”, e trabalha como professora Na segunda semana, realiza vários cia os movimentos das cores nos
substituta no curso de Artes Plásti- experimentos no estúdio com equi- campos do quadro, e gerava sinais
cas da UFRGS, na área de Teoria da pamentos conectados a softwares que eram traduzidos em sons por
Percepção. de interação. Usando a câmera um sintetizador.
como interface, e recursos de baixa Voltando ao Brasil, exibiu este
1999 tecnologia como peças de brinque- vídeo na instalação Bar, apresenta-
Realiza a instalação Filme, home- dos encontrados nos mercados da da em Garibaldi/RS, no programa intervalos. Registra o deslocamento
nagem a Júlio Bressane exibida na cidade, cria um vídeo que reúne a do festival de vídeo da cidade. das projeções de sombra do sol, ao
mostra Território Expandido, com imagem destas peças se movendo Lucia e Elaine Tedesco foram as longo do dia, com uma câmera 16
artistas convidadas, e exibiram mm, quadro a quadro, e produz o
suas videoinstalações em um clube vídeo e o flip-book O Gabinete, que
social. Lucia escolheu o espaço do seria publicado em 2001.
p 138
filme, 1999
antigo bar, reativando os círculos
instalação de néon e as janelas de treliça que 2000
[installation] existiam no local. Conclui o Mestrado em Poéticas Vi-
exposição Apresenta Gabinete na 2ª Bienal suais no Instituto de Artes da UFRGS.
[exhibition]
do Mercosul em Porto Alegre. Ocupa Participa da Bienal de Ponteve-
Território Expandido,
SESC Pompeia, uma antiga oficina do porto com dra: Espaço como Projeto/Espaço
São Paulo acrílicos de cor em suas janelas e como Realidade, uma curadoria de

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Maria de Corral, apresentando Observatório foi o trabalho que
artistas brasileiros, espanhóis e criou para o espaço de seu estúdio,
portugueses. Esta exposição é im- que foi aberto para visitação no perí-
portante porque ali conhece vários odo da exposição, no último mês de
artistas de sua geração com os quais sua residência no Porto. A sala tinha
se relaciona, e que voltaria a encon- duas faces envidraçadas voltadas
trar em exposições, como os portu- para o Rio Douro. A transparência
gueses Miguel Palma e João Tabarra, excessiva fazia com que a paisagem
ou os espanhóis Maider Lopez, Ja- preenchesse o espaço durante o dia,
vier Peñafiel, Tere Recarens e Lara e à noite ele se convertia em vitrine,
Almarcegui. Participam também os totalmente exposto. Com a escolha
brasileiros Jarbas Lopes, Marepe, dos filtros, procura refazer algumas
Raquel Garbelotti, Ana Maria Tava- das experiências vividas no uso
res, Sandra Cinto, Rochelle Costi e diário do lugar: nas manhãs de inver-
Adriane Gallinari. no, havia um fog intenso que quase
a impedia de ver o entorno, por isso
2001 uma das películas escolhidas foi um
É convidada por Miguel Von Hafe difusor que recriava este efeito.
Pérez, para o evento Squatters/Ocu- O Museu Serralves, que promo-
pações, parte do programa Porto veu o evento Squatters (curadoria
2001. O convite inclui uma residência de Bartomeu Mari, Vicente Todolí
de quatro meses nos ateliês da Lada e João Fernandes), apresentou
no bairro da Ribeira, onde realiza o também neste período duas gran-
Projeto claraboias, colocando filtros des retrospectivas: Dan Graham
em claraboias circulares de prédios e Fischli&Weiss, artistas dos mais
residenciais, típicas da arquitetura influentes para Lucia.
local. Este projeto propunha um con- Voltando a Porto Alegre, realiza a
vívio produtivo com os moradores exposição Remistura O. A., na gale-
dos prédios onde trabalhou. ria Obra Aberta, dos artistas Vera

p 140, 141
OBSERVATÓRIO,
2001
filtros de cor
[color filters]
Squatters/Ocupações
Ateliês da Lada
Porto,
Portugal

140 141
Chaves Barcellos e Carlos Pasquetti. da série Fundos: Tetra Pak, Taglia-
Faz ali sua primeira instalação per- telle e Spaghetti. Em seu texto sobre
manente em local público, ocupan- a exposição, a curadora refere-se ao
do a claraboia da Galeria Chaves, trabalho de Lucia como “o espaço ao
tradicional galeria comercial no avesso”:
centro da cidade. “Através de visões ampliadas do
Participa do Panorama da interior de pequenas caixas de pape-
Arte Brasileira do MAM-SP, uma lão, Lucia Koch obtém, nas fotogra-
curadoria de Paulo Reis, Ricardo fias da série Fundos, uma escala que
Rezende e Ricardo Basbaum, que afeta fisicamente o espectador. Koch
tem itinerância no MAM-Rio e no causa perturbação quando coloca,
MAM-Bahia, em Salvador. Apresen- estrategicamente em paredes do
ta pela primeira vez os “painéis- museu, fotografias gigantes com
filtro”, paredes de exposição feitas imagens de ‘espaços alternativos’. O
de chapas de eucatex perfurado, desdobramento sugerido, das pare-
que, sobrepostas, criam um efeito des em salas anexas, desaparece à
óptico de malha virtual se trans- medida que o observador se aproxi-
formando com a movimentação ma das fotografias e pode identificar
do observador. Em cada museu, o detalhes que expõem a natureza do
trabalho foi reconfigurado e este objeto fotografado. A escala produz
tipo de painel seria usado outra vez uma ilusão espacial, mas uma obser-
em trabalho exibido na Bienal de vação mais detida reverte o efeito e
São Paulo de 2006. revela o objeto representado: emba-
Ainda em 2001, em individual no lagens de papelão comuns, para leite,
Centro Cultural São Paulo (CCSP), macarrão, risoto ou suco de laranja”.
expõe as primeiras fotos gigantes Em Nova Iorque, visita o Dia Center
da série Fundos: interiores vazios for the Arts, para conhecer o pavi-
de embalagens ampliados até uma lhão que Dan Graham criou para o
escala arquitetônica. terraço do prédio: Two-way mirror
cylinder inside cube, 1991.
2002 Faz sua primeira exposição na Ga-
Participa da exposição Shift, projeto leria Casa Triângulo, em São Paulo.
de curadoria de Luiza Interlenghi, Ocupa todas as aberturas da galeria
que havia conhecido como coorde- com chapas de acrílico, que filtram
nadora do Projeto Macunaíma em a luz que tinge o interior das salas
1987. A exposição, que reunia ainda e também alteram a percepção do
trabalhos de Fernanda Gomes e exterior através das janelas.
p 143
Franklin Cassaro, foi apresentada Participa da exposição ArteFoto,
tagliatelle, 2002
como trabalho de conclusão no organizada por Ligia Canongia no fotografia
curso de Mestrado em estudos CCBB RJ e que, no ano seguinte, é [photography]

curatoriais do Center for Curatorial apresentada no CCBB de Brasília. 240 x 120 cm


colaboração
Studies and Hessel Museum of Art Instala duas fotos da série Fundos
fotográfica de
at Bard College (CCS Bard), no esta- na exposição Matéria Prima, com [collaboration of]
do de Nova Iorque. Exibe três fotos curadoria de Agnaldo Farias e Fabio Del Re

142 143
Lisette Lagnado, que inaugura o p 145
Novo Museu, em Curitiba. intervenção com
filtros em luminárias
É convidada a participar do projeto
de auditório para
Parede do MAM-SP, instalando o tra- living stereo,
balho Parede RGB no corredor que 2002
dá acesso à sala de exposição princi- [intervention with
filters on auditorium
pal do museu. Posicionando no piso
lamps for living
uma sequência de refletores para
stereo]
ciclorama nas cores vermelho, azul e Faxinal das Artes,
verde, alternadamente, cria uma luz Faxinal do Céu
geral relativamente homogênea e
branca. Isso acontece porque as mis-
turas de cor-luz são aditivas e, quan-
do somamos as três cores primárias
da luz, elas se anulam e resulta uma
luz branca. No entanto, quando
alguém atravessa o espaço, entre as
lâmpadas e a superfície de projeção,
na parede do corredor pode-se ver
sombras de muitas cores: além de
vermelho, verde e azul, também

amarelo, magenta, ciano e preto. seus projetos e decidem apresentá-


Participa do projeto Faxinal das los simultaneamente, no auditório
Artes, realizado em Faxinal do Céu, local. Chamam esta apresentação
no interior do Paraná e concebido de Living Stereo, título que se re-
por Agnaldo Farias. Cerca de cem fere a mais uma colaboração sua e
artistas de todo o Brasil são convida- também à proposição de Marepe: a
p 144
dos a residir em chalés da região por audição simultânea de pares de dis-
PAREDE RGB, 2002
filtros RGB em quinze dias, e eventualmente criar cos de vinil encontrados, que chama
refletores trabalhos no local. Nestes dias, re- de “casamentos”. Lucia acrescenta
[RGB filters on
encontra amigos e conhece artistas cores às lâmpadas das luminárias
setlights]
como Marcelo Silveira, Debora San- existentes no auditório. Colabora
Museu de
Arte Moderna, tiago, Alex Cabral, entre outros. também Francisco Faria, artista que
São Paulo Lucia e Marepe conversam sobre cria a peça gráfica de Living Stereo.

144 145
sinais turcos cagaloglu
2003
p 146
Participa da 8ª Bienal de Istambul
viagem a Istambul,
– Poetic Justice, uma curadoria de 2003
Dan Cameron. Ocupa os espaços de [trip to istambul]

um banho turco em Sultanahmet ˘ ˘ hamami,


Cagaloglu
café do Grande
com o trabalho Turkish delight. O
Bazar; tellaks em
˘
Cagaloglu˘ Hamami foi fundado em
pausa para o chá;
1700 e desde então nunca fechou homem orando
suas portas. Continuou funcionando na mesquita
¸
Rustem ¸
Pasa
no período da Bienal; portanto, para
[turkish bath, Grand
ver as intervenções cromáticas na Bazaar café, tea
luz natural que banhava os hararets and coffee and man
(salas de sauna a vapor), o público praying at rustem

devia despir-se e experimentar pasa mosque]

o banho. Lucia acrescentou ele-


mentos em todos os espaços do
Hamam: nas janelas do bar, colocou
muxarabis de acrílico colorido e
metal (usou pela primeira vez o
corte a laser para vazar padrões
nas chapas acrílicas), e nas pare-
des, entre os objetos de decoração,
fotografias da série Fundos, feitas
especialmente para Istambul, seme-
lhantes em escala e forma a janelas
otomanas. Os padrões, desenhados
a partir daqueles encontrados no
Brasil, também eram reconhecidos
como tipicamente otomanos pelos
frequentadores.
A experiência em Istambul foi das
p 147
mais ricas e produtivas: a pesquisa
turkish delight,
para escolher o espaço dos traba- 2003
lhos, os inúmeros banhos e mas- abóboda com luz
sagens, a luz das arquiteturas bi- filtrada; hararet
feminino; hararet
zantina e otomana, os padrões nos
masculino
tecidos, tapetes e em todo lugar. [masseurs on a tea
Participa do livro coletivo edi- break; dome with
filtered light; female
tado por Katia Prates e Mario Ra- hot vapour sauna;
miro: Premonitor. Nele, publica sua male hot vapour

correspondência por e-mail com o sauna]


Cagaloglu
˘ ˘ Hamami
astrônomo Irapuan Rodrigues, que Poetic Justice,
introduz o tema da viabilidade e 8ª Bienal de
natureza do teletransporte. Istambul

146 147
em lona vinílica translúcida. O onde pesquisa elementos arquite-
gradiente cinza-chumbo/azul- tônicos correntes como balcões de
céu é tensionado na arquitetura, rótula, cobogós e azulejos.
“fechando” a entrada do Paço Viaja à Cidade do México, onde
durante a exposição Pintura Re- visita a exposição de Regina
encarnada. Com este trabalho, Silveira na Sala de Arte Publico
experimenta no mesmo ano o Siqueiros (SAPS), antigo ateliê do
deslocamento de um site specific, muralista mexicano que tem várias
transportando parte dele para obras suas em exposição perma-
a exposição Entre Pindorama nente. Visita também a casa do
(curadoria de Elke aus dem Moore arquiteto
e Giorgio Ronna) e adaptando-o Luis Barragán e a Casa Paracaidis-
para a arquitetura da Küns- ta de Hector Zamora, acoplada ao
tlerhaus Stuttgart, na Alemanha. Museu Carrillo Gil e habitada pelo
Recebe um dos prêmios Mar- artista no período de uma expo-
cantonio Vilaça, em sua primeira sição. É o primeiro contato com
edição. Com isso, tem o acompa- Hector, que reencontraria em 2006
nhamento crítico de Moacir dos e resultaria em uma colaboração
Anjos, que contribui muito para exibida na 27ª Bienal de São Paulo.
o desenvolvimento de projetos Participa (até 2005) do projeto
– discutindo estratégias e proposi- coletivo Jardim Miriam Arte Clube
ções – e para a reflexão sobre sua (JAMAC), na zona sul de São Paulo.
produção. Neste período, faz uma Propõe o núcleo de estudos cha-
série de viagens a Recife e Olinda, mado Luz Ambiente, oferecendo

2004
Muda-se para São Paulo pela segun-
da vez, onde inicia o curso de Douto-
rado na Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo
(ECA/USP), com a orientação de
Carlos Fajardo. Entre seus colegas,
estão Mario Ramiro e Ricardo Bas-
baum. Leituras de teoria da arquite- P 149
tura, disciplina oferecida pela pós- P 148 degradê sp
degradê sp, 2004 adaptado, 2004
graduação da Faculdade de Arquite-
jato de tinta Impressão jato de
tura e Urbanismo (FAU), intensificam sobre lona vinílica tinta sobre lona
o foco da pesquisa nesta área. translúcida vinílica translúcida
A convite de Angélica de Mo- [inkjet print on [inkjet print on
translucent vynil translucent vynil
raes, realiza no Paço das Artes o
canvas] canvas]
trabalho Degradê SP, o primeiro Paço das Artes, Künstlerhaus
da série de gradientes impressos São Paulo Stuttgart, Alemanha

148 149
oficinas sobre a luz nos espaços P 150 2005 outros artistas. A “negociação” é
domésticos e realizando algumas Sem título, 2004 intermediada pela curadoria, e os
Começa a trabalhar como profes-
[untitled]
intervenções em casas do bairro, sora do curso de Artes Plásticas da filtros são escolhidos em acordo
programa para
nas quais trabalhou com a colabo- telefones celulares Fundação Armando Alvares Pentea- com cada artista. Entre eles, estão
ração de seus moradores. Faz ali [software for do (FAAP), em São Paulo. Michael Beutler, Adrian Paci, Miriam
os primeiros experimentos com mobile phones] Participa da Bienal de Göteborg, Backström e Christian Andersson.
Life Goes Mobile, A convite de Evangelina Seiler,
elementos vazados cerâmicos. na Suécia. A exposição More than
Instituto Tomie
Percebe que o ar, e não apenas Ohtake, São Paulo This! Negotiating Realities é um participa, em 2005, da exposição
a luz, é elemento vital destes projeto da curadora Sara Arhenius. Espaço Urbano – Natureza Intrín-
espaços, e propõe aumentar a Os artistas viajam a Göteborg me- seca, no Espace Topographie, em
sua circulação com a abertura de ses antes da exposição, para um Paris, parte da programação do
novas janelas. Afasta-se do JA- encontro em que discutem concei- Ano do Brasil na França. Participam
MAC no final de 2005, depois de tos, projetos e espaços possíveis. É desta exposição Lia Chaia, Marcos
dois anos de trabalho do núcleo a oportunidade de propor o projeto Chaves, Raul Mourão, Lia Menna
Luz Ambiente. Light corrections, pela primeira Barreto, entre outros.
Participa da exposição Ipermer- vez e em sua versão mais radical, Em viagem a Marselha, fica hos-
cati dellArte – Il Consumo Contes- filtrando a luz de todos os espaços pedada no pequeno hotel da Unité
tato, no Palazzo Papesse de Arte da exposição, incluindo as áreas de d’Habitation de Le Corbusier e visita
Contemporaneo, em Siena. Expõe circulação e as salas ocupadas por apartamentos, lojas e o terraço do
uma fotografia da série Fundos:
Spaghetti Siena, adaptada à arqui- P 150
tetura do palazzo. Visita o Duomo correções de luz,
(catedral de Siena) todos os dias. 2005
filtros de cor
Ainda em 2004, participa da
[color filters]
exposição Life Goes Mobile (SO- intervenção em
NAR), com curadoria de Lucas claraboia sobre obra
Bambozzi. Exibiu, em uma insta- de Raul Mourão
lação, o software para telefones [intervention on the
skylight over raul
celulares que criou com o suporte
mourão’s piece]
do fabricante, para a composição Espaço Urbano/
e envio de mensagens de cor. As Natureza Intrínseca,
frases de cor eram criadas no te- Espace Topographie,
Paris, França
lefone, exibidas e depois “tocadas”
cor a cor, com duração correspon-
dente à sua extensão na sequência
composta.
Inaugura, com sua exposição
P 151
individual, o Espaço Maria Bonita, filtros para dois,
com a curadoria de Evangelina Seiler. 2005
Mostra fotografias da série Fundos estruturas metálicas
e usa parte do mobiliário existente com filtros difusores
[mettalic frames with
no local, instalando filtros e criando diffusion filters]
anteparos para a comunicação entre Espaço Maria Bonita,
duas pessoas. São Paulo

150 151
prédio, em uma experiência direta “Colocadas do lado do rio, as telas
com a linguagem da arquitetura que interpõem-se à nossa visão da paisa-
vem pesquisando. gem, substituindo-a por seus equiva-
Em Olinda, fotografa azulejos lentes artificiais. Nada mais emble-
de fachada com Gabriel A. Velar- mático do que substituir a natureza
de. As imagens tornam-se células por uma experiência artificial dela.
da animação em vídeo Olinda-Ce- Afinal, a Arte não é natureza e sua
leste, feita em colaboração com o existência depende de uma recriada
artista peruano. perspectiva do mundo. Dessa manei-
Participa da 5ª Bienal do Mer- ra, o trabalho faz uma troca entre o
cosul, em Porto Alegre, que tem sublime da paisagem que estaríamos
curadoria de Paulo Sergio Duarte e a vislumbrar através das portas
Gaudêncio Fidelis. Adapta o projeto desses galpões e o sentimento que
Degradês, criando três novos gra- temos da cor”.
dientes a partir de registros da luz do Em sua individual na galeria Casa
local, impressos sobre peças de lona Triângulo, Matemática Moderna,
translúcida tensionadas no espaço mostra um conjunto de intervenções
aberto de três portões. Os campos nas aberturas da galeria e trabalhos
de cor-luz variavam conforme a hora feitos a partir de imagens de azule-
do dia, pois eles funcionavam como jos, chamados “materiais concretos”,
backlights naturais. Gaudêncio Fide- exercícios de combinatória que
lis escreve a respeito deste projeto: geram conjuntos de variações.

P 152
degradês POA,
2005
jato de tinta
sobre lona vinílica
translúcida
[inkjet print on
translucent vynil
canvas]
5ª Bienal do
Mercosul,
Porto Alegre

P 153
matemática
moderna, 2005
Vista geral da
exposição
[general view of
the exhibition]
Galeria Casa
Triângulo,
São Paulo

152 153
P 154 escadas, recebe filtros e lâmpadas,
Lucia K. operando transformada em uma espécie de
as luzes da
piso de pista de dança virado de
instalação
[lucia operating
ponta-cabeça, e os vários efeitos
the light effects for] programados são operados ao vivo
clube por Lucia, que nesta noite “toca” as
internacional
luzes. O público ocupa as escadas e
do recife, 2006
patamares e dança até fazer o chão
Raul Mourão e [and] tremer, literalmente.
Flu como [as] DJ Na exposição Interventions, com
Surpresinha, curadoria de Luiz Camillo Osorio,
na festa de abertura
da qual participam também Chelpa
[at the opening party]
MAMAM, Museu Ferro, Nelson Leirner e Carla Gua-
de Arte Moderna gliardi, cria um grande muxarabi
Aloisio Magalhães, espelhado para a Haus der Kulturen
É a primeira projeção do vídeo de exposição, recuperando janelas
Recife
Olinda-Celeste, que seria exibido ain- “escondidas” por paredes falsas e der Welt, em Berlim. O trabalho Dein
da em Recife, Londres, Seul, Hiroshi- acrescentando filtros desenhados Spiegel é como uma colagem de
ma, Madri, São Francisco, e pertence para o espaço: muxarabis de acrílico padrões inspirados em elementos
à coleção do MAM-SP. cortados a laser em que padrões da arquitetura modernista e popular
Artista convidada do programa de cobogós são reduzidos à escala brasileira, e homenageia Lucio Costa,
do Atelier de Gravura da Fundação das treliças que lhes deram origem. com alguns padrões semelhantes
Iberê Camargo, com a coordenação Também constrói paredes de cobo- aos cobogós usados em seus prédios
do artista Eduardo Heasbert. De- gós de argamassa, reconduzindo a no Parque Guinle, no Rio de Janeiro.
senvolve algumas pesquisas usando circulação dos espaços.
chapas de metal perfuradas e sobre- Ainda em Recife, alguns meses
posição de padrões, e cria dois con- depois, acontece o encerramento
juntos de gravuras para montagens da programação do I Prêmio Mar-
variadas, que são como pequenos cantonio Vilaça, com uma exposição
“azulejos de papel”. dos artistas premiados no Museu
de Arte Moderna Aloísio Magalhães
2006 (MAMAM). Participam da mostra
No dia 2 de fevereiro, acontece no Marilá Dardot, Thiago Rocha Pitta,
Clube de Regatas Botafogo, no Rio Paula Trope, Renata Lucas e Lucia,
de Janeiro, o primeiro evento do DJ que promove na noite de abertura a
Surpresinha, coletivo de não-DJs segunda edição do DJ Surpresinha,
do qual participa com Raul Mourão, com Raul Mourão, Luisa Duarte e P 155
dein spiegel
Barrão e Luisa Duarte, formado em Flu como convidados. Esta come-
(para lucio
festa oferecida por Marcos Chaves. moração inaugura o trabalho Clube costa), 2006
Das frequentes visitas a Reci- Internacional do Recife, doado para a Acrílico espelhado
fe, surge a individual Matemática coleção do museu. O título refere-se recortado a laser
[mirrored acrylic
Espontânea, no programa de ex- à história do prédio, que abrigara
laser cut patterns]
posições da Torre Malakoff, com nos anos 1920 o clube de regatas
Interventions
curadoria de Cristiana Tejo. Lucia faz e bailes mais frequentados da ci- Haus Der Kulturen
adaptações na arquitetura das salas dade. A claraboia original, sobre as der Welt, Berlin

154 155
Participa da exposição Dual Re- P 156 P 157 para a ocupação de Jarbas Lopes
alities – Media City Seoul, na Coreia parede-favo para un buen orden, e do grupo de onze artistas que o
Jarbas Lopes, 2006
do Sul, onde exibe o vídeo Olinda-Ce- havia acompanhado em viagem de
2006 coautoria
leste e faz intervenção na claraboia instalação em [co-author]
um mês pelo Rio Amazonas. Chegan-
central do Seoul Art Museum, usan- cobogós cerâmicos Hector Zamora, do à Bienal, os artistas instalaram-se,
do pela primeira vez o filtro de PVC [installation in parede construída com os objetos trazidos, montando
violeta que cria o efeito de luz negra Ceramic cobogós] com cobogós sua tenda junto à intervenção de Lu-
27ª Bienal cerâmicos
usando luz natural: Day for night. Internacional de São
cia, aproveitando a ventilação criada
customizados
Participa da 27ª Bienal de São Paulo, Como Viver [wall built with e a abertura para o parque.
Paulo – Como Viver Junto, com qua- Junto, São Paulo customized Ceramic Com Hector Zamora, realiza o pro-
tro trabalhos: as colaborações com cobogós] jeto Un buen orden, uma construção
27ª Bienal
Jarbas Lopes e Hector Zamora, uma com elementos vazados cerâmicos
Internacional de
fotografia gigante da série Fundos – São Paulo, Como que são fabricados sob encomenda
Açúcar orgânico, e Sala de exposição, Viver Junto, e têm suas dimensões e ângulos de
trabalho que responde à arquitetura São Paulo corte alterados. Lucia e Hector tra-
da exposição e retoma os painéis balham na fábrica, experimentando
perfurados exibidos no Panorama da variações de padrões existentes e
Arte Brasileira de 2001. intervindo no momento da extrusão
Substitui um dos vidros do prédio e corte. Com estes cobogós customi-
por pequenos cobogós, criando uma zados, os artistas podem construir
“parede-favo” e preparando o espaço paredes autoportantes e curvas, ou

157
em ziguezagues irregulares, como Marcelo Zocchio abre seu es-
a exibida na Bienal. Os quatro pro- túdio na Rua Quiari, em São Paulo,
tótipos “koch-zamora” produzidos, para encontros quinzenais dos
e as maquetes ilustrando possíveis quais Lucia participa, assim como
montagens a partir destes elemen- muitos de seus amigos artistas,
tos, seriam exibidos na MACO, feira designers, arquitetos, cineastas,
de Arte Contemporânea da Cidade jornalistas e fotógrafos. Os encon-
do México, em 2008. tros “Quiari” são espaços de troca
informal, nos quais se mostra e
2007 comenta projetos em andamento,
Participa da exposição Curacción filmes, imagens de trabalhos reali-
Geometrica, com curadoria de zados, experimentos culinários etc.
Emma Robertson e Armando An- Apresenta Correções de luz no
drade Tudela, na galeria The Relian- Centro Universitário Mariantonia,
ce, em Londres. Entre os trabalhos em São Paulo, filtrando a luz natu-
exibidos, estão obras de Florian ral que ilumina o espaço expositivo
Pumhösl, Anni Albers e Falken e as áreas de circulação. Nesta
Pisano. ocasião, serve pela primeira vez
Viaja com Marcos Chaves e Hel- seu Filtro, coquetel que criou com
mut Batista a Kassel (para visitar ingredientes alcoólicos e ervas que
a Documenta XII) e Münster, na atuam como indutores de estados
Alemanha. Assiste aos concertos de alterados, para favorecer o contato
Daft Punk e Beastie Boys em Berlim. físico entre sujeitos, e deles com o
Expõe fotografias e filtros de espaço. O caráter atmosférico da
correção na individual Two Todays, intervenção na luz do ambiente é
na Starkwhite Gallery, em Auckland, potencializado por este outro filtro.
Nova Zelândia. Ainda na Nova Ze- Participa de Contraditório –
lândia, apresenta seu trabalho no Panorama da Arte Brasileira do
festival Spark, em Hamilton, e visita MAM-SP, com a curadoria de Moa-
o Museu Len Lye, em New Plimouth. cir dos Anjos.

P 158 P 159
Encontro Quiari, correções de luz,
2009, 2007
Renata Ursaia, filtros de correção
Nóris Lima, de cor [color
Mario Ramiro, correction filters];
Caio Reisewitz, degustação do
Marta Nehring, drink Filtro
Lucas Bambozzi, [degustation of
Luisa Meyer, the drink filtro];
Bruno Schultze montagem
e Nina Moraes, [installation process]
Ateliê de Centro Universitário
Marcelo Zocchio, Mariantonia,
São Paulo São Paulo

158 159
2008 e deslizantes, e conhece construções galeria, trabalhos, público) é a ideia
Em La Casa Encendida, em Madri, faz em que a estrutura em madeira ou central de Casa sem Dono.
a intervenção Casa acesa, instalando bambu, e os revestimentos em papel, Participa da exposição Lugares
filtros de correção na grande clara- são trocados frequentemente, em um Desdobrados, com curadoria de
boia que cobre o pátio central (lugar processo de renovação que é próprio Monica Zielinsky, que reúne também
de espetáculos de música, teatro da arquitetura tradicional no Japão. É Elaine Tedesco e Karin Lambrecht,
e dança), afetando a luz de todo o uma experiência reveladora de outros apresentada na Fundação Iberê
prédio. No período desta exposição, usos sensíveis do espaço, e de outra Camargo, em Porto Alegre. Faz suas
acontece no pátio o concerto do relação com o tempo, que gera novas Correções de luz no prédio projetado
projeto +2 (Alexandre Kassin, Dome- ideias de trabalho. por Alvaro Siza, importante arquiteto
nico Lancelotti e Moreno Veloso), e Nas janelas da Cinemateca Bra- português cuja obra havia conhecido
Lucia faz intervenções luminosas no sileira, instala espelhos acrílicos em sua residência na cidade do Porto
show, em uma colaboração proposta recortados, preparando o espaço em 2001. Lucia e Elaine têm a opor-
pelo curador do Brasil na ARCO 2008, para o evento De Rasgos Árabes, tunidade de experimentar novamente
Moacir dos Anjos. Coloca lâmpadas uma programação de filmes, deba- uma comunicação intencional entre
sobre a claraboia, piscando em se- tes e shows promovida pelo Centro seus trabalhos, e a claraboia da sala
quências programadas e executadas Cultural de Espanha em São Paulo, onde Elaine instala seu Observatório
ao vivo. Lucia, Kassin, Domenico e com curadoria do espanhol Pedro G. de pássaros recebe filtros azuis
Moreno já pensavam em uma possível Romero. Retoma as lâmpadas tuboled (3200o k > 5500o k). É a primeira
colaboração desde 2003, quando se na ambientação para o concerto do exposição coletiva de artistas con-
conheceram. projeto Artificial (aka Kassin), inspira- temporâneos exibida na nova sede da
Participa da exposição Quase da nas “naves” dos DJs que animam Fundação, inaugurada naquele ano.
Líquido, com curadoria de Cauê Alves, as festas de “aparellhagem” com a
no Itaú Cultural em SP, para a qual faz música tecnobrega nas noites do Pará.
o trabalho Primeiro encontro, uma Lucia opera ao vivo os efeitos de luz
instalação com lâmpadas tuboled, na “nave”, respondendo ao som do
programadas em mesa digital para gameboy de Kassin.
executarem sequências de cor preci- Convida os artistas Dane Mitchell
samente compostas. (Auckland, Nova Zelândia), Michael
Participa da exposição Mão de Yuko Hasegawa. Entre os artistas Beutler (Berlim) e Tere Recarens (ca-
Dupla, no SESC Pinheiros, em São brasileiros na mostra, estão Ana talã vivendo em Berlim), amigos com
Paulo. Cria, para a fachada de vidro, Tavares, Ernesto Neto, Rivane Neu- os quais havia participado de mostras
o trabalho Conjunto A, feito em MDF enschwander, Marepe, Rubens Mano anteriormente, a virem a São Paulo
P 161
recortado, um material muito familiar e A.V.A.F. Cria para o espaço do café instalação de luz para juntos apresentarem a exposição
ao contexto daquele espaço cultural, do MOT o trabalho Praising shadows, para concerto Casa sem Dono, na Galeria Casa Tri-
com muitas lojas de madeira e lami- sob a influência da leitura de “Elogio P 160 [light installation ângulo. O título foi inspirado no título
conjunto k, 2008 for the concert]
nados em seu entorno. da sombra”, ensaio de estética do de uma série de projetos desenhados
chapas de acrílico artificial, 2008
Integra a exposição comemorativa escritor japonês Junichiro Tanizaki, espelhado lâmpadas tuboled por Lucio Costa nos anos 1930, como
dos 100 anos de imigração japonesa sobre a presença de luz e sombra na recortadas a laser e mesa de luz digital exercícios de arquitetura moderna, e
no Brasil, Quando Vidas Tornam-se vida diária, na arquitetura e na cul- [mirrored acrylic, [tuboled lamps nunca executados.
Forma (When Lives Become Form), tura japonesas. Na viagem a Tóquio laser cut patterns] and DMX controller]
Os trabalhos foram feitos in situ,
Rasgos Árabes, Rasgos Árabes,
realizada no MAM-SP, em São Paulo, e Quioto com Rodrigo Bivar, visita com a convivência dos artistas no es-
Cinemateca Cinemateca
e no Contemporary Art Museum templos e ambientes domésticos sub- Brasileira de Brasileira de paço da galeria. A comunicação entre
(MOT), em Tóquio, com a curadoria divididos com paredes translúcidas São Paulo São Paulo os elementos deste conjunto (artistas,

160 161
Conclui o Doutorado em Poéti- P 162
cas Visuais na ECA/USP, com a tese Tere Recarens,
Dane Mitchell e [And]
Estados alterados do lugar.
Michael Beutler
Participam de sua banca de em montagem
defesa, além do orientador Carlos da exposicão
Fajardo, Carmela Gross, Felipe [installing
the exhibition]
Chaimovich, Sônia Salzstein e o
Casa sem Dono,
arquiteto Luís Antônio Jorge, pro- Galeria Casa Triângulo,
fessor da FAU/USP. São Paulo

parede zigzag,
2009
2008
Realiza a mostra Casa de Espelhos exposição
– Conjunto Nacional, na Galeria [exhibition]
Vitrine da Paulista da Caixa Cultu- Casa sem Dono,
ral, em São Paulo. Nesta individual, Galeria Casa Triângulo,
São Paulo
cobre as fachadas de vidro da
galeria com espelhos recortados,
visíveis do lado de fora pelos inú-
meros passantes que atravessam
este cruzamento diariamente,
pelos carros que usam a Avenida
Paulista, pelos que trabalham nos
escritórios do Conjunto Nacional
ou circulam no local de intenso
comércio, com livrarias, cine-
mas, lojas e cafés. Retoma, neste
trabalho, os padrões inspirados
nos elementos vazados encontra-
dos em São Paulo.
Participa do 8º Festival de Arte
da Serrinha, promovido por Fabio
Delduque na Fazenda Serrinha,
em Bragança Paulista. Escolhe um
terreno em declive, no pasto, para
construir a estrutura de eucalipto
que é coberta com lona translú- P 163, 164
purple rain,
cida. Quando iluminado pelo sol,
2009
o espaço interno é “tingido” de estrutura em
violeta, causando efeito semelhan- eucalipto e
te ao da luz negra. O equipamento cobertura em PVC
[structure in
de som é instalado eventualmente.
eucalipto wood
A presença da música é importan- covered with PVC]
te, Purple rain foi pensado como Fazenda Serrinha,
ambiente para dançar. Bragança Paulista

162 163
164

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