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Caxemira

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A Caxemira[nota 1] é uma região do norte do subcontinente
indiano, hoje dividida entre a Índia, o Paquistão e a China. O
termo "Caxemira" descrevia historicamente o vale ao sul da parte
mais ocidental do Himalaia. Atualmente, o termo "Caxemira"
politicamente descreve uma área muito maior, que inclui as
regiões de Jammu, Caxemira e Ladakh.

O nome da região é também sinónimo de material têxtil de alta


qualidade, devido à lã de caxemira, produzida a partir das cabras
nativas dessa região.

Índice
Etimologia
Disputas pelo território
Tensões constantes
Década de 1990
Terrorismo Mapa mostrando os territórios disputados: verde:
Caxemira Livre e Territórios do Norte, sob controle
Demografia
do Paquistão; marrom-escuro: Jammu e Caxemira,
Notas sob controle da Índia; Aksai Chin, sob ocupação
Referências da China.
Ver também

Etimologia
ِ ٔ ‫ ﮐ‬em língua caxemira, ‫ ﮐﺸﻤﯿﺮ‬em
A denominação da região, em algumas das línguas dos povos que a habitam, escreve-se ‫ﺸﯿﺮ‬
balti, क मीर em dogri e ‫ ﻛﮭﺴﯩﻤﯖﺮ‬em uigur. O Nilamata Purana descreve a origem do vale das águas, um fato corroborado por
proeminentes geólogos, e mostra como o próprio nome da terra foi derivado do processo de dessecação - Ka significa "água" e
Shimir significa "dessecar". Assim, Caxemira significa "uma terra dessecada da água". Há também uma teoria que leva Caxemira
a ser uma contração de Kashyap-mira ou Kashyapmir ou Kashyapmeru, o "Mar ou Montanha de Kashyapa", o sábio que se
acredita ter drenado as águas do lago Satisar primordial, que Caxemira foi antes de ser recuperado. O Nilamata Purana dá o nome
Kashmira ao (Caxemira Valley inclui o Lago Wular) "Mira", que significa o lago do mar ou a montanha de Sábio Kashyapa. Mira
em sânscrito significa oceano ou fronteira, considerando-a como uma encarnação de Uma e é a Caxemira que o mundo conhece
hoje. Os Caxemira, no entanto, chamam-no de 'Kashir', que foi derivado foneticamente de Caxemira. Os gregos chamavam-no de
'Kashyapa-pura', que foi identificado com Kaspapyros de Hecataeus (apud Stephanus de Byzantium) e Kaspatyros de Herodotus
(3.102, 4.44). Caxemira também é acreditado para ser o país significado por Ptolemy 'Kaspeiria': 'Caxemira' é uma ortografia
arcaica da atual Caxemira e, em alguns países, ainda é escrita dessa maneira. Uma tribo de origem semítica, chamada 'Kash'
(que significa uma barra profunda, no dialeto nativo), acredita-se ter fundado as cidades de Caxã e Kashgar, para não ser
confundido com a tribo de Kashyapi de Caspian. Terra e pessoas eram conhecidas como 'Kashir', das quais 'Cachemira' também
era derivado daí. Foi chamado "Kaspeiria" pela Grécia Antiga. Em literatura clássica, Herodotus chama-o "Kaspatyrol". [1].

Tibet ans chamado Khachal, que significa "neve e montanha". É, e tem sido, uma terra de rio s, lago s e flores silvestres s. O Rio
Jhelum corre todo o comprimento do vale.[2]

Disputas pelo território

Tensões constantes
Atualmente localizada no norte do subcontinente indiano, a Caxemira é disputada pela Índia e pelo Paquistão, desde o fim da
colonização britânica. As tensões na região têm início com a guerra de independência, em 1947, que resulta no nascimento dos
dois Estados - a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmano. Segundo uma resolução da ONU datada de 1947,
a população local deveria decidir a situação política da Caxemira por meio de um plebiscito acerca da independência do território.
Tal plebiscito, porém, nunca aconteceu, e a Caxemira foi incorporada à Índia, o que contrariou as pretensões do Paquistão e da
população local - de maioria muçulmana - e levou à guerra de 1947 a 1948. O conflito termina com a divisão da Caxemira: cerca
de um terço fica com o Paquistão (Caxemira Livre e Territórios do Norte, hoje denominados Gilgit-Baltistão) e o restante com a
Índia.

Em 1962, a República Popular da China conquista um trecho de Jammu e Caxemira (Aksai Chin). No ano seguinte, o Paquistão
cede aos chineses uma faixa dos Territórios do Norte. Um novo conflito, em 1965, não traz modificações territoriais. Já nos anos
1980, guerrilheiros separatistas passam a atuar na Caxemira indiana e mais de 25 mil pessoas morreram desde então. A Índia
acusa o governo paquistanês de apoiar os guerrilheiros - favoráveis à unificação com o Paquistão - e intensifica a repressão. A
situação da área continua tensa, pois além do conflito com o Paquistão, existe atualmente um forte movimento pró-independência
na Caxemira.

Década de 1990
O conflito serve como justificativa para a militarização da fronteira e para a corrida armamentista. Índia e Paquistão realizam
testes nucleares em 1998 e, em abril de 1999, experimentam mísseis balísticos capazes de levar ogivas atômicas, rompendo
acordo assinado meses antes. Os dois países chegam à beira da guerra total. O primeiro-ministro ultranacionalista da Índia, Atal
Vajpayee, ordena um pesado contra-ataque, que expulsa os separatistas em julho. A derrota paquistanesa leva a um golpe militar,
liderado pelo general Pervez Musharraf, que depõe o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif. Índia e Paquistão travaram na
Caxemira, em 1999, um confronto que se estendeu de 3 de maio a 26 de julho daquele ano, resultando em vitória indiana e em um
saldo ambíguo de mortos, visto que tanto dois lados do conflito clamam por diferentes quantidade de mortos.

Terrorismo
Uma onda de explosões mata dezenas de civis nas maiores cidades paquistanesas, entre o final de 1999 e o primeiro semestre de
2000. Fracassam negociações de paz entre o governo da Índia e os separatistas muçulmanos da Caxemira em julho de 2000. Os
combates recomeçam, assim como as ações terroristas nos territórios do Paquistão e da Índia. Em agosto de 2000, o Hizbul
Mujahidine, principal grupo separatista muçulmano na Caxemira, anuncia uma trégua unilateral. A Índia suspende operações
militares na Caxemira, pela primeira vez em 11 anos. As negociações fracassam diante da recusa da Índia em admitir o Paquistão
na negociação de paz.

Demografia
O censo de 1901 da Índia Britânica revelou que os muçulmanos constituíam 74,16% da população total do Estado principesco de
Caxemira e Jammu, frente a 23,72% de hindus e 1,21% de budistas. Os hindus encontravam-se principalmente em Jammu, onde
formavam pouco menos de 80% da população.[3] No vale de Caxemira, os muçulmanos contavam 93,6% da população e os
hindus, 5,24%.[3] Tais percentuais mantiveram-se relativamente inalterados nos últimos 100 anos.[4] Cerca de 40 anos depois, o
censo de 1941 da Índia Britânica indicou que os muçulmanos formavam 93,6% da população do vale de Caxemira e os hindus,
4%.[4] Em 2003, o percentual de muçulmanos no vale de Caxemira era de 95%[5] e o de hindus, de 4%: No mesmo ano, em
Jammu, a percentagem de hindus totalizava 66% e a de muçulmanos, 30%.[5]

Segundo o censo de 1901, a população total do Estado principesco de Caxemira e Jammu era de 2 905 578 habitantes, dos quais 2
154 695 eram muçulmanos (74,16%); 689 073, hindus (23,72%); 25 828, siques e 35 047, budistas. No vale de Caxemira, a
população contava 1 157 394 habitantes, dos quais 1 083 766 muçulmanos (93,6%) e 60 641 hindus.[3] Conforme o censo de
2001 da Índia, a população total do estado indiano de Jammu e Caxemira era de 10 143 700 habitantes, dos quais 6 793 240 eram
muçulmanos (66,97%); 3 005 349, hindus (29,63%); 207 154, siques; e 113 787, budistas.

Notas
1. "Caxemira", escrita dessa forma, é a única forma em língua portuguesa registrada pelos Dicionários Houaiss
(Brasil), Aurélio (Brasil) e Priberam (Portugal); pela obra "Topónimos e Gentílicos" de Ivo Xavier FERNANDES
(Porto: Editora Educação Nacional, Ltda., 1941. vol. I); pelo "Dicionário Onomástico Etimológico da Língua
Portuguesa" de J.P. MACHADO; e pelo "Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa" da Academia Brasileira
de Letras. Não se deve usar em português, portanto, a forma Cachemira, que é, entretanto, a forma correta em
espanhol. Cabe ressaltar, por fim, que em português europeu, ao contrário do português brasileiro, o uso
consagrou Caxemira como nome próprio não precedido de artigo - i.e., em Portugal diz-se "em Caxemira", "de
Caxemira", ao passo que no Brasil é usual ouvir "na Caxemira", "da Caxemira".

Referências
Metropolitan Book Company. University Press. 320 pages.
1. name = Bamzai4.6> P. N. K. 341 páginas ISBN 0-691-11688-1. page 37.
Bamzai, Cultura e História
3. Imperial Gazetteer of India, 5. BBC. 2003. The Future of
Política da Caxemira , Vol. 4-6, o
volume 15. 1908. Oxford Kashmir? In Depth (http://news.b
chinês que visitou a Caxemira
University Press, Oxford and bc.co.uk/2/shared/spl/hi/south_as
em 631 [AD] chamado de Ele
London. pages 99-102. ia/03/kashmir_future/html/default.
Kia-shi-mi-lo
4. Rai, Mridu. 2004. Hindu Ruler, stm).
2. Prithivi Nath Kaul Bamzai (1966).
Muslim Subjects: Islam and the
Kashmir and Power Politics from
History of Kashmir. Princeton
Lake Success to Tashkent. [S.l.]:

Ver também
Fronteira Índia-Paquistão
Subdivisões do Paquistão
Caxemira Livre (Paquistão)
Gilgit-Baltistão

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