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1. PRETENSÃO PUNITIVA
É um conjunto de atividades desenvolvidas pelo estado para que você seja punido.
Conceito: consiste no poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à sanção
penal. Através da pretensão punitiva, o Estado-Administração procura tornar efetivo o ius
puniendi, exigindo do autor do crime, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o
cumprimento dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza
no dever de abster-se de qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a
pena. Porém, tal pretensão não poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não
podendo nem o Estado impor a sanção penal, nem o infrator submeter-se à pena. Assim sendo,
tal pretensão já nasce insatisfeita.
2. SISTEMAS PROCESSUAIS
– O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova
ser produzida com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa.
- A separação das funções e a iniciativa probatória residual restrita à fase judicial preserva a
equidistância que o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível
com a garantia da imparcialidade e com o princípio do devido processo legal.
Art. 129, CF-88. São funções institucionais do Ministério Público:
[...]
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da Lei;
- Ao prever a titularidade do MP para ingressar com a ação penal, a Constituição acaba por
atribuir os papeis de ingressar com a ação em alguns casos a outros atores, assim como vai
deixando claro que as funções de acusar, defender e julgar não estão dispostas de forma
concentrada.
Sistema inquisitorial Sistema acusatório
- As funções de acusar, defender e julgar - Há uma separação das funções de acusar,
estão concentradas nas mãos de uma única defender e julgar;
pessoa (juiz inquisidor); - Garantia da imparcialidade é preservada;
- Comprometimento da imparcialidade; - O acusado é sujeito de direitos;
- O acusado é mero objeto do processo; - O juiz não é dotado do poder de
- A gestão da prova está concentrada nas determinar de ofício a produção de provas,
mãos do juiz, que pode produzir provas de já que estas devem ser fornecidas pelas
ofício em qualquer fase da persecução partes. Parte da doutrina admite certa
penal; iniciativa probatória residual do
magistrado exclusivamente durante a fase
judicial;
- TRF – 4ª Região Juiz Federal substituto 2016: Em nosso sistema processual penal, que segue
o sistema acusatório puro, não pode o juiz determinar de ofício a produção de quaisquer provas.
Resposta: Errado. No sistema acusatório brasileiro, o juiz tem iniciativa probatória residual.
2.3 Sistema francês ou misto
- É chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas fases distintas: a
primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por
isso, sem contraditório.
Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso.
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende
e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade.
- Comparando os dois textos, notamos algumas diferenças marcantes. Note que a Constituição
Federal, em nenhum momento, utiliza-se da expressão presunção de inocência, mas sim fala
em culpabilidade. Os que sustentam argumentos em favor da posição atual do STF, dizem que
de modo algum a Constituição poderia garantir a presunção de inocência por meio de ações
concretas, pois isso implicaria na impossibilidade do acusado sofrer com medidas cautelares,
por exemplo.
- A CADH na tendência de outras convenções internacionais de Direitos Humanos, faz
referência expressa a presunção de inocência.
- A Constituição Federal estende a presunção de não culpabilidade até o transito em julgado da
sentença penal condenatória, ou seja, até o esgotamento da via recursal. Logo, a CF-88 é
extremamente benéfica neste ponto. Diferentemente, a CADH é mais aberta ao garantir a
presunção de inocência apenas até a “comprovação legal da culpa”. O vocábulo aberto é
proposital, dado a intenção da Convenção em adequar-se a realidade de diversos países.
- A ideia contida na CADH sobre presunção de inocência faz com que a comprovação legal da
culpa se dá no exato momento em que o cidadão tiver a sua culpa confirmada com o efetivo
exercício do 2º grau de jurisdição. Pensando por este lado, a decisão do STF estaria totalmente
adequada. Ocorre, porém, que o limite previsto na Constituição de 1988 é bem mais amplo.
Diante dessa antinomia aparente, devemos lembrar que vale aqui o princípio da prevalência da
norma mais benéfica em matéria penal, aplicando-se, neste ponto, a CF/88 no lugar da CADH.
c) Dimensões de atuação do princípio da presunção de inocência
O princípio da presunção de inocência atua em duas dimensões distintas. A primeira, interna,
impõe aos sujeitos processuais um dever perante a lei. A segunda, externa, obriga não os
sujeitos processuais, mas sim todos os atores que, a despeito de não atuarem diretamente no
processo, tem o dever de respeitar a presunção de inocência. Hoje no Brasil, por exemplo, com
a “espetacularização do processo penal”, aqueles que são presos são expostos pela mídia como
se já tivessem sido condenados.
c.1) Dimensão interna ao processo:
- Regra probatória;
- Regra de tratamento;
c.2) Dimensão externa ao processo: o princípio da presunção de inocência e as garantias
constitucionais da imagem, dignidade e privacidade demandam uma proteção contra a
publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como limites democráticos à
abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial;
Caso J. vs. Peru: a Corte Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Peru por
violação ao estado de inocência, previsto no art. 8.2 da CADH;
Caso J. vs. Peru: a Sra. J. foi presa durante o cumprimento de medida de busca e apreensão
residencial. Processada criminalmente por terrorismo e associação ao terrorismo, em virtude de
suposta vinculação com o grupo armado Sendero Luminoso, foi absolvida em junho de 1993.
Logo após ser solta, deixou o território peruano. Em dezembro do mesmo ano, a Corte Suprema
Peruana cassou a sentença absolutória, determinou um novo julgado e decretou sua prisão;
- Para a CIDH, os distintos pronunciamentos públicos das autoridades estatais, sobre a
culpabilidade de J. violaram o estado de inocência, princípio determinante que o Estado não
condene, nem mesmo informalmente, emitindo juízo perante a sociedade e contribuindo para
formar a opinião pública, enquanto não existir decisão judicial condenatória. Para a Corte, a
apresentação da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu quando ela
estava sob absoluto controle do Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido
levadas a cabo sob conhecimento e controle do Estado, por meio de seus funcionários;
- A Corte acentuou não impedir o estado de inocência que as autoridades mantenham a
sociedade informada sobre investigações criminais, mas requer que isso seja feito com a
discrição e a contextualização necessárias, de tal modo a garantir o estado de inocência. Assim,
fazer declarações públicas, sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera na sociedade
a crença sobre a culpabilidade do acusado;
d) Regras fundamentais que derivam do princípio da presunção de inocência (dimensão
interna):
d.1. Regra probatória;
d.2. Regra de tratamento;
d.1) Regra probatória (in dubio pro reo): recai sobre a acusação o ônus de comprovar a
culpabilidade do acusado, além de qualquer dúvida razoável, e não deste de provar sua
inocência.
- Para que alguém seja absolvido com base na presença de uma das excludentes da ilicitude
basta a dúvida.
Ex.: Pessoas brigam no final de uma festa e não há câmera de vigilância. Nestes casos, em que
um acusa o outro de dar início a agressão, existem dúvidas de quem agiu em legitima defesa e
de quem era o agressor originário. O caminho mais usual, nestes casos, é a absolvição com base
na dúvida descrita no Art. 386 do CPP.
d.2) Regra de tratamento: a privação cautelar da liberdade de locomoção, sempre qualificada
pela nota da excepcionalidade, somente se justifica em hipóteses estritas. Em outras palavras,
a regra é que o acusado permaneça em liberdade durante o processo; a imposição de medidas
cautelares pessoais (v.g., prisão preventiva ou cautelares diversas da prisão) é a exceção.
LEMBRE-SE: Desde a Lei 12.403/2011, a prisão preventiva e a prisão temporária não são mais
as únicas medidas cautelares de cunho pessoal. O monitoramento eletrônico, a proibição de
frequentar certos lugares e a proibição de se ausentar da comarca, são exemplos.
ATENÇÃO: A prisão neste caso só ocorre após o esgotamento da instância ordinária e não logo
após a prolação do acórdão que julga a apelação.
FUNDAMENTOS DO RELATOR
- É no âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas
e, sob esse aspecto, a própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. É dizer, os
recursos de natureza extraordinária não configuram desdobramentos do duplo grau de
jurisdição, porquanto não são recursos de ampla devolutividade, já que não se prestam ao debate
da matéria fática probatória;
- Não se pode afirmar que, à exceção das prisões em flagrante, temporária, preventiva e
decorrente de sentença condenatória transitada em julgado, todas as demais formas de prisão
foram revogadas pelo art. 283 do CPP, com a redação dada pela Lei 12.403/2011, haja vista o
critério temporal de solução de antinomias previsto no art. 2º, § 1º, da Lei 4.657/1942 (Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Se assim o fosse, a conclusão seria pela
prevalência da regra que dispõe ser meramente devolutivo o efeito dos recursos ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), visto que os arts. 995 e 1.029,
§ 5º, do CPC têm vigência posterior à regra do art. 283 do CPP. Portanto, não há antinomia
entre o que dispõe o art. 283 do CPP e a regra que confere eficácia imediata aos acórdãos
proferidos por tribunais de apelação;
- Quanto a eventuais equívocos das instâncias ordinárias, não se pode esquecer que há
instrumentos aptos a inibir consequências danosas para o condenado, suspendendo, se
necessário, a execução provisória da pena, como, por exemplo, medidas cautelares de outorga
de efeito suspensivo ao RE e ao Resp, e o habeas corpus;
- STF (ADC’s 43 e 44): 05/10/2016: por maioria de votos (6 a 5), o Plenário do STF entendeu
que o art. 283 do CPP não impede o início da execução da pena após condenação em segunda
instância. Por isso, indeferiu as cautelares pleiteadas nas ações declaratórias de
constitucionalidade;
Art. 29, CADH. Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada
no sentido de:
(...)
b) Limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser
reconhecidos de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de
acordo com outra convenção em que seja parte um dos referidos Estados;
Art. 637, CPP. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez
arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à
primeira instância, para a execução da sentença.
Art. 283, CPP. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da
investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Gabarito: C
ATENÇÃO: Não é apenas o preso que é titular do direito de não se autoincriminar, mas sim
todos aqueles a quem se imputa um ilícito. Isto porque o status prisional do indivíduo não é um
critério razoável para se estabelecer uma discriminação voltada a limitar o rol.
Art. 342, CPP. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou
em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três
anos, e multa. (Vide Lei nº 12.850, de 2.013) (Vigência) (...)
STF: “(...) Paciente que, embora rotulado de testemunha, em verdade encontrava-se na condição
de investigado. Direito constitucional ao silêncio. Atipicidade da conduta. Ordem concedida
para trancar a ação penal ante patente falta de justa causa para prosseguimento”. (STF, 2ª
Turma, HC 106.876/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2011, DJe 125 30/06/2011). No
mesmo contexto: STF, Pleno, HC 73.035/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 13/11/1996, DJ
19/12/1996; STF, 2ª Turma, RHC 122.279/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 12/08/2014, DJe
213 29/10/2014.
4.3. DEVER de Advertência Quanto ao Direito de Não Produzir Prova Contra a Si Mesmo.
Art. 5º, LXIII, CF-88. preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado.
STF: “(...) Gravação clandestina de “conversa informal” do indiciado com policiais. Ilicitude
decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, ilegalmente preso ou da
falta de prova idônea do seu assentimento à gravação ambiental - de constituir, dita “conversa
informal”, modalidade de “interrogatório” sub- reptício, o qual - além de realizar-se sem as
formalidades legais do interrogatório no inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem
que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio contra a auto-incriminação
- nemo tenetur se detegere -, erigido em garantia fundamental pela Constituição - além da
inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 C.Pr.Pen. - importou compelir o
inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do seu direito ao silêncio:
a falta da advertência - e da sua documentação formal - faz ilícita a prova que, contra si mesmo,
forneça o indiciado ou acusado no interrogatório formal e, com mais razão, em “conversa
informal” gravada, clandestinamente ou não. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 80.949/RJ, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ 14/12/2001).
2ª CORRENTE: NÃO. O STF afirma que o dever de advertência só é válido para o Poder
Público
STF: “(...) Alegação de ilicitude da prova, consistente em entrevista concedida pelo paciente ao
jornal “A Tribuna”, na qual narra o modus operandi de dois homicídios perpetrados no Estado
do Espírito Santo, na medida em que não teria sido advertido do direito de permanecer calado.
Entrevista concedida de forma espontânea. Constrangimento ilegal não caracterizado. Ordem
denegada”. (STF, 2ª Turma, HC 99.558/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010).
- O silêncio do réu não pode ser interpretado em desfavor do acusado, pois isso implicaria a
própria negação do nemo tenetur
Art. 198, CPP. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
LEMBRE-SE: O CPP deve ser lido de acordo com a Constituição. E, nesse sentido, podemos
falar que a parte final do Art. 198 do CPP, que permite ao juiz fazer do silencio um elemento
de convicção, é inconstitucional.
- Em tempos anteriores, era comum o acusado no júri ficar calado no início e o promotor usar
isso em seu desfavor no momento dos debates. Isso, no entanto, não pode mais ser feito desde
que a Lei 11.689/2008 alterou o CPP, determinando que o exercício do direito ao silêncio não
pode ser utilizado como argumento para convencer os jurados, principalmente porque esse seria
um argumento apto a impressionar o jurado e, facilmente, convencê-lo, já que ele não precisa
fundamentar seu voto. Mesmo assim, o exercício do direito ao silencio incomoda os jurados.
Por esta razão, além de dispor sobre a interpretação do silêncio, a Lei 11.689/2008 determina
que a presença do acusado não é mais obrigatória, independentemente da natureza do delito.
Isso faz com que o acusado não corra o risco do exercício do direito ao silencio ser interpretado
negativamente pelos jurados.
Art. 478, CPP. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à
determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou
prejudiquem o acusado;
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu
prejuízo.
2ª CORRENTE: Não há direito de mentir para o acusado, mas sim inexigibilidade de dizer a
verdade. Logo, como não existe crime de perjúrio no Brasil, não há como se exigir a verdade
do imputado.
- Meios de prova invasivos são intervenções corporais que pressupõe algum tipo de penetração
no organismo humano.
Ex.: No caso das chamadas “mulas”, que transportam drogas no organismo humano, não é
possível obrigar a pessoa a realizar uma cirurgia para retirada ou, no mínimo, que ela tome
algum tipo de remédio para expelir o conteúdo da droga. É possível, no entanto, a realização de
um raio-x, que é modalidade de prova não invasiva.