Você está na página 1de 5

Manual da conversão do tempo especial em comum

Orientações básicas para aplicação dos índices multiplicadores na conversão do


tempo especial em comum

A argumentação ora deduzida somente consta da presente preambular em atenção ao


princípio da eventualidade caso este Juízo não reconheça o direito à aposentadoria
especial, tendo o autor formulado o pedido de aposentadoria por tempo de contribuição em
caráter sucessivo. Ainda consta nesta petição inicial o pedido de natureza meramente
declaratório para o reconhecimento dos períodos especiais ou comuns porventura aceitos
pelo Poder Judiciário, na hipótese remota de não ser acolhido qualquer pedido para a
concessão das prestações previdenciárias reclamadas.

A aposentadoria especial foi instituída, conforme já mencionado, como uma modalidade


de compensação previdenciária para o trabalhador ante a potencialidade de danos à sua
saúde ou integridade física por exercer seu labor em um ambiente de trabalho nocivo.

O fato de não ter o segurado completado os 25 anos de tempo especial, não elimina o
risco que o mesmo esteve submetido durante os períodos em que houve exposição ao
agente nocivo, motivo pelo qual negar o cômputo diferenciado para tais períodos seria o
mesmo que negar eficácia, ainda que parcialmente, à proteção social de alçada
constitucional prevista ao segurado.

Por esta razão, a conversão do tempo especial em tempo comum para aqueles segurados
que não completaram o direito à aposentadoria especial é mero corolário do tratamento
diferenciado que a legislação lhes conferiu, fazendo incidir, independentemente do período
laborado, a seguinte tabela contemplada no art. 70 do Decreto 3.048/99:

“Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em


tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela:
(Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 2003)

MULTIPLICADORES
TEMPO A CONVERTER
MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)
DE 15 ANOS 2,00 2,33
DE 20 ANOS 1,50 1,75
DE 25 ANOS 1,20 1,40

1
Manual da conversão do tempo especial em comum
§ 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob
condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época
da prestação do serviço. (Incluído pelo Decreto nº 4.827, de 2003)
§ 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais
em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao
trabalho prestado em qualquer período. (Incluído pelo Decreto nº 4.827, de
2003)”

Ora, se o próprio Poder Executivo reconhece o direito à conversão do tempo comum em


especial, independentemente da época da prestação laboral, não é razoável que o Poder
Judiciário negue tal pretensão, sob pena de inaugurar uma celeuma que sequer existe na
via administrativa, desvirtuando o verdadeiro escopo da prestação jurisdicional que é
solucionar conflitos (e não criá-los).

Este é o entendimento recente do colendo STJ:

PREVIDENCIÁRIO. FATOR DE CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO


ESPECIAL EM COMUM. REGRA DO DECRETO N. 3.048/1999, ART. 70.
APLICAÇÃO PARA O TRABALHO DESEMPENHADO EM QUALQUER
ÉPOCA (PRECEDENTES).
1. Conforme precedentes do Superior Tribunal de Justiça, para fins de
conversão do tempo de serviço especial em comum, deve ser aplicada a
tabela contida no art. 70 do Decreto n. 3.048/1999 para o trabalho
desempenhado em qualquer época.
2. Agravo regimental improvido.
(STJ. AgRg no Ag 1358845/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 04/10/2011, DJe 09/11/2011)

No mesmo sentido, é a doutrina de MARIA HELENA CARREIRA ALVIM RIBEIRO, em sua


obra Aposentadoria Especial, Editora Juruá, pág. 247:

"A jurisprudência oriunda dos Tribunais Regionais Federais da 3ª e 4ª


Região, em diversos acórdãos, abona este ponto de vista, no sentido da
possibilidade de conversão de todo tempo trabalhado pelo segurado em
condições especiais, inclusive após a Lei n. 9.711/98, Lei de conversão da
Medida Provisória 1.663, o qual poderá ser somado ao restante do tempo
sujeito à contagem comum."

2
Manual da conversão do tempo especial em comum
Exemplo:

Se a atividade especial foi exercida sob condições que daria direito a aposentadoria
especial com 15 anos de contribuição, então o multiplicador será 2,00 para a
aposentadoria comum para mulher e 2,33 para a aposentadoria comum para homem.

3
Manual da conversão do tempo especial em comum

Se a atividade especial foi exercida sob condições que daria direito a aposentadoria
especial com 20 anos de contribuição, então o multiplicador será 1,50 para a
aposentadoria comum para mulher e 1,75 para a aposentadoria comum para homem.

4
Manual da conversão do tempo especial em comum
Se a atividade especial foi exercida sob condições que daria direito a aposentadoria
especial com 25 anos de contribuição, então o multiplicador será 1,20 para a
aposentadoria comum para mulher e 1,40 para a aposentadoria comum para homem.

Conteúdo produzido por IEPREV - Instituto de Estudo Previdenciários Ltda, 2014.

Você também pode gostar