Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
D cm i G e ts c h k o
A m p a r o à P e s q u is a d o E s ta d o d e S ã o P a u lo
R u a P io X I 1500
05060 S ã o P a u lo , S P
demiOfpsp.fapesp.br
M ic h a e l A n th o n y S ta n to n
D e p a r ta m e n to d e In fo rm á tic a
P o n tifíc ia U n iv e rs id a d e C a tó lic a do R io d e J a n e ir o
22453 R io d e J a n e ir o , R J
michaelflinf.puc-rio.br
S u m á r io
A p rim eira geraçáo de redes acadêm icas no pais está quase com pleta, com a
exten sã o a quase todos os estados de um a rede m ín im a . com suporte para o correio
eletrônico. A segunda geraçáo destas redes, em vias de im plantação, atenderá a
um n ú m ero m a io r de usuários, oferecerá um leque bem m aior de serviços, e fa rá
um a integração m u ito m a is fo rte dos recursos com putacionais dentro de cada
in stitu iç ã o acadêm ica servida. O artigo historia a evolução destas redes e aponta
direções para seu d esen vo lvim ento futuro.
A b s tra c t
The fir s t g eneration o f academ ic netw orks in B razil is alm ost com plete, with
thc spread to alm ost every sta te o f a m in im a l netw ork providing electronic mail.
The second generation netw orks, already be.ing installed, will serve a greater n u m -
ber o f users, will o ffer a greatly enhanced variety o f Services, and will bring about
the m uch closer integration o f the intern a i com puting rcsources o f each academ ic
in stitu tio n served. The article traces the evolution o f these netw orks and indicates
d irectio n s fo r th eir fu tu re developm ent.
1 I n tro d u ç ã o
O esforço c o n ju n to , iniciado em 1987, p a ra d o ta r a com unidade de pesquisa do país com
serviço de rede de co m p u tad o res de bom nível e alcance nacional j á deu seus prim eiros fru to s,
n a fo rm a de u m a rede p a ra correio eletrônico que in te g ra os principais cen tro s de pesquisa em
q u ase to d o s os estad o s. E s ta rede j á conseguiu apro x im ar m ais e sta com unidade, e ta m b é m
e s tre ita r seus laços de in tercâm b io com pesquisadores (e estu d a n te s brasileiros) no e x terio r.
B a se a d a no sucesso d este esforço, e te n d o por o b je tiv o to rn a r m ais variados os serviços
de rede d isponíveis, e s tá to m a n d o form a u m a nova rede nacional de co m p u tad o res, a p o iad a
no p a d rã o de fa to m ais utilizado h o je nas redes acadêm icas no ex terio r. A adesão a este
p a d rã o , além de p ro p iciar in te ro p e ra b ilid a d e de serviços e n tre Brasil e m uitos o u tro s países,
149
p o ssib ilita a a m p la p e n e tra ç ã o d estes serviços d en tro da com unidade nacionai, u m a vez que a
tecnologia u tiliz a d a e s tá am p lam en te disponível, e o softw are usado tem baixo ou zero custo.
N este a rtig o , h isto ria-se a evolução da a tu a l in fra -e stru tu ra de rede, e depois apresenta-
se os p o n to s que foram levados em consideração p ara p ro je ta r a nova rede, que inicia sua
o p e ra ç ã o em 199*2. D epois de d e ta lh a r alguns dos aspectos m ais im p o rtan te s da nova rede,
serão a p o n ta d a s alg u m as direções d a fu tu ra evolução de redes acadêm icas no p aís, indicando
o p o rtu n id a d e s p a ra P & D em redes.
150
de arq u iv o s pequenos. A lém d isto pode-se en viar m ensagens de um a única Unha de te x to a
u suários ativ o s n u m o u tro nó d e sta rede. Porém o único serviço disponível a tra v é s de todos
os g atew ay s cora o u tra s redes é o correio eletrônico.
2 .2 A im p la n ta ç ã o d e u m a re d e d e a lc a n c e n a c io n a l
151
FUA GOfcLDI UFRN
U F P b -C G
U F P b -J P
ITE P E
U F MS
UFPe
MFC UnB
UFSe
UFBa
UNESP
UFU
U N IC A M P
U F ltó
UFES
C E F E T -M G
INPE
USP UF V
FAPESP LNCC
FU EL UFRJ
ON IME
FUEM
IM P A P U C -R IO
FUEPGf UFPr CBPF F G V -R J
IBGE UFF
F iO C r u z i
UFSC UERJ
• o ta m a n h o das m ensagens (arquivos) e ra necessariam ente lim itado, pois elas tin h am
que ser a rm a z e n ad a s em todos os co m putadores interm ediários;
A d icio n alm en te, n ão d av a su p o rte ao acesso in te ra tiv o a sistem as rem otos (exceto p a ra
tro c a r m ensagens de u m a linha com usuários ativos destes). T udo isto e ra conseqüência do
e m p reg o de softw are de com unicação desenvolvido com o u tra finalidade ( “spooling rem o to ” ).
152
M ais séria a in d a seria a lim ita ç ã o d a tecnologia p a ra poucos tip o s do sistem a de com
p u ta ç ã o , d a classe m u ltiu su á ria . A recente evolução d a tecnologia de fab ricação de c o m p u ta
dores to rn o u m ais eficaz o uso de sistem as pessoais, e o pesquisador j á te n d ia a m o n ta r seu
am b ie n te de tra b a lh o co m p u tacio n al baseado num a esta ç ã o de tra b a lh o . P a ra e sta s, acesso à
rede B IT N E T so m en te seria possível a tra v é s d a em ulação dc term inal rem oto de um sistem a
m u ltiu su ário j á in te g ra d o à rede. Em o u tra s palav ras, os serviços de rede, prin cip alm en te cor
reio eletrô n ico , n ão se in teg rav am bem ao am biente de tra b a lh o do pesq u isad o r, p o r esta re m
realizados*em outro siste m a de c o m p u tação .
J á existiam a lte rn a tiv a s m ais eficientes e m ais flexíveis que a co m u tação de m ensagens p a ra
m o n ta r redes de co m p u ta d o re s, p o r exem plo, a com utação de pacotes. A tecnologia básica,
neste caso, p a rtic io n a v a m en sagens em unidades pequenas de inform ação, ch am ados pacotes,
que e ram enviados s e p a ra d a m e n te a tra v é s d a rede a té o destino, onde seriam rem o n tad o s
p a ra fo rm ar as m ensagens. A ta re fa de ro te am en to ou com u tação de pacotes e ra confiada
a certos co m p u tad o res, ch am ad o s ro tead o res (à s vezes, centrais de co m u taç ão de p aco tes),
in terlig ad o s a tra v é s de meios de co m unicação física. F req ü en tem en te um ro te a d o r era um
co m p u tad o r dedicado ao serviço d a rede. Um co m p u tad o r in teg ran te d a rede, que n ã o fosse
ro te a d o r, tin h a que e s ta r ligado d ire ta m e n te a um ro tead o r, talvez a tra v é s de u in a rede
locai. A p a r tir de um serviço básico de en tre g a de pacotes, p o deria ser m o n ta d a u m a série
de serviços de com plexidade a rb itr á r ia e funcionando em tem p o real, inclusive as aplicações
convencionais de tra n sfe rê n cia de arq uivos e de term in ai v irtual.
H avia d u as classes de solução p a ra a m ontagem de redes d e sta categ o ria. A p rim eira era
a d o ta r u in a a rq u ite tu ra p ro p rie tá ria , ta l com o a SNA d a IBM [3] ou a D E C N E T d a Digi
ta i, o n d e os eq u ip am en to s e os p ro to colos usados eram de um único fab rica n te. A segunda
e ra a d o ta r u m a a rq u ite tu ra a b e r ta de interconexâo de sistem as, ou seja, u m a que n ão fosse
exclusiva cc nen h u m fa b ric a n te, q u e fosse largam ente difundida e im p le m en ta d a em equ ip a
m en to s d iversos, inclusive co m p u ta d o re s pessoais e estações de tra b a lh o . E m b o ra ex istiam
no in u n d o diversas a rq u ite tu ra s a b e rta s , n a p rá tic a as a ltern ativ as sérias eram a p en as duas:
T C P / I P e O SI. D estas d u as a a rq u ite tu ra T C P /I P e ra de longe a m ais u sad a d e n tro d a
com u n id ad e a cad êm ica in te rn a c io n a l, em função d a sua m a tu rid ad e e d a disponibilidade por
preços m ódicos do seu softw are.
3.2 T C P /I P
A tecnologia de in terred es T C P / I P [4] foi ex plicitam ente desenvolvida, com financiam ento
D A R PA (D efense A dvanced R esearch P ro d u c ts A gency), p a ra p erm itir a in te ro p eração de
serviços e n tre co m p u tad o res ligados a redes físicas de tecnologias d istin ta s. E n tre as tecnolo
gias a b ra n g id a s se incluíam : redes locais de diferentes tipos, conexões seriais p o n to a p o n to ,
e redes X .25. 0 m odelo a d m itia a in terlig ação d ire ta ou in d ireta de um núm ero a rb itrá rio de
redes d is tin ta s , e exigia de u m a rede p a rtic ip a n te som ente que e s ta desse su p o rte p a ra um
serviço (n ã o n ecessariam en te confiável) de e n tre g a de pacotes. A p a rtir d e sta base, criava-se
u m a rede virtual ou interrede, u tilizando um esquem a global de en d ereçam en to e oferecendo
um serviço de d a ta g ra m a não confiável e n tre qualquer p ar de co m p u tad o res a ela ligados.
D uas (ou m ais) redes vizinhas e s ta ria ra interligadas a tra v é s de pelo m enos um co m p u ta d o r
com um a elas, ch am ad o de ro te a d o r, cuja função e ra de re tra n sm itir n u m a das redes d ata-
g ra m a s recebidas n a (n u m a ) o u tra . Em cad a rede a d a ta g ra m a e ra tra n sm itid o utilizando
o m ecanism o de tra n sm issã o de p acotes próprio a ela. A escolha d a ro ta (próxim o enlace)
a ser seg u id a em c ad a re tra n sm issã o e ra a função principal do ro te a d o r, e e ra d e te rm in a d a
pelo endereço (global) do d e s tin a tá rio final do d a ta g ra m a . O protocolo de in terred es usado
e ra c h am ad o do In te rn e t P ro to c o l, ou IP, e os endereços globais eram ch am ados de endereços
153
IP.
Serviços n u m a in te rre d e IP faziam uso de dois protocolos de tra n sp o rte : o T ransm ission
C o n tro l P ro to co l ( T C P ) , que im plem entava um circuito v irtu al, e o User D atag ram P rotocol
(U D P ), que im p lem en tav a um serviço de d a ta g ra m a nào confiável. Serviços que usavam T C P
incluíam : correio eletrô n ico u sando o Simple Mail T ran sp o rt P rotocol (S M T P ), transferência
de arq u iv o s u san d o o File T ran sfer P rotocol ( F T P ), e *login” rem o to usando o protocolo
T E L N E T . Serviços que usavam U D P incluíam : o D om ain N am e Service (D N S) e o N etw ork
File S y stem (N F S ).
A d iv u lg ação d a tecnologia de interredes T C P /I P sc deveu em g ran d e p a rte a duas ini
ciativas to m a d a s po r agências do governo dos EUA:
A dicio n alm en te, g ru p o s de P& D vinham ad o tan d o e sta tecnologia p a ra suas próprias
necessidades. P o r exem plo, ela foi a d o ta d a p a ra o p ro je to A th en a [1], e foi feita no M IT
u m a im p le m e n ta ç ã o p a ra o IB M -P C [6]. O u tro resultado concreto do p ro je to A th en a foi o
proto co lo de ja n e la s X [7], definido usando o T C P .
H á m ais de dez ano s, a tecnologia T C P /I P vinha sendo u sada p a ra in terlig ar um núm ero
se m p re m aior de redes de to d o s os tipos, cu ja união conexa era conhecida com o a Internet.
Nos prim eiros an o s, a A R P A N E T funcionava com o su a espinha dorsal, por onde passava a
m aio r p a rte do tráfeg o de lon g a d istância. Desde 1985 ela vinha sendo su b stitu íd a neste
papel p ela esp in h a d o rsal d a N S F n et, que foi criada pela N ational Science F oundation p a ra
in te rlig a r seis cen tro s d e su p e rc o m p u taç ão financiados por ela, e prover acesso rem oto a estes
p a ra os pesqu isad o res que ela apoiava. A té 1988, a espinha dorsal d a N S F net funcionava
u san d o can ais com a m esm a capacidade que a A R P A N E T , ou seja, de 56 K bps. Com a
recen te d isp o n ib ilid ad e de telecom unicações usando fibras ó ticas, passou-se era 1988 ao uso
de can ais de cerca de 500 K bps, e em 1989 p a ra cerca de 1,5 M bps. A té 1992 seria feita
a m ig ra ç ã o p a ra u m a nova esp in h a dorsal funcionando em 45 M bps, e u m a p a rte d e sta j á
e s ta v a funcio n an d o desde 1990.
A lém de im p le m e n ta r su a espinha dorsal de âm b ito nacional, o p ro je to d a NSF envolveu
a cria ç ã o de u m a h ie ra rq u ia de trê s níveis de rede: nacional, regional e institucional. 0 nível
regional (o u m éd io ), co n sistiria de um as duas dúzias de redes geograficam ente d istrib u íd a s,
c a d a u m a das quais estab eleceria a conectividade e n tre a espinha dorsal nacional e as in sti
tuiçõ es n a su a reg ião , o nde tra b a lh av a m os usuários finais dos serviços de rede. Os enlaces
usados nas redes regionais em 1991 variavam en tre 56 K bps e 1,5 M bps. P o r sua vez, cada
in s titu iç ã o p o ssu ía u m a rede in stitu cional (ou in te rn a ), geralm ente usando tecnologia de rede
iocal de velocidade de 10 a 100 M bps.
A esp in h a d orsal d a N S F n et, que co n tav a desde 1988 com 13 nós (m ais trê s foram adi
cionados em 1990), e ra m e ra m e n te um a (talvez a m ais im p o rta n te ) e n tre as m ais de 4000 redes
fo rm an d o a In te rn e t, que em 1991 incluía quase a to ta lid ad e de redes de ensino e pesquisa nos
E U A , além de u m a boa p a rte de redes deste tip o em o u tro s países, especialm ente n a E uropa.
A ta x a de seu crescim en to ain d a e ra m uito a lta (20% ao m es), e seu ta m a n h o crescente esta v a
com eçan d o a e sb a rra r em certo s Limites internos d a a rq u ite tu ra original, especialm ente no que
d izia resp eito ao en d ereçam en to .
154
3.3 A In tern et chega ao Brasil
T endo em v ista a convergência m u n d ial na com unidade acadêm ica p a r a uso d a tecnologia
T C P / I P [9], n ã o dev eria su rp re e n d e r que houve diversas te n ta tiv a s de estabelecer uni acesso
brasileiro à In te rn e t u tilizando a s L PC D s internacionais j á in stala d a s p a ra a rede B IT N E T .
Inicialm en te, e sta s te n ta tiv a s foram dificultadas pela falta de h ard w are ou softw are a p ro p ri
ados no lado brasileiro, p a ra p e rm itir com unicação com o parceiro no ex terio r. Assim teve
insucesso u m a ex p eriên cia con d u zid a pela equipe d a U F R J no meio de 1990.
Em fevereiro de 1991, a F A P E S P adquiriu e instalou o softw are M U LT1N ET (d a em p resa
T G V ) no seu VAX, e passou a tra n s m itir c receber d a ta g ra m a s IP sobre su a conexão aos E U A .
N a v erd ad e, a conexão e n tre F A P E S P e o Ferm i N ational L a b o rato ry utilizava protocolos
D E G N E T , e m ensagens B IT N E T c d a ta g ra m a s IP eram tra n sm itid o s a tra v é s de conexões
D E C N E T , u m a técnica conhecida com o “tu n n elin g ” . P o r este meio a F A P E S P a g o ra e sta v a
lig ad a à E S N E T (E n erg y Sciences N etW ork), a rede nacional do D e p a rta m e n to de E n ergia dos
E U A , e in te g ra n te d a In te rn e t. C o n ectividade tambéxn foi esten d id a a o m esm o te m p o p a ra
a U S P e U F R G S , e cm m aio p a r a o LN C C e a PU C -R io. T odas e sta s conexões utilizavam
L P C D s, com as ligações F A P E S P -U S P e F A P E S P -L N C C em p reg an d o o protocolo SLIP
(S erial Line I P ) , e a ligação e n tre LN C C e PU C -R io o IP Bobre X.25.
E s ta conectividade e ra funcional, m as n ão p o d ia ser considerada de cap acid ad e suficiente
p a ra d a r su p o rte à u tilização p e sa d a , em função d a b aixa velocidade das L P C D s usadas
(g eralm en te 9600 bps, às vezes 4800 bps ou a té m enos). A s lim itações de velocidade das
L P C D s e ram d ita d a s p ela rede d e telecom unicações disponível no p aís. Se fosse lim itad o o
uso (p o r razões de c u sto ) à rede te rre stre de telecom unicações, seria necessário a g u a rd a r a
d isp o n ib ilid ad e de circuitos rnais velozes (pelo m enos 64 K bps), p re v ista pela E m b rate l p a ra
alguns enlaces in te ru rb a n o s ra d ia n d o de São P aulo a p a rtir de 1992. N a m esm a ép o ca e sta v a
ta m b é m p re v ista a disp o n ib ilid ad e de acesso via a rede te rre stre a canais de pelo m enos
64 K bps p a ra o e x terio r.
155
de recu rso s (lim ita d o s), foi possível iniciar o tra b a lh o á rd u o de co ordenar efetivam ente os
recursos e os esforços de d iferentes p ro jeto s e órgãos de fom ento, p a ra d a r um rum o organizado
p a ra redes acad êm icas no país.
U m exem p lo claro dos benefícios a serem obtidos seria a racionalização d a topologia de
L P C D s u sad as no p aís, p a ra im p lem en tar as redes acadêm icas. P o r exem plo, existiam L PC D s
e n tre F A P E S P e as universidades federais de P ernam buco em Recife e P a ra íb a em Jo ão
P essoa, p o rq u e esta s lin h as forain solicitadas isoladam ente. Seria m ais racional estabelecer
in s ta la r u m a única L P C D e n tre São P aulo e a região P e rn am b u co -P araíb a, sendo interligadas
as d u as universid ad es federais p o r um a L PC D de d istância (e aluguel) m enor. 0 mesm o
racio cín io se a p licaria a conexões internacionais.
O u tro exem plo é a necessidade, às vezes sen tida, de m o n ta r u m a rede p ró p ria p a ra fins
específicas. P o r exem plo, p a ra conduzir um p ro je to específico en tre um lab o rató rio em C a m p
in as, e d u a s u n iv ersid ad es, u m a no Rio de Janeiro, a o u tra em Florianópolis, seria m o n ta d a
u m a rede p riv a d a p a ra in te rlig a r os p a rtic ip an tes do p ro je to . N a tu ra lm en te, existindo um a
rede a c a d ê m ica de e n v e rg a d u ra nacional, seria razoavelm ente sim ples efetivam ente criar as
facilidades d e rede p riv a d a (n a verd ade, v irtu al) requerida p a ra este exem plo, desde que fosse
a p ro p ria d a a tecnologia usad a.
F in a lm e n te , seria de enorm e im p o rtân c ia o envolvim ento de governos estaduais nas redes
ac a d ê m ica s, p o r vários m otivos. P rim eiro, a p ró p ria constitu ição do país é federativa, tendo
os governos e sta d u a is g ran d es responsabilidades nas áreas de ensino e pesquisa. Em segundo
lu g a r, m u ito s d estes governos possuem u m a fu n d ação de am p a ro à pesquisa (F A P ) ou um a
s e c re ta ria de ciência e tecnologia, que poderia ca rre ar recursos estad u ais p a ra a m ontagem e
o p e ra ç ã o de redes acad êm icas.
A e s tra té g ia seg u id a inicialm ente pelo C N P q e ra conseguir a colaboração de pessoas en
volvidas em o u tro s p ro je to s, regionais e setoriais, p a ra que em co n ju n to fosse definido o que
seria o p ro je to de rede d a R N P. A inda ein 1990 havia consenso que o papel d a rede d a R N P
seria de p ro v er in tcrco n ezã o e n tre redes estad u ais ou regionais, que por su a vez dariam acesso
às in stitu iç õ e s ind iv id u ais. Num o u tro nível, a coordenação das conexões internacionais d a
rede a c a d ê m ica nacional ficaria p o r c o n ta d a RN P. A hierarquia de redes e conexões e suas
resp ectiv as reponsib iiid ad es e ra e n tã o definida:
Regional: p ro v eria co n ectividade e n tre instituições na m esm a região geográfica, e geralm ente
se ria d a resp o n sib ilid ad e de um ou m ais governos estaduais.
N acional: p ro v eria co n ectividade e n tre redes regionais, e e n tre estas e redes no ex terio r, e
seria d a resp o n sib ilid ad e do governo federal.
156
foi m u ito g ra n d e em função d a g ra n d e a b e rtu ra das discussões sobre o p ro je to nacional, nas
quais p a rtic ip a ra m os responsáveis d iretos dos p ro jeto s das principais regiões.
C om unicação local, p ro v id a pelas o p erad o ras regionais. Em vários casos, as cen trais telefônicas
estav am in te rlig a d a s u san d o tecnologia digital (P C M - pulse code m o d u latio n ) p a ra
tra n sm issã o de voz. S eria re la tiv am e n te sim ples, neste caso, p a ssa r dados a 64 Kbps
p o r um canal P C M . P a ra in s ta la r u m a L PC D de 64 K bps a té o cliente, b a sta v a em pre
g a r m odem s b a n d a base so b re o uloop local” d a central mais pró x im a (desde que não
seja a m ais de 6,5 a 7 Km d e d istân cia).
157
Be l é m Fortaleza
Recife
Salvador
Brasília
B.Horizonte
Rio de Janeiro
S.Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
A p a r tir de 1990, foram elab o rados diversos p ro jeto s do rede, que seguiram a o rien tação
d e s c rita n e s ta seção, n o ta d a m e n to nos estados do Rio de Jan eiro , São P aulo e Rio G ran d e do
Sul, além d a p ró p ria rede d a R N P.
158
CERFnet
(USA) RNP
I PR J
UFRJ nú do
backbono
n ó f ol ha
FIO Cruz UERJ
LNCC
10 Mb p s
IMPA
•4 K b p s
U FF
CBPF eeoo bps
PUC-Rio
4 .4 A R e d e R io
4 .5 A red e A N S P
159
RedeRio RNP
CERFnet
UFRJ
Roteador
FlOCruz DF Roteador
folha
MG
UF F
R e d e ( l ocal )
IPRJ BA Intllluclonai
UE R J
SP
Conexão
r egional
SC
IMPA LNCC/CBPF Conexão
na c i o n a l
Conexão
Internacional
PUC-Rio
R ecu rso s com putacionais. C erto s centros de pesquisa j á dispõem , ou brevem ente disporão,
de co m p u ta d o re s de a lto desem penho, os cham ados “su p e rc o m p u tad o res” . A través
160
ESnat RNP
USA n ó do
backbone
) UNESP FMRB-USP
S . J . Rio Prel o R i b e l r o o Preto
n ó tol ha
UFSCar 84 Kb p s
8 8 0 0 bps
USP Unicamp
S a o Car l os ou me n o s
IN PE
ESALQ| S . J . dos Campos
Piracicaba
IPMET-
CCE-USP IPT
UNESPI Sao P a u l o Sao P aulo
Bauru
FAPESP
USP
Bauru UNESP IFT-UNESP
Sao P a u l o
B olucalu
das novas redes, se rá possível a utilização rem o ta destes co m p u tad o res, p o ten cialm en te
am p lian d o a co m u n id ad e de seus usuários. N ota-se que, em c erto s o u tro s países, o
acesso re m o to a ta is recursos te m sido defendido com o o principal benefício das re
des a cad êm icas, e e s ta foi a ju stific ativ a u sad a p a ra criar a A R P A N E T e a N S F net.
D eve-se o b serv ar que su p e rc o m p u ta d o re s são geradores de grandes volum es de dados,
e co n seq ü en tem en te p a ra um uso rem oto ótim o seria necessário que ^ rede de acesso
p e rm itisse a lta s ta x a s de tra n sm issã o de dados, com patíveis com aquelas o b tid a s em
redes locais (10 a 100 M bps).
In fo rm a çã o . Seria possível o acesso rem oto a acervos de inform ação de diferentes tip o s,
inclusive bases de d ad o s, catálogo6 de bibliotecas e repositórios de softw are. O p ró p rio
p ro je to d a R N P inclui a cria ç ã o de um C en tro N acional de Inform ações, que te ria , e n tre
o u tra s , a fu n ção de to rn a r disponíveis dados sobre os diferentes acervos de in form ação
acessíveis.
Publicação eletrônica. Com o a u m e n to d a capacidade das redes acadêm icas, ficaria m ais fácil
d istrib u ir a m p la m e n te as inform ações novas to rn ad a s públicas a tra v é s de m ecanism os
com o a U S E N E T [8], e n tre o u tro s.
4.7 O fu tu ro da B IT N E T no país
De um m odo g eral, os novos p ro je to s de rede, ta n to regionais com o o nacional, u tilizariam no
vas LPCDs* p a ra suas conexões. Em o u tra s palav ras, as novas redes e staria m sendo m o n ta d a s
p a r a o p e ra r p a ra le la m en te à rede de tecnologia B IT N E T , d e sc rita acim a. As d u a s gerações
d e rede p o d eriam a té c o n tin u a r a funcionar em paralelo por m u ito tem p o , m as acreditava-se
161
que as in stitu içõ es o p e ra n d o nós B IT N E T tenderiam a p ro cu ra r o b ter acesso às novas redes,
de c a p acid ad e m aior e com serviços mais abran g en tes.
É in te re ssa n te d isc u tir o caso específico de um “m ainfram e” IBM , ligado ta n to à rede
B IT N E T com o à In te rn e t. H averia duas m aneiras de “m ig rar71 p a ra a In te rn et:
N o caso específico do L N C C , que no início de 1992 op erav a a conexão intern acio n al usando
so m e n te pro to co lo s B IT N E T , h av ia previsão p a ra a adoção d a a lte rn a tiv a B IT N E T -II, pelo
m enos no seu enlace in te rn a c io n a l. Isto p erm itiria a continuidade d a su a o p eração com o
g atew ay in te rn a c io n a l d a B IT N E T , sem precisar dedicar a essa rede su a L PC D in tern acio n al,
q ue p o d e ria e n tã o p a ssa r a te r o u tra função, por exem plo, um a conexão T C P /I P .
5 D ire ç õ e s f u tu ra s p a r a a re d e a c a d ê m ic a n ac io n al
0 acesso a u m a rede nacional u tilizando a tecnologia T C P /I P a b riria p a ra P& D em redes
um la b o ra tó rio p a ra e x p e rim e n ta çã o em protocolos de com unicação e aplicativas em rede,
inclusive em co lab o ração com o u tro s grupos geograficam ente d istan te s. Inicialm ente os p ro
tocolos seriam d a p ró p ria fam ília T C P /I P , m as a té e sta lim itação p o d eria ser relax a d a (v. a
d iscu ssão de IS O D E ab aix o ).
0 fu tu ro desenv o lv im en to das redes acadêm icas no país envolveriam a ex p loração de novas
tecnologias de telecom unicações, o uso de novo6 protocolos e a provisão de novo6 serviços.
E m to d a s e sta s direções h a v e ria m uito espaço p a ra as contribuições d a com unidade nacional
de P & D em redes.
162
tecn o lo g ia de co m unicação, e os protocolos e a a rq u ite tu ra de rede litilizados [15]. J á ex istia
em 1991 em fu n cio n am en to u m a rede de alcance m undial de rad io am ad o res, do tip o “sto re
and fo rw ard ” , p a ra a tro c a de correio eletrônico. A m esm a tecnologia p oderia tam b ém ser
u tiliz a d a n a á re a a c ad êm ica, em b o ra seja necessária a utilização de freqüências de tra n s
m issão d iferentes d aq u elas reservadas exclusivam ente p a ra a com unidade de rad io am ad o res.
No caso d a co m u n id ad e acad êm ica, seria necessário desenvolver gatew ays e n tre o segm ento
rá d io e o seg m en to “convencional” da rede, p a ra p erm itir in tero p erab ilid ad e e n tre os dois.
R ecen tem en te foi d e sc rita u m a iniciativa de esten d er com unicação de dados, a tra v é s de rádio
a m a d o r, a u m a rede de escolas públicas no Rio G rande do Sul.
O u tr a in iciativ a p io n eira dos rad ioam adores foi o uso de satélites de baixa ó rb ita p a ra
p e rm itir co m u n icação a longas d istân cias [16]. Um sa télite de baixa ó rb ita teria um p erío d o
de a p ro x im a d a m e n te 90 m in u to s e se sua ó rb ita estivesse suficientem ente inclinada, ele e s ta ria
visível pelo m enos trê s ou q u a tro vezes p or d ia de qualquer p o n to d a T e rra . Um co m p u ta d o r
a b o rd o p e rm itiria seu uso com o nó de u m a rede “sto re and forw ard” , e ein 1991 este uso j á
e sta v a in te g ra d o n a rede de correio eletrônico m encionada no parág rafo an te rio r [17].
Uso n ã o a m a d o r j á e s tá sendo feito d e sta tecnologia pela o rganização m édica Satellife,
cujas a tiv id ad es iniciais incluem p o ssibilitar o acesso de m édicos em países d a Á frica a bases
de dad o s e b ib liotecas de m edicina nos E U A , além do uso de correio eletrônico. O sa té lite
u sad o p erco rre u m a ó rb ita p o la r, o que p e rm ite visibilidade a c ad a ó rb ita de u m a e sta ç ã o
em N ew foundland, C a n a d á , onde é operado ura “gatew ay ” p a ra a B IT N E T . O c u sto baixo
e peq u en o consum o de energ ia de um a esta ç ã o te rre stre p a ra com unicação com este tip o de
sa té lite faz com que e s ta tecnologia seja p a rtic u la rm en te ap ro p riad a p a ra uso lim itad o em
regiões d ista n te s de g ran d es cen tro s de população.
163
tu a is T C P . Rose ta m b é m coordenou o p ro je to ISO D E (ISO D evelopm ent E n v iro n m en t), que
ju n to u as co n trib u içõ es de d iferentes grupos de im pleinentadores dos protocolos de aplicação
O SI p a r a fo rm ar um p a c o te liv rem ente disponível a tra v és de repositórios de softw are n a In
te rn e t [11]. 0 p ro je to IS O D E co n tinuava evoluindo (saiu a versão 7 em 1991), e j á incluía
im p lem en taçõ es das principais aplicativas OSI, além de um am b ien te com pleto p a ra o desen
volv im en to de novas aplicativ as. A p aren te m en te, b o a p a rte do softw are do p ro je to ISO D E
p a ssa ria a fazer p a rte do siste m a operacional BSD 4.4.
5.3 A IE T F
F in a lm e n te , convém c h a m a r a te n ç ã o às atividades do IE T F (In te rn e t E ngineering T ask
F orce), q u e é o prin cip al p o n to de convergência d a com unidade envolvida n a operação e
d esenv o lv im en to d a In te rn e t, especialm ente m as n ão som ente dos E U A . R eunida em plenário
trê s vezes ao a n o , a I E T F conduz suas atividades a tra v é s de g ru p o s de tra b a lh o sobre as
su n to s específicos, que têm po r o b jetivo gerar docum entos especificando padrões e norm as
o p eracio n ais, ou co n te n d o info rm ação a d m in istra tiv a ou d id ática , sobre a In te rn e t. E stes doc
u m e n to s são su b m etid o s p a ra aprovação à IAB (In te rn e t A ctivities B oard), a n tes de serem
publicad o s n a série R F C (R eq u est For C om m ents). U m a descrição d a e s tr u tu ra o rganiza
cional d a IA B e d a I E T F se e n c o n tra em [4].
C om o a In te rn e t j á inclui segm entos o p erando com tecnologia O SI, a IE T F j á tê m vários
g ru p o s tra b a lh a n d o ta m b é m sobre tem as em OSI. Os g rupos de tra b a lh o d a IE T F são aberto6
aos in te re ssa d o s, e conduzem a m aior p a rte do seu tra b a lh o (fo ra d as reuniões plenárias d a
I E T F ) a tra v é s de correio eletrônico.
6 C o n c lu sã o
R edes acad êm icas no país se estab eleceram nos últim os q u a tro anos, principalm ente n a form a
de u m a rede de correio eletrô n ico ch am ad a B IT N E T . No prim eiro sem estre de 1992, está-se
im p la n ta n d o u m a nova g eração de rede acadêm ica, em pregando a tecnologia a b e rta T C P /I P
la rg a m e n te u tilizad a pela com unidade acadêm ica em o u tro s países. A nova rede consiste de
u m a coleção de redes regionais, ca d a u m a das quais interligando as instituições localizadas
n a m esm a reg ião geográfica. As redes regionais, por su a vez, e stã o in teg rad as a tra v é s d a
red e nacio n al do p ro je to R N P , que provê conectividade e n tre as regiões e acesso ao ex terio r,
fazendo com que a rede to d a faz p a rte in te g ra n te d a In te rn e t. A im p lem en tação escolhida
p a ra a n ova rede p e rm itirá que ela su p o rte tam b ém os protocolos O SI (C L N P ), sem m aiores
in v estim en to s.
P a r a d e sfru ta r dos benefícios d a nova rede, cabe a u m a in stitu iç ã o prover su a in teg ração à
rede regional d a s u a localidade, de preferência atrav é s d a in stalação de um ro tead o r m ultipro-
to c o la r lig ad a à su a rede in te rn a . (Soluções m ais simples tam b ém existem , e algum as delas
foram d iscu tid as n a seção 3 .3.) N unca se pode en fatizar o b a s ta n te a im p o rtâ n c ia d a boa
in te g ra ç ã o em rede in te rn a dos equipam entos de u m a in stitu ição , p a r a o bom ap ro v eitam en to
a tra v é s d estes do acesso à rede ex tern a.
A im p la n ta ç ã o d a nova rede e seu fu tu ro desenvolvim ento abrem im p o rta n te s o p o rtu
n idades p a r a a com u n id ad e de P& D em redes, pois, além de prover desde j á um am plo
la b o ra tó rio p a ra e x p e rim e n ta çã o com com unicação rem o ta, h á a in d a diversas áreas onde
d ev eria ser c ria d a tecnologia ap ro p riad a.
164
A g ra d e c im e n to s
O s a u to re s g o sta ria m de reconhecer os esforços dos inúm eros colegas que fizeram contribuições
à m o n tag em de redes acadêm icas n o país, e, so b retu d o , de d estac ar o papel singular de T a d ao
T ak ah ash i, co o rd en ad o r a d ju n to d a R N P, que n u n ca perdeu de v ista os ob jetiv o s finais.
R e fe rê n c ia s
[1 E. B alkovich e t al. “C o m p u tin g in H igher E ducation: T h e A th e n a Experience” . C om -
m u n . A C M 28:1214-1224, N ovem ber 1985.
[10 M . T . Rose. The O pcn Book - a practical perspective on O SI. P ren tiçe-H all, 1990
[11 M . T . R ose, J . P. O nions e C. J . R obbins. The IS O D evelopm ent U scr’s M anual, versão
7.0, 5 volum es. 1991.
[15 “ P ack et rad io - in te g ra te d d ig ital Com m unications” . In: The A R R L H andbook fo r the
R adio A m a te u r , 65th edition, p . 19-23 a 19-47. A m erican R adio R elay League, N ew ington,
C T 06111, E U A , 1988.
[16 G ettin g S ta rte d on A m a te u r R a d io Satellites. AM SA T-N A H e a d q u a rte rs, 850 Sligo Av-
enue, S u ite 600. Silver S pring, MD 20910-4703, EU A , 1990.
165