Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Definição 1.1. Seja X um espaço vetorial sobre K, K ∈ {R, C}. Uma semi-
norma em X é uma função p : X → R que satisfaz as seguintes propriedades:
C.
Exemplo 1.6. Em Rn , as seguintes normas são muito utilizadas:
q
1. | · | : Rn → R dada por | x | = |( x1 , . . . , xn )| = x12 + . . . + xn2 ;
1
q q
Demonstração. Para i = 1, . . . , n, temos que | xi | = xi2 ≤ x12 + . . . + xn2 =
| x |. Logo, a primeira desigualdade é válida.
1
Usando agora o lema anterior, sabemos que | x | = ( x12 + . . . + xn2 ) 2 ≤
1 1
( x12 ) 2 + . . . + ( xn2 ) 2 = | x1 | + . . . + | xn | = | x |s . Portanto, a segunda desigual-
dade também segue.
A última é óbvia, pois | x |s = ∑in=1 | xi | ≤ ∑in=1 max1≤ j≤n | x j | = n| x |∞ .
Exemplo 1.9. Considere F (R) := { f : R → R : f é uma função} e fixe x0 ∈
R. Definindo p x0 : F (R) → R como p x0 ( f ) = | f ( x0 )|, temos que p x0 é uma
seminorma. Observe que a função f : R → R dada por f (t) = t − x0 é não
identicamente nula, mas p x0 ( f ) = | f ( x0 )| = 0. Logo, podemos ter elementos
de F (R) que não são o vetor nulo, mas se anulam quando aplicamos p x0 .
Exemplo 1.10. Considere agora C(R) := { f : R → R : f é contı́nua} e,
para cada j ∈ N, defina p j : C(R) → R como p j ( f ) = sup| x|≤ j | f ( x )| =
sup− j≤ x≤ j | f ( x )|. Tal função está bem definida, pois funções contı́nuas são
limitadas em compacto. Observe que novamente temos uma seminorma em
C(R), pois a função f : R → R dada por
0,
se t ∈ [− j, j],
f (t) := t + j, se t ∈ (−∞, j),
t − j, se t ∈ ( j, ∞)
Por último, mostremos que, se {zn }, {wn } ∈ ` p (N), então {zn } + {wn } :=
{zn + wn } ∈ ` p (N). Note que, para cada n ∈ N, temos o seguinte:
|zn + wn | p ≤ (|zn | + |wn |) p ≤ (2 max{|zn |, |wn |}) p
= 2 p max{|zn | p , |wn | p } ≤ 2 p (|zn | p + |wn | p ). (1.1)
2
Assim,
∞ ∞ ∞
∑ | zn + wn | p ≤ ∑ 2 p | zn | p + ∑ 2 p | wn | p
p
k{zn + wn }k p =
n =1 n =1 n =1
∞ ∞
!
∑ ∑
p p
= 2p |zn | p + | wn | p = 2 p k{zn }k p + k{wn }k p < ∞
n =1 n =1
b b
Rb 1 Rb 1
s p −1 ds s p−1 ds
0 0
s Ra s Ra
0 t p−1 dt 0 t p−1 dt
t a t a
Como ab é a área do retângulo com vértices (0, 0), ( a, 0), ( a, b) e (R0, b), pode-
a
mos ver que a área das duas funções somadas, que é dada por 0 φ(t)dt +
0
ap bp
Rb
0 ψ ( s ) ds = p + p0 , será maior que a área de tal retângulo. Fica assim pro-
vada a desigualdade.
3
Teorema 1.16 (Desigualdade de Hölder). Considerando novamente 1 < p <
0
∞ e p0 seu expoente conjugado, temos que, se {zn } ∈ ` p e {wn } ∈ ` p , então
{zn wn } ∈ `1 e a seguinte desigualdade é válida:
k{zn wn }k1 ≤ k{zn }k p k{wn }k p0 .
Demonstração. Primeiramente verifiquemos que o resultado é válido quando
k{zn }k p = k{wn }k p0 = 1. Pelo lema anterior, temos que a seguinte desigual-
dade é válida para todo n ∈ N:
0
| zn | p | wn | p
|zn wn | = |zn ||wn | ≤ + .
p p0
Portanto,
∞ ∞ ∞
1 1 0
k{zn wn }k1 = ∑ | zn wn | ≤ p ∑ | zn | p + p0 ∑ | wn | p
n =1 n =1 n =1
p p0
k{zn }k p k{wn }k p0
= + =1
p p0
1 1
e temos o desejado, pois lembre-se que p + p0 = 1. Agora verifiquemos o
caso geral. Se {zn } ∈ ` p e {wn p0
} ∈ ` são quaisquer, então as sequências
n o
zn wn
z = k{z }k e w = k{w }k 0 são tais que kzk p = kwk p0 = 1 e o caso
n p n p
anterior se aplica. Assim, temos que
∞ ∞
zm wm 1
∑ k{zn }k p k{wn }k 0 = k{zn }k p k{wn }k 0 ∑ |zm wm | ≤ 1,
m =1 p p m =1
como querı́amos.
Teorema 1.17 (Desigualdade de Minkowski). Dados {zn }, {wn } ∈ ` p , temos
que k{zn + wn }k p ≤ k{zn }k p + k{wn }k p para todo 1 ≤ p < ∞.
Demonstração. Não é difı́cil ver que o resultado é válido se p = 1 ou se k{zn +
wn }k p = 0. Façamos então os outros casos. Seja p0 o expoente conjugado de
0
p. Temos então que {|zn + wn | p−1 } ∈ ` p . De fato,
∞ p
p0
∑
p −1
k{|zn + wn | p−1 }k p0 = | z n + w n | p −1
n =1
∞
= ∑ | zn + wn | p
n =1
∞ ∞
!
1.1
≤2 p
∑ |zn | p
+ ∑ | wn | p
n =1 n =1
p p
= 2 p (k{zn }k p + k{wn }k p ) < ∞,
4
pois {zn }, {wn } ∈ ` p . Agora note que
| z n + w n | p = | z n + w n | p −1 | z n + w n | ≤ | z n + w n | p −1 | z n | + | z n + w n | p −1 | w n |
∑ | zn + wn | p −1
|zn | ≤ ∑ | zn + wn | p −1
∑ |zn | p
n =1 n =1 n =1
e
! 10 !1
∞ ∞ p0 p ∞ p
∑ | z n + w n | p −1 | w n | ≤ ∑ | z n + w n | p −1 ∑ | wn | p .
n =1 n =1 n =1
p0 p10
Assim, juntando as desigualdades e fatorando ∑∞
n =1 | z n + w n |
p −1 =
p
1
p0
(∑∞ p
n =1 | z n + w n | )
p0 = k{zn + wn }k p , obtemos que
p
p 0
k{zn + wn }k p ≤ k{zn + wn }k pp (k{zn }k p + k{wn }k p ).
p
p0
Dividindo então ambos os lados por k{zn + wn }k p , que é diferente de 0,
segue o desejado, pois
p p
k{zn + wn }k p p− p0
p = k{zn + wn }k p = k{zn + wn }k p .
p0
k{zn + wn }k p
5
Definição 1.19. Se p = ∞, definimos `∞ := {(zn ) : zn ∈ C e (zn ) é limitada} e
k(zn )k∞ := supn∈N |zn |.
Observação 1.20. A função k · k∞ : `∞ → R é uma norma.
Observação 1.21. Toda sequência convergente é limitada e, portanto, está em
`∞ . Com isso nós temos que ` p ⊂ `∞ para todo 1 ≤ p ≤ ∞. De fato, se
(zn ) ∈ ` p , temos que ∑∞
n=1 | zn | < ∞ e, portanto, a sequência (| zn | ) converge
p p
pra 0. Mas se tal sequência converge pra 0, então a sequência (zn ) também
converge pra 0 e temos o desejado.
Observação 1.22. A Desigualdade de Hölder continua valendo se p = 1. De
fato, dadas (zn ) ∈ `1 e (wn ) ∈ `∞ , temos que |zn wn | = |zn ||wn | ≤ |zn |k(wm )k∞
para todo n ∈ N. Somando então dos dois lados, obtemos o desejado:
∞
k(zn wn )k1 = ∑ | zn wn |
n =1
∞
≤ ∑ |zn |k(wm )k∞
n =1
∞
= k(wm )k∞ ∑ |zn |
n =1
= k(wm )k∞ k(zn )k1 .