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PROCESSO Nº TST-AIRR-144-65.2012.5.15.

0048

A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
DCJGTS/JCL  

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1.
NULIDADE.   NEGATIVA   DE   PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº
184, DO C. TST. Tendo em vista que a
Reclamada   não   opôs   embargos
declaratórios   em   face   do   v.   acórdão
regional para sanar o suposto vício,
resta   preclusa   a   oportunidade   de
arguição de nulidade por negativa de
prestação,   nos   exatos   moldes   da
Súmula   nº   184,   desta   C.   Corte
Superior.  2. DIRIGENTE SINDICAL
SUPLENTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO
EMPREGO. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 369,
II, DO C. TST. ÓBICE DO ARTIGO 896, §
7º, DA CLT E SÚMULA 333 DO C. TST. A
interpretação   compatível   com   a
finalidade protetora da norma do art.
8º,   VIII,   da   Constituição   Federal,
combinada com os arts. 522 e 543, §
3º,   da   CLT,   é   no   sentido   de   se
atribuir   estabilidade   provisória   ao
máximo   de   7   dirigentes   sindicais
titulares e, em havendo suplentes, de
se estender a garantia de emprego a
igual   número   de   substitutos.   Nessa
linha,   a   jurisprudência   desta   Corte
firmou entendimento de que pode haver
até   14   empregados   com   estabilidade
provisória   por   sindicato,   em
decorrência do exercício de função de
direção   ou   representação
profissional, desde   que   observado   o
número   máximo   de   7   dirigentes
titulares e de 7 suplentes (Súmula nº
369,   II).   No   caso   dos   autos,   está
registrado   no   julgado   que   o
Reclamante era o primeiro suplente da
lista, razão pela qual também goza da
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estabilidade   provisória   no   emprego,


nos   termos   da   Súmula nº   369,   II, do
TST.   Trânsito   do   recurso   de   revista
que encontra óbice no art. 896, § 7º,
da   CLT   e   na   Súmula   nº   333   deste
Tribunal. 3. ADICIONAL POR ACÚMULO DE
FUNÇÕES. MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA.
SÚMULA   Nº   297   DO   C.   TST.  A   matéria
relativa ao adicional por acúmulo de
funções   não   foi   objeto   de   análise
pelo   Tribunal   Regional,   não   tendo
havido   nem   mesmo   a   oposição   de
embargos   de   declaração,   o   que
inviabiliza   o   processamento   do
recurso   de   revista   denegado,   por
ausência   do   necessário
prequestionamento   a   que   alude   a
Súmula   nº   297   do   C.   TST.  Agravo de
instrumento de que se conhece e a que
se nega provimento.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de   Revista   n°  TST­AIRR­144­
65.2012.5.15.0048,   em   que   é   Agravante  RÁDIO   FERREIRENSE   LTDA.  e
Agravado JOÃO DOS REIS.

O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região,


pela r. decisão de fls. 617/618, denegou seguimento ao recurso de
revista interposto pela Reclamada.
Inconformada, a Reclamada interpõe agravo de
instrumento às fls. 621/680, por meio do qual pretende desconstituir
os fundamentos consignados na decisão denegatória do recurso de
revista.
O Reclamante não apresentou contraminuta nem
contrarrazões.
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Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria


Geral do Trabalho (artigo 83 do Regimento Interno do TST).
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

1.1. O agravo de instrumento interposto pela


Reclamada é tempestivo (fls. 619/620) e está subscrito por advogado
regularmente habilitado (fl. 221) e foi devidamente preparado na
forma do art. 899, § 7º, da CLT (fl. 970), razão pela qual dele
conheço.

2. MÉRITO

2.1. NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Uma   primeira   observação   que   se   impõe,   sobre   o


tópico   em   epígrafe,   é   que   não   foi   ele   objeto   de   específica
consideração   no   r.   despacho   denegatório.   Tal   circunstância,   no
entanto, não inibe a realização, por esta Corte Superior, do juízo
definitivo   de   admissibilidade   sobre   a   matéria,   considerando   os
termos da Súmula 285 do C. TST.
No   agravo   de   instrumento,   a   Reclamada   reitera   a
alegação de que,  "no que diz respeito à data efetiva do início do
contrato de trabalho, faltou fundamentação" e renova a indicação de
ofensa ao art. 93, IX, da Constituição Federal.

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Depreende­se do exame dos autos que, a Reclamada,
a despeito de entender incompleta a prestação jurisdicional, deixou
de opor embargos declaratórios em face do v. acórdão regional para
sanar o suposto vício.
Logo, resta preclusa a oportunidade de arguição de
nulidade   da   r.   decisão   recorrida,   por   negativa   de   prestação,   nos
exatos moldes da Súmula nº 184, desta C. Corte Superior, in verbis:
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE
REVISTA . PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para
suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos.

Nesse mesmo sentido, os julgados de oportuna


transcrição:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


EXECUÇÃO. NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. A negativa de prestação jurisdicional
pressupõe a oposição de embargos de declaração. Assim, tendo em vista
que o exequente não opôs embargos declaratórios ao acórdão regional,
incide à espécie a Súmula 184 do TST. Agravo de instrumento conhecido e
não provido. (AIRR-154300-15.2005.5.15.0029, Relatora Ministra: Dora
Maria da Costa, Data de Julgamento: 25/06/2014, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/07/2014);

I - RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA -


DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO - EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO - RECOLHIMENTO PRÉVIO DA MULTA POR
PROTELAÇÃO - DESNECESSIDADE - INEXISTÊNCIA DE
REITERAÇÃO. 1. Somente na hipótese de reiteração de Embargos de
Declaração protelatórios é que a interposição de recurso fica
condicionada ao recolhimento prévio da multa aplicada. 2. Dessarte, o
Tribunal Regional, ao exigir recolhimento prévio não previsto na
legislação processual, violou a garantia constitucional do contraditório e
da ampla defesa. Recurso de Revista conhecido e provido. II - AGRAVO
DE INSTRUMENTO DA PRIMEIRA RECLAMADA - PRELIMINAR DE
NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não há
falar em nulidade por negativa de prestação jurisdicional, pois não houve
oposição de Embargos de Declaração ao acórdão regional. Inteligência da
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Súmula nº 184 do TST. PRELIMINAR DE NULIDADE POR


JULGAMENTO EXTRA PETITA. O acórdão regional, no particular,
consignou que às fls. 3 e 4, o Reclamante relatou os fatos dos quais
decorrera o direito às horas extras mencionadas, não havendo falar em
julgamento extra petita. Agravo de Instrumento a que se nega provimento.
(ARR-1290-62.2012.5.03.0053, Relator Desembargador Convocado: João
Pedro Silvestrin, Data de Julgamento: 25/06/2014, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/07/2014);

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -


DESCABIMENTO. (...) 2. NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. Deixando a parte de opor embargos declaratórios, com
a finalidade de obter pronunciamento sobre a matéria, resta preclusa a
oportunidade de arguir a nulidade do julgado por negativa de prestação
jurisdicional. Inteligência da Súmula 184/TST. A gravo de instrumento
conhecido e desprovido. (TST-AIRR-559-27.2013.5.12.0006, Relator:
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento:
04/06/2014, 3ª Turma);

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. PRECLUSÃO. SÚMULA Nº 184 DO TST. Nega-se
provimento ao agravo de instrumento, quando não demonstrados os
requisitos intrínsecos de cabimento do recurso de revista, previstos no art.
896 da CLT. No caso vertente, ocorreu a preclusão da questão suscitada
na arguição de nulidade do acórdão recorrido, por negativa de prestação
jurisdicional - único tópico recursal veiculado, tendo em vista a ausência
de interposição dos indispensáveis embargos declaratórios. Aplicação da
Súmula nº 184 do TST. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(TST-AIRR: 81900-21.2008.5.01.0018, Relator: Walmir Oliveira da Costa,
Data de Julgamento: 06/11/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
14/11/2013);

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


EXECUÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. À míngua
do necessário prequestionamento perante o Tribunal de origem, e exame
da matéria por esta Corte esbarra no óbice da Súmula 297/TST.
NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. PRECLUSÃO. Deixando a parte de opor embargos de
declaração a fim de buscar a manifestação da Corte regional acerca de
questões eventualmente não apreciadas, resta preclusa a oportunidade de
suscitar a nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional.
Aplicação das Súmulas 184 e 297, II, do TST. REDIRECIONAMENTO DA
EXECUÇÃO CONTRA EMPRESAS TIDAS COMO INTEGRANTES DO
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MESMO GRUPO ECONÔMICO. 1. O presente feito tramita em sede de


execução, e, dessa forma, nos termos do § 2º do art. 896 da CLT, a
admissibilidade da revista fica circunscrita à hipótese de violação direta e
literal de dispositivo constitucional. Inócua, pois, a invocação de
contrariedade a Orientação Jurisprudencial. 2. De outro lado, a
controvérsia foi solvida pela aplicação e interpretação de norma
infraconstitucional - mais precisamente dos arts. 2º, § 2º, e 888 da CLT.
Nesse contexto, a acenada afronta ao art. 5º, LV, da Lei Maior, se
houvesse, seria meramente reflexa, o que não se coaduna com a dicção do
art. 896, § 2º, da CLT e com a Súmula 266/TST. Agravo de instrumento
conhecido e não provido. (TST-AIRR: 203200-77.2006.5.03.0142, Relator:
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 19/06/2013, 1ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 28/06/2013).

Nesse  contexto,  não  há  falar  em  ofensa  ao  artigo


93, IX, da Constituição Federal.
Nego provimento.

2.2. DIRIGENTE SINDICAL SUPLENTE. ESTABILIDADE


PROVISÓRIA NO EMPREGO

O E. 15º Regional denegou seguimento ao recurso de


revista interposto pela Reclamada relativamente ao tema em questão,
nos seguintes termos:
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO /
REINTEGRAÇÃO/READMISSÃO OU INDENIZAÇÃO / DIRIGENTE
SINDICAL.
No tocante ao acolhimento do pedido de reintegração no emprego
convertida em indenização substitutiva - constatou o v. julgado que o
obreiro foi reeleito para o cargo de primeiro suplente da Diretoria
Executiva do sindicato (fl. 27), fazendo jus à estabilidade até 26/11/2014 -
é oportuno destacar que todas as questões foram solucionadas com base
na análise dos fatos e provas. Nessa hipótese, por não se lastrear o v.
julgado em tese de direito, inviável o recurso pelo teor da Súmula 126 do
C. TST.

No agravo de instrumento, a Reclamada reitera que
o sindicato para o qual o Reclamante foi eleito dirigente suplente
conta com 32 membros e que a entidade reconhece a todos eles como
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beneficiários da estabilidade provisória no emprego. Argumenta que o
art. 522 da CLT, que limita a 7 o número de dirigentes sindicais,
foi   recepcionado   pela   Constituição   Federal   de   1988,   segundo   a
jurisprudência   do   STF.   Defende   que   apenas   os   sete   dirigentes
sindicais   titulares   possuem   estabilidade   no   emprego.   Relata   que   o
Reclamante é suplente e, portanto, está fora do rol de 7 dirigentes
sindicais   dotados   de   estabilidade.   Sustenta   que   a   reeleição   do
Reclamante   para   a   função   foi   irregular,   porquanto   estava
desempregado no momento da votação. Renova as indicações de ofensa
aos arts. 522 e 543 da CLT, de contrariedade à Súmula nº 369, II, do
C. TST e de divergência jurisprudencial.
Consta do v. acórdão regional:
DA REINTEGRAÇÃO NO EMPREGO
O reclamante afirma que foi dispensado em 2008, quando tinha
garantia de emprego em decorrência de sua atuação na direção sindical.
Propôs, então, a reclamação trabalhista 0143800-22.2008.5.15.0048
perante a Vara de origem, que, ainda se encontra em tramitação, perante o
C. TST, porém, tendo sido reconhecida a estabilidade e deferida
indenização pelo respectivo período.
Ocorre que o reclamante foi reeleito para o cargo de direção e o
objeto deste processo é precisamente o direito a que a estabilidade se
prolongue até o período final em que ela existiria se o reclamante ainda
estivesse trabalhando para a reclamada, de 26.11.2010 até 26.11.2014.
A reclamada afirma não ser devida ao reclamante a reintegração ou
a indenização correspondente, pois o reclamante não teria direito à
estabilidade.
O d. Juízo de origem entendeu por bem indeferir os pleitos, tendo em
vista que o reclamante, no primeiro processo, não teria recorrido do
indeferimento da reintegração, tendo, assim, se conformado apenas com a
indenização.
Inconformado, recorre o reclamante, repisando o pleito pelo
reconhecimento da estabilidade, a reintegração ou a indenização
correspondente.
Parcial razão lhe assiste.
A Constituição Federal, em seu artigo 8º, inciso VIII, alçou a
garantia de emprego do trabalhador que exerce cargo de direção ou
representação sindical ao patamar de direito fundamental social. Reza o
dispositivo, in verbis:

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Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,


observado o seguinte:
(...)
VIII - é vedada a dispensa do empregado
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo
de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei.

A importância desse reconhecimento é a de proteger não o


empregado em si, como se fosse um direito individual deste contra o
empregador, mas sim toda a categoria à qual pertence, pois sem o risco de
sofrer imediatas retaliações do patrão certamente o dirigente sindical
exerce suas funções com muito mais desenvoltura e eficiência, além de se
tornar menos suceptível à cooptação pelos interesses do patrão.
A CLT, por sua vez, de há muito já consagrava o referido direito em
seu artigo 543, § 3º, copiado abaixo, que foi corroborado e reforçado pela
Constituição Federal, nos termos acima.
Art. 543 – (...)
§ 3º - Fica vedada a dispensa do empregado
sindicalizado ou associado, a partir do momento do
registro de sua candidatura a cargo de direção ou
representação de entidade sindical ou de associação
profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato,
caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer
falta grave devidamente apurada nos termos desta
Consolidação.

Portanto, como princípio de interpretação da aplicação do direito à


estabilidade do dirigente sindical é necessário fixar o pressuposto de que
se trata de um direito social fundamental de proteção à classe
trabalhadora, não podendo ser diminuído ou podado, inclusive como
aplicação dos princípios da proteção e do in dubio pro operario.
Nesse sentido, temos que foi reconhecida a estabilidade do
reclamante em processo anterior, referente ao período da data do registro
da candidatura, anterior à sua dispensa, até 26.11.2011.
O acórdão deste Egrégio Tribunal, na primeira ação, reconheceu a
estabilidade do reclamante, tendo em vista que era um dos sete suplentes
eleitos, restando cumprido o requisito do artigo 522 da CLT, não obstante
a sua recepção pela Carta Magna seja objeto de forte controvérsia na
doutrina e jurisprudência.
O reclamante, diferente do que consigna em fundamentação o d.
Juízo de origem, recorreu de revista, pleiteando não a indenização, mas a
reintegração ao posto, mostrando que realmente tem o intuito de retornar
ao serviço na reclamada.
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Necessário observar que o reclamante só não regressou ao trabalho


por conta da atitude arbitrária da reclamada, primeiro em o dispensar sem
justa causa, em desrespeito à estabilidade sindical da qual era o autor
titular, e em segundo lugar, ao negar-se a aceitar a reintegração. É dizer, a
reclamada deve arcar com todas as consequências de seus atos, até em
respeito ao artigo 2º da CLT, devendo indenizar o reclamante por todo o
período em que é estável. Afinal, a indenização é uma mera ficção de que o
reclamante trabalhou para a reclamada no período correspondente, e
como consequência, todos os direitos que o reclamante teria até 26.11.2011
são garantidos ao reclamante, inclusive o da estabilidade como dirigente
sindical.
Nesse sentido é o entendimento do C. TST, o que se demonstra pela
colação da seguinte ementa:
RECURSO DE REVISTA. DIRIGENTE SINDICAL.
GARANTIA DE EMPREGO. REELEIÇÃO APÓS A
DISPENSA. AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA
CANDIDATURA À EMPRESA. A garantia de emprego é a
vantagem jurídica de caráter transitório deferida ao
empregado em virtude de uma circunstância contratual ou
pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar a
manutenção do vínculo empregatício por um lapso
temporal definido, independentemente da vontade do
empregador. A mais importante estabilidade temporária
referida pela Constituição é a que imanta o dirigente de
entidades sindicais. Dispõe a Carta Magna ser "vedada a
dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro
da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos
da lei" (art. 8º, VIII, da CF/88). Na hipótese, conforme
consignado pelo Tribunal Regional, o Reclamante foi
dispensado por justa causa, porém sem o ajuizamento do
respectivo inquérito para sua apuração, o que tornou a
dispensa ilegal. Relata a Corte a quo que tal ilegalidade da
dispensa foi reconhecida em ação de consignação, que
converteu a reintegração em indenização compensatória
diante do esgotamento do período estabilitário em
momento anterior à prolação da decisão. No entanto, o
Reclamante, após a propositura da ação supracitada, foi
reeleito para o mesmo cargo que ocupava na estrutura
sindical , o que deu origem à propositura da presente
demanda. Considerou o TRT, contudo, indevida a
reintegração, diante da ausência de comunicação à
empresa da nova investidura no cargo de dirigente
sindical. Entretanto, a norma prevista no art. 543, § 5, da
CLT, prevê expressamente que a comunicação deve ser
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fls.10

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efetuada para que o empregado eleito dirigente sindical


não seja impedido de exercer as suas funções. Na hipótese
dos autos é inaplicável o dispositivo legal em questão, pois
o empregado, após a dispensa ilegal, já estava impedido de
exercer as suas funções na empresa. Recurso de revista
provido. (TST, RR - 129900-67.2001.5.05.0024, 6ª Turma,
Rel. Min. Maurício Godinho Delgado, DJ em 30.4.2010)

Digno de reprodução o seguinte trecho do citado voto:


"Por fim, entendo ser perfeitamente possível a
prorrogação do período da garantia de emprego para o
novo mandato decorrente da reeleição, ainda que o
empregado tenha sido dispensado irregularmente antes do
fim do primeiro período estabilitário.
Ora, se o Reclamante não tivesse sido ilegalmente
dispensado, ainda estaria laborando na empresa na
ocasião da reeleição, razão pela qual o período da
garantia de emprego se renova após ter o empregado sido
reeleito."

Por fim, tenho que as alegações da reclamada de que teria havido


descumprimento do artigo 522 da CLT, uma vez que o sindicato contaria
com mais de 7 dirigentes e 7 suplentes, dentre os quais o reclamante não
estaria incluso, não procede, dado o teor do documento de fls. 27, que o
reclamante foi eleito como primeiro suplente da Diretoria Executiva do
sindicato.
Ademais, não se pode sequer alegar descumprimento aos requisitos
do artigo 543, § 5º, da CLT, uma vez que o sindicato notificou a reclamada
tanto do registro de sua candidatura (fls. 28/32), quanto da sua eleição (fls.
33/36).
Pelo exposto, tenho que o reclamante faz jus à estabilidade até
26.11.2014, termo final do mandato da eleição sindical em que foi reeleito.
Isso posto, fica a reclamada condenada a indenizar o reclamante
pelo período de estabilidade, com início em 26.11.2010 e fim em
26.11.2014, nos termos do pedido "B" da inicial (fl. 18). Porém, em
aplicação do artigo 832, § 1º, parte final, caso a ação 0143800-
22.2008.5.15.0048 reconheça, após trânsito em julgado antes do termo
final da estabilidade ora deferida, o direito à reintegração do reclamante,
este deverá ser reintegrado, até 26.11.2014, em deferimento do pedido "A"
da peça inaugural.

Conforme   se   observa   do   v.   acórdão   regional,   o


Reclamante   foi   eleito   para   a   função   de   primeiro   suplente   de
dirigente sindical.
Firmado por assinatura eletrônica em 08/10/2014 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal
Superior do Trabalho, nos termos da Lei nº 11.419/2006.
fls.11

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O art.  522 da  CLT, combinado  com o  § 3º  do art.


543   do   mesmo   diploma   legal,   determina   o   número   de   dirigentes
sindicais   que   terão   direito   à   garantia   de   emprego,   inclusive   os
suplentes, ou seja, a diretoria será composta de no mínimo 3 e de no
máximo   7   membros,   entre   os   quais   será   eleito   o   presidente   do
sindicato.
Já   a   Súmula nº  369 do   TST,   em   seu   item   II,
esclarece que "o art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição
Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o
art. 543, § 3º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número
de suplentes".
Assim, a interpretação compatível com a finalidade
protetora   da   norma   do   art.   8º,   VIII,   da   Constituição   Federal,
combinada com os arts. 522 e 543, § 3º, da CLT, é no sentido de se
atribuir estabilidade provisória ao máximo de 7 dirigentes sindicais
titulares   e,   em   havendo suplentes,   de   se   estender   a   garantia   de
emprego a igual número de substitutos.
Nessa   linha,   a   jurisprudência   desta   Corte   firmou
entendimento   de   que   pode   haver   até  14   empregados   com   estabilidade
provisória por sindicato, em decorrência do exercício de função de
direção ou representação profissional, desde que observado o número
máximo de 7 dirigentes titulares e de 7 suplentes.
No caso dos autos, não está consignado no acórdão
regional que o sindicato da categoria profissional do Autor tivesse
extrapolado o número máximo de 7 dirigentes sindicais titulares e 7
suplentes.   Logo,   para   comprovar   a   alegação   da   Reclamada   de   que   o
referido sindicato possuía 32 membros, é necessário reexaminar fatos
e   provas,   procedimento   vedado   em   grau   de   recurso   de   revista,   nos
termos da Súmula nº 126 do C. TST.

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PROCESSO Nº TST-AIRR-144-65.2012.5.15.0048

O que está registrado no julgado é que o Autor era
o   primeiro   suplente   da   lista,   razão   pela   qual   também   goza   da
estabilidade   provisória   no   emprego,   nos   termos   da   Súmula nº  369,
II, do   TST,   por   estar   ele   posicionado   dentro   dos   7   primeiros
suplentes contemplados pela lei com a estabilidade provisória.
Ante a norma do art. 896, § 7º, da CLT e a Súmula
nº 333 deste Tribunal, não se processa o recurso de revista denegado
por dissenso pretoriano.
Ressalta­se, por fim, que no tocante às assertivas
de   conversão   da   reintegração   em   indenização   e   de   impedimento,   no
regulamento   do   sindicato,   à   reeleição   de   dirigentes   sindicais,
observa­se   que   a   Agravante,   dedica­se   tão   somente   a   expor   suas
razões   de   inconformismo,   sem     apontar   qualquer   violação
constitucional ou infraconstitucional, nem tampouco contrariedade a
Súmula do C. TST ou divergência jurisprudencial. Assim, no ponto, o
recurso de revista não atende aos requisitos do artigo 896, da CLT,
mostrando­se, desfundamentado.
Nego provimento.

2.3. ADICIONAL POR ACÚMULO DE FUNÇÕES

Observe­se,   também   sobre   o   tópico   em   epígrafe,


que não foi ele objeto de específica   consideração no r. despacho
denegatório. Tal circunstância, no entanto, não inibe a realização,
por   esta   Corte   Superior,   do   juízo   definitivo   de   admissibilidade
sobre a matéria, considerando os termos da Súmula 285 do C. TST.
No   agravo   de   instrumento,   a   Reclamada   reitera   a
indicação de ofensa aos arts. 13 da Lei nº 6.615/1978 e 16, I, do

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PROCESSO Nº TST-AIRR-144-65.2012.5.15.0048

Decreto   nº   84.134/1979,   no   tocante   ao   adicional   por   acúmulo   de


funções.
Todavia,   a   matéria   relativa   ao   adicional   por
acúmulo de funções não foi objeto de análise pelo Tribunal Regional
no v. acórdão, não tendo havido nem mesmo a oposição de embargos de
declaração, o que inviabiliza o processamento do recurso de revista
denegado, por ausência do necessário prequestionamento a que alude a
Súmula nº 297 do C. TST.
Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de
instrumento interposto pela Reclamada e a ele negar provimento.
Brasília, 08 de outubro de 2014.

Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº 11.419/2006)


JANE GRANZOTO TORRES DA SILVA
Desembargadora Convocada Relatora

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