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Notas de aula de Cálculo Diferencial 1

Ricardo Vasconcelos

Fortaleza, 18 de setembro de 2019


Sumário

1 Limite e Continuidade 2
1.1 Noção Intuitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Propriedades do Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Propriedades das Funções Contínuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Limite Exponencial Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Referências Bibliográficas 12

1
Capítulo 1

Limite e Continuidade

1.1 Noção Intuitiva


Vamos estudar o comportamento de uma função f (x) para valores de x próximos de um ponto xo .
Consideremos, por exemplo, a função f (x) = x + 2. Para valores de x próximos de 1, f (x) assume
valores próximos de 3, conforme mostra a seguinte tabela.

x>1 x+2 x<1 x+2


1,5 3,5 0,5 2,5
1,1 3,1 0,9 2,9
1,01 3,01 0,99 2,99
1,001 3,001 0,999 2,999
↓ ↓ ↓ ↓
1 3 1 3

Figura 1.1: Limite da função f (x) = x + 2 quando x → 1

Da tabela observamos que quando x está próximo de 1, tanto à esquerda como à direita, f (x)
estará próximo de 3. Do ponto de vista comportamental da função f (x), dizemos que o limite de
f (x) = x + 2 quando x tende a 1 é igual a 3, ou seja,
lim f (x) = 3
x→1

Definição 1.1. Dizemos que limite de f (x) quando x tende a xo é igual a L, e escrevemos lim f (x) =
x→xo
L, se pudermos tomar valores de f (x) arbitrariamente tão próximos de L tomando x suficientemente
próximos de xo , porém não igual a xo .
Observação: Ao avaliarmos o limite quando x tende a xo , estamos considerando x próximo a xo ,
ou seja, estamos interessados em observar o comportamento da função para valores de x 6= xo , e nesse
caso, a função não precisa estar definida em xo .

x2 − 1
1. Exemplo: Avalie o lim .
x→1 x − 1

2
2. Exemplo: Seja

2
 x − 1 se x 6= 1

f (x) = x − 1
0 se x = 1

Encontre lim f (x).


x→1

Definição 1.2. Uma função f é contínua em xo se:

i) f está definida em xo ;

ii) lim f (x) existe;


x→xo

iii) lim f (x) = f (xo ).


x→xo

Observação: Uma função f que não é contínua em xo é descontínua em xo .

Nota: Uma função f é continua em xo se, e somente se lim f (x) = f (xo ), ou seja o limite
x→xo
existe e a função f está definida em xo .

3. Exemplo: Em cada caso, verifique se a função f é contínua em x.

(a) f (x) = x2 + 1 em x = 1.
x−3
(b) f (x) = √ √ em x = 3.
x− 3

3
 x − 1 se x 6= 1

(c) f (x) = x − 1
3 se x = 1

Definição 1.3. Seja f uma função definida em um inyervalo contendo a, exceto possivelmente
no próprio a. Dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a é igual a L, e escrevemos
lim f (x) = L, se para todo ε > 0 dado, existe um δ > 0 tal que se 0 <| x − a |< δ, então
x→a
| f (x) − L |< ε.

Geometricamente esse resultado pode ser interpretado pelo gráfico que segue.

4. Exemplo: Prove pela definição formal de limite.

(a) lim (3x − 2) = 4.


x→2
(b) lim (x2 ) = 9.
x→3
(c) lim (x2 − 4x + 5) = 1.
x→2
(d) lim (−x2 − x + 5) = −1.
x→−3

(e) lim (x2 − 3x) = 10.


x→5

3
Figura 1.2: Interpretação geométrica da definição formal de limite

(f) lim (6x2 − 13x + 5) = 3.


x→2

(g) lim x + 5 = 3.
x→4
(h) lim (x3 ) = 8.
x→2

(i) lim x + 3 = 2.
x→1
(j) lim (−3x2 − 2x + 1) = −20.
x→−3

(k) lim (4x2 + x − 4) = 14.


x→2
(l) lim (5x2 − 12) = 8.
x→2
(m) lim (x2 + x − 2) = 4.
x→2
x 3
(n) lim ( ) = .
x→3 5 5
x
(o) lim (4 − ) = 5.
x→−5 5
4x + 1 9
(p) lim = .
x→2 3x − 4 2
x−4 −1
(q) lim = .
x→2 2x + 2 3
2x + 3 13
(r) lim = .
x→5 x − 2 3
Teorema da unicidade
Seja f uma função definida em um intervalo contendo o ponto a, exceto possivelmente no próprio

a. Suponha que

lim f (x) = L1 e lim f (x) = L2 .


x→a x→a

Então L1 = L2 .

2
 x − 25 se x 6= 5

5. Exemplo: Determine L para que a função x−5
L se x = 5


seja contínua em 5.

4
1.2 Propriedades do Limite

Suponha que lim f (x) = L1 e lim g(x) = L2 . Então:


x→a x→a

i) lim (f (x) + g(x)) = lim f (x) + lim g(x) = L1 + L2 .


x→a x→a x→a

ii) lim M f (x) = M lim f (x) = M L1 com M ∈ R.


x→a x→a

iii) lim f (x).g(x) = lim f (x). lim g(x) = L1 .L2 .


x→a x→a x→a

f (x) limx→a f (x) L1


iv) lim = = com g(x) 6= 0.
x→a g(x) limx→a g(x) L2

v) lim [f (x)]n = [ lim f (x)]n = Ln1 com n ∈ Z+ .


x→a x→a
q q
n
De modo geral, temos que lim f (x) = n lim f (x) para n par e lim f (x) > 0.
x→a x→a x→a

6. Exemplo: Calcule:

(a) lim (x3 − 2x + 5).


x→−1
x3 − 8
(b) lim .
x→2 x − 2
(2 + h)2 − 4
(c) lim .
h→0 h
√ √
x− 5
(d) lim .
x→5 x−5

x2 + 4 − 2
(e) lim .
x→5 x−5
Teorema do Confronto

Sejam f, g, h funções e suponha que existe δ > 0 tal que f (x) 6 g(x) 6 h(x) para 0 <| x − a |< δ.
Se lim f (x) = L = lim h(x), então lim g(x) = L.
x→a x→a x→a

7. Exemplo: Calcule:
1
(a) lim xsen( ).
x→0 x
1
(b) lim (x − 3)cos( ).
x→3 x−3
1
(c) lim x5 esen( x ) .
x→0

8. Exemplo: Seja f : R → R tal que | f (x) |6 x3 , ∀x ∈ R. Verifique se f é contínua em 0.

Teorema do Anulamento para limites

5
Suponha que lim f (x) = 0 e g seja uma função limitada, então para x próximo de xo . Então
x→xo
lim f (x)g(x) = 0.
x→xo
(
2 1 se x ∈ R − Q
9. Exemplo: Calcule lim x g(x), onde g : R → R é dada por g(x) = .
x→0 0 se x ∈ Q

10. Exemplo: Calcule:


1
(a) lim xsen( )
x→0 x
1
(b) lim x2 cos( 2 )
x→0 x
Teorema da Conservação dos sinais

Suponha que lim f (x) = L. Se L > 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df , 0 <|
x→xo
x − xo |< δ ⇒ f (x) > 0. Analogamente, se L < 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
0 <| x − xo |< δ ⇒ f (x) < 0.

1.3 Limites Laterais

Considere a seguinte função


(
x2 + 1 se x ≥ 0
f (x) = .
x2 se x ≤ 0

Figura 1.3: Interpretação geométrica de limites laterais

No gráfico acima, observamos que quando x → 0− , f (x) → 0 e quando x → 0+ , f (x) → 1.


Porém lim f (x) não existe.
x→0

Definição 1.4. Limite lateral esquerdo

Dizemos que lim f (x) = L1 , se para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que x ∈ (a − δ, a) ⇒
x→a−
| f (x) − L |< ε.

Definição 1.5. Limite lateral direito

Dizemos que lim f (x) = L1 , se para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que x ∈ (a, a + δ) ⇒
x→a+
| f (x) − L |< ε.

6
11. Exemplo: Calcule:
|x|
(a) lim =.
x→0− x
|x|
(b) lim =.
x→0+ x
Teorema

lim f (x) = L se, e somente se lim f (x) = L = lim f (x).


x→a x→a− x→a+
Corolário

Se f admite limites laterais em a, e lim f (x) 6= lim f (x), então não existe lim f (x).
x→a− x→a+ x→a

|x|
12. Exemplo: Verifique se existe lim .
x→0 x

Definição 1.6. Uma função f é contínua em um intervalo fechado [a, b] se é contínua no aberto
(a, b) e lim f (x) = f (a) e lim f (x) = f (b).
x→a+ x→b−

Exemplo: Verifique se a função f (x) ≥ 0 definida por f (x) = 4 − x2 é contínua no intervalo
[−2, 2].
(√
x − 4 se x > 4
Exemplo: Calcule, caso exista, lim f (x) sendo f (x) =
x→4 8 − 2x se x < 4

Exemplo: Dada a função maior inteiro f (x) = [x].

(a) Esboce o gráfico de f no intervalo [−3, 3].


(b) Calcule, caso existam, lim f (x) e lim f (x).
x→0 x→3

1.4 Propriedades das Funções Contínuas

Sejam f, g funções contÃnuas em a, então:

i) f + g é contínua em a.

ii) kf é contínua em a sendo k ∈ R.

iii) f.g é contínua em a.

f
iv) é contínua em a, se g(p) 6= 0.
g

Exemplo: De exemplo de uma função contínua que sua inversa também seja contínua.

Exemplo: Verifique que as funções exponênciais e logarítmicas são contínuas, e que sua inversa
também é contínua.

7
ln x
Exemplo: A função f (x) = é contínua? Justifique.
x2 + 1

Teorema

Sejam f, g funções tais que Img ⊂ Df e L ∈ Df . Se f for contínua em L e lim g(x) = L, então
x→a
lim f (g(x)) = f ( lim g(x)) = f (L).
x→a x→a

Exemplo: Calcule:
s
x2 + 1
(a) lim
x→1 x−1

1− x
(b) lim e 1 − x
x→1
(3 − x3 )4 − 16
(c) lim
x→1 x3 − 1
Teorema
Limite Trigonométrico Fundamental

sen x
lim =1
x→0 x

Exemplo: Calcule:
sen 5x
(a) lim .
x→0 x
sen2 x
(b) lim .
x→0 x2
tg 2x
(c) lim .
x→0 x
1 − cos x
(d) lim .
x→0 x2
2x
(e) lim .
x→0 sen 3x
tg 2x
(f) lim .
x→0 sen3x

1.5 Limites Infinitos


1
Considere a fun/ccão f (x) = . Qunado x se aproxima de 0 pela esquerda f (x) se torna
x
arbitráriamente grandes, porém negativos. Por outro lado, quando x se aproxima de 0 pela
direita, os valores de f (x) tornam arbitráriamente grandes, porém positivos.

Definição 1.7. Seja f uma função definida em um intervalo que contém a, exceto possivelmente
o ponto a, dizemos que limite de f (x) quando x tende a a pela esquerda é −∞ se dado ε > 0,
existe δ > 0 tal que se x ∈ (a − δ, a), então f (x) < −ε, e escrevemos,

lim f (x) = −∞
x→a

8
Figura 1.4: Interpretação geométrica do limite infinito

Definição 1.8. Seja f uma função definida em um intervalo que contém a, exceto possivelmente
o ponto a, dizemos que limite de f (x) quando x tende a a pela direita é +∞ se dado ε > 0,
existe δ > 0 tal que se x ∈ (a, a + δ), então f (x) > ε, e escrevemos,

lim f (x) = +∞
x→a

Propriedades dos limites infinitos

lim f (x) lim g(x) (f + g)(x) (f · g)(x)


x→a x→a
+∞ +∞ +∞ +∞
L +∞ +∞ + ∞, L > 0 e −∞, L < 0
+∞ -∞ indeterminada -∞
L -∞ -∞ - ∞, L > 0 e +∞, L < 0
-∞ -∞ -∞ +∞

Alguns casos de indeterminação

±∞ 0
+∞ − (+∞) , −∞ − (−∞) , 0 · ±∞ , , , 1±∞ , 00 , ±∞0
±∞ 0

Exemplo: Calcule:
cos x
(a) lim .
x→0x2
sen x2
(b) lim .
x→0 x4

1.6 Limites no Infinito

Definição 1.9. Seja f uma função definida em algum intervalo (a, +∞). Então

lim f (x) = L
x→+∞

significa dizer que os valore de f (x) se tornam cada vez mais próximos de L a medida que x
se torna suficientemente grande positivo. Formalmente, dado ε > 0, existe um δ > 0 tal que
| f (x) − L |< ε sempre que x > δ.

Definição 1.10. Seja f uma função definida em algum intervalo (−∞, a). Então

9
lim f (x) = L
x→−∞

significa dizer que os valore de f (x) se tornam cada vez mais próximos de L a medida que x se
torna suficientemente grande em valor absoluto, mas negativo. Formalmente, dado ε > 0, existe
um δ < 0 tal que | f (x) − L |< ε sempre que x < δ.

Exemplo: Prove, pela definição formal, que:


1
(a) lim
= 0.
x→−∞ x
1
(b) lim = 0.
x→+∞ x

Exemplo: Calcule:
1
(a) lim onde n é um inteiro positivo.
x→+∞ xn
x5 + x4 + 1
(b) lim .
x→+∞ 2x5 + x + 1

2x2 + 1
(c) lim .
x→−∞ 3x + 5

2x2 + 1
(d) lim .
x→+∞ 3x + 5
sen x
(e) lim 2 + .
x→+∞ x
1
(f) lim xsen .
x→−∞ x
2
(g) lim x .
x→+∞

(h) lim (x2 − x).


x→+∞
x3 + 3x − 1
(i) lim .
x→+∞ 2x2 + x + 1
x3 − 3x2 + 1
(j) lim .
x→+∞ 1 − 2x2
Exemplo: Verifique que se a > 1, então lim ax = 0, e se 0 < a < 1, então lim ax = 0.
x→−∞ x→+∞

n
X
Exemplo: Seja p(x) = ai xi com an 6= 0 e n um natural não nulo. Calcule lim p(x).
x→+∞
i=1
n
X n
X
Exemplo: Seja p(x) = ai xi e q(x) = bi xi com an , bn 6= 0 e n um natural não nulo.
i=1 i=1
p(x)
Calcule lim , sendo q(x) 6= 0.
x→±∞ q(x)

Exemplo: Verifique que se a > 1, então lim loga x = +∞


x→+∞

Exemplo: Verifique que se a > 1, então lim ax = +∞, e se 0 < a < 1, então lim ax = +∞.
x→+∞ x→−∞

1.7 Limite Exponencial Fundamental

Definição 1.11. Definimos o número de Euller e ∼


= 2,718 como sendo o limite,

10
1 x
lim (1 + ) =e.
x→+∞ x

Exemplo: Calcule:
1 x
(a) lim (1 + ) .
x→−∞ x
1
(b) lim (1 + h) h .
h→0+
1
(c) lim (1 + h) h .
h→0−
eh − 1
(d) lim .
h→0 h

Exercícios de Fixação

Exercícios 3.1
Questões: 1 a 4
Exercícios 3.2
Questões: 1, 2, 5, 6, 11, 12, 23, 24, 25 e 27
Exercícios 3.3
Questões: 1 a 5
Exercícios 3.4
Questões: 1, 3 e 4
Exercícios 3.5
Questões: 1 e 2
Exercícios 3.6
Questões: 1 a 5
Exercícios 3.8
Questões: 1 e 3
Exercícios 4.2
Questões: 1, 3 e 4
Exercícios 6.1
Questão: 1
Exercícios 6.2
Questão: 4
Exercícios 6.3
Questões: 1 a 3

11
Referências Bibliográficas

[1] Guidorizzi, Hemilton Luiz: Um curso de cálculo , vol.1, Rio de Janeiro: LTC, 2008.

12

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