Você está na página 1de 87

1

HISTÓRIA

DA

ARTE

1
2

BIBLIOGRAFIA : HOME PAGE :


http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html

INDICE CONTEMPORÂNEA

5.01 NEOCLÁSSICO
INTRODUÇÃO 5.02 ROMANTICA
5.03 REALISTA
PRÉ HISTÓRIA 5.04 IMPRESSIONISMO
5.05 EXPRESSIONISMO
PALEOLÍTICO INFERIOR 5.06 CUBISMO
PALEOLÍTICO SUPERIOR 5.07 ABSTRACIONISMO

2
3

NEOLÍTICO 5.08 FAUVISMO


IDADE DOS METAIS 5.09 CONSTRUTIVISMO
5.10 SURREALISMO
ARTE ANTIGA 5.11 DADAÍSMO
5.12 OP ART
2.01 EGÍPCIA
2.02 GREGA 5.13 POP ART
2.03 ROMANA 5.14 INSTALAÇÃO
2.04 PALEOCRISTÃ 5.15 INTERFERÊNCIA
2.05 BIZANTINA 5.16 COBRA
2.06 ISLÂMICA 5.17 FUTURISMO
5.18 ART NAIF
IDADE MÉDIA 5.19 PINTURA METAFÍSICA

3.01 ROMÂNICA ARTE BRASILEIRA


3.02 GÓTICA
6.01 PRÉ HISTPORIA
IDADE MODERNA 6.02 ARTE INDÍGENA
6.03 COLONIAL
4.01 RENASCIMENTO 6.04 HOLANDESA
4.02 MANEIRISMO 6.05 BARROCO
4.03 BARROCO 6.06 MISSÃO FRANCESA
4.04 ROCOCÓ 6.07 ARTE ACADÊMICA
6.08 MODERNISMO BRASILEIRO
6.09 EXPRESSIONISMO
6.10 ARTE NAIF

INTRODUÇÃO

O que é arte?
Criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia,
revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus
sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos
utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos
conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a
música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc.
Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras:
visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Hoje, alguns tipos de
arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da
arte e da técnica para comunicar-se.

Quem faz arte?


O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas,
como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha.
Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um
caráter instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que
3
4

o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de


outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para
explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?


Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de
função da arte que pode ser:
● feita para decorar o mundo
● para espelhar o nosso mundo (naturalista)
● para ajudar no dia-a-dia (utilitária)
● para explicar e descrever a história
● para ser usada na cura de doenças
● para ajudar a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?


O que vemos quando admiramos uma arte depende:
● da nossa experiência e conhecimentos
● da nossa disposição no momento
● da imaginação e
● daquilo que o artista pretendeu mostrar.

PROCESSO DE DIÁLOGO COM O TRABALHO DO ARTISTA

VOCÊ, O APRECIADOR
Exige esforço, dedicação e
diálogo com o trabalho, então
pergunte-se:
Qual é o tema?
O
O ARTISTA Quais são os materiais utilizados?
TRABALH
Pode ter uma A obra tem título?
O
mensagem e toma Quando e onde foi feita?
(obra de
decisões Qual o seu tamanho?
arte)
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?

O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?


Estilo é como o trabalho se mostra, depois de o artista ter tomado
suas decisões. Cada artista possui um estilo único. Imagine se todas
as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala
gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o que, quando e
como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na forma
de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam
classificá-las por categorias e rotulá-las. É um procedimento comum
na arte ocidental. Ex.: Renascimento, Impressionismo Cubismo,
Surrealismo, etc.
4
5

Como conseguimos ver as transformações do mundo através


da arte?
Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde e como.
Desta maneira estaremos dialogando com a obra de arte, e assim
podemos entender as mudanças que o mundo teve.

Como as idéias se espalham pelo mundo?


Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam
apresentar às pessoas idéias de outras culturas. Os pregressos na
tecnologia também difundiram técnicas e teorias. Elas se espalham
através da:
● arqueologia , quando se descobrem objetos de outras
civilizações.
● Pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos
1890, muitas das revistas internacionais de arte já tinham
fotos
● pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e a
televisão em 1926, permitindo que as idéias fossem
transmitidas por todo o mundo rapidamente, os estilos de arte
podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas
compartilhadas
● pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por
volta de 1450, assim os livros e arte podiam ser impressos e
distribuídos em grande quantidade
● pela internet, alguns artistas colocam suas obras em exposição
e podemos pesquisá-las, bem como saber sobre outros estilos.

Os historiadores de arte, críticos e estudiosos classificam os


períodos, estilos ou movimentos artísticos separadamente, para
facilitar o entendimento das produções artísticas.

Não há coincidência com a linha do tempo histórica, pois


● a partir de 1848 consideramos o início da Arte Moderna e
● o movimento Pop Art o início da Arte Pós-Moderna.
Porém, optamos por apresentar a arte por meio da linha do tempo
histórica, por considerarmos ser mais didática.

1- PRE HISTORIA

Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a


Pré-História. Esse período não foi registrado por nenhum documento
escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o que
sabemos dos homens que viveram nesse tempo é o resultado da
pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna
5
6

ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem.

Divisão da Pré-História:

1.1- PALEOLÍTICO INFERIOR


● aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.
● primeiros hominídios
● caça e coleta
● controle do fogo e
● instrumentos de pedra e pedra lascada, madeira e ossos:
facas, machados.

a principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é


o naturalismo. O artista pintava os seres, um animal, por exemplo,
do modo como o via de uma determinada perspectiva, reproduzindo a
natureza tal qual sua vista captava. Atualmente, a explicação mais
aceita é que essa arte era realizada por caçadores, e que fazia parte
do processo de magia por meio do qual procurava-se interferir na
captura de animais, ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha
ter poder sobre o animal desde que possuísse a sua imagem.
Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o
representasse ferido mortalmente num desenho. Utilizavam as
pinturas rupestres, isto é, feitas em rochedos e paredes de
cavernas. O homem deste período era nômade.

1.2- PALEOLÍTICO SUPERIOR


● instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra:
machado, arco e flecha, lançador de
dardos, anzol e linha; e
● desenvolvimento da pintura e da escultura

Os artistas do Paleolítico Superior realizaram também trabalhos em


escultura. Mas, tanto na pintura quanto na escultura, nota-se a
ausência de figuras masculinas. Predominam figuras femininas, com a
cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos,
ventre saltado e grandes nádegas. Destaca-se: Vênus de Willendorf.

1.3- NEOLÍTICO
● instrumentos de pedra polida, enxada e tear;
● início do cultivo dos campos;
● artesanato: cerâmica e tecidos;
● construção de pedra; e
● primeiros arquitetos do mundo.

A fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo


cultivo da terra e pela manutenção de manadas, ocasionou um
6
7

aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras


instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do
Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar cerâmicas
e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros
arquitetos do mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do
atrito e deu início ao trabalho com metais.
Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo na arte. O
homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os
sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de
observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como
conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais e
figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os próprios
temas da arte mudaram: começaram as representações da vida
coletiva.
Além de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu uma
cerâmica que revela sua preocupação com a beleza e não apenas com
a utilidade do objeto, também esculturas de metal.
Desse período temos as construções denominadas dolmens.
Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente
no chão, como se fossem paredes, e uma grande pedra era colocada
horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. E o menir que era
monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra
fincado no solo em sentido vertical.
O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser
considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a História
registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a
intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando
outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco
semelhante a um altar. O conjunto está orientado para o ponto do
horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de que
se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as
pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de
nenhuma argamassa.

1.4- IDADE DOS METAIS


● aparecimento de metalurgia;
● aparecimento das cidades;
● invenção da roda;
● invenção da escrita; e
● arado de bois.

As Cavernas
Antes de pintar as paredes da caverna, o homem fazia ornamentos
corporais, como colares e, depois, magníficas estatuetas, como as
famosas “Vênus”.
7
8

Existem várias cavernas pelo mundo, que demonstram a pintura


rupestre, algumas delas são:
Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma centena de desenhos
feitos há 14.000 anos, foram os primeiros desenhos descobertos, em
1868. Sua autenticidade, porém, só foi reconhecida em 1902.
Caverna de LASCAUX, França, suas pinturas são achadas em 1942,
têm 17.000 anos. A cor preta, por exemplo, contém carvão moído e
dióxido de manganês.
Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras, cavalos,
mamutes, hienas, dezenas de rinocerontes peludos e animais
diversos, descoberta em 1994.
Gruta de RODÉSIA, África, com mais de 40.000 anos.
Parque Nacional Serra da Capivara - Sudeste do Estado do Piauí,
ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa,
Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Nessa região encontra-se uma densa
concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras
rupestres. Para saber mais visite: fumdham.org Onde havia gente - Os
arqueólogos já encontraram vários registros de seres humanos
pré-históricos que viviam no Brasil há pelo menos 11.000 anos:

Os primeiros Inícions da América - Estudos mostram que a colonização


deve ter sido mais complexa do que se pensava:

8
9

Curiosidades: "O trajeto marítimo do Homo erectus" e "Os ancestrais do


Iníciom moderno":

9
10

IMAGENS

STONEHENGE

10
11

Como foi construído:

Os maciços arcos de pedra da Planície de Salisbury aguardam o nascer do


sol como vêm fazendo, dia após dia, há 4 mil anos. Erguem-se em
silêncio vigilante, a cor escura em contraste com o céu cinzento.
Stonehenge pode ser a maior maravilha do mundo pré-histórico. Com
certeza, é um de seus maiores mistérios. O círculo foi deliberadamente
alinhado com o nascer do sol do solstício de verão, o amanhecer do dia
mais longo do ano. Como poderiam os Inícions primitivos ter colocado
aqueles gigantescos blocos de pedra, pesando até 50 toneladas cada um,
em suas atuais posições? E por que fizeram isso?
Na Idade Média, o monumento de Stonehenge era explicado pelo poder
da magia: Merlin, mago da corte do Rei Arthur, invocara as forças das
enormes pedras da Irlanda. No século 19, as pessoas estavam presas à
idéia dos druidas, sem atentar para o fato de que aqueles antigos
sacerdotes celtas faziam os cultos em bosques de carvalhos sagrados, e
não em templos de pedra. Sacerdotes barbados em vestimentas brancas
celebrando o solstício de verão em Stonehenge constituem sua imagem
mais duradoura.
O astrônomo Sir Fred Hoyle declarou que Stonehenge é um computador
pré-histórico, programado para prever os eclipses do sol e da lua.
Ninguém sabe exatamente o que é Stonehenge. No entanto, hoje temos
conhecimento de quando foi construído - e como. Recente estudo feito
pela Associação Arqueológica de Wessex resolve as discussões sobre a
idade de Stonehenge. Tudo começou logo após o ano 3000 a.C, numa
área circular delimitada por pequena encosta com grande fosso externo.
"No ano 2600 a.C, enormes pedras retangulares foram trazidas das
Montanhas Preseli, situadas a cerca de 217 quilômetros dali", diz Andrew
Lawson, diretor da Associação.
O anel externo e a arcada interna foram feitos de blocos de arenito
provenientes das Planícies MarIborough, situadas 40 quilômetros ao
norte. Os maiores dolmens da arcada interna, chamados de trilithons, são
constituídos por dois pilares denominados megálitos e uma pedra
colocada sobre o topo. Os megálitos têm aproximadamente sete metros
de altura e pesam até 50 toneladas. Acredita-se que foram construídos
por volta do ano 2400 a.C.
Quando prepararam as pedras, os criadores de Stonehenge fizeram
pequena elevação no meio das colunas, técnica que na Grécia, 1.500
anos mais tarde, seria chamada de êntase. Contrariando o efeito de
distorção da paisagem, a êntase faz a aresta de uma coluna parecer
perfeitamente reta.
Entretanto, a descoberta mais intrigante da Associação é que o tempo de
construção de Stonehenge talvez tenha sido bem menor do que se
11
12

imaginava: "O monumento poderia ser construído em uma geração, com


potencial humano e gerenciamento ágil."
Isso é incrível. O transporte e a edificação de 40 blocos de rocha, com
outro bloco de 10 toneladas colocado sobre eles, é obra que mesmo hoje
seria de tirar o ânimo de qualquer um. Que força bruta foi necessária
para colocar aquelas pedras na posição, sem guindastes ou roldanas?
Há três verões, num campo não muito distante de Stonehenge, certo
grupo de entusiastas liderado pelo engenheiro Mark Whitby e pelo
arqueólogo Julian Richards mostrou como os arcos podem ter sido
construídos.
Whitby coordenou uma operação onde réplicas das pedras - duas colunas
de 45 toneladas e uma viga transversal de 10 toneladas, feitas de
concreto - foram puxadas sobre trilhos de madeira besuntados com sebo.
Uma versão do sistema em que os grandes navios, com as quilhas
lubrificadas, são lançados ao mar sobre trilhos. Os grandes blocos de
pedra foram puxados colina acima por 130 soldados, bombeiros e
estudantes usando quase 150 metros de corda.
A força bruta, no entanto, não foi suficiente para erguer as pedras. Para
alcançar seu objetivo, Whitby teve de pensar como os construtores
originais. "Esses rapazes da Idade da Pedra eram engenhosos", admite
Whitby. Uma dica importante foi o formato do buraco onde fica a coluna
maior. Ele era vertical, com um dos lados fortemente inclinado. Whitby
construiu uma rampa perto do buraco e mandou que puxassem a enorme
pedra sobre ela, até que a terça parte da pedra se projetasse sobre o
buraco. Pesados fragmentos de rocha foram colocados sobre o bloco de
pedra e empurrados para sua extremidade. Momentos depois, o peso
desses fragmentos fez o imenso bloco se inclinar e cair dentro do buraco
abaixo dele.
Uma vez erguido o segundo bloco, a viga transversal foi arrastada sobre
a rampa mais íngreme. Os três blocos se adaptaram de maneira
impecável e formaram a perfeita arcada do século 20. Whitby acredita ter
solucionado o problema. "Com 140 pessoas, eu poderia construir
Stonehenge em menos de 20 anos.”

12
13

2- ARTE ANTIGA

2.1 – EGÍPCIA

Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se


desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em
sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo,
justificando sua organização social e política, determinando o papel
de cada classe social e, conseqüentemente, orientando toda a
produção artística desse povo.

Além de crer em deuses, que poderiam interferir na história humana,


os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam
que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e
do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários
e túmulos grandiosos.

2.1.1- ARQUITETURA
As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais
famosas e, foram construídas por importantes reis do Antigo Império:
Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três pirâmides está a
esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren,
mas a ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao
longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso.

As características gerais da arquitetura egípcia são:


● solidez e durabilidade;
● sentimento de eternidade; e
● aspecto misterioso e impenetrável.

As pirâmides tinham base quadrangular, eram feitas com pedras


que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de
largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente
da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo
se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro
labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia
do faraó e seus pertences.

Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos


dedicados ao deus Amon.Os monumentos mais expressivos da arte
egípcia são os túmulos, divididos em três categorias:

Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó;


Mastaba - túmulo para a nobreza; e
Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo.

Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu


13
14

capitel:

Palmiforme - flores de palmeira;


Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.

Para seu conhecimento


Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana
(sabedoria). Eram colocadas na alameda de
entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a
luz solar.

2.1.2- ESCULTURA
Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em
posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma
emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de
imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente
as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas uma
impressão de força e de majestade.
Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura, geralmente
esmaltadas de azul e verde, destinadas a substituir o faraó morto nos
trabalhos mais ingratos no além, muitas vezes coberto de inscrições.
Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram
também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em
seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um encanto todo
especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos,
muitas vezes, em baixo-relevo.

2.1.3- PINTURA
A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação
das atitudes religiosas.

Suas características gerais são:


● ausência de três dimensões;
● ignorância da profundidade;
● colorido à tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do
relevo; e
● Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa
fosse representado sempre de frente,
● enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de
perfil.

Quanto à hierarquia na pintura: eram representadas maiores as


pessoas com maior importância no reino, ou seja, nesta ordem de
grandeza: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo.
As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto que as
14
15

masculinas pintadas de vermelho.


Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como
nós. Desenvolveram três formas de escrita:
Hieróglifos - considerados a escrita sagrada;
Hierática - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e
pelos sacerdotes; e
Demótica - a escrita popular.

Livro dos Mortos, ou seja um rolo de papiro com rituais funerários


que era posto no sarcófago do faraó morto, era ilustrado com cenas
muito vivas, que acompanham o texto com singular eficácia. Formado
de tramas de fibras do tronco de papiro, as quais eram batidas e
prensadas transformando-se em folhas.

Para seu conhecimento


Hieróglifos: foi decifrada por Champolion, que descobriu o seu
significado em 1822, ela se deu na Pedra de Rosetta que foi
encontrada na cidade do mesmo nome no Delta do Nilo.
Mumificação:
a. eram retirados o cérebro, os intestinos e outros órgãos vitais, e
colocados num vaso de pedra chamado Canopo.
b. nas cavidades do corpo eram colocadas resinas aromáticas e
perfumes.
c. as incisões eram costuradas e o corpo mergulhado num tanque
com Nitrato de Potássio.
d. Após 70 dias o corpo era lavado e enrolado numa bandagem de
algodão, embebida em betume, que servia como
impermeabilização.

IMAGENS

15
16

2.2 – GREGA

Enquanto a arte egípcia é uma arte ligada ao espírito, a arte grega


liga-se à inteligência, pois os seus reis não eram deuses, mas seres
inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. A arte
grega volta-se para o gozo da vida presente. Contemplando a
natureza, o artista se empolga pela vida e tenta, através da arte,
exprimir suas manifestações. Na sua constante busca da perfeição, o
artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que
predomina o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Ele tem como
características:
● o racionalismo;
● amor pela beleza;
● interesse pelo homem, essa pequena criatura que é “a medida
de todas as coisas”; e
● a democracia.

2.2.1- ARQUITETURA
As edificações que despertaram maior interesse são os templos. A
característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o
pórtico de entrada e o dos fundos. O templo era construído sobre
uma base de três degraus. O degrau mais elevado chamava-se
estilóbata e sobre ele eram erguidas as colunas. As colunas
sustentavam um entablamento horizontal formado por três partes: a
arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e entablamento eram
construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia.

● Ordem Dórica - era simples e maciça. O fuste da coluna era


monolítico e grosso. O capitel era uma almofada de pedra.
Nascida do sentir do povo grego, nela se expressa o
pensamento. Sendo a mais antiga das ordens arquitetônicas
gregas, a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade,
empresta uma idéia de solidez e imponência
● Ordem Jônica - representava a graça e o feminino. A coluna
apresentava fuste mais delgado e não se firmava diretamente
sobre o estilóbata, mas sobre uma base decorada. O capitel era
formado por duas espirais unidas por duas curvas. A ordem
dórica traduz a forma do homem e a ordem jônica traduz a
16
17

forma da mulher.
● Ordem Coríntia - o capitel era formado com folhas de acanto e
quatro espirais simétricas, muito usado no lugar do capitel
jônico, de um modo a variar e enriquecer aquela ordem. Sugere
luxo e ostentação.

Os principais monumentos da arquitetura grega:


● Templos, dos quais o mais importante é o Partenon de Atenas.
Na Acrópole, também, se encontram as Cariátides, que
homenageavam as mulheres de Cária.
● Teatros, que eram construídos em lugares abertos (encosta) e
que compunham de três partes:
○ a skene ou cena, para os atores;
○ a konistra ou orquestra, para o coro;
○ o koilon ou arquibancada, para os espectadores.
Um exemplo típico é o Teatro de Epidauro, construído, no séc.
IV a.C., ao ar livre, composto por 55 degraus divididos em duas
ordens e calculados de acordo com uma inclinação perfeita.
Chegava a acomodar cerca de 14.000 espectadores e tornou-se
famoso por sua acústica perfeita.
● Ginásios, edifícios destinados à cultura física.
● Praça - Ágora onde os gregos se reuniam para discutir os mais
variados assuntos, entre eles; filosofia.

2.2.2- PINTURA
A pintura grega encontra-se na arte cerâmica. Os vasos gregos são
também conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também
pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a
ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos
eram usados para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite
e mantimentos. Por isso, a sua forma correspondia à função para que
eram destinados:
● Ânfora - vasilha em forma de coração, com o gargalo largo
ornado com duas asas;
● Hidra - (derivado de ydor, água) tinha três asas, uma
vertical para segurar enquanto corria a água e duas para
levantar;
● Cratera - tinha a boca muito larga, com o corpo em forma
de um sino invertido, servia para misturar água com o vinho
(os gregos nunca bebiam vinho puro), etc.
As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades
diárias e cenas da mitologia grega. O maior pintor de figuras negras
foi Exéquias.

A pintura grega se divide em três grupos:


● figuras negras sobre o fundo vermelho
● figuras vermelhas sobre o fundo negro
● figuras vermelhas sobre o fundo branco

17
18

2.2.3- ESCULTURA
A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos
pelo homem. Na escultura, o antropomorfismo - esculturas de
formas humanas - foi insuperável. As estátuas adquiriram, além do
equilíbrio e perfeição das formas, o movimento.

No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir, em mármores,


grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem esculturas
simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo
igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é
chamado Kouros (palavra grega: homem jovem).

No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas,


para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do que
o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o nu
feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulheres eram
esculpidas sempre vestidas.

Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os


seres humanos não eram representados apenas de acordo com a
idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o
estado de espírito de um momento. O grande desafio e a grande
conquista da escultura do período helenístico foi a representação não
de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a
sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que
pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
● Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela
lânguida pose em “S” (Hermes com Dionísio menino), foi o
primeiro artista que esculpiu o nu feminino.
● Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões
de beleza e equilíbrio através do tamanho das estátuas que
deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
● Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico,
sua obra-prima, e Atenéia. Realizou toda a decoração em
baixos-relevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões,
métopas e frisos.
● Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não
como são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que introduziu a
proporção ideal do corpo humano com a medida de oito vezes a
cabeças.
● Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.

Para seu conhecimento:


Mitologia:
● Zeus: senhor dos céus;
● Atenéia: deusa da guerra;
● Afrodite: deusa do amor;

18
19

●Apolo: deus das artes e da beleza;


●Posseidon: deus das águas; entre outros.
Olimpíadas: Realizavam-se em Olímpia, cada 4 anos, em honra a
Zeus. Os primeiros jogos começaram em 776 a.C. As festas olímpicas
serviam de base para marcar o tempo.
Teatro: Foi criada a comédia e a tragédia. Entre as mais famosas:
Édipo Rei de Sófocles.
Música: Significa a arte das musas, entre os gregos a lira era o
instrumento nacional.

IMAGENS

2.3 – ROMANA

A arte romana sofreu duas fortes influências:


● a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da
realidade vivida, e
● a da greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal
de beleza. Um dos legados culturais mais importantes que os
etruscos deixaram aos romanos foi o uso do arco e da abóbada
nas construções.

2.3.1- ARQUITETURA
As características gerais da arquitetura romana são:
● busca do útil imediato, senso de realismo;
● grandeza material, realçando a idéia de força;
● energia e sentimento;
● predomínio do caráter sobre a beleza;
● originais: urbanismo, vias de comunicação, anfiteatro, termas.

As construção eram de cinco espécies, de acordo com as funções:

1) Religião: Templos
Pouco se conhece deles. Os mais conhecidos são o templo de Júpiter
Stater, o de Saturno, o da Concórdia e o de César. O Panteão,
construído em Roma durante o reinado do Imperador Adriano foi
planejado para reunir a grande variedade de deuses existentes em
todo o Império, esse templo romano, com sua planta circular fechada
por uma cúpula, cria um local isolado do exterior onde o povo se
reunia para o culto.

2) Comércio e civismo: Basílica


A princípio destinada a operações comerciais e a atos judiciários, a
basílica servia para reuniões da bolsa, para tribunal e leitura de
editos. Mais tarde, já com o Cristianismo, passou a designar uma
igreja com certos privilégios. A basílica apresenta uma característica
inconfundível: a planta retangular, (de quatro a cinco mil metros)
19
20

dividida em várias colunatas. Para citar uma, a basílica Julia, iniciada


no governo de Júlio César, foi concluída no Império de Otávio
Augusto.

3) Higiene: Termas
Constituídas de ginásio, piscina, pórticos e jardins, as termas eram o
centro social de Roma. As mais famosas são as termas de Caracala
que, além de casas de banho, eram centro de reuniões sociais e
esportes.

4) Divertimentos:
● Circo: extremamente afeito aos divertimentos, foi de Roma que
se originou o circo. Dos jogos praticados temos:
■ jogos circenses - corridas de carros;
■ ginásios - incluídos neles o pugilato;
■ jogos de Tróia - aquele em que havia torneios a
cavalo;
■ jogos de escravos - executados por cavaleiros
conduzidos por escravos;
Sob a influência grega, os verdadeiros jogos circenses romanos
só surgiram pelo ano 264 a.C. Dos circos romanos, o mais
célebre é o "Circus Maximus".
● Teatro: imitado do teatro grego. O principal teatro é o de
Marcelus. Tinha cenários versáteis, giratórios e retiráveis.
● Anfiteatro: o povo romano apreciava muito as lutas dos
gladiadores. Essas lutas compunham um espetáculo que podia
ser apreciado de qualquer ângulo. Pois a palavra anfiteatro
significa teatro de um e de outro lado. Assim era o Coliseu,
certamente o mais belo dos anfiteatros romanos. Externamente
o edifício era ornamentado por esculturas, que ficavam dentro
dos arcos, e por três andares com as ordens de colunas gregas
(de baixo para cima: ordem dórica, ordem jônica e ordem
coríntia). Essas colunas, na verdade eram meias colunas, pois
ficavam presas à estrutura das arcadas. Portanto, não tinham a
função de sustentar a construção, mas apenas de
ornamentá-la. Esse anfiteatro de enormes proporções chegava
a acomodar 40.000 pessoas sentadas e mais de 5.000 em pé.

5) Monumentos decorativos
● Arco de Triunfo: pórtico monumental feito em homenagem
aos imperadores e generais vitoriosos. O mais famoso deles
é o arco de Tito, todo em mármore, construído no Forum
Romano para comemorar a tomada de Jerusalém.
● Coluna Triunfal: a mais famosa é a coluna de Trajano, com
seu característico friso em espiral que possui a narrativa
histórica dos feitos do Imperador em baixos-relevos no fuste.
Foi erguida por ordem do Senado para comemorar a vitória
de Trajano sobre os dácios e os partos.

20
21

6) Moradia:
Casa : Era construída ao redor de um pátio chamada Atrio.

2.3.2 – PINTURA
O Mosaico foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da
arquitetura em geral.
A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém
das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela
erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura existente em
Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios
em quatro estilos.
● Primeiro estilo: recobrir as paredes de uma sala com uma
camada de gesso pintado; que dava impressão de placas de
mármore.
● Segundo estilo: Os artistas começaram então a pintar painéis
que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas
paisagens com animais, aves e pessoas, formando um grande
mural.
● Terceiro estilo: representações fiéis da realidade e valorizou a
delicadeza dos pequenos detalhes.
● Quarto estilo: um painel de fundo vermelho, tendo ao centro
uma pintura, geralmente cópia de obra grega, imitando um
cenário teatral.

2.3.3 – ESCULTURA
Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por
temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem
realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das
pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os
gregos. Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. Mais
realista que idealista, a estatuária romana teve seu maior êxito nos
retratos.

Com a invasão dos bárbaros as preocupações com as artes


diminuíram e poucos monumentos foram realizados pelo Estado. Era
o começo da decadência do Império Romano que, no séc. V -
precisamente no ano de 476 - perde o domínio do seu vasto território
do Ocidente para os invasores germânicos.

IMAGENS
Baixo relevo | Pintura romana | Jogo de bola | Aqueduto | Mosaico |
Anfiteatro | Arco do Triunfo

2.4 – PALEOCRISTÃ

Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e espalhavam


seu estilo por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles que
21
22

seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começaram a criar uma


arte simples e simbólica executada por pessoas que não eram
grandes artistas.Surge a arte cristã primitiva. Os romanos
testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma
nova era e uma nova filosofia.Com o surgimento de um "novo reino"
espiritual, o poder romano viu-se extremamente abalado e teve início
um período de perseguição não só a Jesus, mas também a todos
aqueles que aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos
seus princípios. Esta perseguição marcou a primeira fase da arte
paleocristã: a fase catacumbária, que recebe este nome devido às
catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os primeiros
cristãos secretamente celebravam seus cultos.Nesses locais, a pintura
é simbólica.

Para entender melhor a simbologia:


● Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por um
peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, forma as iniciais
da frase: "Jesus Cristo de Deus Filho Salvador".
● Outra forma de simboliza-lo é o desenho do pastor com ovelhas
"Jesus Cristo é o Bom Pastor" e também, o cordeiro "Jesus
Cristo é o Cordeiro de Deus".
● Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por
exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na
cova dos leões.
● Ainda hoje podemos visitar as catacumbas de Santa Priscila e
Santa Domitila, nos arredores de Roma.
● Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313
d.C. o imperador Constantino legaliza o cristianismo, dando
início à 2a fase da arte paleocristã : a fase basilical.Tanto os
gregos como os romanos, adotavam um modelo de edifício
denominado "Basílica" (origem do nome: Basileu = Juíz) , lugar
civil destinado ao comércio e assuntos judiciais. Eram edifícios
com grandes dimensões: um plano retangular de 4 a 5 mil
metros quadrados com três naves separadas por colunas e uma
única porta na fachada principal. Com o fim da perseguição aos
cristãos, os romanos cederam algumas basílicas para eles
podessem usar como local para as suas celebrações.
● O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o
material escolhido para o revestimento interno das basílicas,
utilizando imagens do Antigo e do Novo Testamento. Esse
tratamento artístico também foi dado aos mausoléus e os
sarcófagos feitos para os fiéis mais ricos eram decorados com
relevos usando imagens de passagens bíblicas.
● Na cidade de Ravena pode-se apreciar o Mausoléu de Gala
Placídia e a igreja de Santo Apolinário, o Novo e a de São Vital
com riquíssimos mosaicos.
● Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano
entre seus dois filhos: Honório e Arcádio.Honório ficou com o
Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital , e
22
23

Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, com a capital


Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).
● O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões,
principalmente de povos bárbaros, até que, em 476 d.C., foi
completamente dominado (esta data, 476 d.c., marca o fim da
Idade Antiga e o início da Idade Média). Já o Império Romano
do Oriente (onde se desenvolveu a arte bizantina), apesar das
dificuldades financeiras, dos ataques bárbaros e das pestes,
conseguiu se manter até 1453, quando a sua capital
Constantinopla foi totalmente dominada pelos muçulmanos
(esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da
Idade Moderna).

IMAGENS
Sidrac, Misac e Abdêgano | Sansão matando os Filiseus

2.5 – BIZANTINA

O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano


nos primeiros séculos de nossa era.Por volta do século IV, começou a
invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino a transferir a
capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por
Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de misericórdia
para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos
Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte
cristã - Arte Bizantina.

Graças a sua localização(Constantinopla) a arte bizantina sofreu


influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns
elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica
como na cor.

A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das
suas funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros
executores.O regime era teocrático e o imperador possuía poderes
administrativos e espirituais; era o representante de Deus, tanto que
se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e,
não raro encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a
esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.

O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava


apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis
mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários
imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se
assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas
diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos.
Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e
verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o
23
24

volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado


devido à associação com o maior bem existente na terra: o ouro.

A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte


bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou
quadrada. Tinha imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e
espaçosos, totalmente decorados.

A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi


um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, projetada pelos
arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto. Ela possui uma
cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método
tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à
abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto.
Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente
decorado com mosaicos e o chão de mármore polido. A verdadeira
beleza de Santa Sofia, a maior igreja de Constantinopla, capital do
Império Bizantino, encontra-se no seu vasto interior.Um olhar mais
atento permite ao visitante ver o trabalho requintado dos artífices
bizantinos no colorido resplandecente dos mosaicos agora
restaurados; no mármore profundamente talhado dos capitéis das
colunas das naves laterais, folhas de acantos envolvem o monograma
de Justiniano e de sua mulher Teodora. No alto, sobre um solo de
mármore, bordada em filigrama de sombras dos candelabros
suspensos, resplandece a grande cúpula. Embora a igreja tenha
perdido a maior parte da decoração original de ouro e prata,
mosaicos e afrescos, há uma beleza natural na sua magnificência
espacial e nos jogos de sombra e luz - um claro-escuro admirável
quando os raios de sol penetram e iluminam o seu interior.

Toda essa atração por decoração aliada a prevenção que os cristãos


tinham contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo
romano, afasta o gosto pela forma e conseqüentemente a
escultura não teve tanto destaque neste período.O que se
encontra restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração.

A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o


reinado do Imperador Justiniano.Porém, logo sucedeu-se um período
de crise chamado de Iconoclastia. Constituía na destruição de
qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o
clero.

A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda


metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas
regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da
arte bizantina. Essa arte extravasou em muito os limites territoriais
do império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos.

IMAGENS
24
25

A Imperatriz Teodora e sua Corte | Hipócrates | Igreja de Santa Sofia


| Igreja de Santo Apolinário Novo | Mosaico da Igreja de Santo
Apolinário Novo

2.6 – ISLÂMICA

No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de


Yatrib e para aquela que desde então se conhece como Medina
(Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a orientação dos
califas, sucessores do profeta, começou a rápida expansão do Islã até
a Palestina, Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor, Norte da África e
Espanha. De origem nômade, os muçulmanos demoraram certo
tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as bases de
uma estética própria com a qual se identificassem.

Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços estilísticos


dos povos conquistados, que no entanto souberam adaptar muito
bem ao seu modo de pensar e sentir, transformando-os em seus
próprios sinais de identidade. Foi assim que as cúpulas bizantinas
coroaram suas mesquitas, e os esplêndidos tapetes persas,
combinados com os coloridos mosaicos, as decoraram.
Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na realidade, desde seu
início, conceitual e religiosa.

No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se no


geométrico e abstrato, mais simbólico do que transcendental. A
representação figurativa era considerada uma má imitação de uma
realidade fugaz e fictícia. Daí o emprego de formas como os
arabescos, resultado da combinação de traços ornamentais com
caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o verbo divino e
alegrar a vista. As letras lavradas na parede lembram o neófito, que
contempla uma obra feita para deus.

Na complexidade de sua análise, a arte islâmica se mostra, no início,


como exclusividade das classes altas e dos príncipes mecenas, que
eram os únicos economicamente capazes de construir mesquitas,
mausoléus e mosteiros. No entanto, na função de governantes e
guardiões do povo e conscientes da importância da religião como
base para a organização política e social, eles realizavam suas obras
para a comunidade de acordo com os preceitos muçulmanos: oração,
esmola, jejum e peregrinação.

2.6.1- ARQUITETURA
As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos
VI e VIII, seguindo o modelo da casa de Maomé em Medina: uma
planta quadrangular, com um pátio voltado para o sul e duas galerias
com teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área de oração
25
26

era coberta, enquanto no pátio estavam as fontes para as abluções. A


casa de Maomé era local de reuniões para oração, centro político,
hospital e refúgio para os mais pobres. Essas funções foram herdadas
por mesquitas e alguns edifícios públicos.

No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a


rusticidade dos materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso as
obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cúpula da
Roca, em Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo,
persistiu a preocupação com a preservação de certas formas
geométricas, como o quadrado e o cubo. O geômetra era tão
importante quanto o arquiteto. Na realidade, era ele quem realmente
projetava o edifício, enquanto o segundo controlava sua realização.

A cúpula de pendentes, que permite cobrir o quadrado com um


círculo, foi um dos sistemas mais utilizados na construção de
mesquitas, embora não tenha existido um modelo comum. As
numerosas variações locais mantiveram a distribuição dos ambientes,
mas nem sempre conservaram sua forma. As mesquitas transferiram
depois parte de suas funções aos edifícios públicos: por exemplo, as
escolas de teologia, semelhantes àquelas na forma. A construção de
palácios, castelos e demais edifícios públicos merece um capítulo à
parte.

As residências dos emires constituíram uma arquitetura de


segunda classe em relação às mesquitas. Seus palácios eram
planejados num estilo semelhante, pensados como um microcosmo e
constituíam o hábitat privativo do governante. Exemplo disso é o
Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de
muralhas sólidas, o palácio tinha aspecto de fortaleza, embora se
comunicasse com a mesquita por meio de pátios e jardins.
O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.

Outra das construções mais originais e representativas do Islã foi o


minarete, uma espécie de torre cilíndrica ou octogonal situada no
exterior da mesquita a uma altura significativa, para que a voz do
almuadem ou muezim pudesse chegar até todos os fiéis,
convidando-os à oração. A Giralda, em Sevilha, era o antigo minarete
da cidade. Outras construções representativas foram os mausoléus
ou monumentos funerários, semelhantes às mesquitas na forma e
destinados a santos e mártires.

2.6.2- TAPETES
Os tapetes e tecidos desde sempre tiveram um papel muito
importante na cultura e na religião islâmicas. Para começar, como
povo nômade, esses eram os únicos materiais utilizados para decorar
o interior das tendas. À medida que foram se tornando sedentários,
as sedas, brocados e tapetes passaram a decorar palácios e castelos,
26
27

além de cumprir uma função fundamental nas mesquitas, já que o


muçulmano, ao rezar, não deve ficar em contato com a terra.

Diferentemente da tecedura dos tecidos, a do tapete constitui uma


unidade em si mesma. Os fabricados antes do século XVI chamam-se
arcaicos e possuem uma trama de 80 000 nós por metro quadrado.
Os mais valiosos são de origem persa e têm 40 000 nós por
decímetro quadrado. As oficinas mais importantes foram as de Shiraz,
Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no Ocidente. Entre os
desenhos mais clássicos estão os de utensílios, de motivos florais, de
caça, com animais e plantas, e os geométricos, de decoração.

2.6.3- PINTURA E GRÁFICA


As obras de pintura islâmica são representadas por afrescos e
miniaturas. Das primeiras, muito poucas chegaram até nossos dias
em bom estado de conservação. Elas eram geralmente usadas para
decorar paredes de palácios ou de edifícios públicos e representavam
cenas de caça e da vida cotidiana da corte. Seu estilo era semelhante
ao da pintura helênica, embora, segundo o lugar, sofresse uma
grande influência indiana, bizantina e inclusive chinesa.

A miniatura não foi usada, como no cristianismo, para ilustrar livros


religiosos, mas sim nas publicações de divulgação científica, para
tornar mais claro o texto, e nas literárias, para acompanhar a
narração. O estilo era um tanto estático, esquematizado, muito
parecido com o das miniaturas bizantinas, com fundo dourado e
ausência de perspectiva. O Corão era decorado com figuras
geométricas muito precisas, a fim de marcar a organização do texto,
por exemplo, separando um capítulo de outro.

Estreitamente ligada à pintura, encontra-se a arte dos mosaicistas.


Ela foi herdada de Bizâncio e da Pérsia antiga, tornando-se uma das
disciplinas mais importantes na decoração de mesquitas e palácios,
junto com a cerâmica. No início, as representações eram
completamente figurativas, semelhantes às antigas, mas
paulatinamente foram se abstraindo, até se transformarem em folhas
e flores misturadas com letras desenhadas artisticamente, o que é
conhecido como arabesco.

Assim, complexos desenhos multicoloridos, calculados com base na


simbologia numérica islâmica, cobriam as paredes internas e externas
dos edifícios, combinando com a decoração de gesso das cúpulas.
Caligrafias de incrível preciosidade e formas geométricas
multiplicadas até o infinito criaram superfícies de verdadeiro horror ao
espaço vazio. A mesma função desempenhava a cerâmica, mais
utilizada a partir do século XII e que atingiu o esplendor na Espanha,
onde foram criadas peças de uso cotidiano.

27
28

IMAGENS
Varanda de Lindajara | Cervo de Medina Azahara | Recipiente de
Marfim | Tapete de Alcaraz | Taj Mahal | Domo da Roca

3- IDADE MÉDIA

3.1 – ROMÂNICA

3.1.1- ARQUITETURA
No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja
estrutura era semelhante às construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são:
● abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
● pilares maciços que sustentavam as paredes espessas;
● aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
● torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada;
e
● arcos que são formados por 180 graus.
A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o
seu tamanho. Elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem
chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as
formas volumosas, estilizadas e duras dessas igrejas é o fato da arte
românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das idéias
desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente
clerical. A arte desse período passa, assim, a ser encarada como
uma extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade.

A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido


do seu conjunto o campanário que começou a ser construído em
1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar
do tempo, o terreno cedeu.

Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas


pesadas, duras e primitivas.

3.1.2- PINTURA E ESCULTURA


Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à
pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar
valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da
arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas
grandes decorações murais, através da técnica do afresco, que
originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.

Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As


características essenciais da pintura românica foram a deformação e
o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos
28
29

religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da


realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as
outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores
chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e
sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.

Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome


que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que
arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas rudes, curtas
ou alongadas, ausência de movimentos naturais.

Mosaicos são pequenas pedras coloridas que colocadas lado a lado,


vão formando o desenho. Usado desde a Antiguidade, veio do Oriente
a técnica bizantina que utilizava o azul e dourado, para representar o
próprio céu. No Ocidente foi utilizado principalmente nas igrejas.

IMAGENS
Românico | Afresco de Cristo | Afresco Românico | Basílica Românica

3.2 – GÓTICA

No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia
fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social
se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.
No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a
românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que
conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir
grandes edifícios.

3.2.1- ARQUITETURA
A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica
é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta
um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à
três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves
laterais.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo
gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre
os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos
góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a
luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de
Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.

3.2.2- ESCULTURA
As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto,
demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e
as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer
29
30

facilmente a personagem representada.

3.2.3- ILUMINURAS
Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos. A
gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da quase
mística China.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de
expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos
ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre
as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os
artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras
maiúsculas com que se iniciava um texto.
Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas
conclusões:
● a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte
da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos
possuidores das obras copiadas,
● a segunda é que os artistas ilustradores ao períodos gótico
tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço
tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que
seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.

3.2.4- PINTURA
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do
século XV, quando começou a ganhar novas características que
prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a
procura do realismo na representação dos seres que compunham as
obras pintadas.

Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores


da pintura do Renascimento (Duocento):

Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação


da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E
esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante
das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na
pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão
humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar
plenitude no Renascimento.
Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis
(Itália) e Retiro de São Joaquim entre os Pastores.

Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos


da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas
pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar os
detalhes e as paisagens.
Obras destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler
Rolin.

30
31

IMAGENS
Catedral de Chartres | Escultura Gótica | Políptico Gótico | Catedral
de Siena | Pintura de Giotto | Catedral Gótica | Pintura Gótica |
Flagelação de Cristo | Vitral | Tímpano Gótico

4- IDADE MODERNA

4.1- RENASCIMENTO

O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia


que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga
cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e
incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das
ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi
sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do
Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido
como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em
oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam
impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
● Racionalidade
● Dignidade do Ser Humano
● Rigor Científico
● Ideal Humanista
● Reutilização das artes greco-romana

4.1.1- ARQUITETURA
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício
baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o
observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer
ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a
lei simples do espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi,
Saber Ver a Arquitetura)

Principais características:
Ordens Arquitetônicas
● Arcos de Volta-Perfeita
● Simplicidade na construção
● A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e
passam a ser autônomas

Construções palácios:
● igrejas,
● vilas (casa de descanso fora da cidade),
● fortalezas (funções militares)

31
32

O principal arquiteto renascentista:


Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentista, pois
foi pintor, escultor e arquiteto. Além de dominar conhecimentos de
Matemática, Geometria e de ser grande conhecedor da poesia de
Dante. Foi como construtor, porém, que realizou seus mais
importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Florença e a
Capela Pazzi.

4.1.2- PINTURA
Principais características:
● Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as
diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos
vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da
geometria.
● Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e
outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão
de volume dos corpos.
● Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem
como simples observador do mundo que expressa a grandeza
de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio
Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser
compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
● Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
Outra característica da arte do Renascimento, em especial da pintura,
foi o surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos
demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e,
consequentemente, pelo individualismo.

Os principais pintores foram:

Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a


possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de
beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso,
as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a
graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que
perderam esse dom de Deus.
Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus.

Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo


de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade
mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um
espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos
em diversos campos do conhecimento humano.
Obras destacadas: A Virgem dos Rochedos e Monalisa.

Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da


Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou
grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que
32
33

expressam a genialidade do artista, uma particularmente


representativa é a criação do homem.
Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família

Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de


ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus quadros
são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma
simetria equilibrada. Foi considerado grande pintor de “Madonas”.
Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.

4.1.3- ESCULTURA
Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para
Roma, esta re-adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas
deixam o palácio de Latrão e passam a residir no Vaticano. Ali,
grandes escultores se revelam, o maior dos quais é Michelângelo,
que domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras:
Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.

Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio.


Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua
escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em bronze.

Principais Características:
● Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
● Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
● Profundidade e perspectiva
● Estudo do corpo e do caráter humano

O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos


artistas que nacionalizaram as idéias italianas. São eles:
● Dürer
● Hans Holbein
● Bosch
● Bruegel

Para seu conhecimento

● A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV


(retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na própria Capela que se
faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa
para proceder a eleição do próximo. Possui alareira que produz:
○ fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido;
○ fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido,
e que avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano
● Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo
humano maravilhosamente bem, pois tendo dissecado
cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci,
sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão,
cada veia.
33
34

● Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre


as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do
helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo de
asa-delta, etc.
● Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não
conseguimos desgrudar os olhos do seu olhar, parece que ele
nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos
podem se mexer? Este quadro foi pintado, pelo famoso artista e
inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual será o
truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma
pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para o
espectador) tem-se a impressão que o personagem do quadro
fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque os quadros são
lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de outro lado
estaremos vendo-a sempre com os olhos e a ponta do nariz
para a frente, e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está
o truque: em qualquer ângulo que se olhe a Monalisa a
veremos sempre de frente.

IMAGENS
A Degola dos Inocentes | Casamento da Virgem | Primavera | Virgem
dos Rochedos | Anunciação | Cristo (Mategna) | Escravo Atlante |
Igreja Santa Maria Pace | Jardim das Delícias | Monalisa | Nascimento
de Vênus | Nossa Senhora Rolim | Os Cambistas | Piedade | Piedade
(Michelangelo) | Pilastras Vaticano | Santa Maria Fiori | São Jerônimo
| Virgem e o Menino |

4.2 – MANEIRISMO

Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do


ano de 1520 até por volta de 1610, um movimento artístico afastado
conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o maneirismo
(maniera, em italiano, significa maneira). Uma evidente tendência
para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a
ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones
clássicos.

Alguns historiadores o consideram uma transição entre o


renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um
estilo, propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é uma
conseqüência de um renascimento clássico que entra em decadência.
Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que
lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas
adquiridas durante o renascimento.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso


reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a
Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de
34
35

derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam


a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar,
e o homem já não é a principal e única medida do universo.

Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com


destino a outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do
renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente, criam
uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem
dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa
arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias.

4.2.1- ARQUITETURA
A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de
plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a
cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano
centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se
dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz
refletem-se não somente na construção em si, mas também na
distribuição da luz e na decoração.

Principais características:
Nas igrejas:
● Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros
com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não
levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara
singularidade.
● Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras
caprichosas são a decoração mais característica desse estilo.
Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando
uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.
Nos ricos palácios e casas de campo:
● Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra
prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento.
● A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das
abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo que, mais
do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a
necessidade de renovação.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos


arquitetônicos por toda a Itália, tais como: a construção do túmulo do
conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta del
Popolo. a fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela
arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi,
com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os
preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a
eles todos os seus bens.

35
36

GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra


literária Le Vite (As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte
renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas muito
interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar de fazer
comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob a proteção
de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras
significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari também
trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de
30. Suas biografias, publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que
se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua vida em
Florença, dedicado à arquitetura.

PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de


Vitrúvio se reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo
caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a
harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido a
uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à
arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San
Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio tenha
sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais
importantes desse período. A obra de Palladio foi uma referência
obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do barroco.

4.2.2- PINTURA
É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar.
São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos
cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar
uma realidade que já não os satisfaz e tentando re-valorizar a arte
pela própria arte.

Principais características :
● Composição em que uma multidão de figuras se comprime em
espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de
planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de
tensão permanente.
● Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os
membros bem-torneados do renascimento. Os músculos fazem
agora contorções absolutamente impróprias para os seres
humanos.
● Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de
um drapeado minucioso e cores brilhantes.
● A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras
inadmissíveis.
● Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam
no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura,
onde o olho atento deve, não sem certa
dificuldade,encontrá-lo.

Principal Artista:
36
37

EL GRECO, (1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas


bizantinas com o desenho e o colorido da pintura veneziana e a
religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente
compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta,
acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de Santa
Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes, no ano
de 1567 emigrou para Veneza, onde começou a trabalhar no ateliê de
Ticiano, com quem realizou algumas obras. Depois de alguns anos de
permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade de Toledo, onde
trabalhou praticamente com exclusividade para a corte de Filipe II,
para os conventos locais e para a nobreza toledana. Entre suas obras
mais importantes estão O Enterro do Conde de Orgaz, a meio
caminho entre o retrato e a espiritualidade mística. Homem com a
Mão no Peito, O Sonho de Filipe II e O Martírio de São Maurício. Esta
última lhe custou a expulsão da corte.

4.2.3- ESCULTURA
Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por
Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual
da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo,
repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não faltam
as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de
planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa
atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista.

Principais características:
● A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras
dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente
frágil, as figuras são unidas por contorções extremadas e
exagerado alongamento dos músculos.
● O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de
posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida
base que têm como cenário, isso sempre respeitando a
composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em


várias cidades italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o
túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com
quem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa
Júlio II, que incumbiu-o da construção de sua villa na Porta del
Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto.
No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde
venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della
Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados
de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade
ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas
37
38

obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna


deu seus primeiros passos como escultor na oficina do francês
Jacques Dubroecq. Poucos anos depois mudou-se para Roma, onde se
supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas
obras. Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Medici. O
Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as
obras mais importantes desse período. Participou também de um
concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma de suas
mais célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual
maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande conhecedor da
técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas de
bronze. Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo está
para o renascimento.

IMAGENS
Apresentação de Jesus no Templo | Basílica (Palladio) | Bibliotecário |
Eva com a Maça | Igreja Redentor | Laoconte | O Fogo | Palácio Uffizi
| Pátio Palácio Pitti | Ponte Trinitá

4.3 – BARROCO

A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a


irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao
continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e
espanhóis.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão
ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram
realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as
emoções e não o racionalismo da arte renascentista.

É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O homem se coloca


em constante dualismo:
● Paganismo X Cristianismo e
● Espírito X Matéria.

Suas características gerais são:


● emocional sobre o racional;
● busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas,
contracurvas, colunas retorcidas;
● entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
● violentos contrastes de luz e sombra;
● pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a
impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade
conseguida.
38
39

4.3.1- PINTURA
Características da pintura barroca:
● Composição em diagonal
● Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos
sentimentos)
● Realista, abrangendo todas as camadas sociais

Dentre os pintores barrocos italianos:


Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo
revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da
luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a
atenção do observador.
Obra destacada: Vocação de São Mateus.
Andrea Pozzo - realizou grandes composições de perspectiva nas
pinturas dos tetos das igrejas barrocas, causando a ilusão de que as
paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre
para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a
santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.

A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores


mais representativos, de outros países da Europa, temos:

Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do


século XVII procurou registrar em seus quadros também os tipos
populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol
num dado momento da história.
Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.

Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou


por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos
corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus
quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores
quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a
luminosidade da pele clara das figuras humanas.
Obra destacada: O Jardim do Amor.

Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros


deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra, mas
a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem
áreas de luminosidade mais intensa.
Obra destacada: Aula de Anatomia.

4.3.2- ESCULTURA
Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do
dourado. Os gestos e os rostos das personagens revelam emoções
violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no
Renascimento.
39
40

Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas


obras serviram de elementos decorativos das igrejas, como, por
exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica
de São Pedro, no Vaticano.
Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa
Teresa.

Para seu conhecimento :

Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para


designar pérolas de forma irregular.

IMAGENS
Lição de Anatomia do Dr. Tulp | A Ronda Noturna | Mulher
Banhando-se num Córrego | O Bobo da Corte Sebastián de Morra |
Vênus ao Espelho | Os Síndicos da Corporação de Tecelões de
Amsterdam | As Meninas | A Chegada de Maria de Médicis a Marselha
| Retrato de Susanna Fourment | ACabeça de uma Criança

4.4 – ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento


do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em
decoração de interiores.

Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura


disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reação
neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte
católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã


(as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro
italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do
mundo vegetal em ornatos e molduras.

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado",


técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas
originariamente na decoração de grutas artificiais.

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Características gerais:
● Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos
decorativos, tais como conchas, laços e flores.
40
41

● Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro,


frivolidade e exuberante.

4.4.1- ARQUITETURA
Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal
corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do
século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para
Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o
rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.

Principais características:
● Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa
inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o relevo
abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
● A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno
foi unificado, com maior graça e intimidade.

Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia


beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre
do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera.
Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.

4.4.2- ESCULTURA
Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do
que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar uma clara linha
divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer
estilisticamente.

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da


arquitetura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos
coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência
própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio
geral da decoração interior das igrejas.

Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão,


membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no
estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande
tamanho, obras-primas dos interiores rococós.

Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores


representantes do estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram
em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação",
"Anjo da guarda", "Pietà".

41
42

4.4.3- PINTURA
Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes
decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas.
No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio
político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as
primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.

Principais Artistas:

Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se


converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante
muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a
pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e


maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes
sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a
solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além
dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande
perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de
Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").

Jean-Honoré Fragonard, (1732-1806), desenhista e retratista de


talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e
da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos
últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte
alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do
impressionismo.

IMAGENS
Banhistas | Carta de Amor | Embarque Citera | Igreja Ottobeuren |
Personagens de Comédia Italiana

5- CONTEMPORÂNEA

5.1 – NEOCLÁSSICO

Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do


século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos
artistas europeus. Trata-se do Academicismo ou Neoclassicismo, que
expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia,
que assumiu a direção da Sociedade européia após a Revolução
Francesa e principalmente com o Império de Napoleão.

Principais características:
● retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos
42
43

greco-latinos;
● academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos
modelos e às regras ensinadas nas escolas
● ou academias de belas-artes;
● arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro
culto à teoria de Aristóteles.

5.1.1- ARQUITETURA
Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura
neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos ou o
das edificações do Renascimento italiano. Exemplos dessa
arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada depois no
Panteão Nacional, em Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim.

5.1.2- PINTURA
A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura
clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em
Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.

Características da pintura:
● Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
● Exatidão nos contornos
● Harmonia do colorido

Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,

Jacques-Louis David - foi considerado o pintor da Revolução


Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de
Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos
ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente expressam um
vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções.
Obra destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat

Ingres - sua obra abrange, além de composições mitológicas e


literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos
retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a
fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no gosto
pelo poder e na sua confiança na individualidade.
Obra destacada: Banhista de Valpinçon.

Para seu conhecimento


Forte influência da arquitetura neoclássica foi a descoberta
arqueológica de Pompéia. Diante daquelas construções, num erro
de interpretação, os historiadores de arte acreditavam que os
edifícios gregos eram recobertos com mármore branco, ocasionando a
construção de tantos edifícios brancos. Exemplo: Casa Branca dos
Estados Unidos.
43
44

5.2 – ROMÂNTICA

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e


culturais causadas pela Revolução Industrial e pela Revolução
Francesa do final do século XVIII. Do mesmo modo, a atividade
artística tornou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções
acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.
Características gerais:
● a valorização dos sentimentos e da imaginação;
● o nacionalismo;
● a valorização da natureza como princípios da criação artística;
e
● os sentimentos do presente.

5.2.1- ARQUITETURA
Característica principal da arquitetura:
● Revaloriza-se o gótico, considerado estilo genuinamente
europeu.

Obra Destacada: Edifício do Parlamento Inglês

5.2.2- PINTURA
Características da pintura:
● Aproximação das formas barrocas
● Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo
ao observador
● Valorização das cores, claro-escuro
● Dramaticidade

Temas da pintura:
● Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos
artistas
● Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções
humanas
● Mitologia Grega

Principais artistas:

Goya - trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da


corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a ação
incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela
liberdade.
44
45

Obra destacada: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808.

Turner - representou grandes movimentos da natureza, mas por


meio do estudo da luz que a natureza reflete, procurou descrever
uma certa atmosfera da paisagem. Uma das primeiras vezes que a
arte registra a presença da máquina (locomotiva).
Obras destacadas: Chuva, Vapor e Velocidade e O Grande Canal,
Veneza.

Delacroix - suas obras apresentam forte comprometimento político,


e o valor da pintura é assegurada pelo uso das cores, das luzes e das
sombras, dando-nos a sensação de grande movimentação.
Representava assuntos abstratos personificando-os.
Obras destacadas: A Liberdade guiando o povo e Agitação de Tânger.

IMAGENS
Auto-Retrato | A Barca de Dante | A Maja Desnuda | A Liberdade
Guiando o Povo | A Mulher do Leque | Com Razão ou Sem Ela | A
Morte de Sardanápalo | A Sombrinha

5.3 – REALISTA

Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura


francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se
desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O
homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento
científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza,
convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas
criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas
da realidade.

São características gerais:


● o cientificismo
● a valorização do objeto
● o sóbrio e o minucioso
● a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

5.3.1- ARQUITETURA
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às
novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades
não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas,
estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais
e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje


logotipo da "Cidade Luz".

45
46

5.3.2- ESCULTURA
Auguste Rodin - não se preocupou com a idealização da realidade.
Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além
disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo
muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica
principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O
Pensador.

5.3.3- PINTURA
Características da pintura;
● Representação da realidade com a mesma objetividade com
que um cientista estuda um fenômeno da natureza.
● Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois
a beleza está na realidade tal qual ela é.
● Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da
realidade

Temas da pintura:
● Politização
● Pintura social denunciando as injustiças e as imensas
desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência
da burguesia.

Principais pintores:

Courbet - foi considerado o criador do realismo social na pintura,


pois procurou retratar em suas telas temas da vida cotidiana,
principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia
particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da
sociedade no século XIX. Courbet dizia: "Sou democrata, republicano,
socialista, realista, amigo da verdade e verdadeiro"
Obra destacada: Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou


uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação atávica
(características de ascendentes remotos) do homem com a terra. Foi
educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela
natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos
desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van
Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".

IMAGENS
Pintura da Igreja de Gréville | As Respingadeiras | Honoré de Balzac |
A Jovem Mãe | O Beijo | Os Burgueses de Calais | Angelus | Enterro
em Ornans | O Atelie do Artista | Auto-Retrato

46
47

5.4 – IMPRESSIONISMO

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou


profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte
do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito mais
práticas do que teóricas, que os artistas seguiam em seus
procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram a
pintura impressionista.

Principais Características:
● A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem
ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores
da natureza se modificam constantemente, dependendo da
incidência da luz do sol.
● As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma
abstração do ser humano para representar imagens.
● As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a
impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas,
como os pintores costumavam representá-las no passado.
● Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo
com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo
próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de
sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado
pelos pintores barrocos.
● As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das
tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e
dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o
observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores,
obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser
técnica para se óptica.

A primeira vez que o público teve contato com a obra dos


impressionistas foi numa exposição coletiva realizada em Paris, em
abril de 1874. Mas o público e a crítica reagiram muito mal ao novo
movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios acadêmicos
da pintura.

Principais artistas:

Monet - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários


motivos em diversas horas do dia, afim de estudar as mutações
coloridas do ambiente com sua luminosidade.
Obras Destacadas: Mulheres no Jardim e a Catedral de Rouen em
Pleno Sol.

Renoir - foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e


chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida.
47
48

Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa


movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o
corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e
sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com
personagens do cotidiano, os retratos e as naturezas mortas.
Obras Destacadas: Baile do Moulin de la Galette e La Grenouillière.

Degas - sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram


com que valorizasse o desenho e não apenas a cor, que era a grande
paixão do Impressionismo. Além disso, foi pintor de poucas paisagens
e cenas ao ar livre. Os ambientes de seus quadros são interiores e a
luz é artificial. Sua grande preocupação era flagrar um instante da
vida das pessoas, aprender um momento do movimento de um corpo
ou da expressão de um rosto. Adorava o teatro de bailados.
Obra Destacada: O Ensaio.

Seurat - Mestre no pontilhismo. Obra Destacada: Tarde de Domingo


na Ilha Grande Jatte.

Visconti (Brasileiro) - ele já não se preocupa mais em imitar


modelos clássicos; procura, decididamente, registrar os efeitos da luz
solar nos objetivos e seres humanos que retrata em suas telas.
Ganhou uma viagem à Europa, onde teve contato com a obra dos
impressionistas. A influência que recebeu desses artistas foi tão
grande que ele é considerado o maior representante dessa tendência
na pintura brasileira.
Obra destacada: Trigal.

Para seu conhecimento


● O quadro Mulheres no Jardim, de Monet, foi pintado totalmente
ao ar livre e sempre com a luz do sol. São cenas do jardim da
casa do artista.
● O movimento impressionista foi idealizado nas reuniões com
seus principais pintores e elas aconteciam no estúdio
fotográfico de Nadar, na Rue de Capucines, Paris.

IMAGENS
Monet 1 | Monet 2 | Ensaio | Nenúfares | O Palco | Final de Um
Arabesco | Bailarina Diante da Janela | As Bailarinas Verdes |
Bailarina Espanhola | Duas Lavadeiras | Bailarina Vestida em Repouso
| A Ponte de Argenteuil | As Escarpas de Etretat | As Amapolas | O
Tanque das Niféias | Impressão, Sol Nascente

5.5- EXPRESSIONISMO

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura


dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando
48
49

cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à


solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para
ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.

Principais características:
● pesquisa no domínio psicológico;
● cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
● dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
● pasta grossa, martelada, áspera;
● técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e
refazendo, empastando ou provocando explosões;
● preferência pelo patético, trágico e sombrio

OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores


o movimento ”Pós Impressionista”. Os pintores não queriam destruir
os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los mais longe. Os três
primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.

Principais artistas:

Gauguin - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com


os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887
entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores.
Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de sua vida:
dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens
e boemia, que resultou numa produção artística singular e
determinante das vanguardas do século XX. Sua obra, longe de poder
ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de
seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve
seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Navis,
que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de
pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras
tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que
ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a
qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo.
As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase
decorativamente.No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em
busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da
Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do
lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto,
segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor
adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos,
amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma
exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas
fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Obra Destacada: Jovens
Taitianas com Flores de Manga.

Cézanne - sua tendência foi converter os elementos naturais em


49
50

figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas - acentua-se


cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para ele recriar a
realidade segundo “impressões” captadas pelos sentidos.
Obras Destacadas: Castelo de Médan e Madame Cézanne

Van Gogh - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres


humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento
fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo
trabalho de Gauguin, principalmente pela sua decisão de simplificar
as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores
bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul
da França, onde passou a pintar ao ar livre. O sol intenso da região
mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se
completamente de qualquer naturalismo no emprego das cores,
declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas cores
intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele
a função de representar emoções. Entretanto ele passou por várias
crises nervosas e, depois de internações e tratamentos médicos,
dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers, uma cidade tranqüila ao
norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca de
oitenta telas com cores fortes e retorcidas. Em julho do mesmo ano,
ele suicidou-se, deixando uma obra plástica composta por 879
pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi
reconhecido pelo público nem pelo críticos, que não souberam ver em
sua obra os primeiros passos em direção à arte moderna, nem
compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de
uma explosão de cores. Obras Destacadas: Trigal com Corvos e Café
à Noite.

Toulouse-Lautrec - Pintava temas pertencentes à vida noturna de


Paris, e também foi responsável pelos cartazes das artistas que se
apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu jovem.
Obra Destacada: Ivette Guilbert que Saúda o Público.

Munch - foi um dos primeiros artistas do século XX que conseguiu


conceder às cores um valor simbólico e subjetivo, longe das
representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência
nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua
obra. Nascido em Loten, Noruega, Munch iniciou sua formação na
cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a
Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em
seu regresso, foi convidado a participar da exposição da
Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se
especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a
Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos
Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além de
exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na
Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito (1889). O
Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados
50
51

a essa tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas


reais mas contorce-se sob o efeito de suas emoções. As linhas
sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o
olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito
perturbador.

Kirchner - foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista


Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão
deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função
decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de
manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus
estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua
formação na cidade de Munique. Pouco tempo depois reuniu-se com
os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais,
motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke (A
Ponte, numa referência à frase do escritor: “...a ponte que conduz ao
super-homem”). Veio então a época em que os pintores se reuniam
numa casa de veraneio em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que
mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os quadros mais
ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de
variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano
depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do
ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes.
Quando finalmente sua contribuição para a arte alemã foi
reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim, em 1931,
para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra ser
destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou
mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de pesadelo
e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra,
seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores
contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza.No final
de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes
estão dispersas pelos museus de arte moderna mais importantes da
Alemanha.

Paul Klee - considerado um dos artistas mais originais do movimento


expressionista. Convencido de que a realidade artística era
totalmente diferente da observada na natureza, este pintor
dedicou-se durante
toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e
espírito. A exemplo de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von
Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em
contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e finalmente
uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter. Em 1912 viajou
para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital
importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como
a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande
descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira viagem a
Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na
51
52

terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de


grande produtividade, com quadros de caráter quase surrealista,
criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre eles
merecem ser mencionados Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores
Noturnas e Villa R. Depois de lutar durante dois anos na Primeira
Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes
apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos
surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como professor em
Dusseldorf e mais tarde na escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933,
Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu
em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários
trabalhos escritos que resumem seu pensamento artístico.

Amadeo Modigliani - iniciou sua formação como pintor no ateliê de


Micheli, em Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia
de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois
mudou-se para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi.
Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e
Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá
conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras
esculturas motivado pelas peças de arte africana chegadas à França
das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma das constantes nos
seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os
cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a
revalorização da cor e o estudo das formas puras. Sua visão tão
subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o
aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses,
composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem
dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa,
pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para
citar alguns, à dos gênios solitários.

IMAGENS
A sesta | O funcionário dos correios | A casa de Vincent em Arles | A
ansiedade | Ator | Auto retrato - Munch | Banhistas sob as árvores |
A cama do defunto | Cinco mulheres na rua | Eros e Psiquê | Jacques
Lipchetz e sua mulher | Auto retrato com modelo | Leopold Zborowski
| A morte no quarto da doente | Natureza morta | Nu deitado | O
peixe dourado | Pequeno porto | Retrato de Chaim Soutine | Retrato
de moça | Rua de Dresden | Senecio | Vapor e veleiros | A voz

5.6- CUBISMO

Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para


ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem
cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe
do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as
52
53

suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e


apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao
espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não
tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das
coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões,
numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de
linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou
objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles,
vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo,
percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
● geometrização das formas e volumes;
● renúncia à perspectiva;
● o claro-escuro perde sua função;
● representação do volume colorido sobre superfícies planas;
● sensação de pintura escultórica;
● cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por
um ocre apagado ou um castanho suave.

O cubismo se divide em duas fases:


● Cubismo Analítico - caracterizado pela desestruturação da
obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em
partes, o artista registra todos os seus elementos em planos
sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura,
examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através
da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão
grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer
figura nas pinturas cubistas.
● Cubismo Sintético - reagindo à excessiva fragmentação dos
objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa
tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis.
Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras,
números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos
inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela
intenção do artista em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os
limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando
também no observador as sensações táteis.

Principais artistas:

Picasso - tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até


próximo à sua morte passou por diversas fases. Entretanto, são mais
nítidas a fase azul, que representa a tristeza e a melancolia dos mais
pobres, e a fase rosa em que pinta acrobatas e arlequins. Depois de
descobrir a arte africana e compreender que o artista negro não pinta
ou esculpe de acordo com as tendências de um determinado
movimento estético, mas com uma liberdade muito maior, Picasso
desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra
53
54

Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista que,


como vimos anteriormente, se fundamenta na destruição de
harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade.
Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com
veemente indignação, o bombardeio da cidade espanhola de
Guernica, responsável pela morte de grande parte da população civil
formada por crianças, mulheres e trabalhadores, durante a Guerra
Espanhola.
Outra obra destacada: O Poeta.

Braque - um artista que passou pela fase do cubismo analítico e


sintético. Obra destacada: Mulher com Violão.

Dos artistas brasileiros destacamos:

Tarsila do Amaral - apesar de não ter exposto na Semana de 22,


colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna
brasileira, pois produziu uma obra indicadora de novos rumos. Em
1928 deu início a uma fase chamada antropofágica. A ela pertence a
tela Abaporu cujo nome, segundo a artista é de origem indígena e
significa “antropófago”. Também usou de temática social nos seus
quadros como na tela Operários.

Rego Monteiro - um dos primeiros artistas brasileiros a realizar uma


obra dentro da estética cubista. Estudou em Paris, depois da Semana
de Arte Moderna, sua vida alternou-se entre a França e o Brasil. Foi
reconhecido também naquele país, tem seus quadros dentro do
acervo de alguns importantes museus.
Obra destacada: Pietà.

IMAGENS

Pablo Picasso 1 | Pablo Picasso 2 | Georges Braque

5.7- ABSTRACIONISMO

A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o


quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que
esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de
um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o
pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade
visível, ela passa a ser abstrata.

O Abstracionismo apresenta várias fases, desde a mais sensível até a


intelectualidade máxima.

Abstracionismo Informal ou Sensível, predominam os


sentimentos e emoções. As cores e as formas são criadas livremente.
54
55

Na Alemanha surge o movimento denominado "Der blaue Reiter" (O


Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os Kandinsky, Franz Marc e Paul
Klee. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua
expressividade maior. Estes artistas se aprofundam em pesquisas
cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura,
através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um
expressionismo abstrato, sensivel e emotivo. Com a forma, a cor e
alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores,
sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos da
composição devem ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra
musical.

Principais Artistas:

WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do


abstracionismo participou de vários movimentos artísticos como
impressionismo, atravessou uma curta fase fauve e expressionismo.
Escreveu livros, como em 1911, Sobre o espiritual na arte, em que
procurou apontar correspondências simbólicas entre os impulsos
interiores e a linguagem das formas e cores, e em 1926, Do ponto e
da linha até a superfície, explicação mais técnica da construção e
inventividade da sua arte. Dezenas de suas obras foram confiscadas
pelos nazistas e várias delas expostas na mostra de "Arte
Degenerada".

PAUL KLEE (1879-1940), pintor suiço, capaz de aliar o rigor


artesanal a uma absoluta liberdade de invenção, surpreende sempre
pela multiplicidade de formas, desde composições em que se insinua
a representação figurativa até fascinantes experiências com formas
puras e inusitadas. Sua obra possui uma sistemática rigorosa, são
constantes as oposições entre ângulos retos na maior parte de suas
obras construtivistas e, em contraste, as sinuosidades predominantes
em outros quadros, como ainda se alternam os estudos de
perspectiva e os de pura plasticidade bidimensional, ou o jogo entre
as imagens de pura linha e os contrastes cromáticos. O artista deixou
vários textos críticos e seus famosos Diários.

FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte dos


povos primitivos, das crianças e dos doentes mentais, o pintor
alemão Marc escolheu como temas favoritos os estudos sobre
animais, conheceu Kandinski, sob a influência deste, convenceu-se de
que a essência dos seres se revela na abstração. A admiração pelos
futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à obra de Marc, que
passou a empregar formas e massas de cores brilhantes próprias da
pintura cubista. Os nazistas destruíram várias de suas obras. As que
restaram estão conservadas no Museu de Belas-Artes de Liège, no
Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im Lembachhaus,
em Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis, e no Guggenheim
Museum, em Nova York.
55
56

5.7.1- SUPREMATISMO
É uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem
qualquer preocupação de representação. Os elementos principais são:
retângulo, círculo, triângulo e a cruz. O manifesto do Suprematismo,
assinado por Malevitch e Maiakovski, poeta russo, foi um dos
principais integrantes do movimento futurista em seu país, defendia a
supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto.
Mais racional que as obras abstratas de Kandisky e Paul Klee, reduz
as formas, à pureza geométrica do quadrado. Suas características são
rígidas e se baseiam nas relações formais e perceptivas entre a forma
e a cor. Pesquisa os efeitos perceptivos do quadrado negro sobre o
campo branco, nas variações ambíguas de fundo e forma.

Principal Artista:

KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo. Fundador da


corrente suprematista, que levou o abstracionismo geométrico à
simplicidade extrema. foi o primeiro artista a usar elementos
geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar composições puras
e cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro sobre
fundo branco" constituiu uma ruptura radical com a arte da época.
Pintado entre 1913 e 1915, compõe-se apenas de dois quadrados,
um dentro do outro, com os lados paralelos aos da tela. A
problemática dessa composição seria novamente abordada no
"Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no Museu de Arte
Moderna de Nova York.

5.7.2- CONSTRUTIVISMO OU ABSTRACIONISMO


GEOMÉTRICO
Onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a
composição resulte apenas a expressão de uma concepção
geométrica.

Principal Artista:

PIET MONDRIAN (1872-1944), pintor holandês, desenvolveu uma


nova fase da arte abstrata: o neoplasticismo. Depois de haver
participado da arte cubista, continua simplificando suas formas até
conseguir um resultado, baseado nas proporções matemáticas ideais,
entre as relações formais de um espaço estudado. O artista utiliza,
como elemento de base, uma superfície plano, retangular e as três
cores primárias: vermelho, azul e amarelo - com um pouco de preto e
branco. Essas superfícies coloridas são distribuídas e justapostas
buscando uma arte pura. Ele procura, pesquisa e consegue um
equilíbrio da composição perfeito, despojado de todo excesso da cor,
da linha ou da forma. Em 1940 Mondrian foi para Nova York, onde
56
57

realizou a última fase de sua obra: desapareceram as barras negras e


o quadro ficou dividido em múltiplos retângulos de cores vivas. É a
série dos quadros boogie-woogie.

A arte do néo-plasticismo de Mondrian vai ter uma influência


considerável na arquitetura e no desenho gráfico do século XX.

5.7.3- ARTE ABSTRATA AMERICANA


Em 1937, funda-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos Artistas
Abstratos. O abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas,
chegando à criação de um estilo original. É a "Action Painting" ou
pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de 1947
a 1950.

Características da Pintura:
● Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
● Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e
automatismo.
● Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis,
trincha, espátulas, etc.
● Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas
enormes, utilizando tinta à óleo, duco, pasta espessa de areia,
vidro moído.

Principais Artistas:

JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova


modalidade na técnica, gotejando (dripping) as tintas que escorrem
de recipientes furados intencionalmente, numa execução veloz, com
gestos bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a
superfície escolhida com resultados extraordinários e fantásticos,
algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu pesquisas
sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o artista
usou materiais como pregos, conchas e pedaços de tela,
misturavam-se às camadas de tinta para dar relevo à textura. Usou
freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na pintura de
automóveis.

HANS HARTUNG (1904-1989), Pintor francês nascido na Alemanha.


Um dos principais representantes do expressionismo abstrato na
Europa. Conhecido sobretudo pelo emprego de delicadas linhas
negras em fundos coloridos. Grande prêmio da Bienal de Veneza de
1960. Uma das influências mais fortes é Kandinski. Para ele, a
liberdade é conquistada pelo esforço do pintor, que faz da própria
mão um "pensamento em ação". Em seus quadros, é bem visível essa
liberdade interior e Hartung dá aos pretos diferenças de intensidade,
transparência e consistência.

57
58

IMAGENS
Manube Mabe | Antonio Bandeira | Alexander Calder | Kandinski 1 |
Kandinski 2 | Samson Flexor | Kazimir Malevitch | Naum Gabo |
Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2

5.8- FAUVISMO

Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram


chamados de fauves (em português significa feras), em virtude da
intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las ou
matizá-las. Quem lhes deu este nome foi o crítico Louis Vauxcelles,
pois estavam expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado de
uma estatueta renascentista.

Os princípios deste movimento artístico eram:


● Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com
sentimentos.
● Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
● A cor pura deve ser exaltada.
● As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as
sensações elementares, no mesmo estado de graça das
crianças e dos selvagens.

Características da pintura:
● Pincelada violente, expontânea e definitiva;
● Ausência de ar livre;
● Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é
subjetiva, não correspondendo à realidade;
Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
● Pintura por manchas largas, formando grandes planos;

Principais Artistas:

MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais


autêntico fauvista, dizia: "Quero incendiar a Escola de Belas Artes
com meus vermelhos e azuis." Adotou mais tarde estilo entre
expressionista e realista.

ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores


chegaram a ser para nós cartuchos de dinamite." Por volta de 1900,
ligou-se a Maurice de Vlaminck e a Matisse, com os quais se tornou
um dos principais pintores fauvistas. Nessa fase, pintou figuras e
paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços
impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas composições
espontâneas. Após romper com o fauvismo, em 1908, sofreu
influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de 1920,
seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam adquirido uma
entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da
58
59

gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde


então, não mudou.

HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele


não se preocupa como realismo, tanto das figuras como das suas
cores. O que interessa é a composição e não as figuras em si, como
de pessoas ou de naturezas-mortas. Abandonou assim a perspectiva,
as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro para tratar a cor
como valor em si mesma. Dos pintores fauvistas, que exploraram o
sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o
equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem
profundidade. Foi, também, escultor, ilustrador e litógrafo.

RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês.


Contrastes tonais e a geometrização da forma caracterizaram sua
obra. Impressionista a princípio, evoluiu gradativamente para o
fauvismo, depois de travar contato com Matisse. Morreu um ano
depois de receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.

5.9- CONTRUTIVISMO

Trata-se de um abstrato geométrico que busca movimento


perspectivo vibratório através das cores e linhas. É a síntese das
teorias abstratas e científicas da arte moderna. É uma pintura em
duas dimensões.

Artista destacado:

Mondrian - ele buscava o que existe de constante nos seres, apesar


de eles parecerem diferentes; cada coisa, seja ela uma casa, uma
árvore ou uma paisagem, possui uma essência que está por trás de
sua aparência. E as coisas, em sua essência, estão em harmonia no
Universo. O papel do artista, para ele, seria revelar essa essência
oculta e essa harmonia universal.
Obras Destacadas: Árvores em Flor e Composição.

IMAGENS
Kazimir Malevitch | Naum Gabo | Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2

5.10- SURREALISMO

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos


de FREUD e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o
desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a
frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais
complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira
fantasiosa na realidade.
59
60

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da


representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem
ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De
Chirico. Este movimento artístico surge todas às vezes que a
imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o
que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real
para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem
todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação
do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle. A
publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton
em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do
movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos
humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova
linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma
visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto
do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas
totalmente isentas de contradições. A livre associação e a análise dos
sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se
nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu
modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de
expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle,
os surrealistas tentavam
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas,
as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o
subconsciente.

Principais artistas

Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas


surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em Madri, na Academia
de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca
e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de
Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente
aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta.
Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar
pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a
sua obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para
sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou
com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão
Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de
“paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem recusa a lógica
que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso
“contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30
foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres.
Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois
de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a
América, onde publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali
(1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com
60
61

Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde


1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu
museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de
jóias e móveis.
Obra Destacada: Mae West.

Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja,


em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco
Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses.
Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e
seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo.
Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para
Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os
quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu
forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico
posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A
partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o
máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos
grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa
magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas
sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se
apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se
dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas
inquietações pictóricas. Obra Destacada: Noitada Esnobe da
Princesa.

Para seu conhecimento

“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões


fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de
André Breton, francês que lançou o movimento).

IMAGENS
Retrato da Senhora Mills | A cadeira | Desmaterialização do nariz de
Nero | Eu e a aldeia | Aquarela | Auto retrato Salvador Dali |Cão
latindo para lua | Carnaval de arlequim | Crucificação | Figuras
invertidas | Galatéia de esferas | Girafa em chamas | Interior
holandês | La Poètesse | Maternidade | Mercado de escravos |
L´objet du couchant | Objeto poético | A persistência da memória |A
rainha Luiza da Prússia |Auto retrato Miró | Rosto de Mae Est |
Telefone-lagosta | A tentação de Santo Antonio | A última ceia |
Vênus de Milo | Sofá-lábios de Mae Est

5.11- DADAÍSMO

Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que,


se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido
convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de
61
62

negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias


nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento
dos seus próprios países na guerra. Fundaram um movimento
literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade da
ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar
a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta
acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário
alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na
linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia
sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da
irracionalidade da guerra. Sua proposta é que a arte ficasse solta das
amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo
psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.

Principais artistas:

MARCEL DUCHAMP (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte


abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das
décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira,
interessando-se pelo movimento das formas.O experimentalismo e a
provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do
surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades,
objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e
receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte. Em
1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que
chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na
Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional),
inventou mecanismos ópticos.

FRANÇOIS PICABIA (1879-1953), pintor e escritor francês.


Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos
do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo.
Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. Suas primeiras pinturas
cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são
exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam
umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais
discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos
engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927,
abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas
baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e
transparentes.

MAX ERNEST (1891-1976), pintor alemão, Adepto do irracional e do


onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos
artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo
contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem
a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema.
Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em
62
63

aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a


madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de
modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele.

IMAGENS
Francis Picabia | Choqq | Foutain | O menino carburador | Moedor de
chocolate nº 2 | A mulher monóculo | A noiva - Picabia | A noiva -
Duchamp | Nu descendo a escada | Paradoxismo da dor | Um rumor
secreto

5.12- OP ART

A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte


óptica”. Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a
Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não
tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação,
parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das
ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades
parecem ser tão limitadas quanto as da ciência e da tecnologia.

Obras Destacadas: Mach-C do artista Vassarely e Pintura com


Movimento Transformável do artista Jacob Agam.

IMAGENS
Victor Vasarely 1 | Victor Vasarely 2

5.13- POP ART

Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação


foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês
Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da
civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos
Estados Unidos.

Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a


tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas,
após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos
Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.

Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura


popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade
do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao
expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final
da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia,
dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.

Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade


63
64

pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos


massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam,
usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs,
usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex,
produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo
objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande,
transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que
produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de
consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do
consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de
Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito
do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto,
como a arte tem um determinado valor e significado conforme o
contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a
transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e
aproximou a arte das massas, desmistificando, já que se utilizava de
objetos próprios delas, a arte para poucos.

Principais Artistas:

Robert Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies


brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da
década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com
garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e
pássaros empalhados. Por volta de 1962, adotou a técnica de
impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes
extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas
pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas episódios da
história americana moderna e da cultura popular.

Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em


quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma
pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos.
Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das
histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a
mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por
exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados
das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por
um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a
linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do
contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais,
símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação
de arte comercial e abstração.

Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais


controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção
mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série
64
65

de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis


Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas
como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da
celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de
serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa
para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa
Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro. Produziu filmes e discos
de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma
revista mensal

IMAGENS
Auto retrato de Andy Warhol 1 | Marilyn | Boa disposição de pele
macia | Pop Art | Tracer | Auto retrato Andy Warhol 2 | Elvis I e II |
Garrafas de Coca-Cola verdes | Jackie | Lata de sopa Campbell´s I |
A última ceia

5.14- INSTALAÇÃO

São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do


tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais,
para ativar o espaço arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.

Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto


Evangelista.

5.15- INTERFERÊNCIA

Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única


fornecedora de memoráveis imagens visuais. Alguns artistas
interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos
em locais públicos.Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista
que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada
para presente, Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e
mais recentemente o Reichstag ( Parlamento Germânico em 1988 -
Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas
semanas.

5.16- COBRA

Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de


Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu que surgiu
entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo
65
66

figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel


Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock
essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.

Principais Artistas:

PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens


integrantes do grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo.
Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.

ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso


de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu influência dos pintores
James Ensor e Paul Klee.

KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e


colorida, caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou
também esculturas em madeira e metal.

5.17- FUTURISMO

O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em


22/02/1909, e nele, o poeta italiano Marinetti, dizendo que "o
esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza
da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de
Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do
poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini, Boccioni e
Giacomo Balla.

Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à


máquina. Para Balla, "é mais belo um ferro elétrico que uma
escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no contorno
aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente a um só
tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia
fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica
que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia.

O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço


bidimensional. Procura-se neste estilo expressar o movimento real,
registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no
espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um
automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele
no espaço.

Principais Artistas:

GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar os


novos avanços científicos e técnicos por meio de representações
totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma total
66
67

abstração.Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o


dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do
espectro cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se a
um curso noturno de desenho, de dois meses de duração, na
Academia Albertina de Turim, sua cidade natal. Em 1895 o pintor
mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas primeiras
obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores
das Belas-Artes. Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde
entrou em contato com a obra dos impressionistas e
neo-impressionistas e participou de várias exposições. Na volta a
Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde,
juntava-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura
Futurista. Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma
maneira de visualizar as teorias do movimento, apresentou em 1912
seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou
Cão Atrelado. Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas
pinturas realistas e se voltou para a escultura e a cenografia. Embora
em princípio Balla continuasse influenciado pelos divisionistas, não
demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à nova linguagem do
movimento a que pertencia. Um recurso dos mais originais que ele
usou para representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou
desintegração das formas, numa repetição quase infinita, que
permitia ao observador captar de uma só vez todas as seqüências do
movimento..

CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se


separaria finalmente do futurismo para se dedicar àquilo que eles
próprios dariam o nome de Pintura Metafísica. Enquanto ganhava seu
sustento como pintor-decorador freqüentava as aulas de pintura na
Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua primeira viagem a Paris,
contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá mudou-se
para Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia Brera e
conheceu Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde assinou
o Primeiro Manifesto Futurista, redigido pelo poeta italiano e
publicado no jornal Le Figaro. Nessa época iniciou seus primeiros
estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e Trens, por definição suas
obras mais futuristas. Numa segunda viagem a Paris entrou em
contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir desse momento
começaram a aparecer as referências cubistas em suas obras. Carrà
não deixou de comparecer às exposições futuristas de Paris, Londres
e Berlim, mas já em 1915 separou-se definitivamente do grupo.
Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira pintura
metafísica. Em suas últimas obras retornou ao cubismo.Publicou
vários trabalhos, entre eles La Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita
(1943), pintor italiano. Representante do futurismo e mais tarde da
pintura metafísica, influenciou a arte de seu país nas décadas de
1920 e 1930. UMBERTO BOCCIONI (1882-1916), sua obra se
manteve sob a influência do cubismo, mas incorporando os conceitos
de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se movem ao
67
68

mesmo tempo e em direções contrárias. Nascido em Reggio di


Calábria, Boccioni mudou-se ainda muito jovem para Roma, onde
estudou em diferentes academias. Logo fez amizade com os pintores
Balla e Severini. No início, mostrou-se interessado na pintura
impressionista, principalmente na obra de Cézanne. Fez então
algumas viagens a Paris, São Petersburgo e Milão. Ao voltar, entrou
em contato com Carrà e Marinetti e um ano depois se
encontrava entre os autores do Manifesto Futurista de Pintura, do
qual foi um dos principais teóricos. Foi com a intenção de procurar as
bases dessa nova estética que ele viajou a Paris, onde se encontrou
com Picasso e Braque. Ao retornar, publicou o Manifesto Técnico da
Pintura Futurista, no qual foram registrados os princípios teóricos da
arte futurista: condenação do passado, desprezo pela representação
naturalista, indiferença em relação aos críticos de arte e rejeição dos
conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à pintura. Em 1912,
participou da primeira exposição futurista. Suas obras ainda
deixavam transparecer a preocupação do artista com os conceitos
propostos pelo cubismo. Os retratos deformados pelas superposições
de planos ainda não conseguiam expressar com clareza sua
concepção teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de
um Jogador de Futebol, Boccioni conseguiu finalmente fazer a
representação do movimento por meio de cores e planos
desordenados, como num pseudofotograma. Durante a Primeira
Guerra Mundial, o pintor se alistou como voluntário e ao voltar
publicou o livro Pittura, Scultura Futurista, Dinâmico Plástico (Pintura,
Escultura Futurista, Dinamismo Plástico). Morreu dois anos depois,
em 1916, na cidade de Verona.

Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908,


publicado em 1909.
"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de
escórias metálicas, de suores inúteis, de fuliges celestes, contundidos
e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos nossas primeiras
vontades a todos os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da
temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais
da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o
êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a
insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o
murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de
uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida
adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito
explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a
metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste
ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito de
68
69

sua própria órbita.


6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência,
a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos
primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha
um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve
ser concebida como um violento assalto contra as forças
ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que
haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as
misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço
morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna
velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o
militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas,
as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de
todo tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza
oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo
prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor e
polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o
vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros
incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis,
devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas
das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes
semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças,
cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor
aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo
peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes
cavalos de aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos
aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e
parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.
É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência
arrebatadora e incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo,
porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de
professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores.
Queremos libertá-la dos incontáveis museus que a cobrem de
cemitérios inumeráveis.
Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra
promiscuidade de tantos corpos que não se conhecem. Museus:
dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres
odiados ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos
pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores e
linhas ao longo de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o
cemitério no dia dos mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se
desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá lá. Mas não
69
70

admitimos passear diariamente pelos museus nossas tristezas, nossa


frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos nos
envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do
artista que se empenhou em infringir as insuperáveis barreiras
erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu sonho?...
Admirar um quadro antigo equivale a verter a nossa sensibilidade
numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos
arremessos de criação e de ação.
Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa
eterna e inútil admiração do passado, da qual saís fatalmente
exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus,
das bibliotecas e das academias (cemitérios de esforços vãos,
calvários de sonhos crucificados, registros de lances truncados!...) é,
para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais para
certos jovens embriagados por seus prisioneiros, vá lá: o admirável
passado é talvez um bálsamo para tantos dos seus males, já que para
eles o futuro está barrado... Mas nós não queremos saber dele, do
passado, nós, jovens e fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos
carbonizados! Ei-los!... Aqui!... Ponham fogo nas estantes das
bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os museus!...
Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e descoradas sobre as
águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os
machados, os martelos e destruam sem piedade as cidades
veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos
um decênio mais jovens e válidos que nos jogarão no cesto de
papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte,
dançando à cadência alada dos seus primeiros cantos, estendendo os
dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às portas das
academias, o bom cheiro das nossas mentes em putrefação, já
prometidas às catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - numa
noite de inverno - em campo aberto, sob um triste galpão
tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos
nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo
mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando sob
o vôo das nossas imagens.
Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e despeito, e
todos, exasperados pela nossa soberba, inestancável audácia, se
precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio tanto mais
implacável quanto seus corações estiverem ébrios de amor e
admiração por nós.
A forte e sã Injustiça explodirá radiosa em seus olhos - A arte, de
fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já
70
71

esbanjado tesouros, mil tesouros de força, de amor, de audácia, de


astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente, sem
calcular, sem jamais hesitar, sem jamais repousar, até perder o
fôlego... Olhai para nós! Ainda não estamos exaustos! Nossos
corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de fogo,
de ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos
recordais sequer de ter vivido! Eretos sobre o pináculo do mundo,
mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já
entendemos!... Nossa bela e mendaz inteligência nos afirma que
somos o resultado e o prolongamento dos nossos ancestrais. -
Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não queremos entender!... Ai de
quem nos repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso
desafio às estrelas."
Teorias da Arte Moderna, H.B.Chipp, Martins Fontes, 1993.

IMAGENS
Automóvel + velocidade + luz | Dinamismo de um ciclista | Estado de
ânimo II | Funerais do anarquista Galli | A carga dos lanceiros |
Manifestação intervencionista | Retrato de Marinetti | Velocidade
abstrata

5.18- ART NAIF

É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer


artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o
artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte
mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros nem
tanto.

Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas


sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não
se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências
modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular.

Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte infantil,
da arte do doente mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se
confunda com elas.

Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas


manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja
quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na
iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas
suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de
uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.

71
72

O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais


nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
● Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é
sempre figurativa
● Não existe perspectiva geométrica linear.
● Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:

Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e


quase nenhuma formação em pintura. Em sua primeira exposição foi
acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho,
composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo
arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de
carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de
selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos
sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após
despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo
Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho
foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.

5.19 – PINTURA METAFÍSICA

A pintura deve criar um impressão de mistério, através de


associações pouco comuns de objetos totalmente imprevistos, em
arcadas e arquiteturas puras, idealizadas, muitas vezes com a
inclusão de estátuas, manequins, frutas, legumes, numa
transfiguração toda especial, em curiosas perspectivas divergentes. A
pintura metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras
sedutoras e cores ricas e profundas, de plástica despojada e
escultural. Tem inspiração na Metafísica, ciência que estuda tudo
quanto se manifesta de maneira sobrenatural.

Principais Artistas:

GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na


Grécia, principal
representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui um
caso singular: poucas vezes um artista alcançou tão rapidamente a
fama para em seguida renegar o estilo que o celebrizara e cair em um
esquecimento quase absoluto. As suas obras retratam cenários
arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos, onde colocava objetos
heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente,
perpassado de inquietações metafísicas. Também usada nas suas
obras manequins, nus ou vestidos à moda clássica, enigmáticos e
72
73

sem rosto, que pareciam simbolizar a estranheza do ser humano


diante do seu meio ambiente.

GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas


naturezas-mortas, em que buscava a unidade das coisas do universo.
Conferiu imobilidade e transparência de formas, recorte intimista e
atmosfera de luz cinza-clara às naturezas-mortas que pintou usando
como modelos frascos, garrafas, caixas e lâmpadas velhas.

6- ARTE BRASILEIRA

6.1- PRE-HISTÓRIA

O Primeiro Homem das Américas

Escavações feitas no boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional


da Serra da Capivara, pela equipe da arquiteta Niède Guidon
encontraram o que eles acreditam ser restos de uma fogueira e
pedras lascadas, datadas em mais de 50 mil anos. A comunidade
científica internacional se dividiu sobre o tema. Alguns rechaçam
essas pesquisas, ponderando que a suposta fogueira pode ter sido na
verdade madeira incinerada por um raio e que nada garante que as
rochas não foram lascadas durante a queda de um bloco. A questão
por trás dessa briga é a elucidação de qual teria sido a porta de
entrada do homem na América. De um lado estão os que acreditam
que foi a travessia do estreito de Bering, entre 15 mil e 12 mil anos
atrás - quando o nível do mar chegou a descer 100 metros em
relação ao atual -, tenha sido o único caminho adotado. Para quem
não aceita essa exclusividade, outra porta de entrada do continente
americano poderia ser a costa do Pacífico na América Latina, com
viajantes vindos do sudeste asiático e das ilhas oceânicas. Ou seja, a
colonização teria acontecido por povos diferentes em épocas
diferentes. A situação começou a tomar novos rumos com a
descoberta da toca do Garrincho. Dentes com 15 mil anos foram
desenterrados e apresentados ao público. Com essa idade, são os
fósseis humanos mais antigos do continente. Se confirmada, a
presumida datação em 40 mil anos das pinturas do sertões da
Bastiana também será um grande indício de que o homem pode ter
vivido aqui bem antes do que na América do Norte. Se aceitos pela
comunidade internacional, os dentes e desenhos - que não podem ser
causados por raios ou quedas de blocos - representarão uma nova
fase nos estudos sobre a ocupação do continente.

As mais importantes pinturas rupestres do Brasil:


● PEDRA PINTADA (PA), aqui, em 1996, a arqueóloga
73
74

americana Anna Rosevelt achou pinturas com cerca de 11.000


anos.
● PERUAÇU (MG), tem vários estilos de pinturas entre 2.000 a
10.000 anos. Exibe espetaculares desenhos geométricos.
● LAGOA SANTA (MG), suas pinturas de animais, conhecidas
desde 1834, têm entre 2.000 e 10.000 anos de idade.
● SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), segundo Niède Guindon, da
Universidade Estadual de Campinas, possui vestígios humanos
de 40.000 anos e pinturas de 15.000 anos.

Para seu conhecimento:


A tinta de pedra é feita de cacos de minério que forneciam as cores
para as pinturas rupestres: os artistas raspavam as pedras para
arrancar os pigmentos coloridos, o vermelho e o amarelo vinham do
minério de ferro, o preto, do manganês. Misturado com cera de
abelha ou resina de árvores o pigmento virava tinta.

6.2- ARTE INDÍGENA

“Somos Parte Da Terra E Ela É Parte De Nós”


Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no séc.
XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das
civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais
deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professores.
Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem deixar ao
homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A
Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se
desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de
relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O
pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração. Homens,
árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações
interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através
do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o
humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa
contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo
da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.

A Visão Indígena Brasileira

O que é índio? Um índio não chama nem a si mesmo de índio. Esse


nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais
antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que
significa "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que
o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de
forma.

Qual a origem dos índios? Conforme o mito Tupy-Guarani, o


Criador, cujo coração é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou
74
75

seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe


Terra. Chamou sete anciões e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma
humanidade’. Os anciões navegaram em uma canoa que era como
cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo
eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da
roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu
através do arco-íris em que os anciões se transformaram. Seu nome
era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E
logo os anciões fizeram surgir da Águas do Grande Rio Nanderykei-cy,
a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se
transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.

Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua


origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra
como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam
de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de
lendas.

6.2.1- ARQUITETURA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias
famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400
pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado,
dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A
terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.

No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os


conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as
grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que
levam à roça, ao campo e ao bosque.

Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas,


fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e
quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas,
têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não tem
nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.

6.2.2- PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA


Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o
sol, os insetos e os espíritos maus. E para revelar de quem se trata,
como está se sentindo e o que pretende. As cores e os desenhos
‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem
boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada
família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos
dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas,
nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as
faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina, a mulher pinta
os corpos dos filhos e do marido. Assim como a pintura corporal, a
arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e
75
76

passam aos seus portadores elegância e majestade. Esta é uma arte


muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário,
mas apenas a pura busca da beleza.

6.2.3- A ALDEIA CABE NO COCAR


A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além
de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a
própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco,
uma grande roda a girar entre o presente e o passado. "É uma lógica
de manutenção e não de progresso", explica Luis Donisete Grupioni.
A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua
função determinados.

6.2.4- TRANÇADOS E CERÂMICA


A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá
ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o
índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como
cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos
trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras),
armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o
fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes
para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais
religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita
perfeição.
A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a
sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto
ocorreu na ilha de Marajó.

Ótimo site, visite: http://www.estadao.com.br/villasboas/

IMAGENS
Abano | Cerâmica Tapajônica | Cestos | Chefe Camaiura | Estátua
Karajá | Jarra | Quarup | Rede | Tartaruga Karajá | Xavantes

6.3- COLONIAL

Após a chegada de Cabral, Portugal tomou posse do território e


transformou o Brasil em sua colônia. Primeiramente, foram
construídas as feitorias, que eram construções muito simples com
cerca de pau-a-pique ao redor, porque os portugueses temiam ser
atacados pelo índios. Preocupado com que outros povos ocupassem
terras brasileiras, o rei de Portugal enviou, em 1530, uma expedição
comandada por Martim Afonso de Sousa para dar início à colonização.
Martim Afonso fundou a vila de São Vicente (1532) e instalou o
primeiro engenho de açúcar, iniciando-se o plantio de cana-de-açúcar,
que se tornaria a principal fonte de riqueza produzida no Brasil.

76
77

Após a divisão em capitanias hereditárias, houve grande necessidade


de construir moradias para os colonizadores que aqui chegaram e
engenhos para a fabricação de açúcar.

6.3.1- ARQUITETURA
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas
retangulares e cobertura de palha sustentada por estruturas de
madeira roliça inclinada. Essas construções eram conhecidas por
tejupares, palavra que vem do tupi-guarani (tejy=gente e
upad=lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e passam os
colonizadores a construir casas de taipa.Com essa evolução começam
a aparecer as capelas, os centros das vilas, dirigidas por missionários
jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e a de
algum santo, trazidos de Portugal.A arquitetura religiosa foi
introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta Francisco Dias, que trabalhou
em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi, projetista da igreja
de São Roque de Lisboa.

Esquema de arquitetura primitiva:


Dois eram os modelos de arquitetura primitiva. A igreja de Jesus de
Roma (autor: Vignola) e a igreja de São Roque de Lisboa, ambas de
padres jesuítas.
Floresciam as igrejas em todos sos lugares onde chegavam os
colonizadores, especialmente no litoral.
Os principais arquitetos do período colonial foram: Francisco Dias,
Francisco Frias de Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes Pinto
Alpoim.
A liberdade de estilo dada ao arquiteto modifica o esquema simples,
mas talvez pela falta de tempo ou por deficiência técnica não se deu
um acabamento mais aprimorado.

Algumas das principais construções de taipas:


● Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de
Sousa;
● Igreja Matriz de Cananéia;
● Vila inteira de São Vicente, destruída por um maremoto e
reconstruída entre 1542 e 1545;
● Engenhos de cana-de-açúcar; e
● Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade de
São Paulo.

Taipa
Construção feita de varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos com
barro. Para que o barro tivesse maior consistência a melhor
resistência à chuva, ele era misturado com sangue de boi e óleo de
peixe.
Elas podem ser feitas com técnicas diferentes:
● A taipa de pilão, de origem árabe, consiste em comprimir a
terra em formas de madeira, formando um caixão, onde o
77
78

material a ser socado ia disposto em camadas de 15 cm


aproximadamente. Essas camadas reduziam-se a metade após
o apiloamento. Quando a terra apilada atingia mais ou menos
2/3 da altura do taipal, eram nela introduzidas
transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas,
geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos
denominados cabodás que permitiam o ancoramento do taipal
em nova posição. Essa técnica é usada para formar as paredes
externas e nas internas estruturais, sobrecarregadas com
pavimento superior ou com madeiramento do telhado.
● A taipa de mão ou pau-a-pique que caracterizava-se por
uma trama de paus verticais e horizontais, eqüidistantes, e
alternadamente dispostos. Essa trama era fixada verticalmente
na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos com
barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada
lado. A taipa de mão geralmente é utilizada nas paredes
internas da construção.

Forte São João


● No ano de 1531, após viagem através do Atlântico Sul, as naus
de Martim Afonso de Souza avistaram terras tupi-guaranis.O
lugar, chamado "Buriquioca"(morada dos macacos) pelos
nativos, encantou os portugueses por suas belezas naturais e
exóticas.
● Apesar da bela paisagem, por motivo de segurança seguiram
viagem, indo aportar em São Vicente, no dia 22 de janeiro de
1532.
● Neste mesmo ano, Martim Afonso enviou João Ramalho à
Bertioga a fim de verificar a possibilidade de construir uma
fortificação para proteger a nova vila dos ataques Tamoios.
● Em 1540, Hans Staden, famoso artilheiro alemão, naufragou na
costa brasileira e foi levado à São Vicente. Lá, foi nomeado para
comandar a fortificação em Bertioga.
● Em 1547, a primitiva paliçada de madeira foi substituída por
alvenaria de pedra e cal e óleo de baleia, o que originou o
verdadeiro Forte. Primeiramente foi chamado Forte Sant'Iago
(ou São Tiago), recebeu a denominação de Forte São João em
1765, devido à restauração de sua capela, erguida em louvor a
São João Batista.
● Em 1940, a fortaleza, considerada a mais antiga do Brasil, foi
tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional)
● Aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil, a
Prefeitura de Bertioga e o Iphan entregam para visitação o forte
totalmente restaurado.

6.3.2- ESCULTURA
Os jesuítas ensinaram aos índios e negros o alfabeto, a religião e a
trabalhar o barro, a madeira e a pedra. O índio é muito hábil na
78
79

imitação, mas, também muito primário e rústico na execução. O


negro adapta-se mais facilmente e é exuberante no desenho, na arte,
no talhe e nas lavras. Sob direção dos religiosos e de mestres, vindos
além-mar, o índio e o negro esculpiram muitos trabalhos, que são a
base ao enxerto da arte Barroca, em auge na Europa.

6.4- HOLANDESA

Na virada do século, os portugueses defenderam o Brasil dos


invasores ingleses, franceses e holandeses. Porém, os holandeses
resistiram e se instalaram no nordeste do país por quase 25 anos
(início em 1624). O Conde Maurício de Nassau trouxe à “Nova
Holanda” artistas e cientistas que se instalaram em Recife. Foi sob a
orientação de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a
construção da Cidade Maurícia e também os palácios e prédios
administrativos.

Embora fosse comum a presença de artistas nas primeiras expedições


enviadas à América, Maurício de Nassau afirmou, em carta à Luiz XIV,
em 1678, ter a sua disposição seis pintores no Brasil, entre os quais
Frans Post e Albert Eckhout. Holandeses, flamengos, alemães, os
chamados pintores de Nassau, por não serem católicos, puderam
facilmente dedicar-se a temas profanos, o que não era permitido aos
portugueses. Em conseqüência disso foram os primeiros artistas no
Brasil e na América a abordar a paisagem, os tipos étnicos, a fauna e
a flora como temática de suas produções artísticas, livre dos
preconceitos e das superstições que era de praxe se encontrar nas
representações pictóricas que apresentavam temas americanos.
Foram verdadeiros repórteres do século XVII.

FRANS J. POST - Nascido em Haarlen, Holanda (1612-1680), foi


pintor, desenhista e gravador. Tinha 24 anos quando chegou ao Brasil,
contratado por Nassau, permaneceria até 1644. Era irmão do
arquiteto Pieter Post. Sua principal tarefa era nas novas terras do foi
documentar edifícios, portos e fortificações. Destacou-se entre os
pintores de Nassau: é considerado o primeiro paisagista a trabalhar
nas Américas. Foi autor de cerca de 150 obras, costumava pintar
pequenas figuras para funcionar como pontos de atração nos quadros
e deixa-los mais interessantes. Vários museus do mundo mantêm em
seus acervos obras de sua autoria. No Brasil podemos ver a sua obra
no MASP, em São Paulo e MNBA no Rio de Janeiro.
Obras destacadas: A cidade e o castelo de Frederik na Paraíba;
Paisagem Brasileira com nativos dançando; Paisagem com Tamanduá;
Mauritsstad e Recife.

ALBERT ECKHOUT - Nascido em Groninger, Holanda (1610-1666),


foi artista e botânico, veio para o Brasil em 1637 e permaneceu até
79
80

1644, como pintor contratado por Maurício de Nassau. Aqui realizou


grande parte de sua obra. Nela destacam-se naturezas-mortas com
frutas e legumes tropicais, representações dos tipos humanos que
habitavam o país e costumes. Ficou fascinado pelo o que encontrou
no Brasil. O Conde de Nassau freqüentemente ofereceu obras de
Eckhout como presente à nobreza européia. O rei da Dinamarca
recebeu vinte pinturas retratando tipos brasileiros e
naturezas-mortas. O rei da França recebeu uma coleção de pinturas
que foi usada para fazer tapeçarias, as chamadas “Tapeçarias das
Índias” tornaram-se muito conhecidas e foram tão copiadas que os
cartões originais se estragaram. Os trabalhos de Eckhout contribuem
para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
Obras destacadas: Dança Tapuia; Composição com cabaças, frutas e
cactos; Os dois touros; Mameluca; Mulato; Índia Tapuia; Mulher
Africana.

6.5- BARROCO

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o


século XVIII, perdurando ainda no início do século XIX. O barroco
brasileiro é claramente associado à religião católica. Duas linhas
diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas regiões
enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos
igrejas com trabalhos em relevos feitos em madeira - as talhas -
recobertas por finas camadas de ouro, com janelas, cornijas e portas
decoradas com detalhados trabalhos de escultura. Já nas regiões
onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas apresentam talhas
modestas e os trabalhos foram realizados por artistas menos
experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas.

O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha


e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos
de:

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - seu projeto para a


igreja de São Francisco, em Ouro Preto, por exemplo, bem como a
sua realização, expressam uma obra de arte plena e perfeita. Desde a
portada, com um belíssimo trabalho de medalhões, anjos e fitas
esculpidos em pedra-sabão, o visitante já tem certeza de que está
diante de um artista completo. Além de extraordinário arquiteto e
decorador de igrejas foi também incomparável escultor. O Santuário
do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, é constituído
por uma igreja em cujo adro estão as esculturas em pedra-sabão de
doze profetas, cada um desses personagens numa posição diferente e
executando gestos que se coordenam. Com isso, ele conseguiu um
resultado muito interessante, pois torna muito forte para o
observador a sugestão de que as figuras de pedra estão se
movimentando.
80
81

Características da escultura de Aleijadinho:


● Olhos espaçados
● Nariz reto e alongado
● Lábios entreabertos
● Queixo pontiagudo
● Pescoço alongado em forma de V

Manuel da Costa Ataíde - suas pinturas em tetos das igrejas


seguiam as características do estilo barroco, e aliavam-se
perfeitamente às esculturas e arquitetura de Aleijadinho. O Mestre
Ataíde pintou várias igrejas de Minas Gerais com um estilo próprio e
bem brasileiro. Usava cores vivas e alegres e gostava muito do azul.
Ataíde utilizava tanto a tinta a óleo (que era importada da Europa)
como a têmpera. Os pintores da época nem sempre podiam importar
suas tintas. Faziam então suas próprias cores com pigmentos e
solventes naturais aqui da terra. Entre outros, usavam terra
queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além de extratos de
plantas e flores. E é claro criavam suas próprias receitas que eram
mantidas em segredo. Talvez por isso é que se diz que não existe, no
mundo inteiro, um colorido como o das cidades mineiras da época do
barroco.
Obra Destacada: Pintura do Teto da Igreja de São Francisco de Assis.

IMAGENS
Basílica de Congonhas | Cristo carregando a Cruz | Flagelação de
Cristo | Igreja de São Francisco | Matriz de Santo Antonio | Profeta
Daniel | Última Ceia | São Francisco | Teto de Igreja Ataíde | Igreja
do Pilar | Igreja Matriz Conceição | Igreja Matriz Santo Antonio |
Órgão Tiradentes

6.6- MISSÃO FRANCESA

No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte


invadiram Portugal, obrigando D. João VI (rei de Portugal), sua
família e sua corte (nobres, artistas, empregados, etc.) a virem para
o Brasil.
D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trouxe para
cá material para montar a primeira gráfica brasileira, onde foram
impressos diversos livros e um jornal chamado A Gazeta do Rio de
Janeiro. Nesse momento, o Brasil recebe forte influência cultural
européia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de
artistas franceses (1816) encarregado da fundação da Academia de
Belas-Artes (1826), na qual os alunos poderiam aprender as artes e
os ofícios artísticos. Esse grupo ficou conhecido como Missão Artística
Francesa.

Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam,


81
82

esculpiam e construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo


neoclássico (novo clássico), ou seja, um estilo artístico que propunha
a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antigüidade.

Algumas características de construções neoclássicas:


● Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das
construções. Compõe-se de três partes : base, fuste (parte
maior) e capitel (parte superior com ornamentos).
● Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato
curvo existente na parte superior das portas e passagens que
servem de sustentação.
● Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de
portas e colunas e abaixo do telhado. Os frontões podem
receber os mais variados tipos de decoração.

Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como:


inspirada nas esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista
italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da
composição e da harmonia do colorido.

Principais artistas:

Nicolas-Antonine Taunay: (1775-1830) pintor francês de grande


destaque na corte de Napoleão Bonaparte e considerado um dos mais
importantes da Missão Francesa. Durante os cinco anos que residiu
no Brasil, retratou várias paisagens do Rio de Janeiro.

Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) foi chamado de "a alma da


Missão Francesa". Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico,
decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição
de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no projeto de
ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da
aclamação de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas é
em Viagem pitoresca ao Brasil, coleção composta de três volumes
com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e descreve a
sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas
do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente idéia da
sociedade brasileira do século XIX.

Alguns dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, no séc.


XIX, outros pintores motivados pela paisagem luminosa e pela
existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. É nessa
perspectiva que se situa alguns artistas europeus independentes da
Missão Artística Francesa:
Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da
Princesa Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e
cenas da vida no nosso povo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro. Sua obra compõem-se de 800 desenhos e aquarelas.
Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821
82
83

e 1825. Além do nosso país, visitou outros países da América Latina,


documentando, por meio de desenhos e aquarelas, a paisagem e os
costumes dos povos que conheceu.

6.7- ARTE ACADÊMICA

A partir da vinda de D. João VI, o Brasil recebe forte influência da


cultura européia, que começa assimilar e a imitar. A Academia e
Escola de Belas-Artes abriu os cursos em novembro de 1826. Os
principais artistas acadêmicos:

Pedro Américo de Figueiredo e Melo - sua pintura abrangeu


temas bíblicos e históricos, mas também realizou imponentes
retratos.
Obra Destacada: Independência ou Morte (Conhecido também como
Grito do Ipiranga).

Vitor Meireles de Lima - sua obra mais conhecida é A Primeira


Missa no Brasil; os temas preferidos eram históricos, bíblicos e os
retratos.
Obra destacada: Moema

Almeida Júnior - sua obra pictórica é grande e de temática variada,


pois inclui quadros históricos, religiosos e regionalistas. Produziu as
obras: Leitura, as telas de inspiração regionalista como Picando Fumo
e O Violeiro.

6.8- SEMANA DE 22 - MODERNISMO BRASILEIRO

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e


literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade
e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que
vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a falar do Manifesto
Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura com
a nova civilização técnica”.

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização


das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os
artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil,
escreve para os jornais expondo suas idéias renovadores de grupos
de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta
estética.

Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de
pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os
brasileiros:
● a de Lasar Segall, em 1913, e

83
84

● a de Anita Malfatti, em 1917.

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os


adeptos da arte acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro
Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo, intitulado: “A propósito da
Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e Artistas” da edição de
20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente dos espíritos
conservadores.

No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a princípios


estéticos conservadores, afirma que “todas as artes são regidas por
princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo
nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato vai mais longe ao criticar os
novos movimentos artísticos. Assim, escreve que “quando as
sensações do mundo externo transformaram-se em impressões
cerebrais, nós ‘sentimos’. Para que sintamos de maneira diversa,
cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra
completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em ‘pane’ por
virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se
fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco
sentidos, um artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um
gato, e é falsa a ‘interpretação quem do bichano fizer um totó, um
escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes”.

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos


mais tarde, Mário de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas
basicamente no “Prefácio Interessantíssimo” de sua obra Paulicéia
Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de Andrade afirma que:
● Belo da arte: arbitrário convencional, transitório - questão de
moda.
● Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a
eternidade que a natureza tiver.
"Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos
os grandes artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de
Balzac, Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas) ora
inconscientes ( a grande maioria) foram deformadores da natureza.
Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais
subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o
que quiserem. Pouco me importa”.
(Mário de Andrade, Poesias Completas)

Embora existia uma diferença de alguns anos entre a publicação


desses dois textos, eles colocam de uma forma clara as idéias em que
se dividiram artistas e críticos diante da arte. De um lado, os que
tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os que
almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele não se
sentisse cerceado pelo limites da realidade.
Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os
de uma renovadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax
84
85

na Semana de Arte Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17 de


fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No interior do
teatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto no
saguão foram montadas exposições de artistas plásticos, como os
arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vítor
Brecheret e W. Haerberg e os desenhistas e pintores Anita Malfatti, Di
Cavalcanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de
Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do Rego Monteiro.

Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais


caracterizador da presença, entre nós, de uma nova concepção do
fazer e compreender a obra de arte.

6.9- EXPRESSIONISMO

Principais Artistas:
Lasar Segall - seu desenho anguloso e suas cores fortes procuram
expressar as paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924
assumiu uma temática brasileira: seus personagens agora são
mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem, favelas e
bananeiras.
Obras Destacadas: Bananal e Dois Seres.

Anita Malfatti - sua arte era livre das limitações que o academicismo
impunha, seus trabalhos se tornaram marcos na pintura moderna
brasileira, por seu comprometimento com as novas tendências.
Obra Destacada: A Estudante Russa.

Di Cavalcanti - as obras deste pintor ficaram muito conhecidas pela


presença da mulher mulata uma espécie de símbolo de brasilidade e,
na opinião do jornalista Luís Martins, um admirável elemento plástico.
Obras Destacadas: Pescadores e Nascimento de Vênus.

IMAGENS
Lasar Segall

6.10- ARTE NAIF

O surgimento do art naïf no Brasil foi posterior à Semana de Arte


Moderna (1922). A pintura de Tarsila do Amaral, por sua busca das
formas simples e de uma temática "primitiva", guarda algum
parentesco com o art naïf, mas seria um equívoco inseri-la nessa
categoria.

Mais próxima dos naïfs está a pintura de Djanira, com seus santos,
seus pescadores, suas cenas de trabalho na roça, tudo tratado em
composições bidimensionais, cores planas e desenho simplificado.
85
86

Principais Artistas :

Cardosinho (1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos


70 anos e chegou a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas
obras está na Tate Gallery, em Londres. com suas fantasias beirando
o surreal, copiadas de cartões-postais.

Heitor dos Prazeres (1898-1966), é um artista que revela minúcias


e detalhes da realidade que retrata. A figura humana é o centro de
seus trabalhos e, nela, dois detalhes chamam a atenção do
observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão de movimento,
resultante do fato das figuras estarem quase sempre na ponta dos
pés, como se dançassem ou simplesmente andassem. Sua arte deixa
de lado os preconceitos e os fatos tristes da realidade social. Ao
contrário, procura mostrar um mundo fraterno em que diferentes
pessoas participam de uma mesma atividade.

Mestre Vitalino, criador de figurinhas de barro que representam


pessoas e fatos da região sertaneja de Pernambuco. Entre os
personagens de Vitalino estão os vaqueiros, os retirantes, os
cangaceiros, que, isolados ou compondo uma cena, nos comunicam o
modo de ser da gente rústica do sertão.

Djanira, sua arte é dividida em dois períodos, no primeiro, da década


de 40, apresenta principalmente temas da vida carioca. As figuras
sempre sugerem movimento e são contornadas por forte traço
escuro. Na segunda fase, da década de 50, apresenta sobretudo as
atividades rurais das mais diferentes regiões do Brasil. Nessa fase,
suas cores são mais claras, mas os limites entre essas cores são bem
nítidos.

Para seu conhecimento:

O Museu Internacional de Arte Naif é um projeto do joalheiro e


desenhista de jóias francês Lucien Finkelstein, e começou a funcionar
em janeiro de 1995, no Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro,
numa casa tombada que já serviu de ateliê para o pintor Eliseu
Visconti (autor das pinturas do Teatro Municipal do Rio). Seu acervo,
de quase 10 mil quadros de artistas de cerca de 130 países, o torna o
maior do mundo. O Museu recebe uma média de 2.000 visitantes por
mês. No verão, quase metade do público é composta de turistas
estrangeiros. No resto do ano, o forte é a visita de grupos escolares.
Lucien Finkelstein chegou ao Rio em 1948. Tinha 16 anos e veio a
passeio, visitar parentes. Gostou, resolveu ficar e comprou seu
primeiro quadro naif, uma pintura de Heitor dos Prazeres,
"Sambistas". Dali para frente se tornou um grande colecionador de
pinturas.

86
87

IMAGENS
 Quadro da série Retirantes | Terreiro de Café

87

Você também pode gostar