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PRÁTICAS DOCENTES.
Este trabalho visa apresentar uma prática docente utilizada por ambos
autores em aulas de música de escolas regulares da educação básica, com o
intuito de fazer uma reflexão a respeito das constituições identitárias, bem como
dos processos cognitivos e afetivos envolvidos em sua realização. Por meio das
interações sociais diversas que se estabelecem entre alunos, professores e
comunidade escolar, a escola é um ambiente de múltiplas afiliações sociais, que
revelam a diversidade de vinculações simbólicas afirmadas por estes atores. A
questão da identidade nos coloca diante de ligações variadas: a relação entre
espaço coletivo e individual; as circunstâncias de caráter psicológico, social e
cultural; o estabelecimento de semelhanças e diferenças de onde se constituem as
categorias de identificação, entre tantos outros aspectos que contribuem para que
o indivíduo desenvolva uma concepção de si mesmo em integração com os grupos
que frequenta, ou seja, o reconhecimento das pertenças sociais em conformidade
com as singularidades do indivíduo (DESCHAMPS; MOLINER, 2009).
Para tanto, nosso ponto de partida para a atividade musical proposta é o
nome do aluno. O nome próprio é um dos primeiros traços de reconhecimento de
si mesmo e do outro cujas ligações ultrapassam a simples designação ou
nomeação de um indivíduo por meio da linguagem. Para Bosco (2006, p. 105), o
nome próprio produz “um significante que cifra a história de um sujeito”. Ainda
que haja coincidência de nomes no mesmo grupo, os apelidos ou os segundos
nomes acrescentados operam no estabelecimento das diferenciações entre
indivíduos e sua integração no espaço coletivo. Nesta perspectiva, o nome próprio
se reveste, simultaneamente, de um campo subjetivo, ao constituir o Eu, que
torna a pessoa única e singular, e um campo intersubjetivo, pois o
reconhecimento e a significação de si mesmo provem da identificação que os
outros sinalizam ao indivíduo nas interações sociais, uma ação necessária à
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Chamada musical 2: “Quero ver quem vai falar a palavra que começa com “a”…”
Chamada musical 3: “Quero ver quem vai dizer a palavra que começa com “b”…”
Chamada musical 4: “Me diga com convicção o nome de uma profissão…”
Chamada musical 5: “Quero ver quem vai saber o que é o que é que eu vou
cantar /
Não vai ser em português, inglês, espanhol nem japonês /
A chamada que eu vou cantar eu acabei de inventar”
recepção positiva pelas turmas permitiu explorar muitos temas relativos aos
conhecimentos adequados para esta faixa etária, por exemplo: (1) as relações
entre letras, palavras, rimas com suas sonoridades; (2) ritmo das palavras e do
corpo com relação à métrica e tonicidade no texto e na música; (3) categorias em
diversas áreas do conhecimento (profissões, animais, entre outras).
O improviso musical é um procedimento que permite a interação com os
materiais sonoros produzidos por si mesmo e pelos colegas, e o contato com a
variedade de soluções musicais neste contexto. Portanto, possibilita o
desenvolvimento cognitivo pela transformação afetiva, capacidade de produzir
algo que mobilize os colegas, bem como mobilizar-se pela percepção da produção
do outro. Nesta perspectiva, a educação é formativa e cooperativa, sendo a música
uma das vias para o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos,
conhecimento adquirido pela experiência sensível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS