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LEIDIANE PEREIRA DA SILVA

REFLEXO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA


PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Tangará da Serra – MT
2022
LEIDIANE PEREIRA DA SILVA

REFLEXO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA


PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


FACULESTE, Faculdade do Leste Mineiro como
requisito parcial para a obtenção do título de Pós
Graduação em Psicoterapia e Psicopatologia do
adolescente

Tangará da Serra – MT
2022

2
LEIDIANE PEREIRA DA SILVA

REFLEXO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


NA PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Dedico este trabalho,

Primeiramente a Deus, sem ele eu não


teria capacidade para desenvolver este
trabalho, aos meus pais, pois é graças
aos seus esforços que hoje estou onde
cheguei.

Tangará da Serra/MT , 30 de agosto de 2022

3
“Como fica forte uma pessoa quando está
segura de ser amada!” – Sigmund Freud

4
Leidiane Pereira da Silva. Reflexo da violência doméstica na personalidade da
criança. 2022. 29 folhas. Trabalho de Conclusão de curso da Pós em Psicoterapia e
Psicopatologia do Adolescente– FACULESTE, Tangará da Serra-MT, 2022.

RESUMO

O reflexo que a violência doméstica causa na personalidade da criança são


consideradas sérias, podendo assim sofrer seus efeitos a curto e longo prazo.
Crianças são mais vulneráveis não tendo meios de defesa, mesmo quando a
violência doméstica não é dirigida diretamente a criança, pois a mesma pode vir a
desenvolver problemas como traumas psicológicos. A pesquisa foi realizada através
da pesquisa de artigos e dissertações em forma de revisão bibliográfica descritiva e
qualitativa publicada a partir de 1990 com o objetivo de levantar as informações
sobre o reflexo que a violência doméstica pode causar na personalidade da criança,
como traumas e problemas psicológicos. Mediante o levantamento realizado,
sugere-se uma maior atenção dos serviços sociais junto a família; auxiliando os pais\
responsáveis a lidarem com o agente causador da violência, bem como o amparo às
vítimas, uma forma eficiente de tratamento que reduz os danos psicológicos.

Palavras-chave: Violência doméstica, Criança, Personalidade


Leidiane Pereira da Silva. Reflexo da violência doméstica na personalidade da
criança. 2022. 29 folhas. Trabalho de conclusão de curso da Pós em Psicoterapias e
Psicopatologia do Adolescente– FACULESTE, Tangará da Serra-MT, 2022.

ABSTRACT

The reflection that domestic violence causes in the child's personality are considered
serious, and may thus suffer its effects in the short and long term. Children are more
vulnerable, without means of defense, even when domestic violence is not directed
directly at the child, as the child may develop problems such as psychological
trauma. The research was carried out through the research of articles and
dissertations in the form of a descriptive and qualitative bibliographic review
published from 1990 onwards with the objective of collecting information about the
reflection that domestic violence can cause in the child's personality, such as trauma
and psychological problems. Based on the survey carried out, it is suggested that
social services should pay more attention to the family; helping parents/guardians to
deal with the agent causing the violence, as well as supporting victims, an efficient
form of treatment that reduces psychological damage.

Keywords: Domestic violence, Kid, Personality

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Ciclo da violência contra crianças e adolescente.....................................19


Figura 2 – Consequências da violência doméstica para o desenvolvimento da
criança/adolescente ..................................................................................................21

7
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Variações das modalidades de violência cometidas pelo pai e pela


mãe...................................................................................................................17

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2. VIOLÊNCIA NO AMBITO FAMILAR.....................................................................13
3. VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS.......................................................................16
4. REFLEXOS DA VIOLÊNCIA SOBRE A PERSONALIDADE DA
CRIANÇA...................................................................................................................20
CONSIDERAÇOES FINAIS...................................................................................24
REFERÊNCIAS.....................................................................................................25

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1. INTRODUÇÃO

O estudo proposto, assim como aponta seu título, trata-se da violência


doméstica, para tanto, conceitua-se violência doméstica todo ato que se refere a
qualquer tipo de violência cometida entre membros que convivem em um ambiente
familiar em comum, pessoas com mesmo laço sanguíneo ou unidas de forma civil.
Conforme será visto, as consequências da referida violência são
consideradas sérias, podendo a criança e/ou adolescente sofrer de seus efeitos a
curto e a longo prazo, causados de forma direta ou indireta, afetando-os em diversas
áreas como mental, cognitiva, emocional e psicossocial.
Toda violência doméstica é repudiável, mas os casos mais sensíveis são a
violência doméstica infantil, porque as crianças são mais vulneráveis e não têm
meios de defesa. Mesmo quando a violência doméstica não é dirigida diretamente à
criança, esta pode ficar com traumas psicológicos.
Neste estudo, a intenção é discorrer sobre os reflexos da violência
doméstica no âmbito da personalidade da criança, sendo que estes ficam à mercê
dos familiares e/ou responsáveis, os quais deveriam protegê-los e privá-los de todo
tipo de violência tanto física, moral e psicológica.
Assim, o assunto justifica-se pela importância da família à formação da
pessoa, uma vez que a família deve primeiro proteger, e não violentar; portanto um
ambiente desiquilibrado e hostil é propício para afetar seriamente não só o
desenvolvimento físico e emocional, mas também o aspecto cognitivo e afetivo,
todos interligados.
É sabido que a violência é um problema de saúde pública, ainda mais grave
quando afeta menores; visto que eles se tornarão adultos que possivelmente irão
apresentar transtornos em sua conduta pessoal e social, o que perpetua um ciclo de
violência na sociedade.
Assim, o estudo da violência doméstica na infância é de suma importância,
precisando o tema sobre seus efeitos ser ampliado para melhores intervenções de

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serviços sociais junto a família; auxiliando os pais/responsáveis a lidarem com os
agentes causadores da violência bem como o amparo às vítimas; uma vez que a
forma eficiente de tratamento reduz os danos psicológicos decorrentes e influência
nas relações sociais
Com base nisso, nesta presente pesquisa, foi realizado um levantamento de
informações sobre o reflexo da violência doméstica na personalidade da criança, os
principais tipos de violência, as particularidades e os impactos causados na
personalidade da criança.
Sendo assim este presente trabalho foi realizado mediante revisão
bibliográfica, sendo uma pesquisa qualitativa e descritiva em livros, dissertações e
artigos disponíveis em obras literárias e sítios eletrônicos, com obras publicadas a
partir do ano de 1990. Utilizar-se-á levantamentos de dados como bases de
pesquisa seguras, sites como Google Acadêmico, Capes, Scielo e livros de autores
renomados relacionados à violência doméstica no contexto familiar.

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2. VIOLÊNCIA NO ÂMBITO FAMILIAR

A violência no âmbito familiar pode-se definir ao uso da força exercida sobre


alguém; constrangimento; ato de violentar/de oprimir, de maneira direta ou indireta,
causando danos físicos ou morais. Assim violando os direitos de proteção que
crianças/adolescentes têm de ser tratadas como sujeito.
No caso, a violência contra o público infantil pode ser entendida como:
(...) todo ato e/ou omissão praticado(s) por pais, parentes ou responsável
em relação à criança e/ou adolescente que – sendo capaz de causar dor ou
dano de natureza física, sexual e/ou psicológica à vítima – implica, de um
lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro,
uma “coisificação” da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e
adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição
peculiar de desenvolvimento. (AZEVEDO; GUERRA,1995, p. 36)

Como autor enfatiza acima, as crianças têm o direito de serem tratadas com
respeito e cuidado.

Conforme a reimpressão feita pelo Ministério da Saúde (2002, p. 34) têm-


se como manifestações de violência contra crianças e adolescentes:

Violência física: Todo ato de agressão, danos físicos que deixam lesões,
marcas psíquicas e afetivas. Desde um simples tapa até ao espancamento
fatal. Violência sexual: Geralmente o abusador é alguém de confiança da
criança, que utiliza várias táticas para atingir seus objetivos, não chegando
haver necessariamente uma relação sexual para configurar o abuso.
Violência psicológica: Toda ação que se manifesta na desvalorização da
criança/ou adolescente, com ameaças, humilhação, ridicularização,
causando sentimento de culpa, insegurança, magoa, sofrimento mental e
afetivo, que podem acompanha-lo por toda vida. Negligencia: caracteriza-se
essa forma de violência pela falta de cuidados físicos, emocionais e sociais.
Crianças e adolescentes mal cuidados sem boas condições de
desenvolvimento físico moral, cognitivo, psicológico, afetivo e educacional.
Trabalho infantil: violência atribuída a falta de condição e pobreza em que
vivem as famílias, que necessitam da participação dos filhos para o
complemento da renda familiar.

A violência doméstica é um grave problema social que atinge toda a


população e deve ser estudado de diferentes formas e em diferentes áreas, devido
ao seu impacto nas condições de vida e de saúde da população, especialmente

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quando acontece na infância antes de uma pessoa atingir a plena maturidade e
desenvolvimento. (ABRANCHES e ASSIS, 2011).
Segundo os autores LIMA; SOUZA; SILVA (2017), a violência doméstica é um
ato de violência que ocorre no seio da família, principalmente pela pessoa que
reside parcial ou integralmente em tal ambiente. O agressor não precisa ser um
membro da família, portanto, pode ser alguém que não seja parente consanguíneo
ou parente da vítima, como um funcionário (as).
O autor SOUSA (2013), pontua que é no ambiente familiar da criança onde
tem a maior contribuição para o seu desenvolvimento e, portanto, pode ter impacto
na sua vida adulta. Quando a família é configurada para ser conflituosa, perigosa e
imprevisível, pode desencadear tensão emocional, juntamente com medo,
insegurança e instabilidade. Esse clima perturbador não é propício para o
desenvolvimento infantil.
De acordo com Dias (2013), diz que São consideradas as consequências da
violência doméstica na vida da criança, a curto prazo: pesadelos repetitivos, raiva,
culpa, vergonha, medo, ansiedade e depressão fóbica, distúrbios psicossomáticos,
isolamento social e sentimentos de estigmatização. Além disso, podem ser
considerados danos a longo prazo como transtornos psiquiátricos, dissociação
afetiva, pensamentos invasivos, pensamentos suicidas, fobias agudas, ansiedade
intensa, depressão, isolamento, raiva, culpa, sentimento crônico de perigo e
confusão, pensamento ilógico, imagens distorcidas da realidade, dificuldades em
resolver problemas interpessoais
A violência pode afetar a criança/adolescente direta ou indiretamente,
podendo serem testemunhas, ver, ouvir ou conviver com situações de violência,
conforme aponta a autora (KITZMANN, 2007, p. 2) “aponta que evidências
crescentes mostram que crianças vítimas de violência doméstica correm maior risco
de problemas psicossociais”.
Segundo a mesma autora citada acima, “relata que os problemas dessas
crianças são semelhantes aos das vítimas de abuso físico; como testemunha a

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violência doméstica pode assustar as crianças e perturbar seriamente suas vidas
sociais, alguns especialistas começaram a ver a violência doméstica como uma
forma de abuso emocional”.
Vivenciar a violência doméstica familiar impacta na vida dos indivíduos não
apenas em seus relacionamentos afetivos, como modelo de relacionamento
amoroso, mas também em outros contextos, legitimando a violência como estratégia
de resolução de conflitos nas mais diversas situações (Reis; Prata; Parra, 2018, p.
3).
No Brasil, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Conhecida como o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), propõe semelhante à Constituição
Federal de 1988 e Convenção de 1989 sobre o tratamento de crianças e
adolescentes como indivíduos tem direitos como qualquer outra pessoa. O ECA é o
principal regulamento o poder de proteger menores no Brasil, tratar pessoas como
crianças Adolescentes incompletos entre doze e doze 10 e dezoito anos.
Famílias que contém características violentas tem alguns comportamentos
específicos como a forma de se comunicar reproduzindo comentários ofensivos,
fatos dos quais eles podem não estar cientes, mas é detectável facilmente por
terceiros. Costumam se fechar também, mantendo relações próximas com amigos
ou outros parentes. Isso é configurado como Estratégias para eliminar problemas e
evitar que sejam descobertos (SOUSA, 2013).

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3. VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA

De acordo com os autores APOSTÓLICO et al. (2012) A violência causa um


grande impacto negativo na vida de crianças/adolescentes, levando assim esse
trauma para o resto da vida:

Quando a violência é dirigida contra crianças, a gravidade do


comportamento afeta toda a sua infância, os traumas, lesões físicas,
sexuais e emocionais que sofrem, mesmo nem sempre fatais, determina a
possibilidade de desgaste significativo, não apenas durante esse período,
mas ao longo da vida.

Essa constatação confirma que o trauma sofrido afeta toda a vida da vítima,
não apenas na infância.
De acordo com autora DOTTI (2014, p.174) relata que o problema com a
violência doméstica contra a crianças é que as mesmas estão em processo de
formação, então, quando se tornam vítimas de maus tratos e abuso, afeta
diretamente como elas pensam, se comportam, sentem e demostram.
Crianças que sofrem qualquer forma de abuso durante os primeiros anos de
vida são mais propensas a desenvolver sofrimento psicológico, ansiedade,
depressão, problemas relacionados ao sono, depressão pensamento intrusivo,
dificuldade de concentração, problemas alimentares e violação das regras sociais.
(DORNELLES et al, 2021).
Segundo associação Brasileira de Saúde Coletiva (2019) mostram
resultados surpreendentes sobre a violência doméstica contra crianças, mostrando
que a forma de violência mais comum nas unidades de saúde, contra crianças e
adolescentes de 0 a 13 anos, é o estupro, que ocorre na residência da vítima em
58% dos casos. Entre os jovens de 10 a 19 anos, a violência sexual também é a
violência mais comum, principalmente contra meninas. Os principais agressores são
pais biológicos, padrastos, parentes, namorados ou pessoas conhecidas da vítima.
De acordo com a pesquisa realizada pelos autores (Brito, A.M. et al, 2005)

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apontada na tabela 1, ilustra as variações das modalidades de violência cometidas
pelo pai e pela mãe. Observamos que a negligência, quando não associada a outras
formas de violência, prevalece quando a mãe é agressora. A violência sexual
associada ou não a outras modalidades só aparece quando o pai é agressor.
Variações das modalidades de violência cometidas pelo pai e pela mãe:

Fonte: BRITO, A.M. et al 2005.

Nesse sentido, há variações nas frequências e nas formas de violências


perpetrada pelos pais. Em sua forma pura, a Negligência parece mais
maternalmente ligada e voltada para os filhos do sexo masculino. Em contrapartida,
na maioria dos casos, a violência sexual é perpetrada pelo pai e dirigida à filha.
Esses dados podem refletir a forma como a questão de gênero se apresenta no
espaço doméstico. (Brito, A.M. et al, 2005).
Considerando a sociedade atual, a maneira de castigo ainda abordada por
pais e responsáveis contra crianças/adolescentes:
(...) o uso do castigo corporal ainda é uma ferramenta muito frequente na
educação das crianças. Os pais tendem a defender essa forma de
disciplina, que pode, em alguns casos, promover a banalização e a
cronicidade da violência doméstica contra crianças e jovens. Constatamos
que para alguns pais, incluindo alguns profissionais, tal comportamento, por

16
não ser considerado comportamento abusivo, será repetido como
comportamento disciplinar normal (Azevedo e Guerra, 1994).

Esse entendimento implica que esse tipo de punição traumatiza as crianças;


no entanto, é uma ferramenta comum que continuará a ser usada.
A violência doméstica é complexa, resultante da interação de fatores culturais,
sociais e individuais de cuidadores e crianças. Na esfera cultural, além dos pais
aceitarem a ideia da posse dos filhos, o entendimento sobre o castigo corporal como
recurso educacional tem sido comum ao longo da história (RICAS et al, 2006, p.
152).
Segundo as mesmas autoras citadas a cima, respeitar as crianças e garantir
que elas sejam reconhecidas como cidadãs traz questões que vão além do uso de
castigos corporais. Muitas vezes as punições são aplicadas na forma de
encobrimentos, com alto grau de violência psíquica, em nome da perpetuação de
bons costumes e hábitos, enraizados em determinadas sociedades.
‘‘As pessoas submetidas à violência intrafamiliar, principalmente as mulheres
e crianças, muitas vezes culpam-se de serem responsáveis pelos atos violentos,
percepção que é reforçada pelas atitudes da sociedade’’ (OMS/OPAS, 1991). Assim
afirmando o quanto a violência psicológica pode afetar a vítima, passando a se sentir
culpada pela violência que a mesma veio a sofrer.
Segundo o ministério da saúde (2002) o ciclo de violência acontece devido a
demandas dos pais em relação aos filhos, quando inapropriadas à idade e ao seu
nível de desenvolvimento neuro psicossocial. Na figura 1 abaixo vem mostrando
ciclo do processo de violência contra crianças/adolescentes, que pode ser assim
representada:

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Ciclo da violência contra crianças e adolescentes:

Fonte: Ministério da saúde, 2002, p 40.


Dada a gravidade de suas consequências físicas e psicológicas, a prevenção
da violência contra crianças é de vital importância na sociedade. Assim, uma boa
qualidade nas relações familiares e no meio social contribui para a saúde mental de
todos os membros da família; a qualidade nos relacionamentos tem impacto direto
no desenvolvimento de crianças e adolescentes, bem como no surgimento de
transtornos psiquiátricos e transtornos nos indivíduos. (PRATTA e SANTOS, 2007).

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4. REFLEXOS DA VIOLÊNCIA SOBRE A PERSONALIDADE DA CRIANÇA.

A violência doméstica caracteriza-se por ocorrer em ambiente familiar, por


isso é praticada por alguém da família ou pessoas próximas. Os tipos de violência
doméstica incluem: abuso físico, psicológico, sexual, negligência e violência mortal.
Geralmente acontece quando as vítimas sofrem mais de um desses tipos de abuso
(AZEVEDO e GUERRA, 1998).
A autora WEBER (2011, p.68) Ressaltou o quanto a violência é prejudicial a
vítima, mas a violência psicológica e a negligência, têm uma característica particular,
não deixam marcas físicas visíveis, o que torna difícil de serem reconhecidas e pode
passar despercebidas. Deixando muita das vezes a vítima à mercê de seu agressor.
Segundo ministério da saúde (2009, p.8) as consequências da violência
contra crianças e adolescentes:
- A violência pode levar a problemas sociais, emocionais, psicológicos e
cognitivos ao longo da vida, e também pode levar a comportamentos
prejudiciais à saúde. Geralmente, é representado por abusando de
psicoativas, álcool e outras drogas e iniciando a atividade sexual
precocemente tornando-as mais propensas a engravidar, exploração sexual
e prostituição.
-Problemas de saúde mental e social relacionados à violência
em crianças e adolescentes podem ter consequências como ansiedade,
transtorno depressivo, alucinações, mau desempenho escolar e
nos deveres de casa, problemas de memória, comportamento agressivo,
violência e até mesmo pensamentos suicidas’’.

Corrobora esse entendimento que a violência doméstica causa inúmeros


problemas na vida de suas vítimas, que vão desde questões físicas até mentais.
Segundo os autores Barros; Freitas (2015) apontam que a violência
intrafamiliar causa serias consequências na personalidade e no desenvolvimento,
cognitivo, emocional, sexual e comportamental da vítima. Vindo a ter sequelas ao
longo da fase adulta. Na figura 2 a baixo mostra as consequências da violência
doméstica no comportamento e desenvolvimento da criança/adolescente.

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Consequências da violência doméstica para o desenvolvimento da criança/adolescente:

Fonte: Barros; Freitas, 2015, p.105.


De acordo com os autores (XIMENES et al, 2009) ‘‘os fatores de risco de uma
criança estar exposta a violência doméstica é o surgimento de problemas de saúde
mental, sintomas de depressão, ansiedade e transtorno de estresse pôs traumático’’.
Afirmando assim que a violência psicológica é extremamente grave para o
desenvolvimento da criança/adolescente.
Segundo as autoras (ABRANCHES e ASSIS, 2011) os impactos das
crianças que convivem com violência psicológica são: ‘‘incapacidade de aprender,
incapacidade de construir e manter satisfatória relação interpessoal, inapropriado
comportamento e sentimentos frente a circunstâncias normais, humor infeliz ou
depressivo e tendência a desenvolver sintomas psicossomático’’.
É importante ressaltar que crianças estão em processo de formação física
e mental, necessitam de condições que favorecem esse desenvolvimento assim: A
experiência de violência na infância pode afetar significativamente o
desenvolvimento futuro, levando a comportamentos desadaptativos e déficits
emocionais, levando a transtornos mentais graves, como: comportamento impulsivo,
transtorno de hiperatividade, problemas de aprendizagem, até mesmo transtornos
mentais graves. Zambom et. al (2012).

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É na infância que os principais traços da personalidade e da mente do
indivíduo se originam. Por essa razão, a criança/adolescente deve possuir
um grande vínculo afetivo com sua família, considerando que ela é a base
para as suas futuras relações sociais com o mundo exterior (DOTTI, 2014
p.172).

Viver em ambiente amoroso e acolhedor favorece a aquisição de uma boa


personalidade e desenvolvimento psíquico para a criança.
Segundo a mesma autora citada acima, a violência infantil pode ser superada,
a família que busca ajuda para resolver e superar seus problemas, através de
acompanhamentos, porém as marcas da violência ficam reprimida ou até mesmo
esquecida, ou podem se tornar fatores decisivos na formação da personalidade e na
formação de caráter da vítima.
De acordo com os autores FROTA et al (2011, p. 48) A agressão dos pais à
criança pode prejudicar a organização da personalidade da criança e levar a
sintomas psiquiátricos, doenças mentais e fisiológicas, prejudicando principalmente
a autoestima da criança e estimulando a prática de atos de violência. Essas crianças
têm uma história pessoal de problemas de apego, ou fragilidade em vínculos
afetivos. Uma triste realidade entre criança e adolescentes.
Segundo os autores Dill e Calderan (2011) tanto o pai quanto a mãe são
essenciais para o desenvolvimento psíquico, emocional, social, espiritual, físico e
moral de seus filhos, e cada um desempenha um papel importante. A mãe
desempenha o papel mais acolhedor, passando os conceitos de amor e segurança
para a criança. Por outro lado, o pai, passa a impor mais limites e moldar o caráter.
Em pesquisas os autores Pelisoli e Piccoloto (2010) apontam que o
treinamento em grupo para pais permite que os participantes tomem consciência de
seus filhos e familiares, além de lidar com situações que estimulam comportamentos
adaptativos e reduzem comportamentos hostis e aversivos. Isso representa um
esforço de prevenção e intervenção mais comprometido com a realidade das
famílias participantes desses treinamentos.

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Segundo o Ministério da Saúde (2010) a rede de atendimento do SUS é
uma área designada para a identificação, acolhimento, tratamento, notificação,
cuidado e proteção de crianças e adolescentes em situação de violência, bem como
para fornecer orientação para as famílias.
Para promover a prevenção da violência infantil o ministério da saúde (2010)
pontua que:
A promoção da saúde e da cultura de paz e a prevenção de violências
contra crianças e adolescentes é papel de todos. Devem abranger ações
coletivas, envolvendo instituições de educação e ensino, associações,
grupos formais e informais e lideranças comunitárias e juvenis, dentre
outros, como parceiros fundamentais.
Como resultado, a prevenção da violência por meio de redes de educação e
apoio contribui de forma mais efetiva para o combate à violência infantil.
De modo geral, a prevenção da violência contra crianças e adolescentes é de
extrema importância na sociedade, dada a magnitude de suas consequências físicas
e psicológicas. Para que essa prevenção seja efetiva, o Ministério da Saúde (2002)
em sua cartilha sobre violência doméstica destaca as seguintes formas de
prevenção:
-Informar os pais e comunidade sobre as necessidades de crianças e
adolescentes, esclarecendo seus direitos e normas protegidas.
-Identificar pais e mães de alto risco no período pré-natal e perinatal
desenvolvendo grupos de autoajuda para pais e mães
-Incentivar o envolvimento dos pais nos cuidados com o bebê.
-Facilitar o acesso à educação e serviços de apoio contribuir para o
fortalecimento das relações do menor com sua família e amigos contribuir
para o desempenho e desenvolvimento do adolescente, respeitando os
novos valores.
-Organizar grupos de discussão com profissionais de outras áreas
relacionadas
Enfatizando assim a importância de educar os cidadãos, pais e responsáveis
sobre a natureza da violência infantil, a fim de prevenir novas vítimas.
Ainda segundo o ministério da saúde (2002) A terapia familiar sistêmica em
casos de violência doméstica é muito importante, pois ajuda os membros da família
a refletir e conscientizá-los sobre isso. Assim passando a ter mais conhecimento e
compreensão sobre o funcionamento familiar.

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A literatura sugere que o trabalho com os pais é uma importante
estratégia para reduzir e prevenir a violência doméstica e os problemas
comportamentais da criança-adolescente. Segundo alguns autores, o
desenvolvimento deste tipo de intervenção permite à família recuperar o seu próprio
respeito na relação pais-filhos e serve de suporte social para quem participa (Costa,
Penso & Almeida, 2005; Rios & Williams, 2008; Rufatto, 2006).

23
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante levantamento realizado nesta pesquisa, sugere-se uma maior


atenção as crianças/adolescentes. Percebendo-se assim que crianças são mais
vulneráveis a maus-tratos no lar, e esta situação tem um impacto direto na
sociedade e no seu bom funcionamento. A família deve proporcionar a proteção
integral da criança, com um ambiente seguro e agradável para seu desenvolvimento.
Considerando o que foi apresentado neste estudo, percebe-se o quanto a
violência pode custar na vida de alguém, e você pode não necessariamente ser
vítima direta, pois viver em um ambiente violento pode ter efeitos negativos desde a
infância e levar esse trauma para vida adulta.
Os objetivos propostos para o desenvolvimento deste estudo foram
alcançados, pois existem vários tipos de reações negativas que a violência pode
causar em uma criança, incluindo o agravamento ou a ocorrência de certos
transtornos, mesmo que a criança seja apenas uma testemunha da violência
doméstica. Sendo assim, o estudo permitiu conhecer e compreender mais sobre
crianças vítimas de violência.

24
REFERÊNCIAS

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infância e adolescência no contexto familiar). Cad. Saúde Pública, Rio de
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25
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