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UNIMAR- UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Psicologia e a criminalidade: Qual a influência do abandono


afetivo na criminalidade?

Laendre de Carvalho Gritscher Leite RA: 1915119


Paola Kahlbaum de Vargas RA:1926143
Maria Eduarda Correia da Silva RA: 1909750
Geovanna Menezes Calogero RA: 1907155

Marília
2023
Laendre de Carvalho Gritscher Leite RA: 1915119
Paola Kahlbaum de Vargas RA:1926143
Maria Eduarda Correia da Silva RA: 1909750
Geovanna Menezes Calogero RA: 1907155

Psicologia e a criminalidade: Qual a influência do abandono


afetivo na criminalidade?

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade UNIMAR


como requisito básico para a conclusão do Curso de Psicologia.

Orientador (a): Fabiana Harumi Shimabukuro

Marília
2023
Sumário
1

.Resumo................................................................................................................................4
2.Palavras-chave....................................................................................................................4
3.Problema de pesquisa.........................................................................................................5
4.Hipóteses...........................................................................................................................5
5.Objetivos (geral e específicos).............................................................................................6
6.Justificativa.........................................................................................................................7
7.Metodologia.......................................................................................................................8
8.Referencial teórico..............................................................................................................8
9.Referencias.......................................................................................................................11
RESUMO

No presente trabalho destaca-se como é perceptível a importância da


instituição familiar, fundamental à própria vida social, cujas funções principais
são de natureza educadora, socializadora e psicológica na vida de uma
criança. Atribui-se à família a responsabilidade de adequar o comportamento
de seus entes aos valores da sociedade, transmitindo-lhes hábitos, linguagem
e cultura, bem como contribuir para o equilíbrio, desenvolvimento afetivo e
segurança emocional de seus membros. Além das consequências causadas
pelo abandono afetivo na esfera psíquica, tal conduta pode gerar negativas
também na esfera jurídica, como, por exemplo, direito à indenização por danos
morais. A hipótese levantada é de que a desestruturação familiar é um fator da
perda da base de sustentação afetiva e de estabilidades fundamentais no
processo de construção da subjetividade da criança e do adolescente. A prática
de atos inflacionais pode ser um reflexo da capacidade do adolescente de
buscar no meio social aspecto que deveriam ter sido incorporados a sua
personalidade, mas não foram por deficiências nas relações familiares. O
indivíduo que pratica deve ser observado de forma singular, entretanto, a
possível causa de tal comportamento requer uma observância mais complexa.
Todo o contexto do menor infrator deve ser levado em consideração, uma vez
que o menor em conflito com a lei atinge o campo social e também o campo
jurídico. Dentre os diversos motivos que podem ser relacionados às práticas
dessas ações temos primordialmente o abandono familiar, déficit de educação
de qualidade, fácil acesso às drogas, entre outras influências sociais sofridas
por crianças e adolescentes que por si só, já são seres em fase de evolução,
formação de caráter e, portanto, frágeis. A criança ao longo do seu crescimento
desenvolverá representações mentais de si e dos outros a partir das relações
que estabeleceu na infância com os seus modelos de vinculação, guiando as
expectativas que esta terá sobre si mesma e sobre terceiros, tendo que a
relação que tem com os pais será semelhante ao modo em como irá
percepcionar as futuras relações interpessoais. Desta forma, existem certos
comportamentos parentais que interferem negativamente na formação de
vinculações seguras, o que poderá levar à adoção de um comportamento
menos adaptado por parte da criança. Porém, esta situação apenas terá lugar
se o indivíduo ao longo da sua vida não desenvolver outros relacionamentos ou
não for capaz de organizar as suas experiências negativas. De fato, as práticas
criminais cometidas pelos adolescentes não podem ser despercebidas ou
simplesmente justificadas. É necessário conhecer a raiz do problema para que
se proponham soluções eficazes. A criminalização juvenil carrega complicações
sociais e pessoais maiores do que se pode notar. Há vazios sentimentais,
carências afetivas e emocionais que na maioria das vezes foram causadas
pelos próprios familiares que deixam de exercer suas responsabilidades,
criando lacunas individuais que serão refletidas na sociedade como um todo. A
formação do caráter, valores e referências de uma criança são formadas a
partir das pessoas com quem ela se identifica, logo, seus pais ou responsáveis
se tornam uma referência, assim como as demais pessoas com quem as
crianças e os adolescentes se relacionam. Entende-se, portanto, que a ruptura
da estrutura familiar e social acarreta graves consequências na formação da
personalidade e desenvolvimento do indivíduo.
Palavras-chave: família, ruptura, desenvolvimento.

PROBLEMA DE PESQUISA:
Como a falta de apoio emocional e afeto na infância pode resultar na formação
de indivíduos marginalizados com comportamentos criminais na vida adulta, e
como podemos intervir de forma benéfica para a resolução desse problema
social?

HIPOTESES:
Vínculo Social Fragilizado: Indivíduos que experimentam abandono afetivo
podem ter dificuldade em estabelecer e manter vínculos sociais saudáveis. A
ausência de apoio social pode levar a uma maior propensão para a
delinquência.
Modelagem de Comportamentos Disfuncionais: Se um indivíduo cresce em um
ambiente onde o abandono afetivo está presente, ele pode estar exposto a
modelos de comportamento disfuncionais, incluindo comportamentos criminais,
o que pode influenciar seu próprio comportamento no futuro.

OBJETIVOS:
Geral:
O objetivo geral da pesquisa é compreender a finalidade de demonstrar e
apresentar o abandono afetivo, as suas causas e problemas para a criança,
influencia na criminalidade em casos de menores infratores, por se tratar de um
tema de extrema importância relacionado as crianças e adolescentes da
sociedade brasileira, tal questão afeta diretamente um crescimento sadio e
harmonioso desses menores, podendo causar danos irreparáveis de forma
psicológica e emocional a eles. É evidente que a família auxilia na formação do
caráter e na personalidade do cidadão. Pontos vitais para toda a convivência
social, pois se há disfunção na família, esse equívoco provocará reflexos na
sociedade e na nação.

Específicos:
Compreensão dos motivos por quais o despreparo materno influencia no
processo de aprendizagem da criança. Melhorar o entendimento de pais e
professores para que assim esse aluno tenha sucesso em sua vida escolar e
todo passado não influencie seu rendimento. Suporte de como evitar o
despreparo materno e assim promover uma vida mais saudável para mãe e
para a criança, sabendo lidar com cada momento e fase da vida do individuo
que esta começando seus ciclos agora.

Justificativa:
Estender-se no abandono afetivo e impacto na vida social, buscando englobar
o quanto o impacto é crucial para gerar problemas emocionais e psicológicos
que prejudicam a capacidade de formar relacionamentos saudáveis, afetando o
bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Explorando esse tema ajuda a
sensibilizar a sociedade sobre a importância do apoio emocional. Abraçando
também os sentimentos e razões que levam à criminalidade é essencial para a
prevenção e a busca por soluções eficazes, fatores socioeconômicos,
psicológicos e ambientais podem desempenhar um papel significativo na
escolha de cometer crimes. Analisando esses aspectos ajuda na criação de
políticas e programas que abordam as causas subjacentes do crime. Entrando
assim no foco da criminalidade após a negligencia afetiva quando um indivíduo
opta por se envolver em delitos após o abandono, é importante entender que
essa escolha muitas vezes está relacionada à busca por suprir necessidades
não atendidas, como pertencimento, segurança financeira ou aceitação social.
Estudar esse foco ajuda na formulação de estratégias de intervenção sobre as
necessidades e ajudam a reintegra-las na sociedade de maneira mais positiva
Entrando em outra diretriz é notório que todo esse problema pode impactar a
autoestima e a autoconfiança de uma pessoa, levando-a evitar situações
sociais ou a se isolar, o que pode prejudicar em diversas fases. Além disso, a
falta de habilidades sociais adequadas pode dificultar a formação de amizades
e relacionamentos interpessoais significativos. Portanto, entender como afeta a
vida social de um indivíduo é importante para sensibilizar as pessoas sobre a
importância de apoiar aqueles que passaram por essa experiência e para
ajudar os afetados a superar os desafios emocionais que isso pode acarretar.

Metodologia:
A metodologia descritiva qualitativa é uma abordagem de pesquisa que se
concentra na compreensão profunda e na descrição detalhada de fenômenos,
contextos ou experiências. Em contraste com abordagens quantitativas, que
buscam quantificar dados e identificar padrões numéricos, a pesquisa
qualitativa procura explorar a complexidade e a riqueza dos dados, muitas
vezes por meio de métodos como entrevistas, observações e análise de
conteúdo.
1. Objetivo Descritivo:
• O principal objetivo é descrever e compreender fenômenos em
profundidade;
• Busca explorar nuance, significados e contextos associados aos
fenômenos estudados.
2. Coleta de Dados:
• Utiliza métodos de coleta de dados não estruturados, como entrevistas
abertas, observações participativas, diários, análise de documentos, entre
outros;
• Os pesquisadores frequentemente buscam a perspectiva dos
participantes para capturar suas experiências e interpretações.
3. Análise Qualitativa:
• A análise qualitativa é essencial para extrair significados, padrões e
temas emergentes dos dados coletados;
• Técnicas comuns incluem análise de conteúdo, análise temática,
codificação aberta e axial.
4. Contextualização:
• Dá ênfase à compreensão do contexto em que os fenômenos ocorrem;
• Considera influências culturais, sociais e históricas que podem afetar as
experiências dos participantes.
5. Flexibilidade:
• A pesquisa qualitativa é frequentemente flexível e adaptativa ao longo do
processo;
• Os pesquisadores podem ajustar suas abordagens com base nas
descobertas emergentes.
6. Amostragem Intencional:
• A amostragem muitas vezes é intencional, visando participantes que têm
experiência relevante para o fenômeno estudado;
• A busca por diversidade e representatividade pode ser um fator
importante na escolha dos participantes.
7. Relatividade e Subjetividade:
• Reconhece que as interpretações são subjetivas e podem variar entre os
participantes;
• Valoriza as diferentes perspectivas e busca capturar a complexidade dos
fenômenos estudados.
8. Relatórios Descritivos:
• Os resultados são geralmente apresentados em narrativas descritivas
ricas em detalhes;
• Gráficos, tabelas e estatísticas podem ser utilizados para complementar,
mas a ênfase está na compreensão qualitativa.

Referencial teórico:
O abandono afetivo está ligado à negligencia em relação aos cuidados sociais
e morais dos filhos, principalmente na fase da infância e na adolescência. A
criança que sofre de abandono desenvolve uma série de problemas, como a
alteração de seu comportamento, tristeza, isolamento social, baixa autoestima,
o que acaba interferindo diretamente no processo de desenvolvimento de sua
personalidade.
Partindo do princípio que as fases em si do desenvolvimento de um indivíduo já
se mostram importantes para a formação de sua personalidade, isso nos leva a
expor de forma mais detalhada as cinco fases do desenvolvimento da teoria
psicossexual de Freud (1905) e o que ele nos traz sobre a importância de um
ambiente afetivo positivo nesse contexto.
Na fase oral, a principal fonte de prazer está na boca, e a criança desenvolve a
confiança básica ou desconfiança em relação ao ambiente. Nesse momento,
um ambiente afetivo saudável, colabora para a promoção da confiança básica.
Na fase anal, o prazer se direciona ao controle dos esfíncteres. Assim, um
ambiente que equilibra a aceitação e a orientação na aprendizagem do controle
dos impulsos, podem promover a autonomia e autocontrole.
Na fase fálica, o indivíduo começa a ter curiosidade pelo próprio corpo e pelas
diferenças de gênero. O papel do ambiente aqui é estabelecer limites e
aceitação, influenciando a construção de identidade e autoestima.
Na fase de latência espera-se que o ambiente estimule a aprendizagem, as
interações sociais positivas e proporcione apoio emocional contribuindo para o
desenvolvimento cognitivo e emocional saudável do indivíduo.
Na fase genital, o foco retorna ao interesse sexual e o estabelecimento de
relacionamentos íntimos. Nessa última fase o ambiente deve permitir a
expressão saudável da sexualidade e oferecer apoio emocional influenciando
positivamente os relacionamentos adultos.
Segundo Jean Paul Sartre (2013c) a nossa personalidade é desenvolvida
durante a vida, não nascemos com ela, sendo elaborada a partir das relações
construídas após o nascimento, concluindo que a particularidade da criança
está em constante mudança caracterizando o início da construção do sujeito
definindo como a “superação e a conservação (assunção e negação íntima), no
seio de um projeto totalizador, daquilo que o mundo fez - e continua a fazer -
dele" (SARTRE, 2013c, p. 657).
Benetti & Inada (2018) abordam a teoria freudiana do trauma, crendo que a
intensidade da experiência traumática pode causar um mal desenvolvimento
acarretando consequências para o funcionamento psíquico do sujeito. O
abandono afetivo, sempre dependendo das condições em que ocorre e da
qualidade de afeto que é oferecido ao sujeito, pode ser caracterizado como
trauma, pois se torna algo de grande impacto na vida psíquica do sujeito que o
vivencia, especialmente na infância e adolescência, quando a falta de
condições emocionais para lidar com essa situação se faz presente.
Desde seus primeiros meses de vida, é essencial que a criança vivencie uma
relação amorosa com aqueles que são responsáveis pela sua criação, quando
há a falta dessa experiência a criança pode buscar preencher este "vazio" de
outras formas.
Segundo Winnicott (2000) algumas crianças podem desenvolver
comportamentos inadequados, insônia, ansiedade, depressão, carência e até
um comportamento que leve a delinquência, ou seja, que leve até a
criminalidade. O abandono afetivo pode causar danos imensos com efeitos que
originam a vida de um indivíduo refletindo diretamente em suas relações
intrapessoais e interpessoais.
Como exemplo de caso como este, podemos citar o famoso serial killer dos
anos 70 Ted Bundy. Ted possui um ambiente familiar disfuncional descrito como
abusivo e violento, onde por boa parte do tempo de sua vida acreditou que sua
mãe era sua irmã mais velha e seus avós eram seus pais. Sua mãe se tornou
mãe-solo aos 22 anos e não possuía qualquer rede de apoio tanto financeiro
quanto emocional, deixando a criança recém-nascida em um abrigo durante
várias semanas até leva-lo para ser cuidado pelos pais. O avô de Bundy era
descrito como uma pessoa racista, violenta, abusiva, adepto à pornografia e de
temperamento totalmente explosivo, enquanto sua avó era submissa,
obediente e era submetida a terapia eletroconvulsiva para tratamento da
depressão. Tais características de seus “tutores” fez com que o garoto
presenciasse várias vezes episódios de violência. Os anos seguintes foram
desencadeados por uma série de episódios de “fracassos” na vida de Bundy,
tanto em seus projetos pessoais como trabalho e estudos, como nas suas
relações pessoais com a sua família e também amorosos. A sucessão de
crimes teve início em 1974 e foi finalizado em 1978 com a sua prisão
totalizando 36 vítimas. Após a sua prisão, Ted Bundy relatou que se identificava
com o seu avô e que o via como “inspiração” de seus atos (Michaud &
Ayneswoth, 1999).
Podemos observar no caso acima que a criança já nasceu cercada por
mentiras e violência em seu ambiente familiar, o que trouxe consequências
graves para o desenvolvimento da personalidade do mesmo, que se tornou um
adolescente introspectivo que possuía problemas com socialização e adquiriu
conflitos internos que lhe causaram problemas nos ambientes em que
frequentava. Na sua fase adulta, o término de seu primeiro relacionamento se
fez marcante, uma vez que suas vítimas obtinham sempre as mesmas
características de sua ex-namorada. O diagnóstico foi dado como sendo
transtorno de personalidade narcisista. Ele usava sua aparência como forma de
seduzir as vítimas, além de se sentir bem com a repercussão dos atos que
cometia.
Diante do exposto, podemos concluir que um ambiente disfuncional e que não
possui afetividade positiva pode sim influenciar na construção da personalidade
do indivíduo, podendo assim leva-lo ao desenvolvimento de ações delituosas e
criminais.
Referências

FREUD, S. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. Rio de Janeiro: Edição


Standard. Brasileiras das Obras Completas de Sigmund Freud v. XVIII., 1921.

Sartre, J. P. (2013). O idiota da família: Gustave Flaubert de 1821 a 1857,


Vol. 1. Porto Alegre: L&PM Editores.

WINNICOTT, D. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Imago. Rio de


Janeiro: 2000

BENETTI, R. B.G; INADA, J.F. Impactos Do Abandono Paterno Infantil No


Âmbito Amoroso: Um Estudo Psicanalítico. Disponível em:
<https://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/123456789/2117/1/raelly_beatriz_gom
es_benetti_2.pdf>.

Freud, S. Resumo das Obras Completas. Rio de Janeiro. São Paulo. Livraria
Atheneu, 1984

Michaud, S.G. & Aynesworth, H.(1999). The Only Living Witness. Author Link
Press.

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