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Natureza e evolução da ciência política

• O nascimento de uma disciplina

• O objecto de estudo da ciência política

• A análise sistémica da política

• O comportamentalismo

• Os defeitos da ciência política

• Os contributos contemporâneos da
disciplina

• Filosofia e ciência política

• A utilidade do saber politológico

Fontes primárias: Pasquino, Nuovo Cuorso di Sciencia Politica, 2009 (AulaWeb il Flumino) e
Curso de Ciência Política, 2010

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A ciência política ao longos dos tempos
assenta em raizes profundas no passado
distante e desenvolvimentos recentes.

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-
genetica/aristoteles-nosso-conteporaneo

As suas reflexões acompanharam todas as fases de


desenvolvimento da experiência de organização do mundo
ocidental em comunidade e colectividade, desde a cidade-
estado grega aos processos de unificação supranacionais e de
globalização.

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Os objectos de estudo da ciência política

No início, o objecto qualificante


da ciência política estava
radicado no poder https://libwebspace.library.cmu.edu:4430/
posner/sp09/subcontents/Machiavelli.html

A modalidade de aquisição de de utilização


http://images.businessweek.com/
do poder, a sua concentração e utilização do ss/06/08/personalbest_timeline/s
ource/3.htm

poder, a sua origem e a legitimidade do seu


exercício estiveram no centro das análises
políticas de Aristoteles, Machiavelli e
Hobbes, de Max Weber aos politólogos
contemporâneos (Lasswell, Kaplan,
Barry) http://www.nyu.edu/classes/pers
ell/aIntroNSF/Documents/Field%
20of%20sociology033108.htm

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De seguida, o objecto de estudo na análise
política tornou-se o Estado, um fenómeno
menos úbiquo e lato do que o poder.

http://web.utk.edu/~scheb/library/locke
secondtreatise.htm

Os estudos políticos sobre a criação do


Estado concentraram-se essencialmente
na criação do Estado pluralista (Locke),
democrático (Toqueville e os
Federalistas americanos), forte http://www.assemblee-
nationale.fr/histoire/Tocqueville1848.asp
(Hegel e os historícistas alemães),
capacidade de assegurar um
compromisso para com as classes sociais
(Kelsen) ou em grau de decisão em
situação de emergência (Schmitt)
https://webspace.utexas.edu/cokerwr/www/
4 slides/philosophers.html
Uma vez consolidado a formação estatal,
os estudos continentais voltaram-se a
sua atenção para as elites http://www.york.ac.uk/depts/math
s/histstat/people/pareto.gif

Em particular, estudiosos como Mosca,


Pareto e Michels concentraram-se na http://www.infopedia.pt/$
análise da modalidade de formação, robert-michels

substituição e sustentação da classe


dirigente. Estes estudos representaram os
últimos contributos clássicos e pré-
ciêntificos no que respeita à análise da
política.
http://www.torinoscienza.it/g
alleria_multimediale/apri?obj
5 _id=4599
Por fim, no intuito de definir o objecto da análise política que não
fosse nem excessivamente genérico (como o poder) nem
inoportunamente limitado e contingente (como o Estado e as suas
elites), a ciência política identificou o próprio princípio de estudo no
SISTEMA POLÍTICO.

David Easton (1965) define o sistema político como


«um sistema de interacção, à parte da totalidade do
comportamento social, através dos qual os valores são
distribuídos de um modo imperativo à sociedade».

Fonte: http://www.faculty.uci.edu/profile.cfm?faculty_id=2547

A CIÊNCIA POLÍTICA tornou-se assim, no estudo das modalidades,


complexas e mutáveis, com as quais os diversos sistemas políticos
procedem à atribuição imperativa dos valores.
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A análise sistémica da política

A análise sistémica baseia-se no seguinte


modelo:

• INPUTS: exigências e apoios


provenientes da sociedade
• OUTPUTS: decisões e acções que
possam ter efeito nas novas
exigências através de um comoplexo
processo de conversão que ocorre no
interior do sistema político.

Easton afirma que cada sistema político tem 3 componentes:


1. a COMUNIDADE POLÍTICA, composta de todos os que estão expostos aos
procedimentos, normas, regras e instituições do sistema político;
2. a AUTORIDADE, detentores do poder político, aqueles que estão autorizados
pelos procedimentos, normas, regras e isntituições do regime a procederem à
atribuição imperativa dos valores;
3. o REGIME, composto por:
- princípios(normas, regras, procedimentos, valores, a Contituição)
- eficiência (a actividade desenvolvida no âmbito e nos limites dos princípios)
- instituições (estruturas de representação, de governo, de administração)

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Segundo Easton, a análise da política pode aproximar-se da
“Ciência”, dotando-se de metódos e técnicas científicas,
através da introdução na disciplina do
COMPORTAMENTALISMO

O comportamentalismo (behaviorismo), nascido e desenvolvido na


psicologia, caracteriza-se pela:

• ênfase colocada na necessidade de observar e analisar os


comportamentos concretos dos actores políticos (indivíduos,
grupos, movimentos, organizações);

• utilização e elaboração de técnicas específicas de análise


(entrevistas, sondagens de opinião, análise de conteúdo,
simulações, quantificações, etc.)

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Na óptica comportamentalista, segundo Easton, a ciência política deve ter
presente e procurar alcançar os seguintes objectivos:

• revelar, nos comportamentos políticos, aquelas regularidades que se


prestam a ser expressas em generalizações ou teorias com valor
explicativo e de previsão;

• submeter estas teorias a verificação;

• elaborar rigorosas técnicas de observação, recolha, registo e


interpretação de dados;

• proceder à quantificação, à mensuração dos fenómenos políticos para


obter uma maior precisão analítica;

• distinguir oa valores dos factos;

• sistematizar os conhecimentos adquiridos em estreita interconexão com


a teoria e a investigação;

• aspirar à ciência pura, já que a compreensão e interpretação do


comportamento político precedem a sua aplicação;

• Agir no sentido de uma integração com as outras ciências sociais.

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Os defeitos da Ciência Política

http://www.stanfordalumni.org/n
ews/magazine/2003/mayjun/clas
snotes/almond.html
http://www.rochester.edu/college/psc/people/
faculty/powell-g.php

Numa reconstrução sintética dos estudos politológicos nos finais dos anos 50,
Almond e Powell (1978) apontavam à ciência política, e em particular à
norte-americana, 3 defeitos fundamentais:

1) o PROVINCIALISMO: a tendência a concentra-se essencialmente sobre


poucos sistemas da área europeia e ocidental, que incluíam apenas as
grandes democracias e a União Soviética;

2) o DESCRITIVISMO: a tendência a limitar-se a descrever as características


dos sistemas políticos analisados, sem nenhuma preocupação teórica e
sem nenhuma ambição de elaborar hipóteses e generalizações;

3) o FORMALISMO: indica uma excessiva atenção às variáveis formais, às


instituições, às normas e aos procedimentos, e paralelamente, a uma falta
de atenção ao funcionamento real dos sistemas políticos.

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As abordagens contemporâneas da disciplina

No curso dos últimos anos desenvolveu-se um dueto composto por duas


perspectivas que, ainda que não sendo exclusivas, se apresentam como
dominantes:

1. o NEO-ISTITUCIONALISMO, nas suas duas variações (histórica e


sociológica) que redescobriram, o papel das instituições, não apenas
formal mas como comportamentos ritualizados, constrangimentos e
expectativas do papel desempenhado;

2. a TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL, coloca o acento sobre o


comportamento, sobre os cálculos e expectativas dos actores políticos
individuais.

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Relação entre a Filosofia Política e a Ciência Política
(Bobbio, 1971)

A tradição do pensamento da filosofia política


contém, pelo menos, 4 componentes
significativos:
1. investigação sobre a melhor forma de governo;
2. investigação sobre o fundamento do Estado;
3. investigação acerca da natureza da política;
4. Análise da linguagem política e a
http://norbertobobbio.wordpress.com/2009/09/20/celebran
metodologia da ciência política. do-bobbio-no-seu-centenario/

Para Bobbio somente esta última componente satisfaz as


três condições que considera fundamentais para instituirem
uma ciência política empírica:

1. a AVALIAÇÃO do cientista e da sua pesquisa;


2. o PRINCÍPIO DA VERIFICAÇÃO EMPÍRICA como critério de validade;
3. a EXPLICAÇÃO como objectivo principal da investigação científica.
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A utilidade da Ciência Política

A ciência política contemporânea soube documentar convictamente a importância


das variáveis políticas na comunidade organizada.

Ainda por esta razão, é possível afirmar que a ciência política é OPERATIVA: que
se capacita da suas capacidades e conhecimentos e tem a capacidade de os
aplicar efectivamente ou, pelo menos, indicar as consequências de determinadas
acções

Em conclusão, o saber politólogo é considerado como um saber


efetivamente, concretamente, eficazmente APLICÁVEL.

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