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FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Módulo: Metodologia de investigação científica

Tema:

O impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicológico do menor: uma análise


sócio-jurídica.

Trabalho do campo da cadeira de Metodologia de


Investigação Cientifica a ser apresentado na faculdade
de Direito com requisito de avaliação parcial.

Estudante

Sebastião Rafael – 91240186

Centro de Recursos de Pemba


Pemba

2024
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Índice

Objectivos..........................................................................................................................2

Objectivo Geral:................................................................................................................2

Objectivos Específicos:.....................................................................................................2

Metodologia.......................................................................................................................2

1.O impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicológico do menor: uma


análise sócio-jurídica.........................................................................................................3

1.1.Factores que contribuem para a violência doméstica em crianças..............................4

1.2.Impactos da violência doméstica em crianças.............................................................4

1.3.A prevenção da violência doméstica em crianças: uma perspectiva jurídica e social.5

1.4.Traços da Personalidade de crianças com violência Domestico.................................6

2.Situação de violência contra crianças em Moçambique.................................................7

2.1.Impactos da violência doméstica na sociedade Moçambicana em crianças................7

2.2.Alguns tipos de manifestação da violência contra crianças........................................8

Conclusão........................................................................................................................10

Referências Bibliográficas...............................................................................................11
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Introdução

O trabalho que esta diante de si, faz menção sobre o impacto da violência domestica no
desenvolvimento psicológico do menor: uma análise sócio-jurídica. De ressaltar que a
violência doméstica em crianças é um problema que transcende fronteiras geográficas,
culturais e sociais. Isso significa que, a violência doméstica em crianças é um fenómeno
multifacetado, que envolve diversos factores de risco, como o uso de drogas, o
alcoolismo, o desemprego e a falta de educação. Neste caso é importante enfatizar que a
violência doméstica em crianças deve ser vista como uma violação dos direitos
humanos, que exige uma resposta efectiva dos governos, das organizações da sociedade
civil e da comunidade em geral.

Objectivos

Objectivo Geral:

 Compreender o impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicológico


do menor.

Objectivos Específicos:

 Definir a violência doméstica em Criança;

 Apresentar o impacto da violência doméstica em Criança;

 Mostrar análise sócio-jurídica em Moçambique.

Metodologia

Para a fundamentação deste trabalho usou-se a revisão de literatura, que consiste em


consultar várias bibliografias disponíveis no plano analítico e outros não inclusos mas
que aborda o tema.
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1. O impacto da violência doméstica no desenvolvimento psicológico do menor:


uma análise sócio-jurídica.

Antes de execução de qualquer pensamento ou tema, é necessário examinar o mesmo.


Dizer que a violência doméstica caracteriza-se por um conjunto de comportamentos
que, num relacionamento, são utilizados por uma das partes e que visam o controlo da
outra parte. É considerado como violência doméstica qualquer acto que ocorra entre
duas pessoas que podem ser namorados, casados, separados, a viver na mesma
habitação, ou não, e de igual ou diferente género.

Secundo a UNICEF (2022), a violência doméstica em crianças é um fenómeno


complexo e multifacetado, que está ligado a factores culturais, sociais e económicos. A
organização destaca que a violência doméstica em crianças pode ter sérios impactos em
sua saúde física, psicológica e emocional, bem como em seu desenvolvimento integral.
Além disso, a violência doméstica em crianças pode afectar negativamente o
desenvolvimento social e económico das comunidades.

Para Pinheiro (2006), que destaca que:

A violência doméstica em crianças é um problema que transcende fronteiras


geográficas, culturais e sociais. Para o autor, a violência doméstica em crianças
é um fenómeno multifacetado, que envolve diversos factores de risco, como o
uso de drogas, o alcoolismo, o desemprego e a falta de educação, (2006).

Neste caso, Pinheiro enfatiza que a violência doméstica em crianças deve ser vista
como uma violação dos direitos humanos, que exige uma resposta efectiva dos
governos, das organizações da sociedade civil e da comunidade em geral.

Já para Falcão & Lins (2018), a violência doméstica em crianças é um problema grave e
complexo, que afecta milhões de crianças em todo o mundo.

Esses autores apontam que a violência doméstica em crianças pode ter efeitos
duradouros em sua saúde e bem-estar, podendo levar a problemas como transtornos
mentais, comportamentais e físicos. Além disso, a violência doméstica em crianças pode
afectar sua capacidade de aprendizado e desenvolvimento, prejudicando suas
perspectivas de futuro.
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1.1. Factores que contribuem para a violência doméstica em crianças

A violência doméstica em crianças é um problema social grave e complexo que envolve


uma série de factores interligados. Esses factores podem ser de natureza individual,
familiar e social, como apontado por diversos autores.

Segundo Araújo & Tavares (2019), as características individuais da criança, como


idade, género e vulnerabilidade, podem influenciar a sua exposição à violência
doméstica. Crianças menores de 6 anos, por exemplo, são mais vulneráveis e tendem a
ser mais afectadas emocionalmente pela violência, enquanto meninas têm maior
probabilidade de serem vítimas de violência sexual. Além disso, a presença de
deficiência física ou mental pode aumentar a vulnerabilidade da criança à violência.

Já os factores familiares podem incluir a presença de conflitos conjugais, estresse


parental, baixo nível sócio-econômico, uso de drogas e álcool pelos pais, entre outros. A
violência doméstica pode ser resultado de uma dinâmica de poder desigual entre os
membros da família, muitas vezes relacionada a uma cultura de violência e punição,
(Nascimento, 2021).

No âmbito social, factores como a desigualdade de género, pobreza, exclusão social e


falta de políticas públicas efectivas de prevenção e combate à violência podem
contribuir para a perpetuação da violência doméstica contra crianças. A violência
doméstica é uma manifestação da violência estrutural presente em nossa sociedade, que
se perpetua em razão da invisibilidade das vítimas e da naturalização da violência,
(Nascimento, 2021).

É importante ressaltar que esses factores não actuam isoladamente, mas interagem de
forma complexa e dinâmica, contribuindo para a manutenção e agravamento da
violência doméstica em crianças.

1.2. Impactos da violência doméstica em crianças

A violência doméstica em crianças pode acarretar diversos impactos negativos na vida


desses indivíduos. Estudos têm demonstrado que crianças expostas a essa violência
apresentam maior probabilidade de desenvolver transtornos mentais, comportamentais,
problemas emocionais e cognitivos. Além disso, a exposição à violência pode prejudicar
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o desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo das crianças, o que pode impactar em


sua vida académica e social (Abramovich & Lima, 2018).

Na óptica de Assis (2012), a exposição à violência doméstica pode levar a sintomas


como baixa auto-estima, agressividade, ansiedade, depressão, isolamento social, medo,
pesadelos, entre outros.

Ainda segundo os autores, esses sintomas podem persistir por longos períodos e se
intensificarem ao longo do tempo, agravando-se à medida que a exposição à violência
se mantém.

Para Abramovich & Lima (2018), acrescentam que a violência doméstica em crianças
pode influenciar negativamente o seu desenvolvimento cognitivo, dificultando o
aprendizado, a concentração e a memória.

Os autores ressaltam que a violência pode afectar directamente o funcionamento do


cérebro das crianças, interferindo na formação de conexões neurais e prejudicando o seu
desenvolvimento neurológico.

1.3. A prevenção da violência doméstica em crianças: uma perspectiva jurídica


e social

A prevenção da violência doméstica em crianças é um tema relevante e complexo, que


demanda a actuação de diferentes atores sociais e jurídicos. Neste sentido, é importante
entender como a prevenção pode ser realizada de maneira efectiva, tendo em vista as
especificidades do contexto doméstico e os factores que contribuem para a violência.

Na óptica de Guerra (2020), a prevenção da violência doméstica em crianças deve


envolver políticas públicas que promovam a protecção dos direitos da criança e do
adolescente, além de acções educativas e de conscientização para a sociedade como um
todo. É preciso que a prevenção seja realizada de maneira integrada, envolvendo
diferentes áreas do conhecimento, como o Direito, a Psicologia, a Assistência Social,
entre outras.

Nesse sentido, a actuação do poder público é fundamental para a implementação de


políticas que visem a prevenção da violência doméstica em crianças.
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De acordo com Siqueira (2019), é necessário que haja uma maior efectividade das leis e
das políticas públicas voltadas para a protecção da criança e do adolescente, bem como
o fortalecimento do sistema de protecção à infância e juventude.

Além disso, a prevenção também pode ser realizada por meio de acções
educativas nas escolas, nas famílias e na comunidade em geral. A educação é
um importante meio de prevenção da violência, pois contribui para a formação
de cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres, além de incentivar
o respeito à diversidade e a valorização da vida, (Siqueira , 2019).

Por fim, é importante destacar que a prevenção da violência doméstica em crianças não
é uma tarefa fácil, e demanda a colaboração e o engajamento de toda a sociedade. É
preciso que as políticas públicas e as acções educativas sejam pensadas de forma
integrada, buscando promover a cultura da paz e do respeito aos direitos humanos desde
a infância.

1.4. Traços da Personalidade de crianças com violência Domestico

Os factores de risco, aumentam a probabilidade de um jovem se tornar violento, e


podem ter etiologia genética ou biológica, uma base ecológica ou uma origem
biossocial combinada, podem ser traços e atributos individuais ou condições do meio

Gasparetto (2017), avaliaram traços de personalidade e emoções em crianças de oito a


dez anos de idade e os resultados demonstraram a associação entre Psicoticismo e uma
baixa pontuação em alegria e alta pontuação em tristeza, esta correlação veio ao
encontro com este estudo.

Extroversão em altos escorem descrevem a pessoa como sociável, animada,


activa, assertiva, despreocupada, dominante, cordial e aventureira. Baixos
escores reúnem características opostas e definem o sujeito como introvertido. A
criança não precisa sofrer a agressão para ser afectada por ela. Assim, a criança
exposta à violência é aquela que viu, ouviu um incidente de agressão, viu o seu
resultado ou vivenciou o seu efeito quando interagindo com seus pais,
(Gasparetto, 2017).

Assim, as características de extroversão e abertura à experiência parecem estar


relacionadas a pais que estimulam o comportamento social, que se envolvem em
brincadeiras e jogos lúdicos e que demonstram sensibilidade e sentimentos aos filhos.
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2. Situação de violência contra crianças em Moçambique

Em Moçambique, a abordagem sobre a violência doméstica contra crianças é recente.

Segundo Cezerilo & Franze (2020. p.468), trata-se de uma das transgressões de direitos
humanos da criança, sendo assim, a educação formal devia primar pela colaboração com
o sistema de justiça criminal, para em conjunto coibir e punir de forma exemplar os
prevaricadores dos direitos da criança, devido aos contornos nefastos que o problema
tem vindo a apresentar no processo de ensino-aprendizagem das crianças vítimas de
violência doméstica.

O trabalho empírico realizado constatou que os crimes ligados a violência


contra a criança reportados às delegacias da Polícia estão a quem da realidade,
pois, pela natureza sigilosa dos crimes de violência doméstica nem todas as
crianças e suas famílias possuem noções sobre a dimensão do impacto da
violência doméstica como um crime que precisa de ser denunciado às
autoridades responsáveis pela aplicação da lei. Desta forma existe uma forte
suspeita da presença de cifras negras ou ocultas ao se guiar simplesmente pelos
dados reportados (Cezerilo & Franze 2020. p.468).

Segundo CNDH, (2017) Apud Cezerilo & Franze (2020), grosso modo das crianças
vítimas de violência doméstica está em idade escolar isto é, conforme a fonte, são
alunos que possuem problemas de rendimento escolar e comportamentais. Esta
violência tem merecido alguma atenção por parte dos psicólogos, sociólogos, médicos e
outros profissionais, pois, o seu impacto influência o estado mental e físico da vítima, o
que implica o fraco rendimento escolar.

Trata-se da violência doméstica praticada pelos pais ou responsáveis, por meio de


causação de danos físicos, sexuais ou psicológicos à vítima. Esta prática implica uma
transgressão do poder ou dever de protecção do adulto ou coisificação da infância, isto é
a negação do direito que a criança tem de ser tratada como sujeito e pessoa em
condições especiais de desenvolvimento. Por outro lado, para Azevedo e Guerra, o ato
de violência doméstica pode assumir forma activa e passiva (Azevedo & Guerra, 2008).

2.1. Impactos da violência doméstica na sociedade Moçambicana em crianças

Para Johnson (2011) Apud Cezerilo & Franze (2020), das mulheres que sofrem
violência, mais de 50% têm filhos sob seus cuidados. Crianças e jovens não precisam
ver a violência ser assistida por ela.
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Estudos mostram que viver com violência doméstica pode causar danos físicos e
emocionais a crianças e jovens das seguintes maneiras:

 Sofrimento emocional;
 Baixa auto-estima;
 Seja agressivo com amigos e colegas de escola;
 Tem problemas para formar relacionamentos positivos;
 Desenvolver fobias e insónia;
 Usar comportamento de agressor ou se tornar um alvo de agressão; e,
 Dificuldade de concentração.
 Ansiedade e depressão contínuas;
 Sofrimento emocional;
 Baixa auto-estima;
 Seja agressivo com amigos e colega de escola;
 Tem problemas para formar relacionamentos positivos;
 Desenvolver fobias e insónias;
 Usar o comportamento de agressor ou se tornar um alvo de agressão;
 Dificuldade de concentração.
2.2. Alguns tipos de manifestação da violência contra crianças

De forma holística, existem vários tipos de manifestação da violência doméstica contra


crianças, nomeadamente: a violência física, a violência psicológica, a violência sexual e
a negligência ou omissão de um dever a favor do petiz.

Portanto, de uma forma sistemática, apenas desenvolvemos a holística da violência


psicológica.

De acordo com Rosas e Cionek (2006), Apud Cezerilo & Franze (2020), a violência
psicológica em criança interfere de forma negativa no seu desenvolvimento sócio-
psicológico, o que a torna anti-social quando adulta.

Por outro lado, a violência psicológica contra crianças e adolescentes é também


considerada como;

Tortura psicológica quando o adulto bloqueia na criança toda tentativa de auto


aceitação, causando-lhe sofrimento mental, destrutivo muito grande. Para estes
autores “a violência psicológica é um processo real de destruição mental (…),
cujo ataque é dirigido à identidade de outo e dela extrair toda a individualidade
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(…) e que pode levar a doença mental ou ao suicídio ( Azevedo & Guerra,
2001, p. 26).

As agressões verbais contra a criança, a falta de estímulo ao crescimento intelectual, a


indução da criança à prostituição ou ao uso de drogas, ao crime, fazem parte da
violência psicológica. Por isso, normalmente uma criança vítima de violência
psicológica, apresenta um quadro de insónia, baixa auto-estima, tristeza, vontade
suicida, insegurança, agressividade e graves problemas de aprendizagem. Essas
problemáticas advindas da violência psicológica podem ser analisadas de formas mais
específicas e diferenciadas.

De acordo com Assis & Avanci, 2006) Apud Cezerilo & Franze (2020), apresentam
cinco formas diferentes desta violência:

a) Rejeição: quando o adulto se recusa a reconhecer o valor e as necessidades da


criança;
b) Isolamento: o adulto exclui a criança do mundo;
c) Criação de medo: o adulto agride verbalmente a criança, cria um clima de medo,
humilha e amedronta a criança;
d) Falta de atenção: o adulto não estimula o desenvolvimento emocional e
intelectual da criança;
e) Corrupção: quando o adulto estimula a criança a engajar-se em comportamento
anti-social destrutivo, isto é, aquilo que a lei moçambicana de violência
doméstica (2009) chama de corrupção de menores ou lenocínio.

Essa violência, de acordo com Cezerilo & Franze (2020), não aprece nas estatísticas
criminais devido a sua invisibilidade por ocorrer no seio familiar e muitas vezes por ser
simbólica, mas é a que mais estrago faz na vítima.
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Conclusão

Como forma de concluirmos essa aventura é importante ressaltar que a prevenção da


violência doméstica em crianças é um tema complexo e que envolver diversos atores
sociais, entre eles o Estado e a sociedade. Neste sentido, é importante reflectir sobre o
papel desses atores na prevenção e combate à violência doméstica em crianças. A
demais, a violência doméstica em crianças é um problema social complexo e
multifacetado que exige uma resposta conjunta do Estado e da sociedade. O Estado tem
um papel fundamental na criação de políticas públicas e na elaboração de leis que
garantam a protecção das crianças contra a violência doméstica. Já a sociedade tem o
papel de se mobilizar e se engajar na prevenção da violência doméstica, por meio de
acções de conscientização e de denúncia de casos de violência.
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Referências Bibliográficas

Abramovich, F. & Lima, L. R. (2018). Violência doméstica e seu impacto no


desenvolvimento infantil. Estudos de Psicologia, v. 35, p. 401-408.

Araújo, R. M. & Tavares, M. C. B. (2019). A violência doméstica contra crianças e


adolescentes e seus reflexos no ambiente escolar. Revista de Enfermagem UFPE On
Line, v. 13, n. 9, p. 2496-2503.

Cezerilo, F. A. S. L. & Franze, J.J. (2020). Influência da violência doméstica contra


criança e adolescente no seu aproveitamento escolar em Moçambique. UFU.

Falcão, L. A.& Lins, M. S.(2018). Violência doméstica contra crianças: um problema


de saúde pública. Revista de Saúde Pública, v. 52, p. 73.

Gasparetto, L. G; (2016), Bem-estar subjectivo e traços de personalidade em crianças:


Uma relação possível?

Guerra, A. (2020). Prevenção da violência doméstica contra crianças e adolescentes:


ação conjunta e multidisciplinar. Revista Psicologia em Foco, v. 12, n. 1, p. 125-139.

Nascimento, F. L. (2021). Violência contra crianças e adolescentes: uma revisão de


literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 34, n. 1, p. 1-10.

Pinheiro, P. S. (2006). Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes. São Paulo:


Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

UNICEF. (2022). Protecção de Crianças e Adolescentes contra as Violências.


Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/protecao-de-criancas-e-adolescentes-
contra-violencias>. Acessado em 15 de Marc. de 2024.

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