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EFESIOS "UMA BXPOSIGA0 COM OBSERVAGOES PRATICAS © Igumas pessoas acreditam que essa epistola aos Efésios foi uma carta cireular enviada a diver- say igrejas, e que a copia dirigida aus efésivs acalvou fazendo parte do eénon, recebendo esse Ut tulo espeeffico, I clas tém sido levadas a pensar dessa forma porque essa ¢ a Ginica epistola de Panlo que nfo apresents: algo especifico acerca do estado on circunstdineia dessa igreja. Mus essa cpistola tem muito a dizer a todos os eristios, especialmente a todos que cram gentios no passado e foram convertidos ao cristianismo. Por outro lado, pode ser abservado que a epfstola € expressamente enderecada “...aos santos que estéo em Efeso”. No final da epistola ele diz ter enviado Tiquico ao encontro deles, e em 2 Timéteo 4.12, ele diz té-lo enviado a Efeso. Tudo indica que essa epistola foiescrita da prisao, ¢ alguns comentaram que aquilo que esse apéstolo escreveu quando foi prisioneiro tem um gos- toe aroma especial das coisas de Deus. Quando as suas tribulagdes aumentavam, suas consolagdes e experiéneias eram ainda maiores; por isso podemos notar que as praticas angustiosas do povo de Deus, e especialmente dos seus nninistros, com frequiéncia, tendem a ser vantajosas para eles. O intento do apostolo 6 firmar os efésios na verdade e inteiré-los dos mistérios do evangelho. Na primeira parte, ele descreve o grande privilégio dos efésios, que, tendo sido pagios idélatras no passado, tinham sido convertidos ao cristianismo e acolhidos no pacto com Deus, U apostolo Tustra isso a partir do estado deplordvel deles antes da sua conversdo (caps. 1-2). Na dllima parte (caps. 4-6), ele instrui os efésios nos deveres prineipais da religiéo c os cxorta c cstimula a cumprir cases deveres com fidelidade. Zanchy comenta que a epfstola aos Efésins pode ser entendida como um restimo da doutrina crista e de quase todos 0s t6picos principais da Teologia. CAPITULO I Nesse capitulo, temos: 1, A introdugio da episto apéstolos eram os comandantes-em-chefe da igreja cris. la, que @ muito semelhante A introdugao das ou- ta, sendo nomeados ministros extraordinarios por um tras cpistolas (vv. 1,2). II. As agées de graga ¢ lou- tempo especifico, Eles eram providos com dons extraor- vores do apéstolo a Deus pelas suas inestimaveis _dindrios pelo seu grande Senhor e recebiam a assistén- béncdos derramadas sobre os crentes de Efeso cia imediata do Espirito, para que tivessem condigdes de (wv, 3-14), IIT, Suas oragées sinceras a Deus em ——_espalhar o evangelho ¢ governar a igreja no seu estigio favor deles (vv. 15-23). Esse grande apéstolo esta- inicial. Paulo cra alguém assim, ndo pela vontade huma va habituado a passar tempo em oragao e em. na que tivesse outorgado esse offcio a ele, nem por inicia- acdes de graca ao Deus Todo-poderoso. Ele geral-_tiva prépria, mas “..pela vontade de Dews”, Ele foi cha- mente organiza suas oragoes de tal forma que ‘mado para a obra pelo préprio Cristo (eomo fai 0 easo elas earreguem em si mesmas e transmitam as dos outros apdstolos), de uma maneira muito especial e grandes doutrinas da religiéo cristae as instru- _—_ clara. Todo ministro fiel a Cristo (embora o seu chamado ces mais importantes a ludos os que as exami- —__€ oficio possam nao ter sido tao sobrenaturais ¢ extraor- nam atentamente. dinarios) pode, como o apéstolo Paulo, considerar uma honra e consolo o fato de ser 0 que ele € pela vontade Deus. 2. As pessoas a quem essa epistola é enviada: Introdugio “aos santos que esto em Eyfeso”, isto &, aos cristdos ww. 1.2 que eram membros da igreja em Efeso, a metropole da Asia. Ble os elama de santos, porque era isso que havi- Temos aqui: 1. 0 titulo que o apéstolo Paulo empre- am professado e estavam determinados a ser em verda- ga para si mesmo: “Paulo, apdstolo de Jesus Cristo” ete. de # na realidade. Todos os cristdos devem ser sanlos; Ble considera uma grande honra servir a Cristo, como mas, se no se tornarem santos aqui na terra, nunea 0 um dos seus mensageiros aos filhos dos homens. Os sero na gléria. O apéstolo os chama de fidis em Cristo vv 3-14 Fesus, crentes nele, e firmes e constantes na lealdade a Ele e as suas verdades e caminhos. Os infigis nao so santos. Somente os que eréem em Cristo e se dedicam firmemente a Ble ¢ peruzanecem figis & profissdo de f€ que fizcram om relagao ao seu Senhor podem ser consi- deradns santos. Observe: Ter obtido a misericérdia do Senhor para permanecer fiel ndo é uma honra somente dos ministros, mas de cada cristéo. Bm Cristo Jesus, de quem obtém toda sua graga ¢ forga espiritual, eles so aceitos como pessoas e em tudo o que realizam.3. A bén- ao apostélica: “..a vds graca...” ete. Esta é a marca cm cada epistola; e ela expressa a boa vontade da apdstalo em relacéo aos seus amigos e é um desejo real pelo bem-estar deles. Por graga devemos entender o amor e favor gratuitos e imerecidos de Deus, e as virtudes do sspinito que procedem disso. Por paz entendemos todas as vulras Leucdus, espivituais € temporais, os frutos resultados da anterior. Nao ha paz sem graca, Esea paz 6 raga vom somente “ala parte de Deus, nosso Pai, ¢ da do Senhor Jesus Cristo”. Wesas béngios peculiares procedem de Dens, nao como Criador, mas como Pai, por intermédio de uma rclagéo especial: ¢ elas vém do nosso Senhor Jesus Cristo, que, tendo-os comprado para se tornarem seu povo, tem o direito de eoneedé-las a cles. Na verdade, os santos e os figis em Cristo Jesus j4 tinham recebido graca ¢ paz. Mas 0 aumento delas é muito desejado, e os melhores santos sentem a necessi- dade de suprimentos novos das gracas do Espirito e continuam desejando melhorar e crescer. Portanto, eles devem orar, por si e uns pelos outros, para que essas béngios continuem sendo derramadas sobre eles. Depnis dessa breve inLroducdo, ele chega ao t6pico principal da cpfstola; c, embora possa parecer um tanto peculiar em uma carta, o Fspfrito de Deus achou por bem que esse discurso das coisas divinas nesse capitulo fosse transmitido por meio de oragies ¢ lonvares, que, por serem discursos solenes a Deus, sio instrugées im- portantes aos cristaos. A oragdo pode ensinar; eo louvor pode fazer o mesmo. Louvor pelas Béngaos Espirituais wv. 2-14 Ele inicia com ages de graga ¢ lowvor e expande 0 seu discurso com grande fluéncia e abundancia de afei ‘go acerca dos heneficios extraordinariamente grandes € preciosos de que desfrutamos em Jesus Cristo. Os grandes privilégios da nossa religiio s40 mui habilmen- te relatados e estendidos em nossos louvores a Deus. Ele bendiz a Deus pelas “..béngdos espirituais” (v. 3), donominando-o de “...0 Deus e Pai de nosso Se- nhor Jesus Cristo”; porque, como Mediador, o Paiera seu Deus; como Deus, ¢ a segunda pessoa na bendita Trinda- de, Deus era sen Pai, Tsso evidencin a unio mistiea enkre Cristo e 08 erentes, ou seja, que o Deus ¢ Pai de nosso Se nhor Jesus Cristo 6 0 Deus e Pai deles, e isso nele e por meio dele. Todas as béngaos vém de Deus como o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Nenhum benefieio pode ser esperado de um Deus justo e santo a criaturas pecadoras, se nao for por meio da mediago dele. Ele “..nos abenco- EFEsIOS 1 cou com todas as béngdos espirituais”. Observe: As me- Ihores béngios sio as béngaos espirituais de Deus, com as quais devemos abengoar. Ele nos abengoa ao derramar sobre nés essas coisas que nos tornam realmente abencoa- dos. Nao podemos retribuir do mesmo mado; mas deve- mos bendizé-lo ao louvar e exaltar e falar bem dele. As pes- soas que Deus abengoa com algumas béngos espirituzis, Ele abengoa com todas. A quem Elle concede o Cristo, Ele da liberalmente todas essas coisas. 0 mesmo nao ocorre com b@ngios lermporais; alguns sau favorecidus cut sail, ‘mas niio com riquezas. Outros com riquezas, mas nio com satide ete Mas, onde Deus aber com bénesos espiritie ais, tudo é abencoado. Elas sio “..béuedos espirituais nos lugares celestinis em Cristo”. Para alguns, isso signi- fica na igreja, separado do mundo, ¢ chamado para fora dele. Mas esse texto também pode significar nas catsas celestiais, ou seja, coisas que vém do céu, € sao designa- das para preparar o homem para o mesmo e para asses. rar sua admissdo nele. Deverfamos aprender a reconhe- cer as coisas espirituais e celestiais como as coisas princi- pais, as béncdos espirituais e celestiais como as melhores bénedos. Com elas nao poderemos ser miseraveis e sem elas cerlamente 0 seremos. Ndo penseis nas coisas que sdo da torra, mas nas quo siio de cima. Somos abengoa- dos em Cristo com as coisas de cima. Una vez que Lodos ‘03 nossos servigos ascendem a Deus por meio de Cristo, assim todas as béng4os so transmitidas a nés da mesma maneira, sendo Ele o Mediador entre Deus € nés. TIl* béncaos espirituais especiais com as quais so- mos abengoados em Cristo, e pelas quais deve- mos bendizer a Deus, sao (muitas delas) aqui enumera- das e deseritas: 1, A eleigao e a predestinagao sao as fon les seerelas de onde as oulras Muem (vy. 4,5,11). A elei= ea, ou eseolha, diz respeito aos que 50 escolhidos, ee parados e distingnidos de entre lodos os seres humnanos. Apredestinacao se refere as bénedios para as quais estio destinados, especialmente a héneo que nos predlestinont para filhos de adogao. Era 0 propésito de Deus que no devido tempo cheg:issemos a ser seus filhos adotivas, ¢ dessa forma tivéssemos 0 direito a todos os privilégios e a heranga de filhos. Lemos aqui a époea desse ato de amor: “..antes da fundagao do mundo”; nio somente antes da existéneia do povo de Deus, mas antes da exis- cia do mundo; porque eles foram escolhidos de acor- do com o designio de Deus desde a eternidade. O que enaltece essas béngdos é o falo de serem produto do de- signio eterno, A csmola que voeé da aos pedintes na sua casa procede de uma deciséo sfihita; mas a proviso que os pais fazem para os seus filhos é o resultado de muita contemplago, e 6 colocado no seu testamento com gran- de solenidade. B, assim como isso exalta 0 amor divino, também assegura as béngaos aos eleitos de Deus; por- que o propésito de Deus, segundo a eleigdo, permanece ‘ra (veja Rm 9.11). Ele age de acordo com seus propést Los eLernos ao coneeder béncdos espirituais ao seu povo. Ele“..n08 abengoo [...] como também nos elegew nele”, em Cristo, o grande cabeca da eleigéo, que € enfatica- mente chamado de eleito de Deus, seu escoleido; e por meio do Redentor eseothido eles receberam uma alen- cdo especial. Podemos ver finalidade c intento importan tes nessa eseolha: Excalhidos, “. para que flissemns 9 EFESIOS 1 smulos”, nfo porque previu que seria santos, mas por- que determinou que fosse assim. Todos que sio escolhi- dos para a felicidade como um fim em si, so escolhidos para asanlidade como o meio, A santi icagau deles, bem como a salvacio, € 0 resultado dos intentos do amor divi no, “..e inrepreensiveis diante dele”, para que a santida- dedeles nao seja meramente exterior ou aparente, para evitar censuras dos homens, mas interior c real. O pré prio Deus, que otha para o coragao (veja 1 Sm 16.7), con- sideraré nossa santidade como provinda do amor a Deus cao nosso préximo, scndo que essa earidade ¢ o prinei plo de toda verdadeira santidade. O texto original da a entender aqui uma simplicidade tal que nenhum homem scja eapaz. de ecnsurar. Por isso, alguns entendem que essa palavra se refere & santidade perfeita que os santos alcangarao na vida futura, que sera notavel diante de Deus, estando na sua presenga imediata para sempre. Aqui também esta o eritério e a causa bésiea da elei¢ao de Deus: la ocorre *...segundo 0 beneplacito de sua vonta- de” (v.5), no por causa de qualquer coisa prevista neles, mas porque era sia vontade soberana, ¢ uma coisa muito agradavel a Ele, Bla ocorre conforme o propésito, ou soja, avontade estabelecida e inalterada, “..daquele que fre todas as evisas, seyunilo 0 consell da. sun-vontuale” (v.11), que realiza de maneira poderosa tudo que diz res- peito aos seus eleitos, como predeterminou e decretou de maneira siibia & livre, o fllimo e grande fim e intenta de tudo que é para sua propria gléria: “..para louvor e gloria da sua graga” (v. 6), “..com o fim de sermos para Iouoor da sua gliiria” (v. 12). Rin oulras palavras, deve- riamos viver e nos comportar de tal forma que a sua rica graga pudesse ser exaltada, e mostrar-se gloriosa e dig- nado mais alto louvor. “Porque dele, e por ele, e para ele ado todas as coisas” (veja Rm 11.36), e, portanto, tudo deve ser para Ele, e deve estar centrado nele, Observe: Azgliria de Deus é 0 seu proprio fim ¢ ela deveria ser também 0 nosso fim em tudo que fazemos. Hasa passa gem tem sido entendida por alguns de forma muito dife- rente, com uma referéneia especial & conversao desses cfésios ao eristianismo, Aqueles que tém interesse em conhecer mals a esse respeito podem consultar o eomen- tario do Sr, Locke, e outros autores reconhecidos. 2. A proxima béngio cspiritual que o apéstolo registra é a aceitacio de Deus por meio de Jesus Cristo: “..pela qual (ou por cuja graca) nos fez agraddveis a si no Amado” (6.6). Jesus Cristo é 0 Amado do seu Pai (Mt 3.17), bem como dos anjos e santos. E nosso grande privilégio ser aceito por Deus, 0 que envolve o seu amor por nés, por cuidar de nds e nos aceitar na sua familia. Somos aceitos por Dens somente por meio de Jesus Crislo, Ele ama 0 seu povo por causa do Amado. 3. A remissao de pecados eredengao por meio dosangue de Jesus (v. 7). Nao ha re- missio sem redencao. Foi por casa do pecado que fo- mos feitos cativos, e no podemos ser soltos do nosso ca- tiveiro a nao ser pela remissao dos nossos pecados. A re iv ocorre por meio de Cristo, ea remissdo, por mel do seu sangue. A culpa e a mancha do pecado nao pod am ser removidas de outra forma senio pelo sangue de Jesus. Todas as béngaos espirituais fluem para nés nes- se rio. Esse grande benefieio, que vem gratuitamente a ngs, foi comprado por um prego muito elevado pelo nos- so bendito Senhor. E isso ocorreu de acordo com as ri- w. 31d quezas da graga de Deus. A satisfacao de Cristo ea rica graca de Deus sio muito consistentes na importante questo da redengiio do homem. Deus foi “satisfeito” por meio de Cristo como nosso substitute e fiador. Mas foiarica graga que accitou casc fiador, quando Ele pode ria ter exercido o rigor da lei para com o transgressor Foiarica graga que estabeleceu seu Filho como fiador, e entregou o voluntariamente por nés. Nao havia outra safda. Nesse exemplo, Ele nfo s6 manifestou riquezas de graca, mas a “..tornou abundante para conosco em toda a sabedoria ¢ prudéncia’ (x. 8) - sabedoria em pla nejar a dispensagio e prudéncia em executar o canselho da sua vontade. A sabedoria e prudéncia divinas real- mente s¢ mostraram distintas, ao ligar tao eatisfatoria. mente a justia e a miserieérdia nessa importante ques- téo, assegurando a honra de Deus e sua lei. Ao mesmo tempo, a restauracao de peeadores e sua salvagao sa0 determinadas e certificadas! 4. 0 apéstolo bendiza Deus, por sua revelacao divina, ou seja, de que Deus desco- briu-nos “..0 mistério da sua vontade” {v. 9), isto 6, Ele desvendou uma boa parte desse misiéria aus homens, mistério que esteve oculto por tanto tempo, € que conti- nua oeulto da maioria das pessoas do mundo. Devemos ixso.a CrisLo, que, Lendo estado reclinado no peito do Pai desde a eternidade, veio declarar a sua vontade aos fi- egundo o seu beneplicito” (seus lhos dos homens. conselhos seeretas quanto 4 redengio do homem), “que propusera em ai mesmo”, foram desvendados, somente nele e dele, e nao por causa de coisa alguma neles. A sa- hedoria ea prudéncia de Deus aparecem de maneiracla- ra nessa revelagio e ao descobrir-nos “...0 mistério da sua vontade”. Ela é descrita (v. 13) como “...a palavra da verdade, 0 evangelho da vossa salvagao”. Cada palavra desse evangelho é verdadec. Ele contém as verdades mais importantes e influentes, e é confirmado pelo jura- mento de Deus. Deverfamos aprender a recorrer a ele cm toda a nossa busca pela verdade divina. ssc ¢ 0 evangelho da nossa salvagio. Ele anunefa as alegres no- vas da salvagaoe mostra como obté-la. I o bendito Espi- rito torna a sua Icitura c ministragdo cficazes para a sal vagdo de almas. Como deverfamos valorizar esse glorio- so evangelho e bendizer a Deus por ele! Ele representa luz que brilha cm um lugar eseuro, For isso, deveria- mos ser gratos e dar a devida atencio a ele. 5. A unio com Cristo é um grande privilégio, uma béncdo espiritu- alco fundamento de muitas outras. Esse plano “...torna a.congregar em Cristo todas as coisas” (v. 10). Todas as Jinhas da revelagao divina se encontram em Cristo. Toda religiao esta centrada nele. Os judeus e gentios estavam unidos uns com os oulros pelo falo de ambos estaren unidos em Cristo. As coisas “..que eatdo nos eéus como as que estao na terra” estio unidas nele. Foi estabeleci daa pax entre o céu ea lerra, por meio dele, A inui vel companhia de anjos se torna uma com a igreja por in- termédio de Cristo: isso Deus propusera em si mesmoe era seu intento naquela dispensagao que o envio de Cris- to deveria ser cumprido na plenitude dos tempos, no tempo exato que Deus tinha prefixado e estahelecido. 6. A heranca eterna é a grande béngo com a qual somos abengoados em Cristo: *..cm quem também fomos fer- tos heranca” (v. 11). O eéu 6a heranga, o que deixa a nos- sa alma feliz. 0 céu é visto como uma heranca, como um wy, 15-28 presente do Pai aos seus filhos. “Se nds somos filhos mos, logo, herdeiros também” (veja Rm 8.17). Todas as béngiios que desfrutamos so pequenas em comparagio com essa heranca. 0 que € mostrado ao herdeiro na sua monoridado nio é nada em comparagio com o que ests reservado a ele quando alcancar a maioridade. Os cris- tos receberam essa heranca. Em Cristo, que 6 0 seu ca- beca e representante, eles tém o direito e a posse sobre ela. 7. Uselo e 0 zelo do Kspinito fazem parte dessas ben- aos, Lew fostes seludos cum v Espirito Sunto da promcoaa” (v. 13). U bendito Espirito 6 santo ¢ nos torna santos, Fle échamado deo Espirito Santo dapra- ‘mesa, como também ¢ o Espirito prometido. Por meio elados, isto 4, separados para Deus, distinguidos ¢ escolhidos para perteneer a Ele. O Espi rita “..€0 penhor da nossa heranca” (v.14). 0 penhar é parte de um pagamento e garante o montante todo: as- sim 6 0 dom do Espirito Santo; toda sua influéneia e operacao, como Santificador e como confortador. come- garam no eéu. A iluminagao do Espirito é um penhor de luz eterna. A santificacao é um penhor de santidade perfeita e os contortos dele sao penhores de alegrias eternas. Lemos que Ble é 0 penhor, “..para redencéo da possesedo de Deus”. Ela pode ser chamada aqui de possessdo, porque esse penhor a Lorna lo certa para 05 herdeiros como sc cles ja a possuissem. Ela foi com prada pelo sangue de Cristo. A redengao dela é mencio- nada porque foi “hipotecada” e confiscada pelo pecado. Mas Cristo a restaura para nés, redimindo-a, em ahu- sio lei da redencio. De tudo isso, podemos observar a graciosa promessa que garante o dom do Espirito San- to Aqueles que o pedirem. O apostolo menciona o grande fim e intento de Deus eu cunceder todos esses privilégios espirituais, “..com 0 fim de sormos para lowvor da eua gloria, nbs, 08 que primeira esperamus em Crislo”, nés, a quem 0 evange- Iho foi pregado primeiro c que primeiro fomos eonverti dos 4 £6 em Cristo, colocando nossa esperanca e confian- ca nele. Observe: Antigitidade na graca é uma posicio especial: “..que foram antes de mim em Cristo” (Rm 16.7). Aqueles que experimentaram a graca de Cristo ha mais tempo esto debaixo de obrigagdes mais especiais na glorificacao a Deus. Eles deveriam ser fortes na fé e glorificd-lo de maneira mais elevada. Mas isso deve ser 0 fim comum de todos. Para isso fomos criados e para isso fomos redimidos. Esse ¢ 0 grande designio do nosso cristianisino e de Deus em tudo aquilu que fea por 16s: “para lowvor da aua gliéria” (v. 14), Ble deseja que a sua graya e 0 sen poder, além de ontras virtudes, se or~ nem, por meio desses recursos, manifestos ¢ distintos, ¢ que os filhos dos homens o exaltem. A Oragao do Apéstolo wv. L Chegamos a titima parte desse capitulo, que traz a oraco fervurosa de Paulo a Deus a favor dos efésios. Devemos orar pelas pessoas pelas quais damos gragas. O apdstolo hendiz.a Deus por aquilo que Ble fez. por ele c entao ora para que possa fazer ainda mais por cles. Ele agradece as béngios espirituais e ora para que continu EFESIOS 1 580 em sendo supridos; porque “ainda. por issu Wee paint a casa de Laracl, que tho faga” (Wz 36.37). Kle armaze non essas héngfos espirituais nas mins do sen Filho, 0 Senhor Jesus; mas, em seguida, nos designou para cx traf-las e aleangé-las em aragia Nossa direitn 2 essas béncéos depende da nossa fé e oracéo. Um dos motivos que o encorajava a orar por eles era a sua estima por eles, por causa da fé deles “..no Senhor Jesus e a[...] ea- ridade para com todos os santos” (v. 15). Fé em Cristoe amr pelus santus estarav ligadus a todas as vutras vit~ tudes. O amor poloe cantor prociea incluir o amor a Deus. Aqueles que amam os santos, eomo tais, amam to dos os santos, independentemente de quao frageis se- jam na graca, de quao despreziveis sejai no mundo ou de quio obstinados e impertinentes alguns deles sejam. Um outro motivo para orar por eles era que Unham re- cebido o penhor da heranga. Podemos deduzir isso das palavras preeedentes que foram canectadas pela termo pelo que. “Talvez v6s pensais que, tendo recebido 0 pe- nhor, j4 estais suficientemente felizes e no precisais mais se preocupar; nao precisais mais orar por vos mes- mos, nem eu por vos. Nao, muito pelo contrrio. Peto que nao cesso de dar gracas a Deus por v6s, lembran- do-me de vés nas minhas oracoes” (v. 16). Enquanto bendiz a Deus pelo fato de dar a eles o Espirito, ele nao cosa de orar para que Kle thes dé o Hspirito (v.17), que proporcione maiores medidas do seu Espirito, Observe: Mesmo 05 melhores eristéios ncecssitam de oragio; cn quanto ouvimos coisas hoas dos nossos irmias cristins, devemos nos sentir obrigados a interceder a Deus por eles, para que continuem erescendo cada vez mais na f6 Entao, qual é a oracao de Paulo em favor dos efésios? Nao que sejam libertos das perseguigdes; nem que pos suam riquezas, honras ou prazeres do mundo. Ble ora, cim, pela iluminagao do seu entendimento, e que 0 c0- nhecimento deles possa erescer cada vez mais. Ele tem em mente o conhecimento pratieo e experimental. As ides ¢ 0 consolo do Espirito sao comunicados alma pela iluminagéo do conhceimento. Dessa forma le ga nha e mantém posse. Satands trilha o caminho inverso: ele ganha a posse pelos sentidos ¢ paixses. Cristo ganha ‘8 posse pelo entendimento. Observe: Esse conhecimento deve vir do “.. Deus de nosso Se- hor Jesus Cristo” (v. 17). 0 Senhor é um Deus de co- nhecimento, enao ha um conhecimento confidvel e salvifi- co que nao venha dele. Portanto, devemos buscar ao Deus de noveo Senhor Jeews Cristo (veja 0 v. 3), 0 Pai du gléria”. Trata-se de um hebraisino. Deus ¢ infinita- mente glorioso em si mesmo, ¢ toda a gloria é devida a Ble pelas suas criaturas. Ble 6 0 autor de toda a gléria, com a qual os santos sio ou serio revestidos. Ele eonecde conheeimento ao dar o Espirito de eonhecimento; porque 0 Espirito de Deus é o mestre dos santos, “..o espirito de sabedoria e de revelagiio”. Temos 2 revelagto do Espirito na Palavra: mas ser4 que isso traré algum proveito, se ndio temos a sabedoria do Espirito no coragao? Se o mes- mo Espirito que redigiu ou inspirou as Sagradas Escritu- rras ndo tira a venda do nosso coragao e nos eapacita a en- lendé-la, nunca seremos inelhures. Hin. seu cunhecimen- to, ou para o reconhceimento dele; no somente um ¢o- mento especulalivo de Cristo e daquilo que se refe- 581 reaBle, mas um reconhecimento da autoridade de Cristo por meio da submisséio obediente a Hle, que deve ocorrer pela ajuda do “..espirito de sabedoria e de revelagao”. Esse conhecimento ocorre primeiro no entendimento, O apéstolo ora para que sejam iluminados “..os olkos do 19380 entendimento” (v. 18). Observe: Aqueles que tem os olhos abertos e tém um certo entendimento das coisas de Deus tém a necessidade de ser cada vez mais ilumina ‘dos e de ter um conhecimento mais claro, distinto e expe- rimental. Os cristéos nao devem achar que é suficiente ter afeigdes calorosas, mas devem esforear se para ter uum entendimento claro, Eles devem ser ambiciosos em se tornar cristados instruidos e criteriosos. I O que ele deseja mais partieularmente em relagio ao crescimento do conhecimento deles. 1. “..para que saibais qual seja.a experanca da eua vocagao” (v.18). Ocristianismo 6.4 nossa voragin, Deus nos chamou para tal,e de acordo com esse relato sabemos que é a sua voca- fo. Ha uma esperanga nessa vocagao, Aqueles que lidam com Dens lidar com confianga. Ruma eaisa desejavel o- nhecer o que essa esperanca da nossa vocagao é, e possuir um conhecimento dos imensos privilégios do povo de Deuse as expectalivas que t@rn de Deus e com respeite ao mundo celestial. Dessa forma, somos estimulados & assi- duidade e paciéneia na caminhada erista, Devemos traba- Ihar e orar seriamente por una pereepgin mais elar um conhecimento mais completo dos grandes propésitos daesperanga crista. 2.“..as riquezas da gloria da sua he- ranca nos santos”. Além da heranca celestial preparatba para os santos, hé uma heranca atual para os santos; por- que a graga ¢ gloria inielada ea santidade é a felicidade em flor, Existe uma gloria nessa heranca, riqueza de gl6- na, tornando o eristaio mais honravel ¢ nobre do que to- ddos que esto ao seu redor. Vale a pena experimentar isso, conhecer os prinefpios, prazeres e poderes da vida espiri- tual e divina. Isso pode ser entendido como a heranea glo. riosa entre os santos no eéu, onde Deus deposita todas as suas riquezas, por assim dizer, para torné-los felizes e gloriosos, e onde tudo o que os santos sio é transeenden Lalmente gloriaso, camo 0 conhecimento que pode ser ob- tido sobre a terra é muito desejavel e deve ser extraordi- nariamente agradavel e aprazivel. Vamos, portanto, nos esforgar em ler, contemplir e orar, para conhecer acerea do céu oméximo possfvel, para que, de fato, tenhamos um verdadeiro desejo e anseio de estar Id. 3. *..a sobreeitee- lente grandeza do seu. patter subire-utis, os jue exemos’ (v. 19). A 46 prética da suficiéncia plena de Deus e da onipre- senga da graga divina é absolutamente nocessiria para uma caminhada intima e firme com Ble. B uma eoisa de- sejavel eonheer expcrimentalmente o grande poder des- sa graga iniciando e prosseguindo a obra da f6 em nossa alma. Nao é fécil levar uma alma a erer em Cristo para que dependa completamente da sua justiga e da esperan- ga da vida eterna. E 0 poder todo-poderoso que operara ‘0 em nds. O apéstolo fala aqui com uma fluéneia pode- Tosa, como se estivesse a procura de palavras que pudes- sem expressar 8 grandeza de Deus: ‘‘..a sobreencelente grandeza do seu poder”. Esse é 0 poder que Deus mani- festa no seu povo, por meio do qual ressuseitou Cristo dos morios (v. 20). Essa era a grande prova da vontade de Deus em relacdo ao evangelho para o mundo; mas a re- EFESIOS 2 wy. 15-28 produgdu disso em nds (uossa suntificagdo e 0 re da morte do pecado, de acordo com a ressurrei Cristo) é a grande prova para nés, Embora isso nao posea provara verdade do evangelho aalguém que no conhece nada acerca do assunto (nese particular, a ressurrei¢ao de Cristo 6 a prova), podemos falar experimentalmente, como os Samaritanos: “Nos mesmus o lemos vucido & sentimos uma mudanga poderosa em nosso eoragio”. so nos habilitaré a falar, com a maior satisfacao: “...e nds temos crido e conkecido que tu és 0 Crista, o Filho de Deus” (veja Jo 6.69). Muitos entendem o apéstolo falando aqui dessa“. sobreercelente grandeza do seu poder” que Deus manifestaré para ressuscitar o corpo dos crentes para a vida eterna, o mesmo poder “..que manifestow evn Cristo, ressuscitando-o dos mortos” ete. Como deve ser maravilhoso conhecer a fundo esse poder, ao ser ressusci- tado do tamulo para a vida cterna! ‘Tendo expressado algo a respeito de Cristo e sua res- surreicdo, o apéstolo se afasta um pouco do assunto, para fazer mais algumas mengoes honrosas do Senhor Jesus ¢ da sua exaltagio, Ele estii a direita do Pai nos eéus ete. (vy. 20,21). Jesus Cristo est4 acima de tudo e tem autori- dade sobre todos. Todos estao submiscos a Ele, Toda a gldria do mundo superior e todas os poderes dos dois mundos esto inteiramente devotados a Ble. 0 Pai ..su- jeitou todas as coisas a seus pés” (v. 2), de acordo com a ‘promessa (SI 110-1). Todas as criaturas estéio sujeitas a Ele. Elas Ihe devem obediéncia sincera ou devem se pros- tvar diante do peso do seu cetro e receber a condenagao dele. “..subre lodus us coisas, (Deus) o constitnin como cabeca...”. Foi um presente para Cristo, como Mediador, receber tal dominio e autoridade, @ ter um corpo tao mis- tico preparado para Ble: fui umn presente para a [yreja, receber um eabega dotado de tanto poder e autoridade. ‘Deus 0 constituiu eabega sobre todas as coisas. Ele deu a Ble poder tanto no eéu como na terra. O Pui ana.o Filho ¢ tom depositado nas suas méoa todas as coisas (veia Jo 13.3). Maso que nos conforta é que Ele 60 cabega da Igre- ja. Ble reeebeu todo o poder para que pudesse urdenar todas as questées do reino provideneial para que sirvam aos desfgnios da sua graca concernente a sua igreja. Com isso, podemos responder aos mensageiros das nagdes que 0 Senhor estabeleecu Sido, 0 mesmo poder que sustenta o mundo sustenta a igreja; ¢ temos certeza de que Ele ama a sua igreja, porque “..€ 0 sew corpo” (v. 23), seu cor- po mistico, e le cuidard dela. Ei “...a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”. Jesus Cristo cumpre tudo em todos. Ele tira todas as manchas em todos os seus membros, enchendo-os com o seu Espirito e com “...a ple- nitude de Deus” (cap. 8.19). Por isso, lemos que a igreja é asua plenitude, porque Cristo, como Mediador, nao esta- ria completo se nao tivesse uma igreja. Como Ele poderia ser_rei se niin livesse reino? Para honrar a Cristo como Mediador, a igreja é a sua plenitude. CapiTUuLO 2 Esse capitulo contém um relato: I. Das condi- goes miscraveis desscs cfésios por naturcza (vv. 1-8,11,12). II. Da mudanga gloriosa que fol operada neles pela graca transformadora (vv. ws 4-10,13). III. Dos grandes e poderosos privilé- gios que judeus e gentios receberam de Cristo Gv. 11-22). 0 apdstulo empenha-se em moti- vé-los com um sentimento da maravilhosa mu- danga que a yraga divina linha vperado neles; ¢ isso se apliea muito bem a grande mudanga qe essa mesma graga apers em Lodos aqueles que sio trazidos a um estado de graea. Assim, temos aqui um quadro vivo, por um lado, da mi- séria das pessoas nao regeneradas, e, por outro, da condigao feliz das almas convertidas. Isso de- veria ser suficiente para acordar ¢ alarmar a~ queles que ainda esto em seus pocados @ apros- sé-los a sair desse estado. Ao mesmo tempo, es- sas palavras deveriam confortar e alegrar aque- les que Deus estimulou por meio de uma consi- deragao dos imensos privilégios que Ihes toram concedidas. O Estado dos Efésios por Natureza w.13 A condigéo misersvel dos efésios por natureza é des- crita em parte aqui. Observe: 1. Almas nao regeneradas esto mortas em “...ofensas e pecados”. Todos que esto em pecados estéo mortos em pecados; sim, em ofensas € peeados, o que pode significar todo tipo de pecado, habi- ual e vigente, pee morte da alma. Sempre que o peeado prevalece, hé uma privagin de toda» vida espiritual, Os pecadores esto mortos, sendo destituidos dos prinefpios ¢ poderes da vida espiritual; esto separados de Neus, a fonte da vida. E eles estao mortos de acordo com a lei, como um malfei- tor eondenado que era considerado um homem morto. 2. Um estado de pecado é um estado de conformidade com este mundo (v. 2). No primeiro versieulo, ele fala do seu estado interior; no segundo, fala das suas relagdes exteri- ores: “..em que (em cujas ofensas e pecados), noutro Jempa, wndastes”. Voeés vivian e se comportavam como ‘0s homens do mundo, 3. Somos, por natureza, eseravos do peeado ede Satands. Aqueles que andam em ofensas e peeados, ¢ de acordo com 0 “..cwrao deate mundo”, an dam “.. segundo o principe das potestades da ar”, seja, © Diabo, ou o principe dos deménios (veia Mt 12.24,26). As logides de anjos apéstatas so um grande poder unido debaixo de um chefe. E, portanto, o que é chamado de 0 poder das trevas (veja Le 22.53 e C1 1.13) é aqui mencio- nado no singular. O ar representa a base do seu reino. Ju- deus ¢ gentios acreditavam que 0 ar estava cheio de espi- rilos, onde se exereitavam e se manifestavam. O diabo pa- rece ter algum poder (pela permiasio de Deus) na regio mais haixa do ar. 14 ele est pronto a tenlar os homens causar 0 maior dano possivel a este mundo. Mas 0 consol enalegria do povo de Deus sao que arquele que esta sabre todas as coisas, ¢ € 0 cabeca da igreja, venceu 0 Diabo e 0 mantém em correntes. Mas os impios sfo eseravos de Sa- tands, porque andam de acordo com ele. Eles sujeitam stias vidas e ages & vontade e prazer desse grande usur- pador. 0 curso e sentido da vida deles estao de acordo com as sugestoes dele e em complacéneia com as suas tentagies. Eles sao submissos a ele, e sao levados cativos EFESIOS 2 582 por ele de acordo com sua vontade. Por isso, ele é chama- do de 0 deus deste mundo e 0 “...espirito que, agora, ope- anos fithos da desobediéncia”. Os filhos da desobedién- cua sao aqueles que escolhem desobedecer a Deus e ser- Vir av Diaby, Nissu ele € puderusu e eficaz, O bum spi to opera aquilo que é bom om almae obedientes, enquanto esse espfrito man opera aquilo que é man nos fmpios. 0 Diabo opera agora, nao somente agora, mas desde que o mundo foi abengoado com a luz do glorioso evangelho. 0 apéstolo acrescenta: “..entre 08 quais todos nés também, antes, anddvamos” ete, Paulo aqui se refere aos judens, que tinham estado na mesma condigéo triste e miserdvel dos gentios nfo regenerados, cujo estado natural ele des- creve nas palavras dos versiculos seguintes. 4, Somos por natureza eseravos da carne e das nossas paixdes corrompi- das (x. 3). Ao fazerem “..0 vortade da carne e dos pensa- ‘mentos”, os homens contraem a imundieia da earne e do espirilu, da qual v apdstulu exurta us crislaus a oe purificar rem (2 Co 7.1). Fazer a vontade da earne c dos pensamen tos inclii todo peeado e maldade que oeorrem Lanto nos po deres inferiores como nos poderes superiores ou nobres da alma. Cometfamas tdas esses pecarlos por causa da nossa natureza corrompida. A mente carnal torna o ho- mem um eseravo perfoito desses apetites vieiosos. “ fa- zendoa.vontade da carne” denota a eficdeia desses dese- {jos eo poder que eles tém naqueles que se rendem a eles, 5. Somos “..por natureza filhos da ira, como os outros também”. Os judeus eram assim, bem como os gentios Uma pessoa € igual a outra por natureza, néo somente por habito e imitagao, mas desde o comego da sua existén- ia, hen como por causa das suas inelinagies e apetites. ‘Todas as pessoas, sendo naturalmente filhos da desobe- diéneia, sfo também por natnreza filhos da ira: Deus se ira com os impios todos os dias. Nosso estado e eomporta- mento merecem ira, e terminariam em ira eterna, se a graca divina nao interviesse. Os pecadores tém todos os ‘motivos para buscar essa graga que os tornara, de filhos daira, em filhos de Deus e herdeiros da gléria! 0 apéstolo desereveu a miséria de um estado natural nesses versicu- los, Ele retornaré a esse assunto mais adiant A Mudanga Operada nos Efésios vv. 4-10 Aqui o apéstolo eomeca o seu relato da gloriosa mu- danga que ocorreu neles pela graca transformadora, Observamos o seguinte: Por quem, ¢ de que forma, foi realizada: 1. Negativa- mente: “..isso nao vem de v6s” (x. 8). Nossa fé, nos- sa conversdo € nossa salvacao eterna nao sao frutos de habilidades naturais, nem de qualquer mérito da nossa parte: “Néo vem das obras, para que ninguém se glo- rie” (v. 9). Fissas coisas nao Lé1 0 nosso envolvimento, &, portanto, todo orgulho estd cxeluido. Aquele que se glo ria nfo deve se gloriar em si mesmo, mas no Senhor. Nio hé espaco para a jactdncia do homem em relagdo & sua propria habilidade e poder, como se tivesse feito alguma coisa que pudesse merecer favores tao impressionante de Deus. 2. Positivamente: “Mas Deus, que é riguis: mo...” (v.4). O proprio Deus € 0 autor dessa grande e fe- 583 liz mudanga, e seu grande amor é a fonte e causa disso. Por isso, Ele resolveu mostrar sua misericérdia. O amor ésua inclinagdo de fazer hem a n6s como suas eriaturas. Amiserieérdia nos respeita como apéstatas e criaturas miseraveis. Ubserve: 0 amor eterno ou a benevoléncia de Deus em relacao as suas criaturas sao a fonte de onde todas as suas misericérdias procedem para n6s. Esse amor de Deus é um amor magnifico, e a sua miserieérdia ériea, inexprimivelmente grande e rica. E entao “pela graca sois salvos (v. 5), ¢ “..pela raga sois salvos, por mero da.fé; ¢ i880 nado vem de vds; é dom de Deus” (v.8) Observe: Cada pecador convertido é um pecador salvo. Ble € liberto do pecado e da ira. Ele é levado aum estado desalvagao e tem o direito, concedido pela graca, da feli- cidade eterna, A grag que o salva 6a bondade e o favor livre e imerecido de Deus. E Ele o salva, nao pelas obras da lei, mas por meio da £6 em Cristo Jesus; dessa forma, Fle permile que todos os convertidos participem das grandes béngios do evangelho. ‘Tanto a fé quanto a sal- vagao, sobre a qual ela tem tao grande influéncia, saa ‘dons de Deus. Os grandes objetivos da fé sao conhecidos pela revelagao divina e se tornaram dignos de confianga pelo testemunho e evidéncia que Deus nos deu. Fo fatn dle ererinos na salvagao e obtermos a salvagdo por meio da fé € devido ao auxilio ¢ & graga divina. Deus ordenou tudo de tal forma que ficou evidente a necessidade da yraga. Observe: I Em que essa mudanga consiste: ela responde & miséria do nosso estado natural em diversos as- pectos, alguns dos quais cstao enumerados nessa segao, e outros so mencionados na seqiiéncia. 1. Nos que esta- vamos mortos somos vivificados (v. 5), somos salvos da morte do peeado e temos um principio de vida espiritual implantado em n6s. Graca na alma é nova vida na alma. Como a morte bloqueia os sentidos, aprisiona todos os poderes e faculdades, assim ocorre com 0 estado do pe- eado, em relacio a qualquer coisa que é boa. A graca desbloqueia e abre tudo e alarga a alma. Observe: Um pecador regenerado torna-se uma alma viva: ele vive uma vida de santificagao, sendo naseido de Deus. E ele vive no sentido da lei, sendo liberto da culpa do peeado pela graca perdoadora e justificadora. Ele “..nos vivifi- cou juntamente cum Cristo”. Nossa vida espiritual re- sulta da nossa-uniéo com Cristo. E nele que vivemos: “porque eu vivo, e vés vivereis” (vaja Jo 14.19). 2. Nos «que eskivamos sepultados somos ressuscitados (v. 6). 0 que ainda precisa ser feito 6 aqui colocado como se ja ti- vesse ocorrido, uma vez que jf ressuscitamos por causa «du nossa unio com Ele, a quem Deus tinha ressuscitado da morte. Quando ressuscitou a Cristo dos mortos, na verdade ressuscitou todos os erentes com Fle, sendo Flea cabega, E quando o colocou a sua direita nos luga- res celestiais, Ele os promoveu ¢ os glorificou nele e com Ele, a cabega exaltada e nosso precursor. “..e nos fez ax- wenlar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". 1330 pode ser entendido de outra forma. Pecadores se revol- vem no pé; almas santificadas seniam em lugares celes- tiais, elevados acima do mundo. 0 mundo néo represen: ta mais nada para clas, ao compararem 0 que 0 mundo fole o que o outro mundo é, Ox santos niu sao apenas ei- dadaos honordrios do reino de Cristo, mas sio assesso EFESIOS 2 wy. 11-18 res dele, Pelo auxilio da sua graga, eles foram elevados com Ele acima deste mundo para interagir com 0 outro mundo, ¢ eles vivem em constante expcctativa acerca desse outro mundo. Eles nao somente so servos co me- Ihor mestre na melhor obra, nas sao exaltados para rei- nar com Ele. Eles estao assentados no trono com Cristo, como Elle se assentou com seu Pai no sew trono. Observe qual é 0 grandc intento ¢ alvo de Deus em produzir e realizar essa mudanga: 1. Fim (0 ans oulrus: “...puru mostrar nos séculos vindou- (¥,7), para dar um cxcmplo ¢ prova da sua grande bondade e miserieérdia, para o eneorajamento dos peca- dores nos lempos futures. Observe: A bondade de Deus em converter e salvar peeadores no passado é um enco- rajamento para outros no futuro para que também a guardem na sua graca e misericérdia e recorram a elas. Os pobres pecadores deveriam sentir-se grandemente encorajados nesse designio de Deus. 0 que poderenos esperar de tamanha graca e bondade, das riquezas da graca e das abundantes riquezas da raga a que essa mudanca se deve? “..em Cristo Jesus", por meio de quem Deus mostra todo o seu favor e béngéos. 2. Com respeito aos proprios pecadores regenerados: “Porque somos feitura sua, criados em Crisla Jesus para as boas obras...” (v. 10). Parece que tudo vem da graca, por- que todas as nossas vantagens espirituais so de Deus. «..somos feitura sua”; ele se refere 4 nova criagio; néo apenas como pessoas, mas como santos. 0 novg homem ¢ uma nova criatura; e Deus é 0 seu Criador. E um novo nascimento, e nascemos da sua vontade. “..em Cristo Je- sus”, isto € por causa do que Ele fez e sofreu, ¢ pela in fluéneia ¢ operacao do seu bendito Espirito. “..para as boas obras”. O apéstolo anteriormente atribuiu essa mu- danca a graca divina (e no as obras), mas, para que néio entendessem que estava desencorajando boas obras, ele observa aqui que embhora mudanga nao deva ser atribu- ida ao esforco humano (porque somos feitura de Deus), ‘Deus, em sua nova criagdo, nos designou e preparou para as boas obras. Fomos “..criados em Cristo Jesus para as boas obras”, com um intento de sermos produti- vos nelas. Onde quer que Deus, pela sua graca, implant bons princfpios, eles sév destinados para boas obras. “..as quais Deus preparou”, isto é, deeretou e estabele- ceu. Ou, as palavras podem signifiear: Para as quais Deus de anlemiu nos preparou, isto 6, ao nos abencoar ‘com o conhecimento da sua vontade, e com 0 auxilio do seu Espirito Santo e ao produzir tal mudanga em nis “pura. que anddssemos nelas”. ou glorificdssemos a Deus por uma conversio exemplar e por uma perseve- ranga na santidade. cdo Miserdvel dos Efésios por Natureza 2 M18 A Condi Nesses versiculos, o apéstolo prossegue o seu relato accrea da condigao miseravel desses efésios por nature- za. “Portanto, lembrui-nos de que v6s...” (¥.11).Comose tivesse dito: “Vocés deveriam lembrar 0 que voces fo ram, para se humilharem e despertarem seu amor e gra- vy, 14-22 tiddio a Deus”. Observe: Peeadores convertidos deveri- am freqnentemente refletir acerea da pecaminosidade e miséria em que se encontravam antigamente. “..éreis gentios na carne”, isto 6, vivendo na corrupgio da sua natureza, ¢ sendo privados da circuncisao, 0 sinal exte- rior de uma vantagom na alianga da graga. Que eram «..chamados incircunciséo”. isto €: “Vocés foram re- preendidos e censurados por isso pelos judeus formais, que faziam uma profissao exterior e que nao olhavam alem dessa ordenanga exterior”. Ubserve: Uonfessores hipGeritas estau acustumados a se avaliar basicamente de acordo com os privilégios cxtcriores ¢ a ecnsurar ¢ desprezir outros que néin as possnem. O apéstola das. ercve a miséria da situagdo deles em diversas particula- ridades (v. 12). “Noutro tempo, enquanto eram gentios, e em um estado de néo convertidos, vocés estavam”: 1. “Em uma condi¢ao sem Cristo, sem 0 conheelmento do Mesias, ¢ sem um interesse salvador nele ou em relacéo a Elo”. Sabomos quo todos os pocadores no-convertidos, todos que esto destituidos de f, nao tém um interesse salvifieo em Cristo. Deve ser uma coisa triste e deplora- vel para uma alma estar sem Cristo. Sem Cristo, eles es- tavam: 2. “..coparadoe da comunidade do Ieracl”. Eles no perlenciam A igreja de Cristo e nfo Linkar comunkiio com ela, visto que isso estava confinado & nagéo israclita, E um imenso privilégio ser colocado na igreja de Cristo ¢ compartilhar com os membros dela as suas vantagens peculiares. 3. Eles so “..estranfos aos concertos da promessa”. 0 concerto da graca sempre foi o mesmo na sua esséneia, embora tenha passado por varios acrései- mos e melhoramentos nos diversos perfodos da igreja, e, por esse motivo, é aqui chamado de concertos. Cha- mam-se concertos da promessa, pelo fato de serem for- mados por promessas, e particularmente conterem a grande promessa do Mesias ¢ da vida elerna por meio dele, Os efésios, no seu paganismo, deseonheeiam esse concerto, nfo Lendo nenhuma informagio on abertura x cle; ¢ todos os peeadores nao regencrados deseonhecem esse concerto, pelo fato de nfo terem nenhum interesse nele. As pessoas que esto sem Cristo, e que nao tém in- teresse algum no Mediador do concerto, também nao tém nenhum interesse nas promessas desse concerto. 4. Essas pessoas no tinham esperanga, isto 6, além desta vida ~ nenhuma esperanca bem fundada em Deus, ne- nhuma esperanga de béncaos espirituais e eternas. A- queles que esto sem Cristo e desconhecem esse concer- to, no podem ter uma boa esperanea. Porque Cristo e 0 concerto sana hase 0 fundamento de todas as esperan- cas eristis. Eles cstavam cm um estado de distancia ¢ alienaglo de Deus: “sem Deus na mundo”; nfo sem al- gum conhecimento geral de divindade, porque adora- vam {dolos, mas vivendo sem uma relagto devida com Ele, sem uma dependéncia reconhecida nele, e sem um interesse especial nele. As palavras signifieam: ateistas no mundo; porque, embora adorassem muitos deuses, estavam sem o verdadeiro Deus. (0 apéstolo continua (v. 18) ilustrando a feliz mudan- ¢a que ocorreu no estado deles: “Mas, agora, em Uristo Tesus, wis, que antes estiineis longe...”. Fes estavam longe de Cristo, da sua igreja, das promessas, da espe- ranca crista e do proprio Deus. E, portanto, de tudo que €bom, semelhante ao filho prédigo no pais distante, Isso EFESIOS 2 foi apresentado nos versiculos precedentes. Pecadores nfio-convertidos se afastam de Deus, e Deus os mantém a certa distancia: Ele observa os orgulhosos de longe. “Mas, agora, em Cristo Jesus ete., apos a conversao, em virtude da sua unido com Cristo ¢ interesse nele pela fé, voeés $0 aproximaram dele”. Eles foram levados para perto de Deus, foram recebidos na igreja, inclufdas no concerto, tendo direito a todos os outros privilégios des- sa uniao. Observe: Os santos séo um povo proximo de Deus. A salvagio esta longe dos impios. Mas Deus é uma ajuda presente para seu povo; ¢ Isso devido aa sangue de Cristo, cm virtude dos scus sofrimentos ¢ morte. Cada peeador eonvertide sabe que sua proximidade de Deus e seu interesse nele sio decorréncia do sacrificio e morte de Cristo. AU io de Judeus e Gentios vy, 14-22 ‘Chegamos agora a ultima parte do capitulo, que con tém un relato dos grandes e poderusos privilégios que: as judeus © gentios convertidos reecbcram de Cristo, 0 péstolo mostra aqui que as pessoas que se encontravam ‘cm um estado de inimizade sio reconeiliadas. Havia uma grande inimizade entre os judeus e os gentios; 0 mesmo ocorre entre Deus e cada pessoa nio regenerada, Agora, Jesus Cristo 6 a nossa paz (v. 14). Ele obteve paz pelo seu proprio sacrificio. 1. Ble veio reconciliar judeus e gentios. “..de ambos os povos fez um”, ao reconeiliar esses dois grupos de pessoas, que estavam acostumados a difamar, odiar e censurar um ao outro. Ele derribou *...a parede de separagdo gue estava no meio”, a lei cerimonial, que provocava a grande inimizade entre eles ¢ era o simbolo da peculiaridade dos judeus, chamada de parede de se- paragao, cm alusio a divisio no templo, que separava 0 patio dos gentios da parte que somente os judeus tinham liberdade de entrar. Assim, “..na sua carne, desfez a ‘inimizade” (v. 15). Pelo seu sofrimento na carne, Ele ti- rou 0 poder obrigatorio da lei cerimonial (removendo dessa forma a causa da inimizade e distancia entre eles), que aqui € chamada de “...a lei dos mandamentos, que consistia em ordenancas”. Essa lei prescrevia uma 86- rie de ritos e ceriménias exteriores e consistia em mui tas instituigdes e compromissos concernentes as partes exteriores da adoracao divina. Ax cerimnias legais fo- ram anuladas por Cristo, sendo eumpridas nele. Ao tirar isso do caminho, Fle formou uma igreja de crentes, in- cluindo judeus ¢ gentios. Assim, eriou “...em #i mesmo dos dois um novo homem”. Ele formou desses dois par- tidos uma nova sociedade, ou um novo corpo do povo de Deus, unindo-os consigo mesmo como eabeca comurm. Eles foram renovados pelo Espirito Santo e agora se sub metiam a numa nova maneira de adoragao do evangelho, fazendo a paz entre esses dois grupos, em que reinava tanta diseérdia. 2. Existe uma inimizade entre Deus ¢ 08 pecadores, tanto judeus quanto genlios; e Cristo vein destruir essa inimizade e reeoneilid-tos eom Deus (v. 16). 0 pecado produ a diseérdia entre Deus e as pessoas. Cristo veio para acabar com essa rixa, ao reconciliar ju- deus e gentios, agora reunidos em um corpo, com um Deus afrontado € escandalizado. Isso ocorreu “pela 585, cruz”, ou pelo sacrificio dele na cruz, “..matando com ela ax inimizades”. Ele, sendo morto ou sacrifieado, acabou com a inimizade que havia entre Deus e os pobres peca- dores. O apéstolo continua ilustrando as grandes vanta- gens que os dois grupos tém pela mediagéo do nosso Se nhor Jesus Cristo (¥. 17). Cristo, que comprou a paz na cruz, veio, parcialmente na prépria pessoa, para os ju- deus, que aqui sao vistos como catando perto, e, em parte, em seus apéstolos, que comissionou para pregar o evan- gelho aos gentios, que estavam Longe, no sentido que foi dado anteriormente. Ele “...cvangelizou a paz”, ou pu hlieou os termos da reconeiliagto com Deus e da vida eterna, Observe aqui: Quando os mensageiros de Cristo anuneiam suas mensagens de verdade, isto, na verdade, lem o mesmo efeito como se Ele as anumeiasse. Lemos que Ele é pregado por eles, de tal modo que, a pessoa que os recebia, recebia a Ele, e a pessoa que os despre- zava (quando agiam de acordo com a sua comissio & anunciavam a sua mensagem) desprezava e rejeitava 0 proprio Cristo. O efeito dessa paz é o acesso livre que tanto judeus quanto gentios Lem para com Deus (v. 18): “..porque, por ele”, em seu nome e por meio da sua me- diagao, “...ambos temos acesso” a presenga de Deus, que tornou o Pai reconeiliado de ambos. 0 trono da gra: igido para que tenhamos a oportunidade e liberdade de nos aproximarmos dele. Nosso acesso é pelo Espirito Santo. Cristo comprou para nés a permissao para irmos Deus, ¢ 0 Espirito nos dé um eoragio ea forga para ir a Ele e graga para servir a Deus de maneira aceitével. Observe: Aproximamo-nos de Deus, por meio de Jesus Cristo, pela ajuda do Espirito. Por meio da converséo, 03 efésios tém o mesmo acesso a Deus que os judeus, e pelo mesmo Espirito, 0 apéstolo diz: “Assim que jd nao sois eatrangeiros, nom forasteiros” (x, 19). Isso cle meneiona em contraste com o que tinha observado deles no seu pa- ganismo: eles j4 nao eram mais separados da comuni- dade de Ierael. Os judeus estavam acostumados a consi dorar todas as outras nagoes da terra estrangeiros para Deus, mas agora eles também eram “...concidaddos dos Santos ¢ da familia de Deus”, isto é, membros da igreja de Cristo, @ Lendo direitn a todos os privilégios dela Observe aqui: A igreja é comparada a uma cidade, e cada peeador convertido esta livre do seu peeado. Ela também é comparada a uma casa, e eada peeador con- vertido faz parte dela, é membro da familia, servo e filho na casa de Deus, No versiculo 20, a igreja é comparada a un edificio. Os apdstolo & profelas so 0 fundamento desse edificio, Eles podem ser chamados assim em um sentido secundario, onde Cristo é 0 fundamento prinei- pal. Mas, nés temos de entender esse aspecto no contex- to da doutrina anuneiada pelos profetas do Antigo Tes- tamento e os apéstolos do Novo. Lemos entao: “..de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Nele, ju- deus ¢ gentios se retinem c constituem uma igreja; e Cristo sustenta o edificio pela sua forga: “..no qual todo oedificia, bem ajustado...” (v.21). Todos os crentes, que formam a igreja, estando unidos em Cristo pela f6, ¢ en. tre si pela caridade erista, “. erescem para templo san- to..", tornando-se uma sociedade sagrada, na qual ha muita comunhao entre Deus ¢ seu povo, como no templo, Naigreja eles o adoram e server, e Ele se manifesta no meio deles. Eles oferecem sacrificios espirituais a Deus, EFESIOS 3 wil ¢ Ble reparte suas héngaos e favores a eles. Assim, o edi- ficio, pcla sua naturcza, é um templo, um templo santo; porque a igrejaé o lugar que Deus escolheu para colocar oseu nome, ela se tornou um templo pela graca e forga obtida dele — no Senkor. A igreja universal sendo edifi- cada sobre Cristo como 2 pedra fundamental, ¢ unida em Cristo como a principal pedra da esquina, vem final- mente a ser glorificada nele como a pedra mais clevada: “no qual também v6s juntamente sois edificados...” (W. 22), Observe: Nao somente a igreja universal é chamada de templo de Deus, mas as igrejas locais também 0 sao. Cada crente verdadeiro é um templo vivo, um edificio “para morada de Deus no Espirito”. Deus habita em todos os erentes que se tornaram o templo de Deus por meio da operagio do abencoado Espirito, e essa moradia agora é uma garantia da moradia deles junto com Elena eternidade. CAPITULO 3 Esse capitulo compée-se de duas partes: I. Do rela- to que Paulo apresenta aos efésios de si mesmo, em que-ele é nomeada por Deus para ser a apdstalo das gentios (wy. 1-18). IT. Da sua oragio devota e apaixo- nada a Deus pelos efésios (vv. 14-21). Era pratica desse apéstolo misturar suas instrugies e conselhos, com intereessies ¢ oragées a Deus por aqueles a quem escrevia. Ele sabia que todas as instrugdes e ensinamentos seriam infiteis e vans easo Deus no cooperassc com cles, ¢ os tornassc eficazes. Esse é uum exemplo que todos os ministros de Cristo deve- riam seguir, orando seriamente para que a operagao cfieaz do divino Espirito cooperc com suas ministra- gbes e as eoroe com sucesso, Os Sofrimentos do Apéstolu. A Numeagav de Paulo como um Apéstolo. Os Labores de Paulo como um Apéstolo wy. 1-13, Temos aqui o relato de Paulo aos efésios em que foi designado por Neus apéstolo aos gentios. Podemos observar que ele os familiariza com as tri- bulagdes @ sofrimentos que suportou no desempe- nho do seu ministério (v. 1). A primeira cléusula refe- re-se ao capitulo anterior e pode ser entendida de duas maneiras: 1. “Por esta cuusu — por ter pregado a doutri- na contida no eapitulo anterior e por declarar que os grandes privilégios do evangelho pertencem nao somen- te aos judeus, mas lambén aos genius erentes no tenham sido cireuneidados -, sou agora prisioneiro, mas prisioneiro de Jesus Cristo, enquanto sofro na sua causa e por causa dele e continuo sendo seu servo fiel eo objeto da sua protegéo e cuidado especiais, enquanto es tou sofrendo dessa forma por Ele”. Observe: Se os ser- vos de Cristo se tornam prisioneiros, so prisioneiros dele. Ele nunca pensa o pior deles pelo mau nome que o mundo Ihes d, on o tratamenta perverso que recehem dele. Paulo dedicou-se a Cristo, e Cristo o possufa, quan- w1l3 do esteve na prisdo: “..por vds, os gentios”; os judeus 0 perseguiram eo aprisionaram porque era 0 apéatolo dos gentios e pregava o evangelhoa eles. Podemos aprender dizeo que oe minictros fidie de Cricto dovem minictrar as verdades dele, independentemente de quin desagra veis possam ser para alguns, e do que possam vir a sofrer por causa delas, Ou: 2. As palavras podem ser en- tendidas da seguinte maneira: “Por esta causa —visto que Jd nao sois estrangeiros, nem forastetros (como cap 2.19), mas estais unidos a Cristo ¢ aceitosna comunhao de sua igroja -, eu, Paulo, que sou o prisioneiro de Jesus Cristo, oro para que vés sejais capacitados a agir como pessoas favorecidas por Deus e feitas participantes des- ses privilégios”. Nés 0 encontramos expressando-se des- sa forma no versieulo 14, em que, depois da digressao coulida nus diversus versiculos inlervalados, ele continua om 0 que comegou no primeiro versiculo, Observe: Aqueles que receheram graga e henefivios nativeis de Deus neeessitam da oracéo, para que possam melhorar eavancar e continuar a agir como thes canvém. E, abser- vando Paulo devotando-se dessa maneira & oragio a fa- vor dos eféstos, enquanto era prisionefro, deveriamos aprender que nenhum sofrimento em particular deve nos tornar apreensivos e solicitos em relagao a nds mes- mos, a ponto de negligenciarmos a situacao dos outros em nossas stiplieas e oracoes a Deus. Ele fala novamente dus seus sufrimentos: “Purtunta, vos pegu que niu desfa- legaie nae minhas tribulagiee por v6e, quo wao a vosea gléria” (v. 18). Enquanto esleve na prisio, ele sofrew muito; e, embora fosse por causa deles que estava 60 rendo, ele nfo queria que fieassem desanimados nem tristes com isso, sabendo que Deus tinha feito coisas tio grandes por eles por mefo do seu ministério. Que preo- cupacao carinhosa ele tinha pelos efésios! O apéstolo pa- rece estar mais preocupado para que nao fiquem desani- mados e abatidos por causa das sas tribulagées do que com 0 seu préprio sofrimento; e, para evitar que isso aconteca, ele deixa claro que o seu sofrimento é a gloria doles, ¢ ndo sera de forma alguma um verdadeiro desen- corajamento se eles cousiderarem adequadamente a questio, visto que Ihes dava motivo para sc gloriarem se regozijarem A medida que isso revela a verdadeira es- tima e consideracio que Deus tem por eles, pelo fato de que Ele nfo s6 enviou seus apéstolos para pregar o evangelho, mas também para sofrer por eles e para con- firmar as verdades que anuneiaram pelas perseguigdes que passaram. Observe: Nao somente os ministros fiéis de Cristo, mas o seu povo também, tém motivos especia- is para se alegrarem e se regozijarem, quando sofrem por causa da ministragao do evangelho. TT] Saristot es diz que Deus odesiznou para casa posi¢do e o supriu e qualificou para tal, por meio de uma revelagéo especial a ele. 1. Deus o nomeou para o mi- nistério: “ge ¢ que tendes ouvido a dispensagao da gra- ca de Deus, que para convosco me foi dada” (v. 2). Eles poderiam nao ter ouvido acerca disso, e, portanto, ele nao intenta falar de maneira ambfgua. Bige ¢ as vezes uma particula afirmativa, e podemos traduzi-la da seguinte forma: Uma vez que vds ouvistes etc, Ble intitula o evan- gelho de a graga de Deus aqui (como em outros lugares) porque 6 0 dom da graga divina aos pecadores; & Lodas ax. EFESIOS 3 586 aberturas que ele faz, e as novas de alegria que contém, procedem de uma graga rica de Deus; e esse evangelho também é 0 grande instrumento nas maos do Espirilo por meio do qual Deus opera a graga na alma das pessoas. Fle fala da dixpensagin dessa yrava que The foi dada; le deseja deixar claro como foi autorizado ¢ comissionado por Deus para ministrar a doutrina do evangelho; essa comisséo e autoridade lhe foram dadas principalmente para o servigo aos gentios: “..para convosco”. E nova- mente, falando do evangelho, ele diz: “..dlo quad fui feito ministro...” (¥. 7). Aqui cle novamente deelara a sua auto- ridade. Ele foi FE7T0 ministro nao foi ele proprio que se fez ministro; ele nao tomou essa honra para si mesmo -e le foi feito assim “...pelo dom da graga de Deus”. Deus supriu @ proveu para o seu trabalho; e no desempenho desse Lrabalho, o Senhor o assisliu de maneira apropria- da com todas as dédivas c gracas neccssérias, ordinérias bextraardingrias Issa acarren “segunda a operagéa do seu poder”, nele préprio mais especificamente, e também em muitos a quem pregou, mostrando que seu trabalho no meio deles foi bem-sucedido. Observe: Quando Deus chama, Ele também supre por meio de um poder sobre- natural. Um operar eficaz do poder divino acompanha os dons da graca divina. 2. Tal como Deus 0 nomeou para o ministério, assim Ele 0 qualificou notavelmente para 0 mesmo, por meio de uma revelacdo especial. Kle mencio na lanl u mistério que foi revelado quanto a revelagio dele. (1) O mistério revelado é que “..08 gentios sto co-herdairns, ¢ de um mesmo corpo, ¢ participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (v. 6); isto 6, que de- veriam ser co-herdeiros da heranga celestial junto com os judeus crentes; e que deveriam ser membros do mesmo corpo mistico, ser recebidos na igreja de Cristo e ser be neficiados com as promessas do evangelho, da mesma forma que os judeus, e particularmente em relacao & grande promessa do Espirito. E isso em Cristo, sendo unido a Cristo, “..em quem todas as promessas sao sim amém”; ou, pelo evangelho, isto é, nos tempos do evange- tho, como alguns o entendem; ou pelo evangelho pregado aeles, ¢0 grande instrumento e meio pelo qual Deus ope- ra fé cm Cristo. Essa foi a grande verdade revelada aos. apéstolos, a saber, que Deus chamaria os gentios para a salvacao pela £6 em Cristo, e isso sem as obras da lei. (2) Ele fala da revelagdo dessa verdade (vv. 3-5). Aqui pode- mos observar que a uniao dos judeus e gentios na igreja do evangelho era um mistério, um grande mistério, que foi delineado no conselho de Deus diante de todos, mas que nao podia ser plenamente entendido por muitas ge- rages, até que o cumprimento dele expusesse as profe- ccias a esse respeito, Ele é chamado de mistério porque as ise peculiaridades dele (tais comoo tempo, maneira e meios como deveria ser cumprido) fo- yam ocultadas e mantidas em segredo por Deus, até que por meio de uma revelagdo imediata Ele as manifestou a0 seu servo. Veja At 26.16-18. E ele 6 chamado de o mis- tério de Cristo porque foi revelado por Ele (G11.12) e por- que se relaciona tanto com Ele. Acerea disso 0 apéstolo deu algumas dicas um pouco antes; isto é, nos capitulos anteriores. “..pelo que, quando ledes”; ou, como essas pa- lavras podem ser inlerpretadas: quando preslais wlen- do (néo basta apenas ler as Eserituras, se nao prestar mos atengio nelas, e nfo considerarmos seriamente 0 que 587 lemos nelas), “..podeis perceber a minha compreenséio th misiériy de Cristo”; eles poderiam pereeber como Deus o tinha preparado e qualificado para scr o apostolo 408 gentios; isso poderia ter sido para eles um sinal claro da sua auloridade divina. Este mistério, diz ele, “..0 qual, noutros séculos, néo foi manifestado avs filhos doa ko ‘mens, como, agora, tem sido revelado pelo Esptrito aos seus surttos upéstolos e profetas” (v. 5); isto é: “Liste misté- rio no foi téio plena c claramente deseoberto nos séculos antes de Cristo como é agora revelado aos profetas desse século, os profetas do Novo Testamento, que so imediata- mente inspirados c ensinados pelo Hspirito”, Precisamos reconhecer que a conversio do mundo gentflieo para a {6 em Cristo foi um mistério adoravel, e devemos agradecer a Deus por isso. Quem teria imaginado que as pessoas que estiveram tanto tempo na escuridao, ¢ tao distantes, f sem iluminadas com a luz maravilhosa e se aproximariam de Cristo? Precisamos aprender a nao nos desesperar di- ante do pior, o pior das pessoas ¢ o pior das nagies. Nada é dificil demais para a graca divina: ninguém é tao indigno que Deus nao possa derramar a sua imensa graga sobre ele. Quanto estamos de fato interessados nesse assunto? Afinal, vivemos nao somente em um tempo no qual o mis- tério etd revelado, mas, particularmente, fazemos parte das nagies que nos Lempos passilos eram estrangelras e forasteiras, ¢ vivlamos em densa idolatria. Hoje somos iluminados com 0 evangelho eterno ¢ participamos das cuts promessas! TIT 222%2t2t ies revels como ele foi colocado e mninistério, e isso com relagao aos gen- tios € a todas as pessous. 1. Com respeito aos gentios, ele lhes anuneiou “..as riquezus incompreenstveis de Cristo” (v. 8). Observe neste versieulo quio humildemente cle fala de si mesmo ‘equio favoravelmente fala de Jesus Cristo. (1) Quao hu- mildemente ele fala de si mesmo: “..A mim, 0 ménimo detodos 08 santos”. U apéstolo Paulo, que cra o principal dos apéstolos, chama-se de o m/nimo de todos os santos: ele se refere ao fato de ter sido anteriormente um perse- guidor dos seguidores de Cristo, Ele era, de aeordo com suta opinigo, o menor dos menores. Q que pode ser menos do que ominimo? Observe: Aqueles que Deus promove a servigos honraveis, Ele os humilha e os torna pequenos aos seus olhos; e, onde Deus da graca para ser humilde, i Ele dé todas as outras gracas. Também podemos ob- servar a maneira contrastante de o apéstolo falar de si mesmo e do seu ministério, Rnquantoexalla oseu minis- tério, ele préprio se humilha. Observe: Um ministro fiel de Cristo pode ser muito humilde, mesmo quando pensa e fala de maneira muito elevada e honrosa acerea de sua funcio sagrada. (2) Quao favoravelmente ele fala de Je- sus Cristo: “...a8 riquezas incompreensiveis de Cristo”. Hiium lesouro valiogo na miseriesrdia, gragae amor, ar- mazenado em Cristo Jesus, tanto para os judeus quanto para os gentios. Ou, as riquezas do evangelho so aqui vistas como as riquezas de Cristo: asriquezas que Cristo comprou para todos os erentes. Essas edo riquezas in sondaveis, que a sagacidade humana jamais poderia deseobrir e as pessoas nao conseguiriam obter de outra forma se nao fosse por revelagdo. Agora o trabalho do ap$stolo visava anunciar essas riquezas incompreenst- EFRSIOS 3 w. 118 veis de Cristo entre os gentios. Este era um favor que ele valorizava grandemente e o considerava uma honra inexprimivel: “A mim [...] me foi dada esta graga; esse favor especial Deus concedeu # criaturas {do indignas como eu”. It um favor inexprimivel ao mundo gentio ver as riquosas incomprocnsiveis de Cristo sendo pregadas ale. Embora muitos permanegam pobres ¢ néo sejan enriquecidos com essas riquezas, precisamos reconhe- cer que é um favor vé-las anunciadas ¢ oferecidas a nds; 6, se ndo somos enriquecides por meio delas, a culpa € toda nossa, 2. Com respeito a todos (¥, 9). Seu trabalho e dever era“ demomstrar «todos (promulyar e Lornar eonheei- do em todo mundo) qual seja a dispensagdo do mistério (que os gentios, que tinham sido até entao estrangeiros para a igreja, fossem adiilidos & comunhao dela), que, desde os séeulos, esteve oculto em Dews (mantido om se gredo quanto a0 seu propésito), que tudo criow” [em Jesus Cristo). Nesse sentido, lemos em Joao 1.3: “Todas a8 coisas foram feitas por ele, ¢ sem cle nada do quo for ‘feito se fez”. Portanto, nao 6 de admirar que Ele salva gentios e judeus, porque Ele é 0 Criador comum de am- bos. E podemos coneluir que Ele ¢ capaz de realizar a obra da redengao deles, pelo fato de Ele também ter sido capaz, de completar a obra da criagdo. Tanto a primeira cringfio, quando Deus fez tudo do nada, como a nova eria- go, em que os pecadores se tornam novas criaturas pela graca transformadora, sio de Deus em Jesus Cristo. 0 apéstolo acr para que, agora, pela igreja, a ‘multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos prin- cipados e potestades nos céus” (v, 10), Esta era uma en- tre outras coisas que Deus tinha em mente ao revelar esse mistério: que os anjos bons, que tém uma preemi- néneia em governar os reinos e principados do mundo, € que sao investidos com grande poder para realizar a vontade de Deus nesta terra (embora seu lar habitual seja no eéu), sejam informados do que estd acontecendo na igreja e do que é feito nela e por ela, de acordo com a multiforme sabedurin.de Dens; isto 6, da grande varieda~ de com a qual Deus sabiamente administra as coisas, ou da sua sabedoria manifestada nas muitas maneiras e mé- todos que usa para ordenar sua igreja nos diversos perio- dos dela, especialmente em receber os gentios ncla. Us santos anjos, que observam minuciosamente o mistério da nossa redengau em Cristo, nu poderiam deixar de notar essa ramificagio desse mistério, de que as inson diveis riquezas de Cristo so pregadas entre os gentios, E isso ocorre “..segunudo o eterno propdsito que fez emt Cristo Jesus, nosso Senhor” (v. 11). Alguns traduzem as palavras kata prothesin ton aionon da seguinte forma: segundo a pré-disposicdo das geragies que fez ete. 0 Dr. Whitby diz: “No inicio das geraeses, Deus em sua sabe- doria achou por bem dar a promessa de um Salvador an Adao caido. Na segunda geracdo, aprouve-lhe tipificé-lo cereveli-lo aos judeus por meio de pessoas, ritos e sacri- fieios sagrados; e na geracio do Mesias, ou na iiltima geracio, achou por bem revelé-lo aos judeus e pregé-lo ‘aos gentios”, Outros interpretam esse texto, de acordo com a nossa tradu ‘oneernente ao eterno propésito que Deus propés de realizar em Jesus Cristo, e por meio dele, 0 que Ele completou no grande acontecimento da redengiin do homem, de acordo com o seu eterno decre- wy. 14-21 to acerca dessa questao. O apéstolo, tendo mencionado nosso Senhor Jesus Cristo, aevescenta a respeito dele: “..no qual temos ousadia e acesso com confianca, pela nosea fé nelo” (v. 12), ou saja: “Por (ou através) de quem temos liberdade de abrir nossa mente livremente a Deus, como nosso Pai, e uma persuasao bem fundada de sermos recebidos e atendidos por Ele; e isso por meio da £6 que temos nele, como nosso grande Media. dor # Advogado”. Podemos chegar com humilde on dia diante de Deus, sabendo que o terror da maldicéo foi ahotido; e pademos esperar hoas @ confortiveis pa- lavras dele. Podemos falar com confianca a Deus, sa- hendo que temos um Mediador entre Deus e nés, e um Advogado com o Pai. A Oragiio do Apéstolo wy. 14-21 Chegamus agora a segunda parte desse capitulo, gque eontém a oragio devota e apaixonada de Paulo a Deus pelos seu: sa disso...” © que pode se referir ao versiculo anterior: “..que nao desfalegais” ete., ou, melhor, o apéstolo est aqui retomando o que tinha comecado no primeiro versi- culo, de onde divagou para os versiculos que se inter- poem. Observe: A quem ele se dirige em oragao: a Deus, como “...0 Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (veja cap. 1.3). I Sua postura exterior, humilde e reverent ponio de juelhos". Observe: Quando nos aproxi- mamos de Deus, devemos revereneié-lo em nosso core- 40 e expressar nossa reveréncia da maneira mais apro- priada e conveniente. Quando menciona Cristo, 0 apés- tolo no pode deixar de dar um louvor honroso ao seu amor (v. 15), A igreja universal tem uma confianga e se- guranga no Senhor Jesus Cristo: “...do qual toda a fami- lia nos céus e na terra toma o nome”. Os judeus estavam habituados a ter orgulho de Abraao como o pai deles, mas, agora, judeus e gentios sio nomeados de acordo com Cristo (de acordo com alguns). Outros entendem que o texto se refere aos santos no eén, que vestem a co- roa da gléria, ¢ aos santos na terra, que avangam na obra da graga aqui. Os dois grupos formam somente uma fa- miflia; ¢ dele recebem o nome de CRISTAOS, como de fato sio, reconhecendo sna dependéneia de Cristo e ligagao com Ele. Il 0 que 0 apéstolo pede a Deus para esses seus amigos: béngaos espirituais, que sao as melho- res béngios, ¢ que deve cauiente: Luseatlas em oragio por todos nés, para nés mesmos ¢ para nossos amigos. 1. Forga espiritual paras obra A qual foram eho mados ¢ qual se dedieavam: “..para que, segundo as riquezns da.sua gléria, nos conceda que sejais corrabo- rados com poder...”. O homem interior é 0 coragéo ou alma, Ser corroborado com poder é ser fortalecido pode- rosamente, muito mais do que no momento atual: ser in- vestido com um alto grau de graga e habilidades espir tuais para cumprir 0 dever, resistir tentagées, suportar EFESIOS 3 588 perseguicdes etc. E o apéstolo ora para que isso possa ser segundo as riquezas da sua gléria, ou segundo suse riquezas gloriosas - responsdvel pela abundancia de graga, misericdrdia © poder, que habita om Deus, © om sua gloria: ¢isso pelo seu Espirito, que éo operador ime- diato da graga na alma do povo de Deus. Observe o se guinte: A forca do Bspirito de Deus no homer interior & amelhor ¢ mais desejosa forga, ¢ forea na alma, ¢ forga da fé e outras gragas, é forga para servir a Deus e fazer nosso dever € a perseverar em nosso curso cristéo com vigor e alegria. E vamos também observar que como a obra da graca comecou, assim continua pelo bendita Espirito de Deus. 2. A habitagao de Cristo no coragdo deles (v. 17), Lemos que Cristo habita em seu povo, es- tando sempre presente com eles por meio da sua gracio- sa influéneia ¢ operacav. Observe. B uma euisa agradlé- vol tor Cristo habitando om noseo eoragao; ¢ ae a lei de Crisin esté eserita no coragio, ea amor de Crista 6 dere ramado nele, entao Cristo habita nele. Cristo habita na ulma de cada cristéo. Onde seu Espirito habita, 14 Fle também habita. E Ele habita no coragio pela £6, por mela do exercteio continuo da fé nele. A fé abre a porta da alma para reeeber a Cristo. A fé 0 aceita e se submete a Ele. Pela £é somos unidos com Cristo e temos interesse por Ele. 3. 0 estabelecimento de afeicdes piedosas e de- votas na alma: “...estando arraigados e fundados em amor”, firmemente estabelecido no amor a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e a todos os santos, of amados do nosso Senhor Jesus Cristo, Muitos apresen tam um certo amor por Deus e pelos seus santos, mas é um lampejo, semelhante ao estalar de espinhos debaixo da panela; faz muito barulho, mas logo se dissipa. Dev mos desejar sinceramente que as boas afeigées sejam estabelecidas em nés, para que sejamos arraigados ¢ fundados em amor. Alguns entendem tratar-se aqui do amor de Deus por eles, cue os inspiraria com maior fe vor do amor santo a Ele e uns aos outros. E quao desejé- vel é ter uma percepcao segura do amor de Deus e Cris- to em nossa alma, para que possamos dizer com 0 apos- tolo a cada momento: Ele me anou! A melhor maneira dese obter isso é euidar para manter um amor constante por Deus em nossas almas. Essa seré a evidéneia do amor de Deus om nés. “Ns 0 amamos porque ele nos amou primeiro” (veja 1 Jo.4.19). Por isso ele ora: 4. Pelo conhecimento experimental do amor de Jesus Cristo, Quanto mais intima for nossa eompreensdo do amor de Cristo em nés, tanto mais nosso amor seré estendido a Ele e aqueles que pertencem a Ble, por causa dele: Para aue possam “..perfeitamente compreender, com todos os santos...” (vv. 18,19); ou seja, entender de forma mais clara, e crer de maneira mais firme, no maravilhoso amor de Cristo, que os santos compreendem e eréem até umn cerlo ponto ¢ entenderao mais no futuro, Os cristins nao deveriam ter como alvo eompreendcr além de todos os santos; mas deveriam estar contentes que Deus lida com cles como costuma fazer com aqueles que amam ¢ temem o seu nome. Deverfamos desejar compreender com todos os santos, de ter tanto conhecimento quanto é permitido aos santos ter neste mundo. Deveriamos ser ambiciosos em aleangar os trés primeiros; mas ndo de- veriamos querer ir além da medida da estatura de ou- tros santos. [} impressionante observar quao magnifica- 589 mente o apéstolo fala do amor de Cristo. As dimensées do anor redentor sao adiniraveis: “..a largura, e 0 com- primento, e a altura, e a profundidade”. Ao cnumerar essas dimens6es, 0 apéstolo intenta indicar a grandeza extraordinaria do amor de Cristo, as riquezas insonda- veis da sua sabedoria, que é“..como as alturas dos céus [..] mais profunda é ela do que o inferno, mais compri- daé a sua medida do que a terra; e mais larga do que o ‘mar’ (J6 11.8,9). Alguns deserevem as particularidades da seguinte forma: Com a largura desse amor, podemos entender a extensao dele em todas as épocas, nagées e posigdes dos homens. Com 0 comprimento desse amor, podemos entender sua continuidade de eternidade a eternidade. Com a profundidade desse amor, podemos entender que ele se dobra a condigao mais baixa, com 0 des{gnio de aliviar e salvar aqueles que se afundaramn nas profundezas do pecado e da miséria. Com a altura desse amor, podemos entender que ele nos eleva 2 felici- dade e gloria celestiais. Deverfamos desejar compreen- der cada vex mais desse amor. Esse é 0 caréter de todos ‘os eantos; porque todos eles tém uma satisfacao e confi- anga no amor de Cristo: “..¢ comhecer o amar de Cristo, que excede todo entendimente” (v, 19). Se esse amor ex- cede todo entendimento, como podemos conheeé-lo? De- vernos orur # esforgar-nos para conhecer algo dele, e de- vemos ansiar e empenhar-nos em conhecer cada vez mais, embora, depois do melhor esforgo, ninguém real- menle possa compreender plenamente esse amor: na stia extensio plena ele excede todo 0 entendimento. Embora o amor de Cristo possa ser mais bem pereebido ihecido pelos cristéos do que geralmente é, mesmo assim, no pode ser completamente entendido deste lado do edu. 5. Ele ora “..para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. Essa é uma expressao importan- te: no deveriamos ousar usé-la se néo a encontrasse- mos nas Eserituras. Ela é semelhante as outras expres- ses, ser participantes da natureza divina e ser perfei- to, como 6 perfeito 0 vosso Pai. Nio devemos entender isso da sua plenitude como Deus em si mesmo, mas da sua plenitude como um Deus em concerto conosco, como um Deus para 0 seu povo: esse tipo de plenitude Deus esta pronto a conceder. Fle esté disposto a encher-nos até a plenitude com todos esses dons e gracas de que ne- cessitamos. Pode -se dizer daqueles que recebem graca por graca da plenitude de Cristo que estén cheios de, toda a plenitude de Deus, de acordo com a sua capacida- de, para que cheguem a um grau mais elevado de enten- dimento e gaz de Deus #4 completa submissio a Ble. 0 apéstolo termina o capftulo com uma doxologia (vv. 20,21). E apropriado concluir nossas oragdes com Iouvores. Nosso henlilo Salvador nos ensinou a fazer isso. Observe como ele descreve Deus, e como atribui gloria a Ele, Ele o desereve como um Deus que “...€ po- deroso pura fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”. Existe uma plenitude inesgotavel de graga e miserie6rdia em Deus que as oragdes de todos os santos nunca podem esgotar. Qualquer coisa que pedirmos, ou pensarmos em pedi, Deus é poderoso para fazer muito mais, abundante- mente mais, infinitamente mais. Abra a sua boca o ma- ximo que puder, ¢ le eontinuara tendo recursos para enché-la. Observe: Em nossas petigies a Deus deveria- FFRSIOS 4 we M421 mos estimular a nossa fé lembrando-nos da sua comple- ta suficiéneia e pleno poder. “..segundo o poder que em née opera”. Como se dissesse: J4 tivemos uma prova desse poder de Deus, quanto ao que fex por nis, lendo nos vivificado pela sua graga e nos convertido a Ele mesmo. U poder que continua operando nos santos est, de acordo com o poder que Linha manifestado neles. Sempre que Deus nos da asua plenitude, Ble a dé para podermos experimentar o seu poder. Apds deserever a Deus, ele atribui gléria a Ele. Quando pedimos graga da parte de Deus, devemos dar gloria a Ele. “..a ease gloria na igreja, por Jesus Cristo”. Ao atribuir gloria a Deus, atrihuimos toda exceléneia e perfeicao a Ele. Observe: A base dos louvores de Deus esté na igreja. O pequeno louvor que Deus recebe do mundo vem da igreja, uma sociedade sagrada constituida para gloria de Deus. Cada membro em particular, judcu ou gentio, coopera nessa obra de louvar a Deus. O Mediador des- ses louvores é Jesus Cristo. Todos os dons de Deus vém dele por meio da mao de Cristo; ¢ todos os nossos louvo res passam de nés para Deus por meio da mesma mio, E Deus deve ser louvado e sera louvado dessa forma “..em todas as geragées, para todo o scnepre”. Porque Ele sempre ter uma igreja que o louvard e sempre ter seu tributo de louvor da sua igreja. “Amdém.” Que assim soja; ¢ assim eertamente sera, CAPITULO 4 Examinamos a primeira parte dessa epistola, que consiste om diversas verdades doutrinsirias impor- tantes (caps. 1-3). Entramos agora ma segunda parte dela, na qual encontramos a exortacéo mais, significativa e séria que pode ser dada. Podemos observar o seguinte: como na inaioria das epistolas de Paulo, a primeira parte é doutrindria e adequa- da para informar a mente das pessoas acerea das grandes verdades e doulrinas do evangelho. A se- gunda parte é pratica e designada a dar dirceiona. mento a vida e aos costumes das pessoas. 0 objeti- vo & que todos os eristos sejam levados a empe- nhar-se em aleangar a integridade c solidez na fé¢ aregularidade na vida e pritiea. Na primeira par- te, lemos a respeito dos privilégios cristidos, que servem para 0 nosso consolo. Agora ouviremos, acerea dos deveres eristiios e do que o Senhor, nos- so Deus, requer em relacdo a esses privilégios con- cedidos a nés. A melhor maneira para entender os mistérios e participar dos privilégios dos quais le- mos anteriormente é praticar de maneira consci ente os deveres c obrigagoes preseritos nos préxi- mos capftulos. Uma consideragio séria acerca das doutrinas que nos foram ensinadas nos capftulos anteriores ser um bom fundamento sobre 0 qual podemos edificar 1 prética dos deveres preserilos nesses capftulos seguintes. A fé crista e a prética crista se complementam ese ajudam mutuamente. Nexse capitulo Iemos diversas exortagies acerca de importantes deveres. I. Uma exortagéo mais geral (v. 1). IT. Uma exortagao para o amor miituo, unidade ¢ harmonia, com 0s meios e motives apro- wl priados para fomenté-los (vv. 2-16). IIT. Uma exor- tagio 4 pureza eristi e santidade de vida: de modo mais geral (vy. 17-24) ¢ por meio de diversos e plos particulares (vy. 25-32). tke Fstimulo @ Constancia vl Essa é uma exortacao geral para que andemos de acordo com a nossa fe erista. Paulo era agora um prisio- neirvem Roma, ¢ele era “..o preso do Senor”, ow nv Se~ hor; 0 que signifiea para 0 Senhor (cap. 3.1). Ele meneio- na isso diversas vezes, para mostrar que nao estava en- vergonhado das suas correntes, eiente de que nao estava sofrendo como malfeitor. Do mesmo modo, ele deseja re- comendar o que esereveu com a maior ternura e com uma vantagem especkal, Fle achava que essa dontrina era dig- na de sofrimento, e, portanto, eles deveriam refletir acer- ea dla de maneira séria 0 respeitasa, Tomas aqui a peti- cio de um prisioneiro necessitado, um dos prisioneiros de Cristo: “Rago-vos, pois, eu, 0 preso do Senhor ete. Consi- derando o que Deus fez por vés, € a condigao e posic para a qual vos chamou, como foi anuneiado anteriormen- te, venho agora com um pedido sério (néo para que me envieis socorro, nem que useis vossa influéneia para ob- ler a minha liberdade, a primeira cvisa que prisioneiros neeessitados esto habituados a solicitar dos seus ami gos), de que vos mostreis & allura das verdadeirus eris ‘ios, c vivais a altura da vossa profissfio de £6 ¢ chamado. Que andeis coma & digno, agradivel e apraprinda em re- Jaco a essas circunstincias felizes As quais a graca de Deus vos levou, convertendo-vos do paganismo para o cristianismo”. Observe: Os cristios precisam se ajustar ao evangelho para o qual foram chamados e para a gloria para a qual foram chamados. Ambos sao a vocacao deles. Somos chamados para 0 reino e a gléria de Deus. Portan- to, devemos prestar atengao nesse reino e gléria e andar como e fossemos herdeiros del Exortagao a Unidade. Persuasdes em relagao a Unidade w. 2416 Aqui o apéstolo passa para exortagdes mais espeeifi- cas. Duas delas ele trata detalhadamente nesse capitu- Jo: A unidade e ao amor, e & pureza e & santidade, que os cristéos devem considerar com afinco. Nao andamos “como 6 digno da vocagdo com que fostes chamados” se ni formos amigos fidis de todos os eristéos, ¢ ini gos declarados de todo peeado. Essa sega contém a exortacao ao amor, unidade e acordo mituo, com os meios e motivos apropriados para. fomenté-los. As Eserituras tratam desse assunto com insisténcia e seriedade. 0 amor € a lei do reino de Cristo, aligio da sua escola, a provisio da sua familia, Observe: (Os meios da unidade: “..humildade emansidao, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor’ (v.2). A humildade traz consigo a idéia de pensa- mrentos humildes acerca de nds mestuos, que & v euutrério EFESIOS 4 590 de orgulho. Mansiddo significa uma disposigéo de alma que faz com que as pessoas nao estejam dispostas a pro- vucar us vulrus; elas lannbém nav sau faciliwenle provoca- das ou ofendidas. A mansiddo é oposta a ressentimentos irados e A impertineneia. Longanimidaude envolve a idéia de suportar com paciéneia a injustiga, scm buscar a vin- ganga “ suportanda-nos uns ans outros em amor” sig. nifiea suportar as fraquezas dos outros devido ao prinei- pio de amor, e no deixar de amd-los por causa disso. Os melhores cristéos devem suportar uns aos outros, para estimular 2 graca Uns nos outros € nao as suas paixoes. Encontramos muitas coisas em nés que s40 diffceis de perdoar. Portanto, quando temos difieuldade em perdoar 0s outros por aquilo que fizeram, nao podemos esquecer que devemos perdod-los como perdoamos a nés mesmos, Sem essas coisas a unidade nao pode ser preservada. 0 primeiro passo para aleangar a unidade ¢ a humildade. Sem humildade nao havera mansidao ou pacténcta; e sem {aso nd haverd unidade. Orgulho e paixéo quebram a paz # eausam mnito dana, Humildade e mansidaa restauram apazea mantém. A contenda é conseaiiéncia do orgulho. Somente por meio da humildade vem o amor. Quanto mais humildes formos, mais unidos seremos, Nao anda- mos como é digno da voeacao com que fomos chamados se no somos mansos ¢ humildes de coracao: porque aquele por quem somos chamados e para quem somos chamados era couhecido pela sua mansidao e humildade de coragiv. Ele nos deixou a ordem para aprendermos dele, TT Aimsrens sess ida que o apsstol poser ve: 6 “a unidade do Espirito” (v. 3). A base da unidade crista est no coracio ou no espirito. Ela no esté ‘num conjunto de pensamentos, nem em uma forma ou modo de adoracao, mas em um coragao e alma. Essa uni- dade de coracao e afeigao vem do Espirito de Deus. Ela é operada por Ble e é um dos aspectos do fruto do Espirito. Deveriamos nos esforgar em manté-la, “..procurando” (esforgando-vos, versio RA) é uma palavra do evangelho. Devemos fazer 0 nosso melhor. Se os outros procuram contender conosco, devemos fazer Lodo 0 possivel para no contender com eles. Se os outros buseam nos despre zar e odiar, nao devemos fazer a mesmo. “pelo vineula da paz”. A paz.é um vinculo, visto que une pessoas e as faz viver de maneira amistosa umas com as outeas. A disposi. cdo e a conduta pacificas unem os cristéos, enquanto di- vergir e contender dispersam e desunem os coragées. Muitos ramos finos, se amarrados juntos, se tornam for- tes. O vineulo da paz 6 a forga da sociedade. Nao 6 que de- ‘vamos imaginar que todas as pessoas boas, e que todos os membros de sociedades devem eer em todas as coisas igualmente justos ¢ ter o mes mas 0 vineulo da paz os une, com um néo obstante a cles. Em um monte de varas pode haver diferentes tamanhos e grossuras; mas, quando esto amarradas juntas por um elo, tarnam-se muito fortes, mais do que a vara mais grossa e forte desse monte. I I I Os motivos corretos para fomentar essa unida- de e harmonia cristas. O apéstolo frisa diver- 0s motivos para nos persuadir a alcancar essa unidade. 1. Considere as unidades que sa0 a alegria e gloria da ossa profissau crista, Deveria haver un coragao; porque 591 “..hd um 86 corpo e um s6 Espirito” (w. 4). Dois eoragies em um corpo seria algo monstruoso, Se houver apenas um corpo, tudo que pertence a esse corpo deve ter um co- ragio. A igreja universal é um corpo mistico de Cristo, e unlos ox bons eristios formam um s6 corpo, ligados por uma carta magna, o Evangelho, vivificados por um Espi- rito, omesmo Espirito Santo que pelos seus dons e gracas estimula, anima e governa esse corpo. Se pertencemos a Cristo, somos todos impulsionados pelo mesmo Espirito, ¢,portanto, devemos ser um. “como também fostes cha- mados ent uma. 36 esperanca da vossa vocagdo”. A espe- ranga cst aqui no objeto, a coisa que se espera, ou scja, a heranga celestial. Somos chamados para essa esperanca. Todos os cristaos so chamados para a mesma esperanca davida eterna, Ha um Cristo que ¢ 0 motivo da esperanca de todos, e um eéu, que todos esperam aleangar: Portanto, eles devem ser um s6 coracio. “..um 56 Senkor” (v. 5), isto 6, Cristo, a eabeca da igreja, a quem, pela nomeagao de Neus, todas os cristo esto imediatamente sujeitos. “uma 86 fe". isto 6, evangelho, contendo a doutrina da {6 crista; ou, ela 6 a mesma graga de fé (fé em Cristo) por mein da qual todos sé salvos, “am 96 batisme”, por meio do qual professamos nossa fé, sendo batizados no nome do Pai, do Filho ¢ do Espirito Santo, e, assim, 0 mesmo paclo sacramental, por meio do qual nos unimos a0 Senhor Jesus Cristo. “..wm 96 Deus € Pai de todos” (v. 6). Um Deus que considera filhos seus todos os verdadei- 10s membros da igraja. Ble é 0 Pai de todos esses por melo de uma relagéo especial, como 6 0 Pai de todas as pessoas pela criagio. Ele est “...sobre todos”, pela sua esséncia, e com respeito as perfeigies gloriosas da sua natureza, tem dominio sobre todas as eriaturas e especi- almente sobre a sua igreja; “..e por todos”, sustentando e governando-os pela sua providéncia; “..e em todos”, to- dos 0s erentes, cm quem Ele habita como scu santo tem. plo, pelo seu Espirito e graca especial. Se hd tantas wni- dades, é uma pena se nao houvesse mais uma — um cora- io ou uma alma, 2. Considere a variedade dos dons que Cristo tem concedido aos cristaos: “Mas a graca foi dada a cada um de née segundo a medida do dom de Cristo” (¥. 1). Emhora os membros da igreja de Cristo eoncordem em tantas coisas, existem, no entanto, algumas em que dife- rem: mas isso nao deve criar diferenea de afeto entre eles, uma vez, que todos se originaram do mesmo autor generoso e estao destinados aos mesmos grandes fins, Cada um dos cristaos reeebe graga, um certo dom da raya, em cerlo género ou grau, para nos ajudarmos mutuamente. Cada ministro recebe uma porgao da gra- alguns o Senhor di uma medida maior de dons, a outros, uma medida menor: Os diferentes dons dos mi- nistros de Cristo geraram grande disputa e contenda entre os primeiros eristdos: uns eram a favor de Paulo, outros, de Apolo. 0 apéstolo mostra que eles ndo tinham motivos para contender acerea dos dons, mas todos os motivos do mundo para concordar no uso conjunto deles, pela edificacao comum; porque tudo foi dado “...segundo amedida do don de Cristo”, na medida que Cristo acha vaideal para eada um. Observe: Tados os ministros, e to- dos os membros de Cristo, devem os seus dons e gracas a Ble, Esse 6 um bom motivo para nos amarmos muta. mente, porque “..a graca foi dada a cada wm de nds”. EFESIOS 4 wy. 2-16 ‘Todos aqueles a quem Cristo deu graga e concedeu se dons (embora sejam de diferentes tamanhos, nomes & sentimentos) devem amar uns aos outros. 0 apéstolo aproveita esse momento para especifiear alguns dos dons que Cristo concedeu. 0 apéstolo deixa claro que Cristo Ihes concedeu dons pelas palavras de Davi cm que predisse isso acerea dele (S1 68.18): “Pelo que diz (v. 8), isto é, o salmista disse: Subindo ao alto, levou eativo 0 cativeiro ¢ dew dons aos homens”. Davi profetizou acerea da ascensfo de Cristo; ¢ 0 apéstolo diseorre a esse respeito aqui e nos trés versiculos seguintes. Si bindo ao alto. Podemos entender 0 apéstolo referin do-se ao lugar para o qual subiu na sua natureza huma- na, isto é, 05 altos céus, e especialmente do estado para o qual Ele avangou, sendo exaltado de maneira sublime, ¢ altamente glorificado pelo Pai. Vamos pensar agora na ascensao de Jesus Cristo. 0 nosso bendito Redentor, apés ressuscitar dos mortos, foi para o eéu, onde esti as- sentado a direila da Majestade, nas alluras. Isso com- pleta a prova de que era o Filho de Deus. Sabemos que os grandes conquistadores andavam nos seus earros tri- unfantes, sendo assistidos pelos ealivos mais lustre lee vados em correntes; eles estavam habituados a distribu- ir sous presentes e recompensas do seu triunfo entre os soldailos ¢ outros espectadores. 0 mesmo ocorreu com Cristo, quando ascendeu ao eéu, como um eonquistador triunfante, levando cativo o cativeiro. E uma frase usa- da no Antigo Testamento que significa a vitéria sobre os inimigos, especialmente sobre eases que anteriormente tinham levado outros cativos (veja Jz 5.12). Cativeiro significa aqui todos os inimigos espirituais, que nos leva- ram ao eativciro anteriormente. Ele eonquistou aqueles que nos tinham conquistado, ou seja, o pecado, o Diaboe a morte. Na verdade, Ble triunfou sobre eles, na cruz. Mas, o triunfo foi completado na sua ascensdo, quando se tornou Senhor sobre todos ¢ recebeu as chaves da morte e do inferno nas mos. “..e dew dons aos ho- mens”. Lemos nos Salmos: *...recebeste dons para os ho: mens” (S168.18). Ele recebeu para eles uma grande me- dida de dons e gracas. Ele enriqueceu seus disefpulos de uma forma especial com 0 dom do Espirito Santo. O apéstolo, ao falar da ascensio de Cristo, observa que “..antes, tinha descido” (v. 9). Como se tivesse dito: “Quando Davi fala da ascensio de Cristo, ele mostra 0 conhecimento que tinha da humilhacao de Cristo na ter- ra; porque, quando é dito que Ele subiu, isso implica que Ele primeiro desceu. Acaso, isso nao é uma prova ou de- monsLragao de que Ele fez isso?” “0s purles mais bui- tas da terra”, [530 pode se referir & sua encarnagio, de acordo com Salmos 139.15: “Os meus ossos nao te foram encobertos, quando no oculto fui formado ¢ entretecido como nas profundezas da terra”; ou a0 seu sepultamen- to, de acordo com Salmos 63.9: “..agueles que me que- rem matar desceréo para 0 mundo dos mortos”. Ele chama sua morte (de aeordo com alguns dos pais) assim: sua deseida as partes mais baivas da terra. Ele deseeu A terra na sua encarnagdo. Ele desceu as profundezas da terra cm seu sepultamento, “Como Jonas cstove trée dias e trés noites no ventre da baleia, assim estavao Fi- tho do Homem no seio da terra” (veja Mt 12.40). “Aque- To que doscou 6 também o mesmo que subvu acima deto- dos os eéus” (v.10), muita avima do eéu atmastérien es we 216 trelado (que é visivel), para o eéu dos céus; prir (udu us cvisas” & abengoar todos os membros da sua igreja, com done e gragas proprios para suas diver- sas coudigies esituagGes. Observe. Nussu Seabur hui Ihou ac primeiro, para cntao cer cxaltado. Elo deseo primeiro, enn subiu. 0 apéstolo entdo nos relata quais foram os dons de Cristo na sua ascensiio: “E ele mesmo dew uns para apéstolos..” (v.11). Na verdade, Ele envi- ow alguns desses antes da sua ascensio (Mt 10.1.5), mas um fot aerescentado depois (At 1.26). E todos eles foram mais solenemente cmpossados ¢ publicamente confir- mados, om seu oficio, pelo seu derramar visivel da Espf- rito Santo de uma forma extraordinaria. Observe: 0 grande dom que Cristo deu 4 igreja na sua aseensio foi o ministério da paz e da reconciliagdo. 0 dom do ministé- rio 60 fruto da aseensao de Cristo. E ministros tem seus varios dons, que séu Ludus dadus pelu Senlur Jesus. Os ministros que Cristo deu a sua igreja cram de dois tipoe 08 extraandindrias, investidos de um ol igreja: tais eram apéstolos, profetas evangelistas, Us apéstolos eram os dirigentes. Cristo os investiu com dons extraordindrios, poder para operar milagres ¢ uma. infalibilidade para anunelar sua verdade. Tendo eles sido testemunhas dos seus milagres e doutrina, Ele os enviou a espalhar o evangelho e a implantar e governar igrejas. Os profetas expunham os escritos do Antigo ‘Testamento e prediziam as coisas do futuro. Os evange- Tistas erain pessuas ordenadas (2'Tm 1.6) que 0s aposto- los levavam como companheiros de viagem (GI 2.1), ¢ 05 enviavam para eslabelecer igrejas que eles, os apésto- los, tinham implantado (At 19.22). Os evangelistas nao estavam presos a nenhum Ingar espeeffico; por isso, de- veriam continuar 0 seu trabalho até que fossem chama dos de volta (2 Tm 4.9). Também existem os ministros ordindrios, empregados em uma esfera mais restrita — tais como pastores e mestres. Alguns entendem que e: ses dois nomes significam um oficio s6, envolvendo as ta- refas de governar e ensinar. Outros entendem que eles representam dois offcios distintos, ambos regulares e de uso permanente na igreja. Os pastores sao colocados ntes principals de igrejas particulares, com o intento de guiar, instruir c alimentar 0s membros de acordo com as instrngées de Cristo. Bles sin freqiente- mente chamados de bispos e ancifios. Os mestres cram aqueles que também pregavam o evangelho e instrufam © povo por meio da exortagao. Vemos aqui que é prerro- gativa de Cristo designar oficiais e ofieios em sua igreja. A igreja € rica pelo fato de ter tido uma diversidade tao grande de oficiais e continuar tendo uma diversidade tao grande de dons! Como Cristo é amével com sua igreja! Quao grande é 0 seu cuidado por ela e pela sua edifica- io! Quando Ele subiu, enviou o dom do Espirito Santo; ¢ 08 dons do Espirito Santo sio varios: alguns recebe- ram mais, outros, menos; mas tados os dons sao para 0 bem do corpo, o que nos leva ao tereciro argumento: 3. A grande finalidade e des{gnio de Cristo em rela- co aos dons. Os dons de Cristo eram para o bem da sua igreja e para promover seu Reino e interesse entre os homens. Tudo isso tinha um fim comum e era um bom motivo para que todos os eristaos quisessem viver em amor fraternal e nao invejar os dons dos outros. Todos 8 dons ed0 para “..o aperfeigoamento dos santos” (v. EFESIOS 4 92, 12); isto é (de acordo com o original), conduzira um esta- do espiritual ordenado aqueles que tinham sido desor- denados e separados pelo pecado, e entiio fortalecer, confirmar e promové-los nisso, para que cada um, em seu devido lugar o fungéo, possa contribuir para o hem do todo. “...para a obra do ministério” (ou para a obra da dispensagao), isto 6, para que pudessem repartir as doutrinas do evangelho e cumprir as diversas partes da sua fungio ministerial. “..para edificagao do corpo de Cristo”, Isto 6, a edificagdo da sua igreja, que € v corpo mistico de Cristo, pelo aumento da graga deles ¢ um aeréseima de navas membros. Todos sin desigralas para preparar-nos para o e6u: “..até que todos cheque ‘mos...” (V. 13). Os dons e ministérios (alguns deles) que foram mencionados devem continuar na igreja até que os santos sejam aperfelcoados, 0 que nao acontecers “até que todos cheguemos & wnidade da. fé (até que to- dos os verdadeiros erontes se unam, por meio da mesma preciosa f@) e an conhecimento do Filho de Deus”. 0 que ndio quer dizer um conhecimento meramente especulati- vo, ou 0 reconhecimento de Cristo como o Filho de Deus 0 grande Mediador, mas como deveria ser observado, com apropriagio # afelo, com a devida honra, confiangae obediéneia; “..a vardo perfeito”, para o erescimento completo dos dons e gragas, livre das fragilidades ima- turas as quais estamos sujeitos no presente mundo; .. medida da estatura completa de Cristo”, tornando-nos cristaos maduros em todas as gracas providas pela ple- nitude de Cristo. Ou, de acordo com 2 medida dessa es- tatura que é completar a plenitude de Cristo e seu corpo mistico. Nunea chegaremos a ser o varao perfeito, até que cheguemos ao mundo perfeito. Ha uma plenitude em Cristo, e uma plenitude a ser obtida dele; uma cert: estatura dessa plenitude e uma medida dessa estatura siio determinadas no consclho de Deus para cada erente, fe nunea chegaremos a essa medida até chegarmos a0 céu. Os filhos de Deus, enquanto estiverem neste mun do, esto crescendo. 0 Dr. Ligthfoat entende que o apiis- tolo esta falando aqui dos judeus e gentios ligados na unidade da fé e do conheeimento do Filho de Deus, eons- tituindo, dessa forma, um homem perfeito, ¢ a medida da estatura completa de Cristo. O apéstolo também mostra, nos versiculos seguintes, qual era o designio de Deus em suas instituigdes sagradas e quais efeitos deve- riam ter sobre nds. (1) “..pura que udo sejamos nais ‘meninos...” (v.14); isto 6, para que néo mais sejamos meninos em conhecimento, fracos ma f e inconslantes em nossos julgamentos, facilmente ecdendo a eada ten tagiio, prontamente concordando com a capricho de cada um. Criangas podem ser facilmente iludidas. Devemos cuidar para nao sermos ineonstantes (ou “agitados de um lado para outro”, verso RA), como navios sem las- tro, levados, como nuvens no céu, em relagao a doutrinas (que nau Lenn verdade nem solidez em si, mas que, mesmo assim ee espalham por todo lado, e540, portanto, compa- rados ao vento, “...pelo engano dos homens”: essa é uma metdifora tirada de jogadores trapaceiros e traz.a idéia da sutileza enganosa dos seduloress; “..que, com asti- cia”, pelo que dispéem sua habilidade em eneontrar ma neiras de seduzir; pois segue-se: enganam,framdulusa- ‘mente, como em uma emboscada, para iludir 03 fracos ¢ afasté-los da verdade. Observe: Somente homens muita 593, EFESTOS 4 w perversos ¢ impiedosos buscam seduzir e enganar os ou- tros por meio de doutrinas falsas e erros. 0 apéstolo os desereve aqui como homens perversos, que usam ma thas e aslivia diabéliea para aleangar seus abjetivos, O melhor método que podemos usar para nos proteger e nos fortalecer contra essas pessoas 6 estudar os ordcu- los sagrados ¢ orar pela iluminagao e graga do Espfrito de Cristo, para que possamos conhecer a verdade em Jesus, e ser firmados nela. (2) Para que sigamos “...a verdade em caridade” (v.15), ou falemus a verdade em amor, ou sejamos sinceros em amor com os nossos ir- mos em Cristo. Enquanto nos devotamos a doutrina de Cristo, que 6a verdade, devemos viver em amor uns com 0s outros. O amor é uma coisa excelente, mas devemos ser cuidadosos para preservar a verdade junto com ele. Averdade é uma coisa excelente; no entanto, 6 neces rio que a falemos com cspirito de amor ¢ nao em conten- da, Esses dois aspectos devem andar juntos: verdade @ paz, (3) Para crescermos “...em tudo naquele que é a ea beca, Cristo”. Cresecr cm tudo cm Cristo quer dizer e: tar mais arraigado nele. Em todas as coisas - no conhe- cimento, no amor, na fé e em todos os aspectos du nov homem. Devemos ereseer rumo d maturidade, que é 0 opasto de continuar sendo meninos. Aqueles que cres- cem em Cristo séo cristdos saudaveis. Quanto mais eres cermos no conhecimento de Cristo, na fé nelc, no amor a Fle e na dependéncia dele, tanto mais prosperaremos em graga. Ele é a cabeca, e nés devemos crescer de tal forma que estejamos em condigoes de honrar essa cabe- ca. 0 crescimenta eristio sempre sera para a gloria de Cristo. (4) Devemos auxiliar uns aos outros, como mem- bros do mesmo corpo (¥. 16). Aqui o apéstolo faz uma comparagao entre 0 carpo natural e 0 corpo mfstieo de Cristo, esse corpo do qual Cristo é a cabeca. Paulo ob- serva que do mesmo modo que ha comunhio e comuni cago mdilua dos membros do carpo entre si, para o seu erescimento e melhoramento, assim deve haver amor € unidade mittua, junto com o fruto apropriado, entre os cristéos, para que ocurra 0 melhoramento e ereseimento espiritual na graca. “..do qual, diz ele (isto é, de Cristo, seu cabeca, que transmite influéncia e alimento para cada membro especifico), toda 0 carpe, bem ajustada e ligado (estando unidos firme e ordenadamente, cada um em seu devido lugar), pelo ausilio de todas as juntas (pelo auxflio que cada uma das partes, assim unidas, di a0 todo, ou pelo Espirito, £8, amor, sacramentos ete., «que, semelhantemente as veias e artérias no corpo, ser- vem para unir os cristdos a Cristo, seu eabega, e uns ans outros como membros desse corpo), segundo a justa “nerngio de cada parte (isto 6, dizem alguns, de acordo com o poder que o Esspfrito Santo exerce para tornar « meios designados por Deus cficazcs para cssc grande fim, em relagio & medida que Cristo julga ser suficiente e apropriada para cada membro, de acordo com seu pectivo lugar e ministério no corpo; ou, como outros pen- sam, segundo o poder de Cristo, que, como eabega, influ- encia e aviva cada membro; ou, de acordo como trabalho efieaz de cada membro em comunicar aos outros 0 que recebeu; assim o alimento 6 levado a todos na devida proporgdo e segundo o estado e exigéncia de cada parte) faz 0 aumento do corpo”, em conformidade com a neces: sidade do corpo. Observe: Cada cristo recebe seus dons 17-32 © gragas de Cristo para o beneficio de todo 0 corpo. “para sua-edificagdo em umur”. Podemus entender isso de duas maneiras: uma maneira é que todos os membros da igreja podem aleangar uma medida de amor maior para com Cristo ¢ uns para com os outras; a ontra manei- rra 6 que cles siio movidos a agir na forma mencionada do amor a Cristo e uns aos outros. Observe: O amor muituo entre 0s cristaos é um grande aliado do crescimenta espi- ritual; a0 passo que “..1m reino dividido contra si mes- mo néo pode subsistir” (veja Me 3.24). Exortagiv & Pureza e Suntidade. Adverténcias contra o Pecado. Contra Ofender o Espirito wy. 17-32 Apés ter exortado os efésios accrea do amor miituo, da unidade e harmonia nos versfeulos anteriores, 0 ap tolo agora apresenta uma exortacdo & pureza cristae santidade de coragao e vida, de modo mais geral (vv. 17-24) & em diversas situagdes espeefficas (vv. 25-32). Esse trecho é introduzido de maneira solene: “E' digo isto e testifico no Senkor; isto 6, vendo que a questio é¢ como a deserevi acima, vendo que voeds slo membros do corpo de Cristo ¢ participantes desses dons, recomendo isso a consciéncia de voess, e testifico como seu dever no nome do Senhor e por forga da antoridade que recebi dele”. Considere: Acxorlayav mais yeral de pureza e santidade de co- ragio e vida. 1. Ele comega da seguinte forma: “..que nao andeis mais como anda tambéne us outros gentios ~ que para o restante da vida vés néo vivais e vos comporteis como pa- hos ignorantes e nio-convertidos, que estao totalmente voltados para coisas vas, para seus fdolos # passes munda- nas, coisas que de forma alguma so vantajosas para vos- sas almas e que iludiro vossas expectativas”. Gentios con- vertidos néo devem viver como gentios nio-ronver Embora estejam no meio deles, néio devem viver como eles vivem. Aqui: (1) Oapéstolo aproveita para deserever a imp do mundo gentio, de onde eristiios regenerados eram ar- rehatados como tigses do meio do fogo. [1] Ele eram “.entenebrecidos no entendimento” (x. 18). Eles eram destituidos de todo eonhceimento salvitieo; sim, eram ig- norantes de muitas coisas referentes a Deus que a luz da natureza pudesse lhes ter ensinado. [les estavam assen- tados em trevas e amavam as trevas mais do que a luz: ¢ pela ignordincia deles, estavam “. separadas da vida de Deus”. Eles estavam afastados e tinham um desgosto e aversio pela vida de santidade, que 6 essa mancira de vi ver que Deus requer e aprava, e por meio da qual vive- mos para Ele, e que se assemelha ao proprio Deus, em sua pureza, justiga, verdade e bondade. A ignorancia vo luntéria deles era a causa da sua alienacdio da vida com Deus, que comega com a luz € 0 conhecimento, Uma ig- noraneia exagerada ou artificial 6 destrutiva para a reli- gido e piedade. E qual era a causa da ignordncia deles Era a™..dureza do seu coragdo”. Nao era porque Deus nfo se tornou conhecido a eles pelas suas obras, mas dade wy. 17-32 porque nao admitiriam os raios instrutivos da luz divina. Eles eram ignorantes porque queriam ser. Sua ignoran- cia procedia da sua obstinagao e da dureza do seu cora- co, sua resisténcia & luz e sua rejeicao de todos os meios de esclarecimento e conheeimento. [2] A consciéncia de- les estava corrumpida e endurevida. “..08 yuuis, laaven= do pordido todo 0 vontimonto” (v. 19). Eles nao tinham », nen da miséria e perigo que e entregaram @ dissolucdo”. ,& renden- do-se ao dominio dessas coisas, tornaram-se eseravos do pecado e do Diabo, “..para, com avidez, cometerem toda. impureza”, Tornou-se prética comum cometer toda sor- te do impurezas, ineluindo os peeados mais desnaturais e monstruosos. Observe: Quando a consciéncia do ho- mem fica eauterizada ou endurecida nao hi limites para os seus pecados. Quando ele predispie o seu coracéo & satisfagio dos seus desejos, 0 que pode ser esperado se- nfo a sensualidade e lascivia mais abumindveis, e a abundancia das suas monstruosidades horrendas? Esec era a caréter dos gentios; mas (2) Os eristéios efésios deviam separar-se desses gentios: “Mas vés nto aprendestes assim a Crist” (v. 20). Este versiculo pode ser lido da seguinte forma: Mas convosco nao foi assim; vés aprendestes a Cristo, Aque- es que aprenderam a Cristo sio salvos das trevas e da depravagao; e, uma vez que conhecem mais, sao obriga- dos a viver de uma maneira melhor do que os outros. E um bom argumento contra o pecado de que nao apren- demos asin a Cristo, Aprender a Cristo! Acaso Cristo ‘um livro, uma ligio, um método, um negécio? O signifiea- doéoseguinte: “Vos aprendestes assim o cristianis- mo~as doutrinas de Cristo ¢ as regras de vida preseri- tas por Ele. Nao deveis fazer como fazem os outros. Se é, ou desde, que o tendes ouvido (v. 21), se ouvistes suas doutrinas pregadas por nds, e nele fostes ensinados, in- terior e eficazmente, pelo seu Espfrito”. Cristo € a licéo; devemos aprender a Cristo: e Cristo é 0 mestre; somos ensinados per Ble. “..como esté a verdade em Jesus”. Isto pode ser entendido de duas maneiras. Ou: “Vocds foram ensinados na verdade real, como foi apresentada por Cristo, tanto na sua doutrina quanto na sua vida”, On entiio verdade deixou Lal impressav no coragao de voces, como deixou no eoragéo de Jesus”. A verdade de Cristo entéo aparece em sna heleza e poder, quando aparece como em Jesus. 2. Uma outra linha dessa exortacio geral traz esas. palavras: “..que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem...” (wv. 22-24). “Esta é uma grande par- te da doutrina que foi ensinada a vocés e que vocés aprenderam”. Aquio apéstolo se expressa em metiforas tiradas do vestuario. Os prinefpios, hébitos e disposigdes daalma devem ser mudados, antes que possa haver uma mudanca salvadora da vida. Deve haver santificacao, quic consiste em duas coisas: (1) U velho homem deve ser despojado, A natureza corrompida 6 chamada de “ho- mem”, porque, semelhantemente ao corpo humana, con siste em diversas partes, sustentando e fortalecendo. mutuamente. E 0 velho homem, como 0 velho Adio, de onde a extraimos. Essa natureza 6 de nascenca; nés a trouxemos para 0 mundo conosco. Ela é tao ardilosa quanto um homem velho, e mesmo em todos os santos de isso gerava. Pelo que “ Eles se perderam em seus desejos imundos EFESIOS 4 5M Deus ela enfraquece e definha como um homem velho, pronta para morrer. Lemos que ela est corrompida, porque o pecado na alma é a corrupgao das suas apti- does. Onde nao é mortificada, ela piora diariamente ¢ as- sim inelina-se a destruleao. “peas concupiseéncias do engano”. Inclinagées ¢ desejos pecaminosos sao desejos enganosos: essas concupiseéneias prometem felieidade aos seres humanos, mas os tornam mais miserdveis. e, se ndo forem sujeitadas e mortificadas, levam-nos a des- truigdo. Portanto, elas precisam ser despojadas como uma roupa velha que deveriamos ter vergonha de usar: elas devem ser sujeiladas ¢ mortificadas. Essas coueu- piseéneias prevalcecram contra cles durante seu estado nfio-regenerada @ pagan (2) 0 nove homem deve ser vestido. Nao é suficiente livrar-nos dos prinefpios cor rompidos, mas devemos ser influenciados por prineipi os graciosos, Devemos abracé-los, esposa-los e escre- ve-los em nosso eoragao. Nao ¢ suficiente cessar de fa- ver v ural, uias precisamos aprender a fazer 0 bem. “..e v08 ronovois no cepirito do vosso sentido” (v. 23); isto 6, seis dos meins apropriados e prescritos para terdes 0 sentido correto, que é um espirito cada vez mais renova- ".*.e-0us revistuis do nove honvem” (v. 24). Novo ho- do”. mem quer dizer nova natureza, nova eriatura, que é esti- mulada por um nove principio, una graga regeneradora, capacitando uma pessoa a levar uma nova vida, uma vida de justiga e santidade que o cristianismo requer. Fsse novo homem é criado ou gerado da confusio e vazio pelo poder de Dens. Ele ¢ feitura dele, verdadeiramente ex- celente e belo, “..sequndo Deus”, ou seja, uma imitacéo dele e de acordo com esse grande padrao ¢ modelo. A perda da imagem de Deus na alma ocorreu por causa da pecaminosidade e miséria do estado caido do homem. Essa semelhanga que o homem tem com Deus € a beleza, a gloria ca felicidade da nova eriatura, “...em verdader- ‘ra justiga” para com os homens, incluindo todos us deve- res da segunda tabua; “..c aaztidade” para com Dets, significando uma sincera obediéncia nos mandamentos da primeira tdbua; “..verdadeira [...] santidade” em oposigao a santidade exterior e eerimonial dos judens. Lemos que devemos vestir esse novo homem quando, no uso de todos os mefos designados por Deus, nos empe- nhamos em alcancar essa natureza divina, essa nova cr- atura, Esta é 2 exortagio mais geral & pureza e santida- de do coragio e da vida. I O apéstolo agora passa a algumas coisas mais es- pceifieas. Uma vez que coisas gerais nao sio tio inclinadas 2 produzir o efeito desejado, lemos agora quais sf0 esses membros em particular que devem ser mortifieados, esses trapos imundos da velha natureza que precisam ser despojados, e quais so as roupas pe- culiares do novo homem com as quais deverfamos ador- nar nossa profissao de fé crista. 1. Guardem-se da men- tira e cuidem ainda mais para falar a verdade (v. 25) “Ura vez que foram tao bem instrufdos em seu dever, € esto debaixo de tais obrigagoes que precisam ser eum- pridas, mostrem, no seu comportamento e conduta futu- ra, que hi uma grande c real mudanea operada em vo- cbs, especialmente em niu marix mentir". Os pagaus eram culpados desse peeado, afirmando que uma menti ra vantajosa era melhor do que uma verdade danos 595, EFESIOS 4 Tor isso, o apéstolo os exorta a deixar de falar qualquer coisa que seja contraria a verdade. Haga é uma parte do velho homem que deve ser despojada. E a parte do novo homem que precisa ser vestida em uposigao a mentira é “.ofalai a verdade” em todas as nossas conversas. 0 povo de Deus se caracteriza pelo fato de serem “...,ilhos que néo mentirdo” (veja Is 68.8), que nao ousarao meu tr que detestam e abominam a mentira. ‘Todos que es. {40 sob a graga divina tém um claro senso moral para fa- lar a verdade e nao contam uma mentira deliberada mesmo para ganho e beneficio préprios. A razio aqui para a veracidade 6: “somos membros uns dos ou- tros”. Averdade é uma divida que temos para com o pr ximo; e, se amarmos uns aos outros, ndo enganaremos « mentiremos uns aos outros. Pertencemos 8 mesma ciedade ou corpo que a falsidade ou a mentira procu- ram dissolver; portanto, deveriamos evita-la e falar a verdade. Observe: A menlira é um pecado muito sério, uma violagio peculiar das obrigacées debaixo das quais, os cristaos estdo e muito prejudicial e danosa a eocieda. decristd. 2. Guardem-se da ira e dus paixdes desgover- nadas. “Irai-vos e néo pequeis” (v. 26). Esta expressao é tomada por empréstimo da tradugao da LXX de Salmos 44, onde esta eserila: “Perturbni-nos e nao pequeis”. Devcriamos considerar essa expressio uma concessio em vez de um mandamento. Zrai-vos. Somos muito incli- nados a ficar iradus, ¢ Deus sabe disso; mas achamos: mais dificil cumprir a restrigdo: “...e ndo pequeis”. “Se voeé tiver uma causa justa para estar irado em qualquer momento, cuide para que nao se Lorne pecado; ¢, porlan- to, euide-se para néo se exceder na sua ira”. Se quere- mos pratiear a ira sem pecar (alguém disse), deveriamos nos irar somente com 0 pecado; e deverfamus ser mais 8 com a gloria de Deus do que com qualquer inte- resse ou reputacdo propria. Um peeado comum em rela- céo a ira é permitir que se transforme em eélera ou fa- via, e entao deixar pendente. Por isso, preeisamos ser cantelosos aqui, “Se voeé fol insultado e teve seu espirito grandemente transtornado, e se vocé ressentiu-se a- ‘margamente por causa de uma afronta com alguém, an- les do anoitecer, aealme e aquiete 0 seu espirito, reconel- lie-se como ofensor e permita que tudo esteja bem nov: mente: ‘nao se ponha o sol sobre a vossa tra’. Se a ira queimar ese iransformar em amargura de espfrito, bus- que subjugé-la rapidamente”. Observe: Embora a ira em si nao seja pecaminosa, existe um grande perigo de ela acahar se fornando pecaminosa, se nfo for atenta- mente vigiada e rapidamente subjugada. Portanto, em- bora a ira possa entrar no interior de um homem sitbio, rla repousa somente no sein das Inlos (Re 7.9), “Nao deis lugar ao diabo” (v.27). Aqueles que perseveram na ira peeaminosa permitem que o Diabo entre no seu cora- cio e permitem que ele tenha vantayem sobre eles, pra- Yoeando maldade, maquinagées nocivas ete. “Néo deis lugar ao ealuniador ow a0 falso acusador” (como alguns traduzem essas palavras); isto 6, “fechai vussos vuvidox para 0s cochichadores, mexcriqueiros e caluniadores”. 3. Somos advertidos contra o pecado do furto, a quebra do oitavo mandamento, e aconselhados a diligéncia hu- nesta ea caridade: “Aquele que furtava néo furte mais” ( 28), Esta 6 uma precaugio contra toda forma de mé aco, por forca ou fraude. “Aqueles que na época do paga- vw. 17-82, nismo foram culpuados dessa perversidade nfo serao mais culpados por causa dela”. Nao devemos mais dar atencio a esse pecado, mas conscientemente empenhar-nos no sentido opasto: nao somente deixar de furtar, “..antes, trabalhe, fazendo com as méos o que ¢ bom”. A inativida- de faz ladroes. Crisostomo disse: To gar kleptern argiae estin- 0 furla é0 resultado da inatividade, Aqueles que no querem trabalhar ¢ tém vergonha de mendigar s4o expostos 4 tentagao do furto. Os homens deveriam, por- tanto, ser diligentes e laboriosos, néin em relagiin a algo ilegal, mas em relacio a um chamado honesto: “..fazen- do.com as mdos 0 que é bom”. A diligéneia e a assiduida- de honesta afastardo as pessoas da Lentagiio de fazer algo crrado. Mas existe mais uma razio para 0 homem ser diligente: para que tenha condigoes de fazer algo de bom e para que seja preservado da tentagao: “..para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”. Eles devem trabalhar ndo s6 para o sustento préprio ¢ para uma vida honesta, mas para que tenham condigiies de ajudar pessoas cm necessidade. Observe: Mesmo aqueles que obtém seu sustento por meio do seu traba- Iho deveriam ser caridosos (mesmo com 0 pouco que ‘tém) para com aqueles que sio ineapazcs de trabalhar. A caridade aos pobres ¢ algo tao necessério que mesmo os operdrios e pessoas que nao tém muito para si préprius devem langar as suas ofertas na area do tesouro (veja Le 21.1). Deus deve receber aquilo que lhe é devido, e os po- bres sao seus receptores. Observe ainda: As esmolas que serao aceitas por Deus nao devem ser fruto de injus- tiga e furto, mas de honestidade e diligéncia. Deus abor- rece a inigitidade (ou “a iniqiidade do roubo”, versao RA). 4. Somos aqui advertidos contra a comunicagéo corrompida ¢ conduzidos Aquilo que 6 ttl e edifieante (v. 20). Palavras e discursos impuros sao venenosos e conta- giosos, como carne estragada: eles procedem de um co plo # lendem a corramper 2 mente ea con duta de outras pessoas que os ouver. Portanto, os cris- tdos devem guardar-se desse tipo de diseurso. Isso vale para Ludo aquilo que provoca a coneupiseéneia e paixdo nos outros. Nao devemos somente despir-nos da comu- nieagdo corrompida, mas usar a palavra “...que for boa para promover a edifiengéa”. 0 principal uso da fala 6 para edifiear aqueles com quem conversamos. Os cris- {Hos devem empenhar-se em promover uma conversa- cao atil: “para que dé graga aos que 1 oven”; yaar que seja boa c aecitavel para os ouvintes, por meio da in- formacio, do conselho, da exortagao pertinente ete. Ob- serve: 0 grande dever dos cristos é euidar para que nfo ofendam com scus labios c que mclhorem a conversa para o bem dos outros. 5. Temos mais uma precaugZo contra a ira e a eélera com conselhos adicionais ao amor miituo e a uma disposi¢io amorosa uns para com 0s ou- tras (vv. 81,22). “amargura, e ira, e edlera” querem di- zer um ressentimento interior violento e um desprazer contra os outros. “..gritaria...” se refere & fanfarroniec, ameagas em vor alta e outras palavras destemperadas, por meio das quais davam vazao a sua amargura, irae eélera, Os cristdos nao deveriam acolher essas paixdes abomninaveis en seu coragin nem ser voeiferantes eom suas linguas. A palavra “..blasfémias...” significa todas as palavras injuriosas, insultuosas e acusativas que ex- pressamos contra as pessoas de quem lemos raiva. F wl “..malicia...” significa a ira arraigada que leva as pes- soas a planejar e causar dano aos outros. O contrério de tudo isso é:“..sede uns para com os outros benignos”. Isto envolve o prinefpio do amor no coragiio € a expres- sao exterior dele, em um comportamento afavel, hu- tilde v curtés. Os diseipulos de Jesus devem ser benig- nos une com 05 outros, como aqueles que aprenderam o estén prontns a ensinar a arte da cortesia. Devemos ser “..misericordiosos...”, isto é compassivos, e ter uma percepcao terna e meiga das allicies e sofrimentos dos outros, de tal forma a scrmos prontamente movidos & compaixao e & pledade. “..pendoundo-vox uns aus ol tros”, Haveré ocesiées em que surgirio diferengas entre os disefpulos de Cristo, Por isso, eles precisam ser tale antes e prontos a perdoar, assemelhando-se ao préprio Deus, que “..os perdoou em Cristo”, para que tenham ainda mais disposicéo em perdoar uns aos outros. Ob- serve: Km Deus ha perdao, e Ele perdoa 0 peeado em Cristo, por causa da expiagau que Cristy realizou para ‘cumprir a justiga divina, Observe também: Aquoles quo iin perdozilos por Deus devem ter um espfrito perdoa- dor ¢ perdoar da mesma forma que Deus perdoa, isto 6, com sinceridade ¢ de coracao, proula e alegremente, universalmente c para sempre, de acordo com 0 sincero arrependimento do pecadar. Daf a oragio: “Perdoa-nos as nossas dividas, assim como néa perdoamos aos nos. sos devedores” (veja Mt 6.12). Podemos observar por meio de todas essas particularidades em que 0 apdstolo tem insistido que elas pertencem a segunda tébua dos mandamentos, cujas obrigacées os cristos devem pra- tiear e se submeter, e que aqueles que ndo as eumprem conscientemente jamais podem temer ou amar a Deus om verdade e sineeridade. es e precaucies, 0 apdsto- lo interpoe uma exortagio geral: “E nao ontristegars 0 Espirito Santo de Deus” (. 30). Ao olhar para aquilo que precede e o que segue, podemos verificar o que en tristece o Espirito de Deus. Nos versfeulos anteriores, fica claro que toda lascfvia e imundicie, mentira e eomu- nieagdes corrompidas que incitam apetites e concupis- céncias imundos, entristecem o Espirito de Deus. Nos versiculos seguintes vemos que os sentimentos eor- rompidos de anargura, ira, e6lera, gritaria, blasfémias cmalicia entristeeem esse bom Espirito, Nao devemos entender, no entnto, que esse Ser bendito pode ser en- tristecido ou aborrecido como nés somos; o intento da exortagio 6 que nao ajamos para com Ele da mesma forma que agimos com 0 nosso semelhante: no deve mos fazer 0 que é contrario & sua natureza santa ea sua vontade. Nao devemos deixar de dar ouvidos aos seus conselhos, nem rebelar-nos contra o seu governo, o que 0 provocaria a agir conosco como nés estamos acostu- mados a agir em relagao aqueles com quem estamos descontentes e entristecidos, afastando-nos deles e a- bandonando-os aos seus immigos. Nao ofenda o bendi- to Rspirito de Deus, para que Ele nav retraia sua pre- senea ¢ suas influéneias graciosas de vor’! Existe um bom motiva para néo entristecermos o Expfrito Santo: nele estamos “..selados para o Dia da redencao”. Ha- verd um Dia da redenco; 0 corpo ser redimido do po- der do ttimulo no dia da ressurreicéo. Entio 0 povo de Deus serd liberto de todos os efeitos do peeado, bem EFESIOS 5 596 como de todo o pecado ¢ miséria, o que nao ovorre até que seja liberto da sepultura, $6 entdo comegara a ple nae completa felicidade deles. Todos os crentes verda- deiros so selados para esse dia. Deus os distinguiu dos outros, colocando sua marca neles; ¢ Fle da a eles 0 pe- nhor e a certeza de uma ressurreigao alegre c gloriosa; 0 Espirito de Deus 6 0 selo. Onde quer que esse Espi- rito bendito esteja como santificador, Ele é 0 penhor de todas as alegrias e glérias do Dia da redengao. Seria- mos negligenciados se Deus tirasse o seu Espirito San- to de nos. Capitulo S exorlagies importantes elusio do capitulo anterior, ¢ 0 apéstolo dé conti nuldade a elas no capftulo atual: T. Nos temos aq! uma exortagao ao amor miituo € a caridade (vv, 1,2). IT. Uma exortagio contra toda sorte de im. pureza. com argumentos apropriados € corretivos propostos contra tais peeados; mais cautela é a- crescentada e outros deveres sao recomendados (vv. 3-20), IIT, O apéstolo se volta para a exeeugio conscieneiosa dos deveres domésticos, desde 0 versiculo 21 até o fim deste capitulo e 0 inicio do préximo, Adverténcias contra a Impureza wil? Lemos aqui acerea da exortagéo ao amor miituo e& caridade cristd. 0 apéstolo tinha insistido nisso no capitu- Jo anterior, particularmente nos tiltimos versiculos, aos quais « particula puis se refere, e conecta o que tinha dito 14 com o que esta regietrado nesses versiculos. Conse- qiientemente: “Porque Deus, por amor a Cristo, perdoou voeés, portanto scjam seguidores de Deus, ou imitadores dele”; este 60 significado dessa palavra. Pessoas piedo- sas deveriam imitar o Deus que adoram, tanto quanto Kile se revela a elas. Elas devem agir de acordo com o seu exemplo ce tera imagem dele renovada neles, Iss0 reveste a religido pratica, ou seja, a imitagtio de Deus, de grande importncia. Devemos ser santos como Deus é santo, mi- sericordioso como Ele 6 miserieordioso, perfeito como Ele é perfeito. Mas nao existe um tinico atributo de Deus que @ mais reeomendado para a nossa imitagao do que a sua boudade. Sejauu imitadores de Deus, ou se assem Ihem a Ele, em toda graga ¢ especialmente em seu amore em sua hondade indulgente. “Deus é caridade e quem estd om caridade est em Dous, 0 Deus, nolo” (wea Jo 4.16). Assim Ele proclamou sen nome: “..misericurdioso € compassivo, grande ene beneficéncia” (veja Ex 34.6). ..como filhos amados”, assim como os filhos (que est’ acostumados a ser amados pelos seus pais) geralmente se assemelham aos pais quanto as earacteristicas ¢ tragos do seu rosto e na disposicdo e qualidade da sua mente; ou quando se tornam filhos de Deus, sendo amados e estima- dos pelo seu Pai celestial. Os filhos sao constrangidos a imitar seus pais naquilo que é bom, especialmente quan- do sao carinhosamente amnmados por eles. 0 caréter que possuimos como filhos de Deus nos obriga a sermos se- melhantes a Ble, especialmente em relago an seu amor. bondade, & sua misericérdia e prontidao para perdoar. Aqueles que o imitam nessas coisas sdo verdadeiramente fithas de Deus. Lesios entin: “0 andui em. wen (v. 2). Esta graca divina deve conduzit e influenciar todo o nos- so andar. Ela deve ser o prinefpio norteador das nossas agées; ela deve direcionar os resultados que almejamos. Devemos ser mais euidadosos ao procurar provar a sinee- ridade do nosso amor ao préximo. “..como também Cris to vos amou”. Aqui o apéstolo nos direciona ao exemplo de Cristo, a quem os eristéos sio compclidos a imitar. Nele temos 0 exemplo do amor mais voluntario e genero- so do qual se tem conhecimento. Somos todos participan- tes desse amor e do seu eonsolo; por isso devemos amar ung ans outros, Crista nos amau de tal forma que “...e en- tregow a si mesmo por nds”. O apéstolo intencionalmente prolonga esse assunto. O que pode nos dar maior prazer para reflex do que isso? Cristo den a sua vida por nés; e a morte de Cristo foi o grande sacrificio da expiagdo: “em oferta e saerificio a Deus”; uma oferta ou mesmo sacriffcio — um saerificio propiciatério, para expiar nossa culpa, que tinha sido prefigurada nas ofertas e sa- cificios legais; ¢ isco “..em cheiro suave”. Algune obser vam que nunea se deveria dizer que as ofertas pelo peca- do eram um cheiro suave; mas lemos isso a respeito do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Cris- to. oferecen com o intento de ser aceite par Deus. Deus aecitou, se agradou e sua ira foi apaziguada com esse sa- crifleio. Observe: Da forma que o saerificio de Cristo foi eficaz em relagao a Deus, assim seu exemple deve preva- leecr cm nés, ¢ devemos imité-lo com todo cuidado. Preservacdo da Impureza, Adverténcias e Admoestagdes wy. 3-20 Esses versfeulos incluem uma precaugao contra to- da forma de impureza, com os corretivos e arguinentos apropriados propostos; mas algumas precaugécs so a- creseentadas, e outros deveres, reeomendados. As pai- xées imundas devem ser subjugadas, para que o amor santo possa prevalecer: “..andai em amor” ¢ evitai *..0 pmostituigao e toda impureza”. A prostitwigho 6 cometi- da entre pessoas nao casadas. Toda impureza inclui toda sorte de desejos imundos, que eram bastante co uns enLre os gentios. Ou avureza, que por estar conec- tada dessa forma e mencionada como uma coisa que se- quer deveria ser nomeada, entendem alguns, no estilo puro das Rserituras, que isso deve ser uma referéneia, 20 desejo contrério as leis da natureza, Outros enten- dem essa palavra da maneira mais comum, ou seja, um desejo exagerado de ganhar riquezas, ou um amar ins ciivel por clas, que 6 0 adultério espiritual; porque por meio dela, a alma, que esta desposada com Deus, se afasta dele, e abraca o seio de um estranho; portanto, pessoas mundanas c carnais sio chamadas de adilteras: ‘Adiiteros c aduilteras, nao sabeis vés que aamizade do mundo é inimizade contra Deus?” (veja Tg 4.4). Esses peeados devem ser temidos c detestados da forma mais intensa: “..nem ainda se nomeiem entre v6s”, jamais EFESIOS 5 wv. 3-20 aproveis, mas repugnai, “..como convém a santos”, pes- Shas santas, que estén separadas do mundo e dedicadas a Deus. 0 apéstolo nao somente adverte contra atos vulga- res do pecado, mas contra aquilo que alguns poderiam achar desculpavel. “.mem torpezas...” (v. 4), que pode ser entendido como todos os gestos e comportamentos de- vassos ¢ inconvenientes; “..nem parvoices...”, isto 6, dis~ cursos obscenus ¢ lascivos, ou, de modo mais yeral, dis- cursos vos que revelam muita insensatez e indiscricéo, € estdo muito distantes de edificar os ouvintes; “...nem chocurrices..”. A palavra grega eulrupelia & 4 mesma que é tornada em virtude por Aristételes, em Etica: de- leite de conversa. O apéstolo certamente nao esta proi- bindo um gracejo inucente e inofensivo, Alguns acham que ele usa essas reflexdes abusivas visando expor 0s ou- tros e fazé-los parecer ridiculos. Isso seria extremamente maldoso. 0 contexto parece restringir esse termo a um diseurso jocoso, imundo ¢ obseeno, que cle também en- tende como uma comunicagso tonpe, ou ptitrida e podre (cap. 4.29). Acerca dessas coisas ele diz o seguinte: ‘néo convém”. Na verdade, néo sc trata de uma mera in- conveniéneia, mas, sim, de muita maldade envolvida, Es- sas coisas esto muito distantes de serem iiteis, e, na ver- dade, poluem ¢ envencnam 05 ouvintes. Assim, o signifi- cada 6 0 segninte: Essas coisas nfo pertencem aos cris- tos e s4o muito inconvenientes para a sua profissdo de £6 e cardter. Os crietaos tém a permissio de serem ani maulox e agradveis, mas eles também devem ser ale- gres e sébios. 0 apdstolo acrescenta: “...mas, antes, goes de gragas”. A alegria do cristo deve fiear bem longe desse humor obseeno e profano, para que possa deleitar a sua mente e tornar-se alegre, ao lembrar-se com gratidao da bondade e misericérdia de Deus ¢ 20 Observe: 1, Deverfumos aproveitar todas as oportunidades para apresentar a- gdes de gragas e louvores a Deus pela sua bondade e fa- Vor por ads. 2. Una reflexdo acerca da graga eda honda- de de Deus por nés, com o intento de despertar nossa gratidao a Ele, é apropriada para revigorar e alegrar a mente do cristao ¢ lornd-lo contenle. Dr. Hammond acha que eucharistia pode significar um discurso gracio- 80, piedoso e religioso de modo geral, em oposigao a0 que © apéstolo condena, Nossa alegria, em vez de irromper naquilo que é vio e peeaminoso ¢ numa profanacéo do nome de Deus, deveria expressar-se como é digno de um cristdo, ¢ glorificar o Senhor, Se as pessoas estivessein mais cheias de expressées piedosas, elas niio scriam tio inelinadas a infortinios e palavras ineonvenientes. Acaso béncdo e maldigdo, perversidade e ages de gracas, pro- cedem de uma mesma boca? (veja Ig 3.10). Para fortalecer-nos contra os pecados da impureza o apéstolo realga diversos argumentos, e presereve varios corretivos: 1, Ele ressalta diversos argumentos, como: (1) Con- siderem que esses sa0 pecados que exeluem pessoas do e6u: “Porque. hem subwisista..” (v5). Rles sabiam disso, pelo fato de serem informados pela doutrina crista. Por avarento alguns entendem uma pessoa libertina ¢ las. va, que se entrega a essas concupiscéncias despreziveis que cram consideradas marcas de uma pessoa paga € idélatra. Outros a entendem no sentido essencial da pa- Ww. 3-20 lavra; essa pessoa é um idélatra porque hé uma idolatria espiritual no amor por este mundo. Como o epicureu faz do estémago 0 seu rei, assim 0 avarento faz do dinheiro 0 seu deus, ¢ culuca seu afew nele, ele também coloca sua coperanga, confianga ¢ deleite nos bens torrenos, que deveriam ser reservados somente para Deus. Ele serve a Mamom em vez de a Deus. Lemos que essas pessoas nao 8m “..herunca no Reino de Cristo e de Deus”; isto 6,0 Reino de Cristo, que 6 Deus, ou 0 Keino que ¢ de Deus por natureza e de Gristo, como Mediador, o Reinu que Cristo comprou e que Deus concedeu. 0 eéu é aqui deserito como um reino (como acorre com freqiiéncia nas Escrituras Sagradas) com respeito a sua eminéneia e gloria, sua plenitude e suficiéncia. Nesse reino, os san- tos e servos de Deus tém uma heranga; porque é a “...he- ranga dos santos na lu2” (veja CI 1.12). Mas aqueles que sau impenitentes ¢ Wuleram as concupiscéncias da carne ou 0 amor pelo mundo nao eao crietaoe de fato, ¢ acim 1 da graca @ jamais chegarao ao Precisamos estar despertos e vigiar con- tra esses pecadas que nos excluiriam do céu. (2) Esses pecados provoeam a ira de Deus em relagéo aos culpa- dos: “Ninguém vos engane com palunras nis (v. 6). No permitais que alguém vos bajule, eomo se essas coisas fossem tolerdveis e permitidas para os cristo, ou como se nio fossem muito provocantes e ofensivas para Deus, ou como se pudésseis ceder a elas e mesmo assim esca- par impunes. Essas sao palavras vas”. Observe: Aque- es que animam a ei préprios ¢ aos outros com esperan- as de impunidade no peeado enganam-se a si préprios e 08 outros. Hoi assim que Satanas enganou nossos pri- meiros pais com palavras vis quando disse a eles: “Cer- tamente néo morrercis”. Estas certamente sao pala- vras vds. Aqueles que confiam nelas si desgracada- mente enganados, “...porque por esas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediéneia”. Por filhos dn desobediéncia pode-se entender os gentios, que desa- creditavam e se recusavam a sujeitar-se ao evangelho: ou, de maneira mais generalizada, todos os pecadores obstinados, que nao sero regenerados, mas entregues adesobediéucia. A desobediéncia é a verdadeira perver- sidade do pocado. Por meio de um hebraismo habitual esses pecudlores sio chamados de filhos da desobedién- cia. Eles se tornam filhos da desobediéneia desde a sua infineia, deseneaminhando-se desde o seu nascimento, A irade Deus vem sobre essas pessoas, por eausa do pe cado delas, as vezes J neste mundo, porém mais especi- ficamente no préximo. E nds ousamos fazer pouco caso daquilo que nos colocara debaixo da ira de Deus? Oh! Nao. “Portanto, ndo sejais seus compankeiros” (v. 7). ‘Nao participem com eles em seus peeados, para que nao participem do castigo deles”. Somos participantes dos pecados dos outros, nao somente quando vivemos da ‘mesma maneira pecaminosa cout eles e consentimos ou concordamos com suas tentagdes e apelos so pecado, mas também quando os encnrsja 1os em seus peeados, 08 induzimos ao peeado e nao os prevenimos ou os impe- dimos de realizé-lo, (3) Deve-se considerar as obriga- bes dos cristios em relacao a esses pecadores: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora...” (W. 8). O significado é: “Esse percurso é muito impréprio para a condigao atual de voeés; porque, enquanto no seu estado 108 5 598 gentflico e ndo-regenerado voces eram Lrevas, agora vo cés experimentaram uma grande mudanga”. 0 apostolo chama a antiga condigin deles de frevas na leoria, para expressar as grandes trevas cm que sc cncontravam, Els viviam vidas perversas e profunas, estsinda destili- idos da luz da instrugao, sem a iluminacéo ¢ graca do bendito Espirito. Observe: Uim estado de pecado é um estado de trevas. Pecadores, semelhantemente a ho- mens nas trevas, nao sabem aonde estao indo e o que esldu fazendu, Mas a grava de Deus produziu uma mu- danga poderosa na alma doles: “..mas, agora, sois luz no Senhin”, iluminados de forma salvadora pela Palavra e pelo Wspirito de Deus. Agora, pela sua f6 em Cristo ea aceitago do evangelho. Filhos da luz, de acordo com aex- pressio idiométiea hebraiea, sio aqueles que estio em um estado de Inz, dotados de conhecimento ¢ santidade. “Agora, permitam que a conversa de vocés scja de acordo: com a sua condigso e privilégios e vivam de acarda cam as obrigacées a que esto sujeitos por causa desse conheci- mento e das vantagens que desfrutam - aprovando o que €agradével ao Senhor (v. 10), examinando diligentemen- tea vontade revelada de Deus, e deixando bem claro que voeés a aprovam ao se sujeitarem a ela”. Considere isso: Nao devemos somente temer e evitar aquilo que desagra- daa Deus, mas devemos considerar aquilo que € aceitavel a Ele, estudando as Userituras com essa visdo e manten- do-nos bem afastadas desses pecados. 2. 0 apéstolo prescreve alguns corrctivos contra cles. (2) Se nao queremos ser enredados pelas conenpisedncias da carne, precisamos produzir o fruto do Espirito (x. 9) Espera-se que os filhos da luz, sendo iluminados, tamhém sejam santificados pelo Espfrito, e produzam seu fruto, que esta em toda bondade, uma inelinagao para fazer 0 bem e mostrar misericérdia, ¢ justiga, que significa reti- dao nos procedimentos. Conseqientemente, eles sao tra- tados com mais rigor; mas, de modo geral, toda religio é bondade ¢ justiga. li junto com isso est a verdade ou sin- ceridade e retidiin de coracao. (2) Nav devemos ter comu- nhéo com o pecado nem com o peeador (¥. 11). Obras pe- caminosas s&o obras das trevas: elas vém das trevas da ignorancia, elas buscam as trevas do encobrimento c levam As trevas do inferno. Essas obras das trevas sin «cobras infrutuosas...”. 0 pecado nao traz nenhum be- neficio a longo prazo, porque acaba resultando em com- pleta ruina e destruicao do pecador impenitente. Nao devemos, portanto, nos relacionar com essas obras in- Fruluusas das Lrevas; aléin de nao praticé-las, nao deve- ‘mos eneorajar os outros a praties-las, Hi muitas manei- vas de sermos ciimplices dos peeados dos outros, pela aprovacio, reeomendagio, consentimento ou eneobri- mento. E, se participamos do pecado dos outros, deve- ‘mos também esperar participar dos scus flagelos. Se so mos elimplices com eles, estamos em grande perign de agir em breve como eles agem. Mas, em vex de ser ctimplices dessas obras, devemos condens-las, coneln- indo que se nao reprovamos os pecados dos outros esta- mos participando com eles. Devemos testifiear de ma- neira prudente contra os pecados dos outros € empe- nhar-nos em convencé-los da sua pecaminosidade, quando isso for oportuno, especialmente pela santida- de da nossa vida c por meio de um comportamento pie- doso, Devemos repreender o pecado deles ao agir ela- 599 ramente de forma contréria. Um dos motivos para tal 6 © soguinte: “Porque o que eles fazom em oculto, até dizé-lo € torpe” (v. 12). Fssas coisas sio tio imundas e abominaveis que € vergonhoso mencioné-las, a nao ser para repreender quem as pratica; 6 ainda mais vergo- nhoso ter qualquer participacdo nessas coisas. “..0 que eles fazem em oculto”. 0 apostolo parece referir-se aqui aos idélatras gentios e aos seus mistérios horren- dos, que proliferam com maldades detestaveis, que ninguém era permitido divulgar sub pena de morte. Observe: Uma pessoa tomento a Dous tem vergonha de falar das coisas que muitas pessims mis niin tom vergo- nha de fazer. Mas, quando a maldade deles aparece, ela deveria ser censurada pelas pessoas tementes a Deus. Segue-se mais um motivo para tal repreensao: “Mas ludus exsas coisas se mantzestam, sendo condenadas pola luz” (v. 18). O significado dessa passagem pode ser o segninte: “Todas essas obras infrutiferas das trevae que voeés so advertidos a reprovarem sdo expostas aparecem nas sas devidas cores aos pecadores, a luz da doutrina ou da Palavra de Deus pela boea de vocés, como ficis reprovadores, ou pela luz instrutiva que 6 cspalha- da pela sautidade de vida ¢ pelo andar exemplar de vo- es". Observe: A luz da Palavra de Deus ¢ 0 exemplo dela na conversa cris sin moins apropriadas para eon- veneer os pecadores do scu pecado e da sua maldade. Lemos enlao: “..pryue a. luz tudo manifesta”; ou seja, luz que descobre o que antes estava oculto em trevas; , assim eonvém aos fithos da luz, que so luz no Senhor, adescobrir (ou manifestar) aos outros os seus pecados ¢ empenhar-se em conveneé-los do mal e do perigo desses pecados, brilhando assim como luz no mundo. 0 apdstulo entio recomenda o seguinte acerea do exemplo de Deus ou de Cristo: “Pelo que diz..." (v. 14); como se tivesse dito: “Ao fazer isso, voeée serdo imitadores do grande Deus, que se dispds a acordar os pecadares do seu sono e levanté-los da morte do peeado, para que possam rece- ber a luz de Gristo”. Fle “..diz”. O Senhor est cons- tantemente falando em sua Palavra, como lemos em isaias 60.1. Ou Cristo, pelos seus ministros que pregam cevangelho eterno, esté continuamente lembrando os pecadores do seguinte propésito: “Desperta, 6 tu que dormes, ¢ levanta-te dentre os mortos”. Essas diferen- tes expressdes, de maneira geral, tm o mesmo inten to; e servem para lembrar-nos da grande estupider. e da seguranga desprezivel dos pecadores, de quéio in- sensiveis sao em relacdu av perigo que estan carrendo e quo inaptos naturalmente sfio cm relagéo As nocdes, impressiies e agies espirituais, Quando Deus os eonvo- adespertar c levantar, sua intencdo é que eles rom- pain com os seus peeados pelo arrependimento e en- trem cm um curso de obediéncia santa, Ble os encorajaa se esforearem a0 maximo, pela sua graciosa promessa: “we Cristo te esclarecera”; ou Cristo te iluminard, ou vesplandecerd sobre ti. “Ble o lovaré a um estado de co nhecimento, santidade e consolo, auxiliando com sux graga e revigorando sua mente com alegria e paz aqui c recompensando-o com eterna gléria no fim". Considere isso: Quando estamos empenhados em convener 0s pe- cadores, ¢ restauré-lus dos seus pecados, estamos imi- tando Deus e Cristo naquilo que é 0 seu grande intento ao longo do evangetho. Alguns entendem isso eomo um EFESIOS 5 chamado para os peeadores e para os santos: aos peca- dores, para se arrependerem e mudarem; aos santos, para se estimularem a cumprir o dever deles. O primei ro deve levantar da sua miurte espiritual; e o dllimo deve deepertar da sua indifcronga cspiritual. (3) Outro corre- tivo contra o pecado é « prudéncia, istn 6,0 euidado ou a cautela: “Portanto, vede...” (¥. 15). Isto pode ser enten- dido, ou com respeito ao que 0 precede imediatamen- te: "Caso reprecndam os outros nos seus pecados, previsam ser fiéis nessas coisas, e ter comportamento conduta dignos” (na verdade, somente esta aptus a repreander os outros aqueles que sao prudentes ¢ cui dadosos consigo mesmos); ou, entio, temos aqui mai um corretivo, ou melhor, uma palavra de precaugio contra os pecados anteriormente mencioriados. Pesso- almente, aeredito que essa segunda hipdtesc soja o in- tenty du apdstulu; purLanto, é impossivel manter a pu reza e santidade de coragdo scm muita cautela ¢ cuida- do. “..nede prudentemente como andais™, ou, andem corretamente, de modo exato, no caminho certo: por ‘0, precisamos consultar freqtientemente a orienta- do dos ordculos sagrados, “...ndo como néscios”, que nao tém entendimento do seu dever, nem do valor da sua alma, e que por negligéueia, pela iualividade e falta de euidado, eaem no peeado e destroom ec a ci mesmos; “..mas como sébios”, como pessoas abengoatas por Deus e dotadas de sabedoria do alto. 0 resultado da ver- dadeira sabedoria ¢ wn andar prudente, ¢ 0 oposto 6a insensatez, Lemos entdo: “...remindo o tempo” (v. 16), li teralmente, compranda a oportunidade. Esta 6 uma metéfora tirada dos mereadores e negociantes que bus- cam melhorar com diligéneia o seu coméreio. Uma im- portante parte da sabedoria crista é remir 0 tempo. Rons cristaos devem ser bons administradores do seu tempo e cuidar para usé-lo para o melhor dos seus pru- pésitos, ao vigiarem para nao cair em tentacdo, a0 faze rem o bem enquanto tiverem condigées de fuzé-lo, en preenché-lo com o trabalho apropriado — um conservan- te especial contra o pecaddo. Eles devem fazer 0 melhor ‘uso possivel do tempo da graca atual. Nosso tempo é um. talento dado por Deus para um fim proveitoso e ele é di sipado ¢ perdido quando nao é empregado de acordo com 0 sen intento, Se deixamos de aproveitar 0 nosso tempo no passado, devemos empenhar-nos em remi-lo duplicando a nossa diligéneia em cumprir o nosso dever para o futuro. 0 motivo é que “..0s dias so maus”, ou por causa da maldade daqueles que vivem neste mundo, ou preferivelmente “pelo fato de serem tempos dificeis ¢ perigosos”. Os tempos em que o apostolo esereveu cram tempos de perseguicdo: os cristios estavam em peri tempo todo. Quando os dias efo maus, temos um argu- mento adicional para remir o tempo, especialmente por- que no sabemos quando cles vio piorar ainda mais. As Sit istas a reclamar de tempos di- fiecis. Seria muito melhor se isso as encorajasse a remir o tempo, “Pelo que”, diz o apéstolo (v. 17), “por eausa da maldade dos tempos, ndo sejais insensatos, ignorantes acerca do vosso dever e negligentes em relagdo 4 vossa alma, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. Exa- minai, ponderai e inteirai-vos da vontade de Deus, para cumprirdes 0 vosso dever”. Considere entav: A ignoran- cia do nosso dever e a negligéncia da nosea alma sao evi wy, 21-33 déncias de maior insensatez; cnquanto o conhecimento da vontade de Deus ¢ o euidada para cumpri-la evidenci: am a melhor e mais legitima sabedoria, I Nos trés versfulos seguintes, o apdstolo adverte contra alguns outros peeados espeefficos e fri mais alguns deveres. 1. Ele adverte contra o pecado da ‘embriaguez: "E nao vos embriagueis com vinho” (v. 18). Esse era ui pecadu muito freqiiente entre os pagéos, capecialmente durante as festae doe cous deuses, e mais especifiramente em suas orgias. Bes estavam acostu- mados a cxeitar se com vinho e com todo tipo de desejos imoderados. Por isso, o apdstolo acrescenta: “..em que, ou no qual, hé contenda”. A palavra asotia pode signiti- car dissolugdo on devassidan; certamente a embriaguen nao é amiga da castidade e pureza de vida, mas contém virtualmente todo tipo de extravagancia e leva os hi mens lascivia grosseira e a maldades extremas. Obse! ve: A embriaguez é um peeado que normalmente atrai outros pecados, envolvendo o homem em outras instan- cia de culpa. la é um pecado que afronta a Deus e éum obstéculu & vida espirilual, O apéstolu pode estar se re~ ferindo a todo tipo de intemperanga e perturbacao que 0 contrérins & conduta sébria e prudente que Ele in- tenta em scu conselho, para remir o tempo. 2. Em vez de serem cheios de vinho, ele os exorla a encherem-se “...do Espirito”. Aqueles que estéo cheios de bebida dificil mente estaro cheios do Espfrito. Portanto, esse dever é contrario ao pecado anterior. O significado da exortacéo 6 que as pessoas deveriam se esforgar para aleancar uma medida abundante das gracas do Espirito, que en- cheriam suas almas com grande alegria, forga e cora- gem, coisas que os homens carnais esperam que seu vi- nho inspire neles. Nao podemos ser eulpados de qual- quer excesso em nossos esforgos para aleangar essa ple- nitude. Néo devemos nos satisfazer com um pouco do Espfrito, mas aspirar medidas maiores e ser completa- mente cheios do Espirito. Dessa forma, entenderemos “..qual seja a vontade do Senkor”, porque o Espirito de Deus € dado como um Espirito de sabedoria e de enten dimento, Aqueles que so cheios do Espfrito so levados arealizar atos de devocdo e todas as expressdes apropri- adas a ela, Por isso o apéstolo exorta: 3. A cantar ao Se- hor (v. 19). Beberrées esto acostumados a cantar can- goes obscenas e profanas. Os pagaos, em suas orgias, cantavam hinos a Baco, a quem denominavam 0 deus do vinho. Essa cra a forma de expresearem a sua alegria; mas a alegria dos cristiins deve se expressar em cdnticos de louvor a0 seu Deus. Assim cles devem falar entre i em suas assembiéias e encontros, para 2 edificagao mé- tua. Por salmos podemos entender salmos de Davi, ou hinos que eram cantados com instrumentos musicais. Por hinos podemos entender cnticos restritos ao lou- vor, como os hinos de Zacarias, Simeao ete. Canticos es- pirituais podem conter uma variedade maior de temas: doutrinario, profético, histérieo ete. Observe aqui: (1) Cantar saluius e hinos ¢ ordenado pelo evangelho; é uma ordenanga de Deus, designada para sua gloria. (2) Em- bora o cristianismo seja inimio da alegria profana, ele encoraja a alegria e o contentamento ¢ as expressées apropriadas disso por meio dos cristsins. 0 povo de Deus tem motivos para regozijar-se ¢ para cantar de alegria. EFESLOS 5 600 Eles devem cantar e salmodiar “...ao Senhor no vosso corugdo”; nfo somente com suas vozes, mas com uma paixdo interior. Isso sera agradavel e aceitavel a Deus, dda mesma farma que a mifisica é para nés. Nosso intento sempre deve ser agradar ao Senhor e promover a sua eléria. 4. Apresentar agoes de gracas é outra tarefa do cristdo (v. 20). Somos designados a cantar salmos ete. para expressar nossa gratidao a Deus. Embora neu sempre estejamos cantando, sempre devemos dar gra a; isto 6, no devemos esperar para termos disposig para isso, mas devemos fazé-lo em todas as ocasides. De- ‘vemos continuar dando gracas durante toda a trajetéria da nossa vida e devemos dar gracas por tudo; néio so- mente pelas bengaos espirituais desfrutadas e pelas Déngaus eternas esperatlas, mas também pelas miseri- eérdias temporaie; nao eomente pelo nosso bem-estar, mas lambém pelas nossas aflighes santificadas; nao so- mente pelos nossos interesses imediatos, mas também pelas ocasides da hondade e favor divino aus outros. E nosso dever dar graeas por tudo “..a nosso Deus ¢ Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”, e nosso Pai nele, em cujo nome devemos oferecer todas as nossas oragées, louvores e cultos espirituais, para que sejam aceitaveis a Deus. Os Deveres dos Maridos e das Esposas vv. 21-83 Aqui o apdstolo inicia sua exortagdo em relagéo aos deveres doméstieos. Como fundamento geral para esses deveres, ele apresenta a regra da sujeigdo miilua (v.21). Existe uma submissao mitua que 0s cristaos devem uns ‘aos outros, dispondo-se a levar as cargas uns dos outros, no se colocando acima dos outros, nem dominando os outros ¢ impondo leis aos outros. Paulo era um exemplo dessa verdadeira conduta crista, porque se fez tudo para todos. Devemos ter um espirito submisso e estar prontus para todas as obrigacées das respectivas posi- ges que Deus outorgou a nos neste mundo. “..20 tenor de Deus”, isto é, alé onde for compativel com o temor de Deus, por sua causa, e que dessa forma possamos pro- var que realmente o tememos. Onde houver condescei déncia e submissio, os deveres de todos os que estiio na easa serao mais bem efetuados, Do versiculo 22 até 0 fim, ele fala dos deveres dos maridos e das mulheres; cle fala deles de uma maneira crista, colocando a igreja como exemplo da sujeicéo da mulher e Cristo como exemplo do amor para os maridos. O dever deserito para a mulher 6 a submissao ao seu marido no Senhur (v, 22). Essa submissio inclui a honra e obcdiéneia a cle, partindo do prineipio do. amor a ele. Elas devem fazer is abmissio & autoridade de Deus, que a ordenou, ou seja, clas devem ser submissas “..como ao Senhor”; on, ento, isso pode ser entendid por meio de comparacéo ou semelhanca; assim o sentido pode ser: “da forma que sols devotas ao Senhor, assim submetei-vos a vosso marido”. Do primeiro sentido po- demos aprender que por um desempenho conseiente dos deveres que devemos ao nosso semelhante estamos obedecendo e agradando ao proprio Deus; e, do sentido 601 EFESIOS 5 mencionado por iiltimo, entendemos que Deus nao so- mente requer c insiste nesses deveres que se referem a Ele mesmo, mas também que se referem a0 nosso préxi- mo. 0 apéstolo aponta o motive da submissao da mulher: “..porque o marido é a cabega da mulher” (v. 23). A me- tifora é tirada da eabega de um corpo natural, que, por ser a base da razdo, da sabedoria e do conhecimento, ea fonte do sentido e do movimento, é mais proeminente do que o restante do corpo. Deus deu ao homem a preemi- néncia e 0 direito de conduzir e governar na criacdo, e nessa lei original de relacionamento Ele dizi “...0 tou de sejo serd para o teu marido, e ele te dominard” (veja Gn 3.16). Qualquer inquietude ou mal-estar em relagéo a isso é um efeito do pecado que veio ao mundo. Geralmen te, ohomem tem (0 que de fato deveria ter) uma superio- ridade em relacéo a sabedoria e ao conhecimento. Ble é, portanto, a cabeca, “..como também Cristo é a eabeca da igreja". Ha una semelhanga com a antoridade de Cristo sobre a igreja nessa superioridade e autoridade que Deus designou ao marido, 0 apdstolo acrescenta: “_seulo ele pripria o salvador do corpo". A autoridade de Cristo é exercida sobre a igreja para salvé-la do male supri-la com todas as coisas boas. De forma semelhante, omarido deve proteger e conforiar a sua mulher; e, por essa raziio, cla deve estar ainda mais alegre em subme- ter-se a ele. Assim, lemos: “De sorte que, assim como a igreja esté sujeita a Cristo” (v. 24), com alegria, fidelida- de, humildade, *...assinn também as mulheres sejam em. tudo sujeitas a seu marido” — em tudo que a autoridade dele legitimamente abrange, em tudo que é legal e eon rentc com a responsabilidade para com Deus. I 0 dever do marido (por outro lado), é amar sua mulher (v. 25); porque sem esse amor cle estaria alusando da sua superioridade e autoridade. Isso re- quer da parte dele uma afeicdo especial em relagaoaela. Oamor de Cristo pela igreja ¢ proposto como um exem. plo disso. Esse amor era sincero e puro, uma afeigho ar- dente e constante, ¢ isso apesar das imperfeigdes e fa- Ihas dela. A grandeza desse amor pela igreja evidenei on-se no fato de Ele dar 2 sua vida por ela. Considere isso: Como a sujeico da igreja a Cristo é proposta como um modelo para as mulheres, assim o amor de Cristo pela sua igreja 6 proposto como um padrao para os mari- dos. Nem o homem nem a mulher tém motivos para re~ clamar das ordens e exigéncias divinas. 0 amor que Deus requer do marido em relagao a sua mulher tornaré mais facil a sujeicdo que Ele requer dela em relacdo ao seu marido; ¢ a sujeigao que Deus presereveu para amu- Iher serd un retorno abundante do amor do seu marido. Apés ter meneionado 0 amor de Cristo pela igreja, 0 apéstolo prolonga seu diseurso nesse sentido, especifi- cando o motive de Ele ter-se dado por ela, a saber, para que a santifique neste mundo e a glorifique no mundo vindouro: “..para a santificar, purificando-a com a la- vagem da dgua, pela palavra” (v. 26). Desa forma, Ele teria condigdcs de investir todos os scus membros com um prinefpio de santidade, e liberti-los da culpa, da eon- taminagdo e do dominio do pecado. Os sacramentos ins- tituidos, especialmente o lavar do batismo e a pregagio # recepeao do evangelho sfo os meios usados para isso. “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa” (v.27). W.21-33 0 Dr. Lightfoot enter de que o apdstolo se refere aqui a0 cuidado extraordinario que 0 judeus tinham ao lavar-se para a purificagao. Toda mancha ou sujeira preeisava ser completamente removida, Outros entendem que 0 apéatolo est se referindo a uma vestimenta que acabou de sair das maos do pisoeiro, purificada de manchas, es- tendida para nao ter rugas; a anterior era uma prétiea nova, ¢a posterior, uma pratiea c costume antigos. Para a apresentar a si mesmo ~ para a coneiliar perfeitamen- te consigo no grande dia, igreja gloriosa, perfeita em co- nheeimento ¢ em santidade, ™...sem medcula, nem ruga, nem coisa semethante”, nada de deformidade ou profa- nagéo, mas completamente agradavel aos seus olhos, “canta ¢ irrepreensivel”, livre dos residuos do peeado. A igreja em geral, e os erentes em particular, nao est rao sem macula ou rugas até que cheguem a gloria, Dos liltimos dois versiculos observamos que se visa a glorifi cagio da igreja ea sua santificagso; e que aqueles, @ so- mente aqueles, que sao santificados agora, serao glori cados no futuro, “Assim devem os maridos amar a sua propria mulher como a.sen prdprio compo” (¥. 28). A mu- Ther se torna um com seu marido (néo em um sentido na- tural, mas em um sentido legal ¢ relativo): esse é um ar. gumento para amd-la de maneira (#0 cordial e ardente quanto amaria a si mesmo. “Porque nunca ninguém aborreceu a sua propria carne” (v.29) (ninguém em ple- no juizo chegon a odiar a si mexmo, por mais defarmada que fosse ou quaisquer que fossem suas imperfeicées); de modo que “..antes, a alimenta ¢ sustenta”. Ele pro- cura cuidar de sicom muito carinho eatengio e é diligen- teem suprir todas as suas necessidades, como alimento, roupa ete. “...como também o Senhor a igreja”, isto 6, como o Senhor nutre e euida da igreja. Ble a supre com todas as coisas que entende serem necessérias para ela, ou seja, tudo aquilo que a conduz a uma felicidade e bem-estar eternos. 0 apéstolo acreseenta: “..puryue so- mos membros do set corpo” (V. 30). Ble eoloca isso como um motivo de Cristo nutrir e euidar da sua igreja ~ por- que todos que pertencem a ela sao membros du seu po, isto 6, do scu corpo mistico, Ou, somos membros to- ‘mados do sew corpo: toda graga e gloria que a igreja tem sao de Cristo, como Eva foi tomada do homem. Essa era a maneira de as Sagradas Hscrituras expressarem um corpo complexo pela enumeraeso das suas diversas par- tes, como o céuea terra para omundo, a noite e amanha para o dia natural, asim aqui, por eorpo, earne ¢ ossos devemos entender Ele mesmo. De acordo com esse ver. siculo, somos membros de Cristo. “Por isso (porque si0 um, como Cristo e sua igreja sio um), deiarard o homem seu puri e sua mie". O apéstolo se refere as palavras de Adao, quando Eva foi dada a ele como companheira (Gn 2.24), Nao devemos entender disso que a obrigagao do homem quanto aos ouLros relacionamentos 6 cancelada com o seu casamento, mas somente que o casamento tem preferéneia sobre todos os outros, havendo uma ima entre ox dois do que entre quaisquer outros; por isso, 0 homem deve deixar todos 03 outros para ficar com a sua esposa. “..e se unird d sua mulher; eserdo dois numa carne”, isto é, por meio da sua unio matrimonial. “Grande 6 este mistério” (v. 32). Essas palavras de Adio, mencionadas pelo apéstolo, referem-se literalmente ao casamento; mas elas também contém um w.1-9 sentido mistieo ¢ oeulto, referindo-se a unio entre Cristo e sua igreja, da qual a unio conjugal entre Adio c a mac de todos nds era um modelo: embora nfo institnfdo on de- signado por Deus para significar isso, era um tipo de sim- bbolo natural, coma tendo uma semethanga cam ales" di- g0-0, porém, a respeito de Cristo e da igreja”. Depois disso, 0 apéstolo conelui essa parte do seu discurso com um breve resumo dos deveres do marido e da mulher (¥. 3). “Assim (embora haja um sentido misti- co e secrelu, u seulidu claro ¢ literal diz respeily a vos) também v60, cada um om particular ame a sua propria mulher eome a simexmo, com uma afeigao t&o sincera, peculiar, singular ¢ efieaz que ele tem de si mesmo. E a mulher renerencie 0 murido". Reveréncia consiste em amor ¢ estima, que produz um desejo de agradar e a0 mesmo tempo de temer, que desperta uma cautela para que nao haja motivo para uma afronta justa, A vontade de Deus ¢ a lei do relacionamento 6 que a mulher reve- rencie dessa forma 0 seu marido. CAPITULO 6 esse capitulo: I. O apéstolo prossegue na exor- tagdu quanto aos deveres domésticos que inieiou no capitulo anterior, especialmente quanto ao de- ver dos filhos em relagao aos pais e dos servos em relagdo 80s seus senhores (wv. 1-9). I. Ble exorta ¢ orienta os eristéos em como se comportar na guerra espiritual com os inimigos da alma, e para exercitar as diversas gracas crists, que propde a eles por meio de varias partes da armadura espi- ritual, para preservar e defendé-los no conflito (vv. 10-18). III. Nés temos aqui a conclusao da epietola, em que o apéstolo se deepede deles, re- comendando-se as oragbes dos erentes efésios, e orando por eles (vv. 19-24). Os Deveres dus Filhos para com os Pais. Os Deveres dos Servos para com os Senhores w19 ‘Temos aqui mais orientagdes referentes aos deveres domésticos, em que o apéstolo € muito especffico. Odever dos fillius para com seus pais. “Vinde, meni- 08, owvi-me; cu vor onsinarei o temor do Senkor” (veja SI84.11). 0 grande dever dos fithos ¢ obedecer aos seuis pais (x. 1). Os pais sito 08 instrumentos para a exis téncia deles; Deus e a natureza deram a eles autoridade para governar. Se os filhos forem obedientes a pais, dosos estarao a caminho de se tornarem piedosos como os pais. Essa obediéncia que Deus requer dos seus filhos inelui uma reveréneia interior, bem como expressdes atos exteriores. Sejam obedientes no Senhor. Alguns en- tendem que essa expressao apresenta uma limitagao ea explicam da seguinte forma: “Até onde estiver em acor- do com o seu dever a Deus”. Nao devemos desobedecer nosso Pai celestial prara obwdecer aos pais Lerrenus; por que nossa obrigagio para com Deus 6 mais importante do que todas as ontras. Prefira entender esse aspecto EFESIOS 6 602 como uma razdu: “Filhos, obedegau aus seus pais; por- que cssa é a ordem do Senhor; obedegam thes por amor ao Senor". Qu, ela pode ser um lar de um dever geral esp “Obedegam aos seus pais, eapeci almenta nas enigas que eoneernem an Senhar Seus pais ensinam boas maneiras a voeés, ¢ nisso devem obede- eé-los. Eles ensinam aquilo que é para a bem de voees, ¢ nisso vocés devem obedecé-los. Mas as principais areas em que devem obediéneia a eles sao aquelas concernen- tes au Senhur”. Pais devotes ao Senhor instruem seus fi- Thos a guardar o eaminhos do Senhor (Gn 18.19). Elee os exortam a cumprir seus deveres para com Deus e os ensinam a acautelar-se dos pecados mais comuns para sua idade; nessas coisas eles precisam tomar um cuida- do especial para serem obedientes. U apéstolo apresen. taum motivo geral:"...porque isto ¢ justo”; hd una equ dade natural nisso, c Deus a ordenou. E natural que 03 pais mandem ¢ as filhas ahedegam. Embora isso possa parecer uma declaracdo dura, essa é uma obrigacdo e deve ser cumprida por aqueles que desejam agradar a Deus e ser aprovados por Ele. Para demonstrar sua ins- ‘trugao, 0 apostolo cita a lei do quinto mandamento, que Cristo estava bem longe de anular ou abolir, pois veio a este mundo para confirmé-la, de acordo com Mateus 15.488. “Honra a teu pai e a tua mae” (v, 2). Essa honra envolve reveréneia, obediéneia, ajuda e sustento, caso necessdrio. O apéstolo acrescenta: “..que € 0 primero mandamento com promessa”. Aqui aparceem algumas dificuldades, qe nfo deverfamos deixar passar, porque alguns que advogam pela legalidade das imagens apre- sentam esse aspecto como prova de que nfo estamos su- jeitos ao segundo mandamento, Mas ndo hé forca nesse argumento. O segundo mandamento ndo tem uma pro- ‘mesa especial, mas somente uma declaracdo geral, que esti relacionada a toda a lei de Deus, ou seja, que Ele é misericordioso para milhares (veja Ex 84.7). Aqui tam- bém nio se tem em mente o primeiro mandamento do deedlogo que contém uma promessa, porque iio ha ou- tro depois dese que a tenha; portanto, seria impréprio dizer que esse 6 0 primeiro; mas o significado pode ser 0 seguinte: “Este é um mandamento essencial, que con- tém uma promessa; 6 o primeira mandamento da segun- da tabua que contém uma promessa. A promessa é: para que te va bem ete. (v. 3). Observe: Uma vez que a pro- ‘messa nesse mandamento faz alusao a terra de Canaa, 0 apéstolo, com isso, mostra que essa e outras promessas do Antigo Testamento que se referem a terra de Canaa devem cer entendidas de maneira mais geral. Para que iio se pense que somente os judeus, a quem Deus deu a torra de Canaé, estavam ligados ao quinto mandamento, ele aqui apresenta um sentido mais amplo: pura que le vd bem ete. A prosperidade exterior ¢ a vida longa sio béngdos prometidas aqueles que guardam esse manda- mento. Filhos obedientes com freqiiéncia sdo recompen- sados com prosperidade exterior. Nao que esse sempre seja 0 caso; hé ocasides em que os filhos enfrentam mui: ta aflieao nesta vida. Mas geralmente a obediéneia é re- compensada dessa maneira, e onde esse nao é 0 caso, ela 6 recompensada com algo ainda melhor. Considerando que 4 promessa nv iandaumento se refere & terra de Ca- nad, 0 apéstolo descja mostrar que essa ¢ outrae pro messas no Antigo Testamento relacionadas & terra de 603 EFESLOS 6 Cana devem ser entendidas de forma mais geral. Para nio aeharmos que somente os judeus, a quem Dens deu aterra de Canaa, tinham obrigacio com o quinto man- damento, cle amplia o seu sentido: para que te vd bem ete. Prosperidade material e vida longa sao béngaos pro- metidas aqueles que guardam esse mandamento, Assim tudo estara bem conosco, ¢ filhos obedientes séo fre- jienlemente recompensados com a prosperidade mate- rial. Nao que sempre tenha de ser assim. Ha situa em que os filhos de Deus enfrentam muita aflieéio; mas, yerulmente, « obediéncia é recompensada dessa forma, e, onde esse nao é 0 caso, algo melhor acontece. Obser- ver 1. O evangelho tem suas promessas temporais, bem como as espirituais. 2. Embora a autoridade de Deus seja suficiente para nos envolver em nosso dever, temus a permissao de ter aprego pela recompensa prometida. 8. Embora content alguma vantagem temporal, mes. mo assim ela pode ser considerada um motivo de encora- Jamento para nossa obediéncia, TT. 28eter tos pais: “2 068 pais” 4) 1 ano provoqueis a ira a vossos filhos. Embora Deus tena dado poder a vis, nado abuseis desse poder, lem- brando que vossos filhos so, de uma maneira particu- Jar, parte de vés mesmos, e, portanto, devem ser trata- dos com grande ternura e amor. Nao sejais impacientes com eles; nio uscis de rigor exeessivo e nfo coloqueis imposig6es rigidas sobre eles. Quando os advertirdes, aconselhardes, censurardes, fazei-o de tal forma que nio provoqucis @ ira deles. Em todas essas situacées, procedei de maneira prudente e sabia com eles, bus- cando ajudé-los no seu julgamento e a usar 0 hom sen- 20”. 2, “..criai-o8 na doutrina e admoestagéo do Se- nhor, na diseiplina da corregio apropriada e compassi- vae no conhecimento do dever que Deus requer deles, ajudando-os dessa forma a conheccr melhor o Senhor”, 0 grande dever dos pais é ser euidadosos na educagao dos filhos: “Nao busquem apenas crid-los, como ani is irracionais, que procuram suprir c cuidar deles, mas Iusquem edues-los @ admoesté-los de acordo com sua natureza racional. Nao, néo somente os criem como pessoas, educando-os e admocstando os, mas como cristdos, ua admoestagao do Senhor. Permitam que te- nham uma educacdo crista. Instruam-nos a temer o pe- cado e informem-nos e animem-nos acerca do scu de- ver completo para com Deus" I O dever dos servos. O dever deles também é ee etcance palavra: obediéncia. Ele se alonga nesse t6pico como se isso fosse a maior necessi- dade. Hsses servos geralmente eram escravos. A servi- dio civil nao € inconsistente com x liberdade cristd. OS eseravos dos homens podem ser homens livres no Se- nhor ...0sso senhor segundo a earne (v.5),isto €, quem tem o dominio sobre o vossu corpo, mas tii0 sulyre a vos- sa.alma ¢ consciéneia. Somente Deus tem dominio sobre elas", Em relagSo aos servos, 0 apdstolo exorta: 1. Que eles obedegam “...com temor e tremor”. Elles devern res- peitar aqueles que esto acima deles, temendo desagra- dli-los e tremendo para que néo atraiam legitimamente airae a indignacdo deles. 2. Que eles sejam sinceros na obediéneia: “..a sinceridade de vosso coracdo”; néo si- mulando obediéneia quando intentam desobediéneia, mas servindo-os com fidclidadc. 3. Eles deveriam ter Jesus Cristo em vista em todo servigo prestado aos seus senhores (vv. 5-7): “..servindo de bow vomtade eon an Senhor endo como aos homens”; isto é, nio somente aos. homens. Quando os servos, no eumprimento do seu de- ver, tém Cristo em mente, isso coloca lealdade e aceii bilidade na sua obediéncia. O servigo feito aos scus sc- uhores lerrenos, tendo em vista o Senhor, também torna um servico aceitavel a Ele. Ter Cristo em mente é lembrar que Ele os vé e esta sempre presente com cles, @ que sua autoridade os obriga ao cumprimento fiel e consciente dos deveres da sua posicdo. 4. Hles nao de- vem servir seus senhores @ vista (v. 6); isto ¢, somcnte quando us olhos do seu senhor est&o sobre eles: mas eles também devem ser téo conscientes no desempenho do seu dever quando estio ausentes, porque entao o seu Se- nhor no céu os estd observando. Partanto, eles nfo de- yem somente buscar agradar aos homens - como se nao se importassem em agradar a Deus e serem considera. dos aprovadlos por Ele, achando que basta impressionar scus senhores. Observe: Um respeito constante pelo Senhor Jesus Cristo torna a pessoa fiel e sincera em cada situacdo da vida. 5, Eles devem fier tudo com alegria: “nefazendo de coragéo a vontade de Deus”, servindo seus senhores eonforme a vontade de Deus, nao de ma vonta- de, nao por coagéo, mas como um prinefpio de amor por eles e pelos seus negéeios. 1sso é servir de boa vontade (v. 7) e tornar4 o servigo deles mais facil para si mesmos, mais agradavel aos seus senhores @ aceil4vel an Senhor Jesus Cristo, Deve haver boa vontade para com os seus senhores, boa vontade para com suas familias, e, especi- almente, uma prontidao em cumprir seu dever para com Deus. Observe: O servigo realizado de mancira consci enle @ com uma consideracio por Deus, embora seja para senhores injustos, ser considerado por Cristo cu- mo um servigo feito a Ele proprio. 6. Os scrvos figia de- vem confiar em Deus para o seu “saldrio", enquanto cumprem o seu dever no temor dele: “..sabendo ue cada um recebera do Senhor todo o bem que fizer” (v. 8), por improdutivo ou despreztvel que seja, isto 6, por me- tonimia, a recompensa do mesmo. Embora seu senhor terreno possa negligenciar ou abusar dele, em vez de re- compensé-lu, » servo certamente ser recompensado pelo Senhor Jesus Cristo, “..seja servo, seja livre”, seja um pobre escravo ou um homem livre ou senhor. Cristo no considera essas diferencas entre os homens no pre- sente, nem o faré no grande julgamento final. Vocé tal- vez pense: “Um principe, um magistrado, ou um minis, tro, que realiza seu dever auui, eslard certo de receber sua recompensa no eu; mas com que direito posso eu, um pobre servo, requerer o favor de Deus?” Deus certa- mente o recompensaré pelo trabalho mais insignificante que for realizado a partir de um senso de dever, tendo o Senhor em vista. E, 0 que pode ser dito para engajar ou encorajar os senhores no seu dever? I 0 dever dos senhores: “E v6s, senhores, fazei o ‘mesmo para com eles (v. 9); isto é, procedei da mesma forma. Sede justos com eles, como vos gostaricis que fossem convaseo, Mostrai a mesma hoa vontade e preocupagao por eles e buscai ser aprovados por Deus”. wv. 10-18 Observe: Os senhores também esto debaixo de ubriga- gées rigorosas para cumprir seu dever cm relagéio aos servos, da mesma forma que os servos deveriam ser obedientes ¢ submissos a eles. “..deixando aa amcagas, anientes — moderanda as ameagas, @ afronvanda os ma- Jes com os quais os ameacais. Lembrai-vos que vossos servos tém 2 mesma natureza, e, portanta, nao sejais so- berbos e nao ajais como tiranos com eles, sabendo tam- bem que o Senhor deles e vosso estd no céu”. Algumas e6- pias Lrazeu a leilura de laulu vussy como sew Mestre. *Voeés tém um Senhor a quem obedecer que torna isco 0 dover de vores; # vores « eles sho servos de Cristo. Vocés serfio tio digos de castigo pelo fato de negligenciarem seu dever, on pelo fato de agirem eontrério a esse dever, quanto qualquer pessoa cm condigio inferior neste mun- do. Voees, portanto, devem mostrar generosidade aus Ou- tros, da mesma forma que gostariam de scr tratados: com generosidade por Ele, sabendo que nunca sera pa reos para Ble, apesar de serem duros demais com seus servos”. “...para com ele niio hd acepeao de pessoas”. Se um senhor rico, abastado e digno é injusto, soberbo e abusivo, nao é mais aceito por Deus por eausa da sua ri- queza, abastanga e honra. O Senhor chamar4 senhores e servos para uma prestacao de contas imparcial pela sua conduta mtilua, ¢ nao poupard os primeiros pelo fato de serem mais eultos nem mais severos com os tltimos por serem inferiores e despreziveis no mundo. Se Lanlo os senhores quanto 0s servos considerasscm sua rclagio c obrigacéio com Deus e a prestagio de contas que deverfin dar a Ble em breve, seriam mais cuidadosos quanto ao seu dever mtituo. Assim, o apéstolo conelui sua exorta- co quanto aos deveres domésticos. A Batalha Espiritual w. 10-18 Aqui est4 uma exortagén geral A consléneia em nosso curso cristo, e A coragem na nossa gucrra erista, Acaso a nossa vida nao é uma guerra? Certamente! Nés lntamos com as adversidades da vida humana. Nao é a nossa vida crist uma verdadeira guerra? Certamente! Nés lutamos contra a oposigdo dos poderes das trevas e contra os mui- tos inimigos que querem nos manter afastados de Deus e «du eu, Teinos inimigos que devemos combater, um capi- to por quem pelejar, uma bandeira para defender e cer- tas regras de guerra a seguir “Nu demas, irmios meus, (v. 10), voeés precisam eontinuar dedicando-e ao trabalho fe dever como soldacios cristéins”. Fi necesssirio que:0 solda- do seja corajoso e bem armado. Os soldados de Cristo precisam ser corajosos. Por isso, lemos: “..fortalecei-vos no Senhor”. Aqueles que tém tantas batalhas a lutar, e que, no seu caminho para 0 eéu, devem disputar cada passo por meio da espa- da, necessitam de muita coragem. Fortalecei-vos, sede fortes para o servigo, fortes para sofrer, fortes para combater. Se o suldado nao for valente, sua armadura nao seré de grande ajuda, Observe: orga espiritual e coragem so muito necessérias na nossa guerra espiri- tual. Sejam fortes no Senhor, na sua causa ¢ por amor do seu nome. Nao temos farga suficiente em nis mesmos. EFESIOS 6 604 Nossa coragem natural nao passa de covardia, ¢ nossa forga natural, de completa fraqueza. Mas toda a nossa sufieiéneia vem de Deus. Devemos continuar e avancar na sua forga. Pelas agoes da f6, devemos busear graga ¢ ajuda do eéu para eapacitar-nos a fazer aquilo que nio podemos realizar por nossa conta, no trabalho ena bata- Iha eristdos. Deverfamos nos dispor a resistir as tenta- Ses dependendo da plena sufieiéncia de Deus e da oni- poténela do seu poder. I Os goldados de Cristo precisam estar hom armados: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus (v.11). Usai toda protegdo adequada e as armas para repelir as tentacoes e estratagemas de Satands—obtendee exercitai todas as gragas cnistas, toda a armadura, para que nao f- que expusta vu desprolegida ueuliuma parte av inimigo”. Considere isco: Aqueles que quorem ger aprovados na ver- dadeira yraga provisam almejar toda praca, toda aarma- dura, Ela é chamada de a armadura de Deus, porque é Ele que a prepara e a concede, Nao temos uma armadura prt pria que seja confidvel em tempos de provas. Somente a armadura de Deus oferecera a devida resistencia. Rss armadura é preparada para nés, mas cabe a nés vesti-la; isto 6, devemos orar por graca, preeisamos usar a graga que nos foi concedida e colocé-la em ago quando for opor- tuno, O motivo de o cristo neeessitar ser completamente armadu €*..pacra que possais estar firmes contra as astu- tas ciladas do diabo” — para que seja eapaz de resist, @ vencer, apesar de Lordos us ataques do Diabo, tanto de forca quanto de fraude, dos cous enganos, das armadilhas que prepara contra nés @ de toda maquinagau contra nds. 0 apéstolo desereve essa gucrra c mostra: 1. O perigo ea necessidade que temos de reves: tir-nos de toda armadura, considerando 03 tipos de ini- migos com os quais preeisamos lidar ~ 0 Diabo e todos os poderes das trevas: “..porque ndo temos que lutar con- tra earne e sangue” (v. 12). 0 combate para o qual preci- samos estar preparados nao é contra inimigos humanos comuns, nao contra homens constituidos de carne ¢ san- gue, nem contra nossa propria natureza corrompida, mas contra os diversos graus de demdnios, que tém um controle que exercitam neste mundo, (1) Lidamos com tum inimigo sutil, um inimigo que usa manhas ¢ estrata gemas, como Jemos no versfeulo 11, Fle tem mil manei- ras de iludir almas inconstantes; por isso 6 chamado de serpente, em virtude de sua sutileza, a velha serpente, experimentada na arte de tentar. (2) Ele é um inimigo poderoso: principados, potestades e principes. Eles si numerosos e poderosos; eles governam as nacées pags que ainda esto nas trevas. As partes sombrias do mun- do sio oalicerce do império de Satands. Eles esto usur- pando c destituindo principes sobre todos os homens que ainda esto em um estado de pecado ¢ iguordncia, Satands é um reino de trevas, enquanto Cristo 6 um rei no de luz. (3) Bles so inimigos espiritnais: “..hastes ¢ pirituais da maldade, nos lugares celestiais”, ou espit tos maus, como alguns traduzem. 0 Diabo é um espfrito, ‘um espirito mau; 0 perigo € maior porque nossos inimi 08 sao invisiveis e nos atacam antes de nos darmos con- la deles. Os deménios sao espiritos maus, e eles especi- ‘almente aborrecem e provocam os santos & perversid: de, ao orgulho, & inveja, A malicia ete. Esses inimigos fi- 605, cam nos lugares celestiais, de acordo com o texto origi- nal (ou “regides celestes”, versio RA); nesse caso, 0 céu significa toda a cxpansio, ou além da nossa atmosfera, 0 lugar entre a terra e as estrelas, de onde os deménios nos assaltam. Ou, o significado pode ser: “Zautamos por lugares eclestiais ou coisas eclcstiais”; essa é a forma de alguns antigos interpretarem esse texto. Nossos inimi- gos se esforcam para impedir nossa subida ao céu, para privar-nos de béngdos celestiais ¢ para obstruir nossa comunhao com o eéu. Eles nos ataeam nas coisas que pertencem A nossa alma e se esforcam para desfigurar a imagem celestial em nosso coragao; ¢, portanto, precisa ‘mos estar vigilantes contra eles. Necessitamos de f6 em nossa batalha crista, porque temos inimigos espirituais que precisamos combater, bem como fé em nosso traba- lho crisi#o, porque precisamos buscar forga espiritual O nosso perigo é grande. 2. O nosso dever: tomar posse e vestir toda a arma- dura de Deus enlao resistir a nossos inimigos (1) Devemos resistir (x. 18). Nao devemos ceder sedugao e aos ataques do Diabo, mas resistir-Ihes. Le- mos que Salands se levanla contra nds (1 Cr 21.1). Se ele se levantar contra nés, precisamos nos levantar contra ele, estabelecer e conservar um interesse em opor-se a0 Diabo, Satands é o infquo, ¢ seu reino é 0 reino do peca- do; coloear se contra Satands é lutar contra ele, que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, fi- car firmes”, isto é, no dia da tentagio ou de alguma tribulagio dolorosa. (2) Devemos ficar firmes na nossa base. “...e, haven- do feito tudo, ficar firmes”. Devemos decidir, pela raga de Deus, nao ecder a Satands. Resistir-lhe, pois ele fugi- rd. Se suspeitarmos ou duvidarmos da nossa causa, ou donosso lider, ou da nossa armadura, damos vantagem a ele. Nosea tarefa atual ¢ opor nos aos ataques do Diabo endo ceder; e ento, tendo feito tudo que cabe a um bom soldado de Jesus Cristo, nossa batalha seré concluida e seremos finalmente vitoriosos. (3) Devemos permanecer armados. 0 apéstolo explica esse aspecto em detalhes. Observamos um cristo com sua armadura completa; ¢ a armadura ¢ divina: armadura de Deus, arnuuiurn da uz (Rm 13.12). Armadura da justicn (2 Co 6.7). 0 apéstolo especifica os aspectos particulares dessa armadura, tanto ofensivos quanto defensivos: 0 ein- \o, a couraga, a armadura para as pernas (ou os sapatos do soldado), 0 escudo, 0 capacete e a espada. Observamos que, entre todos eles, nao h nenhuma protegao para as cuslas; se volLarmos nossas costzis para o inimigo, nos ex- pomos. [1] A verdade ow a sinceridade é o nosso cinto (x. 14). Isso foi profetizado acerca de Cristo (Is 11.5), de que “a justica seni o cinto dos sens lombos, ea. nerdaude, 0 cinto dos seus rina”. Todo eristao deve ser cingido com 0 que Cristo foi eingido. Deus desejaa verdade, isto 6, asin- ceridade, no nosso fntimo. Esta é a forca dos nossos lom- bos. la cinge todas as outras partes da nossa armadura, e, portanto, é mencionada primeiro. Nao conheco uma re- ligido que nao esteja baseada em sinceridade. Alguns en- tendem que o into representa a doutrina das verdades do evangelho: elas deveriam estar firmadas em nés como ocinto aos lombos (Jr 13.11). Isto refrear4 a libertinagem ea licenciosidade, como um cinto refrcia ¢ detém 0 corpo. Fste é 0 cinto do soldado cristao: sem ele, o soldado nfo é Ww. 10-18 abengoado, [2] A justiga deve ser a nossa couraga. A cou- raga protege os Grgaos vilais ¢ 0 coragio. A justiga de Cristo imputada a nés é nossa couraca contra as flechas da ira divina, A justiga de Cristo implantada em nds 6a nossa couraga para forlalecer o coragao conlra.us alauques aque Satanda faz contra nds. O apdstolo explca isso em 1 Tessalonicenses 5.8: “..vestindo-nos da cowraca da fé ¢ da caridade”, Fé e caridade (amor) incluem todas as gr gas eristis; porque pela £6 somos unidos a Cristo ¢ pelo amor a08 nossos irmios. Isso resultard no eumprimento diligente do nosso dever para com Deus e numa conduta integra cm rclagio aos homens, cm todos o3 offcios de Justica, verdade e caridade. [3] A determinagao deve ser ‘como a armadura para as nossas pernas: “..e calgados os és na. preparacao do evangelho da paz” (v, 15). Sapatos ‘on grevas de bronze (protecao para as pernas do joelho para baixo), ou algum material parecido, antigamente fa- ziam parte da armadura militar (1 Sm 17.6). O seu uso ti- nha o propésito de defender os pés contra as armadilhas de escoriacées e gravetos afiados, que habitualmente eram colocados seeretamente no caminho, para obstruir samarcha do inimigo. A preparagdo do evangetho da paz signifiea uma disposicao de 4nimo preparada e resoluta, ou seja, dediear-se a0 evangelho e ficar fiel a ele, o que nos cap ra pasos firmes no caminho da 6, apesar das dificuldades e perigos desse caminho. Ele é chamado de o evangelho da paz porque traz toda sorte de paz: paz com Deus, conosco # cam a préximo, Talvez tam= bém signifique aquilo que prepara o recebimento do evan- gelho, a saber, o arrependimento, Nossos pés precisam ser ealgados com ele: porque ao viver uma vida de arrependi- mento, somos guarnecidos contra as tentagées para pecar € 08 intentos do nosso grande inimigo. O Dr. Whitby acre- dita que este deve ser o sentido das palavras: “Para esta rem prontos para o combate, vocés precisam calcar o evan- gelho da paz, esforgar-se para obter a mente pacifiea e trangiiila que o evangelho requer. Nau permitam ser fa cilmente provocados, nem inclinados a brigar: mas mos- trem bondade e longanimidade a todas as pessoas, e isso certamente os preservaré de muitas e grandes tentagoes ¢ perseguigées, como aqueles sapatos de bronze dos sol- dados os protegiam das ciladas no eaminho”. (4].A £6 deve ser nosso escudo: “..tomando sobretudo, ou principal- mente, 0 excudo da fe” (v. 16). Ble 6 mais necessirio do que qualquer outra arma. A fé 6 tudo em todos em um momento de tentacao. A couraca protege os 6rgaos vitais, mas com o eseudo revertemos qualquer ataque. “...csta 6 avit6ria que vence 0 mundo: a nossa fé" (weja 1 Jo 5.4). Precisamos estar completamente persuadidos da verda- deem relagao a todas as promessas ¢ exortagdes de Deus. Base lipo de (4 é uma grande arm contra as tentagives. Considere a f€ como “..a prova das coisas que se néo véem eo firme fundamento das coisas que se esperam” (veja Hb 11.1). Bla cerlamente serd muito dtil para esse propésito. A fé, ao receber a Cristo e os beneficios da re- dencdo, obtendo graga dele, 6 como um escudo, um tipo de defesa universal. Nosso inimigo, o Diabo, & axui mado de maligno. Ble 6 maligno e se empenha em tor- nar-nos malignos. Suas tentagdes so chamadas de dar- dos por causa da sua velocidade e do véo nao reconhecido, além das profundas feridas que deixam na alma; dardos inflamados, fazendo alusio 20s dardos venenosos que vv, 19-24 costumavam inflamar as partes do corpo que eram atingi- das por eles, como as serpentes com stias picadas veneno- sas so chamadas de serpentes ardentes. Os dardos que Satands atira ein nds sav as tentagdes violentas, incitando aalma ao fogo do inferno. A fé é 0 ezcudo que devemos usar para extinguir esses dardos inflamados, tornan- do-os inefieazes, ndo nos atingindo, ou pelo menos nao nos ferindo. Observe: A fé agia na Palavra de Deus, e, ao aplieé-la, agia sobre a graga de Cristo, extinguindo os dardos da tentayao. [5] A salvagdo deve ser nosso eapace- te (v.17); isto 6, coporarga, que tem a salvacio como seu ahjetivo, como consta em 1 Tessalonicenses 5:8 Qeapace- te protege a cabeca. Uma boa esperanca de salvacéo, bem fundada e bem edificada, purifieard a alma e a guardars deser corrompida por Satands, e a confortaré e a guarda- vr de ser importunada e atormentada por Satanas. Ele procuraria nos tentar até desesperarmos. Mas a boa es peranga noe mantém confiando em Deus © regozijan- do-nos nele. [6) A Palavra de Deus éaespada do Espirito, Acspada é uma parte muito necessdria e itil do equipa- mento do soldado, A Palavra de Deus é muito neces c de grande proveito ao eristio, para suportar a guerra espiritual e ser hem-sueedido nela. Fla 6 chamada de“. espada do Espirito, porque 6 a ditada pelo Espirito e Elea tornaeficaz.e poderosa e “... mais penetrante da que qualquer espada de dois gumes”. Como no caso da espa- da de Golias, nao ha outra igual; com ela atacamos os agressores. Os argumentos das Escrituras sao os argu- mentos mais poderosos para repreender a tentagao. 0 préprio Cristo resistiu as tentagdes de Satands com ela: “Bsté escrito” (Mt4.4,6,7,10). A Palavra de Deus escondi- da no coragdo nos protegerd do pecado (SI 119.11) e mor- tificard e matard essas eoncupiseéneias e corrupgbes que esto Iatentes ali. [7] A oracio deve estar atada a todas as outras partes da nossa armadura crista (v. 18). Devemos unir a oragéo com todas essas virtudes, para nossa defe- sa contra esses inimigos espirituais, implorando a ajuda eo socorro de Deus, conforme a necessidade do momen- to: e sempre devemos orar. Nao que nao devamos fazer nada além de orar, porque hd outras obrigacoes da reli- gido e das nossas respectivas posicées no mundo que precisam ser feitas no seu lugar e época; mas deveria- mos manter constantes periodos de oragéo e ser cons- tantes nelas. Devemos orar em todas as ocasides e sem- pre que nossas necessidades ou as de oulros assim u re quererem. Devemos sempre conservar uma disposigéio para orar e devemos misturar aragdes fervorosas com outros deveres € interesses comuns, Embora as oracdes solenes « convencionais possam As vezes parecer sem mo- tivo (como quando outras obrigacées precisam ser reali- zadas), no entanto oragdes fervorosas e piedosas nunca podem ser assim. Devemos orat “...com toda oragao ¢ st: pplica’’, com todos os tipos de oragao: publica, privada, se- crela, social e suliléria, sulene e repentina; com todas as partes da oragio: confissao de pecado, petigao por miseri- cérdia, & ages de graga pelos favores recebidos. Deve- mos orar *..no Hspérito”; nossos espiritos devem estar envolvidos nessa tarefa e devemos fiz8-lo pela ungio do bom Espirito de Deus. Devemos vigiar nisso, esforgan- do-nos para manter nosso coragao em uma disposicao de oragdo e aproveitar todas as ocasides para essa funcao: devemos vigiar todos os movimentos do nosso coragiio em EFESIOS 6 606 relagao a essa fungao. Quando Deus diz: “Buscai 0 meu rosto”, nosso coracao precisa concordar (SI 27.8). Deve- mos fazé-lo “..com toda perseveranca”. Devemos per- sistir no dever da oragao, independentemente da mu- danga que posea havar em nosgas cireunstneias exteri- ores; e devemos continuar com essa atitude enquanto- vermos no mundo. Devemos perseverar na oragao parti- cular; no abreviando-a, quando nosso coragao esta dis- posto a estendé-la e quando houver tempo e necessidade para Lal. Também devemos perseverar em pedidos prar- ticulares, apcsar de alguns desalentos ¢ repulsas atuais, F devemas arar cam sriplica, nia somente por nés mes- mos, mas “...por todos 03 santos”. Porque somos mem- bros uns dos outros. Considere isso: Ninguém é tao san- to e estd em tao boa condigio neste mundo que nao ne- cessite das nossas oragoes; por isso devemos continuar vrando. 0 apéstolo passa entao a conclusao da epistola, A Conclusio wy, 19-24 Aqui 0 apéstolo deseja as oragies dos efésios por ele (v 19). Tendo mencionado “...siiplica por todos os san- tos”, ele se coloca entre eles. Devemos oar por todos 0s santos, especialmente pelos ministros fiéis de Deus. “Ir- ‘mdos, rogai por nds, para que a palavra do Senhor te- nha livre curso e seja glorificada” (veja2Ts8.1). Obser- veo que ele gostaria que orassem a seu favor: “A fim de que Deus me dé a mensagem certa; para que eu seja li- berto das minhas limitagoes atuais, e assim tenha a li berdade de propagar a {6 em Cristo; para que enka a habilidade de expressar-me de uma mancira adequadac conveniente; para que, quando en falar, fale com cora- em, isto é, para que apresente todo o conselho de Deus, sem qualquer medo, vergonha ou pareialidade”. *..fazer notério 0 mistério do evangelho”; alguns entendem que ‘oapéstolo se refere & parte do evangelho que diz respei- to ao chamado dos gentios, que tinha sido ocultado até entao, como um mistério. Mas todo evangelho era um mistério, até ser conhecido pela revelagao divina; e é a obra dos ministros de Cristo publies-lo. Observe: Paulo linha wn grande dominio da lingua; eles o chamaram de Mereiirio, porque era o orador principal (At 14.12), ¢ mesmo assim pedin para que seus amigos orassem a Deus para conceder-Ihe o dom da oratéria. Ele era um homem de grande coragem e muitas vezes se distinguit 10 entanto, pediu para que orassem a fim de que Deus the desse ousadia. Ele sabe 0 que dizer como qualquer outro homem; no entanto, deseja que orem por ele, para que fale “...como me convém falar”. 0 argu- mento que usa para reforgar seu pedido € que por causa do evangelho ele é um “...embaixador em cadeias” (¥. 20). Ble est sendo perseguido e foi preso pelo fato de pregar o evangelho; apesar disso, continuou na miss: diplomatiea confiada a ele por Cristo, ¢ persistin em pre- gar o evangelho. Observe: 1. Nao é novidade para os mi- nistros de Cristo estarem em cadeias. 2. F dificil para eles falarem corajosamente quando esse é 0 caso. 3. Os melhores e mais notiiveis ministros tém necessidade das 607 oragies dos verthuleiros erislios @ serao beneficiados por elas; e, portanto, deveriam sinceramente desejé-las. II 0 apéstolo recomenda Tiquico a eles (wv. 21,22). Ele o enviou com esta epistola para que possa fa- miliariza-los com aquilo de que as outras igrejas tinham sido informadas, a saber, o que ele fazia, como era trata- do pelos romanos em suas eadcias ¢ como se eomportava nessas eireunstncias atuais. I importante para minis- tros genufnos que seus amigos eristos conhegam seu estado e que estes se familiarize com a condigio deles. Dessa forma, eles podem ser uma ajuda mitua mais efi- caz nas oragées. “..e ele console os vossos coragées”, por meio da apresentagio desse rclato dos scus sofrimentos, dos motivos e da sua disposig0 mental e seu comporta- mento no meio deles. Isso poderia prevenir o esmoreci mento deles diante dessas tribulagées ¢ encher 0 cora cdo deles de alegria e acées de gracas. Ele revela que Ti- quico era um “..irmdo amado ¢ fiel ministro do Se- nhor”. Ele cra um eristdo sinecro, ¢, portanto, um irmao em Cristo: ele era um ministro fiel na obra de Cristo e muito precioso para Paulo. Isso torna o amor de Paulo por esses cristdos efésios ainda mais notavel, a ponto de desfazer-se de um amigo to precioso e leal por amor 2 eles, quando sua companhia devia ser peculiarmente aprazivel e itil. Mas os servos fiéis de Jesus Cristo tem coma praxe preferir o hem-estar pablica wos seus inte- resses pessoais e particulares. TIT mccominicom satis eorugbs por tes, © nao somente por eles, mas por todos os irmaos (vv. 23,21), Sua bengao costumeira era: Graga e paz. Aqui ele esereves “Puz sejut com os trmdos ¢ cevridade com fe". EFESIOS 6 vv, 19-24 Por paz devenos entender todo tipo de paz ~ paz com Deus, paz com a consciéncia, paz entre eles. E toda pros- peridade exterior esti incluida nessa palavra; como se ele livesse dito: “Desejoacontinuidade &aumento de toda fe- licidade para voces”. “..¢ earidade com fé. Isto, em par- te, explica o que ele quer dizer no versiculo seguinte so- bre a graca; nao somente graga na fonte, ou 0 amor e fa- vor de Deus, mas graca em profuusio, a graca do Espirito fluindo desse prinefpio divino, fé e amor ineluindo todo 0 resto. Ea continuidade e aumento desses aspectos que ele deseja para cles, em quem cssas eoisas ja haviam eo megado. Segue-se: “..de Deus Pai...”. Toda graga e hén- cos sao obtidas de Deus para todos os santos, pelo méri- to c intereessao de Jesus Cristo, nosso Senhor. A béngio final 6 mais extensa do que a anterior. Aqui ele ora par ta- dos 0s verdadeiros crentes em Efeso e em todo lugar. 0 amor ao nosso Senhor Jesus Cristo é o cardter ineontes: tvel de todos os santos, Nosso amor a Cristo s6 6 neeili- vel se for sincero: na verdade, nao é possivel amar a Cris- to, independentemente do que o homem posea simular, sem que haja sinceridade. As palavras podem ser enten- didas da seguinte forma: Graca seja com todos os que amam. 0 noseo Senkor Josue Cristo com amor incorrap- Heel, que continnam constantes em sen amor por Fle, para nao serem corrompidos por qualquer tipo de engodo ou sedugao, e cujo amor por Ele nao é eorrompido por qualquer desejo contrério, ou pelo amor por qualquer evi- sa desagradavel a Ele. Graca, isto é, 0 favor de Deus, € todo bem-estar (espiritual e temporal), isto 6, o fruto dis- so, So @ sero com todos aqueles que amam o Senhor Je- sus Cristo dessa forma, 0 desejo ea oracdo de todo aque- le que ama a Cristo sao para que isso ocorra com todos 08 seus irmius cristéos. Amém, que assim seja.

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