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Garuva

Três
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Barras Mafra

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Canoinhas
Campo

Porto
União
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Dionísio Bela Vista
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Novo
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Balneário
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Costa
Castelo
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! do Sul Guaramirim
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Abelardo
Luz
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! Calmon Timbó
Guaraciaba Terezinha do Grande São João do
Progresso Saltinho
Formosa
Santiago
Ipuaçu (
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Massaranduba
Itaperiú Barra
Paraíso
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do Sul
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! Velha
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! Romelândia Bom Jesus
do Oeste (
! Entre Verde Doutor Luiz
São Miguel
do Oeste
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Serra
Alta
Sul Jardinópolis Quilombo Rios
Bom
Jesus (
! Pedrinho Rio dos Alves
São Miguel Tigrinhos
Brasil
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! Passos Santa (
! Benedito
Cedros Pomerode
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! Balneário
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Capítulo I
Caçador
Bandeirante (
! da Boa Vista Maia Terezinha Novo (
! Piçarras

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Flor do
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Maravilha
Modelo
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Pinhalzinho
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do

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Marema
Lajeado Faxinal
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Ponte Macieira
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! Timbó
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Belmonte
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! Sertão
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Águas Grande dos Guedes
Serrada
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! Rio das
Vitor (
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! Cunha (
! Nova Frias
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! Xanxerê
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! Salto Meireles

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Iraceminha
Descanso Porã Erechim
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Coronel
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Arroio
Antas
Lebon (
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Indaial
Blumenau Ilhota Navegantes

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Freitas
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Nova Rio do
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Witmarsum
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! Régis Rodeio

Gênese da
Santa Saudades Itaberaba (
! Trinta
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Santa Campo
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José
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Gaspar
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Helena
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( Iporã do Cunhataí
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Cordilheira
Alta
Xaxim
Vargem Água
Doce
Treze
Tílias
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Cecília
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Dona
Emma
Boiteux
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! ! Ascurra
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( Itajaí Balneário

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Iomerê
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! Oeste
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! ! Bonita Videira
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! Camboriú
Tunápolis (
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Águas de Planalto
Xavantina
Lindóia
do Sul
Ipumirim
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Irani
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Catanduvas
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( Pinheiro
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Fraiburgo

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Presidente
Getúlio
Ibirama
Apiúna
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São João
Riqueza Palmitos Chapecó Alegre Arvoredo
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! Ibicaré Preto (
! Guabiruba Camboriú
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! Chapecó
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Mondaí!
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do Oeste Taió
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Carlos
Guatambú
Luzerna ( Tangará
! Ponte Alta
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! Brusque
Itapema
Caxambu
do Sul (
! Seara Arabutã
Joaçaba
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( Frei
Rogério
do Norte
Lontras
(
! Porto

Formação
Rio do
Itapiranga (
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! Presidente (
! Mirim Belo
(!( Bombinhas
Rio do
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! Castello ( Jaborá
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! Ibiam Monte (
! Doce Oeste
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Concórdia d'Oeste Carlo
! Laurentino Sul
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Pouso
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Paial

Itá
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Lacerdópolis

! Erval
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Curitibanos
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Cristóvão
do Sul
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Redondo
Trombudo
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Presidente
Nereu
Nova
Trento
São João
Batista (
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Tijucas

Governador
Velho Brunópolis
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! Central
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! Celso
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! Ouro (
! Braço de (
! ( Aurora
! Ramos
Capinzal Trombudo
Peritiba !!
(( Campos Vidal (
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(Alto Bela
! Ipira Novos (
! Ramos Major

Econômica
Ituporanga
Vista ! Piratuba
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Atalanta
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! Gercino

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! Zortéa
Ponte Otacílio Agrolândia ( (
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! Vargem Alta Costa
Imbuia Leoberto
Biguaçu
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! Leal Antônio

Correia Palmeira
Petrolândia
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! Chapadão
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Angelina
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Carlos
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Abdon Pinto do Lageado Florianópolis
Celso (
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! São José

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Batista
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Ramos
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! São José
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! São Pedro de

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e Social
do Cerrito Rancho Alcântara
Anita
Alfredo
Garibaldi (
! Wagner
Queimado

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Bocaina Palhoça
do Sul Águas ! Santo
Cerro
Negro
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! Bom Mornas Amaro da
Imperatriz
Lages Retiro
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Campo
Belo
do Sul
Capão
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Rio
Rufino
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Anitápolis
São
Bonifácio
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! Alto
Painel
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! Urupema (
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! DOI 10.5965/97885830215203201816
(
! Paulo
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! Lopes

Urubici
Santa Rosa
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! de Lima Garopaba
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Rio
Fortuna São
Grão (
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Pará (
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Imbituba
São Braço do Armazém
Joaquim Norte (
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! Bom Jardim
da Serra Gravatal
São Imaruí
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! Lauro
Orleans ! Ludgero (
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Muller (
! Pescaria
Brava
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! Pedras
Grandes (
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! Tubarão
Capivari
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! Laguna
Treviso

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Urussanga

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! Treze
de Maio
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Nova
Siderópolis (
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Veneza (
! ! Cocal
( do Sul Sangão
Jaguaruna

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! Criciúma
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PRINCIPAL ORIGEM DA CONQUISTA Morro


Forquilhinha

(
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(!(
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Içara Morro da
Fumaça

E COLONIZAÇÃO Timbé
Grande Balneário
do Sul (
! Meleiro Rincão

(
! VICENTISTA E AÇÓRICO-MADEIRENSE (
! (
! Maracajá
(
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!
(
! PAULISTA Turvo Araranguá

(
! PAULISTA E COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
Jacinto
Machado
(
! Ermo !
( Balneário
Arroio
do Silva

(
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! (
!
COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
(
! E SUA EXPANSÃO NO ESTADO
Santa
Rosa Sombrio
EXPANSÃO DA COLONIZAÇÃO
(
! EUROPÉIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
do Sul (
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Praia (
! Balneário
Grande São João (
! Gaivota

POPULAÇÃO MUNICIPAL (
! do Sul

ESTIMATIVA IBGE 2018 (


!

( ®
Passo de ESCALA GRÁFICA:
Torres
100.001 a 583.144 habitantes 0 5 10 20 30 40
(
!
km
( 50.001 A 100.000 habitantes
Fonte: Esri, digitalblobe, geoeye, i-bubed, aex, getmapping, aerogrid, ign, igp,
awisstopo, and the gis user community
( 1.286 a 50.000 habitantes Elaboração: Guilherme Regis e Isa de Oliveira Rocha
Secretaria do Estado do Planejamento de Santa Catarina
Capítulo 1 | Gênese da formação econômica e social
Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira1
Maria Graciana Espellet de Deus Vieira2

A
interconexão de elementos do Sua força impulsionadora é formada pelo ocasião do exercício de uma das atividades
quadro natural (clima, relevo, vege- conjunto de atividades que se organizam necessárias à vida dos grupos humanos:
tação etc.) e do humano (populacio- para atender diferentes necessidades. Desde atividade agrícola, de criação industrial,
nais, sociais, econômicos, políticos, culturais as mais imediatas, presentes em qualquer etc.” (Cholley, 1964, p. 141).
etc.) foram determinantes no processo tempo histórico, até aquelas que se traduzem
de conquista e colonização do continente nas transformações resultantes do próprio
Coincidentemente o procedimen-
americano, no decorrer do qual se impu- evoluir da relação sociedade-natureza,
to de trabalhar com combinações
seram novas combinações geográficas resul- vista não de uma forma meramente local, (A. Cholley) é o mesmo de traba-
tantes das múltiplas determinações de cada mas inserida e relacionada com escalas de lhar com múltiplas determinações
cunho regional, nacional e mundial. O terri- (Marx). A explicação provável para

CAPÍTULO I
época histórica e de cada lugar. A formação
esta coincidência está na origem
econômica e social catarinense manifesta tório vai sendo explorado gradativamente,
histórica da geografia moderna e
de forma exemplar esta afirmação. É o que conforme suas potencialidades naturais, do marxismo, ambos herdeiros da
segundo as necessidades econômicas e filosofia clássica alemã (Kant e He-
se procura demonstrar no decorrer deste
disponibilidades demográficas, internas e gel). (Mamigonian, 2005, p. 3)
estudo, tendo como objeto o processo de
externas, presentes em cada período. Trata-
conquista e colonização do território cata-
-se de decifrar uma realidade geográfica – O reconhecimento das duas esferas (a
rinense, gênese da formação econômica e
como tal, localizada no espaço e no tempo natural e a humana) como indispensáveis
social de Santa Catarina.
– procurando identificar a interconexão ao conhecimento da realidade, dá origem
de elementos determinantes das esferas a interpretações mais ricas e, numa certa
Tal processo se estende de meados do
natural e humana (Mamigonian,1999). medida, indica uma retomada da visão
século XVII às primeiras décadas do século
clássica da geografia, ou seja, “uma visão
XX, ou seja, por cerca de três séculos, desde

Gênese da formação econômica e social


Essa perspectiva de análise está apoiada globalizadora e de totalidade da natureza
a Colônia até primórdios da República. Foi
em uma vertente do pensamento geográ- e da sociedade, de maneira semelhante ao
este o tempo necessário para a ocupação
fico brasileiro, cuja figura central é o marxismo” (Mamigonian, 1996, p. 199).
do território, movida quer por interesses
geógrafo Armen Mamigonian, que, já
de Portugal, durante o período colonial,
em 1958, integra a equipe de autores do A relação sociedade-natureza, dentro da
quer por interesses das classes dominantes
pioneiro Atlas Geográfico de Santa Cata- perspectiva do materialismo histórico
nacionais e catarinenses, muitas vezes rela-
rina. Esse Atlas, coordenado pelo também e dialético, ou seja, através do conceito
cionados aos da esfera capitalista mundial,
geógrafo Carlos Augusto de Figueiredo de modo de produção ou, no caso, de
ou seja, aos interesses estrangeiros.
Monteiro, serviu de inspiração para outros uma combinação dialética de modos de
estados brasileiros. produção (Rangel, 1981) assegura a loca-
1
Graduada em Geografia Licenciatura (1967) e Mestra
lização temporal, que se concretiza sobre
em Educação pela Universidade Federal de Santa
A linha mestra dessa visão interpretativa uma base territorial geográfica e histo-
Catarina (1988) e Doutora em Geografia Humana
está relacionada a dois grandes para- ricamente determinada. Assim sendo, as
pela Universidade de São Paulo (1997). Professora
digmas, o de formação social e o de geos- formações econômicas e sociais devem ser
aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina
sistema, “não de maneira superimposta consideradas expressão de processos que
e da Universidade do Vale do Itajaí, com atuação
como se fez frequentemente ou de maneira se singularizam em função de combinações
no Programa de Pós-Graduação em Geografia e no
excludente, mas os conectando dialetica- de uma pluralidade de elementos, que se
Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria,
mente” e, dessa forma, “contribuindo para manifestam e se relacionam em múltiplas
respectivamente, e bolsista de Produtividade em
uma visão de conjunto da sociedade e da escalas (mundial, nacional, regional, local),
Pesquisa do CNPq.
natureza e de suas interconexões” (Mami- demonstrando que uma determinada reali-
Graduada em Geografia Licenciatura (1971), Geografia
2 gonian, 2005, p. 3). Os dois paradigmas dade tem sua explicação também num
Bacharelado (1972) e especialista em Planejamento nos inserem na perspectiva de combina- universo mais amplo.
Urbano e Regional (1979) pela Universidade Federal ções geográficas de A. Cholley (1964),
do Rio Grande do Sul e Mestra em Geografia pela justamente naquelas que alcançam maior Isto posto, trata-se então do estudo das múlti-
Universidade Federal de Santa Catarina (1992). Atuação complexidade, pois “resultam da inter- plas determinações humanas e naturais, que
como geógrafa no Instituto de Geociências Aplicadas ferência conjunta dos elementos físicos, se combinam e se concretizam espacial e
(IGA) em Belo Horizonte e professora aposentada da biológicos e humanos.” A convergência temporalmente, dando origem à formação
Universidade do Estado de Santa Catarina. desses elementos ocorre, “sempre, por social e econômica de Santa Catarina.

ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 19


Fonte: Adaptado de Santa Catarina (1958). Elaboração: Pedro Agripino Sagaz e Isa de Oliveira Rocha (SPG/SC).
Santa Catarina e a propriedades e a agricultura escravista de
exportação e na área subtropical a agri-
singularidade da formação
cultura com base nas pequenas proprie-
meridional brasileira Roraima
Amapá
Equador dades, no trabalho familiar e no mercado


interno. Convém destacar que enquanto
A diversidade geográfica de Santa Catarina no Rio Grande do Sul predominam as áreas
é surpreendente para uma área de apenas Amazonas
Pará Maranhão
Ceará
de campo, no Paraná e em Santa Catarina
95.737,954 km2, correspondendo a 1,12%
Rio Grande do Norte

Paraíba (Figura 3) as maiores formações vegetais


da superfície territorial brasileira e 16,60% Acre
Piauí
Pernambuco
estão representadas pelas matas, já que
Alagoas
da Região Sul, na qual vivem, segundo esti- Tocantins

10° S
Rondônia Sergipe as formações herbáceas estão presentes
mativa do IBGE (2017), 7.001.161 pessoas, Mato Grosso
Bahia
somente na forma de manchas distribuídas
ou seja, 3,37% da população brasileira e Distrito Federal no interior das mesmas.
23,62% da Região Sul (Pereira, 2013). Goiás

Minas Gerais
A combinação caracterizada pela criação
Tal como os demais estados da Região Sul, o
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
Espírito Santo
Mato Grosso do Sul
extensiva de gado estabelecida nas áreas

20° S
território que hoje corresponde a formação São Paulo Rio de Janeiro
de campo em grandes propriedades, com
econômica e social de Santa Catarina foi Legenda Paraná
Trópico
de Capricó
rnio
o uso de pouca mão-de-obra, acarreta uma
de forma efetiva conquistado e colonizado Climas Zonais organização do espaço distinta daquela
Santa Catarina

tardiamente, ou seja, a partir do século XVII. Equatorial


da pequena produção policultora, cujo
Temperado Rio Grande do Sul

Tropical Brasil Central tamanho das propriedades é incomparavel-


Certamente dentre os elementos refe- mente menor, consequentemente o habitat

30° S
Tropical Nordeste Oriental
rentes ao quadro natural, o clima é o mais Tropical Zona Equatorial 300 150 0 300 600 km

não é tão disperso, o fator demográfico é


®
Figura 3 – Vegetação de Santa Catarina.
ressaltado como um dos determinantes Semiárido Fonte: Adaptado do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, 2010.
Disponível em: www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional/ mais numeroso e o uso do solo mais inten- Fonte: Extraído de Santa Catarina (2016).
na estruturação tardia da formação meri- sivo (Mamigonian, 1958). Esses dois meios
80° W 70° W 60° W 50° W 40° W 30° W

dional brasileira. Abaixo do Trópico de são estruturados por modos de produção


Figura 1 – Climas Zonais do Brasil.
Capricórnio, o predomínio do clima subtro- Fonte: Adaptado do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos (IBGE, 2010). distintos: um baseado na desigualdade de
pical, no contexto de um universo colonial Elaboração: Pedro Agripino Sagaz. com Peluso Jr (1991, p.15), por “um alti- até o mar, conhecidos, respectivamente, por
classes, ou seja, nos modos de produção,
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


marcado pela tropicalidade (Figura 1), difi- plano levemente inclinado para oeste e uma Região do Planalto e Região do Litoral e
cujas classes dominantes constituem a área que se desenvolve da borda do planalto Encostas” (Figura 4).
cilmente poderia oferecer uma produção estrutura política da formação correspon-
que atendesse aos interesses comerciais da dente, e o outro baseado no igualitarismo
Metrópole Portuguesa (Monteiro, 1967). do pequeno modo de produção (Mamigo-
nian,1991) – “uma democracia rural” nas
Essa diferenciação climática, associada ao palavras de Delgado de Carvalho (2016,
quadro relativo à cobertura vegetal (Figura p.182) – que se insere nesse quadro econô-
2) no que se refere à distribuição das áreas mico e social dominante com maior capaci-
de campo e de matas, representará um papel dade produtiva e de consumo, acarretando

S
fundamental na gênese da estrutura produ-

T A
uma propensão à divisão social do trabalho,
tiva e populacional do sul do Brasil, dando condição para o desenvolvimento econô- P L

E N C O S
A N
origem a distintas combinações geográficas mico (Rangel, 1955). Com base, então, em A L
T O
ou formações econômico-sociais: a do lati- uma estrutura social distinta, a pequena
fúndio pastoril e a da pequena produção. produção mercantil com sua tendência
(Vieira e Pereira, 2009) à diferenciação social vai imprimir nas
BRASIL
FORMAÇÕES VEGETAIS áreas florestais do sul do Brasil um distinto

E
Comparando aspectos gerais relativos à ES C A L A
dinamismo econômico, consolidando a
vegetação, em todo o Brasil, observa-se
0 125 250 375 500 Km

L
formação meridional como uma formação
que as áreas herbáceas (campos) ou herbá-

A
singular (Mamigonian, 1969).

R
ceas-lenhosas (caatinga e cerrado) deram Formações Florestais Formações Complexas

O
Floresta Latifoliada Tropical Complexo do Pantanal
origem a formações latifundiárias pastoris

T
A particularidade do relevo
Floresta Latifoliada Equatorial Caatinga

I
feudais ligadas ao mercado interno. Já no

L
Floresta Latifoliada Tropical Úmida da Encosta Cerrado

caso das áreas florestais, excetuando-se a Mata da Araucária


Formações Litorâneas de Santa Catarina frente
aos estados vizinhos
Formações Campestres Vegetação do Litoral
Amazônia, todas deram origem à agricul- Campos
tura, mas a uma agricultura diferenciada,
segundo o tamanho da propriedade e as A principal especificidade do quadro natural
Figura 2 – Formações Vegetais do Brasil.
relações de produção. Na área tropical catarinense, frente aos vizinhos sulistas, se Figura 4 – Planalto, litoral e encostas de Santa Catarina.
Fonte: Adaptado de Romariz (1968).
Fonte: Adaptado de Peluso Jr (1952).
florestada se estruturam as grandes Elaboração: Guilherme Regis. manifesta em seu relevo marcado, de acordo

20 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 21


Os efeitos da disposição das Serra do Mar e meios de subsistência, apresentava, inicial- povoamento colonial litorâneo, ou seja, o litoral subtropical (Mamigonian, 1998),
Conquista e colonização A conquista do litoral
Serra Geral no Brasil Meridional representam mente, uma condição maior de resistência aquele que assegura efetivamente o domínio utilizando em especial mão-de-obra escrava
uma particularidade fisiográfica funda- de Santa Catarina do que aquela população decorrente de útil do território, permitindo que se concre- africana na manufatura e a dos pequenos
mental do território catarinense. Enquanto o uma imigração forçada, como a dos escravos Vicentistas tize o objetivo maior do processo colonial: produtores açorianos na caça do animal, como
estreito e exíguo litoral do estado do Paraná O processo de conquista português exigia africanos. É resultante dessa característica auferir riquezas. É este povoamento que arpoadores, timoneiros e também remeiros
é marcado pelas restrições impostas pela uma disponibilidade demográfica frente à a importância da igreja católica ibérica, seja A preocupação em fixar as fronteiras meri- Mamigonian (1998, p.69) define como “a (Silva, 1992). O monopólio da metrópole,
Serra do Mar, em Santa Catarina, tal Serra grandeza do território colonial, que não se portuguesa ou espanhola, no processo de dionais do território colonial leva Portugal maior intervenção do planejamento estatal ingressando no vantajoso comércio mundial
apresenta-se isolada no nordeste do estado, encontrava na Metrópole, tampouco na futura sujeição da população indígena. Ao condenar no século XVII a estimular o avanço de vicen- português no sul do Brasil, tanto a nível geo- de óleo de baleia, assegurava ao capital comer-
em reduzido trecho. É a Serra Geral (escarpas colônia, como foi o caso da conquista hispâ- a escravização dessa última, ao contrário do tistas em direção ao litoral sul, com base na -político, como enfatizaram os historiadores cial português grandes lucros nas transações.
do planalto), localizada mais à oeste, já no nica em áreas de sociedades com agricultura que fazia com a escravidão africana, organi- concessão de sesmarias que deram origem tradicionais, como a nível geo-econômico”.
interior do território, o elemento delimitador excedentária, daí sedentarizadas, que concen- zava aldeias e missões, que independente a um povoamento esparso e de baixa densi- Assim, no século XVIII, o projeto de colo-
preponderante entre a Região do Planalto travam cerca de 90% do total da população dos objetivos, concentrava, catequizava e, de dade demográfica. Procedentes da Capitania A imigração de casais açorianos e madeirenses nização do Brasil Meridional, do qual fazia
e a Região do Litoral e Encostas, que define do continente (Cardoso, 1985). No caso do certa forma, disponibilizava reservatórios de São Vicente, homens de posses deslocam- no século XVIII para as terras litorâneas do parte a ocupação do espaço litorâneo cata-
a primeira grande divisão regional catari- território colonial português, as populações humanos a serem agregados, escravizados -se levando “consigo sua família, seus escravos extremo sul colonial, povoando áreas do Rio rinense, se amplia e se afirma através da
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
nense. Já no caso rio-grandense, as escarpas aqui existentes ainda não haviam se sedenta- ou mesmo mortos, como tão bem demons- negros e vermelhos, seus gados grossos e Grande do Sul e do litoral de Santa Catarina, presença açoriana, africana e portuguesa.
do planalto meridional estão circunscritas rizado e, consequentemente, como nômades e tram, no século XVII, por exemplo, a compo- miúdos, as suas ferramentas e armas” (Oliveira representa uma segunda experiência com
na porção norte, sendo que o seu litoral, com seminômades, alcançavam baixas densidades sição das bandeiras litorâneas vicentistas, Vianna, 1952, p.113), fundando ao longo da imigrantes açorianos, visto que já haviam A pequena produção
características diversas (retilíneo e arenoso), demográficas, levando inclusive a que alguns assim como as razzias dos bandeirantes costa núcleos de povoamento, entre os quais pioneiramente se fixado no século anterior, no
com um único porto marítimo, assim como autores se refiram a essas áreas como vazias. paulistas em territórios sulinos. São Francisco (1658), Desterro (1673) e extremo norte, em terras do Grão-Pará. Esse A colônia de povoamento açoriano-madei-
o Paraná, só que numa extensão de 600 km Trata-se de uma meia verdade, pois apesar Laguna (1676) no litoral de Santa Catarina, ciclo colonizador, no que se refere ao terri- rense que se estabelece, baseada na pequena
de costa, distingue-se do recortado litoral das distintas realidades demográficas, não Santa Catarina vivencia seu processo de sendo este último o ponto mais meridional, tório catarinense, se estende de 1748 a 1756, propriedade familiar, é uma experiência
catarinense, banhado por inúmeros rios da podemos pensar o processo de conquista sem conquista e colonização, tardio em cerca situado exatamente no marco extremo sul trazendo consequências mais duradouras e pioneira e distinta no território colonial, já que,
vertente atlântica e servido por vários portos, considerar a população autóctone. de cem anos frente ao Nordeste e Sudeste da linha de Tordesilhas. Esse fluxo povoador variadas para a efetiva ocupação do litoral, em especial no litoral e zona da mata nordes-
ao contrário dos estados vizinhos. brasileiros, com povos fruto do cresci- cujos contatos iniciais eram facilitados pelo onde foram fundados núcleos de povoamento tina a tônica era a colônia de exploração,
Nas áreas florestadas tropicais, o caminho mento demográfico da Colônia, caracteri- mar, culmina com a fundação da Colônia do espalhados pela Ilha de Santa Catarina e áreas alicerçada na monocultura de enormes glebas
A região catarinense do litoral e encostas, tomado foi o da importação de mão-de- zando um processo migratório interno, no Sacramento, em 1680, defronte a Buenos adjacentes do continente (por exemplo, São de terras utilizando mão de obra escrava.
-obra escrava africana, a partir do século sentido norte-sul. Isto tanto no século XVII Aires, assinalando a presença portuguesa na Miguel, Enseada de Brito, São José), assim como
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


Delgado de Carvalho subdivide em quatro
regiões econômicas por disporem de bons XVI, na medida em que tal investimento (Litoral), quanto ainda no XVIII (Planalto), foz do Rio da Prata. A extrema mobilidade entorno de Laguna. Interessava a Portugal
portos marítimos: seria compensado pela produção de açúcar, mesmo século em que também se inicia a dos grupos humanos de origem vicentista deu instalar colonos-soldados que atendessem O colono açoriano, diferentemen-
gênero tropical de interesse das metrópoles migração externa com populações vindas sustentação à Coroa Portuguesa na disputa da tanto às necessidades militares (de defesa do te do escravo, tinha a liberdade de
praticar uma policultura de subsis-
temperadas, que, por isso mesmo, alcançava de além-mar, no caso da 2ª ocupação do região com a Coroa Espanhola. território disputado com os espanhóis) como
tência e utilizar seu excedente na
A do norte, a mais restrita (Joinville, altos preços, justificando os elevados gastos litoral catarinense. A partir do século XIX às de produção e abastecimento de setores melhoria de sua propriedade. Esse
São Bento), possui o excelente porto iniciais na produção. Estas foram caracterís- tal processo imigratório se intensifica com Os núcleos vicentistas litorâneos asseguraram não-produtivos (tropas, burocracia administra- foi um dos fatores fundamentais
de São Francisco; a da Bacia do Ita- ticas comuns à agricultura da cana e do café, a ocupação dos vales atlânticos e encostas o domínio português sobre o território, estimu- tiva etc.), bem como viabilizando um comércio que propiciaram precocemente a
jaí (Blumenau, Brusque, Luís Alves) emersão do litoral catarinense à
deságua no porto de Itajaí; a do cen- este último já no século XIX. pelos imigrantes europeus, excedente popu- lando o conhecimento mais apurado do litoral, de excedentes, que propiciou o aumento das
posição de destaque no cenário
tro dispõe de Florianópolis; a do sul lacional relativo a uma Europa em transfor- fato que pode ser atestado pelo expediente do rendas da Coroa, através do estabelecimento colonial da época como uma das
(Urussanga, Araranguá e as colônias A população indígena, conhecedora do mação frente ao avanço e desenvolvimento rei de Portugal ao governador do Rio de Janeiro, de uma pequena produção mercantil. áreas fornecedoras de gêneros ali-
italianas), por fim, possui como saída território e familiarizada com as formas e do modo de produção capitalista. datado de 1717, recomendando o exame das mentícios. (Bastos, 2000, p. 129)
o porto de Laguna. (Delgado de Car-
qualidades da área relativas à abundância de Com base em propriedades familiares poli-
valho, 2016, p. 198)
peixes, existência de ancoradouros seguros etc., cultoras que passaram a produzir “nos fins Contudo, apesar de pioneira, a pequena
reforçado pela manifestação do Conselho Ultra- do século XVIII e inícios do XIX, impor- produção mercantil açoriana não vivencia
Essa característica acabou por imprimir uma
marino de Lisboa que aponta os recursos exis- tantes excedentes alimentares (farinha de um processo de diferenciação social, do qual
feição bastante singular à organização espacial
tentes na Ilha de Santa Catarina, entre os quais mandioca, arroz, feijão, melado, etc.) que resulte – como ocorreu em outras áreas,
de Santa Catarina, que se apresenta compar-
excelentes madeiras, abundância de peixes se destinavam ao abastecimento do Rio, também pequeno produtoras, ocupadas
timentada em regiões praticamente inde-
e outros frutos da terra. O mesmo Conselho Salvador, Recife e até mesmo Montevidéu” posteriormente – a emersão de vigorosos
pendentes, sem um centro polarizador supra
propõe a fortificação da ilha e o povoamento (Mamigonian, 1966, p.35), se efetiva essa núcleos industriais. Dentre os entraves ao
regional, como ocorre tanto no Rio Grande do
de seus arredores, bem como os do Rio Grande primeira grande experiência, no território desenvolvimento dessa pequena produção,
Sul quanto no Paraná (Mamigonian, 1966).
como forma de fechar pela costa o domínio colonial brasileiro, em moldes de pequena cabe destacar o papel concentrador e aristo-
meridional português e aumentar as rendas produção. Esta, somada às armações bale- cratizante do capital mercantil, a excessiva
Em síntese, a conformação geral do relevo,
Figura 5 – Principal reais (Mamigonian, 1998). eiras, consolida a ação lusa na ocupação diversificação do trabalho que impedia a espe-
combinada a outros elementos naturais (clima, origem da conquista efetiva do litoral catarinense. cialização do produtor em um único ofício
vegetação, hidrografia etc.) e humanos foi e colonização do
Açorianos e madeirenses
decisiva para o processo de conquista e povo- território. ou produto, ou seja, a presença de uma forte
Fonte: Extraído Edificadas por comerciantes portugueses, economia natural, além da mercantil, assim
amento do território sulino, em particular de de Santa Catarina
Após a esparsa ocupação vicentista do século sob a concessão da Coroa, as armações se
Santa Catarina (Vieira e Pereira, 1996). (1958). como a fragmentação dos lotes por herança, o
XVII ocorre então, nessa área, o segundo mostraram uma alternativa lucrativa para esgotamento do solo etc. (Campos, 1991)

22 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 23


fluxos, agora dirigidos do século XIX torna a Alemanha a nova diz respeito aos casamentos, não sendo reco- nalista que marca a colonização alemã. Outra
A colonização das encostas
por particulares. É o caso potência industrial europeia. nhecidos os realizados pela igreja protestante diferença diz respeito à religião, onde existe
e vales atlânticos da colônia Nova Itália e, no caso dos casamentos mistos, a igreja uma unidade, a da igreja católica, o que leva
(hoje São João Batista) Os emigrantes alemães totalizavam, até o católica impunha um termo de compromisso o já referido cônsul régio, a afirmar que “no
A partir da 1ª metade do século XIX, a Europa fundada em 1836 no vale recenseamento de 1844, cerca de 5 milhões, através do qual os noivos eram obrigados a Estado de Santa Catarina, é na igreja princi-
e, particularmente, algumas de suas regiões, do rio Tijucas, excepcio- dos quais 4,8 milhões dirigiram-se para a educar os filhos na fé católica. Até mesmo os palmente que senti vibrar a voz da pátria.”
atravessam um período de crise econô- nalmente, naquela época, América do Norte, respondendo ao apelo de cemitérios ocupavam áreas distintas.
mica e turbulência política provocadas pela por italianos procedentes “aliciadores e mercadores que incitavam à Para os colonos italianos, a religião, que por
expansão do capitalismo, já em fase industrial, do Reino da Sardenha. Foi emigração desorientada”. Este juízo, expresso Segundo Grosselli (1987), as colônias séculos marcara a sua cultura, constituiu o
e a consequente ampliação e aprofundamento a 1ª colônia italiana no pelo Dr. Blumenau, frente ao quadro emigra- alemãs mantiveram frequentes contatos eixo em torno do qual se deu a reconstrução
do processo de expropriação, responsável Brasil e a 2ª colônia euro- tório alemão da primeira metade do século com a pátria-mãe, visto que a Alemanha da sua comunidade em terras brasileiras. “A
por um crescimento do excedente relativo peia em Santa Catarina e, XIX, demonstra seu vínculo a uma orien- conservou os canais de comunicação abertos capela era o próprio símbolo das comuni-
populacional somado ao próprio crescimento de acordo com Boiteux tação distinta em relação a esse processo, com as colônias alemãs. Filiais de casas dades italianas, o centro, o sustentáculo, o
demográfico europeu. É nesse contexto que (1998, p.74), representa cujos objetivos deixariam de ser meramente comerciais alemãs, agências de companhias eixo em torno do qual girava a vida das famí-
as transformações em áreas de capitalismo
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
a “célula-mater” da colo- mercadológicos para assumirem um viés seguradoras foram aqui instaladas, o que se lias” e constituía “o centro de convergência
tardio levam milhões de emigrantes a cruzar o nização italiana, inter- étnico e nacionalista, capaz de conservar, no explica pela maior vitalidade do capitalismo da população, única sede de encontros da
oceano em busca de novas oportunidades. rompida, provavelmente, estrangeiro, a nacionalidade, os costumes e alemão frente ao italiano. As companhias comunidade” a fortalecer sua identidade
em razão das lutas a língua alemã (Fouquet, 1950). Essa visão, navais alemãs exportavam para a Alemanha (Groselli, 1987, p. 449). Isso em se tratando
Do total de imigrantes que se fixaram nas Fotografia 1 – “Vítimas de bugreiros. Foto provavelmente obtida em Blumenau,
internas da Itália, que se em 1905. Detalhe de G. Gerlach, 1972.” ao mesmo tempo em que assegura a fideli- não só os produtos agrícolas dos colonos das colônias em áreas rurais, pois no caso
áreas temperadas, em diferentes países, encontrava em processo Fonte: Detalhe de fotografia disponível em Santos (1997, p.34). dade por gerações à terra de origem (Vater- alemães, mas também os dos italianos. de Florianópolis, assim como os alemães, os
observa-se que o Brasil se coloca como o de unificação. A preo- land), por outro lado causa um sentimento de italianos possuíam clube social próprio, além
terceiro receptor: EUA – 26 milhões; Canadá cupação com a segurança e o controle dos Cocal do Sul (1892). Essas colônias se expan- distanciamento em relação aos brasileiros. O movimento emigratório italiano em massa, da Liga Operária, cujas ideias anarquistas
– 5,5 milhões; Brasil – 4,37 milhões (São produtos que transitavam por esse caminho diram através de atividades ligadas à agricul- iniciado em meados de 1870, coloca o Brasil explicam inclusive a realização de manifes-
Paulo antes de 1880 detinha apenas 5% do entre o litoral e o planalto resultou também tura e à mineração do carvão. Há que se destacar que em razão do catoli- em terceiro lugar no fluxo dessa emigração, tação de solidariedade, na década de 1920, a
total de imigrantes europeus chegados ao na criação da Colônia Militar de Santa cismo ser a religião do Estado, eram comuns, principalmente considerando o estado de São Sacco e Vanzetti (Mamigonian, 1991).
país, mas acaba alcançando – no movimento Tereza, a primeira colônia militar catari- Conforme salienta Waibel (1958, p. 217 e conforme salienta Klug (1998), os constran- Paulo, que recebeu a maioria desses italianos
de “braços para o café” – cerca de 55% tota- nense, instalada em janeiro de 1854. gimentos e impasses ocorridos na vida coti- em decorrência da necessidade de mão de obra
218), ao contrário do Rio Grande do Sul, A pequena produção
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


lizando, aproximadamente, 2,4 milhões); diana dos imigrantes protestantes, a ponto para a cafeicultura. O primeiro lugar nesse fluxo
no território catarinense “as companhias mercantil catarinense
Argentina – 3,74 milhões; Austrália – 1,6 Ainda no Império, foram criados, princi- de, por exemplo, o presidente da província de emigração fica com os EUA e o segundo com
particulares de colonização tomaram a si o
milhões; Chile – 500 mil e Uruguai – 300 mil palmente por alemães e italianos, vários de Santa Catarina (João José Coutinho 1850- a Argentina (Trento, 1989).
encargo e colonizaram as áreas florestais
(Mamigonian, 1976 e Chaunu, 1983). núcleos rurais e urbanos em áreas corres- 59), em razão de seu preconceito religioso, Se no caso de São Paulo a pequena produção
do estado de maneira muito efetiva”, sendo
pondentes aos vales atlânticos e encostas demitir professores alemães protestantes do O cônsul régio italiano em Florianópolis, mercantil se insere espacialmente no inte-
que “Santa Catarina foi a região em que o
No caso do Brasil Meridional, no período dos rios Itajaí, Cachoeira, Cubatão, Tijucas, Liceu Catarinense, em Florianópolis. Entre Gherardo de Savóia, em seu relatório de rior da estrutura latifundiária cafeicultora
princípio foi aplicado pela primeira vez em
pós-independência, por iniciativa do Tubarão, Urussanga e Araranguá, especial- esses professores estava Fritz Müller, que era fevereiro de 1900 (Dall’Alba, 1983, p. (Mamigonian, 2000), nos estados do Sul,
larga escala”. Nesse processo de colonização
Governo Imperial, abre-se, a partir da mente após a promulgação, em 1850, da Lei ateu. Outro exemplo das tensões religiosas 68-70) chama a atenção para o fato de que particularmente em Santa Catarina, ela se
ocorreram confrontos diretos com indígenas, instala, no século XIX, paralela à estrutura
segunda década do século XIX, um ciclo de de Terras. No vale do Itajaí, colonos alemães o grande movimento
imigração representado, inicialmente, pela fundam Blumenau (1850), Brusque (1860) habitantes originais das terras, que passaram migratório acontece latifundiária de forma muito mais dinâ-
instalação das primeiras colônias alemãs, e no nordeste do estado, no vale do Cacho- a ser ocupadas pelos colonos. A disputa entre “quando a Itália estava mica do que a alcançada pela pequena
baseadas na pequena produção e localizadas eira, Joinville (1851), cuja expansão dá índios e imigrantes se acirrou com a formação feita, mas não estavam produção dos colonos açorianos, embora
nos pontos onde os caminhos de tropa e de origem a novas frentes de ocupação. de tropas e expedições de caça aos chamados essa última tivesse elevado a produção de
feitos os italianos”. Tal
gado, provenientes dos latifúndios pastoris “bugres”, tropas estas constituídas pelos gêneros alimentícios do litoral catarinense
fato se reflete inclu-
constituídos no século XVIII nas áreas de Após a interrupção da imigração alemã para o denominados “bugreiros”, que fizeram preva- sive na língua, pois ao à posição de destaque no contexto ante-
campo, entravam ou saíam da mata. No Rio Brasil, em razão do rescrito de Heydt (1859), lecer, pela violência, os interesses comerciais contrário dos alemães rior a essa nova imigração. Importa ainda
Grande do Sul, por exemplo, foi fundada, em colonos italianos passam a povoar, a partir das companhias colonizadoras. aqui chegados, os ressaltar que, expulsos de seus países pelo
1824, a colônia de São Leopoldo, no vale do de 1875, as bordas das áreas ocupadas pelos italianos não têm uma recrudescimento das relações capitalistas,
rio dos Sinos. No Paraná, imigrantes alemães alemães, fundando Rodeio, Rio dos Cedros, Alemães e italianos os imigrantes se estabeleceram como
unidade linguística.
fundaram, em 1829, a colônia de Rio Negro, Ascurra e Apiúna, em torno da colônia Os distintos dialetos,
às margens do rio de mesmo nome; também Blumenau; Nova Trento, no vale do Tijucas; É em um contexto de fragmentação territo- pequenos agricultores indepen-
ligados às regiões
em 1829, em Santa Catarina, a colônia de em 1876, Botuverá, em torno de Brusque e, rial e de urgência da modernização econô- dentes, artesãos, operários, pe-
de origem, são colo- quenos comerciantes, que já pra-
São Pedro de Alcântara, localizada na fron- em 1877, Luiz Alves, no vale do Itajaí. Novos mica e política que Itália e Alemanha, a partir
cados de lado pela ticavam uma significativa divisão
teira entre a mata e as terras já ocupadas núcleos coloniais surgem também em 1877, de condições próprias, realizam a tran- social do trabalho (p. ex. os agricul-
nova geração “como
do litoral (Waibel, 1958), no caminho entre no litoral e encostas no sul de Santa Catarina, sição do feudalismo para o capitalismo por tores compravam tecidos, instru-
instrumento fora de
Lages e Desterro. Aos primeiros alemães como Azambuja, Pedras Grandes e Treze de caminhos singulares e em ritmos distintos mentos de trabalho, etc.), a partir
Figura 6 – Desenho de casas e arrozeiras de agricultores descendentes de italianos uso”. Dessa forma da origem europeia, já em processo
chegados a São Pedro de Alcântara, em 1829, Maio, no vale do Tubarão e, no vale do Urus- (Pereira, 1989). O capitalismo alemão, bem (município de Rodeio), década de 1940. não se percebe nos de industrialização. (Mamigonian,
se juntam, um pouco mais tarde, outros sanga, Urussanga (1878), Criciúma (1880) e mais dinâmico do que o italiano, já no final Fonte: Extraído de Câmara (1948).
italianos o viés nacio- 1986, p. 104)

24 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 25


Essa conjuntura histórica é distinta Grande do Sul, fruto das estâncias Jesuí- os paulistas no século XVIII, instalando pastoril estabeleceu precocemente, frente
daquela vivida pelos imigrantes do século ticas. Tal consciência interrompe o ciclo a pecuária extensiva nas manchas de às atividades agrícolas escravistas, o mono-
XVIII, provenientes dos Açores e da ilha bandeirante de preadores de homens, subs- campos naturais de Lages, Curitibanos e pólio da terra e não o do Homem, como
da Madeira. No século XIX, “os europeus tituindo-o pelo de preadores de animais, Campos Novos (alta bacia do rio Uruguai), meio de produção fundamental, decor-
embarcaram com ‘o capitalismo em seus unindo os interesses de vicentistas- ou lutando “em ambiente menos propício rendo daí o feudalismo precoce, explici-
ossos’, mesmo que não dispusessem de -lagunenses e paulistas. Segundo Oliveira à economia pastoril”, onde “se abriam tado pelas relações entre arrendatários,
nenhum capital, mas apenas de iniciativa, Vianna (1952, p. 107), “o ouro produziu a claros na mata para criação de gado”, agregados e fazendeiros, que se alicerçam
habilidades especiais e engenhosidade” conquista e a colonização de Minas, Mato situação correspondente a Porto União, em renda trabalho e/ou produto (Peluso Jr,
(Mamigonian, 1976, p. 89). As colônias Grosso e Goiaz, mas, produziu também a Canoinhas e Mafra (bacia do rio Iguaçu) 1991) e não devem ser vistas senão como
fundadas na segunda metade do século conquista e a colonização de zonas situ- (Peluso Jr, 1970, p. 71). Ao lado ou asso- feudais (Vieira, 1992). Conforme destaca
XIX e início do século XX logo superaram o adas a incomensuráveis distâncias da loca- ciada ao latifúndio pastoril se estabelece Queiroz (1966, p. 35), de modo geral, as
estágio meramente agrícola da exploração lização das suas jazidas”. a atividade extrativa, aproveitando a exis- relações de produção “podiam ser carac-
econômica, chegando à industrialização. tência dos ervais nativos encontrados em terizadas pela preponderância dos laços
Os grandes obstáculos para o transporte combinação com a mata de araucária do de dependência pessoal que prendiam a
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
Certamente o tamanho dos lotes coloniais do gado, na fase inicial de relacionamento planalto (Vinhas de Queiroz, 1966). Esta, grande massa dos sertanejos a um limitado
não permitia reproduzir por gerações a da planície platina com a região de mine- elemento também pertencente – como número de grandes proprietários rurais.”
família camponesa, assim como nos aponta ração, serão a Serra do Mar e as Escarpas as manchas de campos e os ervais – à Nos tempos anteriores à Abolição, nas
Peluso Jr: do Planalto, a Serra Geral. Até cerca de combinação natural da região, somente a fazendas maiores empregavam-se escravos
1740, o percurso arterial de tropas liga partir do século XX se impõe como fator negros que “cuidavam principalmente da
Viamão, Laguna, Lages, Curitiba e Soro- natural determinante. Tal determinação lavoura de mantimentos, aberta nas nesgas
A tradição criada pelos europeus caba. A partir de então, o litoral catarinense ocorre relacionada a outras, como as dos de mata que por acaso se incluíssem na
que se estabeleceram nas colônias
se desarticula das terras de Serra Acima, interesses internacionais do comércio da propriedade” (Vinhas de Queiroz, 1966, p.
da região foi a de todo chefe de fa-
mília numerosa comprar, para cada alijando Laguna e fortalecendo a posição madeira e da colonização de novas terras 2I). É assim que,
filho, a terra necessária para man- de Lages, que permanece no circuito das – agora já para o excedente demográfico Figura 7 – Desenho da casa de agregado da Fazenda do Cedro (município de São Joaquim), década de 1940.
ter o mesmo padrão de vida agrí- tropas, reforçando a atuação da corrente de nossas áreas coloniais – associados aos Fonte: Extraído de Peluso (1947, p. 57).
cola [...] Terminadas as terras das ao se tornar o Brasil independen-
de ocupação do planalto. interesses das classes dominantes regio-
colônias, os núcleos regurgitavam te, a aparente uniformidade de
nais e locais frente ao mesmo comércio.
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


de elementos novos que necessi- regime, que parecia reinar, se ob-
tavam de novas terras. (Peluso Jr Ligando os criatórios sul-rio-grandenses à servamos apenas as relações entre pelos pinhões – e cultivando, de forma losos. Pierre Deffontaines (1953) chama a
(1991, p. 264) principal feira de gado da época – Sorocaba – O gado, as manchas de campos: o as fazendas e a Coroa, na verdade seminômade, em clareiras abertas a atenção para esta característica das áreas
ocultava profunda diferença entre
os caminhos das tropas engendraram condi- latifúndio feudal-mercantil machado e fogo, os posseiros iam repro- pastoris, já que o gado e as cargas em mulas
as regiões agrícolas e as pecuaris-
Essa necessidade demográfica de novas ções para o aparecimento, nos três estados duzindo a pequena produção cabocla. Na transpunham-se pelos próprios pés, logo, de
tas. (Rangel, 1989, p. 216)
terras fica exemplarmente demonstrada sulinos, de várias povoações. Lages como A atividade mercantil pecuarista do guerra do Contestado foram estes caboclos, exigências diminutas. Era, então, o planalto
quando completa-se a ocupação do terri- ponto de passagem obrigatório, agora não planalto – em função das fartas reservas de os camponeses revoltosos que lutaram servido apenas pelos difíceis caminhos das
tório catarinense nas primeiras décadas do
Pequena produção posseira cabocla
mais ligado ao litoral, mas sim ao planalto e gado existentes nos campos da Região Sul bravamente por suas posses, até a morte tropas. Seus únicos produtos comerciais
século XX, com a comercialização de glebas planícies rio-grandenses, imporá uma preo- do Brasil (Vacarias do Mar e dos Pinhais) e ou expropriação. significativos eram o gado destinado ao
localizadas na porção oeste do planalto, cupação de cunho estratégico, que resultará da distância a ser percorrida para alcançar Em virtude dos limites florestais das mercado interno e a erva- mate, que aos
nos vales dos rios da vertente do interior, na sua edificação como vila em 1771. a sua comercialização – nasce impreg- manchas de campo, o planalto não foi A erva-mate: exploração e comércio poucos alcança ser vendida também aos
num processo de colonização e povoa- nada de espírito nômade. Vicentistas- conquistado apenas em função de campos países vizinhos.
mento que se fazia “não a partir da costa Até meados do século XIX, Lages era o único -lagunenses e, principalmente paulistas, e gado, mas pela presença da mata de arau- Os ervais que se encontravam dissemi-
oriental longínqua, mas a começar do sul, distrito a oeste da Serra, ao qual perten- assumem a execução da tarefa de conduzir cária, que representa a maior formação nados na floresta de araucária – começam a A erva-mate, cuja exploração comercial já
por colonos alemães e italianos e compa- ciam os arraiais de Campo Belo (Baguais) e o gado de seus criatórios livres até a área original vegetal de Santa Catarina e do ser explorados no século XIX, propiciando, havia sido feita no período colonial pelos
nhias de colonização do Rio Grande do Sul” Campos Novos, e a vila de Curitibanos, origi- de sua venda. As consequências de tal Paraná, estando também presente no Rio apesar da precariedade das vias de comu- jesuítas espanhóis nas suas missões, a partir
(Waibel, 1958, p. 219). nada de um pouso de tropeiros. A população tarefa implicam na paulatina necessidade Grande do Sul. É nela que se embrenha o nicação, o início do desenvolvimento da do século XIX vai se transformar em desta-
de Santa Catarina em 1856 atingia 111.109 de sedentarização, dando origem a estân- excedente populacional dos latifúndios, atividade ervateira. Aqueles ervais vizinhos cada atividade produtiva de exportação, em
habitantes, sendo que destes, 104.317 habi- cias, vilas e povoados e transformando o representado por mestiços – ex-escravos e/ às áreas de campo foram sendo utilizados especial no Paraná e em Santa Catarina. Dela
Planalto: conquista e tavam o litoral e 6.672 o planalto (Pereira, meio de produção fundamental de móvel ou agregados – que se confrontando com os pelos próprios senhores da terra através decorre o enriquecimento, em particular,
colonização 1943). “Na área de que tratamos, fundaram- – o gado – em fixo, a terra. A conquista se índios, habitantes autóctones, vão ocupando, de seus agregados. Os que se situavam em de grandes beneficiadores e comerciantes,
-se fazendas de todos os tamanhos. Em efetiva trazendo consigo a concessão de como posseiros, as terras florestadas do plena floresta, pelos posseiros caboclos, que fruto também da reconstrução da Estrada
No século seguinte ao da conquista lito- meados do século XIX, ainda existiam sesmarias pela Coroa, gênese do monopólio planalto (Peluso Jr, 1991). Gradativamente passam a servir gradativamente ao inte- da Graciosa (1873), no Paraná, assim como
rânea realizada pelos vicentistas, ou seja, algumas que demandavam três dias de das terras de campo pelos fazendeiros e da este habitat, originalmente indígena, vai se resse de comerciantes. da conclusão da estrada Dona Francisca
no século XVIII, a descoberta de ouro nas viagem para ir-se de ponta a ponta” (Vinhas formação do poder local. tornando também caboclo. (1873), em Santa Catarina. Esta, vencendo a
Minas Gerais propiciará o despertar para de Queiroz, 1966, p. 22). A ocupação do Planalto (Vieira, 2011) foi Serra, permitiu o estabelecimento de novos
a consciência do valor econômico das De acordo com Ignacio Rangel (1989), nas Coletando frutas, caçando, pescando, dificultada por vias de comunicação em núcleos coloniais, como é o caso de São
centenas de milhares de cabeças de gado Genericamente, pode-se dizer que a explo- áreas de campo do Brasil Meridional, assim extraindo erva-mate nela disseminada, estágio primitivo de desenvolvimento e Bento do Sul no planalto, expansão da colo-
das vacarias do Mar e dos Pinhais no Rio ração das terras do planalto começa com como no sertão nordestino, a atividade criando porcos selvagens – engordados por sua distância dos centros mais popu- nização de Joinville.

26 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 27


Ambas as estradas ligam o planalto ao litoral e Estados Unidos e Europa e que o início da trabalhadores da ferrovia. Tudo em prol lação se deu a partir, principalmente, da
ampliam as possiblidades de comercialização atividade madeireira propriamente dita da madeira e da venda de lotes coloniais, promulgação da Lei de Terras de 1850,
da erva através do acesso aos portos, ocasio- tenha se dado buscando capital e tecno- estes já também para o excedente demo- que prenuncia o fim da escravidão e a
nando o encontro no Planalto Norte das duas logia externa mais avançada e introduzindo gráfico da imigração europeia, cuja insta- intensificação dos fluxos imigratórios.
frentes de expansão ervateira: a paranaense relações assalariadas de produção (Padis,
com sede em União da Vitória e a catarinense 1981). Essas, tanto na extração quanto no
a partir de Canoinhas (Rocha, 1997). beneficiamento da madeira, assim como nas
atividades ligadas à construção da ferrovia.
A madeira e a presença imperialista Logo, não é por acaso que uma Liga Operária
se faça presente na história da Lumber e
Importa ressaltar que o período após a que ali aconteçam, em 1917 e em 1919, as
proclamação da República está marcado primeiras greves de trabalhadores em Santa
externamente pelo início de uma nova Catarina. A motivação para a greve vinha
fase expansiva da economia capitalista do interior da fábrica, onde a capacidade
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
central, agora em sua forma imperialista. de sobrevivência dos operários era amea-
A expansão resulta çada por longas jornadas, péssimas condi-
ções de trabalho e pelo elevado número de
acidentes (Tomporoski, 2006).
Fotografia 2 – Pouso de carroções na beira da Estrada Dona Francisca. na necessidade de mais matérias-
Fonte: Extraído de H. Bachl (1951, p. 87). -primas, alimentos e mercados
consumidores da periferia, tendo Conforme Tomporoski, os trabalhadores
interesse em aprofundar a divisão empregados pela Lumber, excetuando os
internacional do trabalho, bem altos funcionários de origem estadunidense,
como expandir geograficamente
seu raio de atuação, inclusive in- eram recrutados
corporando novos territórios. (Ma-
migonian, 1987, p. 66)
na região, entre a população local.
No início do século XX, a região
Tal fato se exemplifica, no caso de Santa
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


era habitada por caboclos - que já Fotografia 5 – Trabalhadores em greve da Lumber (1917).
Catarina, pela concessão e venda de terras há muito viviam no planalto -, e Fonte: Extraído de Tomporoski (2013, p.190).
– realizadas pelo governo e também por por imigrantes europeus, princi-
particulares – para o “Sindicato Farquhar”. palmente poloneses, ucranianos e
Esse assume, com exclusividade (1908), a
alemães. Estes grupos forneceram Planalto Oeste: a pequena produção também protegia, como as primeiras colô-
a grande maioria dos trabalhado-
ferrovia, ligando São Paulo ao Rio Grande res empregados na Lumber. No ano
mercantil nias nas encostas do planalto, uma variante
do Sul, no caso o trecho que corta o planalto de 1915, o número de operários mais a oeste do caminho das tropas.
catarinense, tendo também como objetivo empregados no beneficiamento da Na segunda metade do século XIX – enquanto
madeira atingiu seiscentos e quin- eram fundadas as colônias alemãs e italianas Importa também lembrar que, a partir da
potencializar a comercialização de terras ze, além de um grande número de
e a extração de madeira realizadas pela nos vales atlânticos e encostas catarinenses, República, as terras devolutas passam a
caboclos responsáveis pelo corte
Southern Brazil, Lumber and Colonization e transporte das toras na mata. com base na pequena produção mercantil pertencer aos estados, ou seja, às oligar-
Company. Nas suas terras, dentre as serra- (Tomporoski, 2006, p. 19) –, no planalto, majoritariamente, a terra quias regionais e sua clientela política,
rias construídas, estava a de Três Barras, continuava sendo ainda apropriada por lati- que passam a controlar as terras públicas
considerada o maior complexo madeireiro Tornando-se responsável pela extração e fúndios, na forma de domínio feudal e de compradas a baixo preço e negociadas,
Fotografia 3 – Secagem de erva-mate no Planalto Norte Catarinense, início do século XX.
Fonte: Extraído de Oliveira (1951, p. 123). da América Latina. A Lumber possuía comercialização de milhões de pinheiros, pequena produção posseira cabocla. Mesmo muitas vezes, junto a empresas coloniza-
legislação própria e se comportava como além de cedros, imbuias, canelas e assim já se apresentam indícios de que as doras. Daí a expansão de núcleos coloniais
um território estadunidense dentro do perobas, a Lumber potencializa a veloci- áreas florestadas do planalto, próximas a no período posterior à proclamação da
Brasil. Nela era comemorado o 4 de julho, dade do processo de expropriação dos vales das vertentes do interior, iriam abrigar República, pelos vales de rios do planalto
dia que marca a independência dos EUA. posseiros do planalto catarinense, resul- colônias pequeno-produtoras. catarinense, integrantes da vertente do inte-
tando no quadro sangrento da Guerra do rior. No caso do planalto Norte, bacias do rio
O desenvolvimento efetivo da atividade Contestado (1912-1916). Cabe destacar Preocupado em garantir “o uti-possidetis, Negro e Iguaçu, “a população cresceu consi-
madeireira era até então obstaculizado pelas que a guerra sertaneja do Contestado, à vista do litígio lindeiro com a Argentina” deravelmente com a chegada de imigrantes
próprias forças produtivas locais repre- não envolveu apenas questões de limites (Cabral, 1968, p. 317), conhecido no Brasil alemães, italianos, poloneses e rutenos, que
sentadas pela disponibilidade de mão-de- entre Paraná e Santa Catarina, mas, prin- como a Questão de Palmas, o Governo do os povoaram” (Peluso Jr, 1991, p. 77).
-obra e pela incipiente técnica localmente cipalmente, a derrubada das matas, a Império criou em 1859, em Santa Catarina,
existente, além da ainda precária rede de concessão e comercialização de terras e a mais uma colônia militar, a do Chapecó. Nas terras da porção oeste do planalto, a
transportes. Não é por acaso que, apesar consequente expropriação da população Implantada em 1882 em área corres- partir da primeira década do século XX, se
Fotografia 4 – Detalhe de painel do Museu Municipal de Três Barras com reproduções de fotografias de atividades da da abundância da madeira na região, o cabocla, também acrescida por migrantes pondente hoje ao município de Xanxerê, estrutura uma formação econômico-social
Lumber de autoria de Claro Gustavo Jansson. Brasil importasse pinho serrado do Canadá, nacionais e estrangeiros, originalmente essa colônia além da guarda da fronteira, distinta da latifundiária (Espíndola, 1999).

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Da venda por empresas colonizadoras agora com a participação de madeireiros beneficiamento da madeira e pela produção Considerações finais contém distintos estágios históricos ao especialmente quando a força corpórea
particulares de pequenos lotes, principal- também originados das colônias alemãs de papel e celulose – em grande medida, fruto mesmo tempo, desde os mais elementares humana é determinante na produção, diante

A
mente para imigrantes originados de áreas e italianas do Rio Grande do Sul, que mais de capitais forâneos à região – cuja matéria – onde os fatores físicos e biológicos pesam dos poucos recursos técnicos disponíveis. O
coloniais italianas e alemãs do Rio Grande tarde chegam a alcançar, com esta atividade, prima, em virtude da devastação da floresta análise do processo de conquista e muito mais do que os fatores humanos – até que as diferencia, incluindo aqui as áreas
do Sul, resultará uma região produtora o centro-oeste e o norte do país. original, se produz hoje em vastas extensões colonização do território de Santa aqueles em que a ação humana assume cada pastoris, é o modo de produção, a origem
com base social e econômica na pequena de florestas plantadas (sendo Santa Cata- Catarina, gênese da formação social vez mais uma preponderância sobre a natu- de suas populações e o grau de desenvolvi-
produção mercantil (Mamigonian, 1966, No processo de colonização do extremo- rina o segundo estado em extensão de terras e econômica catarinense – alicerçada na reza, ainda que nunca de forma absoluta. mento de sua capacidade produtiva. Asser-
1986), tendo como principais núcleos de -oeste, importa ressaltar a colônia de Porto com pinus), revelando uma estrutura que perspectiva de ‘combinações geográficas’, ou tiva comprovada, por exemplo, no processo
povoamento Joaçaba, Chapecó e Concórdia. Novo (Itapiranga), planejada e fundada de certa forma se superpõe ao povoamento seja, de ‘múltiplas determinações’ de ordem Durante grande parte deste período, os tardio de diferenciação regional alcançado
A instalação dessas pequenas propriedades em 1926 pela Sociedade União Popular latifundiário pecuarista e ervateiro original; natural e humana (Mamigonian, 2005) – elementos naturais, espacialmente locali- no planalto catarinense, já no início do
rurais policultoras, fruto da expansão demo- para Católicos Alemães do Rio Grande do b) a da porção oeste, cuja característica identificou a sucessão, por cerca de 3 séculos, zados, assumiram papéis determinantes século XX, contando com a participação
gráfica do estado vizinho, tem início efetivo Sul, de origem jesuítica, como um projeto principal resultante é a presença de dinâ- de diferentes combinações geográficas, junto aos elementos humanos representa- ativa de capitais e tecnologia externa. Neste
com a chegada da estrada de ferro São étnico-religioso. Ao contrário das colônias micas agroindústrias, seja de suínos, aves formando distintos complexos regionais, tivos dos tempos de conquista e colonização. tempo também já acontece o processo de
Paulo-Rio Grande do Sul (1908-1910), no mistas, esta só arregimentava colonos de ou laticínios, originadas de capitais locais, caracterizados por duas grandes formações Tempos marcados pela dialética das forças diferenciação, não meramente regional, mas
sociais e econômicas originais, estruturadas
CAPÍTULO I

CAPÍTULO I
vale do rio do Peixe. A nova possibilidade de religião católica, oriundos principalmente que “foram criando áreas rurais cativas com internas disponíveis frente às externas. especialmente social, nas áreas pequeno
transporte permitiu, de imediato, a ligação de antigas colônias alemãs do Rio Grande milhares de colonos integrados, incluindo a sob a forma de latifúndio e de pequena produtoras mercantis dos vales atlânticos,
da região nascente com o mercado paulista do Sul e, em menor número, de Santa Cata- força de trabalho de toda a família” (Mamigo- produção. Nelas, durante este período, se O relevo, em primeira instância, de acordo dando origem ao modo de produção capita-
e assim, nas palavras de Waibel (1958, p. rina e imigrantes vindos diretamente da nian, 2011, p.112). Pode-se acrescentar que inter-relacionam, dialeticamente, elementos com Peluso Jr (1991), define a grande lista, cujos elementos humanos são cada vez
219), “o hinterland de Santa Catarina foi Alemanha (Mayer, 2016). os 31.735 km² do planalto leste abrigam hoje internos e externos de diferentes ordens, divisão regional de Santa Catarina: região do mais preponderantes.
drenado comercialmente para o norte, uma rede de 42 municípios e os 27.312 km² de distintos estágios históricos, sejam eles litoral e encostas e região do planalto. Essas
para São Paulo, por gente que veio do sul”. Essa diferenciação na ocupação do planalto do planalto oeste, uma rede de 118 municí- comunistas primitivas, escravistas, feudais, características de relevo podem explicar a Essa conquista e colonização, gênese da
Certamente tal transformação contou com levou à existência de duas formações econô- pios (IBGE, 2016), o que retrata espacialmente mercantis e/ou capitalistas. Nessa sociedade singularidade de Santa Catarina frente aos formação social e econômica catarinense, é
o derrubar das matas, resultante do intenso mico-sociais: a) a da porção leste do planalto, estas distintas formas – latifúndio e pequena de modos de produção contemporâneos, mas estados vizinhos, principalmente conside- fundamental ao entendimento das dinâmicas
desenvolvimento dessa atividade extrativa, que se particulariza, principalmente, pelo produção mercantil – de ocupação do espaço. não coetâneos (Rangel,1957) – cuja superes- rando o seu litoral recortado, as encostas econômicas, sociais e populacionais que se
trutura jurídica e política, o Estado, está sob e os vales atlânticos, mas não explicam as desenrolaram durante estes séculos, chegando
o comando de suas classes dominantes – é suas formações originais, que marcam a aos dias atuais. Para percorrê-las, como nos fala
que se insere o pequeno modo de produção. unidade genética da Região Sul: o latifúndio Rangel, devemos ter presente que
Gênese da formação econômica e social

Gênese da formação econômica e social


Ao contrário dos outros modos, a pequena e a pequena produção.
produção não se sustenta numa diferença
de classes, sendo uma sociedade mais igua- O clima explica o processo colonial tardio correram rios de sangue – sangue
litária, inserida em um universo de desigual- europeu, africano, mas principal-
e o tipo de ocupação agrícola diferenciada mente ameríndio [...] essa seria a
dade. Tem, como inerente a sua dinâmica, a das áreas florestadas da região meridional, base incomovível sobre a qual se
tendência à diferenciação social (Mamigo- frente às áreas de agricultura escravista do ergueria o edifício de nossa Socie-
nian, 1986). nordeste e sudeste. Ambas, ao contrário dade – desde a sua Economia até
o Direito – pelos séculos afora, até
da ocupação pecuarista, necessitam de muito recentemente, e sob cer-
Isto posto, cumpre então destacar que a um maior número de braços disponíveis à to ponto de vista, até nossos dias.
gênese da formação social catarinense derrubada da mata e ao trabalho agrícola, (Rangel, 1981, p.6)

Fonte: Extraído de Peluso (1947, p. 57).

Fotografia 6 – Vista de Concórdia e da S. A. indústria e Comércio Concórdia, 1950.


Fonte: Extraído de Zedar (1950, p. 300).

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