Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Três
(
!
Barras Mafra
!
(
Itapoá
(
! (
!
Canoinhas
Campo
Porto
União
Irineópolis
!
( Rio
Negrinho
São Bento
do Sul
(
!
Alegre
São
Francisco
Dionísio Bela Vista
(
!
!
do Sul
(
!
Cerqueira (
!
(
!
do Toldo (
! ( Joinville
!
(
Guarujá
do Sul
(
!
Palma
Sola
Campo
Erê (
!
São Lourenço
do Oeste
Jupiá (
!
Major
Vieira
Papanduva
(
!
Itaiópolis
!
( Araquari
(
! (
! (
!
Schroeder (
!
São José
Novo
Matos
Monte (
! Corupá
(
!
Balneário
Barra
Princesa do Cedro São Horizonte Galvão
Costa
Castelo
(
! Jaraguá
do Sul
(
! (
!
Bernardino
(
! ( Coronel
! (
! (
! do Sul Guaramirim
(
! Martins (
! (
! (
!
São
Anchieta (
! Domingos
Abelardo
Luz
(
! Santa (
! (
! Calmon Timbó
Guaraciaba Terezinha do Grande São João do
Progresso Saltinho
Formosa
Santiago
Ipuaçu (
! (
!
Massaranduba
Itaperiú Barra
Paraíso
(
! Barra
(
! (
! do Sul
do Sul
(
! (
! (
! Velha
(
! Bonita Irati
(
! (
! Ouro
(
!
(
! Romelândia Bom Jesus
do Oeste (
! Entre Verde Doutor Luiz
São Miguel
do Oeste
( !
! ( ( !
! (
Serra
Alta
Sul Jardinópolis Quilombo Rios
Bom
Jesus (
! Pedrinho Rio dos Alves
São Miguel Tigrinhos
Brasil
!
( (
! (
! (
! Passos Santa (
! Benedito
Cedros Pomerode
(
! Balneário
!
( (
! (
!
Capítulo I
Caçador
Bandeirante (
! da Boa Vista Maia Terezinha Novo (
! Piçarras
(
! (
!
Flor do
(
!
Maravilha
Modelo
(
!
Pinhalzinho
( União
! Oeste
do
(
!
Marema
Lajeado Faxinal
(
!
Ponte Macieira
!
( (
! (
! Timbó
(!
! ( Penha
Belmonte
(
! Sertão
(
!
Águas Grande dos Guedes
Serrada
(
! Rio das
Vitor (
!
(
! Cunha (
! Nova Frias
(
! Xanxerê
(
! ( Vargeão !
! Salto Meireles
!
(
Iraceminha
Descanso Porã Erechim
(
!
Coronel
( Veloso
Arroio
Antas
Lebon (
!
Indaial
Blumenau Ilhota Navegantes
!
( (!
(
Freitas
(
!
!
Nova Rio do
(
!
!
(
Witmarsum
(
! (
! Régis Rodeio
Gênese da
Santa Saudades Itaberaba (
! Trinta
(
!
Santa Campo
(
!
José
(
!
Gaspar
(
!
Helena
!
( Iporã do Cunhataí
(
! (
!
( !
(
Cordilheira
Alta
Xaxim
Vargem Água
Doce
Treze
Tílias
(
!
(
!
Cecília
(
! Salete
(
!
Dona
Emma
Boiteux
(
! ! Ascurra
( !
( Itajaí Balneário
!
(
Iomerê
(
! Oeste
(
! ! Bonita Videira
(
! Camboriú
Tunápolis (
!
Águas de Planalto
Xavantina
Lindóia
do Sul
Ipumirim
(
!
Irani
(
! (
!
Catanduvas
(
! !
( !
(
( Pinheiro
!
(
!
Fraiburgo
(
!
Presidente
Getúlio
Ibirama
Apiúna
(
! !
(
São João
Riqueza Palmitos Chapecó Alegre Arvoredo
(
! (
! (
! Ibicaré Preto (
! Guabiruba Camboriú
(
! Chapecó
(
! (
!
Mondaí!
( (! Caibi !
( !!
(
!
(
São
(
!
(
!
( (
!
do Oeste Taió
(
! (
!
Carlos
Guatambú
Luzerna ( Tangará
! Ponte Alta
(
! Brusque
Itapema
Caxambu
do Sul (
! Seara Arabutã
Joaçaba
!
( Frei
Rogério
do Norte
Lontras
(
! Porto
Formação
Rio do
Itapiranga (
! (
! Presidente (
! Mirim Belo
(!( Bombinhas
Rio do
(
! (
! Castello ( Jaborá
! (!
!( Herval (
! Ibiam Monte (
! Doce Oeste
(
! !
Concórdia d'Oeste Carlo
! Laurentino Sul
( Botuverá
!
Branco
(
!
(
São
(
!
!
Pouso
(
!
(
!
Paial
Itá
( (
!
(
!
Lacerdópolis
! Erval
(
(
!
Curitibanos
(
!
Cristóvão
do Sul
(
!
Redondo
Trombudo
( Agronômica
!
Presidente
Nereu
Nova
Trento
São João
Batista (
!
Tijucas
Governador
Velho Brunópolis
(
! Central
(
! (
! (
! ( Canelinha
! Celso
(
! Ouro (
! Braço de (
! ( Aurora
! Ramos
Capinzal Trombudo
Peritiba !!
(( Campos Vidal (
!
(Alto Bela
! Ipira Novos (
! Ramos Major
Econômica
Ituporanga
Vista ! Piratuba
( (
! ( !
!
Atalanta
(
! (
! Gercino
(
! (
! Zortéa
Ponte Otacílio Agrolândia ( (
!
(
! Vargem Alta Costa
Imbuia Leoberto
Biguaçu
(
! (
! (
! Leal Antônio
Correia Palmeira
Petrolândia
(
! Chapadão
(
! (
!
Angelina
(
!
Carlos
!
(
Abdon Pinto do Lageado Florianópolis
Celso (
! (
! (
! São José
(!
Batista
(
!
Ramos
(
! (
! São José
(
! São Pedro de
!!
( (
e Social
do Cerrito Rancho Alcântara
Anita
Alfredo
Garibaldi (
! Wagner
Queimado
(
! (
!
(
! (!(
Bocaina Palhoça
do Sul Águas ! Santo
Cerro
Negro
(
! Bom Mornas Amaro da
Imperatriz
Lages Retiro
(
!
Campo
Belo
do Sul
Capão
!
( (
!
Rio
Rufino
(
!
Anitápolis
São
Bonifácio
(
! Alto
Painel
(
! Urupema (
! (
! DOI 10.5965/97885830215203201816
(
! Paulo
(
! Lopes
Urubici
Santa Rosa
(
!
(
! de Lima Garopaba
(
! (
!
Rio
Fortuna São
Grão (
! Martinho
Pará (
!
(
!
Imbituba
São Braço do Armazém
Joaquim Norte (
!
(
! (
!
(
! Bom Jardim
da Serra Gravatal
São Imaruí
(
! Lauro
Orleans ! Ludgero (
( ! (
!
Muller (
! Pescaria
Brava
(
! Pedras
Grandes (
!
(
! Tubarão
Capivari
( de Baixo
! Laguna
Treviso
(
!
Urussanga
(
! Treze
de Maio
!
( (
!
Nova
Siderópolis (
!
Veneza (
! ! Cocal
( do Sul Sangão
Jaguaruna
(
! Criciúma
(
! (
!
(
!
!
(!(
(
!
Içara Morro da
Fumaça
E COLONIZAÇÃO Timbé
Grande Balneário
do Sul (
! Meleiro Rincão
(
! VICENTISTA E AÇÓRICO-MADEIRENSE (
! (
! Maracajá
(
!
(
!
(
! PAULISTA Turvo Araranguá
(
! PAULISTA E COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
Jacinto
Machado
(
! Ermo !
( Balneário
Arroio
do Silva
(
! (
! (
!
COLONIZAÇÃO EUROPÉIA
(
! E SUA EXPANSÃO NO ESTADO
Santa
Rosa Sombrio
EXPANSÃO DA COLONIZAÇÃO
(
! EUROPÉIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
do Sul (
!
Praia (
! Balneário
Grande São João (
! Gaivota
POPULAÇÃO MUNICIPAL (
! do Sul
( ®
Passo de ESCALA GRÁFICA:
Torres
100.001 a 583.144 habitantes 0 5 10 20 30 40
(
!
km
( 50.001 A 100.000 habitantes
Fonte: Esri, digitalblobe, geoeye, i-bubed, aex, getmapping, aerogrid, ign, igp,
awisstopo, and the gis user community
( 1.286 a 50.000 habitantes Elaboração: Guilherme Regis e Isa de Oliveira Rocha
Secretaria do Estado do Planejamento de Santa Catarina
Capítulo 1 | Gênese da formação econômica e social
Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira1
Maria Graciana Espellet de Deus Vieira2
A
interconexão de elementos do Sua força impulsionadora é formada pelo ocasião do exercício de uma das atividades
quadro natural (clima, relevo, vege- conjunto de atividades que se organizam necessárias à vida dos grupos humanos:
tação etc.) e do humano (populacio- para atender diferentes necessidades. Desde atividade agrícola, de criação industrial,
nais, sociais, econômicos, políticos, culturais as mais imediatas, presentes em qualquer etc.” (Cholley, 1964, p. 141).
etc.) foram determinantes no processo tempo histórico, até aquelas que se traduzem
de conquista e colonização do continente nas transformações resultantes do próprio
Coincidentemente o procedimen-
americano, no decorrer do qual se impu- evoluir da relação sociedade-natureza,
to de trabalhar com combinações
seram novas combinações geográficas resul- vista não de uma forma meramente local, (A. Cholley) é o mesmo de traba-
tantes das múltiplas determinações de cada mas inserida e relacionada com escalas de lhar com múltiplas determinações
cunho regional, nacional e mundial. O terri- (Marx). A explicação provável para
CAPÍTULO I
época histórica e de cada lugar. A formação
esta coincidência está na origem
econômica e social catarinense manifesta tório vai sendo explorado gradativamente,
histórica da geografia moderna e
de forma exemplar esta afirmação. É o que conforme suas potencialidades naturais, do marxismo, ambos herdeiros da
segundo as necessidades econômicas e filosofia clássica alemã (Kant e He-
se procura demonstrar no decorrer deste
disponibilidades demográficas, internas e gel). (Mamigonian, 2005, p. 3)
estudo, tendo como objeto o processo de
externas, presentes em cada período. Trata-
conquista e colonização do território cata-
-se de decifrar uma realidade geográfica – O reconhecimento das duas esferas (a
rinense, gênese da formação econômica e
como tal, localizada no espaço e no tempo natural e a humana) como indispensáveis
social de Santa Catarina.
– procurando identificar a interconexão ao conhecimento da realidade, dá origem
de elementos determinantes das esferas a interpretações mais ricas e, numa certa
Tal processo se estende de meados do
natural e humana (Mamigonian,1999). medida, indica uma retomada da visão
século XVII às primeiras décadas do século
clássica da geografia, ou seja, “uma visão
XX, ou seja, por cerca de três séculos, desde
0°
interno. Convém destacar que enquanto
A diversidade geográfica de Santa Catarina no Rio Grande do Sul predominam as áreas
é surpreendente para uma área de apenas Amazonas
Pará Maranhão
Ceará
de campo, no Paraná e em Santa Catarina
95.737,954 km2, correspondendo a 1,12%
Rio Grande do Norte
10° S
Rondônia Sergipe as formações herbáceas estão presentes
mativa do IBGE (2017), 7.001.161 pessoas, Mato Grosso
Bahia
somente na forma de manchas distribuídas
ou seja, 3,37% da população brasileira e Distrito Federal no interior das mesmas.
23,62% da Região Sul (Pereira, 2013). Goiás
Minas Gerais
A combinação caracterizada pela criação
Tal como os demais estados da Região Sul, o
CAPÍTULO I
CAPÍTULO I
Espírito Santo
Mato Grosso do Sul
extensiva de gado estabelecida nas áreas
20° S
território que hoje corresponde a formação São Paulo Rio de Janeiro
de campo em grandes propriedades, com
econômica e social de Santa Catarina foi Legenda Paraná
Trópico
de Capricó
rnio
o uso de pouca mão-de-obra, acarreta uma
de forma efetiva conquistado e colonizado Climas Zonais organização do espaço distinta daquela
Santa Catarina
30° S
Tropical Nordeste Oriental
rentes ao quadro natural, o clima é o mais Tropical Zona Equatorial 300 150 0 300 600 km
S
fundamental na gênese da estrutura produ-
T A
uma propensão à divisão social do trabalho,
tiva e populacional do sul do Brasil, dando condição para o desenvolvimento econô- P L
E N C O S
A N
origem a distintas combinações geográficas mico (Rangel, 1955). Com base, então, em A L
T O
ou formações econômico-sociais: a do lati- uma estrutura social distinta, a pequena
fúndio pastoril e a da pequena produção. produção mercantil com sua tendência
(Vieira e Pereira, 2009) à diferenciação social vai imprimir nas
BRASIL
FORMAÇÕES VEGETAIS áreas florestais do sul do Brasil um distinto
E
Comparando aspectos gerais relativos à ES C A L A
dinamismo econômico, consolidando a
vegetação, em todo o Brasil, observa-se
0 125 250 375 500 Km
L
formação meridional como uma formação
que as áreas herbáceas (campos) ou herbá-
A
singular (Mamigonian, 1969).
R
ceas-lenhosas (caatinga e cerrado) deram Formações Florestais Formações Complexas
O
Floresta Latifoliada Tropical Complexo do Pantanal
origem a formações latifundiárias pastoris
T
A particularidade do relevo
Floresta Latifoliada Equatorial Caatinga
I
feudais ligadas ao mercado interno. Já no
L
Floresta Latifoliada Tropical Úmida da Encosta Cerrado
CAPÍTULO I
nense. Já no caso rio-grandense, as escarpas aqui existentes ainda não haviam se sedenta- ou mesmo mortos, como tão bem demons- negros e vermelhos, seus gados grossos e Grande do Sul e do litoral de Santa Catarina, presença açoriana, africana e portuguesa.
do planalto meridional estão circunscritas rizado e, consequentemente, como nômades e tram, no século XVII, por exemplo, a compo- miúdos, as suas ferramentas e armas” (Oliveira representa uma segunda experiência com
na porção norte, sendo que o seu litoral, com seminômades, alcançavam baixas densidades sição das bandeiras litorâneas vicentistas, Vianna, 1952, p.113), fundando ao longo da imigrantes açorianos, visto que já haviam A pequena produção
características diversas (retilíneo e arenoso), demográficas, levando inclusive a que alguns assim como as razzias dos bandeirantes costa núcleos de povoamento, entre os quais pioneiramente se fixado no século anterior, no
com um único porto marítimo, assim como autores se refiram a essas áreas como vazias. paulistas em territórios sulinos. São Francisco (1658), Desterro (1673) e extremo norte, em terras do Grão-Pará. Esse A colônia de povoamento açoriano-madei-
o Paraná, só que numa extensão de 600 km Trata-se de uma meia verdade, pois apesar Laguna (1676) no litoral de Santa Catarina, ciclo colonizador, no que se refere ao terri- rense que se estabelece, baseada na pequena
de costa, distingue-se do recortado litoral das distintas realidades demográficas, não Santa Catarina vivencia seu processo de sendo este último o ponto mais meridional, tório catarinense, se estende de 1748 a 1756, propriedade familiar, é uma experiência
catarinense, banhado por inúmeros rios da podemos pensar o processo de conquista sem conquista e colonização, tardio em cerca situado exatamente no marco extremo sul trazendo consequências mais duradouras e pioneira e distinta no território colonial, já que,
vertente atlântica e servido por vários portos, considerar a população autóctone. de cem anos frente ao Nordeste e Sudeste da linha de Tordesilhas. Esse fluxo povoador variadas para a efetiva ocupação do litoral, em especial no litoral e zona da mata nordes-
ao contrário dos estados vizinhos. brasileiros, com povos fruto do cresci- cujos contatos iniciais eram facilitados pelo onde foram fundados núcleos de povoamento tina a tônica era a colônia de exploração,
Nas áreas florestadas tropicais, o caminho mento demográfico da Colônia, caracteri- mar, culmina com a fundação da Colônia do espalhados pela Ilha de Santa Catarina e áreas alicerçada na monocultura de enormes glebas
A região catarinense do litoral e encostas, tomado foi o da importação de mão-de- zando um processo migratório interno, no Sacramento, em 1680, defronte a Buenos adjacentes do continente (por exemplo, São de terras utilizando mão de obra escrava.
-obra escrava africana, a partir do século sentido norte-sul. Isto tanto no século XVII Aires, assinalando a presença portuguesa na Miguel, Enseada de Brito, São José), assim como
Gênese da formação econômica e social
CAPÍTULO I
a “célula-mater” da colo- mercadológicos para assumirem um viés seguradoras foram aqui instaladas, o que se lias” e constituía “o centro de convergência
tardio levam milhões de emigrantes a cruzar o nização italiana, inter- étnico e nacionalista, capaz de conservar, no explica pela maior vitalidade do capitalismo da população, única sede de encontros da
oceano em busca de novas oportunidades. rompida, provavelmente, estrangeiro, a nacionalidade, os costumes e alemão frente ao italiano. As companhias comunidade” a fortalecer sua identidade
em razão das lutas a língua alemã (Fouquet, 1950). Essa visão, navais alemãs exportavam para a Alemanha (Groselli, 1987, p. 449). Isso em se tratando
Do total de imigrantes que se fixaram nas Fotografia 1 – “Vítimas de bugreiros. Foto provavelmente obtida em Blumenau,
internas da Itália, que se em 1905. Detalhe de G. Gerlach, 1972.” ao mesmo tempo em que assegura a fideli- não só os produtos agrícolas dos colonos das colônias em áreas rurais, pois no caso
áreas temperadas, em diferentes países, encontrava em processo Fonte: Detalhe de fotografia disponível em Santos (1997, p.34). dade por gerações à terra de origem (Vater- alemães, mas também os dos italianos. de Florianópolis, assim como os alemães, os
observa-se que o Brasil se coloca como o de unificação. A preo- land), por outro lado causa um sentimento de italianos possuíam clube social próprio, além
terceiro receptor: EUA – 26 milhões; Canadá cupação com a segurança e o controle dos Cocal do Sul (1892). Essas colônias se expan- distanciamento em relação aos brasileiros. O movimento emigratório italiano em massa, da Liga Operária, cujas ideias anarquistas
– 5,5 milhões; Brasil – 4,37 milhões (São produtos que transitavam por esse caminho diram através de atividades ligadas à agricul- iniciado em meados de 1870, coloca o Brasil explicam inclusive a realização de manifes-
Paulo antes de 1880 detinha apenas 5% do entre o litoral e o planalto resultou também tura e à mineração do carvão. Há que se destacar que em razão do catoli- em terceiro lugar no fluxo dessa emigração, tação de solidariedade, na década de 1920, a
total de imigrantes europeus chegados ao na criação da Colônia Militar de Santa cismo ser a religião do Estado, eram comuns, principalmente considerando o estado de São Sacco e Vanzetti (Mamigonian, 1991).
país, mas acaba alcançando – no movimento Tereza, a primeira colônia militar catari- Conforme salienta Waibel (1958, p. 217 e conforme salienta Klug (1998), os constran- Paulo, que recebeu a maioria desses italianos
de “braços para o café” – cerca de 55% tota- nense, instalada em janeiro de 1854. gimentos e impasses ocorridos na vida coti- em decorrência da necessidade de mão de obra
218), ao contrário do Rio Grande do Sul, A pequena produção
Gênese da formação econômica e social
CAPÍTULO I
Certamente o tamanho dos lotes coloniais do gado, na fase inicial de relacionamento planalto (Vinhas de Queiroz, 1966). Esta, grande massa dos sertanejos a um limitado
não permitia reproduzir por gerações a da planície platina com a região de mine- elemento também pertencente – como número de grandes proprietários rurais.”
família camponesa, assim como nos aponta ração, serão a Serra do Mar e as Escarpas as manchas de campos e os ervais – à Nos tempos anteriores à Abolição, nas
Peluso Jr: do Planalto, a Serra Geral. Até cerca de combinação natural da região, somente a fazendas maiores empregavam-se escravos
1740, o percurso arterial de tropas liga partir do século XX se impõe como fator negros que “cuidavam principalmente da
Viamão, Laguna, Lages, Curitiba e Soro- natural determinante. Tal determinação lavoura de mantimentos, aberta nas nesgas
A tradição criada pelos europeus caba. A partir de então, o litoral catarinense ocorre relacionada a outras, como as dos de mata que por acaso se incluíssem na
que se estabeleceram nas colônias
se desarticula das terras de Serra Acima, interesses internacionais do comércio da propriedade” (Vinhas de Queiroz, 1966, p.
da região foi a de todo chefe de fa-
mília numerosa comprar, para cada alijando Laguna e fortalecendo a posição madeira e da colonização de novas terras 2I). É assim que,
filho, a terra necessária para man- de Lages, que permanece no circuito das – agora já para o excedente demográfico Figura 7 – Desenho da casa de agregado da Fazenda do Cedro (município de São Joaquim), década de 1940.
ter o mesmo padrão de vida agrí- tropas, reforçando a atuação da corrente de nossas áreas coloniais – associados aos Fonte: Extraído de Peluso (1947, p. 57).
cola [...] Terminadas as terras das ao se tornar o Brasil independen-
de ocupação do planalto. interesses das classes dominantes regio-
colônias, os núcleos regurgitavam te, a aparente uniformidade de
nais e locais frente ao mesmo comércio.
Gênese da formação econômica e social
CAPÍTULO I
central, agora em sua forma imperialista. de sobrevivência dos operários era amea-
A expansão resulta çada por longas jornadas, péssimas condi-
ções de trabalho e pelo elevado número de
acidentes (Tomporoski, 2006).
Fotografia 2 – Pouso de carroções na beira da Estrada Dona Francisca. na necessidade de mais matérias-
Fonte: Extraído de H. Bachl (1951, p. 87). -primas, alimentos e mercados
consumidores da periferia, tendo Conforme Tomporoski, os trabalhadores
interesse em aprofundar a divisão empregados pela Lumber, excetuando os
internacional do trabalho, bem altos funcionários de origem estadunidense,
como expandir geograficamente
seu raio de atuação, inclusive in- eram recrutados
corporando novos territórios. (Ma-
migonian, 1987, p. 66)
na região, entre a população local.
No início do século XX, a região
Tal fato se exemplifica, no caso de Santa
Gênese da formação econômica e social
A
mente para imigrantes originados de áreas e italianas do Rio Grande do Sul, que mais de capitais forâneos à região – cuja matéria – onde os fatores físicos e biológicos pesam dos poucos recursos técnicos disponíveis. O
coloniais italianas e alemãs do Rio Grande tarde chegam a alcançar, com esta atividade, prima, em virtude da devastação da floresta análise do processo de conquista e muito mais do que os fatores humanos – até que as diferencia, incluindo aqui as áreas
do Sul, resultará uma região produtora o centro-oeste e o norte do país. original, se produz hoje em vastas extensões colonização do território de Santa aqueles em que a ação humana assume cada pastoris, é o modo de produção, a origem
com base social e econômica na pequena de florestas plantadas (sendo Santa Cata- Catarina, gênese da formação social vez mais uma preponderância sobre a natu- de suas populações e o grau de desenvolvi-
produção mercantil (Mamigonian, 1966, No processo de colonização do extremo- rina o segundo estado em extensão de terras e econômica catarinense – alicerçada na reza, ainda que nunca de forma absoluta. mento de sua capacidade produtiva. Asser-
1986), tendo como principais núcleos de -oeste, importa ressaltar a colônia de Porto com pinus), revelando uma estrutura que perspectiva de ‘combinações geográficas’, ou tiva comprovada, por exemplo, no processo
povoamento Joaçaba, Chapecó e Concórdia. Novo (Itapiranga), planejada e fundada de certa forma se superpõe ao povoamento seja, de ‘múltiplas determinações’ de ordem Durante grande parte deste período, os tardio de diferenciação regional alcançado
A instalação dessas pequenas propriedades em 1926 pela Sociedade União Popular latifundiário pecuarista e ervateiro original; natural e humana (Mamigonian, 2005) – elementos naturais, espacialmente locali- no planalto catarinense, já no início do
rurais policultoras, fruto da expansão demo- para Católicos Alemães do Rio Grande do b) a da porção oeste, cuja característica identificou a sucessão, por cerca de 3 séculos, zados, assumiram papéis determinantes século XX, contando com a participação
gráfica do estado vizinho, tem início efetivo Sul, de origem jesuítica, como um projeto principal resultante é a presença de dinâ- de diferentes combinações geográficas, junto aos elementos humanos representa- ativa de capitais e tecnologia externa. Neste
com a chegada da estrada de ferro São étnico-religioso. Ao contrário das colônias micas agroindústrias, seja de suínos, aves formando distintos complexos regionais, tivos dos tempos de conquista e colonização. tempo também já acontece o processo de
Paulo-Rio Grande do Sul (1908-1910), no mistas, esta só arregimentava colonos de ou laticínios, originadas de capitais locais, caracterizados por duas grandes formações Tempos marcados pela dialética das forças diferenciação, não meramente regional, mas
sociais e econômicas originais, estruturadas
CAPÍTULO I
CAPÍTULO I
vale do rio do Peixe. A nova possibilidade de religião católica, oriundos principalmente que “foram criando áreas rurais cativas com internas disponíveis frente às externas. especialmente social, nas áreas pequeno
transporte permitiu, de imediato, a ligação de antigas colônias alemãs do Rio Grande milhares de colonos integrados, incluindo a sob a forma de latifúndio e de pequena produtoras mercantis dos vales atlânticos,
da região nascente com o mercado paulista do Sul e, em menor número, de Santa Cata- força de trabalho de toda a família” (Mamigo- produção. Nelas, durante este período, se O relevo, em primeira instância, de acordo dando origem ao modo de produção capita-
e assim, nas palavras de Waibel (1958, p. rina e imigrantes vindos diretamente da nian, 2011, p.112). Pode-se acrescentar que inter-relacionam, dialeticamente, elementos com Peluso Jr (1991), define a grande lista, cujos elementos humanos são cada vez
219), “o hinterland de Santa Catarina foi Alemanha (Mayer, 2016). os 31.735 km² do planalto leste abrigam hoje internos e externos de diferentes ordens, divisão regional de Santa Catarina: região do mais preponderantes.
drenado comercialmente para o norte, uma rede de 42 municípios e os 27.312 km² de distintos estágios históricos, sejam eles litoral e encostas e região do planalto. Essas
para São Paulo, por gente que veio do sul”. Essa diferenciação na ocupação do planalto do planalto oeste, uma rede de 118 municí- comunistas primitivas, escravistas, feudais, características de relevo podem explicar a Essa conquista e colonização, gênese da
Certamente tal transformação contou com levou à existência de duas formações econô- pios (IBGE, 2016), o que retrata espacialmente mercantis e/ou capitalistas. Nessa sociedade singularidade de Santa Catarina frente aos formação social e econômica catarinense, é
o derrubar das matas, resultante do intenso mico-sociais: a) a da porção leste do planalto, estas distintas formas – latifúndio e pequena de modos de produção contemporâneos, mas estados vizinhos, principalmente conside- fundamental ao entendimento das dinâmicas
desenvolvimento dessa atividade extrativa, que se particulariza, principalmente, pelo produção mercantil – de ocupação do espaço. não coetâneos (Rangel,1957) – cuja superes- rando o seu litoral recortado, as encostas econômicas, sociais e populacionais que se
trutura jurídica e política, o Estado, está sob e os vales atlânticos, mas não explicam as desenrolaram durante estes séculos, chegando
o comando de suas classes dominantes – é suas formações originais, que marcam a aos dias atuais. Para percorrê-las, como nos fala
que se insere o pequeno modo de produção. unidade genética da Região Sul: o latifúndio Rangel, devemos ter presente que
Gênese da formação econômica e social
CAPÍTULO I
Grifos, 1999. _____. Indústria. In: SANTA CATARINA. Gabi- Janeiro: FAE, 1984. leira In: RANGEL, Ignacio. Obras Reunidas, com/a/spg.sc.gov.br/atlas-geografico-
BOITEUX, Lucas Alexandre. Primeira página nete de Planejamento e Coordenação Geral. v. 2. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. -de-santa-catarina/fasciculo2>. Acessado
da colonização italiana em Santa Catarina. FOUQUET, Carlos. Vida e Obra do Dr. Atlas de Santa Catarina. Rio de Janeiro: MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. em: nov. 2017.
2 ed. Organizado por Nylson Reis Boiteux. Blumenau. In: Centenário de Blumenau. Aerofoto Cruzeiro, 1986. O Brasil Meridional. In: IBGE. Panorama _____. (1989) Feudalismo e Propriedade Fundi-
Caxias do Sul: EDUCS, 1998. Blumenau: Edição da Comissão dos Festejos, regional do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, ária. In: RANGEL, Ignacio. Obras Reunidas, v. VIEIRA, Maria Graciana E. de Deus. Formação
1950. _____. Introdução ao Pensamento de Ignácio 1967. 2. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. social brasileira e geografia: reflexões
CABRAL, Oswaldo R. História de Santa Rangel. Geosul, v. 2, n. 3, p. 63-71, 1 sem. sobre um debate interrompido. 1992. 135
Catarina. Florianópolis: Secretaria de GROSSELLI, Renzo Maria; GIANOTTI, Anrosa. 1987. OLIVEIRA, Plácido Olympio de. Joinville em ROCHA, Isa de Oliveira. Industrialização
f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Educação e Cultura, 1968. Vencer ou Morrer: camponeses Trentinos 1906. In: Álbum Histórico do Centenário de Joinville-SC: da gênese às exportações.
_____. Apresentação. In: PELUSO JR, Victor Programa de Pós-Graduação em Geografia,
(Vênetos e Lombardos) nas florestas brasi- de Joinville. Curitiba: Gráfica Mundial Ltda, Florianópolis: [s.n.], 1997.
CÂMARA, Lourival. Estrangeiros em Santa Antônio. Aspectos Geográficos de Santa Universidade Federal de Santa Catarina,
leiras. Santa Catarina 1875 - 1900. Trad. 1951. ROMARIZ, Dora de A. A vegetação. In: Florianópolis, 1992.
Catarina. Separata da Revista Brasileira Solange Ugo Luques e Ciro Mioranza. Floria- Catarina. Florianópolis: FCC/EDUFSC,
de Geografia, ano 10, n. 2,1948. 1991. PADIS, Pedro Calil. Formação de uma AZEVEDO, Aroldo de. Brasil. A Terra e o
nópolis: Ed. da UFSC, 1987. _____. Notas sobre a gênese das formações
Homem. São Paulo: Companhia Editora