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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENGENHARIA MECÂNICA

ROGERIO SOUZA

JOHNSON HUNG

JULIO BANDEIRA

PROJETO DE UM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO PARA MELANCIA

PONTA GROSSA

2019
ROGERIO SOUZA

JOHNSON HUNG

JULIO BANDEIRA

PROJETO DE UM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO PARA MELANCIA

Trabalho feito pelos alunos Rogério


Souza, Johnson Hung e Julio Cesar
Bandeira matriculados no curso de
Engenharia Mecânica, do campus de
Ponta Grossa, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Gabriel Nunes Maia


Junior

PONTA GROSSA

2019

1
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Histórico de Clima Uruana - GO 7


Figura 2 - Sistema de irrigação por aspersão tipo pivô central em lavoura de
melancia. 9
Figura 3 - S​istema de irrigação por aspersão tipo autopropelido em lavoura de
melancia. 10
Figura 4 - Sistema de irrigação por sulco em lavoura de melancia. 11
Figura 5 - Sistema de irrigação por gotejamento em lavoura de melancia. 12
Figura 6 - Área de faixa molhada. 17
Figura 7 - Área representada por cada planta. 18
Figura 8 - Rugosidade de materiais. 21
Figura 9 - Coeficientes de perdas menores para entradas de tubos. 23
Figura 10 - Comprimentos equivalentes para diversos acessórios. 23

2
LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Demanda de água por mês na plantação. 9


Tabela 2 - Valores médios de coeficiente de cultura (Kc) da melancia. 17
Tabela 3 - Estádio I. 19
Tabela 4 - Estádio II. 19
Tabela 5 - Estádio III. 19
Tabela 6 - Estádio IV. 19
Tabela 7 - Custos fixos. 25
Tabela 8 - Custos variáveis anuais. 25

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5
2 VARIEDADE E REGIÃO ESCOLHIDAS 6
2.1 CULTIVAR UTILIZADA 6
2.1 LOCALIZAÇÃO 7
3 CARACTERÍSTICA DO PLANTIO 8
4 SELEÇÃO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 9
4​.1 SISTEMAS POR ASPERSÃO 9
4​.1.1 Vantagem 10
4​.1.2 Desvantagem 10
4​.2 SISTEMA POR SULCO 11
4​.2.1 Vantagem 11
4​.2.1 Desvantagem 11
4​.3 SISTEMA LOCALIZADOS 12
4​.3.1 Vantagem 12
4​.3.2 Desvantagem 12
4​.4 SISTEMA SUBSUPERFICIAIS 13
4​.4.1 Vantagem 13
4​.4.1 Desvantagem 13
4​.5 SISTEMA ESCOLHIDO 13
5 DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA 15
5​.1 TEMPO DE IRRIGAÇÃO EM FAIXA CONTÍNUA 17
6 PERDA DE CARGA E POTÊNCIA DE ACIONAMENTO DA BOMBA 20
7 CUSTOS E FATURAMENTO 24
7​.1 CUSTOS 24
7​.2 FATURAMENTO 25
8 BOMBEAMENTO 2​6
9 CONCLUSÃO 2​7
REFERÊNCIAS 2​8

4
1 INTRODUÇÃO

A melancia é uma espécie de clima tropical, pouco tolerante ao frio.Seu


cultivo no período chuvoso é prejudicado em razão da maior ocorrência de doenças,
menor produtividade e pior qualidade de frutos. Os principais estados produtores são
Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Norte,
Pernambuco e Pará. [1]
A irrigação é uma prática altamente vantajosa na produção de melancia,
sobretudo em regiões com precipitação mensal abaixo de 100 mm. [1]
A escolha e o dimensionamento adequado do sistema de irrigação é a base
para se conseguir um suprimento correto de água às plantas. Por meio de irrigações
uniformes e precisas é possível garantir alta produtividade, com maior eficiência no
uso de água e de nutrientes pelas plantas.
O crescimento das plantas e a produtividade de frutos podem ser
prejudicados quando o cultivo é realizado em solos mal drenados, rasos, muito
argilosos e/ou compactados, sobretudo durante a estação chuvosa ou quando se
irriga em excesso, pois as plantas não toleram condições de solo com baixa
aeração. Solos encharcados prejudicam a respiração das raízes, provocando o
amarelecimento das plantas e até mesmo sua morte. [2]

5
2 VARIEDADE E REGIÃO ESCOLHIDAS

O primeiro passo para o projeto de um sistema de irrigação é definir o local


onde a plantação será feita e a variedade cultivada.
O cultivo da melancia é mais eficiente em regiões com clima quente e sem
chuva em excesso, este fator é responsável pela grande produtividade das regiões
Nordeste e Centro-Oeste.
A variedade utilizada na plantação também é um importante fator e deve ser
definida de acordo com as características do clima e solo local, da produtividade
esperada e também, de acordo com a aceitação do produto no mercado.

2.1 CULTIVAR UTILIZADA

O cultivo da melancia pode ser realizado com diversas variedades do fruto, que
variam em formato, sabor e outras características. As diferentes cultivares
disponíveis no mercado garantem frutos que podem variar de 2 a 20kg, possuir
formato esférico ou alongado e se adaptar a diferentes tipos de clima, possibilitando
o cultivo da melancia em várias regiões do Brasil.

Dentre as variedades mais cultivadas em nosso país, destaca se a ​Crimson


Sweet,​ que é responsável por mais de 90% da produção nacional e possui as
seguintes características:

● Polpa vermelha e adocicada


● Coloração verde escura com estrias largas
● Frutos com média de 12 kg
● Presença de sementes pequenas
● Boa adaptação em climas quentes e amenos
● Ciclo de produção de cerca de 80 dias.

Esta variedade requer uma disponibilidade de água de 3000 a 4000 m³ de


água por hectare plantado, o que corresponde à uma média de 45m³/ha por dia,
quantidade equivalente à uma lâmina de água de 4,5mm por dia.

Devido às características citadas, a variedade Crimson Sweet será utilizada


como base para os cálculos do sistema de irrigação presentes neste trabalho.

6
2.2 LOCALIZAÇÃO

A cidade de Uruana - GO se destaca como uma das maiores produtoras de


melancia no Brasil. Com um clima predominantemente quente e sem índices muito
altos de chuva, proporciona um ambiente favorável para o cultivo dos mais diversos
tipos de melancia.

O gráfico mostra as médias mensais de chuva e temperatura nesta cidade,


obtidas através da análise dos dados dos últimos 30 anos.

Figura 1 - Histórico climático de Uruana - GO

Fonte: Climatempo

De acordo com os dados, os meses de Novembro a Março possuem uma


quantidade razoável de precipitação, o que possibilita o cultivo de diversas culturas,
porém de Abril a Outubro a média de chuvas se reduz, chegando a quase zero
durante o inverno, desse modo é essencial a instalação de um sistema de irrigação
para a produção de culturas mais sensíveis à falta de água.

Por outro lado, a temperatura média não ultrapassa os limites de 17ºC e de


35ºC, o que torna a região extremamente favorável para o cultivo da melancia.

7
3 CARACTERÍSTICAS DO PLANTIO

A área total do plantio é de 5 alqueires, o que equivale a 12,12 ha. Um terreno


equivalente a essa área tem dimensões de 350m x 350m. A inclinação definida para
o terreno é igual a 10º , o que gera um desnível de 60m do ponto mais alto ao ponto
mais baixo do terreno.

A variedade escolhida necessita de uma lâmina diária de 4,5mm de água, o


que corresponde à uma quantidade mensal de chuva correspondente à 130 mm de
precipitação. Deste modo durante os meses de Abril a Setembro é necessária a
utilização da irrigação. A demanda de água para toda a área plantada é dada na
tabela a seguir [1].
Tabela 1 - Demanda de água por mês na plantação

Mês Demanda de água (m³)

Abril 3636

Maio 12120

Junho 15756

Julho 15756

Agosto 15756

Setembro 9696
Fonte: Autoria Própria

O espaçamento do plantio recomendado pela embrapa é de 3m entre linhas e


1m entre plantas em cada linha para garantir a maior produtividade e aproveitamento
da área. Aplicando esse espaçamento à área cultivada obtém se um total de 116
linhas, com 350 plantas em cada linha, totalizando 40600 pés na plantação.

Com base em Resende estima se uma produção de cerca de 8t/ha, com


frutos que podem atingir uma média de 10 kg por unidade , totalizando assim uma
produção esperada de cerca de 97 toneladas com cerca de 9700 frutos, por ciclo de
plantio.

8
4 SELEÇÃO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO

A cultura da melancia pode ser irrigada por diversos sistemas de irrigação. A


escolha daquele mais apropriado depende das condições de solo e clima da região,
topografia do terreno, quantidade e qualidade do suprimento hídrico disponível, além
do nível econômico e tecnológico do produtor.
Produtores de melancia têm utilizado principalmente os sistemas por
aspersão e por sulco. No entanto, tem sido crescente a área de produção de
melancia irrigada por gotejamento no Nordeste do Brasil. Em regiões específicas, o
suprimento de água às plantas tem sido realizado por meio do manejo do lençol
freático. [2]

4.1 SISTEMA POR ASPERSÃO

Entre os sistemas por aspersão, os mais utilizados na produção da melancia


são os do tipo convencional: portátil, semi portátil e fixo. Em grandes áreas de
produção, tem-se utilizado o sistema pivô central, figura 2, como na região do
Cerrado [3]
Figura 2 - Sistema de irrigação por aspersão tipo pivô central em lavoura de melancia

Fonte: Google Imagens (2019)

Alguns poucos produtores utilizam o sistema do tipo autopropelido como pode


ser visto na figura 3.

9
Figura 3 - Sistema de irrigação por aspersão tipo autopropelido em lavoura de melancia

Fonte: Google Imagens (2019)

4.1.1 Vantagem

Os sistemas por aspersão podem ser utilizados em diferentes tipos de solos e


topografia, são simples de manejar e apresentam maior eficiência de irrigação do
que os sistemas superficiais [3]. Há também a redução substancialmente a
severidade de oídio (Erysiphe cichoracearum) em razão da ação mecânica das
gotas de água que danifica as estruturas vegetativas e reprodutivas do fungo. [4]

4.1.2 Desvantagem

A irrigação por aspersão favorece a maior ocorrência de doenças foliares e de


frutos, como antracnose (Colletotrichum orbiculare), crestamento gomoso do caule
(Didymella bryoniae), míldio (Pseudoperonospora cubensis) e podridão dos frutos
(Erwinia carotovora) em razão de molhar a parte aérea das plantas e toda a
superfície do solo sobre a qual as ramas, folhas e frutos se desenvolvem. Propicia
também maior infestação de plantas daninhas nas entrelinhas da cultura, pois a
água é aplicada sobre toda superfície do solo. [4]

10
4.2 SISTEMA POR SULCO

A irrigação por sulco, figura 4, tem sido adotada principalmente por produtores
do Submédio São Francisco e dos estados de Goiás e Roraima, pois encontra
condições específicas de solo e relevo favoráveis a sua utilização.

Figura 4 - Sistema de irrigação por sulco em lavoura de melancia

Fonte: Google Imagens (2019)

4.2.1 Vantagem

Relativamente a aspersão, o sistema por sulco apresenta menor custo de


implantação, menor ocorrência de doenças da parte aérea (não molha a folhagem),
exceto de oídio, e menor infestação de plantas daninhas (molha somente parte da
superfície do solo). [5]

4.2.2 Desvantagem

Requer grande demanda de mão de obra e apresenta baixa eficiência (inferior


a 5%). [5]

11
4.3 SISTEMA LOCALIZADOS

Nesse método a água é aplicada próximo a planta, com molhamento parcial


da superfície do solo, tais como gotejamento, figura 5, a microaspersão e a
microbacia com mangueira.

Figura 5 - Sistema de irrigação por gotejamento em lavoura de melancia

Fonte: Google Imagens (2019)

4.3.1 Vantagem

O gotejamento apresenta maior eficiência de irrigação e requer menor


quantidade de água. A economia de água, relação a aspersão, varia entre 30% e
50%, podendo chegar a mais de 80% quando comparado a irrigação por sulco. [6]

4.3.2 Desvantagem

A principal desvantagem do gotejamento é seu alto custo de implantação, que


pode chegar a três vezes os dos sistemas por aspersão e a dez vezes o sistema por
sulco. [6]

12
4.4 SISTEMA SUBSUPERFICIAIS

Neste sistema de irrigação a água é aplicada sob a superfície do solo por


meio da ascensão capilar com a criação e/ou controle de um lençol freático.

4.4.1 Vantagem

Baixo investimento inicial - desde que as condições locais sejam propícias


para sua utilização - e pela baixa demanda de energia e de mão de obra. [7]

4.4.2 Desvantagem

Requer água em abundância, solos planos ou sistematizados de modo que


uma camada superficial permeável sobrepondo outra camada de baixa
permeabilidade. [7]

4.5 SISTEMA ESCOLHIDO

O dimensionamento hidráulico de um sistema de irrigação inclui, entre outros


aspectos, a definição da vazão de projeto, a determinação de diâmetros e
comprimentos de tubulações, do modelo e potência da motobomba e da taxa de
aplicação de água.
Sistemas de irrigação mal dimensionados, tanto agronômica quanto
hidraulicamente, distribuem água de maneira desuniforme, o que compromete o
desenvolvimento das plantas e aumentam os gastos de água e de energia.
Adicionalmente, podem acarretar problemas de erosão, em razão do escoamento
superficial, e perdas de nutrientes por lixiviação, sem contar as perdas financeiras
resultantes da redução de produtividade.
Os cuidados mais importantes com o sistema de irrigação estão relacionados,
sobretudo, à pressão de serviço do sistema. Pressão abaixo da recomendada
prejudica diretamente a uniformidade de distribuição de água e, consequentemente,
a produtividade da cultura. Por outro lado, pressão muito alta compromete a
integridade da tubulação e acessórios, acarreta maior consumo de energia e, no
caso da aspersão, provoca a formação de gotas muito pequenas, favorecendo maior
evaporação e deriva de água pelo vento, principalmente em dias com temperatura
alta e umidade relativa baixa.

13
Dado as condições do nosso terreno o sistema de irrigação escolhido será o
sistema localizado, especificamente o de gotejamento. Para este sistema além de
todos os pontos destacados acima há também ficar atento Para prevenir e eliminar
as impurezas presentes na água recomenda-se sua filtragem contínua e a lavagem
periódica das linhas de gotejadores.

14
5 DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA

A estimativa da evapotranspiração da cultura (ETc), durante o ciclo de


desenvolvimento da cultura é atualmente o mais usado, por ser mais prático e
propiciar uma boa estimativa da demanda hídrica das culturas irrigadas. A estimativa
da lâmina de irrigação pode ser feita usando-se dados agroclimáticos que propicia a
determinação da quantidade de água a ser aplicada a uma dada cultura.
O tanque Classe “A” (TCA) é um instrumento simples e bastante usado na
estimativa da evapotranspiração. O TCA deve ser colocado em um local de fácil
acesso e que seja representativo da área a ser irrigada. Juntamente com o tanque
devem ser instalados anemômetro e pluviômetro, aparelhos usados para medir a
velocidade do vento e a precipitação, respectivamente. Portanto recomenda-se
adotar certos cuidados na escolha do local e na instalação do tanque para evitar
influenciar na evaporação da água que por sua vez é depende da velocidade do
vento, teor da umidade relativa do ar, temperatura do ar e da insolação. O TCA foi
desenvolvido para simular a evaporação da superfície de um lago, porém foi
adaptado para estimar a evaporação na superfície do solo, para tanto foram
ajustados coeficientes do tanque (Kp). [10]
O valor de Kp existe para duas condições de cobertura do solo (onde se
considera a umidade relativa do ar, bordadura da área de instalação e velocidade
do vent​o local): tanque circundado por grama e tanque circundado por solo nu.

A maioria dos irrigantes usa somente um valor médio de Kp para todo o ano,
normalmente obtido pela análise de dados históricos, para ​a cidade de Uruana - GO,
usa-se valor médio de k p = 0, 75 para todo o ano. [8]

A partir dos resultados de Figueiredo, et al. [9] o valor de E v da melancia


diminui com aumento da salinidade da água aplicada e que a evapotranspiração
total durante o ciclo foi de 200 mm, logo E v é de 2,5 ( mm
dia ).

De posse dos valores de Kp e E v para o cálculo da evapotranspiração de


referência (ETo), basta usar a expressão:

ET 0 = E v × k p (1)
mm
ET 0 é a evapotranspiração de referência ( dia )
mm
E v é a evapotranspiração da água no tanque classe “A” ( dia )

Com advento das estações agrometeorológicas e de programas


computacionais o ET 0 pode ser obtido diretamente das estações, dispensando-se o

15
uso do TCA. Para a estimativa da evapotranspiração da cultura ( ET c ) ou lâmina
líquida a ser aplicada (LL), utiliza-se a relação:

ET c = LL = k c × ET 0 (2)

k c é o coeficiente de cultura

Para a cultura da melancia irrigada por gotejamento na região escolhida foi


determinada os coeficientes de cultura (Kc) de acordo com a tabela 3 abaixo

Tabela 2 - Valores médios de coeficiente de cultura (Kc) da melancia

Fonte: Doorenbos e Kassan (1979) [8]

Onde o estádio inicial (I) vai do plantio até o início da ramificação, o estádio
vegetativo (II) inclui o período entre o início da ramificação até o início da floração, o
estádio de formação da produção (III) engloba a floração, frutificação e crescimento
de frutos, e o estádio de maturação (IV) compreende o período em que as plantas
entram em senescência natural.
Assim a quantidade de água necessária para irrigação localizada
(evapotranspiração) poderá ser calculada por:

ET g = ET c × P (3)
mm
ET g é a evapotranspiração na área irrigada por gotejamento ( dia )

P é a porcentagem de área molhada em relação a área total

A lâmina bruta ( Lb ) ou irrigação total necessária, para irrigação localizada, é


dada por:

Σn1 ET g
Lb = Ei
​(4)
mm
ET g é a evapotranspiração na área irrigada por gotejamento ( dia )

E i é a eficiência de irrigação

16
5.1 TEMPO DE IRRIGAÇÃO EM FAIXA CONTÍNUA

A determinação do tempo de funcionamento do sistema de irrigação varia de


acordo com a lâmina de água a ser aplicada e vazão dos emissores. Para se efetuar
os cálculos deve-se considerar a disposição da mancha de molhamento da
superfície do solo, ou seja, se forma em faixa contínua ou por planta como pode ser
visto na figura 5.

Lb ×E g ×E l
Ti = q
(5)

T i é o tempo de irrigação (h)

Lb é a lâmina bruta (mm)

q é a vazão do gotejador ( Lh )

E g é o espaçamento entre gotejadores ao longo da linha central (m)

E l é o espaçamento entre linhas de gotejadores (m)

Figura 6 - Área da faixa molhada

Fonte: Embrapa Semiárido

17
Figura 7 - Área representada por cada planta

Fonte: Embrapa Semiárido

Portanto, a partir das características do plantio e das equações 1 a 5


obtemos as seguintes tabelas
Tabela 3 - Estádio I

Ev kp ET 0 kc ET c P ET g Ei Lb Eg El q Ti

2,5 0,75 1,87 0,45 0,84 0,30 0,25 0,80 0,31 3 1 0,68 1,38
Fonte: Autoria própria

Tabela 4 - Estádio II

Ev kp ET 0 kc ET c P ET g Ei Lb Eg El q Ti

2,5 0,75 1,87 0,75 1,40 0,30 0,42 0,80 0,52 3 1 0,68 2,32
Fonte: Autoria própria

Tabela 5 - Estádio III

Ev kp ET 0 kc ET c P ET g Ei Lb Eg El q Ti

2,5 0,75 1,87 1 1,87 0,30 0,56 0,80 0,70 3 1 0,68 3,09
Fonte: Autoria própria

Tabela 6 - Estádio IV

Ev kp ET 0 kc ET c P ET g Ei Lb Eg El q Ti

2,5 0,75 1,87 0,70 1,30 0,30 0,39 0,80 0,49 3 1 0,68 2,16
Fonte: Autoria própria

18
Dessa maneira, o tempo de irrigação em faixa contínua por dia do estádio I, II,
h h h h
III e IV é respectivamente de 1,38 ( dia ), 2,32 ( dia ), 3,09 ( dia ) e 2,16 ( dia ).

19
6 PERDA DE CARGA E POTÊNCIA DE ACIONAMENTO DA BOMBA

Para definirmos o quanto de altura manométrica extra será necessário no


acionamento da bomba, alguns parâmetros de projeto precisam ser definidos de
início para que seja possível realizar os demais cálculos.
Consideramos o uso de tubulação flexível, com diâmetro de quatro
polegadas, e um tempo necessário para enchimento do reservatório de 24h. A
temperatura de trabalho da água é de 10 ºC. Seguem os parâmetros para fins de
cálculo:
kg
● densidade de 1000 ( m3
)
● viscosidade dinâmica de 0.0013 ( Nm.s2 )
● gravidade de 9.82( sm2 )
● rugosidade de 0.04 (m )
3
● vazão de 0.006079 ( ms )
m
● velocidade média de escoamento de 0.81619 ( s )

O primeiro parâmetro a ser avaliado é o número de Reynolds, para checar se


o escoamento tratado terá comportamento laminar ou turbulento. Para o caso de um
fluxo de água num tubo cilíndrico, admite-se os valores de 2.000 e 2.400 como
limites [12]. Desta forma, para valores menores que 2.000 o fluxo será laminar, e
para valores maiores que 2.400 o fluxo será turbulento. E para valores entre eles o
fluxo será transitório.

ρ×v×D
ReD = μ
(6)

ReD é o número de Reynolds

ρ é a densidade do fluido

v é a velocidade do fluido

μ é a viscosidade dinâmica do fluido

D é o diâmetro do tubo

Com isso Re = 61139 , concluindo que o escoamento através do tubo é


turbulento. No escoamento turbulento, não podemos avaliar a queda de pressão
analiticamente. Assim, devemos recorrer a resultados experimentais para esse
estudo. A experiência mostra que a perda de carga depende do diâmetro do tubo, do
comprimento, da rugosidade do tubo, da velocidade média do escoamento, da

20
massa específica e da viscosidade do fluido. Um fator de atrito também é
considerado.

L×v 2
hld = f 2D×g
​(7)
hld é a perda de carga maiores

f é o fator de atrito

g é a gravidade local

L é o comprimento do tubo

Para calcular o fator f, foi considerada a seguinte equação :

[( ]
1.11
)
e
1
= − f log D
3.7
+ 6.9
Re
​(8)
√f
e é a rugosidade do tubo

Figura 8 - Rugosidade de materiais

Fonte: (Fox, 2007) [12]

Para perda de cargas menores, as seguintes equações foram utilizadas :

Le ×v 2
hlm = f 2D
​(9)

21
v2
hlm = K 2
​(10)
K é o coeficiente de perda menor para entrada

Figura 9 - Coeficientes de perdas menores para entradas de tubos

Fonte: (Fox, 2007) [12]

Figura 10 - Comprimentos equivalentes para diversos acessórios

Fonte: (Fox, 2007) [12]

A perda de carga total de cada trecho se dá pela soma de termos das


equações (9) e (10), resultando em uma perda de carga total de 316,6 metros no
trecho até o reservatório
Para calcular a altura manométrica necessária para o cálculo da potência de
acionamento da bomba, consideramos a captação com a mesma pressão do

22
reservatório, fazendo com que a bomba apenas aplique sobre o fluido o trabalho
necessário para sua elevação, através da seguinte equação :
v r2
H man = ha + hr + hLa + hlr + 2×g
​ (11)

A velocidade de saída considerada é a velocidade média do escoamento para


a configuração do projeto. A altura de aspiração é um parâmetro inerente de onde o
projeto está sendo instalado, sendo igual a 30 metros. Assim, a altura manométrica
total, considerando as perdas de carga, é de 356,7 metros.
Por fim, a potência provinda da energia adicionada ou absorvida por sistemas
mecânicos (bombas, ventiladores, turbinas) pode ser determinada multiplicando-se a
energia transferida por unidade de peso de fluido pelo fluxo de peso de fluido
escoando através do sistema. Como em bombas também existem perdas por atrito
mecânico e de fluido, consideramos um coeficiente de rendimento para a bomba
com valor típico de 0,7.
A potência é dada por :

ρ×g×H man ×Q
W ac = ηG
​(12)

Resultando em um valor final de 30416 Watts. Para o projeto, será usada uma
bomba centrífuga de 100 Watts, pois é o valor mais próximo no catálogo do
fornecedor.

23
7 CUSTOS E FATURAMENTO

Os custos são umas das partes mais importantes do projeto juntamente com
o faturamento que será os parâmetros para definir a viabilidade do projeto.

7.1 CUSTOS

Os custos do investimento na plantação podem ser divididos em duas


categorias, custos fixos que correspondem ao investimento na infraestrutura, que
será utilizada em vários ciclos de plantio e em custos variáveis, que correspondem
ao consumo de insumos e energia que estarão presentes em todos os ciclos de
plantio realizados.
Os custos fixos são compostos principalmente pelo sistema de irrigação, que
corresponde à uma alta parcela do valor investido porém tem uma vida útil muito
grande, podendo ser usado por diversos ciclos. Os custos fixos são apresentados na
tabela 9

Tabela 7 - Custos fixos

Item Custo

Bomba R$ 26.800,00

Mangueiras de captação e transporte R$ 16.660,00

Reservatório 200000 L R$ 20.000,00

Mangueiras de distribuição R$ 12.300,00

Total R$ 75.770,00
Fonte: Autoria própria

Estes custos são diluídos no faturamento durante um grande período de


tempo, porém ao se pagarem possibilitam um lucro maior para o produtor.
Os custos variáveis são apresentados considerando um período de 1 ano e
apresentam indicadas suas respectivas unidades na tabela 10.

Tabela 8 - Custos Variáveis anuais

Item Quantidade Custo unit Custo total

Energia 98.547,840 KWh R$0,2428/KWh R$23.927,4

Sementes 8 kg R$ 285,00/kg R$ 2.280,00

24
Total R$26.207,00
Fonte: Autoria própria

Os custos variáveis estão presentes em todo ciclo de plantio e devem ser


descontados do faturamento anual juntamente com a parcela dos custos fixos
referente à cada ciclo para se obter o lucro da plantação.

7.2 FATURAMENTO

O preço da melancia no estado de Goiás gira em torno de R$ 1,00 o kg, de


acordo com o CEASA, maior centro de distribuição de frutas e hortaliças do país.
Com base nesse valor e na produção esperada de 97 toneladas por ciclo, é
esperado um faturamento bruto de R$ 97.000,00 por ciclo de produção, ou seja, uma
faturamento bruto anual de R$ 388.000,00 para este sistema de produção.

25
8 BOMBEAMENTO

O sistema de irrigação será abastecido de uma fonte situada a 800 metros de


distância horizontal do início do terreno e contará com uma bomba afogada 30
metros, totalizando 830 metros de tubulação para que a água chegue até o
reservatório inicial. Para o cenário do pior caso, que são os meses de Junho, Julho e
Agosto, a segunda bomba instalada no reservatório terá que bombear 525,2 m³ por
dia para que mantenha os níveis de irrigação adequados.
Para que a água saia do sistema de irrigação com uma velocidade não
próxima de zero e satisfaça uma uniformidade durante o processo, uma bomba
hidráulica secundária pode ser dimensionada para esse fim, mas os custos por
perda de carga para um sistema de irrigação desse tamanho com 116 mangueiras
acaba tornando esse processo muito caro e pouco vantajoso.

26
9 CONCLUSÃO

Com este trabalho tem se o projeto de um sistema de irrigação por


gotejamento para a cultura de melancia na região de Uruana - GO. Os custos da
implementação do sistema são facilmente diluídos devido a produtividade da cultura,
que não teria a mesma eficiência sem o sistema de irrigação.

27
REFERÊNCIAS

[1] Disponível em:


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[3] Disponível em:


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[4] Disponível em: <https://tecnologianocampo.com.br/irrigacao-por-aspersao/>


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[6] Disponível em: <https://www.netafim.com.br/irrigacao-por-gotejamento/> Acesso


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Mecânica dos Fluidos. ​8. ed. Danvers: John Wiley & Sons, Inc., 2011.

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