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Consultores em Engenharia e Recursos Naturais, Ld.

ESTUDO HIDROGEOLÓGICO DA

HERDADE DO MOURO

Lisboa, Agosto de 2015.

Av. Infante Santo, 63 – 1.º Esq.


1350 – 277 Lisboa. Portugal
Estudo Hidrogeológico da Herdade do Mouro
Agosto de 2015

ÍNDICE

PARTE I – ÁGUAS SUBTERRÂNEAS


I.1 – Introdução
I.2 – Enquadramento geológico
I.3 – Enquadramento hidrogeológico
I.4 – Trabalhos de campo realizados
I.5 – Obras preconizadas e aprofundamento dos estudos

PARTE II – ÁGUAS SUPERFICIAIS


II.1 – Barragem
II.2 – Charca

PARTE III – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES


III.1 – Necessidades de água para rega
III.2 – Balanço
III.3 – Conclusões

Bibliografia

ANEXOS
Anexo 1 – Carta de localização dos pontos de estudo
Anexo 2 – Registo dos valores do ensaio de bombagem do Furo 1
Anexo 3 – Registo dos valores do ensaio de bombagem do Furo 2
Anexo 4 – Termos de referência do estudo de prospeção geofísica

CERN, Lda. P 12/2014


Estudo Hidrogeológico da Herdade do Mouro
Agosto de 2015

PARTE I – ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

I.1 – INTRODUÇÃO

O presente relatório reporta os trabalhos correspondentes à 1.ª fase do Estudo Hidrogeológico da Herdade
do Mouro, Freixo, concelho do Redondo, em conformidade com o apresentado na nossa Proposta n.º
12/2014, de dezembro de 2014. Deste modo foi recolhida e analisada a informação geológica e hidrogeoló-
gica disponível.

No tocante aos relatórios das perfurações já executadas, a documentação obtida não foi conclusiva, não
tendo sido possível obter qualquer informação nem sobre a litologia atravessada, nem sobre os níveis de
água, estáticos e dinâmicos, ocorrentes à data da execução dos trabalhos.

Concluída a apreciação dos elementos anteriormente referidos, foram realizados os trabalhos de campo
nos dias 14 e 15 de maio e 13 de junho do corrente ano.

I.2 – ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

Da análise dos documentos de cartografia geológica [1] constatou-se que os terrenos ocorrentes na área de
estudo são constituídos por micaxistos e paragnaisses integrando a Formação de Ossa e granodioritos,
quartzodioritos e dioritos que constituem as rochas dominantes do Soco Hercínico (figura 1).

Figura 1 - Enquadramento geológico da área em estudo

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As rochas anteriormente descritas apresentam-se cortadas por filões, integrando microgranitos e pórfiros
graníticos, granitos grosseiros e pegmatíticos, tal como foi possível constatar aquando da abertura do poço
de pesquisa, anexo ao poço existente na propriedade e apresentado na figura 2.

As formações em que foram executados os dois furos produtivos, dentro da área objeto do presente estu-
do, são constituídas por granodioritos. Estes, integrados no conjunto das rochas magmáticas intrusivas do
Alentejo – Maciço de Évora apresentam-se afetados por deformação Varisca [1], denotando lineação pro-
nunciada e por vezes gnaissosidade acentuada. Estruturalmente, os maciços de granodiorito cortam a xis-
tosidade S1, mas são afetados pelo segundo dobramento.

Figura 2 - Talude NE do poço de prospeção (adjacente ao poço existente)

Do ponto de vista tectónico-estrutural e tal como previsto antecipadamente, as formações ocorrentes den-
to da área deste estudo apresentam-se com uma orientação de N 20-30º W, e uma inclinação de 60º NE a
subvertical, sujeitas a todo um conjunto de acidentes de grande complexidade estrutural, integrando falhas
com orientações preferenciais de NE-SW e WNW-ESSE e falhas com preenchimento por rochas eruptivas,
tal como nos foi permitido observar aquando da abertura do pequeno poço de prospeção, junto ao poço
existente. É efetivamente este contexto tectónico, conjugado com o elevado grau de metamorfismo que
lhe está associado, que nos permitiu antever a efetiva possibilidade de serem executadas novas obras de
captação de águas subterrâneas. Tal como referimos na nossa proposta 12/2014, de dezembro de 2014, a

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determinação da atitude dos dispositivos tectónicos existentes, através de métodos geofísicos, conduzirá à
determinação, com um razoável rigor, da localização e posicionamento de uma obra de prospeção que, a
revelar-se francamente produtiva, deverá ser transformadas em captação.

I.3 – ENQUADRAMENTO HIDROGEOLÓGICO

Segundo diferentes documentos consultados, nomeadamente o Relatório “Sistemas Aquíferos de Portugal


Continental” [2], o Plano de Bacia Hidrográfica do rio Guadiana [3] e ainda o Estudo dos Recursos Hídricos
Subterrâneos do Alentejo [4], a área objeto do presente estudo não se sobrepõe a qualquer sistema aquífe-
ro.

A análise dos dados obtidos nos ensaios executados nas captações existentes (furos 1 e 2, e poço de pros-
peção), com o objetivo de caraterizar as condições hidrogeológicas ocorrentes na área do estudo, bem
como da envolvente, e que apresentamos em anexo ao presente Relatório, permite concluir:
- A inexistência de dados no que respeita às caraterísticas construtivas dos furos já existentes (pro-
fundidade total da perfuração, profundidades dos níveis estático e dinâmico, profundidade da
câmara de bombeamento, tipo e posicionamento do troço de tubos-ralo) não permite uma carate-
rização quer espacial quer temporal da piezometria e, consequentemente, do gradiente do fluxo
subterrâneo existente no local.
- A existência de três captações de água subterrânea radica no facto de cada uma delas ter uma pro-
dutividade bastante reduzida, não sendo suficiente para suprir as atuais necessidades.

No Estudo dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Alentejo [4] a área do projeto sobrepõe-se ao denomi-
nado “Setor pouco produtivo da Zona de Ossa-Morena”, caraterizado pela ocorrência de produtividades
muito reduzidas, regra geral associadas ao elevado grau de metamorfismo e fraturação das suas formações,
tal como anteriormente referido.

I.4 – TRABALHOS DE CAMPO REALIZADOS

Os trabalhos de campo, conducentes à avaliação das condições hidrogeológicas locais, foram realizados nos
dias 14 e de maio e 13 de junho e constaram da execução de ensaios de caudal nos dois furos existentes
designados por F1 (primeiro furo executado) e F2 (segundo furo executado), no poço existente (que se
acredita ter sido intervencionado em 1975) e num poço de prospeção, entretanto aberto numa área adja-
cente ao já existente.

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Dia 14 de maio – ensaio do furo de captação F2

Não nos foi fornecido o relatório feito pela empresa que executou o trabalho. Os dados fornecidos pelo
representante do proprietário referem que a perfuração tem 80 metros de profundidade. Pelo que nos foi
dado observar, o furo possui um troço de tubagem guia, ao diâmetro de 300 mm em tubo de PVC. No seu
interior existe uma tubagem de revestimento definitivo, de diâmetro não determinado, mas que se supõe
ser de 160 ou 180 mm. Sobre ambas as tubagens foi aplicada uma tampa metálica de cobertura que serve
também (ainda que erradamente) de âncora de sustentação dos equipamentos de bombagem: bomba,
cablagem e tubagem de elevação.

Figura 3 - Boca do furo 2 durante os trabalhos de ensaio de caudal

Introduzida com alguma dificuldade a sonda de registo de níveis, deu-se início ao período de bombagem,
sendo registados os valores na ficha de campo, anexa ao presente relatório, e com base na qual foi possível
obter os dados que se representam nos gráficos 1 (normal-normal) e 2 (semi-logarítmico). Esses resultados
apontam no sentido de o furo F2 permitir um débito de 2,0 L/s, com um rebaixamento não estabilizado de
55,45 metros. O caudal ótimo de exploração será por isso inferior e, segundo os modelos utilizados atual-
mente para formações litológicas semelhantes, da ordem dos 1,3 L/s.

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Em paralelo, e no decurso dos trabalhos de ensaio, foi possível analisar do ponto de vista geológico a área
envolvente aos trabalhos, não se tendo encontrado nenhum afloramento de raiz.

Gráfico de valores de Bombagem em F2

tempo (minutos)
0 60 120 180 240 300 360
0,00

10,00

20,00
rebaixamento (metros)

30,00

40,00

50,00

60,00

Gráfico de valores de Bombagem em F2

tempo (minutos)
1 100
0,00

10,00

20,00
rebaixamento (metros)

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

Dia 15 de maio – ensaio do furo de captação F1 e do poço existente

Com recurso a pessoal e equipamento dos Bombeiros Voluntários do Redondo, tal como se apresenta nas
figuras 4 e 5 deste relatório, procedeu-se ao completo esvaziamento do poço existente. Pretendia-se com
esta ação registar os valores dos níveis de água durante a recuperação dos níveis do poço e ainda observar
de forma direta a eventual ocorrência de surgências (olheiros) de água no seu interior. A enorme quantida-
de de vegetação e de lodo existente no seu interior condicionou e anulou essa possibilidade.

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Figura 4 - Boca do poço existente Figura 5 - Bomba de ensaio do poço

Figura 6 - Aspeto do fundo do poço existente, após esvaziamento

Tal como ocorrido em F2, não nos foi fornecido o relatório de execução feito pela empresa que construiu
essa captação. Os dados fornecidos pelo representante do proprietário referem que a perfuração tem 80
metros de profundidade.

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Este furo de captação apresenta as mesmas caraterísticas construtivas do furo F2 e idêntica dificuldade na
introdução da sonda de registo de níveis de água no seu interior. Os valores obtidos no decorrer da bom-
bagem foram interrompidos mais de uma vez em virtude da existência de problemas no quadro da bomba.

Em face do anteriormente descrito decidiu-se que seria necessário proceder à afinação do equipamento
elétrico, por parte da empresa a quem foram adjudicados os trabalhos de instalação da rede de rega, por
forma a se poder efetuar o ensaio de caudal no furo de captação F1 a caudal constante.

Dia 13 de junho – ensaio do furo de captação F1

Após os necessários trabalhos anteriormente referidos e em data previamente acordada, procedeu-se ao


ensaio de caudal do furo de captação F1. Os resultados então recolhidos, cujos valores se apresentam nos
quadros anexos ao presente relatório e que se encontram projetados nos gráficos da página seguinte,
apontam no sentido de o furo F1 agora ensaiado, permitir um débito de 4,4 L/s, com um rebaixamento não
estabilizado de 18,95 metros. O caudal ótimo de exploração será por isso inferior, ainda que se admita
estar o nível hidrodinâmico próximo da estabilização. De acordo com os modelos correntemente utilizados
para formações litológicas semelhantes, o caudal de exploração situa-se na ordem dos 3,5 L/s. Pode consi-
derar-se a produtividade apresentada por esta captação de excelente, tendo em conta o tipo de litologia
ocorrente (γ ∆ Z – granodioritos e quartzodioritos do grupo de rochas magmáticas intrusivas do Alentejo –
Maciço de Évora) e ainda a época do ano em que se efetuou o ensaio.

Bombagem em F1

tempo (minutos)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
1,00

3,00

5,00

7,00
rebaixamento (metros)

9,00

11,00

13,00

15,00

17,00

19,00

21,00

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Bombagem em F1

tempo (minutos)
1 10 100
1,00

3,00

5,00

7,00

rebaixamento (metros)
9,00

11,00

13,00

15,00

17,00

19,00

21,00

Em paralelo foi também esvaziado o poço de prospeção, escavado numa área adjacente ao poço existente.
Aquele poço, durante a fase de recuperação, apresentou uma velocidade de subida dos níveis muito baixa.

A par dos trabalhos de ensaio, foi feito um reconhecimento geológico do terreno no troço do vale da Ribei-
ra da Palheta, imediatamente a SW das captações ensaiadas. Conforme previamente observado sobre ima-
gem aerofotográfica, o troço desta linha de água a norte do Monte do Freixo corre num vale bastante
encaixado, destoando de toda a geomorfologia existente na região. Uma observação mais detalhada permi-
tiu constatar que este vale estará muito provavelmente associado ao acidente tectónico (falha) que acom-
panha grande parte do traçado da Ribeira da Palheta, nas proximidades da área objeto do presente estudo.

I.5 – OBRAS PRECONIZADAS E APROFUNDAMENTO DOS ESTUDOS

A análise dos dados recolhidos nas investigações e nos ensaios de caudal podem ser sumarizados da
seguinte forma: no universo das três perfurações executadas, uma revelou-se seca, outra apresenta uma
produtividade baixa (de resto, caraterística do tipo de formações litológicas ocorrentes na região) e apenas
a terceira apresenta valores significativos de caudal, muito provavelmente em resultado da tectónica local.
Em consequência, impõe-se concluir que é pouco provável conseguir suprir as necessidades de rega com
recurso a captações de água subterrânea do tipo furo.

A existência de um furo com uma produtividade acima do normal indicia a importância que poderá ter a
realização de trabalhos de prospeção geofísica, tal como tivemos oportunidade de expor na reunião havida
a 2 de julho p.p., que foi aceite e será objeto de proposta específica.

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Da prospeção de campo efetuada no decorrer dos trabalhos de campo, enquanto decorriam os ensaios de
caudal, foi possível identificar no terreno um troço da Ribeira da Palheta que, numa primeira análise, apre-
senta um enquadramento tectónico suscetível de conduzir à captação de águas subterrâneas com viabili-
dade em face dos objetivos pretendidos.

A obra preconizada assenta na escavação de uma vala, disposta paralelamente à linha de água (isto é, com
orientação NE-SW), com uma profundidade da ordem dos 4 metros, de forma a aceder ao substrato rocho-
so, que se estima esteja fissurado em consequência de atividade tectónica. A partir do topo de montante
dessa vala serão executados 3 ou 4 drenos horizontais ou subhorizontais, que estarão em condições de
captar o escoamento subterrâneo afluente a esta zona em virtude da sua fissuração. O dimensionamento
da vala, assim como o comprimento, orientação e diâmetro dos drenos serão objeto de determinação em
fase posterior, isto é, após execução dos trabalhos de prospeção preconizados.

Refira-se apenas, em termos de enquadramento preliminar, que se estima que a vala se localize na margem
direita da ribeira da Palheta e tenha cerca de 5 metros de largura, a fim de permitir o posicionamento das
máquinas de instalação dos drenos. Estes ficarão dispostos na continuidade do eixo da vala.

O aprofundamento dos estudos carece da realização de uma campanha de prospeção geofísica acompa-
nhada de prospeção mecânica com uma máquina ligeira.

O objetivo da prospeção geofísica é identificar as descontinuidades tectónicas do maciço, o seu grau de


fraturação e o respetivo preenchimento com água (assim como os seus níveis).

Havendo diversas técnicas de prospeção geofísica (ondas sísmicas, geoelétrica, raios gama, VLF, etc.), pre-
coniza-se a adoção da técnica de VLF (very low frequency), melhor adaptada às condições locais e aos obje-
tivos pretendidos, que consiga fazer uma destrinça adequada entre as indicações válidas e aquelas que, por
resultar de manifestações anómalas, induzem conclusões erradas.

No âmbito da campanha de prospeção geofísica preconizada – cujos termos de referência se apresentam


em anexo – pretende-se realizar um conjunto de perfis geofísicos na ribeira da Palheta, no ponto localizado
imediatamente a norte do Monte do Freixo. A orientação espacial destes perfis foi escolhida em função das
necessidades de modelação tridimensional do sistema, a partir das indicações já recolhidas acerca da dis-
posição, atitude e possança das formações geológica existentes e daquelas que lhes estão subjacentes.

Preconiza-se também a execução de poços de prospeção mecânica, tendo em vista complementar as


observações geofísicas com uma observação in loco das condições de execução da vala já referida. Tratam-
se de trabalhos de dimensões modestas, semelhantes aos que já foram efetuados no vale mais a montante
(poços de prospeção, abertos por máquina retroescavadora).

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PARTE II – ÁGUAS SUPERFICIAIS

II.1 – BARRAGEM

Foi avaliada a viabilidade técnica da construção de uma barragem para armazenamento de água, nomea-
damente em termos de afluências, existência de um local propício e de custos.

A linha de água que bordeja a propriedade (ribeira da Palheta) tem uma bacia com uma extensão bastante
apreciável. Com efeito, se se considerar a secção de controlo no estrangulamento da ribeira, estima-se que
a bacia tenha mais de uma dezena de quilómetros quadrados. Mesmo sem considerar a contribuição do
barranco da Calçadinha, estima-se que as afluências da ribeira sejam superiores a 1 000 000 m3/ano, valor
que ultrapassa largamente as necessidades calculadas de água para rega.

Nas imediações da propriedade, a ribeira da Palheta corre num vale muito aberto, sem locais propícios ao
represamento de água. A única exceção é o referido estrangulamento, num local que, em rigor, já se
encontra fora da propriedade. Neste local existiram já algumas intenções de construção de estruturas de
armazenamento ou captação de água, nomeadamente: (i) uma proposta de construção de um açude de
captação de água, datada de abril de 2001; (ii) um estudo prévio de uma barragem de betão, com cerca de
7 metros (agosto de 2014). Estas propostas ilustram, cada uma à sua maneira, as desvantagens e limitações
desta solução. Basicamente, o problema reside na falta de caraterísticas geométricas convenientes para a
futura albufeira:

- Se se optasse por fazer um represamento pouco elevado, a futura albufeira teria uma baixa capacida-
de, não sendo suficiente para garantir a satisfação das necessidades de água para rega. Foi essa a
opção da proposta de 2001, que definia que o objetivo do açude seria apenas o de constituir um
reservatório de concentração dos caudais oriundos dos furos a executar.

- Se se assumisse decididamente o objetivo de armazenar as afluências da estação húmida para a esta-


ção seca, a área inundada aumentaria muito, para uma altura útil muito baixa. O levantamento topo-
gráfico do estudo de 2014 mostra que grande parte do vale seria inundada permanentemente,
incluindo zonas que excedem o limite da propriedade (margem esquerda da ribeira da Palheta e vale
do barranco da Calçadinha). A enorme diferença de volume entre a capacidade total (140 000 m3) e a
capacidade útil (70 000 m3) evidencia as limitações da abordagem. Mas o maior inconveniente situa-se
ao nível das perdas previstas. Com efeito, a enorme extensão relativa da albufeira causaria uma gran-
de percentagem de perdas, fosse por infiltração (pelo fundo dos mais de 100 ha inundados), fosse por
evaporação pela mesma superfície exposta.

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Vale a pena acrescentar, mesmo sem se ter aprofundado os estudos geológico-geotécnicos locais, que é
provável que a construção de uma estrutura de retenção se deparasse com problemas de sobrepermeabili-
dade das suas fundações, devido à origem tectónica das formações rochosas subjacentes. A resolução de
tais problemas – através de trabalhos tratamento e impermeabilização das fundações – não deixaria de
introduzir custos adicionais à obra, os quais são difíceis de absorver por uma obra de pequena dimensão.

A estes pesados inconvenientes, acrescem as questões do custo de construção da infraestrutura propria-


mente dita. Com base no custo final de estruturas semelhantes construídas recentemente, as despesas de
construção poderão estimar-se em cerca de € 250 000 a € 350 000.

II.2 – CHARCA

A procura de soluções para providenciar ao abastecimento de água ao pomar de nogueiras levou-nos a


equacionar a construção de uma ou mais charcas de captação de água de origem subsuperficial.

Antes de mais, esclareça-se o conceito. Por charca entende-se uma estrutura de captação das águas de
origem mista (subsuperficial e subterrânea) que, mercê das suas afluências próprias, seja capaz de fornecer
um caudal constante durante todo o ano. Exclui-se pois desta noção um reservatório que armazene água
durante o período em que ela aflui (por exemplo, por via superficial) para a disponibilizar durante a época
seca. Um reservatório destes teria de ter uma dimensão muito apreciável, para fazer face às necessidades
da cultura, além de que seria sempre necessário contar com uma margem não despicienda para evapora-
ção.

O estudo apresentado em agosto de 2014 avança uma proposta de construção de um reservatório de


armazenamento (balsa de almacenamiento), não de uma charca na aceção que acima se indicou. Ou seja, o
objetivo seria o de armazenar cerca de 80 000 m3 de água proveniente dos furos e da ribeira, para fazer
face às necessidades de água na época de ponta. Para minimizar as perdas de água por infiltração, seria
necessário impermeabilizar a charca, com tela de polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE). Para além
do elevado custo de construção, a principal objeção a esta solução é a localização desta infraestrutura
(num ponto elevado). Com efeito, as perdas de água por evaporação (sempre presentes numa infraestrutu-
ras deste tipo), resultando de água anteriormente bombeada, representam um custo duplo: (i) uma parte
do custo de investimento que se perde, porque corresponde a um volume armazenado de que não é possí-
vel dispor (porque se perde entre o armazenamento e a utilização); (ii) uma parte do custo de energia que
se perde, porque a energia é aplicada a um volume de água que não chega a ser utilizado.

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A solução que se preconiza é a de construção de uma charca de baixo custo em local que se tenha identifi-
cado uma afluência de água de origem subsuperficial, ou seja, que garanta o fornecimento de água, se não
ao longo de toda a campanha de rega, pelo menos durante uma parte significativa dela.

O local onde se construiu recentemente um poço de prospeção (ao lado do poço existente) parece ser ade-
quado, uma vez que se observou um certo grau de reposição. Tal facto poderá estar relacionado a uma
falha geológica, cuja descontinuidade poderia garantir o armazenamento e a afluência de um caudal, ape-
sar de modesto. Mesmo que esse caudal seja claramente insuficiente para manter o regadio no período de
ponta, ele constitui um indicador de que não haverá perdas por infiltração e de que a reposição poderá até
contrabalançar as perdas por evaporação da superfície livre da água.

Preconiza-se o alargamento e aprofundamento do poço aberto, até atingir uma volumetria da ordem dos
5 000 m3 (ex.: c=40 m; l=25 m; h=5 m), de acordo com um desenho a disponibilizar em fase de projeto.

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PARTE III – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

III.1 – NECESSIDADES DE ÁGUA PARA REGA

Considerando um consumo unitário de cerca de 8 500 m3/ha.ano, uma área de pomar de 12 ha implica
necessidades de água para rega de cerca de 102 000 m3.

Contudo, considerando um fornecimento contínuo de água – como é o caso de furos de captação de águas
subterrâneas – os cálculos costumam ser feitos de outra forma: admite-se que a produtividade dos furos
tem que acautelar os gastos de água no período de ponta. Estes dependem naturalmente da evapotranspi-
ração da cultura em causa e estimam-se, para a cultura em causa e para a região onde se localiza a pro-
priedade, em cerca de 0,9 L/s.ha. Assim, para os 12 ha da área regada do projeto, considera-se que o con-
junto das captações terá de fornecer um caudal contínuo1 da ordem dos 10,8 L/s.

III.2 – BALANÇO

Como foi referido, o ensaio de caudal do Furo 2 (aquele que foi equipado há pouco tempo) indica que o
caudal contínuo possa ser de cerca de 1,3 L/s.

Por sua vez, o ensaio de caudal do Furo 1 (aquele que já estava equipado e que forneceu água para a rega
do ano passado) indica que este furo pode fornecer um caudal contínuo de cerca de 3,5 L/s.

De acordo com as indicações recolhidas no ensaio de caudal ao poço de prospeção, o caudal produzido por
este deverá ser inferior a 1 L/s. Admite-se que a construção da charca preconizada (ver acima), alargando o
ponto onde se identificou uma surgência e permitindo que o enchimento se processe no decurso da esta-
ção húmida, poderá aumentar a disponibilidade de caudal para 1, 5 L/s.

Admite-se que a construção de uma vala com drenos horizontais, a localizar na zona de estreitamento da
ribeira da Palheta, poderá produzir um caudal contínuo de 5 L/s. O caudal disponível subiria assim para o
dobro, permitindo abastecer a totalidade da área regada do projeto (12 ha).

As disponibilidades de água poderão eventualmente ser reforçadas mediante o aproveitamento das afluên-
cias de outro poço existente, junto ao caminho e perto do olival, cuja existência foi referida pelo Sr. Manuel
António, encarregado da propriedade.

1
Sublinha-se de que se trata de um caudal de cálculo que, para conseguir satisfazer as necessidades de rega, deverá
ser mantido 24 horas sobre 24.

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Aumentos da disponibilidade de água para além dos valores referidos acima só poderão verificar-se com a
construção de novos furos de captação, desde que localizados com precisão, nomeadamente no alinha-
mento das falhas que se identificaram.

III.3 – CONCLUSÕES

As disponibilidades de água na propriedade tornam prematura qualquer decisão no sentido de manter a


intenção de desenvolver 30 ha de nogueiras. Com efeito, não parece ser viável aumentar significativamente
a área atualmente regada, uma vez que a disponibilidade de água subterrânea da Herdade não é suficiente.

As necessidades de água para os 12 ha de pomar de nogueiras são de cerca de 11 L/s. Este caudal será pro-
veniente dos dois furos já construídos (cerca de 4,8 L/s), de uma charca com 5 000 m3 de volume, a cons-
truir junto ao poço existente (cerca de 1,5 L/s) e de uma vala com drenos horizontais, a implantar no
estrangulamento da ribeira da Palheta (cerca de 5 L/s).

O aumento das disponibilidades de água para a área atualmente regada aconselham como prioritário a
realização de um estudo de prospeção geofísica na zona do estrangulamento da ribeira da Palheta. Este
estudo permitirá localizar, caraterizar e dimensionar a obra de captação de água subterrânea através de
uma vala com drenos horizontais.

Paralelamente, poderá ser executado um ensaio de caudal ao poço referido pelo Sr. Manuel António como
sendo mais produtivo do que aquele que foi estudado neste trabalho.

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BIBLIOGRAFIA

1. Carvalhosa, A. et al. (1987). Carta Geológica de Portugal, Notícia Explicativa da folha 36-D Redondo.
Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa.

2. Almeida, C. C. et al. (2000). Sistemas Aquíferos de Portugal Continental. INAG, Lisboa.

3. MAMAOT, ARH-Alentejo (2012). Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas integradas na RH7. VOLUME I-
Relatório, Parte 2- Caraterização e Diagnóstico, TOMO 2, 2. Caraterização das massas de água superfi-
ciais e subterrâneas.

4. CCR-Alentejo (2001). Estudo dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Alentejo, Volume 9, Anexo II.17
Setor pouco produtivo da Zona de Ossa-Morena.

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ANEXO 1 – CARTA DE LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE ESTUDO

CERN, Lda. P 12/2014


Estudo Hidrogeológico da Herdade do Mouro
Agosto de 2015

ANEXO 2 – REGISTO DOS VALORES DO ENSAIO DE BOMBAGEM DO FURO 1

CERN, Lda. P 12/2014


PARTE DE BOMBEAMENTO folha n.º 1…..

TOPONÍMIA: M.te das Nogueiras


Consultores em Engenharia e
FREIXO
Recursos Naturais, Ld.ª
Redondo

TIPO DE ENSAIO: Bombagem N.E.: 4,50 m


Tabela de medidas em: metros COTA: m
Distância ao furo bombeado:
Técnico responsável: AO
dentro m F1 DATA INÍCIO: 13-Jun-15
Tempo
Tempo Prof. da Rebaixam recupe- (t+t´)/t´
Data Hora Q(l/s) Observacões
t (min) água (m) ento s' (m) racão t´ (min)
(min)
0 4,50 0,00 4,44 valor de NHE 4,50 metros
1 8,30 3,80
2 10,59 6,09 1000 litros t= 225 "
3 11,39 6,89
4 12,86 8,36
5 14,03 9,53
6 14,96 10,46
7 15,86 11,36
10 17,84 13,34
15 19,72 15,22
20 20,90 16,40
25 21,48 16,98
30 21,91 17,41
70 23,45 18,95
1 h 10 min
Estudo Hidrogeológico da Herdade do Mouro
Agosto de 2015

ANEXO 3 – REGISTO DOS VALORES DO ENSAIO DE BOMBAGEM DO FURO 2

CERN, Lda. P 12/2014


PARTE DE BOMBEAMENTO folha nº1…..

TOPONÍMIA: M.te das Nogueiras


Consultores em Engenharia e
FREIXO
Recursos Naturais, Ld.ª
Redondo

TIPO DE ENSAIO: Bombagem N.E.: 2,25 m


Tabela de medidas em: metros COTA: m
Distância ao furo bombeado:
Técnico responsável: AO
dentro m F2 DATA INÍCIO: 15-Mai-15
Tempo
Tempo Prof. da Rebaixam recupe- (t+t´)/t´
Data Hora Q(l/s) Observacões
t (min) água (m) ento s' (m) racão t´ (min)
(min)
15-Mai 0 2,25 0,00 2,041 valor de NHE 2,25 metros
1 4,46 2,21
2 6,10 3,85 1000 litros t= 490"
3 7,33 5,08
4 8,07 5,82
5 8,88 6,63
17 20,68 18,43
20 23,62 21,37
25 28,07 25,82
30 32,84 30,59
40 40,31 38,06
50 47,00 44,75
60 52,61 50,36
90 55,17 52,92
310 57,70 55,45 5 h 10 min
Estudo Hidrogeológico da Herdade do Mouro
Agosto de 2015

ANEXO 4 – TERMOS DE REFERÊNCIA DO ESTUDO DE PROSPEÇÃO GEOFÍSICA

CERN, Lda. P 12/2014


ESTUDO DE PROSPEÇÃO GEOFÍSICA NO MONTE DAS NOGUEIRAS

CADERNO DE ENCARGOS

1. OBJETO

Os trabalhos objeto desta prestação de serviços incluem a prospeção geofísica de um local situado na
herdade do Monte das Nogueiras, aldeia do Freixo, concelho do Redondo.

Pretende-se realizar um conjunto de perfis pelo método geofísico VLF, de forma a cobrir o local em causa,
permitindo identificar a localização, direção, inclinação e extensão das zonas fraturadas. A prestação de
serviços inclui também a produção de um relatório dos trabalhos, contendo os resultados e a sua
interpretação, nomeadamente no que concerne aos objetivos perseguidos com a prospeção geofísica.

2. OBJETIVO

A prospeção geofísica objeto deste caderno de encargos tem como objetivo fundamental a optimização dos
locais onde, em resultado da sua interpretação, se poderá proceder à implantação de uma nova captação
de águas subterrâneas. Efetivamente, concluiu-se que o apoio da prospeção geofísica permitiria
determinar, com maior grau de certeza, o(s) melhor(es) local(is) para a implantação de uma estrutura de
captação de águas subterrâneas.

Os afloramentos ocorrentes dentro da área dos trabalhos correspondem a um tipo de formações litológicas
designado por quartzodioritos gnáissicos (γ∆z), a que se sobrepõe a Norte, os micaxistos (Os-si), e a Sul, os
paragnaisses (Os-gr), ambas as litologias integrando a Formação de Ossa, de idade câmbrica-ordovícica.
Estas formações encontram-se entrecortadas por filões de razoável extensão de granitos alcalinos
grosseiros (γp).

Do ponto de vista tectónico e estrutural regista-se uma rede de fraturação ocorrente à escala regional, mais
ou menos intensa, propícia ao surgimento de descontinuidades naturais. São estas que se pretendem
identificar de forma mais clara, com o recurso a metodologias de prospeção geofísica, de forma a
proporcionar o atravessamento da totalidade da espessura de alteração e, caso se verifique uma intensa
fraturação, do maior número possível destas descontinuidades, até ser atingida a zona correspondente a
um menor índice de fraturação e, consequentemente, de diminuição da circulação hídrica.

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3. MÉTODO DE PROSPEÇÃO GEOFÍSICA A EMPREGAR

3.1 – Precauções na escolha do método de prospeção geofísica

É importante que o que se pretende investigar com métodos de geofísica tenha propriedades físicas
distintas, que possam ser distinguidas das assinaturas de fundo (recursos geológicos e hidrológicos) e do
ruído de fundo (ambiente - ruído de natureza antropogénica). Daí a importância da caraterização prévia da
geologia e hidrogeologia (litologias, tectónica, etc.) na definição de um projeto de prospeção geofísica, de
forma a conjugar os objetivos com os dados a obter e ainda com aqueles que foram recolhidos
anteriormente. Em paralelo deve atender-se a outros eventuais constrangimentos, onde se incluem os
recursos logísticos, como o acesso ao site, a avaliação de fontes de “ruído” e outras restrições de trabalho.

Todos os métodos geofísicos medem a variação de propriedades físicas dos materiais litológicos ocorrentes
numa dada zona. Em trabalhos de geofísica aplicada à hidrogeologia, as propriedades a avaliar são de dois
tipos: a natureza geológica da envolvente e a componente de poros ou vazios bem como a sua relação com
os restantes materiais. Estas propriedades são afetadas por variadíssimos fatores, desde logo a
profundidade, o tamanho do objeto a investigar, o intervalo entre os pontos de registo e a aferição dos
dados obtidos.

3.2 – Principais métodos geofísicos e sua adequação ao projeto

Prospeção magnética ou Geomagnética - trata-se dum método muito divulgado no meio da prospeção de
hidrocarbonetos e massas minerais, permite a identificação dessas massas em estruturas de bacias em
grande escala, através da identificação e mapeamento da topografia das formações em profundidade. A
área de intervenção deste tipo de técnica inviabiliza a sua aplicação em pequena escala.

Prospeção gravítica - usa a micro-gravidade para determinar pequenas modificações de densidade dos
materiais rochosos. Esta técnica é essencialmente aplicada em materiais de natureza sedimentar,
mormente em sedimentos não consolidados e é em regra empregue em áreas de grande dimensão, sendo
que é muitas vezes efetuada de avião. Esta técnica também não parece aplicável ao caso presente, atentos
aos objetivos definidos.

Prospeção de resistividade elétrica e sondagens elétricas verticais - são métodos que permitem
correlacionar o tipo de formações e o conteúdo em água por elas retido quando sujeitas a diferentes tipos
de configuração dos dispositivos de prospeção. São métodos muito utilizados em prospeção de águas
subterrâneas, mas exigem perfis de extensão considerável, para que os resultados sejam fiáveis. Neste
caso, em que a área a prospetar se encontra relativamente localizada, os perfis de longo percurso (de
várias centenas de metros) encareceriam o estudo. Com efeito, decorre do método de resistividade elétrica
(corrente direta), nas diferentes variantes de dipólo-dipólo, Werner e Schlumberger, que a sua eficácia está

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condicionada à adoção de perfis de extensão proporcional à profundidade a prospetar, sob pena de os
resultados não serem fiáveis. Outro fator que desaconselha o seu uso é o volume dos equipamentos e a
morosidade do processamento de resultados, o que reduz a eficácia, sobretudo por não permitir ajustes de
metodologia em tempo real.

VLF – Very Low Frequency - é um método que utiliza as estações de transmissão contínua de ondas
eletromagnéticas, distribuídas por todo o globo. Este método baseia-se na emissão e recepção de ondas de
rádio de muito baixa frequência (Very Low Frequency), emitidas por antenas muito potentes, as quais se
propagam pelas rochas, com uma banda compreendida entre os 15 e os 25 kHz, sendo a profundidade de
penetração dependente da frequência do emissor e da qualidade do sinal captado. A interação das ondas
eletromagnéticas emitidas a partir destes transmissores pode ser medido através de transdutores que
determinam superfícies condutoras, particularmente as verticais mais sensíveis a essas ondas. Exemplos de
superfícies especialmente condutoras incluem falhas, diques e fraturas ou zonas de contato e espessuras
de alteração. Estas caraterísticas são muitas vezes associadas com a circulação de águas subterrâneas. Este
método é regra geral pouco dispendioso e com uma quase imediata saída de dados finais, fornecendo uma
indicação direta de anomalias condutoras lineares.

Prospeção eletromagnética - trata-se dum método com duas variantes, a prospeção eletromagnética
função do tempo, utilizada essencialmente na prospeção a profundidades significativas de jazigos de
minerais metálicos; e a prospeção eletromagnética função da frequência, que utiliza a variação lateral da
condutividade, muito utilizada na prospeção e jazigos de hidrocarbonetos. Pelos custos associados ao
comprimento mínimo dos perfis, este método torna-se bastante dispendioso.

3.3 – Conclusões

A análise de todos os métodos e técnicas geofísicas, tal como anteriormente descrito, atenta a variedade e
aplicabilidade de cada um deles, e ainda os objetivos pretendidos, permitiu concluir que o mais indicado é
o do VLF - Very Low Frequency, porque se trata de um método que pode operar sobre pequenas áreas com
uma significativa sensibilidade, pouco dispendioso e com resultados quase imediatos, o que permite aferir
e complementar no terreno qualquer informação que se creia de interesse aprofundar.

4 – QUANTIDADES DE TRABALHO

As quantidades de trabalhos previstas compreendem 5 ou 6 perfis, traçados paralela e transversalmente à


ribeira da Palheta, de acordo com a figura anexa, com comprimentos variáveis, totalizando um valor
compreendido entre os 600 e os 900 metros, com estações ao longo do seu traçado distanciadas de 5

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metros. Admite-se que possa haver alguma variação a estes valores, de acordo com as necessidades de
ajustamento às reais condições do terreno e aos resultados que forem sendo obtidos.

5 – PRAZO DE ELABORAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O adjudicatário obriga-se a concluir a execução do serviço, com todos os elementos referidos, no prazo
máximo de 10 dias, a contar da data da adjudicação.

6 – SIGILO

O adjudicatário deve guardar sigilo sobre toda a informação e documentação, técnica e não técnica,
comercial ou outra, relativa à entidade adjudicante, de que possa ter conhecimento no âmbito ou no
decurso da execução dos trabalhos em causa.

7 – PREÇO

Pela prestação dos serviços em causa, a entidade adjudicante pagará ao adjudicatário o preço constante da
proposta adjudicada, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, se este for legalmente devido.

O preço referido inclui todos os custos, encargos e despesas cuja responsabilidade não esteja
expressamente atribuída à entidade adjudicante, incluindo as despesas de alojamento, alimentação e
deslocação de meios humanos, despesas de aquisição, transporte, armazenamento e manutenção de
meios materiais, bem como quaisquer encargos decorrentes da utilização de marcas registadas, patentes
ou licenças.

8 – RESOLUÇÃO

Sem prejuízo de outros fundamentos de resolução previstos na lei, a entidade adjudicante pode resolver o
contrato, a título sancionatório, no caso de o adjudicatário violar de forma grave ou reiterada qualquer das
obrigações que lhe incumbem, designadamente pelo atraso na conclusão dos serviços ou na entrega dos
elementos correspondentes.

O direito de resolução exerce-se mediante declaração enviada ao adjudicatário.

Freixo, 31 de agosto de 2015.

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