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ESTUDO HIDROGEOLÓGICO DA
HERDADE DO MOURO
ÍNDICE
Bibliografia
ANEXOS
Anexo 1 – Carta de localização dos pontos de estudo
Anexo 2 – Registo dos valores do ensaio de bombagem do Furo 1
Anexo 3 – Registo dos valores do ensaio de bombagem do Furo 2
Anexo 4 – Termos de referência do estudo de prospeção geofísica
I.1 – INTRODUÇÃO
O presente relatório reporta os trabalhos correspondentes à 1.ª fase do Estudo Hidrogeológico da Herdade
do Mouro, Freixo, concelho do Redondo, em conformidade com o apresentado na nossa Proposta n.º
12/2014, de dezembro de 2014. Deste modo foi recolhida e analisada a informação geológica e hidrogeoló-
gica disponível.
No tocante aos relatórios das perfurações já executadas, a documentação obtida não foi conclusiva, não
tendo sido possível obter qualquer informação nem sobre a litologia atravessada, nem sobre os níveis de
água, estáticos e dinâmicos, ocorrentes à data da execução dos trabalhos.
Concluída a apreciação dos elementos anteriormente referidos, foram realizados os trabalhos de campo
nos dias 14 e 15 de maio e 13 de junho do corrente ano.
Da análise dos documentos de cartografia geológica [1] constatou-se que os terrenos ocorrentes na área de
estudo são constituídos por micaxistos e paragnaisses integrando a Formação de Ossa e granodioritos,
quartzodioritos e dioritos que constituem as rochas dominantes do Soco Hercínico (figura 1).
As rochas anteriormente descritas apresentam-se cortadas por filões, integrando microgranitos e pórfiros
graníticos, granitos grosseiros e pegmatíticos, tal como foi possível constatar aquando da abertura do poço
de pesquisa, anexo ao poço existente na propriedade e apresentado na figura 2.
As formações em que foram executados os dois furos produtivos, dentro da área objeto do presente estu-
do, são constituídas por granodioritos. Estes, integrados no conjunto das rochas magmáticas intrusivas do
Alentejo – Maciço de Évora apresentam-se afetados por deformação Varisca [1], denotando lineação pro-
nunciada e por vezes gnaissosidade acentuada. Estruturalmente, os maciços de granodiorito cortam a xis-
tosidade S1, mas são afetados pelo segundo dobramento.
Do ponto de vista tectónico-estrutural e tal como previsto antecipadamente, as formações ocorrentes den-
to da área deste estudo apresentam-se com uma orientação de N 20-30º W, e uma inclinação de 60º NE a
subvertical, sujeitas a todo um conjunto de acidentes de grande complexidade estrutural, integrando falhas
com orientações preferenciais de NE-SW e WNW-ESSE e falhas com preenchimento por rochas eruptivas,
tal como nos foi permitido observar aquando da abertura do pequeno poço de prospeção, junto ao poço
existente. É efetivamente este contexto tectónico, conjugado com o elevado grau de metamorfismo que
lhe está associado, que nos permitiu antever a efetiva possibilidade de serem executadas novas obras de
captação de águas subterrâneas. Tal como referimos na nossa proposta 12/2014, de dezembro de 2014, a
determinação da atitude dos dispositivos tectónicos existentes, através de métodos geofísicos, conduzirá à
determinação, com um razoável rigor, da localização e posicionamento de uma obra de prospeção que, a
revelar-se francamente produtiva, deverá ser transformadas em captação.
A análise dos dados obtidos nos ensaios executados nas captações existentes (furos 1 e 2, e poço de pros-
peção), com o objetivo de caraterizar as condições hidrogeológicas ocorrentes na área do estudo, bem
como da envolvente, e que apresentamos em anexo ao presente Relatório, permite concluir:
- A inexistência de dados no que respeita às caraterísticas construtivas dos furos já existentes (pro-
fundidade total da perfuração, profundidades dos níveis estático e dinâmico, profundidade da
câmara de bombeamento, tipo e posicionamento do troço de tubos-ralo) não permite uma carate-
rização quer espacial quer temporal da piezometria e, consequentemente, do gradiente do fluxo
subterrâneo existente no local.
- A existência de três captações de água subterrânea radica no facto de cada uma delas ter uma pro-
dutividade bastante reduzida, não sendo suficiente para suprir as atuais necessidades.
No Estudo dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Alentejo [4] a área do projeto sobrepõe-se ao denomi-
nado “Setor pouco produtivo da Zona de Ossa-Morena”, caraterizado pela ocorrência de produtividades
muito reduzidas, regra geral associadas ao elevado grau de metamorfismo e fraturação das suas formações,
tal como anteriormente referido.
Os trabalhos de campo, conducentes à avaliação das condições hidrogeológicas locais, foram realizados nos
dias 14 e de maio e 13 de junho e constaram da execução de ensaios de caudal nos dois furos existentes
designados por F1 (primeiro furo executado) e F2 (segundo furo executado), no poço existente (que se
acredita ter sido intervencionado em 1975) e num poço de prospeção, entretanto aberto numa área adja-
cente ao já existente.
Não nos foi fornecido o relatório feito pela empresa que executou o trabalho. Os dados fornecidos pelo
representante do proprietário referem que a perfuração tem 80 metros de profundidade. Pelo que nos foi
dado observar, o furo possui um troço de tubagem guia, ao diâmetro de 300 mm em tubo de PVC. No seu
interior existe uma tubagem de revestimento definitivo, de diâmetro não determinado, mas que se supõe
ser de 160 ou 180 mm. Sobre ambas as tubagens foi aplicada uma tampa metálica de cobertura que serve
também (ainda que erradamente) de âncora de sustentação dos equipamentos de bombagem: bomba,
cablagem e tubagem de elevação.
Introduzida com alguma dificuldade a sonda de registo de níveis, deu-se início ao período de bombagem,
sendo registados os valores na ficha de campo, anexa ao presente relatório, e com base na qual foi possível
obter os dados que se representam nos gráficos 1 (normal-normal) e 2 (semi-logarítmico). Esses resultados
apontam no sentido de o furo F2 permitir um débito de 2,0 L/s, com um rebaixamento não estabilizado de
55,45 metros. O caudal ótimo de exploração será por isso inferior e, segundo os modelos utilizados atual-
mente para formações litológicas semelhantes, da ordem dos 1,3 L/s.
Em paralelo, e no decurso dos trabalhos de ensaio, foi possível analisar do ponto de vista geológico a área
envolvente aos trabalhos, não se tendo encontrado nenhum afloramento de raiz.
tempo (minutos)
0 60 120 180 240 300 360
0,00
10,00
20,00
rebaixamento (metros)
30,00
40,00
50,00
60,00
tempo (minutos)
1 100
0,00
10,00
20,00
rebaixamento (metros)
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Com recurso a pessoal e equipamento dos Bombeiros Voluntários do Redondo, tal como se apresenta nas
figuras 4 e 5 deste relatório, procedeu-se ao completo esvaziamento do poço existente. Pretendia-se com
esta ação registar os valores dos níveis de água durante a recuperação dos níveis do poço e ainda observar
de forma direta a eventual ocorrência de surgências (olheiros) de água no seu interior. A enorme quantida-
de de vegetação e de lodo existente no seu interior condicionou e anulou essa possibilidade.
Tal como ocorrido em F2, não nos foi fornecido o relatório de execução feito pela empresa que construiu
essa captação. Os dados fornecidos pelo representante do proprietário referem que a perfuração tem 80
metros de profundidade.
Este furo de captação apresenta as mesmas caraterísticas construtivas do furo F2 e idêntica dificuldade na
introdução da sonda de registo de níveis de água no seu interior. Os valores obtidos no decorrer da bom-
bagem foram interrompidos mais de uma vez em virtude da existência de problemas no quadro da bomba.
Em face do anteriormente descrito decidiu-se que seria necessário proceder à afinação do equipamento
elétrico, por parte da empresa a quem foram adjudicados os trabalhos de instalação da rede de rega, por
forma a se poder efetuar o ensaio de caudal no furo de captação F1 a caudal constante.
Bombagem em F1
tempo (minutos)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
1,00
3,00
5,00
7,00
rebaixamento (metros)
9,00
11,00
13,00
15,00
17,00
19,00
21,00
Bombagem em F1
tempo (minutos)
1 10 100
1,00
3,00
5,00
7,00
rebaixamento (metros)
9,00
11,00
13,00
15,00
17,00
19,00
21,00
Em paralelo foi também esvaziado o poço de prospeção, escavado numa área adjacente ao poço existente.
Aquele poço, durante a fase de recuperação, apresentou uma velocidade de subida dos níveis muito baixa.
A par dos trabalhos de ensaio, foi feito um reconhecimento geológico do terreno no troço do vale da Ribei-
ra da Palheta, imediatamente a SW das captações ensaiadas. Conforme previamente observado sobre ima-
gem aerofotográfica, o troço desta linha de água a norte do Monte do Freixo corre num vale bastante
encaixado, destoando de toda a geomorfologia existente na região. Uma observação mais detalhada permi-
tiu constatar que este vale estará muito provavelmente associado ao acidente tectónico (falha) que acom-
panha grande parte do traçado da Ribeira da Palheta, nas proximidades da área objeto do presente estudo.
A análise dos dados recolhidos nas investigações e nos ensaios de caudal podem ser sumarizados da
seguinte forma: no universo das três perfurações executadas, uma revelou-se seca, outra apresenta uma
produtividade baixa (de resto, caraterística do tipo de formações litológicas ocorrentes na região) e apenas
a terceira apresenta valores significativos de caudal, muito provavelmente em resultado da tectónica local.
Em consequência, impõe-se concluir que é pouco provável conseguir suprir as necessidades de rega com
recurso a captações de água subterrânea do tipo furo.
A existência de um furo com uma produtividade acima do normal indicia a importância que poderá ter a
realização de trabalhos de prospeção geofísica, tal como tivemos oportunidade de expor na reunião havida
a 2 de julho p.p., que foi aceite e será objeto de proposta específica.
Da prospeção de campo efetuada no decorrer dos trabalhos de campo, enquanto decorriam os ensaios de
caudal, foi possível identificar no terreno um troço da Ribeira da Palheta que, numa primeira análise, apre-
senta um enquadramento tectónico suscetível de conduzir à captação de águas subterrâneas com viabili-
dade em face dos objetivos pretendidos.
A obra preconizada assenta na escavação de uma vala, disposta paralelamente à linha de água (isto é, com
orientação NE-SW), com uma profundidade da ordem dos 4 metros, de forma a aceder ao substrato rocho-
so, que se estima esteja fissurado em consequência de atividade tectónica. A partir do topo de montante
dessa vala serão executados 3 ou 4 drenos horizontais ou subhorizontais, que estarão em condições de
captar o escoamento subterrâneo afluente a esta zona em virtude da sua fissuração. O dimensionamento
da vala, assim como o comprimento, orientação e diâmetro dos drenos serão objeto de determinação em
fase posterior, isto é, após execução dos trabalhos de prospeção preconizados.
Refira-se apenas, em termos de enquadramento preliminar, que se estima que a vala se localize na margem
direita da ribeira da Palheta e tenha cerca de 5 metros de largura, a fim de permitir o posicionamento das
máquinas de instalação dos drenos. Estes ficarão dispostos na continuidade do eixo da vala.
O aprofundamento dos estudos carece da realização de uma campanha de prospeção geofísica acompa-
nhada de prospeção mecânica com uma máquina ligeira.
Havendo diversas técnicas de prospeção geofísica (ondas sísmicas, geoelétrica, raios gama, VLF, etc.), pre-
coniza-se a adoção da técnica de VLF (very low frequency), melhor adaptada às condições locais e aos obje-
tivos pretendidos, que consiga fazer uma destrinça adequada entre as indicações válidas e aquelas que, por
resultar de manifestações anómalas, induzem conclusões erradas.
II.1 – BARRAGEM
Foi avaliada a viabilidade técnica da construção de uma barragem para armazenamento de água, nomea-
damente em termos de afluências, existência de um local propício e de custos.
A linha de água que bordeja a propriedade (ribeira da Palheta) tem uma bacia com uma extensão bastante
apreciável. Com efeito, se se considerar a secção de controlo no estrangulamento da ribeira, estima-se que
a bacia tenha mais de uma dezena de quilómetros quadrados. Mesmo sem considerar a contribuição do
barranco da Calçadinha, estima-se que as afluências da ribeira sejam superiores a 1 000 000 m3/ano, valor
que ultrapassa largamente as necessidades calculadas de água para rega.
Nas imediações da propriedade, a ribeira da Palheta corre num vale muito aberto, sem locais propícios ao
represamento de água. A única exceção é o referido estrangulamento, num local que, em rigor, já se
encontra fora da propriedade. Neste local existiram já algumas intenções de construção de estruturas de
armazenamento ou captação de água, nomeadamente: (i) uma proposta de construção de um açude de
captação de água, datada de abril de 2001; (ii) um estudo prévio de uma barragem de betão, com cerca de
7 metros (agosto de 2014). Estas propostas ilustram, cada uma à sua maneira, as desvantagens e limitações
desta solução. Basicamente, o problema reside na falta de caraterísticas geométricas convenientes para a
futura albufeira:
- Se se optasse por fazer um represamento pouco elevado, a futura albufeira teria uma baixa capacida-
de, não sendo suficiente para garantir a satisfação das necessidades de água para rega. Foi essa a
opção da proposta de 2001, que definia que o objetivo do açude seria apenas o de constituir um
reservatório de concentração dos caudais oriundos dos furos a executar.
Vale a pena acrescentar, mesmo sem se ter aprofundado os estudos geológico-geotécnicos locais, que é
provável que a construção de uma estrutura de retenção se deparasse com problemas de sobrepermeabili-
dade das suas fundações, devido à origem tectónica das formações rochosas subjacentes. A resolução de
tais problemas – através de trabalhos tratamento e impermeabilização das fundações – não deixaria de
introduzir custos adicionais à obra, os quais são difíceis de absorver por uma obra de pequena dimensão.
II.2 – CHARCA
Antes de mais, esclareça-se o conceito. Por charca entende-se uma estrutura de captação das águas de
origem mista (subsuperficial e subterrânea) que, mercê das suas afluências próprias, seja capaz de fornecer
um caudal constante durante todo o ano. Exclui-se pois desta noção um reservatório que armazene água
durante o período em que ela aflui (por exemplo, por via superficial) para a disponibilizar durante a época
seca. Um reservatório destes teria de ter uma dimensão muito apreciável, para fazer face às necessidades
da cultura, além de que seria sempre necessário contar com uma margem não despicienda para evapora-
ção.
A solução que se preconiza é a de construção de uma charca de baixo custo em local que se tenha identifi-
cado uma afluência de água de origem subsuperficial, ou seja, que garanta o fornecimento de água, se não
ao longo de toda a campanha de rega, pelo menos durante uma parte significativa dela.
O local onde se construiu recentemente um poço de prospeção (ao lado do poço existente) parece ser ade-
quado, uma vez que se observou um certo grau de reposição. Tal facto poderá estar relacionado a uma
falha geológica, cuja descontinuidade poderia garantir o armazenamento e a afluência de um caudal, ape-
sar de modesto. Mesmo que esse caudal seja claramente insuficiente para manter o regadio no período de
ponta, ele constitui um indicador de que não haverá perdas por infiltração e de que a reposição poderá até
contrabalançar as perdas por evaporação da superfície livre da água.
Preconiza-se o alargamento e aprofundamento do poço aberto, até atingir uma volumetria da ordem dos
5 000 m3 (ex.: c=40 m; l=25 m; h=5 m), de acordo com um desenho a disponibilizar em fase de projeto.
Considerando um consumo unitário de cerca de 8 500 m3/ha.ano, uma área de pomar de 12 ha implica
necessidades de água para rega de cerca de 102 000 m3.
Contudo, considerando um fornecimento contínuo de água – como é o caso de furos de captação de águas
subterrâneas – os cálculos costumam ser feitos de outra forma: admite-se que a produtividade dos furos
tem que acautelar os gastos de água no período de ponta. Estes dependem naturalmente da evapotranspi-
ração da cultura em causa e estimam-se, para a cultura em causa e para a região onde se localiza a pro-
priedade, em cerca de 0,9 L/s.ha. Assim, para os 12 ha da área regada do projeto, considera-se que o con-
junto das captações terá de fornecer um caudal contínuo1 da ordem dos 10,8 L/s.
III.2 – BALANÇO
Como foi referido, o ensaio de caudal do Furo 2 (aquele que foi equipado há pouco tempo) indica que o
caudal contínuo possa ser de cerca de 1,3 L/s.
Por sua vez, o ensaio de caudal do Furo 1 (aquele que já estava equipado e que forneceu água para a rega
do ano passado) indica que este furo pode fornecer um caudal contínuo de cerca de 3,5 L/s.
De acordo com as indicações recolhidas no ensaio de caudal ao poço de prospeção, o caudal produzido por
este deverá ser inferior a 1 L/s. Admite-se que a construção da charca preconizada (ver acima), alargando o
ponto onde se identificou uma surgência e permitindo que o enchimento se processe no decurso da esta-
ção húmida, poderá aumentar a disponibilidade de caudal para 1, 5 L/s.
Admite-se que a construção de uma vala com drenos horizontais, a localizar na zona de estreitamento da
ribeira da Palheta, poderá produzir um caudal contínuo de 5 L/s. O caudal disponível subiria assim para o
dobro, permitindo abastecer a totalidade da área regada do projeto (12 ha).
As disponibilidades de água poderão eventualmente ser reforçadas mediante o aproveitamento das afluên-
cias de outro poço existente, junto ao caminho e perto do olival, cuja existência foi referida pelo Sr. Manuel
António, encarregado da propriedade.
1
Sublinha-se de que se trata de um caudal de cálculo que, para conseguir satisfazer as necessidades de rega, deverá
ser mantido 24 horas sobre 24.
Aumentos da disponibilidade de água para além dos valores referidos acima só poderão verificar-se com a
construção de novos furos de captação, desde que localizados com precisão, nomeadamente no alinha-
mento das falhas que se identificaram.
III.3 – CONCLUSÕES
As necessidades de água para os 12 ha de pomar de nogueiras são de cerca de 11 L/s. Este caudal será pro-
veniente dos dois furos já construídos (cerca de 4,8 L/s), de uma charca com 5 000 m3 de volume, a cons-
truir junto ao poço existente (cerca de 1,5 L/s) e de uma vala com drenos horizontais, a implantar no
estrangulamento da ribeira da Palheta (cerca de 5 L/s).
O aumento das disponibilidades de água para a área atualmente regada aconselham como prioritário a
realização de um estudo de prospeção geofísica na zona do estrangulamento da ribeira da Palheta. Este
estudo permitirá localizar, caraterizar e dimensionar a obra de captação de água subterrânea através de
uma vala com drenos horizontais.
Paralelamente, poderá ser executado um ensaio de caudal ao poço referido pelo Sr. Manuel António como
sendo mais produtivo do que aquele que foi estudado neste trabalho.
BIBLIOGRAFIA
1. Carvalhosa, A. et al. (1987). Carta Geológica de Portugal, Notícia Explicativa da folha 36-D Redondo.
Serviços Geológicos de Portugal, Lisboa.
3. MAMAOT, ARH-Alentejo (2012). Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas integradas na RH7. VOLUME I-
Relatório, Parte 2- Caraterização e Diagnóstico, TOMO 2, 2. Caraterização das massas de água superfi-
ciais e subterrâneas.
4. CCR-Alentejo (2001). Estudo dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Alentejo, Volume 9, Anexo II.17
Setor pouco produtivo da Zona de Ossa-Morena.
CADERNO DE ENCARGOS
1. OBJETO
Os trabalhos objeto desta prestação de serviços incluem a prospeção geofísica de um local situado na
herdade do Monte das Nogueiras, aldeia do Freixo, concelho do Redondo.
Pretende-se realizar um conjunto de perfis pelo método geofísico VLF, de forma a cobrir o local em causa,
permitindo identificar a localização, direção, inclinação e extensão das zonas fraturadas. A prestação de
serviços inclui também a produção de um relatório dos trabalhos, contendo os resultados e a sua
interpretação, nomeadamente no que concerne aos objetivos perseguidos com a prospeção geofísica.
2. OBJETIVO
A prospeção geofísica objeto deste caderno de encargos tem como objetivo fundamental a optimização dos
locais onde, em resultado da sua interpretação, se poderá proceder à implantação de uma nova captação
de águas subterrâneas. Efetivamente, concluiu-se que o apoio da prospeção geofísica permitiria
determinar, com maior grau de certeza, o(s) melhor(es) local(is) para a implantação de uma estrutura de
captação de águas subterrâneas.
Os afloramentos ocorrentes dentro da área dos trabalhos correspondem a um tipo de formações litológicas
designado por quartzodioritos gnáissicos (γ∆z), a que se sobrepõe a Norte, os micaxistos (Os-si), e a Sul, os
paragnaisses (Os-gr), ambas as litologias integrando a Formação de Ossa, de idade câmbrica-ordovícica.
Estas formações encontram-se entrecortadas por filões de razoável extensão de granitos alcalinos
grosseiros (γp).
Do ponto de vista tectónico e estrutural regista-se uma rede de fraturação ocorrente à escala regional, mais
ou menos intensa, propícia ao surgimento de descontinuidades naturais. São estas que se pretendem
identificar de forma mais clara, com o recurso a metodologias de prospeção geofísica, de forma a
proporcionar o atravessamento da totalidade da espessura de alteração e, caso se verifique uma intensa
fraturação, do maior número possível destas descontinuidades, até ser atingida a zona correspondente a
um menor índice de fraturação e, consequentemente, de diminuição da circulação hídrica.
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3. MÉTODO DE PROSPEÇÃO GEOFÍSICA A EMPREGAR
É importante que o que se pretende investigar com métodos de geofísica tenha propriedades físicas
distintas, que possam ser distinguidas das assinaturas de fundo (recursos geológicos e hidrológicos) e do
ruído de fundo (ambiente - ruído de natureza antropogénica). Daí a importância da caraterização prévia da
geologia e hidrogeologia (litologias, tectónica, etc.) na definição de um projeto de prospeção geofísica, de
forma a conjugar os objetivos com os dados a obter e ainda com aqueles que foram recolhidos
anteriormente. Em paralelo deve atender-se a outros eventuais constrangimentos, onde se incluem os
recursos logísticos, como o acesso ao site, a avaliação de fontes de “ruído” e outras restrições de trabalho.
Todos os métodos geofísicos medem a variação de propriedades físicas dos materiais litológicos ocorrentes
numa dada zona. Em trabalhos de geofísica aplicada à hidrogeologia, as propriedades a avaliar são de dois
tipos: a natureza geológica da envolvente e a componente de poros ou vazios bem como a sua relação com
os restantes materiais. Estas propriedades são afetadas por variadíssimos fatores, desde logo a
profundidade, o tamanho do objeto a investigar, o intervalo entre os pontos de registo e a aferição dos
dados obtidos.
Prospeção magnética ou Geomagnética - trata-se dum método muito divulgado no meio da prospeção de
hidrocarbonetos e massas minerais, permite a identificação dessas massas em estruturas de bacias em
grande escala, através da identificação e mapeamento da topografia das formações em profundidade. A
área de intervenção deste tipo de técnica inviabiliza a sua aplicação em pequena escala.
Prospeção gravítica - usa a micro-gravidade para determinar pequenas modificações de densidade dos
materiais rochosos. Esta técnica é essencialmente aplicada em materiais de natureza sedimentar,
mormente em sedimentos não consolidados e é em regra empregue em áreas de grande dimensão, sendo
que é muitas vezes efetuada de avião. Esta técnica também não parece aplicável ao caso presente, atentos
aos objetivos definidos.
Prospeção de resistividade elétrica e sondagens elétricas verticais - são métodos que permitem
correlacionar o tipo de formações e o conteúdo em água por elas retido quando sujeitas a diferentes tipos
de configuração dos dispositivos de prospeção. São métodos muito utilizados em prospeção de águas
subterrâneas, mas exigem perfis de extensão considerável, para que os resultados sejam fiáveis. Neste
caso, em que a área a prospetar se encontra relativamente localizada, os perfis de longo percurso (de
várias centenas de metros) encareceriam o estudo. Com efeito, decorre do método de resistividade elétrica
(corrente direta), nas diferentes variantes de dipólo-dipólo, Werner e Schlumberger, que a sua eficácia está
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condicionada à adoção de perfis de extensão proporcional à profundidade a prospetar, sob pena de os
resultados não serem fiáveis. Outro fator que desaconselha o seu uso é o volume dos equipamentos e a
morosidade do processamento de resultados, o que reduz a eficácia, sobretudo por não permitir ajustes de
metodologia em tempo real.
VLF – Very Low Frequency - é um método que utiliza as estações de transmissão contínua de ondas
eletromagnéticas, distribuídas por todo o globo. Este método baseia-se na emissão e recepção de ondas de
rádio de muito baixa frequência (Very Low Frequency), emitidas por antenas muito potentes, as quais se
propagam pelas rochas, com uma banda compreendida entre os 15 e os 25 kHz, sendo a profundidade de
penetração dependente da frequência do emissor e da qualidade do sinal captado. A interação das ondas
eletromagnéticas emitidas a partir destes transmissores pode ser medido através de transdutores que
determinam superfícies condutoras, particularmente as verticais mais sensíveis a essas ondas. Exemplos de
superfícies especialmente condutoras incluem falhas, diques e fraturas ou zonas de contato e espessuras
de alteração. Estas caraterísticas são muitas vezes associadas com a circulação de águas subterrâneas. Este
método é regra geral pouco dispendioso e com uma quase imediata saída de dados finais, fornecendo uma
indicação direta de anomalias condutoras lineares.
Prospeção eletromagnética - trata-se dum método com duas variantes, a prospeção eletromagnética
função do tempo, utilizada essencialmente na prospeção a profundidades significativas de jazigos de
minerais metálicos; e a prospeção eletromagnética função da frequência, que utiliza a variação lateral da
condutividade, muito utilizada na prospeção e jazigos de hidrocarbonetos. Pelos custos associados ao
comprimento mínimo dos perfis, este método torna-se bastante dispendioso.
3.3 – Conclusões
A análise de todos os métodos e técnicas geofísicas, tal como anteriormente descrito, atenta a variedade e
aplicabilidade de cada um deles, e ainda os objetivos pretendidos, permitiu concluir que o mais indicado é
o do VLF - Very Low Frequency, porque se trata de um método que pode operar sobre pequenas áreas com
uma significativa sensibilidade, pouco dispendioso e com resultados quase imediatos, o que permite aferir
e complementar no terreno qualquer informação que se creia de interesse aprofundar.
4 – QUANTIDADES DE TRABALHO
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metros. Admite-se que possa haver alguma variação a estes valores, de acordo com as necessidades de
ajustamento às reais condições do terreno e aos resultados que forem sendo obtidos.
O adjudicatário obriga-se a concluir a execução do serviço, com todos os elementos referidos, no prazo
máximo de 10 dias, a contar da data da adjudicação.
6 – SIGILO
O adjudicatário deve guardar sigilo sobre toda a informação e documentação, técnica e não técnica,
comercial ou outra, relativa à entidade adjudicante, de que possa ter conhecimento no âmbito ou no
decurso da execução dos trabalhos em causa.
7 – PREÇO
Pela prestação dos serviços em causa, a entidade adjudicante pagará ao adjudicatário o preço constante da
proposta adjudicada, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, se este for legalmente devido.
O preço referido inclui todos os custos, encargos e despesas cuja responsabilidade não esteja
expressamente atribuída à entidade adjudicante, incluindo as despesas de alojamento, alimentação e
deslocação de meios humanos, despesas de aquisição, transporte, armazenamento e manutenção de
meios materiais, bem como quaisquer encargos decorrentes da utilização de marcas registadas, patentes
ou licenças.
8 – RESOLUÇÃO
Sem prejuízo de outros fundamentos de resolução previstos na lei, a entidade adjudicante pode resolver o
contrato, a título sancionatório, no caso de o adjudicatário violar de forma grave ou reiterada qualquer das
obrigações que lhe incumbem, designadamente pelo atraso na conclusão dos serviços ou na entrega dos
elementos correspondentes.
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