Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 2
Prezado aluno, damos início, com este estudo, a uma introdução sobre
formas musicais presentes no contexto do século XVII, de extrema relevância
para o Ocidente musical. Verificaremos elementos constitutivos de obras
instrumentais, como fuga e variação, suítes orquestrais e sonatas, bem como o
concerto barroco. No que tange à música vocal, analisaremos a cantata e o
oratório, importantes meios de divulgação da música sacra desse período. Não
deixe de consultar esses conteúdos para aprofundar seus conhecimentos
musicais sobre o que foi produzido musicalmente no século XVII.
1.1 Fuga
3
variação, entre cada exposição do tema, entre tonalidade da tônica
(primeiro grau) e da dominante (quinto grau).
2. Desenvolvimento (ou, ainda, “episódio” ou “divertimento”): derivações
múltiplas do tema feitas com materiais oriundos do tema ou do
contrassujeito, nas quais geralmente se evita a tônica, em uma contínua
expansão.
3. Recapitulação: alguma referência ao sujeito, na tonalidade inicial, próximo
ao fim, geralmente com uma pequena coda (do italiano, “cauda”, ou seja,
pequena extensão da obra no final).
1.2 Variação
4
1. Variação contínua: baseada em um tema que engloba apenas uma ou
duas frases (geralmente abrangendo de quatro a oito compassos), com
cada variação sucedendo sem interrupções (Exemplos: Chaconne e
Passacaglia).
2. Variação seccionada: estruturada em um tema que apresenta usualmente
mais de um período, contendo uma pausa no fim desse tema, assim como
em cada variação. O representante mais significativo desse tipo de
variação se encontra nas composições dos Tema e Variações.
5
2.1 Suíte
O termo “sonata” vem do latim sonare (soar); apesar de poder ser escrita
para instrumento solista, boa parte da sua produção inicial foi escrita para solista
com acompanhamento de contínuo. Lembremos que o contínuo era um
agrupamento executado por um instrumento grave com inclusão de instrumento
6
harmônico (cravo, alaúde, dentre outros), ou seja, tínhamos no mínimo dois
instrumentos mais o solista. Pelo número de instrumentistas envolvidos, a esse
tipo de sonata deu-se o nome de trio sonata.
A sonata barroca tinha inicialmente duas espécies: a sonata da câmera
(de câmara), destinada à execução em pequenas salas, e a sonata da chiesa
(de igreja), produzida para ser executada nesse espaço, no qual provavelmente
o contínuo era executado por órgão e fagote (Bennett, 2007). Os dois tipos
apresentavam a mesma estrutura, dividida em quatro movimentos, geralmente
na mesma tonalidade, com andamentos contrastantes (lento, rápido, lento,
rápido) e estrutura binária (A-B) em cada um deles. Enquanto a sonata de
câmara fazia uso de peças de dança, tal qual a suíte, a sonata da chiesa possuía
caráter mais sério, escrita geralmente no estilo de fuga.
Outro tipo de sonata menos recorrente seria a sonata para instrumento
solista – em especial, de teclas. Alessandro Scarlatti (1660-1725) foi
representativo nesse tipo de proposta, tendo escrito aproximadamente 550
sonatas para teclas; elas possuíam um único movimento e ambicionavam
demonstrar o virtuosismo do intérprete por meio do uso de trinados, de
passagens rápidas e de intervalos espaçados entre as teclas (Grout; Palisca,
2007).
A elaboração composicional gradativa de criar contraste com base na
inclusão, na mesma peça, de movimentos distintos e com características
rítmicas, motívicas e texturais distintas foi uma das relevantes contribuições da
estrutura formal da sonata barroca para a música do Ocidente. Tal é a
importância dessa estruturação que, como sabemos, esse tipo de procedimento
ainda é amplamente usado na música de concerto (Oliveira, 2008).
7
3.1 Concerto grosso
A palavra “concerto”, de acordo com Bennett (2007), pode ter sua raiz
etimológica oriunda tanto do italiano, no sentido de “consonância”, quanto da
tradição latina, que quer dizer “disputa”. A tradição musical do concerto remonta
às peças policorais do Renascimento, e seus desdobramentos nas noções de
oposição e contraste contribuíram significativamente para a consolidação do
concerto grosso enquanto estrutura formal dos séculos XVII-XVIII.
As principais obras do repertório de concerto grosso colocam em papéis
distintos dois conjuntos instrumentais: um pequeno grupo de solistas, chamado
concertino, composto geralmente por dois violinos e um cello, contra uma
orquestra de cordas denominada ripieno (recheio, pleno), ou tutti (todos). Ao
ripieno poderia ser incluído o baixo contínuo com o intuito de enriquecer a
harmonia e o preenchimento textural, ou, ainda, de apoiar o concertino em
algumas passagens (Bennett, 2007).
Uma das características do concerto barroco é o contraste existente em
diferentes níveis, obtidos por meio da intenção do compositor, entre seções que
alternavam dinâmica forte e dinâmica piano, muitas vezes conseguidas por meio
da diferença dos grupos de instrumentos maiores contra outro grupo menor de
solistas. Outra característica é a alternância entre o modo maior contra o modo
menor, fórmulas rítmicas rápidas contra fórmulas rítmicas lentas, com o intuito –
sempre – de gerar interesse musical no ouvinte. O termo concerto grosso passou
a denominar, por volta do início do século XVIII, peças orquestrais escritas para
uma orquestra e grupo de solistas, mas, em termos estruturais, pareciam trios
sonatas que poderiam ser executadas tanto por um agrupamento e três ou
quatro instrumentos quanto por um conjunto de 100 músicos (Sadie, 1994, p.
212).
Com base em seus desdobramentos, o concerto barroco acabou por se
consolidar enquanto estrutura formal orquestral mais importante do início do
século XVIII. Sinteticamente, permitia aos compositores a combinação de várias
aquisições formais recentes do século XVII: o estilo concertato (modelo que
priorizava o contraste), a textura de um baixo firme e voz soprano (a mais aguda
das linhas melódicas) ornamentados, a consolidação de uma obra longa com
base em andamentos separados e autônomos (Grout; Palisca, 2007).
8
De maneira geral, a estrutura formal dos concerti grossi da virada do
século respeitam uma estrutura de três andamentos distintos e autônomos entre
si (rápido – lento – rápido). Os movimentos rápidos são geralmente elaborados
em andamento alegro, formalmente elaborado em estilo fugado (polifonia
imitativa entre as vozes), e o andamento lento oferece dois adágios semelhantes
elaborados em estilo lírico.
9
4.1 Cantata
10
4.2 O oratório
11
TEMA 5 – ATIVIDADE ANALÍTICA
12
Quanto ao tema principal, isso fica evidente na exposição: perceba como
o sujeito (nome dado ao tema principal de uma melodia que será reaproveitada
ao longo da obra) é insistentemente apresentado em todas as linhas melódicas
da orquestra. No primeiro compasso, nos violinos I nos é apresentado o tema,
ou sujeito.
13
na prática
Saiba mais
Para embasar sua apreciação, ouça a música no link a seguir:
<https://www.youtube.com/watch?v=HNpoqEcl7UA>. Acesso em: 30 ago. 2019.
FINALIZANDO
Como você pôde verificar, estudamos grande parte das formas musicais
presentes no século XVII. Foi possível perceber que, conforme temos dito
insistentemente, essas formas encontram eco nos gêneros produzidos por
compositores antecessores, abrindo caminho para novas experiências musicais
oportunizadas pelos avanços ocorridos na ciência da música e nos processos
composicionais então vigentes.
Diferentemente do estudo anterior, confirmamos que os instrumentos
musicais passaram a ser mais uma possibilidade composicional nas mãos dos
compositores, já que antes da Era Moderna a música prioritariamente precisava
do suporte da voz para ser considerada de alto grau de elaboração. Com a gama
cada vez maior de instrumentos a utilizar enquanto fonte de inspiração para a
composição, naturalmente as próprias formas musicais passaram por um
processo gradual de desenvolvimento, e nesse sentido podemos citar a fuga, o
tema e variações, as suítes e a própria sonata para teclas. Todos esses gêneros
passaram por uma revisão das práticas anteriores e foram naturalmente
potencializados em função das novas práticas musicais do século XVII e início
do XVIII.
Por fim, analisamos a influência da ópera no cenário sacro, quando da
utilização de vários de seus recursos dramáticos, musicais e cênicos no contexto
religioso. É inegável a contribuição dos recursos musicais operísticos na
caracterização da dramaticidade necessária para dar vazão aos textos bíblicos
utilizados em cantatas e oratórios do século XVII. Mesmo quando boa parte
desses recursos foi banida dos gêneros em questão, podemos indicar que a
herança deixada pelo processo composicional das óperas caracterizou, e ainda
caracteriza, o que entendemos por oratório e cantata, gêneros vocais sacros de
extrema relevância no cenário musical.
15
REFERÊNCIAS
KENNEDY, M. Cantata. The Oxford Dictionary of Music, 2nd ed. Oxford Music
Online. Oxford University Press. Disponível em:
<http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/opr/t237/e1772>. Acesso
em: 25 ago. 2019.
16